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Professora: Larissa Cruz Campos dos Goytacazes, 2017/1 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ - UNESA BROMATOLOGIA - SDE0056 Cinza e conteúdo Mineral ANÁLISES DE CINZAS E MINERAIS “CONTEÚDO DE CINZAS” É a medida da quantidade total de minerais presentes no alimento. Indicação da riqueza do material em elementos minerais. “CONTEÚDO MINERAL” É a quantidade de componentes específicos da matéria mineral de um alimento: Ca, Na, K, Cl, etc. É o resíduo inorgânico que permanece após a queima da matéria orgânica, por incineração e/ou presença de agentes oxidantes. CINZA Matéria orgânica CO2, H2O e NO2 ANÁLISES DE CINZAS E MINERAIS ANÁLISES DE CINZAS E MINERAIS CONSTITUIÇÃO DA FRAÇÃO CINZA Não tem necessariamente a mesma composição que a matéria mineral presente originalmente no alimento Volatilização ou interação entre os constituintes. ELEMENTOS MINERAIS ➢ Óxidos; ➢ Sulfatos; ➢ Fosfatos; ➢ Silicatos; ➢ Cloretos. Condição de Incineração Composição do alimento Possíveis mudanças e exemplos de perdas por volatilização. CONTEÚDO DE CINZA NOS ALIMENTOS Composição da Cinza Tipo de alimento e Método de determinação utilizado. CONTEÚDO DE CINZA NOS ALIMENTOS ➢ Alimentos frescos raramente excede 5%; ➢ Processados até 12%; ➢ Cereais até 3,3%; ➢ Produtos lácteos até 6%; ➢ sSementes e leguminosas de 1,7% a 4,0%; ➢ Carnes e produtos cárneos até 6,7%; ➢ Peixes e produtos marinhos 1,2% a 3,9%; ➢ Aves até 1,2%; ➢ Açúcares e xaropes 0,0% a 1,2 %. CONTEÚDO DE CINZA NOS ALIMENTOS Minerais - podem apresentar teores variáveis em grupos ou num mesmo alimento, que podem ocorrer em função do: Solo (pH, fertilidade, agrotóxicos, estrutura, microbiologia); Animal (alimentação); Processamento (refinamento de cereais). A DETERMINAÇÃO DE CINZA E CONTEÚDO MINERAL É IMPORTANTE POR UMA SÉRIE DE RAZÕES: ➢ NUTRIÇÃO: alguns minerais são essenciais para uma dieta saudável (Ca, P, K e Na), enquanto outros podem ser tóxicos (Pb, Hg, Cd e Al). ➢ ROTULAGEM NUTRICIONAL: a concentração e o tipo de mineral deve ser estipulado para apresentação no rótulo ou sua elaboração. ➢ QUALIDADE: a qualidade de alguns alimentos depende da concentração e do tipo de mineral presente, incluindo o sabor, aparência, textura e estabilidade. ➢ PROCESSAMENTO: o conteúdo mineral afeta as propriedades físico-químicas dos alimentos. A DETERMINAÇÃO DE CINZA E CONTEÚDO MINERAL É IMPORTANTE POR UMA SÉRIE DE RAZÕES: a) Índice de refinação para açúcares e farinhas. • Nos açúcares, uma cinza muito alta dificultará a cristalização e descolorização. • Na farinha, a quantidade de cinza influirá na extração. APLICAÇÃO b) Níveis adequados de cinza total: indicativo das propriedades funcionais de alguns produtos alimentícios: APLICAÇÃO Em geleias e doces em massa, a cinza é determinada para estimar o conteúdo de frutas. c) É um parâmetro útil para verificação do valor nutricional de alguns alimentos e rações: concentração de cinza insolúvel em ácido indica a presença de areia. APLICAÇÃO Caracterização da Pureza e Verificação da Adulteração ➢ ALCALINIDADE DA CINZA: as cinzas de produtos de frutas e vegetais são alcalinas. Produtos cárneos e certos cereais são ácidas. Adulteração em alimentos de origem animal e vegetal. ➢ CINZA INSOLÚVEL EM ÁCIDO: importante para a verificação da adição de matéria mineral a alimentos. Ex.: sujeira e areia em temperos, talco em confeitos e sujeira em frutas. DETERMINAÇÃO DOS CONSTITUINTES MINERAIS Determinação da Cinza (Total, solúvel e insolúvel) . Resíduo Mineral Fixo ou Cinzas Totais Determinação dos constituintes minerais individuais da cinza. Análise Elementar ➢ Cinzas secas; ➢ Cinzas úmidas. O método escolhido depende: dos objetivos, do tipo de alimento e da disponibilidade de equipamentos. Determinação de cinzas também podem ser usadas como parte do preparo para análise de minerais individuais - absorção atômica ou métodos tradicionais. Principais Métodos para CINZAS TOTAIS ➢ Sólidos: finamente moídos. ➢ Amostras muito úmidas: pré-secagem para evitar respingos. ➢ Amostras muito gordurosas: sugere-se extração parcial dos lipídios - evita projeção e queima. POSSÍVEIS PROBLEMAS: contaminação da amostra por minerais no moinho; interação do cadinho com a amostra durante a análise. PREPARO DAS AMOSTRAS Fundamento: ➢ Carbonização da matéria orgânica (chama) e depois incineração (mufla, T > 500ºC) ➢ Água e substâncias voláteis são vaporizados e as orgânicas são queimadas em presença de oxigênio (ar) e transformados em CO2, H2O e N2 / NO2. ➢ Os principais minerais são convertidos em óxidos, sulfatos, fosfatos, cloretos e silicatos ➢ Método gravimétrico. QUEIMA SECA ou CINZAS SECAS ➢Quartzo, Pyrex, porcelana, aço e platina. TIPOS DE CADINHOS QUARTZO Vycor Porcelana Aço Platina ➢ Seleção depende do tipo de alimento e da temperatura da mufla. ➢Mais usado: porcelana –Mais barato; –Resiste a altas temperaturas (< 1200°C); –Fácil limpeza; –Resistentes a ácidos, mas podem ser corroídos por amostras alcalinas. TIPOS DE CADINHOS Forno Mufla Cadinhos de porcelana Pinça CINZAS SECAS - INCINERAÇÃO A amostra é submetida a temperaturas de 500◦ -600◦C até coloração branca. Procedimento: Incinerar – até cessar a fumaça CÁLCULO Resultado Temperatura de Incineração na Mufla ➢ 525 ºC: frutas e produtos de frutas, carnes e produtos cárneos, açúcar e produtos açucarados e produtos de vegetais. ➢ 550 ºC: produtos de cereais, produtos lácteos (com exceção da manteiga, que utiliza 500 ºC), peixes e produtos marinhos, temperos e condimentos e vinho. ➢ 600 ºC: grãos e ração. ◦◦ ➢ Alimentos líquidos ou pastosos: eliminar previamente a água (estufa); ➢ Ricos em açúcar: formam espuma; ➢ Ricos em lipídeos: crepitam e incendeiam; ➢ Ricos em amido e proteína: calcinação demorada. CUIDADOS ESPECIAIS ➢ Queima é seca (nenhum ou poucos reagentes são necessários); ➢ Simples, seguro e útil para análise de rotina; ➢ Manuseia grande número de amostras; ➢ Permite análises de alcalinidade, cinzas insolúveis e solúveis em ácidos e água. VANTAGENS DESVANTAGENS ➢ Demorado (pode chegar à 12-24 h); ➢ Alto custo operacional: mufla exige elevado consumo de energia; ➢ Temperatura elevada: volatilização de alguns minerais (Cu, Zn, Fe, Pb, Hg) e/ou interação com o cadinho; ➢ Manuseio cuidadoso: leveza das cinzas (voar) e higroscopicidade. CINZAS SECAS POR AQUECIMENTO EM MICROONDAS Pode ser programado para remover umidade (baixa energia, menos calor) e também cinzas (alta energia). Vantagem: Reduz o tempo de horas para minutos. Desvantagem: Não é possível analisar simultaneamente muitas amostras como na mufla. MICROONDAS ANÁLISE GRAVIMÉTRICA ➢ É possível se a concentração do mineral no alimento for relativamente alta. ➢ Não é sensível para elementos traço. ANÁLISE GRAVIMÉTRICA CINZAS ÚMIDAS ➢ É usada principalmente para preparação de amostras para análise subseqüente de minerais específicos. ➢ A quebra e remoção da matéria orgânica (digestão) ocorre em solução de AGENTES OXIDANTES. ➢ O alimento seco é pesado e colocado em um frasco contendo ÁCIDOS E AGENTES OXIDANTES fortes : (HNO3, H2SO4 e/ou HClO4) e são aquecidos. ➢ A temperatura e o tempo dependem do ácido e agente oxidante: pode ir de 10 minutos a poucas horas a temperaturas de cerca de 350°C. ➢ A solução resultante é analisada para minerais específicos. CINZAS ÚMIDAS ➢ Melhor para composição individual de cinza; ➢ Baixas temperaturas: evita perdas de minerais por volatilização; ➢ Decomposição rápida; ➢ Menos sensível com relação à natureza da amostra. VANTAGENS ➢ Reagentes corrosivos; ➢ Não é prático para rotina; ➢ Exige maior supervisão; ➢ Número limitado de amostras; ➢ Necessita de análise em branco; ➢ Ácidos + matéria orgânica rica em gorduras forma elementos/substânciasexplosivos e inflamáveis. DESVANTAGENS Comparação queima seca x queima úmida QUEIMA SECA QUEIMA ÚMIDA Determinação do conteúdo total das cinzas Determinação dos micronutrientes Avaliação da solubilidade e alcalinidade das cinzas Necessita de brancos para os reagentes Não requer reagentes ou materiais especiais Requer grandes quantidades de reagentes explosivos Método simples Aparelhagem simples Temperaturas elevadas – perda por volatilização Determinação de elementos voláteis Manuseio de grande número de amostras Manuseio de grande número de amostras é difícil Necessita menor supervisão Necessita maior supervisão Leveza e higroscopicidade do material dificulta manuseio Exige destreza na manipulação É demorado Decomposição rápida DETERMINAÇÃO DE CONTEÚDO DE MINERAL ESPECÍFICO Cinza obtida por via úmida: análise individual de cada elemento mineral nela contido. ➢ Absorção atômica; ➢ Emissão de chama; ➢ Colorimetria; ➢ Turbidemetria; ➢ Titulometria. Os principais métodos são encontrados na AOAC (association of analytical communities) Official Methods of Analysis. ESPECTROSCOPIA ATÔMICA ➢ Quantificam o conteúdo mineral a baixas concentrações como ppm (ng). ➢As amostras são átomos individuais em estado gasoso - são separados e não interagem com átomos ou moléculas vizinhas. ➢A mudança de energia associada com a transição entre dois níveis de energia é relacionada com o comprimento de onda da radiação absorvida ou emitida. ESPECTROSCOPIA ATÔMICA ➢O tipo de mineral é determinado pela medida da posição dos picos na emissão ou absorção do espectro. ➢A concentração do mineral é determinada pela medida da intensidade da linha do espectro conhecido correspondendo ao elemento de interesse (medida de padrões de concentrações conhecidas). Toda substância quando submetidas ao calor emite uma chama de uma cor característica. Por exemplo, os sais de rubídio e césio (esquerda), por exemplo, dão à chama uma coloração violeta; os sais de lítio (centro) , uma coloração vermelho- púrpura; e o cobre, uma coloração verde-esmeralda. Espectrofotômetro de Absorção Atômica com chama ESPECTROSCOPIA ATÔMICA CONSIDERAÇÕES: •As amostras dos alimentos a serem analisadas são cinzas dissolvidas em soluções aquosas. •Óleos vegetais podem ser dissolvidos em acetona ou etanol e analisados diretamente. ESPECTROSCOPIA ATÔMICA CONSIDERAÇÕES: •Uso de reagentes de elevada pureza. •Mais sensível, específico e rápido que os métodos convencionais. •Mais usados por laboratórios que analisam minerais como rotina. ANÁLISE COLORIMÉTRICA ➢ Baseia-se na cor de substâncias formadas pela reação entre um mineral específico e um reagente também específico. ➢ Mede-se a absorbância da solução (intensidade da cor) a um comprimento de onda específico usando o espectrofôtometro. ➢ Usados para vários minerais. ➢ Método de medida da redução da transmissão de luz em um meio causada pela formação de partículas. ➢ É determinada por meio de sistema ótico que mede a absorbância de um raio luminoso que atravessa a suspensão. TURBIDIMETRIA ➢ Tal absorbância será maior ou menor: depende da concentração do espécime analisado e do tamanho da partícula. ➢ O equipamento utilizado para realizar o teste chama-se turbidímetro. TURBIDIMETRIA ➢ As cinzas são diluídas em água, o pH ajustado faz-se a titulação usando indicador; ➢ Em alguns casos requer curva de calibração; ➢ PROBLEMA: o alimento pode conter diferentes íons multivalentes que reagirão com o EDTA - necessária remoção, para isto usa-se coluna de troca-iônica. TITULOMETRIA Artigos... ➢ CECCHI, H.M. Fundamentos teóricos e práticos em análise de alimentos. 2a Ed. Campinas: Ed. UNICAMP, 1999. ➢INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos Físico-Químicos para Análise de Alimentos. Instituto Adolfo Lutz, 2008. p. 1020. Versão eletrônica. REFERÊNCIAS UTILIZADAS