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Fichamento - Apêndice do livro "A Imaginação Sociológica" de Charles Wright Mills

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Fichamento de Texto - Charles Wright Mills - A Imaginação Sociológica
	No apêndice do livro “A Imaginação Sociológica”, intitulado “Do Artesanato Intelectual”, o sociólogo Charles Wright Mills discorre sobre as práxis que acredita serem essenciais na atuação de cientistas sociais. Logo no início, o autor traz a ideia de dissociação entre vida pessoal e vida do pesquisador, de onde partem os princípios que defende no decorrer do texto. Em suas palavras, “(...) Quer o saiba ou não, o trabalhador intelectual forma seu próprio eu à medida que se aproxima da perfeição de seu ofício” (MILLS, 1982, 212). Daí, se depreende o conceito de “artesão intelectual”. 
	O assim chamado artesão intelectual terá como atribuições essenciais: manter um diário no qual registre continuamente suas reflexões; deter confiança e ceticismo em relação a seu trabalho; não nutrir apenas uma ideia para se aprofundar, mas sempre várias delas; retrabalhar materiais já existentes sobre as temáticas as quais se pretende dedicar. 
	Mas, afinal, como exercitar estas ideias? Através da imaginação sociológica, que o autor delimita como: “A imaginação sociológica (...) consiste em grande parte na capacidade de passar de uma perspectiva a outra, e no processo estabelecer uma visão adequada de uma sociedade total de seus componentes” (MILLS, 1982, 228). Para ele, ainda, esta imaginação pode ser estimulada através das seguintes maneiras: 1 - redisposição do arquivo; 2 - lucidez frente às frases e palavras que definem questões; 3 - promoção de uma nova classificação de termos; 4 - reflexão sobre o oposto da ideia em questão; 5 - proposição de novas proporções; 6 - percepção comparada do material à disposição; 7 - disposição deste material visando sua apresentação. 
	Na sequência destas premissas, Mills disserta sobre a questão da linguagem: “para quem procuro escrever?” é uma questão fundamental, e em sua argumentação finaliza com uma bela reflexão que defende uma linguagem acessível em detrimento do uso excessivo de termos técnicos: 
“(...) devemos supor que nos pediram uma conferência sobre um assunto que conhecemos bem, perante um público de professores e alunos de todos os departamentos de uma importante universidade, bem como várias pessoas interessadas, vindas da cidade próxima. Suponhamos que esse público está à nossa frente, e que tem o direito de saber, suponhamos que estamos dispostos a transmitir-lhe esse conhecimento. E escrevemos" . (MILLS, 1982, 238)
	Já na última parte do texto, onde pretende-se uma conclusão, o autor reafirma sua posição de que ao adotar uma postura de constante exercício do pensamento crítico e da escrita, com as ações sugeridas ao longo do escrito, caminha-se para um pleno exercício da imaginação sociológica, de modo que o cientista social que assim age estará sempre com vários tópicos a sua disposição para se aprofundar. 
	Finalmente, nos deixa oito preceitos que resumem sua proposição principal:
	1 - Evitar procedimentos rígidos e usar a imaginação, sendo bons artesãos;
	2 - Preferir sempre o uso de afirmações simples e claras, interna e externamente;
	3 - Fazer construções com perspectivas históricas e imaginando exemplos;
	4 - Estudar as estruturas sociais que organizam os ambientes;
	5 - Evitar especializações arbitrárias de departamentos acadêmicos;
	6 - Manter os olhos abertos para a humanidade e suas individualidades;
	7 - Compreender o homem como agente histórico-social, seguindo a tradição da análise social;
	8 - Não abrir mão da autonomia moral e política: questões públicas e preocupações não podem ser determinantes dos problemas que se pretende estudar.
Desta forma, Charles Mills traz reflexões extremamente importantes e úteis para que a prática dos pesquisadores e estudantes das ciências sociais, aplicadas ou não, seja exercida de modo a render muitos frutos. Sobre a arte de pensar, na última seção deste apêndice ele escreve:
“(...) Pensar é lutar para impor ordem, e ao mesmo tempo abarcar o maior número possível de aspectos. Não devemos parar de pensar demasiado cedo - ou deixaremos de conhecer tudo o que devemos. Não podemos permitir que continue para sempre, ou nós mesmos explodiremos. É esse dilema, creio, que torna a reflexão, nas raras ocasiões em que é mais ou menos bem sucedida, a empresa mais apaixonada de que o ser humano é capaz." . (MILLS, 1982, 240)
E esta citação bem sistematiza o capítulo aqui apresentado.

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