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Efeitos da ADO na Constituição

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1. EFEITOS DA ADO: UMA ANÁLISE DE SUAS POSSIBILIDADES:
São efeitos especiais, regulamentado com base nos seguintes dispositivos: art. 103 §2º da Constituição Federal, e art. 12-H da Lei 9.868/1999 instituído pela Lei 12.063/2009 (Regulamentação Processual da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão – ADO). 
Nas decisões de mérito proferidas nessas ações o tribunal deve dar ciência ao órgão ou poder competente responsável pela omissão para adoção das providências cabíveis (NOVELINO, 2017, pág.235). Ou seja, a decisão que reconhece a inconstitucionalidade por omissão ela tem o chamado efeito mandamental, visto que, uma vez reconhecida essa inconstitucionalidade o STF expedi um ofício ao órgão administrativo ou ao órgão Legislativo competente para edição do ato ou da lei que não regulamentaram o dispositivo constitucional de eficácia limitada, dando lhes, a princípio, ciência da omissão ou obrigação de fazer.
Sendo estabelecido efeitos diversos para o poder competente e para o órgão administrativo em conformidade com dispositivo constitucional (art. 103 §2º):
Órgão administrativo: Em caso de omissão imputável órgão administrativos a Constituição fixa o prazo de 30 (trinta) dias para adoção das medidas necessárias, e ainda acrescenta a possibilidade de que seja adotado um prazo razoável a ser estipulado excepcionalmente pelo Tribunal, tendo em vista as circunstâncias específicas do caso e o interesse público envolvido (CF, art. 103, § 2º). Pois, muitas das vezes tal prazo (30 dias) pode se revelar extremamente exíguo para edição de ato e adoção de determinadas políticas complexas. Assim, diante dessa dificuldade permitiu-se a flexibilização do lapso temporal (Lei 9.868/1999, art. 12-H, §1º);
Poder competente: nos casos de inércia do Poder Legislativo o texto constitucional não fixou prazo para o saneamento da omissão. Pois, o texto apenas estabelece que será dado ciência ao poder competente, ressalte-se, não tendo sido fixado qualquer prazo para as devidas providências necessárias. A exemplo: ADO 3.682, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 09.05.2007, DJ de 06.09.2007 (LENZA, 2016, pág. 451).
Caso concreto sobre a mora do Poder Legislativo é o julgado ADI 3682 que dispõe sobre o pleito de Lei Complementar Federal para Criação de Municípios - in verbis: O Tribunal, por unanimidade, julgou procedente pedido formulado em ação direta de inconstitucionalidade por omissão, ajuizada pela Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso, para reconhecer a mora do Congresso Nacional em elaborar a lei complementar federal a que se refere o § 4º do art. 18 da CF, na redação dada pela EC 15/1996 (“A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei”), e, por maioria, estabeleceu o prazo de 18 meses para que este adote todas as providências legislativas ao cumprimento da referida norma constitucional. (ADI 3682/MT, rel. Min. Gilmar Mendes, 9.5.2007).
E ademais acrescenta-se decisões em que se declarou a mora do Poder Legislativo e cuja matéria ainda se encontra pendentes de disciplina: MI 721 - pleiteava fosse suprida a falta da norma regulamentadora a que se refere o art. 40, § 4º; MI 712 - pretendia fosse garantido aos seus associados o exercício do direito de greve previsto no art. 37, VII, da CF; ADI 3276 - declarou a inconstitucionalidade por omissão, ausência de lei de criação das carreiras de auditores e de membros do Ministério Público Especial junto ao Tribunal de Contas do Estado do Ceará, impedir o atendimento do modelo federal (CF, art. 73, § 2º e art. 75 - verbete 653 da Súmula do STF.
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Referências Bibliográficas
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado – 20. ed. ver., atual. e ampl. – São Paulo: Saraiva, 2016.
NOVELINHO, Marcelo. Curso de direito constitucional. – 12. ed. rev., ampl. E atual. – Salvador: Ed. JusPodivm,2017.
Supremo Tribunal Federal, Disponível em : <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=jurisprudenciaOmissaoInconstitucional>. Acessado em 25 de Maio de 2018.

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