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CGF_Unidade 02

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INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO 
E CONTROLE FINANCEIRO
Professor:
Me. Julyerme Tonin
Diretoria Executiva Pedagógica Janes Fidelis Tomelin
Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho 
Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha
Head de Projetos Educacionais Camilla Barreto Rodrigues Cochia Caetano
Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho
Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey
Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo
Projeto Gráfico Thayla Guimarães 
Designer Educacional Giovana Vieira Cardoso 
Editoração Flávia Thaís Pedroso
DIREÇÃO
Reitor Wilson de Matos Silva 
Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho 
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho 
Pró-Reitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva 
Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 
Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
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obtidas a partir do site shutterstock.com
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação 
a Distância; TONIN, Julyerme.
 
 Conceitos de Gestão Financeira. Julyerme Tonin.
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. 
 34 p.
“Pós-graduação Universo - EaD”.
 1. Gestão 2. Financeira 3. EaD. I. Título.
 ISBN 978-85-459-0014-6
CDD - 22 ed. 352.4 
CIP - NBR 12899 - AACR/2
01
02
03
sumário
06| CONCEITO DE ORÇAMENTO
12| PLANEJAMENTO DO CAPITAL DE GIRO E FLUXO DE CAIXA
18| POLÍTICA DE CRÉDITO E GESTÃO DE ESTOQUES
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 • Apresentar o conceito introdutório de orçamento empresarial
 • Definir os conceitos de orçamento operacional, de caixa e de capital
 • Apresentar os conceitos de política de crédito e de cobrança e gestão de 
estoque.
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 • Conceito de Orçamento
 • Planejamento do Capital de Giro e Fluxo de Caixa
 • Política de Crédito e Gestão de Estoque
INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E CONTROLE 
FINANCEIRO
INTRODUÇÃO
introdução
Os conceitos predominantes da função financeira na atualidade, apresentados 
na unidade I, são frutos do conhecimento acumulado ao longo do tempo. 
Nesse contexto, as atribuições do gestor financeiro tornaram-se cada vez mais 
complexas e pluralistas. Por exemplo, sabemos que o gestor financeiro toma 
decisões com base em dados e indicadores provenientes de uma constelação 
de processos desenvolvidos no interior da empresa. No entanto, essas decisões 
financeiras não ocorrem em um ambiente de total certeza em relação a seus 
resultados. Assim, por estarem focadas no futuro da empresa, essas decisões 
envolvem certo grau de risco e incerteza. 
Como forma de minimizar os riscos e incertezas na tomada de decisões, é 
fundamental que o gestor financeiro domine os instrumentos de planejamento 
e controle financeiro. Assim, você irá conhecer alguns instrumentos úteis ao 
planejamento e controle financeiro, como: orçamento, capital de giro, fluxo de 
caixa, política que crédito e gestão de estoque.
Antes de abordar cada um desses temas, é necessário enfatizar também 
que o Planejamento e Controle Financeiro (PCF) são instrumentos úteis para 
a racionalização dos gastos, segurança e qualidade dos projetos e otimização 
dos investimentos. O processo de planejamento deve incorporar os fatores 
de perturbação (riscos) suscetíveis de ocorrer e, consequentemente, afetar os 
resultados da empresa. Por sua vez, o controle tem o papel de acompanhar 
custos e confrontar os resultados obtidos com as estimativas realizadas. É na 
etapa de controle que são revistas as estimativas, ocorrendo, assim, um feedback 
entre controle e planejamento e vice-versa. 
Pós-Universo 6
Uma das etapas no processo de decisão do gestor financeiro é a etapa de Análise, 
Planejamento e Controle Financeiro. Weston e Brigham (2000) destacam que o 
Planejamento Financeiro envolve a realização de projeções de vendas, renda e ativos 
baseada em estratégias alternativas de produção e marketing, seguidas pela decisão 
de como atender às necessidades financeiras previstas. Enquanto que o Controle 
Financeiro situa-se na fase de implementação dos planos, caracterizando-se como um 
processo de ajustamento em feedback para assegurar que os planos sejam seguidos 
e modificar os planos existentes em resposta a mudanças no ambiente operacional.
Nessa fase de planejamento e controle, uma importante ferramenta é o orçamento. 
O Orçamento nada mais é do que um instrumento contendo a definição quantitativa 
dos objetivos da empresa e dos recursos necessários para que sejam atingidos 
esses objetivos. Enquanto que no planejamento persegue-se o futuro da empresa, 
o orçamento é o elo final desse planejamento, pois o mesmo expressa em termos 
monetários o planejamento operacional da empresa. 
CONCEITO DE 
ORÇAMENTO
Usuario
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Usuario
Realce
Usuario
Realce
Pós-Universo 7
“Uma crítica que se faz ao processo orçamentário é que o mesmo demanda 
muito tempo, é muito dispendioso e adiciona pouco valor aos seus usuários, 
além de estar desconectado do ambiente competitivo e econômico da 
empresa”. 
Essas foram algumas das críticas apontadas no estudo de Hope e Fraser 
(2003). 
Com base no que estudamos até aqui, reflita sobre as potenciais desvantagens 
apresentadas pelos autores.
Fonte: o autor
reflita
Para Gonçalves (2000), as empresas são grandes coleções de processos, como: 
administração geral, manufatura, marketing, processos educacionais, desenvolvimento 
de tecnologia, financeiro, organizacionais, legais, comerciais, de suporte aos clientes, 
entre outros. Baseado nas considerações de Peter Keen (1997), o autor destaca que 
o grupo financeiro, pode ser subdividido em: gestão do orçamento empresarial, 
planejamento de investimentos, acompanhamento do desempenho, gestão de 
créditos aos clientes, gestão de caixa, entre outros.
Então, caro(a) aluno(a), até aqui já vimos que uma das etapas da gestão financeira 
compreende a análise, planejamento e controle. No tocante ao planejamento, podemos 
selecionar uma parcela importante referente à gestão do orçamento empresarial. 
Desse modo, estamos saindo do foco abrangente da gestão financeira, para o foco 
mais específico da gestão do orçamento.
Para Leite et al. (2008), o orçamento empresarial não deve ser entendido como 
instrumento limitador e controlador de gastos, mas como forma de focalizar a atenção 
nas operações e finanças da empresa, antecipando os problemas, sinalizando metas 
e objetivos que necessitem de cuidado por parte dos gestores, contribuindo para a 
tomada de decisões com vistas ao atendimento da missão e do cumprimento das 
estratégias das empresas.
Usuario
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Usuario
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Usuario
Realce
Pós-Universo 8
Para Atkinson et al. (2000 apud LEITE et al., 2008), o orçamento reflete as condições 
quantitativas de como alocar recursos para consecução dos objetivos, bem como 
é o instrumento de divulgação das metas de curto prazo da empresa. Para Frezzatti 
(2006), o orçamento é mais do que uma estimativa, pois evidencia o compromisso 
dos gestores em termos de objetivos e metas a serem alcançados. Para Leite (2008), 
outra finalidade do orçamento é indicar a existência de problemas potenciais e servir 
como ferramenta para encontrar as respectivas soluções. Ademais, o orçamento 
disponibiliza informações de quanto recurso será necessário para financiar os estoques 
de um determinado ciclo produtivo, antevendo potenciais problemas, funcionando, 
assim, como uma ferramenta para encontrar as possíveis soluções.
Cabe destacar que o processo orçamentário refere-se ao conjunto das atividades 
de planejamento, coordenação, preparação, controle e reprogramação das operações 
empresariais. Para Frezatti (2006), o processo orçamentário da empresa pode ser 
dividido emplanos que englobam aspectos relacionados ao orçamento operacional, 
de caixa e de capital, os quais são: plano de marketing, plano de produção, plano 
de investimento, plano de recursos humanos, plano de custos e despesas e plano 
financeiro. 
Dependendo da atividade de planejamento também é possível particionar o 
orçamento em diferentes extratos. Leite (2008), em sua dissertação de mestrado, 
divide o orçamento levando em conta a sua estrutura e finalidade. Para a autora, o 
orçamento pode ser dividido em:
 • Orçamento Operacional - focado nas atividades geradoras de renda de 
uma determinada empresa, o qual pode ser subdividido em: Orçamento de 
Vendas; Orçamento de Produção; Orçamento de Despesas Administrativas 
Financeiras; Orçamento de Marketing, e Outras Receitas e Despesas 
Operacionais (LEITE, 2008, p. 125).
 • Orçamento de Caixa - apresenta os recursos necessários para a execução do 
plano geral de operações e também da realização das transações monetárias 
da empresa (LEITE, 2008). Uma das conclusões a partir da observação desse 
orçamento é o caixa mínimo operacional, ou seja, o saldo de caixa que uma 
empresa planeja ter no início do mês a fim de conduzir suas atividades no 
período (WESTON; BRIGHAM, 2000).
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Pós-Universo 9
 • Orçamento de Capital - ou orçamento de investimentos - engloba as 
despesas necessárias para aquisição, modificação, substituição, construção 
e transformações que tenham o caráter de melhoria ou reposição da 
capacidade produtiva ou prestação de serviços (LEITE, 2008). Constitui-
se em um programa de aplicação de capital de longo prazo vinculado ao 
plano estratégico da empresa (HOJI, 2009). 
Orçamento de capital faz parte do plano estratégico da empresa e pode englobar 
diferentes projetos: substituição de equipamentos com o intuito de manutenção 
dos negócios; substituição de equipamentos visando à redução do custo; expansão 
dos produtos ou mercados existentes; expansão em novos produtos ou mercados e 
projetos de segurança e ou ambientais para atender à legislação, acordos trabalhistas 
etc. (WESTON; BRIGHAM, 2000).
O processo de orçamento de capital consiste em cinco fases distintas e inter-
relacionadas que, segundo Gitman e Madura (2003), são:
 • Geração de propostas: feitas em todos os níveis da empresa, devendo ser 
revisadas em nível superior, principalmente as que são mais dispendiosas.
 • Revisão e análise: permite analisar a adequação das propostas e sua 
viabilidade econômica. Nessa fase, rejeitam-se ou não se rejeitam os projetos. 
 • Tomada de decisão: com base em informações das etapas anteriores e 
no recurso disponível (próprio ou financiado), a empresa decide sobre o 
que e onde investir. 
 • Implementação: após a aprovação, os gastos são feitos e os projetos, 
implementados. Normalmente, os gastos de um grande projeto ocorrem 
em fases.
 • Acompanhamento: os resultados são monitorados e os custos e benefícios 
são comparados com a previsão.
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Usuario
Realce
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Usuario
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Pós-Universo 10
O horizonte do planejamento do orçamento depende das incertezas presentes 
no mercado e dos objetivos do próprio orçamento. Os orçamentos a longo prazo, 
chamados orçamentos de capital, são quase sempre preparados para determinados 
projetos, como compras de equipamentos, localização de fábricas e introdução de 
linhas de produtos, geralmente compreendem um maior período de tempo. 
Existem diferentes metodologias de elaboração do orçamento. Além da 
clássica classificação quanto à sua estrutura e finalidade (Orçamentos 
Operacional, de Caixa e de Capital), o orçamento pode ser classificado quanto 
ao nível de Atividade (Orçamento Estático ou flexível), ao período de tempo 
(Orçamento Periódico ou contínuo) e à Projeção de Valores (Orçamento 
Incremental, Base Zero ou por Atividades). 
Fonte: LEITE, R. M. (2008).
saiba mais 
Os orçamentos gerais, que consolidam os planos globais de uma organização em 
um prazo mais curto, são geralmente preparados anualmente. Para Hoji (2009), o 
orçamento geral de uma empresa é formado por um conjunto de orçamentos 
específicos: orçamento de vendas, de produção, de matérias-primas, de custos indiretos 
de fabricação, de custo de produção, de despesas gerais, de investimento de aplicação 
financeiro de caixa e de resultado. Na literatura internacional, Hansen e Mowen (2003) 
apresentam um fluxograma do processo orçamentário ou um orçamento mestre 
que permite relacionar os diferentes extratos do processo orçamentário (Figura 1).
Usuario
Realce
Usuario
Realce
Pós-Universo 11
Orçamento
de vendas
Orçamento
de produção
Previsão
de Vendas a
Longo Prazo
Orçamento de
Despesas de
Marketing
Orçamento
de Despesas
Administrativas
Orçamento de Despesas de
Pesquisa e Desenvolvimento
Orçamento
de Custo Indiretos
de Fabricação
Orçamento de
Mão de obra
Direta
Orçamento
de Materiais
Diretos
Orçamento
Produtos Acabados
Orçamento Custo
ProdutosVendidos
DRE Orçada
Orçamento
de Caixa
Balança Orçado
Demonstração
do Fluxo de
Caixa Orçado
Orçamento
de Capital
Figura 1: Modelo de Fluxograma do processo Orçamentário
Fonte: Leite (2008, p.147)
Enfim, o orçamento compõe-se em um elemento primordial, na medida em que se 
constitui na formalização do plano estratégico, em um instrumento ativo de controle 
e acompanhamento das metas estabelecidas pela empresa. 
Pós-Universo 12
Até então, falamos sobre vários aspectos do planejamento da empresa. Destacamos 
que após a etapa de registro e monitoramento, tem-se a etapa de controle financeiro 
e, posteriormente, de planejamento financeiro. Assim, o planejamento financeiro 
em si está vislumbrando o futuro da empresa. Vimos também que o planejamento 
antecede as decisões de investimento da empresa. Quanto ao termo capital, até 
então, só mencionamos o orçamento de capital, que constitui-se em um programa 
de aplicação de recursos vislumbrando o longo prazo.
Nessa etapa, partimos para duas variáveis importantes para qualquer gestor 
financeiro, o capital de giro e o fluxo de caixa. Para Hoji (2009), o estudo do capital de 
giro é fundamental para a gestão financeira, dado que a empresa precisa recuperar os 
custos realizados em um ciclo operacional e obter o lucro desejado. Assaf Neto (2007) 
salienta que a importância do planejamento do capital de giro para as empresas tem 
aumentado nos últimos anos, em decorrência das elevadas taxas de juros praticadas 
no mercado, do acirramento da concorrência determinado pela abertura de mercado 
e dos planos de expansão das empresas. 
PLANEJAMENTO 
DO CAPITAL DE 
GIRO E FLUXO 
DE CAIXA
Usuario
Realce
Usuario
Realce
Pós-Universo 13
Para Hoji (2009), o capital de giro é conhecido também como capital circulante 
e corresponde aos recursos aplicadas em ativos circulantes, que se transformam 
constantemente dentro do ciclo operacional da empresa. Para Assaf Neto (2007), a 
gestão do capital de giro (circulante) envolve basicamente as decisões de compra e 
venda tomadas pela empresa, assim como suas mais diversas atividades operacionais 
e financeiras. 
A expressão “capital de giro” originou-se com o velho mascate ianque que 
lotava sua carroça com mercadorias e então se punha a caminho para vender 
seus artigos. Chamava-se capital de giro porque era o que ele na verdade 
vendia ou “girava” para produzir seus lucros. A carroça e o cavalo eram seus 
ativos permanentes. O consumo de capital para comprar as mercadorias, 
foram os empréstimos de capital de giro (WESTON; BRIGHAM, 2000, p. 379).
quadro resumo
Enfim, qualquer que seja a noção adotada, o conceito de capital de giro (circular de 
capital circulante) identifica os recursos que giram (circulam). Em outras palavras, 
corresponde a uma parcela decapital imposta ao negócio em seu ciclo operacional, 
caracteristicamente de curto prazo, que assume várias formas ao longo do seu ciclo 
produtivo e de vendas (ASSAF NETO, 2007).
Em termos contábeis, tem-se a definição de Capital de Giro Líquido (CGL), exibindo 
o valor líquido das aplicações, ou seja, processado no ativo (capital) circulante da 
empresa, ou seja, é calculado pela diferença entre o Ativo e o Passivo Circulante. 
Entretanto, na utilização do termo Capital de Giro Próprio (CGP), o mesmo pode ser 
feito por meio da simples diferença entre o Patrimônio Líquido e o Ativo Permanente, 
demonstrando assim o volume de capital próprio da empresa que está financiando 
o ativo circulante e o realizável a. longo prazo (ASSAF NETO, 2007).
Para Hoji (2009), os passivos circulantes representam as fontes de financiamento 
do capital de giro na empresa, no curto prazo, sendo que algumas fontes são geradas 
pelas próprias operações da empresa (duplicatas a pagar, salários e encargos a pagar 
etc.), enquanto outras fontes são provenientes de atividades financeiras (financiamento 
e empréstimos bancários).
Usuario
Realce
Pós-Universo 14
Em termos econômicos, o capital de giro é afetado por uma importante variável, 
a inflação. As variações nos preços por si só não são apenas o problema, o problema 
ocorre quando há variações desproporcionais nos fatores de produção e nos preços 
das mercadorias. Também é necessário corrigir o capital de giro, exigindo uma maior 
margem de precaução de recursos.
Juntamente com o conceito de capital de giro, tem-se o conceito de fluxo de caixa. 
O fluxo de caixa nada mais é do que uma ferramenta que controla a movimentação 
financeira em um determinado período de tempo. O fluxo de caixa é um recurso 
fundamental para os gestores saberem com precisão qual a situação financeira da 
empresa, e possibilita ao gestor vislumbrar o montante de obrigações assumidas, 
quais os valores a receber e o saldo disponível.
As principais funções da caixa de diálogo são o banco mínimo de caixa que pode 
ser utilizado imediatamente. Nesse sentido, Hoji (2009) destaca que a empresa deve 
levar em conta as seguintes obrigações para manter o saldo mínimo de recursos no 
caixa: pagamentos e compromissos financeiros decorrentes da compra de matérias-
primas e contratação de serviços; amortização de empréstimos e financiamentos, 
desembolso para investimentos permanentes e pagamentos de eventos não previstos.
Cabe destacar também que a manutenção do saldo mínimo de caixa está focada 
no curto prazo da empresa. Porém, a boa gestão do caixa também permite conhecer 
a capacidade de obtenção de caixa a longo prazo, ou seja, sabendo o montante que 
a empresa poderá tomar emprestado, é possível planejar um crescimento sustentável 
da empresa.
Em termos contábeis, seguindo uma tendência internacional, a Lei 11.638/07 
modificou o artigo 176 da Lei 6.404/76, determinando a elaboração e 
publicação da Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) para as companhias 
abertas e companhias fechadas de grande porte (BRASIL, 2007).
fatos e dados
Pós-Universo 15
De forma simplificada, a Demonstração dos Fluxos de Caixa indica a origem de 
todo o dinheiro que entrou em caixa (e equivalentes a caixa) bem como a aplicação 
de todo o dinheiro que saiu do caixa em determinado período e, ainda, o resultado 
do fluxo financeiro. 
Equivalentes de caixa são aplicações financeiras de curto prazo, de alta 
liquidez, que são prontamente conversíveis em um montante conhecido 
de caixa e que estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor 
(Resolução CFC 1.125/08, item 7). No Brasil, as aplicações financeiras no 
mercado primário em títulos de renda fixa, públicos ou privados, por um 
prazo de até 90 dias contados da data da aquisição do título, podem ser 
enquadradas na categoria de equivalentes de caixa (IUDÍCIBUS et al., 2010, 
p. 567).
saiba mais 
Para Iudícibus et al. (2010), a função da DFC é prover informações relevantes sobre 
os pagamentos e recebimentos em dinheiro, de uma empresa, ocorridos durante 
certo período, auxiliando na análise da capacidade da entidade de gerar e de suas 
necessidades de utilizar caixa e equivalentes de caixa. 
De acordo com o autor, a DFC é chamada de demonstração dos fluxos de caixa 
(no plural) porque engloba os fluxos de três atividades distintas:
 • Operacionais: envolvem todas as atividades relacionadas com a produção 
e entrega de bens e serviços e os eventos que não sejam definidos como 
atividades de investimento e financiamento (CPC 03, item 06). Normalmente, 
relacionam-se com as transações que aparecem na Demonstração de 
Resultados. Exemplos: recebimentos pela venda de produtos e serviços à 
vista e pagamento à vista de fornecedores. 
 • Investimentos: atividades de investimento são as referentes à aquisição e 
à venda de ativos de longo prazo e de outros investimentos não incluídos 
nos equivalentes de caixa (CPC 03, item 06). As aquisições de Ativos não 
Circulante – Imobilizado, Investimentos e Intangível bem como a venda 
destes itens e a participação em outras empresas devem ser destacadas 
nesta atividade. 
Pós-Universo 16
 • Financiamentos: atividades de financiamento são aquelas que resultam em 
mudanças no tamanho e na composição do capital próprio e no capital de 
terceiros da entidade (CPC 03, item 06). Exemplos: financiamentos e aporte 
de capitais, como também o pagamento de dividendos e amortização de 
financiamentos.
Existem duas formas de evidenciação da DFC, a elaborada pelo método direto e a 
elaborada pelo método indireto. Tanto o método Direto como o Indireto devem 
destacar os fluxos das atividades: operacionais, de investimento e de financiamento. A 
principal diferença entre os métodos que pode ser destacada refere-se à apresentação 
das atividades operacionais. 
O método direto explicita as entradas e saídas brutas de dinheiro dos principais 
componentes das atividades operacionais, como os recebimentos pelas vendas de 
produtos e serviços e os pagamentos a fornecedores e empregados. O saldo final das 
operações expressa o volume líquido de caixa provido ou consumido pelas operações 
durante um período. O método indireto faz “conciliation between the late graphic” ou 
o mecanismo de operações organizacionais, por isso também é chamado de método 
da conciliação. Para fazer a conciliação entre o lucro líquido com o caixa gerado nas 
operações, é necessário: remover do lucro líquido os diferimentos de transações que 
foram caixa no passado e todas as alocações no resultado de eventos que podem ser 
caixa no futuro, e remover do lucro líquido as alocações ao período do consumo de 
ativos não circulantes e aqueles itens cujos efeitos no caixa sejam classificados como 
atividades de investimento ou financiamento (IUDÍCIBUS et al., 2010). 
O acirramento da concorrência exige das empresas maior eficiência na 
gestão dos seus recursos. A busca pela eficiência induz os responsáveis pela 
gestão empresarial a avaliarem suas decisões embasadas em informações 
consistentes, sendo que o fluxo de caixa é uma importante ferramenta de 
gestão. Nesse contexto, o que é mais prejudicial à empresa, a insuficiência 
ou o excesso de recursos em caixa?
Fonte: o autor
reflita
Pós-Universo 17
Enfim, a movimentação das disponibilidades do caixa da empresa, em um dado 
período, deve ser estruturada na DFC, conforme as atividades: operacionais, de 
investimentos e de financiamento. A soma algébrica dos resultados líquidos de 
cada um desses grupamentos totaliza a variação no caixa do período, que deve ser 
conciliada com a diferença entre os saldos respectivos das disponibilidades, entre 
o início e o fim do período considerado. Stickney e Weil (2001) apresentam de uma 
forma simplificada como é elaborada a DFC (Figura 2).
Caixa
recebido pela
venda de bens
e prestação de
serviços
Caixa pago
pela aquisição
de bens e
serviços
Fluxo
de caixa
operacional
Caixa recebidopela venda de
investimentos
e de
imobilizações
Caixa pago
pela aquisição
de investimentos
e de
imbolizações
Fluxo de
caixa dos
investimentos
Fluxo de caixa
recebido pela
emissão de
debêntures e
de ações
Caixa pago
pela distribuição
de dividendos e
pela recompra de
ações ou de
debêntures
Fluxo de
caixa dos 
�nanciamentos
Alteração
do saldo de
caixa no
período
FI
NA
NC
IA
M
EN
TO
IN
VE
ST
IM
EN
TO
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AÇ
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S
Figura 2: Etapas de Elaboração da Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)
Fonte: adaptada de Stickney e Weil (2001, p. 173)
Pós-Universo 18
Para Hoji (2009, p. 509), “o planejamento financeiro consiste em adequar o volume 
de recursos exigidos para executar as atividades operacionais e de investimento da 
empresa, com as fontes de recursos”. Nesse contexto, é necessário avaliar tanto a 
estrutura de capital quanto a capacidade de obtenção de financiamento de uma 
determinada empresa. Nesse contexto, planejar, controlar e analisar adequadamente 
a alocação de recursos na empresa é uma importante tarefa do gestor financeiro.
Desse modo, segundo o autor, o planejamento e controle das operações financeiras 
devem avaliar o comportamento das despesas e das receitas financeiras. A formulação 
de orçamentos, o acompanhamento do fluxo de caixa e capital de giro são ferramentas 
úteis nesse processo. Primando por uma adequada alocação de recursos da empresa, 
o gestor, juntamente com a alta administração, deve formular um política de crédito 
ou de cobrança e uma adequada gestão de estoques.
POLÍTICA DE 
CRÉDITO E 
GESTÃO DE 
ESTOQUES
Pós-Universo 19
Para Weston e Brigham (2000), o volume de vendas e a média de deslocamento 
entre as vendas e as carreiras são características dos responsáveis pelo acúmulo de 
renda. Ou seja, ao conceder o crédito, a empresa aumenta suas vendas, reduz os 
seus estoques e aumenta a sua conta. Porém o autor ressalta que essas posições em 
recebíveis têm custos diretos e indiretos, então, cabe ao gestor monitorar os recebíveis 
da empresa, elaborando uma política de crédito e um nível ótimo de contas a receber.
Para Schrickel (2000, p. 25), crédito pode ser descrito como “ato de cessão 
temporária de parte do patrimônio a um terceiro com a expectativa de que esta 
parcela volte à sua posse integralmente, após decorrido o tempo estipulado”.
A gestão de crédito e cobrança é uma ação coordenada pela área comercial da 
empresa e envolve riscos decorrentes da inadimplência dos clientes. Então, o risco de 
crédito figura juntamente com os riscos operacionais e financeiros, dentre os principais 
riscos da empresa. Sendo que um desses riscos pode potencializar os demais riscos. 
Para J. P. Morgan (2013), o risco de crédito pode ser definido como a possibilidade 
de perdas resultantes pelo não recebimento de valores contratados junto a clientes 
em decorrência da incapacidade econômico-financeira desses mesmos clientes.
Para Sousa e Chaia (2000), a venda a prazo consiste na troca de um ativo real (bem) 
por um direito a realizar-se no futuro (crédito), assim a avaliação da relação risco-
retorno também deve ser aplicada para vendas a prazo. As vendas a prazo geram, 
para a empresa, indicadores, como o prazo médio de cobrança e o cronograma de 
vencimentos. 
É interessante destacar que a avaliação do risco de crédito está relacionada 
com o ciclo econômico.
IN
AD
IM
PL
ÊN
CI
A
TEMPO
CICLO ECONÔMICO
CICLO
ECONÔMICO
CICLO DO
NEGÓCIO
EMPRÉSTIMO
II
EMPRÉSTIMO
I
fatos e dados
Pós-Universo 20
Podemos verificar que em momentos distintos de um determinado ciclo 
econômico, as taxas de juros oscilarão, fato que pode contribuir com uma 
maior ou menor inadimplência. Essa relação entre ciclo econômico e 
probabilidade foi fundamental para a elaboração de uma matriz de risco 
da Standard & Poor´s para avaliar diferentes categorias de clientes (rating).
Nesse contexto, desenvolveu-se a avaliação de risco de investimento, ou 
seja, um sistema de nota desenvolvido por agências de análise de riscos para 
alertar os investidores de todo o mundo sobre os perigos do mercado que 
eles escolhem para aplicar seu dinheiro. A partir da nota de risco recebida 
por determinado país, os investidores podem avaliar se a possibilidade de 
ganhos (por exemplo, com juros maiores) compensa o risco de perder o 
capital investido por causa da instabilidade do país em questão. Segue 
abaixo um exemplo da atuação das agências de rating:
NOTAS NAS AGÊNCIAS DE RISCO
FITCH RATINGS STANDARD & POOR’S MOODY’S
nota dos EUA
nota do Brasil
Signi�cado
na escala
Grau de investimento
com qualidade alta
e baixo risco
Grau de investimento,
qualidade média
Categoria de
especulação, baixa
g
classi�cação
p çp ç
Risco alto de
inadimplência e
baixo interesse
p
AAA
AA+
AA
AA-
A+
A
A-
AAA
AA+
AA
AA-
A+
A
A-
Aaa
Aa1
Aa2
Aa3
A1
A2
A3
BBB+
BBB
BBB-
BB+
BB
BB-
B+
B
B-
BBB+
BBB
BBB-
BB+
BB
BB-
B+
B
B-
Baa1
Baa2
Baa3
Ba1
Ba2
Ba3
B1
B2
B3
CCC
CC
C
D
CCC
CC
C
D
Caa1
Caa2
Caa3
Ca
C
abril
2011 abril
2008
junho
2011
Fonte: CARO GESTOR (2011)
fatos e dados
Pós-Universo 21
O Prazo Médio de Cobrança é parte integrante dos ciclos operacional e financeiro 
da empresa e pode ser descrito como o tempo decorrido, em média, entre a venda de 
seus produtos e o efetivo ingresso dos recursos. Enquanto que, para Weston e Brigham 
(2000), o cronograma de vencimentos é um relatório que mostra o comportamento 
dos recebíveis, com informações sobre o tempo até ser pago, a percentagem dos 
recebíveis atualmente vencidos ou a vencer em um determinado período de tempo.
Outro ponto importante na análise do crédito são os parâmetros adotados pela 
política de crédito. Segundo Sousa e Chaia (2000), deve-se definir um padrão de 
concessão, que expressa os requisitos mínimos a serem atendidos pelos clientes 
para a venda a prazo. É necessário definir uma política de cobrança, ou seja, definir 
os procedimentos adotados pela empresa para cobrar seus devedores, podendo 
ser desde uma simples carta até recursos judiciais, se for o caso. De acordo com os 
autores, uma decisão correlata é quanto ao desconto financeiro, ou seja, definição 
de uma redução do valor do produto quando o pagamento é realizado à vista.
A política de cobrança elaborada pela empresa deve ser executada cumprindo 
as normas do Código de Defesa ao Consumidor, que postula, entre outros 
aspectos:
Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto 
a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou 
ameaça.
[...]
Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que envolva outorga de 
crédito ou concessão de financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá, 
entre outros requisitos, informá-lo prévia e adequadamente sobre:
 I - preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional;
 II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros;
 III - acréscimos legalmente previstos;
 IV - número e periodicidade das prestações;
 V - soma total a pagar, com e sem financiamento.
Fonte: BRASIL (2014)
atenção
Pós-Universo 22
Na literatura sobre gestão de crédito, é comum representar a capacidade de pagamento 
dos clientes em cinco dimensões, conhecidas como os 5 C´s do Crédito. Conforme o 
exposto por Weston e Brigham (2000, p. 441), Sousa e Chaia (2000, p. 19) e Schrickel 
(2000, p. 51), os 5 C´s do Crédito podem ser descritos como:
 • Caráter - probabilidade de que os clientes honrarão suas obrigações, com 
base no histórico de pagamento dos compromissos financeiros e contratuais 
do cliente. Geralmente, os relatórios de créditos são usados para medir 
essa dimensão do crédito, funcionando como uma proxy da idoneidade 
do tomador do crédito.
 • Capacidade - representa o potencial financeiro para honrar os compromissos, 
geralmente realizada uma análise subjetiva baseada no histórico do tomador 
de crédito, na renda auferida ou índices de liquidez, e endividamento no 
caso de pessoa jurídica. Os analistas de crédito obtêm informação parajulgamento desse fator de uma série de fontes.
 • Capital - representa a solidez patrimonial, ou seja, a condição patrimonial ou 
a solidez de uma determinada empresa é levada em conta para determinação 
da concessão de crédito.
 • Colateral - é representado pelos ativos que os clientes podem oferecer 
como garantia a fim de obter o crédito. Devem ser aplicados nos colaterais 
os mesmos procedimentos de avaliação de crédito.
 • Condição - representa as condições econômicas vigentes e as características 
do indivíduo, sendo que mudanças nessas condições poderiam surtir efeito 
sobre a capacidade dos clientes de atender às suas obrigações.
Santos (2003, p. 68) destaca que o processo de análise de crédito tem uma série 
de etapas, que são: análise cadastral - preenchimento de uma ficha cadastral 
com elementos de identificação do cliente; análise de idoneidade - utilização de 
informações sobre protestos, registro de cheques sem fundos, assim como qualquer 
problema de natureza jurídica; análise econômico-financeira - análise da solidez 
patrimonial do cliente ou da situação financeira da empresa, com base em informações 
disponíveis.
Pós-Universo 23
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) 
elaborou em seu Instrumento de Apoio Gerencial n. 54 uma cartilha com 
orientações ao empresariado sobre a concessão de crédito.
Disponível em: <http://bis.sebrae.com.br/GestorRepositorio/ARQUIVOS_
CHRONUS/bds/bds.nsf/35E5ED16CE3F0A9503256F9E00498E72/$File/
NT0003068E.pdf>. Acesso em: 10 out. 2014.
saiba mais 
Por fim, Weston e Brigham (2000, p. 445) destacam os principais instrumentos utilizados 
em uma operação de crédito: 
 • Conta Aberta - é um acordo de crédito pelo qual uma fatura é assinada 
pelo comprador ao receber os produtos. Depois disso, tanto o comprador 
quanto o vendedor registram a transação em seus livros;
 • Nota Promissória - é um documento especificando quantia, taxa de juros, 
cronograma de pagamento e outros termos e condições de um empréstimo;
 • Saque Comercial - é um instrumento emitido pelo e a favor do vendedor 
que deve ser assinado pelo comprador antes de tomar posse da mercadoria; 
 • Saque à Vista - é um instrumento que determinada o pagamento mediante 
a aceitação das mercadorias pelo comprador; 
 • Saque à Prazo - é uma letra pagável em data futura especificada. Nesse 
grupo tem-se o aceite bancário que é uma letra a prazo garantida por um 
banco;
 • Contrato Condicional de Vendas - nessa modalidade, o vendedor detém 
a propriedade legal dos produtos até que o comprador tenha completado 
o pagamento.
Pós-Universo 24
Na tarefa de alocar de maneira eficiente os recursos, seguimos para o nosso segundo 
item de análise, a gestão de estoques. Na maioria das empresas, a tarefa de gerir os 
estoques é delegada para um departamento específico. Para Assaf Neto (2007), os 
estoques podem ser classificados em quatro grupos: mercadorias e produtos acabados; 
produtos em elaboração, matérias-primas e embalagens, e por fim, materiais de 
consumo e almoxarifado.
Os estoques absorvem capital que poderia estar sendo investido de outras 
maneiras, desviam fundos de outros usos potenciais e têm o mesmo custo de capital 
que qualquer outro projeto de investimento da empresa. Por isso a gestão de estoque 
preocupa-se, entre outras coisas, com a supervisão dos pedidos, do armazenamento 
e das vendas dos itens que uma empresa compra e vende. 
Para Martins e Alt (2004), a gestão de estoques constitui uma série de ações que 
permitem ao Administrador verificar se os estoques estão sendo bem utilizados, bem 
localizados, bem manuseados e bem controlados. Ou seja, nesse processo, define-
se: O que comprar? Quando comprar? Quanto comprar? Como armazenar? Como 
controlar o estoque (elaboração de inventários periódicos)? 
Por sua vez, Assaf Neto (2007) enumera os fatores que influenciam os níveis de 
estoque em uma determinada empresa (Quadro 1).
Quadro 1: Fatores que influenciam o nível de estoque nas empresas
Mercadorias e 
produtos Acabados Produtos em Elaboração
Matérias-Primas e 
Embalagens
Material de consumo 
e Almoxarifado
• Demanda
• Natureza
• Economia de Escala
• Investimento 
necessário
• Extensão do ciclo de 
produção
• Nível de desenvolvimento 
tecnológico da produção
• Prazo de entrega
• Nível de requisição
• Natureza física
• Problemas com 
importação
• Peculiaridades 
operacionais e 
administrativas
Fonte: Assaf Neto (2007, p.588)
Pós-Universo 25
Para Pozo (2007), os principais objetivos do controle e planejamento de estoque são:
 • assegurar o suprimento de insumos adequados ao processo de fabricação;
 • manter o estoque compatível com as necessidades;
 • identificar itens obsoletos e defeituosos e prover sua substituição e/ou 
eliminação;
 • evitar atrasos no fornecimento de matérias-primas e componentes; 
 • evitar a obsolescência e desvios de produtos e materiais;
 • prevenir eventuais perdas, extravios ou mau uso;
 • fornecer informações para o planejamento, apresentando as necessidades 
de estoque, e minimizar os custos.
Até aqui vimos que os estoques são uma importante ferramenta para o planejamento 
e controle do gestor financeiro. Problemas provenientes da má gestão do estoque, 
como dilatação dos prazos de entrega e cancelamento de pedidos, interrupções na 
produção, entre outros, afetam todo o empreendimento produtivo. Mas como avaliar 
se a gestão de estoque está sendo realizada corretamente?
Silva (2005) destaca que algumas medidas são úteis, como: nível de atendimento, 
giro de estoque e cobertura de estoque. O nível de atendimento demonstra a eficiência 
da empresa para atender às requisições/solicitações dos clientes. O giro de estoque 
mede quantas vezes, por unidade de tempo, o estoque se renovou. E a cobertura 
de estoque indica o número de dias em que o estoque médio é capaz de cobrir a 
demanda média.
Nível de Serviço = Número de Requisições Atendidas
Número Total de Requisições
Giro de Estoque = Valor Consumido no Período
Valor do Estoque Médio
Cobertura de Estoque = Número Dias do Período
Giro
Pós-Universo 26
As técnicas comuns de administração de estoque, segundo Gitmam (2004), são o 
sistema ABC e o modelo de lote (EQQ). O modelo ABC consiste na classificação do 
estoque pelo seu valor. Um grupo A compreende os itens de maior valor, o grupo 
B, os itens de valor médio, e o grupo C, os itens de menor valor, direcionando assim 
um monitoramento mais intenso aos itens de maior valor. Para Silva (2005), a filosofia 
ABC de controle de estoques foi empregada pela primeira vez na General Eletric, 
sendo que a ideia dessa metodologia é propiciar uma redução das imobilizações de 
estoque sem comprometer a segurança.
Martins e Alt (2004) sugerem como alternativa a abordagem ABC, uma separação 
dos produtos pelos seus níveis de criticidade, pois mesmo produtos de baixo preço 
unitário, se não geridos corretamente, podem afetar todo o empreendimento. A 
separação proposta pelo autor seria a seguinte: um primeiro nível englobaria os 
materiais cuja falta ocasiona custos não recuperáveis; no nível subsequente estariam 
relacionados os materiais cuja falta pode ocasionar custos adicionais compensáveis; 
e, por fim, um grupo com materiais cuja falta não implica em custos adicionais 
significativos.
O modelo de Lote Econômico de Compra (LEC) ou Economic Order Quantity (EOO) 
é uma técnica utilizada para determinar a quantidade ótima dos itens estocados. Para 
Gitman (2004), nessa técnica são levados em conta os custos de pedido e custos de 
carregamento. Os custos de pedido incluem as despesas administrativas de emissão 
e recebimento de pedidos, enquanto que os custos de carregamento compreendem 
as despesas variáveis por unidade para manter um item em estoque por certo período 
(custos de armazenamento, de seguro, depreciação, deterioração e obsolescência). 
Weston e Brigham (2000) destacam que os custos do pedido caem e os custos de 
carregamentosobem com o aumento do tamanho do pedido (Figura 3).
Pós-Universo 27
CU
ST
OS
TAMANHO DA ENCOMENDAQ* (EOO)
Custo do pedido
Custo de carregamento
Custo total
Figura 3: Determinação do lote econômico de compra
Fonte: adaptada de Weston e Brigham (2000, p. 463)
Enfim, esse modelo analisa a compensação entre os custos de pedido e custos de 
carregamento, para determinar a quantidade a ser pedida, que minimiza o custo 
total de estoque. 
Gitman (2004, p. 518) define por meio de fórmulas a relação entre esses diferentes 
custos.
Custo de Pedido
Q
S
O ×=
Custo de Carregamentro
2
Q
C ×=
Em que S representa o consumo em unidades por período; O é o custo por pedido; C 
o custo de carregamento por unidade por período e Q a quantidade de pedidos, em 
unidades. Como o lote econômico é definido com base na minimização da função 
de custo total, tem-se:
C
OS
Lote Econômico
××
=
2
Pós-Universo 28
No exemplo abaixo, reflita sobre: como é determinado o lote econômico 
de compra de uma determinada empresa? E como mudanças na demanda 
podem influenciar a determinação desse lote econômico?
Fonte: o autor
reflita
Gitman (2004, p. 518) exemplifica a aplicação da metodologia de determinação de 
lote econômico de Compra. Uma empresa (Max Company) utiliza e precisa estocar 
o item x que custa $ 1.500,00 e a empresa utiliza 1.100 unidades por ano. Sabendo 
que o custo por pedido é de $150,00 e o custo de carregamento por unidade por 
ano é de $200,00, qual é o lote econômico ótimo?
41
200
15011002
=
××
=Lote Econômico
O lote econômico dá uma ideia da quantidade ótima, mas será que a empresa 
conseguiria adquirir exatamente 41 unidades desse produto? Esse modelo leva em 
conta o estoque médio, mas mudanças na demanda podem influenciar essa variável.
Outros modelos comuns para a determinação dos estoques são o just-in-time e o 
KANBAN. Para Silva (2005), o modelo just-in-time é o sistema em que os fornecedores 
devem mandar os suprimentos à medida que eles vão sendo necessários à produção, 
ou seja, os materiais só devem chegar à empresa no momento em que são necessários 
para a produção, assim, a gestão de estoque estaria resumida ao estoque de produção. 
Por sua vez, KANBAN é uma tecnologia de controle de fábrica pela qual as necessidades 
de entregas determinam os níveis de estoque no decorrer do processo, sendo que 
esse processo propicia fluxos de produção mais uniformes e a oportunidade de fazer 
melhoramentos.
atividades de estudo
1. O Orçamento nada mais é do que um instrumento contendo a definição quantitativa 
dos objetivos da empresa e dos recursos necessários para que sejam atingidos esses 
objetivos. Nesse contexto, a alternativa correta é:
a) O orçamento é o elo inicial do planejamento da empresa.
b) O orçamento expressa em termos monetários o planejamento tácito da empresa.
c) O orçamento pode indicar a existência de problemas potenciais e servir como 
ferramenta para encontrar as respectivas soluções.
d) O orçamento configura-se apenas como um instrumento limitador e controlador 
de gastos.
e) O orçamento reflete as condições qualitativas da empresa.
2. A capacidade de pagamento dos clientes é representada em cinco dimensões, 
conhecidas como os 5 C´s do Crédito. Essas dimensões são:
a) caráter, capacidade, capital, cobrança e condição.
b) caráter, capacidade, concessão, colateral e condição.
c) caráter, cadastro, capital, colateral e condição.
d) cronograma de vencimentos, capacidade, capital, colateral e condição.
e) caráter, capacidade, capital, colateral e condição.
3. Na DFC, podem-se obter informações sobre as transações ocorridas no período que 
provocaram:
a) Acréscimos ou Reduções no Lucro.
b) Acréscimos ou Reduções no Ativo Circulante.
c) Acréscimos ou Reduções no Caixa.
d) Acréscimos ou Reduções no Caixa ou Equivalente Caixa.
e) Acréscimos ou Reduções no Ativo Circulante.
resumo
Um importante instrumento analisado nesta unidade foi o orçamento, que contém a definição 
quantitativa dos objetivos da empresa e os recursos necessários para atingi-los. O orçamento é 
um importante processo dentro das decisões financeiras da empresa e pode ser dividido em 
orçamento operacional, orçamento de caixa e orçamento de capital, sendo que cada um desses 
grupos admite outras subdivisões.
O Orçamento Operacional fornece uma visão geral dos custos e das despesas do dia a dia 
da empresa, por estar focado nas atividades geradoras de renda, e possibilita a realização de 
estimativas do volume de negócios de uma determinada empresa. Por sua vez, o orçamento de 
Caixa apresenta os recursos necessários para a execução do plano geral de operações e também 
da realização das transações monetárias da empresa. Por fim, o orçamento de capital engloba as 
despesas necessárias para aquisição, modificação, substituição, construção e transformações que 
tenham o caráter de melhoria ou reposição da capacidade produtiva ou prestação de serviços.
Na sequência, avaliamos o capital de giro ou circulante da empresa e o fluxo de caixa. O capital 
de giro pode ser interpretado contabilmente pela ótica de capital de giro líquido e capital de 
giro próprio. Por sua vez, o fluxo de caixa é avaliado por meio da Demonstração de Fluxos de 
Caixa (DFC), conforme o preconizado pela Lei 11.638/07, que engloba os fluxos operacionais, de 
investimento e de financiamento da empresa. A DFC pode ser evidenciada pelos métodos direto 
e indireto.
Para uma adequada alocação de recursos da empresa, o gestor, juntamente com a alta administração, 
deve formular uma política de crédito ou de cobrança e uma adequada gestão de estoques. A 
política de crédito é importante porque quando a empresa troca um ativo real (bem) por um 
direito, um recebível (crédito), está assumindo mais um risco em sua operação, o risco de crédito. 
Por fim, abordamos a importância da gestão de estoque e apresentamos algumas técnicas, como 
abordagem ABC e modelo de lote.
referências
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WESTON. J. F.; BRIGHAM, E. F. Fundamentos da Administração Financeira. São Paulo: Pearson 
Makron Books, 2000.
resolução de exercícios
1. c) O orçamento pode indicar a existência de problemas potenciais e servir como 
ferramenta para encontrar as respectivas soluções.
2. e) caráter, capacidade, capital, colateral e condição.
3. d) Acréscimos ou Reduções no Caixa ou Equivalente Caixa.
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