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ÉDIPO REI DE SÓFOCLES

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ÉDIPO REI DE SÓFOCLES
UMA RELEITURA DO CLÁSSICO 
COLÉGIO FÁTIMA 
DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA
III TRIMESTRE
JOÃO VÍTOR CHAVES
TURMA 212
DO SUCESSO AO DESESPERO – UMA TRAJETÓRIA TRAÍDA PELO DESTINO
Joana, uma jovem que morava em uma fazenda de café, no interior do estado de São Paulo, com seus pais, tivera uma infância e juventude, rodeadas de paz, tranquilidade e uma secreta paixão por Caio, o filho do capataz, com quem desfrutava de brincadeiras e lindos momentos de descontração.
O tempo passou, e Joana engravidou de Caio. Com somente 16 anos, desonrou sua família. Seu pai, inconformado permitiu que a criança nascesse, mas deveria ser entregue para adoção. 
Políbio e sua esposa Mercedes, adotam Eugênio, a quem devotaram profundo amor. 
Eugênio, desde criança demonstrava muita inteligência, e seus pais lhe enviaram à capital para que estudasse e assim sua vida teve um rumo. Com 22 anos, Eugênio se forma em administração, no ano de 1988.
Joana, logo após o parto, perdeu seus pais em um incêndio que aconteceu na fazenda. Órfã, foi morar com parentes na capital, mas sempre inconformada por não ter notícias e sequer saber se seu menino estava vivo.
Pouco tempo depois, Joana reencontra Caio, que então, já estava estabelecido na capital, onde tinha uma empresa. 
Eles se casam e o tempo passa, sem terem outro filho, além de Eugênio.
A vida de Joana era tranquila, mas sempre infeliz, por ter deixado para trás seu bebê, fruto de um amor que ainda estava vivo. 
Eugênio, recém formado, buscava trabalho, quando um amigo, lhe informou que a fábrica de tecidos de Caio, estava contratando.
Na entrevista com Caio, logo se estabeleceu uma relação de profunda simpatia mútua e assim, Eugênio começa a trabalhar na fábrica, que nesse momento, estava com muitas dívidas e precisava de soluções administrativas para continuar produzindo.
Eugênio, rapidamente encontra soluções para salvar a empresa e saldar suas dívidas. O que, cada vez agrada mais Caio que o vê com enorme apresso e um promissor talento na fábrica.
Neste período, Eugênio conhece a esposa de seu patrão, por quem se encanta. Joana, por sua vez é receptiva e passa a pensar e nutrir um carinho especial por Eugênio. E assim começam a ter um caso secreto.
Joana, furtivamente traía Caio e ainda buscava respostas para seu atormentado passado – onde estava seu filho? 
Nessa busca, Joana procura uma ocultista, uma vidente, para entender o que passara em sua vida. Foi então, que a vidente lhe surpreende, anunciando que seu filho estava vivo, próximo a ela e que uma grande desgraça estava em seu destino.
Com o passar do tempo Caio, percebe semelhanças entre ele e seu pupilo. As afinidades entre eles são enormes, então Caio desconfiado de que Eugênio pudesse ser o filho que fora entregue para adoção, diante de tantas coincidências, de idade, local onde cresceu e semelhanças físicas e temperamentais, Caio resolve, secretamente, fazer um exame, muito novo e com grande precisão de resultado – o teste de DNA. Com um fio de cabelo de Eugênio, Caio faz o exame e guarda o resultado no cofre da fábrica, sem nada contar à Joana. Esperava ele o momento adequado para a tal revelação.
Neste interim, Eugênio, que fazia horas extras na empresa, noite a dentro, sempre dedicado e responsável.
Em uma dessas noites, Eugênio escuta um barulho na sala de Caio, que lá está com um credor, muito mal intencionado. Eugênio, escuta falas e vai até a sala de seu chefe, lá encontra uma cena de horror, Caio e o credor discutem e chegam às vias de fato, quando Eugênio, ao tentar tirar o revólver da mão do credor, 
atira acidentalmente em seu pai. Caio, baleado na cabeça, cai morto aos pés de Eugênio, que tenta desesperadamente socorrê-lo, sem sucesso.
Dias terríveis de dor são vividos por Eugênio, que matara seu chefe a quem devotava profundo carinho, apesar de viver atormentado pela culpa de traí-lo, com sua esposa.
Passados os piores momentos, os advogados da empresa, juntamente com a viúva, nomeiam Eugênio, como o novo diretor da, agora, promissora fábrica de tecidos.
Joana e Eugênio, assumem seu relacionamento e logo nascem seus primeiros filhos, dois meninos gêmeos. Passados dois anos, outa gravidez, duas meninas, dessa vez.
Certo dia, Eugênio, mexendo em papeis que estavam guardado no cofre da fábrica, encontra o exame de DNA, que Caio havia guardado sem ter tempo de contar a verdade para Joana. 
Desesperado, atordoado e totalmente fora de si, Eugênio vai para casa, ao encontro de Joana e lhe mostra o exame. Ela, igualmente, fora de si, rememora o que a vidente lhe dissera anos atrás – a terrível tragédia, agora se estabelecera em sua vida. Em desatino absoluto, Joana dá cabo a sua vida. É encontrada enforcada em seu quarto.
Eugênio, por sua vez, também tenta acabar com a sua vida, ao pensar que matara seu próprio pai e desposara a própria mãe. Ele se joga de um penhasco, mas sobrevive. Tetraplégico e cego, pois a lesão no cérebro o privara de enxergar. 
Uma de suas filhas passa a lhe dedicar cuidados em seus dias de dor, sofrimento e culpa, que o acompanharão até seu último suspiro.
ANÁLISE CRÍTICA DA OBRA: ÉDIPO REI
''Édipo Rei'' é uma história que mostra claramente a impotência dos homens perante as orientações dos oráculos divinos e o papel do destino como limitador das ações e da sorte humana. Apesar de a personagem Édipo tentar fugir de seu destino, este sutilmente continua controlando sua vida, concretizando a profecia e mostrando a superioridade dos deuses sobre os mortais. Isto pode ser constatado no trecho da obra em que o Coro diz que: ''As leis que os regem [meus atos] habituam nas alturas: elas nasceram no celeste éter, e o Olimpo é seu único pai; nenhum ser mortal as criou; jamais o esquecimento as fará adormecer: um deus poderoso existe nelas, um deus que não envelhece. '‘
A partir disso, pode-se apreender que é retratado um conflito envolvendo as determinações divinas (misticismo) e a possibilidade de autonomia do ser humano (racionalidade).
Isso ocorre porque, inicialmente, Édipo tenta estabelecer o controle de suas próprias decisões e ações, não aceitando a possibilidade de ser marionete dos deuses. Isso se expressa desde sua partida de Corinto, quando foge para que a profecia que rege sua vida não se concretize. Dessa forma, ele já está se negando a obedecer às ordens de um ente maior em detrimento de suas próprias convicções. Apesar da causa da fuga ser compreensível (a sua renúncia em algum dia ter de matar o pai e desposar a mãe) ele se mostra um rebelde contra os deuses, considerados detentores da justiça natural. Assim, Édipo se desvincula da justiça dos deuses e começa a seguir seus próprios princípios, buscando uma autonomia.
'
Em vários diálogos ao longo do livro percebe-se que o que é considerado certo ou errado advém do ponto de vista de Édipo. No início este podia ser considerado como um rebelde, no entanto, com o passar do tempo se torna um tirano, pois agora não era só ele que seguia suas próprias regras, mas sim uma cidade inteira.
Todavia suas convicções não conseguem explicar totalmente muitos fatos e com isso, metaforicamente é revelada mais uma característica da personagem: a cegueira. Nesse ponto, a história nos leva a uma reflexão de que a deliberação do agir humano é suscetível a erros.
A renúncia em ver a realidade, transforma a vida de Édipo numa verdadeira mentira, já que querendo ou não este concretizou a profecia. Quando surge alguma possibilidade de sair de sua ilusão, Édipo a contesta até o fim, de forma agressiva, com descontrole e sem prudência, negando ao máximo aceitar o verdadeiro conhecimento.
Isto pode ser claramente visualizado nos diálogos entre Édipo e Tirésias, momento este que é possível de ser analisado como um conflito entre os dois mundos propostos pelo filósofo Platão: O Mundo Sensível e o Mundo Inteligível. O vidente, mesmo sendo cego fisicamente, representa uma figura que enxerga melhor a realidade e tenta revelar a luz dos reais fatos para Édipo, que, em contra partida, demostra extrema desconfiança
por ainda estar acorrentado pelo olhar da sensibilidade.
Durante esse embate de ideias, Édipo age sem ponderações e tenta acabar com o canal de diálogo, ameaçando Tirésias se esse insistisse em continuar a expressar suas ideias. Então Tirésias diz: ''Tu reinas; mas tenho também meu direito, que deves reconhecer o direito de responder-te ponto por ponto em minha vez, e esse direito é incontestavelmente meu. Não é a ti que sirvo, sirvo a Apolo (...)'', nesta fala de Tirésias é exposto que o direito de livre expressão é tido como uma garantia dada pelos deuses, ou seja, um direito natural que deveria prevalecer sobre as imposições criadas pelos governantes.
A ilusão de Édipo só termina quando este busca o autoconhecimento, ou seja, descobre sua verdadeira origem e se depara com a prova incontestável de que matou o próprio pai e se casou com sua mãe. O choque se mostrou tão impactante que Édipo fura os olhos buscando a cegueira, já que ao finalmente conseguir ver a verdadeira realidade, não conseguia suporta-la, pois esta era extremamente dolorosa.
Após renunciar tantas vezes ao conhecimento da verdade, ele se vê obrigado a rever todos os seus valores, normas e leis da tradição. Não suportando tal realidade se torna cego fisicamente, renunciando a tudo que tinha, incluindo o seu poder de governante de Tebas.

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