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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO 
PROCESSUAL 
PENAL
Jurisdição e Competência
Livro Eletrônico
DOUGLAS DE ARAÚJO VARGAS
Agente da Polícia Civil do Distrito Federal, apro-
vado em 6º lugar no concurso realizado em 
2013. Aprovado em vários concursos, como Po-
lícia Federal (Escrivão), PCDF (Escrivão e Agen-
te), PRF (Agente), Ministério da Integração, 
Ministério da Justiça, BRB e PMDF (Soldado – 
2012 e Oficial – 2017).
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Jurisdição e Competência
Prof. Douglas Vargas
Introdução ................................................................................................5
Jurisdição – Dizendo o Direito! .....................................................................5
Características da Jurisdição ........................................................................7
Art. 383 do CPP e Tipificação do Fato ............................................................8
Prorrogação e Competência .......................................................................13
Competência Absoluta e Relativa ................................................................14
Competência Absoluta e suas Características ................................................14
Competência Relativa ................................................................................16
Espécies de Competência ...........................................................................17
Características da Competência do Júri ........................................................19
Observações sobre a Justiça Militar .............................................................21
Crimes Conexos .......................................................................................28
Jurisprudência Relevante ...........................................................................28
Outros Conflitos .......................................................................................30
Competências Territoriais ...........................................................................30
Prevenção ...............................................................................................31
Distribuição .............................................................................................37
Alteração da Competência .........................................................................37
Continência .............................................................................................38
Conexão ..................................................................................................38
Prevalência do Foro ...................................................................................40
Casos de Separação Obrigatória .................................................................41
Perpetuação da Jurisdição ..........................................................................44
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Avocação de Processos ..............................................................................45
Prevenção – Art. 83 ..................................................................................45
Foro por Prerrogativa de Função .................................................................46
Hipóteses Constitucionais ..........................................................................48
Juízes e Promotores ..................................................................................51
Resumo ...................................................................................................59
Princípios Específicos da Jurisdição ..............................................................60
Questões de Concurso ...............................................................................66
Gabarito ..................................................................................................80
Gabarito Comentado .................................................................................81
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Jurisdição e Competência
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Introdução
O termo “jurisdição” é, sem dúvidas, um dos mais utilizados no cotidiano pelos 
meios de comunicação. Nos jornais, revistas e em diversos noticiários, é comum 
ouvir que um determinado caso estava sob a jurisdição de um órgão ou de outro.
Em seriados e filmes, acontece a mesma coisa: “você está fora da sua jurisdi-
ção”, dizem os personagens. O mais engraçado é que, muitas vezes, essa utilização 
do termo “jurisdição” acaba sendo realizada de forma incorreta!
Na aula de hoje, você vai entender com propriedade o que realmente significa 
exercer jurisdição, qual a diferença entre a definição de jurisdição e de competên-
cia, e porque os roteiros de filmes e seriados deveriam ser escritos sob a supervi-
são de um consultor jurídico.
Vamos apresentar os conceitos, diferenciar esses institutos e aprofundar em 
cada um de seus elementos, de modo que você vai ficar muito bem preparado(a) 
quando se deparar com qualquer tipo de questão sobre o assunto.
Jurisdição – Dizendo o Direito!
O termo jurisdição nasce do latim juris (direito) e dicere (dizer), e é a nomen-
clatura utilizada para definir o poder do Estado de aplicar o Direito ao caso 
concreto, ou seja, de dizer... o Direito!
Antes de prosseguir em nossa narrativa sobre jurisdição, no entanto, vamos fa-
lar sobre uma curiosidade que pode nos ajudar a entender o assunto: os brocardos 
jurídicos.
Brocardos Jurídicos são pensamentos sintetizados em uma única sentença, 
expressando uma conclusão reconhecida como verdade!
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Os brocardos jurídicos, em maior parte, são escritos em latim e tratam dos mais 
diversos temas. E, quanto à jurisdição, existem dois que são de especial relevância:
Os brocardos acima estão diretamente ligados ao conceito de jurisdição, mate-
rializado no poder do Estado de aplicar o Direito a um determinado caso.
Eles nos levam, no entanto, à seguinte pergunta: se jurisdição é o poder do 
Estado de aplicar o Direito a um caso concreto, afinal de contas, o que é a 
competência?
A competência, que muitos chamam erroneamente de jurisdição, não trata do 
poder do Estado de aplicar o Direito, e sim de uma norma para definição de QUEM 
poderá aplicar a jurisdição em uma determinada situação.
Dessa forma, enquanto jurisdição significa dizer o direito, competência sig-
nifica dizer quem é o responsável por aplicar o direito em um determinado caso.
De uma forma ainda mais simples: competência é uma medida da Jurisdição!
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Portanto, em um conflito sobre a aplicação do Direito (em um caso concreto), 
cabe ao Estado-Juiz realizar uma análise e dizer o Direito naquela situação (ou seja, 
exercer a chamada prestação jurisdicional).
A questão é que o Estado-Juiz está dividido em esferas de competência. Cada 
Juiz tem uma determinada competência determinada por lei – e só atuará em situ-
ações e casos aos quais a sua competência seja adequada.
Com isso, acaba acontecendo o seguinte: alguns juízes têm competências mais 
amplas do que outros. Um Juiz Federal, como o juiz Sérgio Moro, possui uma com-
petência menos ampla do que um Ministro do STF, cuja competência alcança todo 
o território nacional.
Assim sendo, temos o seguinte cenário:
Características da Jurisdição
A primeira característica do exercício de jurisdição (e que costuma ser observa-
da em provas) é a inércia.
Inércia: em regra, um Juiz não atua de ofício – deve ser PROVOCADO para 
tal, ou seja, a prestação jurisdicional deve ser solicitada ao Estado.
Por força da inércia, o órgão jurisdicional tem que ser provocado para atuar. Não 
pode, portanto, julgar das seguintes formas:
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Além disso, é claro que o órgão jurisdicional também não possui o direito de se 
omitir e dizer “não julgo” – caso seja provocado a fazê-lo –, muito menos julgar 
sem que seja provocado para tal (devido à característica da inércia).
Art. 383 do CPP e Tipificação do Fato
Sobre o assunto em tela, é interessante observar o que rege o art. 383 do CPP. 
Veja só:
Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, 
poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de 
aplicar pena mais grave.
Para exemplificar o que dispõe o art. 383, a doutrina costuma apresentar o se-
guinte exemplo: em um determinado processo, um fato foi inicialmente classificado 
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como um estupro. Entretanto, posteriormente, verifica-se que, na verdade, ocorreu 
um estupro de vulnerável.
Se isso acontecer, o juiz poderá atribuir a tipificação mais gravosa e cominar a 
pena ao acusado – sem que haja nulidade alguma.
A única obrigatoriedade nesse caso é que não ocorra modificação na DESCRI-
ÇÃO dos fatos contidos na denúncia. Conforme ensina Capez, o réu se defende 
dos fatos – e não da capitulação jurídica!
Ainda nos ensinamentos de Capez, esse fato também se torna possível pois se 
parte do princípio que o juiz conhece o direito. Basta às partes que lhe in-
formem sobre os fatos! Ou seja... dá-me os fatos, que lhe darei o direito!
A seguir, temos a próxima característica relacionada com a prestação jurisdicio-
nal: a existência de lide.
Existência de lide: deve existir um conflito de interesses (uma lide) para que 
possa ocorrer a prestação jurisdicional.
Essa característica nos leva à próxima, que é, sem dúvidas, a mais importan-
te característica sobre a matéria de jurisdição, como leciona Leonardo Barreto: a 
substitutividade.
Substitutividade: a vontade do Estado substituirá a vontade das partes para 
a resolução do conflito.
Ora, se solicitamos a prestação jurisdicional para que resolva uma lide (um 
conflito entre as partes), e o órgão jurisdicional atuou decidindo o Direito aplicável 
ao caso, é fato que não se obterá o que querem as partes – e, sim, o que o Estado 
determinar que seja feito. Essa é a essência da prestação jurisdicional.
O próximo item é a imutabilidade.
Imutabilidade: a sentença conclui o exercício da jurisdição, o que, via de re-
gra, tem caráter definitivo.
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Salvo casos de revisão criminal, a qual estudaremos posteriormente, uma sen-
tença transitada em julgado é imutável – tem caráter definitivo – e conclui a pres-
tação jurisdicional.
A sentença também nos leva à última característica que precisamos estudar: a 
atuação do Direito.
Atuação do Direito: é o objetivo da prestação jurisdicional, que se realiza na 
aplicação do Direito ao caso concreto.
Embora as normas efetivas sobre os casos concretos encontrem-se previstas 
na legislação penal comum, é a legislação processual que permite a aplicação do 
Direito ao caso concreto, por meio de suas normas procedimentais.
Esquematizando:
Características da Jurisdição
Princípios Específicos da Jurisdição Criminal
As características acima estão relacionadas à jurisdição como um todo – e não 
apenas à jurisdição criminal, que é a que mais nos interessa.
Essa última, por sua vez, tem princípios específicos, os quais conheceremos a 
seguir – seguindo os ensinamentos de Leonardo Barreto em seu excelente curso de 
processo penal.
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Merece destaque o fato de que a jurisdição não pode ser delegada, enquanto 
que, em casos pontuais, é possível a delegação de competência.
Esquematizando:
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Prorrogação e Competência
A jurisdição, embora seja a base da atuação do Poder Judiciário, é um assunto 
mais simples. Só ele a exerce, e se relaciona diretamente com o poder de dizer o 
Direito no caso concreto.
A competência, por sua vez, é um assunto muito mais extenso – pois trata da 
verdadeira medida da jurisdição.
É o estudo da competência que permite dizer qual órgão irá atuar em determinados 
casos!
Antes que possamos adentrar essa matéria, no entanto, é necessário primeiro 
entender o conceito de prorrogação de competência processual.
Prorrogação de Competência: a competência processual, via de regra, é im-
prorrogável, ou seja, deve ser exercida exclusivamente pelo juízo competente.
Entretanto, em alguns casos excepcionais, admite-se que um juízo origi-
nariamente incompetente possa emanar uma decisão à qual se submetam 
as partes.
Essa exceção é possibilitada pela lei, e quando ocorrer estaremos dian-
te da chamadaprorrogação de competência.
Em alguns casos, a lei permite que um juízo originariamente incompetente atue, 
sem gerar vício processual.
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Competência Absoluta e Relativa
Competência Absoluta e suas Características
A competência absoluta, como você já sabe, possui a característica de não ad-
mitir prorrogação.
Competência absoluta não admite prorrogação!
Existem três casos em que será considerada a competência do juízo como ab-
soluta:
1) Competência Funcional
A competência funcional é uma espécie de competência absoluta que se divide 
em três tipos:
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2) Competência por Prerrogativa de Função
A competência por prerrogativa de função é mais simples – está relacionada 
simplesmente com o cargo público ocupado pelo infrator. É a competência sobre 
a qual a mídia mais fala, chamando-a inadequadamente de foro privilegiado.
Algumas autoridades públicas, por força do foro por prerrogativa de função, de-
vem ser julgadas no STF, outras no STJ, e outras por outros tribunais.
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3) Competência em Razão da Matéria
A última forma de competência absoluta decorre do tipo de infração penal 
que será julgada. Simples assim!
A competência absoluta é basicamente a “mais importante”, pois caso não seja 
respeitada, pode ser questionada pelas partes a qualquer tempo, em qualquer grau 
de jurisdição, e até mesmo pelo juiz, de ofício.
Competência Relativa
A competência relativa, como o próprio nome nos leva a crer, é mais tolerante 
– posto que admite a prorrogação.
Entretanto, embora a incompetência relativa possa também ser argumentada 
pelas partes (assim como a absoluta), tal arguição não poderá ocorrer a qual-
quer tempo!
Caso a arguição da incompetência de um determinado foro não seja realizada a 
tempo, ocorrerá a prorrogação da competência do foro incompetente!
Cuidado:
Competência relativa gera apenas nulidade relativa.
Competência relativa gera apenas nulidade relativa.
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Felizmente, a competência relativa é muito mais fácil de dominar do que a 
competência absoluta, pois só existe um caso de competência relativa no Direito 
Processual Penal!
A competência territorial é o único caso de competência relativa prevista no direito 
processual penal.
Seguindo adiante, podemos finalmente adentrar as espécies de competência 
propriamente ditas, o que fará com que o assunto fique mais prático e mais fácil 
de entender!
Espécies de Competência
Vamos começar abordando a categoria de competências em razão da matéria!
Competência em Razão da Matéria
1) Tribunal do Júri
A competência do Tribunal do Júri está prevista no art. 74 do CPP. Vejamos:
Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de organiza-
ção judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri.
§ 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, §§ 
1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, consumados 
ou tentados. (Redação dada pela Lei n. 263, de 23/02/1948)
§ 2º Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para infração da 
competência de outro, a este será remetido o processo, salvo se mais graduada for a 
jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá sua competência prorrogada.
§ 3º Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída à competência 
de juiz singular, observar-se-á o disposto no art. 410; mas, se a desclassificação for 
feita pelo próprio Tribunal do Júri, a seu presidente caberá proferir a sentença (art. 492, 
§ 2º).
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O Tribunal do Júri possui competência para julgar os chamados crimes dolo-
sos contra a vida. Veja como agora fica muito mais fácil entender o conceito de 
jurisdição e competência. Todo o Judiciário pode exercer jurisdição. Entretanto, 
apenas o Tribunal do Júri tem a competência para julgar os crimes dolosos contra 
a vida!
Por isso, muito cuidado para não cair em uma pegadinha básica sobre esse 
assunto:
Homicídio CULPOSO (previsto no § 3º do art. 121), obviamente, não é de com-
petência do Tribunal do Júri. Só condutas dolosas estão em sua esfera de com-
petência!
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Outra observação importante é sobre os crimes tentados.
O fato do crime ser tentado ou consumado não influirá na configuração da compe-
tência do Tribunal do Júri. Logo, homicídio doloso tentado ou consumado será de 
competência do júri, normalmente!
Características da Competência do Júri
Note, ainda, que crimes conexos aos crimes contra a vida também pas-
sam a ser de competência do Tribunal do Júri. Nesse caso, se houve um es-
tupro e um homicídio, de forma conexa, ambos os delitos serão julgados pelo 
Tribunal do Júri.
Tal previsão, no entanto, encontra-se no CPP, e não diretamente na Constituição 
Federal.
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Os examinadores adoram elaborar questões dizendo que os delitos de latrocínio, 
estupro seguido de morte e lesões corporais seguidas de morte são de com-
petência do Tribunal do Júri. Essa afirmação está incorreta!
Não são competência do júri:
• lesão corporal seguida de morte;
• latrocínio;
• estupro seguido de morte.
2) Justiça Militar
Outra competência expressamente prevista na Constituição Federal é a compe-
tência da Justiça Militar.
A competência da Justiça Militar só costuma ser abordada de uma forma mais 
avançada em concursos para cargos militares (como para carreiras nas polícias 
militares e corpo de bombeiros militares dos estados). Isso porque a Justiça Militar 
tem seu próprio Código Penal eseu próprio Código de Processo Penal, ambos 
de natureza militar.
Apesar disso, é importante conhecer, ao menos de forma básica, o que dispõe 
a Constituição Federal:
Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em 
lei.
Art. 125.
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, 
nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos discipli-
nares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, 
cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais 
e da graduação das praças. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 45, de 2004)
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Veja que as definições são bastante simples. Os crimes militares previstos em 
lei estão previstos no Código Penal Militar, bem como as circunstâncias em que 
crimes comuns (como homicídio) serão considerados como crimes militares.
Para apurá-los, temos os seguintes órgãos:
Observações sobre a Justiça Militar
• Vítima civil de homicídio:
 – O CPM (Código Penal Militar) prevê o crime militar de homicídio. No entan-
to, homicídio praticado por militar contra civil, por expressa previsão cons-
titucional, é de competência do Tribunal do Júri!
• Julgamento de Civis:
−	 Apenas a Justiça Militar da UNIÃO tem a competência de julgar civis. 
Fique atento(a): a justiça militar estadual não possui essa competência!
• Abuso de autoridade: segundo a Súmula n. 172 do STJ, abuso de autorida-
de cometido por militar, mesmo que praticado em serviço, é de competência 
da Justiça Comum Estadual!
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Entre os tópicos acima, merece especial destaque a questão do abuso de autori-
dade e da impossibilidade do julgamento de civis pela justiça militar estadual! Tome 
nota dessas observações!
Crimes dolosos contra a vida & Justiça Militar
E você aí, achando que os seus problemas já tinham acabado... Infelizmente 
não.
Outro ponto importantíssimo sobre as recentes alterações nos crimes militares 
está em outra mudança causada no CPM pelo texto da lei 13.491/2017. Vejamos:
§ 2º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por 
militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da 
União, se praticados no contexto[...]
Quase todo aluno sabe que, por expressa previsão constitucional, a competên-
cia de julgar crimes dolosos contra a vida é do Tribunal do Júri – e não de 
qualquer outro ramo da Justiça Brasileira. 
Entretanto, como é possível aduzir do parágrafo acima, o legislador infracons-
titucional abriu uma exceção, concedendo à Justiça Militar da União a competência 
para julgar militares das Forças Armadas quando estes praticarem crimes dolosos 
contra a vida de civil, em determinados casos. 
Mas professor, não seria essa norma inconstitucional?
Essa é uma excelente pergunta. São cabíveis argumentos em ambos os senti-
dos (de que tal norma é inconstitucional ou mesmo de que é perfeitamente válida). 
A verdade é que o Supremo Tribunal Federal é o único que tem competência para 
responder a essa pergunta – e que ainda não há manifestação nesse sentido.
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Por esse motivo, o correto é considerar que a letra da lei está valendo – e que 
é competência da Justiça Militar da União o julgamento de crimes dolosos contra a 
vida quando praticados por militares das Forças Armadas e dentro do con-
texto previsto no CPM. E qual contexto é esse, professor? É aquele que se en-
quadra nas circunstâncias previstas nos incisos e alíneas do art. 9º, parágrafo 2º:
§ 2o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e co-
metidos por militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência 
da Justiça Militar da União, se praticados no contexto: (Incluído pela Lei nº 
13.491, de 2017)
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da Re-
pública ou pelo Ministro de Estado da Defesa; 
II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo 
que não beligerante; ou 
III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem 
ou de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da 
Constituição Federal e na forma dos seguintes diplomas legais: 
a) Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica; 
b) Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999; 
c) Decreto-Lei no 1.002, de 21 de outubro de 1969 - Código de Processo Penal Militar; e 
d) Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral. 
Professor, e qual a norma para os demais militares?
Para os militares estaduais (não vinculados às forças armadas) e para os milita-
res das Forças Armadas que praticarem o crime de homicídio doloso contra a vida 
de civil fora das circunstâncias do parágrafo 2º, aplica-se a regra do parágrafo 1º:
§ 1o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por 
militares contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri. 
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Cabe salientar, ainda, que EM REGRA o homicídio praticado por militar da ativa 
contra militar da ativa é de competência da Justiça Militar (configurando o crime 
impropriamente militar de homicídio). 
3) Justiça Eleitoral
Em 2017, tomaram grande notoriedade as ações que tramitam no TSE, o que 
acabou trazendo uma maior protagonismo da Justiça Eleitoral nas notícias em geral.
Sua competência (que não se restringe à do TSE, é claro) possui origem na 
Constituição Federal, com a definição dos órgãos que a compõem:
Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral:
I – o Tribunal Superior Eleitoral;
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II – os Tribunais Regionais Eleitorais;
III – os Juízes Eleitorais;
IV – as Juntas Eleitorais.
Apesar disso, suas normas de competência propriamente ditas não costumam 
ser cobradas em prova, visto que, por força do art. 121, uma lei complementar 
deve tratar do assunto, e tal diploma legal dificilmente faz parte do conteúdo pro-
gramático dos concursos.
Curiosidade: A lei complementar que deve dispor sobre a organização e competên-
cia da Justiça Eleitoral é o Código Eleitoral.
Art. 121. Lei complementar disporásobre a organização e competência dos tribunais, 
dos juízes de direito e das juntas eleitorais.
4) Justiça Federal
Para finalizar a competência em razão da matéria temos a mais extensa dessa 
lista: a competência da Justiça Federal.
A competência da JF é sempre TAXATIVA e EXPRESSA.
Ou seja, aquilo que é competência da Justiça Federal estará escrito como tal. Todo 
o resto é competência da Justiça Estadual (chamada de competência residual).
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A primeira norma sobre o assunto é o art. 109 da Constituição Federal – da 
competência dos juízes federais. Mas como tal artigo é um pouco extenso, va-
mos apresentá-lo de uma forma esquematizada!
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Repare que no esquema acima estão incluídas todas as hipóteses, e não 
apenas as criminais.
A única boa notícia sobre essa lista extensa é que o examinador costuma co-
brar o assunto acima de forma direta (colocando uma assertiva extraída do rol de 
competências da Justiça Federal). O lado ruim disso, no entanto, é óbvio: somos 
forçados a ler, reler e memorizar. Infelizmente, não tem remédio!
Lembre-se de que a competência da Justiça Estadual é residual. Se uma hipótese 
não está configurada como competência da Justiça Federal, será da Justiça Estadu-
al, por eliminação!
Crimes Conexos
É necessário ainda saber o que acontece quando um crime de competência da 
Justiça Federal é praticado de forma conexa com um crime de competência da Jus-
tiça Estadual.
Quem responde a essa pergunta é a Súmula n. 122 do STJ:
Súmula n. 122 do STJ
Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de 
competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, “a”, do Código 
de Processo Penal.
Jurisprudência Relevante
Não bastasse o rol de competência extremamente extenso, existem ainda inú-
meros informativos e súmulas relacionados à competência da Justiça Federal, os 
quais você precisa conhecer.
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Outros Conflitos
Temos ainda um outro quadro comparativo entre a Justiça Federal e a Justiça 
Estadual, baseado em outras decisões judiciais:
Competências Territoriais
Passamos agora a estudar as competências em razão do território. Não se pre-
ocupe, esse regramento é muito mais simples do que as competências em razão 
da matéria.
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Vamos começar com a leitura do art. 70 do CPP:
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar 
a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de 
execução.
§ 1º Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a 
competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o últi-
mo ato de execução.
§ 2º Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será 
competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou 
devia produzir seu resultado.
§ 3º Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta 
a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais 
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de 
duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
Via de regra, a competência territorial será determinada pelo do local em que 
se consumou o delito, ou, no caso de tentativa, o local em que foi praticado 
o último ato de execução.
Segundo a doutrina, o art. 70 aplica a chamada TEORIA DO RESULTADO na defini-
ção de competência.
Prevenção
Antes que possamos continuar nosso estudo, é preciso que você entenda o con-
ceito de PREVENÇÃO. Você ainda vai ler muito esse termo, tanto em nossa aula 
quanto nas provas de concursos, então, primeiramente, vejamos o que ele significa.
Prevenção: prevenção está relacionada com a ideia de antecipação. No Direi-
to Processual Penal, a prevenção é uma prefixação de competência, concedida ao 
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juiz que primeiro tomar conhecimento da infração penal e praticar um ato 
ou tomar uma medida no processo ou inquérito.
Costumo dizer que a prevenção é um verdadeiro “coringa” da solução dos con-
flitos de competência. Quando não houver outro critério para solucionar uma 
situação em que dois juízes possam ser considerados competentes para 
atuar em um determinado inquérito ou processo, o legislador se utiliza da 
prevenção para solucionar o impasse.
Prevenção: o “Coringa” da definição de Competências.
O primeiro exemplo da aplicação da prevenção está no § 3º do art. 70: em caso 
de limite territorial incerto entre jurisdições, ou de infração consumada ou tentada 
nas divisas entre jurisdições, tornando complicado determinar o local exato para 
definição da competência, o legislador utilizou-se do critério de prevenção para 
solucionar o caso.
Um segundo caso está no art. 71: em caso de infração continuada ou perma-
nente praticada em território de múltiplas jurisdições, o conflito também será sa-
nado por prevenção.
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Obs.: � lembre-se de que a definição de competência, no âmbito internacional(para os chamados crimes a distância), segue as regras do lugar do crime, 
previstas no Código PENAL, em seu art. 6º (teoria da ubiquidade), e 
as normas de territorialidade e extraterritorialidade da lei penal.
Ou seja, caro(a) aluno(a), para não se confundir, quando for resolver uma ques-
tão sobre a competência da justiça brasileira para julgar um delito de cará-
ter internacional, aplique as regras e teorias previstas no CP. Você estará solucio-
nando os casos dos chamados crimes a distância.
Já nos casos de crimes plurilocais (praticados em múltiplos locais dentro do 
território nacional), você deve utilizar as regras e teorias do CPP.
Esclarecida essa diferença, vamos falar de mais uma exceção à regra do art. 70 
do CPP: em casos de delitos de homicídio, deve prevalecer o juízo do local da 
AÇÃO ou da OMISSÃO, segundo a jurisprudência majoritária. Logo, em casos de 
homicídio, temos que a teoria utilizada por definição judicial é a teoria da ativi-
dade, e não a do resultado, que é a regra do CPP.
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Jurisprudência sobre Competência Territorial
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Sei que são muitas hipóteses para casos singulares. Infelizmente, o examinador 
simplesmente adora utilizar desse tipo de jurisprudência para confundir o aluno, 
de modo que não temos saída senão listar cada uma delas.
Dito isso, sigamos. Nosso próximo passo é conhecer os arts. 72 e 73 do CPP:
Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo do-
micílio ou residência do réu.
§ 1º Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção.
§ 2º Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competen-
te o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato.
Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de 
domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.
Essa é a chamada regra supletiva, utilizada caso a regra geral não possa ser 
aplicada. Nesse caso, por algum motivo, não se conhece o local da infração, mas, 
ainda assim, existe um processo que precisa tramitar regularmente.
O legislador optou pelo seguinte fluxo para determinar o juízo competente de 
forma a solucionar esse caso:
Temos ainda a regra do art. 73, específica para ação penal exclusivamente 
privada, nas quais o querelante tem o direito de optar pelo trâmite do processo no 
foro de domicílio ou residência do réu em lugar do foro do lugar da infração, mesmo 
que este seja conhecido.
Veja que a regra prevista no art. 73 é para ação penal exclusivamente privada, 
ou seja, não se aplicará aos casos de ação penal privada subsidiária da pública.
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Esquematizando:
O conteúdo apresentado soluciona inúmeras questões sobre esse regramento. 
Entretanto, ainda fica a seguinte pergunta: o que fazer quando existirem dois 
juízes igualmente competentes para julgar uma infração penal?
A explicação está no art. 75 do CPP:
Art. 75. A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma circuns-
crição judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente.
Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou da de-
cretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa 
prevenirá a da ação penal.
Eis que identificamos um novo termo relacionado com a definição de competên-
cia: a distribuição. Mas o que é que ele significa?
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Distribuição
Distribuição nada mais é do que a maneira que o legislador optou para dizer 
sorteio! Ou seja, havendo dois juízes igualmente competentes na mesma circuns-
crição judiciária, será selecionado qual julgará um determinado caso por sorteio, o 
que normalmente é efetuado por um sistema informatizado desenvolvido com essa 
finalidade.
Alteração da Competência
Via de regra, a competência é definida de acordo com regras básicas e gerais. 
A partir do art. 76 do CPP, no entanto, temos os chamados critérios de conexão e 
continência, que tratam da possibilidade de alteração da competência originá-
ria para que o caso concreto possa ser processado de uma melhor forma.
Os critérios de conexão e continência não criam um novo tipo de competência. O 
que ocorre é uma alteração da competência originária!
Em primeiro lugar, no entanto, precisamos entender o que significam exata-
mente os conceitos de conexão e continência.
Continência
• Ocorre quando um fato criminoso está contido, engloba outro.
• Regra prevista no art. 77 do CPP.
• Não é possível a cisão (separação) dos delitos em processos diferentes (pois 
estão contidos uns nos outros).
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Conexão
• Ocorre quando existe uma ligação entre as infrações penais (liame) que jus-
tifique sua união em um mesmo processo para facilitar seu julgamento. 
• A conexão serve para evitar decisões contraditórias, bem como para facilitar 
o trâmite geral do processo (e atos como a produção de prova).
Antes de especificar os detalhes de cada um desses institutos, devemos fazer 
uma menção à Súmula n. 235 do STJ:
A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado.
Ou seja, tanto na conexão quanto na continência, não se deve reunir proces-
sos se um deles já tiver sido julgado.
Passemos agora ao estudo de cada um desses dois institutos, de forma deta-
lhada!
Continência
Primeiramente, vamos fazer a leitura do art. 77 do CPP:
Art. 77. A competência será determinada pela continência quando:
I – duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração;
II – no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1º, 53, segun-
da parte, e 54 do Código Penal.
Se duas ou mais pessoas forem acusadas da mesma infração, ou na hi-
pótese de concurso formal de crimes, prevista no Código Penal, teremos a deter-
minação de competência pela continência. Simples assim!
Conexão
A conexão, por sua vez, é um pouco mais complexa que a continência. Vejamos 
o que rege o art. 76 do CPP:
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Art. 76. A competência será determinada pela conexão:
I – se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, 
por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tem-
po e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras;
II – se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as ou-
tras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;
III – quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementa-
res influir na prova de outra infração.
Sobre a conexão, a doutrina faz a distinção entre cada um desses incisos. Es-
quematizando, fica da seguinte forma:
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Prevalência do Foro
Ao alterar a competência originária para julgar uma determinada infração, é 
certo que existirão inúmeros benefícios (tais como evitar contradições, facilitar a 
produção das provas, entre outros).
Entretanto, essa unificação de várias infrações gera uma consequência bastante 
óbvia: onde tínhamos dois ou mais juízos competentes, agora apenas um irá pre-
valecer.
A questão é a seguinte: como selecionar qual dos juízos deverá manter sua 
competência no momento da união dos feitos?
A resposta para essa pergunta está no art. 78 do CPP:
Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observa-
das as seguintes regras:
I – no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, 
prevalecerá a competência do júri;
II – no concurso de jurisdições da mesma categoria:
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave;
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as 
respectivas penas forem de igual gravidade;
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos;
III – no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior gradu-
ação;
IV – no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta.
São muitas informações, mas esquematizando fica bem mais fácil. Vejamos:
Art. 78, I
• Competência do Júri prevalece sobre outras competências.
• Única exceção é a de concurso entre crimes de competência do júri 
e de competência da Justiça Militar ou Eleitoral (nesse caso, os feitos 
devem permanecer separados).
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Art. 78, II
• Mesma categoria significa juízes aptos a julgar os mesmos tipos de 
causas (como, por exemplo, dois juízes de primeiro grau).
• Nesse caso, segue-se uma lista de prioridades, na seguinte ordem: 
foro do local da infração mais grave, foro onde foi cometido o 
maior número de crimes, e, caso permaneça o conflito, prevenção.
Art. 78, III
• O inciso III é o mais simples e conhecido, pois trata do conflito entre 
jurisdições superiores e inferiores. Ocorre nos casos de foro por prer-
rogativa de função. Imagine crimes conexos praticados por um indiví-
duo com foro no STJ e outro com foro comum: os feitos serão unidos 
e prevalecerá a competência do STJ para julgar o caso.
Art. 78, IV
• Quando houver conflito entre a jurisdição especial (como a eleitoral, 
por exemplo) e a jurisdição comum, prevalecerá a especial.
• Logo, em concurso entre crimes eleitorais e crimes comuns, a Justiça 
Eleitoral deverá julgar todos os delitos.
Exceção importante: em caso de concursos de crimes de jurisdição MILITAR e ju-
risdição COMUM, deve ocorrer a disjunção dos feitos.
Casos de Separação Obrigatória
Já aprendemos quando é que os processos devem ser reunidos para julgamento 
uno dos feitos. Também já sabemos qual justiça deve prevalecer em casos especí-
ficos (ao estudar o art. 78). Entretanto, ainda nos resta aprender que em deter-
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minados casos, mesmo diante de um caso de conexão ou continência, os 
processos não devem ser reunidos, mantendo-se a separação dos feitos.
Tais casos estão previstos expressamente no art. 79 do CPP, a saber:
Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, sal-
vo:
I – no concurso entre a jurisdição comum e a militar;
II – no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.
§ 1º Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum corréu, 
sobrevier o caso previsto no art. 152.
§ 2º A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver corréu foragido 
que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461.
Sobre a separação entre a Justiça Comum e a Justiça Militar, nós acabamos de 
fazer uma observação. Entretanto, temos ainda outros casos:
Separação entre a Justiça Comum e o Juízo de Menores
Aqui, temos o seguinte: em um concurso entre um menor de 18 anos e outro 
autor maior de idade, o menor será julgado pelos Juizados da Infância e Juventude, 
enquanto que o maior de idade terá sua participação apurada pela Justiça Criminal 
de forma regular.
Superveniência de Enfermidade Mental
Quanto ao § 1º, estamos diante do caso em que um dos autores acaba padecendo 
de uma doença mental que enseja a suspensão do processo até a sua recuperação.
Entretanto, não se pode suspender também o processo para o réu que se en-
contra bem de saúde, motivo pelo qual os processos devem ser desmembrados, 
suspendendo-se apenas o relativo ao réu doente.
Fuga de um dos Réus
Por fim, temos o § 2º, que trata da fuga de um dos réus. Aqui, é necessário ana-
lisar se é possível que o réu possa ser julgado à revelia. Se for possível, a junção 
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pode ser realizada normalmente. No entanto, se for um caso em que o julga-
mento à revelia não é permitido, deve ocorrer a disjunção dos processos.
Casos de Separação Facultativa
Existem ainda casos em que, embora a separação não seja obrigatória, o legis-
lador previu a possibilidade de separação dos feitos. Note que estamos diante de 
uma faculdade, e não de uma obrigação.
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido 
praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo exces-
sivo número de acusados e para não lhes prolongar a prisão provisória, ou por outro 
motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação.
Esses casos são simples – basta que você conheça o rol que pode ensejar a se-
paração facultativa dos processos.
A única observação realmente importante é que a separação facultativa dos 
processos pode ser reconhecida de ofício pelo juiz ou arguida pelas partes.
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Perpetuação da Jurisdição
A perpetuação da jurisdição (perpetuatio jurisdictionis) está prevista no art. 81 
do CPP:
Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que no 
processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença abso-
lutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua competên-
cia, continuará competente em relação aos demais processos.
No caso do art. 81, ocorreu o seguinte: alguns processos foram reunidos, por 
conexão ou continência. Entretanto, no que diz respeito ao processo que causou a 
atração (ou seja, que determinou a escolha de competência que prevaleceu sobre 
as demais), o juiz proferiu uma sentença absolutória ou desclassificou a infração 
para outra, que não é de sua competência.
Nessa situação, o que deve acontecer com os processos que foram atra-
ídos, e que não estão em seu juízo de origem?
A resposta é simples: eles deverão continuar sob a competência do juízo 
atual, por força do art. 81 do CPP.
Até aí a definição é bastante simples, certo? No entanto, como toda boa regra, 
a do art. 81 também possui uma exceção, prevista em seu parágrafo único, espe-
cificamente para os casos do Tribunal do Júri:
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou conti-
nência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o acusado, 
de maneira que exclua a competência do júri, remeterá o processo ao juízo competente.
Ou seja, temos um processo com delitos conexos a um crime doloso contra a 
vida (Exemplo: um estupro conexo com um homicídio doloso). Inicialmente, por-
tanto, os processos serão unidos e encaminhados ao Tribunal do Júri (cuja compe-
tência prevalece sobre a justiça comum, como você já sabe).
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Entretanto, caso o juiz-presidente verifique, por algum motivo, que não há 
mais a competência do júri para atuar no caso (por exemplo, comprova-se 
que o homicídio foi culposo), o júri não poderá continuar atuando no julgamen-
to, de modo que os processos deverão ser remetidos ao juízo competente!
Portanto, note que ocorreu o contrário do que se aplica aos casos regulares, nos 
quais o processo continuaria sob a tutela do juízo mesmo após sua desclassificação 
e o reconhecimento da competência de outro órgão jurisdicional.
Avocação de Processos
Em alguns casos, embora exista uma situação de conexão ou continência, pro-
cessos diferentes serão instaurados. Nessa situação, o juízo prevalente (aquele no 
qual deveria tramitar a união de todos os processos relacionados) deverá avocar 
(chamar para si) os processos instaurados em outros juízos!
A existência de sentença definitiva impede a avocação de um determinado pro-
cesso.
Quanto à exceção acima, tome cuidado: segundo a doutrina, sentença definitiva 
não é sinônimo de trânsito em julgado. Sentença definitiva, nesse caso, quer dizer 
simplesmente que a primeira fase processual foi encerrada!
Prevenção – Art. 83
Você com certeza se lembra de que falamos que a prevenção é o coringa das 
situações de conflitos processuais. Quando as regras gerais não forem suficientes 
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para solucionar os conflitos de competência e determinar em qual juízo devem tra-
mitar os processos, a solução vem da prevenção:
Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou 
mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver an-
tecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, 
ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3º, 71, 72, § 
2º, e 78, II, c).
Entretanto, é importante também conhecer a Súmula n. 706 do STF, que trata 
sobre o assunto:
Súmula n. 706 do STF
É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por prevenção.
Ou seja, se durante um processo não for corretamente observada a compe-
tência definida por prevenção, a nulidade não será absoluta (apenas relativa), de 
modo que, para ser arguida, irá depender da comprovação de que houve prejuízo!
Foro por Prerrogativa de Função
Por fim, temos a previsão contida entre os artigos 84 e 87 do CPP. Tratamos, é 
claro, do foro por prerrogativa de função (popularmente chamado de foro privile-
giado).
O CPP não aborda todas as regras específicas para cada cargo – pois quem o 
faz é a Constituição da República –, o que acaba transferindo a abordagem mais 
pesada sobre esse assunto para a disciplina de Direito Constitucional.
Em Direito Processual Penal, o que o examinador costuma fazer é cobrar a lite-
ralidade dos artigos do CPP, os quais estão transcritos abaixo:
Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do Supremo Tribunal Federal, do 
Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos 
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Estados e do Distrito Federal, relativamente às pessoas que devam responder perante 
eles por crimes comuns e de responsabilidade.
Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que forem querelantes as pessoas 
que a Constituição sujeita à jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de 
Apelação, àquele ou a estes caberá o julgamento, quando oposta e admitida a exceção 
da verdade.
Ótimo. Uma vez que você já sabe dessas peculiaridades e orientações, vamos 
aprofundar um pouco mais sobre este tema tão contemporâneo.
Conforme já apontamos na aula de hoje, a competência por prerrogativa de 
função, denominada pela doutrina como ratione funcionae, nada mais é do que a 
prerrogativa que certos agentes possuem para serem julgados por Tribunais em 
razão das funções que desempenham. 
Não se trata, como muitos pensam, de um privilégio concedido à pessoa, mas 
de uma previsão constitucional existente para resguardar a função que é exercida 
pelo indivíduo. Nesse sentido, o entendimento da doutrina é de que os Tribunais 
têm a possibilidade de alcançar maior isenção ao julgar indivíduos ocupantes do 
foro por prerrogativa de função, em razão de sua maior capacidade de resistir à 
influência do acusado ou de forças externas.
Assim, antes de discutir efetivamente qual foi a decisão do STF e o que mudou 
nas prerrogativas de foro, precisamos compreender o conceito básico e a leitura do 
texto constitucional. 
Mas não se preocupe que iremos, ao final do estudo, tratar da nova posição da 
Suprema Corte, ok?
Conforme já asseveramos, o foro por prerrogativa de função consiste em um 
direito de que determinados indivíduos sejam julgados, em virtude dos cargos ou 
funções que exercem, por Órgãos Superiores de Jurisdição, de acordo com normasprevistas na Constituição Federal ou nas Constituições Estaduais.
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Vamos ressaltar novamente: Segundo a doutrina, tal tratamento não viola o 
princípio da igualdade, haja vista que o tratamento especial tem por objetivo tu-
telar o cargo ou função, dando especial relevância ao Estado. Não se caracteriza, 
portanto, benefício diretamente ligado ao ocupante do cargo.
Muito embora esse assunto esteja diretamente ligado ao Direito Constitucional, 
é importante que o estudante de Direito Processual Penal conheça a existência de 
tal instituto, ao menos de forma direcionada.
Hipóteses Constitucionais
A CF/88 apresenta as seguintes hipóteses de foro por prerrogativa de função:
1) Presidente da República
Compete ao STF processar e julgar, originariamente, nas infrações penais co-
muns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso 
Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República. 
É o que rege o art. 102, inciso I, alínea B, da CF/88.
2) Ministros de Estado, Comandantes da Marinha, do Exército e da Ae-
ronáutica, membros dos Tribunais Superiores, do Tribunal de Contas da 
União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente
Compete ao STF processar e julgar, originariamente, nas infrações penais co-
muns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes 
da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os 
membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes 
de missão diplomática de caráter permanente.
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É o que prevê o art. 102, inciso I, alínea C, da CF/88.
3) Deputados Federais e Senadores
Conforme já observado na aula de hoje, o art. 53 da CF/88 rege que, desde a 
expedição do diploma, os Deputados Federais e Senadores serão submetidos a jul-
gamento criminal perante o STF.
4) STJ
Existem ainda alguns indivíduo que possuem foro por prerrogativa de função no 
Superior Tribunal de Justiça. Vejamos:
“Compete ao STJ processar e julgar, originariamente, nos crimes comuns, os 
Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabi-
lidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito 
Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Fede-
ral, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do 
Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e 
os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais.”
É o que prevê o art. 105, inciso I, alínea A, da CF/88!
5) Outras hipóteses
Por fim, temos ainda o foro por prerrogativa de função para os seguintes casos:
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Tome nota da Súmula 704/STF, que trata da extensão do foro por prerrogativa de 
função ao corréu:
Súmula 704/STF:
Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo 
legal a atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por 
prerrogativa de função de um dos denunciados.
Juízes e Promotores
Você já sabe que os magistrados possuem foro por prerrogativa de função nos 
respectivos tribunais, sendo julgados originariamente em tais órgãos.
Entretanto, embora de difícil ocorrência em provas de concursos, cabe fazer 
breve observação sobre a Lei Orgânica da Magistratura, que prevê o seguinte:
Art. 33 - São prerrogativas do magistrado:
II - não ser preso senão por ordem escrita do Tribunal ou do órgão especial competente 
para o julgamento, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade 
fará imediata comunicação e apresentação do magistrado ao Presidente do Tribunal a 
que esteja vinculado (vetado);
Isso se aplica aos membros do Ministério Público, por força da Lei Orgânica Na-
cional do Ministério Público:
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Art. 40. Constituem prerrogativas dos membros do Ministério Público, além de outras 
previstas na Lei Orgânica:
III - ser preso somente por ordem judicial escrita, salvo em flagrante de crime ina-
fiançável, caso em que a autoridade fará, no prazo máximo de vinte e quatro horas, a 
comunicação e a apresentação do membro do Ministério Público ao Procurador-Geral de 
Justiça;
Dessa forma, tanto os magistrados quanto os membros do MP gozam da prerro-
gativa de não serem presos, salvo em flagrante de crime inafiançável ou por ordem 
judicial de autoridade competente para tal.
Restrição do Foro
Fazendo um breve resumo do que estudamos até agora, podemos esquematizar 
o foro por prerrogativa de função apresentado pela Carta Magna da seguinte forma:
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STF
PR e Vice
Deputados Federais e Senadores
Ministros STF
PGR
Ministros de Estado
AGU
Comandante das Forças Armadas
Ministros STM, STJ, TSE e TST
Ministros TCU
Chefe de Missão Diplomática
STJ
Governadores
Desembargadores (TJ, TRF, TRT)
Ministros TRE
Conselheiros do Tribunal de Contas
Membros do MPU que oficiam perante tribunais
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TRF/TRE
Juízes Federais
Juízes do Trabalho
Juízes Militares
Membros do MPU que atuam na Primeira instância
TJ
TJs, TRF ou TREs
Juízes de Direito
Promotores e Procuradores de Justiça
Prefeitos em geral
Essa, conforme já asseveramos diversas vezes, é a regra constitucional origi-
nal. Temos ainda a possibilidade da previsão de foro por prerrogativa de função em 
Constituições Estaduais, as quais muitas vezes estabelecem tal prerrogativa para 
ocupantes de outros cargos, tais como vice-governadores, vereadores e deputados 
estaduais.
STF e a AP 937 QO/RJ
Agorasim. De posse da previsão original, podemos passar a fazer uma bre-
ve análise da decisão tomada pelo STF para restringir o foro por prerrogativa de 
função. Para iniciar, tomaremos emprestado a brilhante explanação realizada pelo 
mestre MÁRCIO ANDRÉ LOPES CAVALCANTE, Juiz Federal e autor do excelente we-
bsite Dizer o Direito, para compreender as razões da decisão do STF.
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Segundo Márcio, dois problemas são acarretados pelo modelo original do foro 
por prerrogativa de função:
[...] O modelo amplo de foro por prerrogativa de função tradicionalmente adotado acar-
reta duas consequências graves [...] para o STF:
1ª) Afasta o Tribunal do seu verdadeiro papel, que é o de Suprema Corte, e não o de 
tribunal criminal de primeiro grau. 
2ª) Contribui para a ineficiência do sistema de justiça criminal. O STF não tem sido ca-
paz de julgar de maneira adequada e com a devida celeridade os casos abarcados pela 
prerrogativa. 
Com o excesso de ações penais tramitando originariamente no STF, muitos dos 
delitos acabavam prescrevendo – haja vista que a Suprema Corte, composta de 11 
ministros, não era capaz de julgar todas as ações antes da ocorrência da prescrição 
dos delitos.
Ademais, o STF não é um Tribunal unicamente penal, devendo dar vazão tam-
bém a demandas judiciais em todas as outras esferas do Direito (Cível, Administra-
tivo, Tributário)...
Com o objetivo de ao menos mitigar o problema causado pela amplitude das re-
gras de foro por prerrogativa de função, de reduzir a impunidade e principalmente 
de garantir a celeridade na prestação jurisdicional, o Ministro Luis Roberto Barroso 
levantou uma Questão de Ordem (QO) no âmbito da Ação Penal 937/RJ, sugerindo 
que o plenário do STF decidisse, antes de julgar o mérito da ação penal, sobre duas 
questões:
• Seria possível mudar a interpretação que até hoje era dada ao art. 102, I, 
“b”, da CF/88 e passar a entender que o foro por prerrogativa de função dos 
Deputados Federais e Senadores fosse aplicado apenas a crimes cometidos 
durante o exercício do cargo e desde que relacionados com a função desem-
penhada?
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• Existiria um momento processual a partir do qual, mesmo que o réu venha a 
perder o foro privilegiado, continua a ser julgado pelo Supremo?
A primeira proposta tem como objetivo reduzir a quantidade de processos pe-
nais tramitando no STF – haja vista que, uma vez que se restringe a aplicabilidade 
do foro por prerrogativa de função, muitos réus terão suas ações enviadas de volta 
para instâncias inferiores.
Já a segunda tem o objetivo de evitar o “sobe e desce processual” que ocorria 
quando o parlamentar renunciava propositalmente ao cargo, antes de ser conde-
nado, para que o processo tivesse que ser remetido à outra instância da justiça 
(ganhando assim tempo para que ocorresse a prescrição do delito).
Resumindo um assunto que foi amplamente discutido e que possui uma grande 
complexidade, ao analisar a questão proposta pelo Ministro Luis Roberto Barroso, 
o STF entendeu da seguinte forma:
Esse primeiro entendimento nos leva basicamente às seguintes conclusões:
• Se Senador da República ou Deputado Federal pratica crime antes da sua di-
plomação, o juízo competente será o da 1ª instância;
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• Se Senador da República ou Deputado Federal pratica crime depois da diplo-
mação mas que não tem relação com as suas funções, o juízo competente 
também será o da 1ª instância.
• Já se Senador da República ou Deputado Federal pratica crime depois da di-
plomação e que tem relação com suas funções, aí sim surge a competência 
do STF para analisar o caso.
Já quanto ao momento da fixação da competência do STF, sedimentou-se o se-
guinte entendimento:
A segunda regra, portanto, buscou evitar o citado “sobe e desce processual”, ao 
configurar um evento limite a partir do qual a competência do STF não mais será 
afastada pela situação do ocupante do cargo com foro por prerrogativa de função.
Segundo o novo entendimento sedimentado pelo Tribunal, portanto, o marco 
será o fim da instrução processual, que uma vez alcançado, impede que o processo 
seja remetido às instâncias inferiores, mesmo que o réu perca sua qualidade (deixe 
o cargo que ocupa).
Ufa! E é isso! Podemos finalmente partir para o último tópico de nossa aula!
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Função do Indivíduo Foro
Presidente da República STF – Crimes Comuns
Senado – Crimes de Responsabilidade
Vice-Presidente STF – Crimes Comuns
Senado – Crimes de Responsabilidade
Deputados Federais e Senadores STF – Crimes Comuns
Respectiva Casa – Crimes de Responsabilidade
Ministros STF STF – Crimes Comuns
Senado – Crimes de Responsabilidade
PGR STF – Crimes Comuns
Senado – Crimes de Responsabilidade
Ministros de Estado e Comandantes das 
Forças Armadas
STF - Crimes de Responsabilidade e Crimes Comuns
Senado – Crimes de Responsabilidade Conexos ao PR
Membro CNJ ou CNMP Senado – Crimes de Responsabilidade
Membros de Tribunais Superiores
(STJ/TSE/STM e TST)
STF – Crimes Comuns e de Responsabilidade
AGU STF – Crimes Comuns
Senado – Crimes de Responsabilidade
Membros do TCU
Chefes de Missão Diplomática de Caráter 
Permanente
STF – Crimes Comuns e de Responsabilidade
Governadores STJ – Crime Comum
Tribunal Especial – Crime de Responsabilidade
Vice-Governadores Depende da Constituição Estadual
Desembargadores Federais, dos TJs dos 
Estados e do DF e Membros dos TREs e 
TRTs;
Membros dos Tribunais de Contas dos 
Estados e do DF, e dos Conselhos ou Tri-
bunais de Contas dos Municípios
STJ
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RESUMO
Brocardos Jurídicos
• Brocardos Jurídicos são pensamentos sintetizados em uma única sentença, 
expressando uma conclusão reconhecida como verdade!
• “Da mihi factum, dabo tibi ius”: dá-me os fatos, que te darei o Direito. Dire-
tamente ligado ao conceito de jurisdição.
Conceitos
• Jurisdição é o poder do Estado de aplicar o Direito a um caso concreto.
• Competência é a medida da jurisdição.
• Todo juiz tem jurisdição. Nem todo juiz tem competência.
Características da Jurisdição
• Inércia: em regra, um Juiz não atua de ofício – deve ser PROVOCADO para 
tal. Ou seja, a prestação jurisdicional deve ser solicitada ao Estado.
• Existência de lide: deve existir

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