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Resenha: A sociedade depressiva, Elisabeth Roudinesco

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
CAMPUS ARARAQUARA
CURSO PSICOLOGIA
Tania Regina Aguilera Capel - RA N3111H4
 
RESENHA CRÍTICA: SOCIEDADE DEPRESSIVA, ELISABETH ROUDINESCO
AED para disciplina Teoria Psicanalítica ministrada pela professora Ms. Luzia H. N. Teixeira, no curso de Psicologia, período matutino, turma PS5A52.
	
ARARAQUARA
2020
Resenha: Sociedade Depressiva, Elisabeth Roudinesco
A subjetividade não é mensurável nem quantificável: ela é prova, ao mesmo tempo visível e invisível, consciente e inconsciente, pela qual se afirmar a essência da experiência humana.
Em seu livro Por que a psicanálise?, a historiadora e psicanalista francesa Elisabeth Roudinesco dedica todo um capítulo para discutir o que ela denomina “sociedade depressiva”, referindo-se às condições atuais de saúde mental da sociedade moderna, que substitui a psicanálise (ou, a cura pela fala) por tratamentos químicos (psicofármacos) indicados e ministrados por aqueles que “julgam ter atingido as causas cerebrais das dilacerações da alma”. Para a autora, os psicofármacos não podem curar os homens de seu sofrimento psíquico, sejam eles normais ou patológicos, pois o “destino do homem não se restringe ao seu ser biológico”.
Roudinesco trata da “derrota do sujeito”: discorrendo sobre a depressão como manifestação do sofrimento psíquico, como uma síndrome que mistura tristeza e apatia com a busca de identidade e ao culto a si mesmo, em um processo de substituição da subjetividade pela individualidade. Aponta, ainda, para um esvaziamento do desejo, o que causa uma sensação de “vazio” ao sujeito que vive, ao mesmo tempo, uma revogação do direto de manifestar seu sofrimento (dor narcísica), e neste caso, o medicamento surge como uma “solução honrosa”. A autora descreve esse sujeito, acometido pela depressão, fugindo de seu inconsciente, mas preocupado em tirar de si a essência do conflito e, assim, a drogadição se apresenta como “a nostalgia do sujeito perdido”. 
Traçando a evolução dos psicofármacos a partir da década de 1950, descreve os psicotrópicos como modificadores da paisagem da loucura, inicialmente pareciam recuperar a liberdade para o homem, fabricando um homem polido e sem humor, no entanto “esgotado pela evitação de suas paixões, envergonhado por não ser conforme o ideal que lhe é proposto”. Os psicotrópicos normalizaram comportamentos e suspenderam os sintomas dolorosos do sofrimento psíquico, porém, sem buscar suas significações. Essa “ideologia medicamentosa”, reintegrou o homem a sociedade, mas o encerrou em sua alienação e, nessas condições, a psicanálise é violentada pelo discurso tecnicista que a ataca em sua “pretensa ineficácia experimental”.
Vale destacar que o método psicanalítico é um tratamento baseado na fala, onde o ato de verbalizar o sofrimento, de encontrar palavras para expressá-lo, permitindo a consciência de sua origem para a dissolução dos conflitos. Porém, como um sujeito encerrado na sua dor narcísica, não podendo falar de seu sofrimento, aceitaria um método que exatamente está na contramão dessa sociedade? 
A psicanálise ensina não sentir vergonha de si mesmo como a realização da liberdade, porém é preciso tomar contato com a dor. Esse contado o sujeito não se permite, foge para soluções mágicas, tratamentos corporais e, quando chegam os sintomas mais críticos, o medicamento traz o alívio rápido, sem nunca tratar as causas. Esse é o “homem comportamental” descrito por Roudinesco, transformado em objeto pela globalização econômica, não tem o direito de sentir culpa, nem desejo, nem se dedicar ao contato com o inconsciente e, quanto mais encerrado na lógica narcísica, mais foge a ideia da subjetividade.
Analisando os métodos de diagnóstico de doenças mentais, percebe-se que, ao tentar enquadrar os sofrimentos no modelo sinais-diagnósticos-tratamento, separa-se o corpo da alma. Não é possível aceitar um tratamento nestes moldes, muito menos a redução do sofrimento a comportamentos. A psicanálise ou a psicoterapia deve resgatar a subjetividade, recusar o deslocamento do sofrimento como uma falha do corpo, do biológico. Esse homem máquina, moldado na sociedade depressiva, se afastou do homem desejante. O sujeito desejante da psicanálise, é um sujeito castrado, que sente falta (e não vazio), e é capaz de internalizar as proibições. Está em busca de algo, diferente do homem máquina que aceita as restrições do ser fingindo que não e vivendo em sua ilusão de onipotência. 
É preciso retomar o desejo.
A sociedade depressiva precisa e muito da psicanálise!
	
REFERÊNCIAS
GARCIA-ROZA, L. A. Freud e o Inconsciente. Rio de Janeiro: Zahar, 2009 (p.76-81)
ROUDINESCO, Elisabeth. A sociedade depressiva. IN: ROUDINESCO, E. Por Que a Psicanálise? Rio de Janeiro: Zahar, 2000.
 
 
UNIVERSIDADE PAULISTA 
–
 
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CAMPUS ARARAQUARA
 
CURSO PSICOLOGIA
 
 
 
 
 
Tania Regina Aguilera 
Capel 
-
 
RA N3111H4
 
 
 
 
 
 
 
 
RESENHA CRÍTICA
:
 
SOCIEDADE DEPRESSIVA
, ELISABETH ROUDINESCO
 
 
 
 
 
 
 
 
AED para 
disciplina 
T
eoria 
P
sicanalítica
 
ministrada pela professora 
Ms. 
Luzia
 
H. N.
 
Teixeira, no curso de Psicologia,
 
período 
matutino,
 
turma PS5A52
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AED para disciplina Teoria Psicanalítica 
ministrada pela professora Ms. Luzia H. N. 
Teixeira, no curso de Psicologia, período 
matutino, turma PS5A52. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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