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GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II Aparecido Lisboa Pires Thais Souza Alves © Copyright 2017 da Dtcom. É permitida a reprodução total ou parcial, desde que sejam respeitados os direitos do Autor, conforme determinam a Lei n.º 9.610/98 (Lei do Direito Autoral) e a Constituição Federal, art. 5º, inc. XXVII e XXVIII, “a” e “b”. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Ficha catalográfica elaborada pela Dtcom. Bibliotecária – Andrea Aguiar Rita CRB) P667g Pires, Aparecido Lisboa. Gestão financeira e orçamentária II / Aparecido Lisboa Pires, Thais Souza Alves. – Curitiba: Dtcom, 2017. 160 p. ISBN: 978-853-685-156 1. Capital de giro. 2. Planejamento estratégico. 3. Administração financeira. CDD 658.15 Reitor Prof. Celso Niskier Pro-Reitor Acadêmico Maximiliano Pinto Damas Pro-Reitor Administrativo e de Operações Antonio Alberto Bittencourt Coordenação do Núcleo de Educação a Distância Viviana Gondim de Carvalho Redação Dtcom Análise educacional Dtcom Autoria da Disciplina Aparecido Lisboa Pires, Thais Souza Alves Validação da Disciplina José Otávio Silva Designer instrucional Milena Rettondini Noboa Banco de Imagens Shutterstock.com Produção do Material Didático-Pedagógico Dtcom Sumário 01 Fundamentos de administração financeira ......................................................................... 7 02 A organização e evolução das finanças nas empresas ..................................................14 03 O Papel do Administrador Financeiro .................................................................................22 04 Conceitos de orçamento de curto e longo prazos ...........................................................31 05 Modelos de orçamento, interpretação e parâmetros ......................................................38 06 Análise horizontal ...................................................................................................................46 07 Análise vertical ........................................................................................................................53 08 Indicadores de liquidez, endividamento e giro ..................................................................61 09 Lucratividade e rentabilidade ...............................................................................................68 10 Modelos de Análise ................................................................................................................76 11 Capital de Giro .........................................................................................................................83 12 Ciclo Operacional e de Caixa ................................................................................................90 13 Análise dos Padrões de Crédito e Duplicatas a Receber ................................................97 14 Lote Econômico de Compra .............................................................................................. 105 15 Técnicas de Gestão de Estoques e Curva ABC ............................................................. 113 16 Conceitos de Alavancagem: Operacional, Financeira e Total .................................... 122 17 Graus de Alavancagem: Operacional (GAO), Financeira (GAF) e Total (GAT) .......... 129 18 Conceituação do Controle no Contexto do Processo Gerencial ................................ 137 19 Custo Padrão X Custo Real ............................................................................................... 144 20 Análise das variações e suas aplicações ....................................................................... 151 Fundamentos de administração financeira Aparecido Lisboa Pires Introdução Tomar decisões financeiras adequadas assume mais importância para uma empresa, pois apresenta uma complexidade ainda maior. Não importa o tipo e o porte da empresa, a adminis- tração financeira tem um papel decisivo para o seu sucesso ou fracasso, tornando relevante um estudo sobre as finanças corporativas. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • entender a importância do estudo da Administração Financeira para o desenvolvimento das organizações no contexto de um ambiente competitivo e inovador; • compreender a importância da função financeira nas organizações. 1 Visão geral da Administração financeira Administração financeira é a área da empresa responsável por tomar dois grandes tipos de decisão: de orçamento de capital e financeiras. EXEMPLO Ao decidir adquirir um equipamento, a empresa está tomando uma decisão de orçamento de capital. Já a forma pela qual esse equipamento será adquirido, ou seja, se com recursos próprios ou por financiamento, é uma decisão financeira. Conforme Chiavenato (2014, p. 12), a decisão de orçamento de capital envolve o planejamento e a gestão dos investimentos de longo prazo da empresa. O desafio está em identificar e localizar as oportunidades de investimento cujo valor para a empresa seja superior ao seu custo de aquisição”. – 7 – TEMA 1 Figura 1 – Decisão de orçamento de capital e decisão financeira Fonte: Team Oktopus/Shutterstock.com FIQUE ATENTO! O propósito final da administração financeira é tomar decisões que permitam au- mentar a riqueza de uma companhia. Além de conseguir remunerar os financiadores dos investimentos realizados, as operações da empresa devem gerar lucro. Decisões inadequadas podem gerar prejuízos enormes, compro- metendo o equilíbrio financeiro da empresa e a sua capacidade produtiva. EXEMPLO Você investiria ou continuaria investindo em um produto cujo mercado não está mais disposto a adquirir? Com certeza, a resposta é não. Isso traria grandes preju- ízos para a empresa e até ameaçaria o seu cargo. 2 Objetivos e funções da administração financeira O principal objetivo da administração financeira é maximizar o valor da empresa e qualquer decisão que aumente este valor é considerada uma boa decisão (DAMODARAN, 2004). Em uma companhia, a administração financeira realiza as seguintes funções: • planejamento financeiro: está relacionado ao futuro da empresa, aos seus objetivos, envolvendo a definição sobre em quais bens a empresa investirá e quais serão as for- mas de captação que maximizarão sua riqueza; • controle financeiro: ocorre a partir da execução do planejamento financeiro, verificando se os resultados estão dentro do esperado. Caso não estejam, realizam-se ações corretivas, GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 8 – podendo-se até rever o planejamento. Esta área é denominada controladoria. A compara- ção entre o planejado e o realizado ocorre, principalmente, a partir de indicadores, como o de retorno sobre os investimentos (ROI), de retorno sobre os ativos (ROA) e muitos outros; • administração de ativos: executa, entre outras atividades, a gestão do capital de giro e do próprio fluxo de caixa da empresa. A gestão inadequada desses itens pode significar perdas de ativos (dinheiro, por exemplo). Administrar ativos de modo que apresentem uma relação eficiente entre risco e retorno é também uma atividade dessa função. Se um gestor financeiro assume o risco de investir em um equipamento novo é porque ele espera por retornos no futuro que compensem o risco assumido; • administração de passivos: toma decisões acerca da estrutura de capital desejada pela empresa. Decide se é melhor obter financiamento de terceiros (como empréstimos ban- cários) ou a partir de recursos próprios (dos sócios ou acionistas, por exemplo). O ideal é ter compromissos de curto prazo em um total inferior aos seus bens e direitos de curto prazo e a administração financeira deve atuar para garantir essa situação ou podem ocor- rer sérios problemas de liquidez, aumentando os riscos e comprometendo os resultados. FIQUE ATENTO! São essas as funções da administração financeira: planejamento financeiro; con- trole financeiro; administração de ativos;e administração de passivos. 3 Forma de organização dos negócios Em uma empresa individual inexistem parceiros ou acionistas. Nessa forma de organização, na maior parte das vezes, não há separação entre a propriedade e a gestão, ou seja, o proprietário realiza a sua administração. Esse formato é muito comum em empresas de pequeno porte, em que um empresário individual assume responsabilidades ilimitadas e o seu patrimônio pessoal pode ser executado para honrar eventuais obrigações não cumpridas pela empresa. No Brasil, a forma jurídica do tipo Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) foi instituída para incentivar a atividade empresarial, pois o seu proprietário não tem responsa- bilidades ilimitadas como acontece com as clássicas empresas individuais. Essa forma jurídica EIRELI foi autorizada pela Lei nº 12.441, de 11 de julho de 2011 (BRASIL, 2011). SAIBA MAIS! Muitas empresas começam com apenas um proprietário e depois se tornam grandes negócios. Um exemplo disso é a Lego. Leia a história dessa empresa no link: <https://www.lego.com/pt-br/aboutus/lego-group/the_lego_history>. Uma sociedade é a empresa cuja propriedade é de um ou mais sócios, que podem ter respon- sabilidades limitadas ou ilimitadas, dependendo da formalização jurídica. No Brasil, nas empresas GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 9 – limitadas (Ltda.), desde que com capital totalmente integralizado, os sócios têm responsabilidade limitada, ou seja, o seu patrimônio pessoal não pode executado na hipótese de a empresa não honrar com as suas obrigações. É mais comum existir a separação entre a propriedade e a gestão, pois donos e gestores são pessoas diferentes. As corporações têm como exemplo as empresas de capital aberto, ou seja, o seu capital é constituído por ações e há separação entre a propriedade e a gestão. Essa é a forma de orga- nização de negócios mais comum em negócios complexos de atuação e maiores, em que fica impraticável a propriedade e a gestão estarem concentradas em uma única pessoa. Os donos (acionistas) têm responsabilidade limitada e seus bens não podem ser executados, caso a corpo- ração não cumpra suas obrigações. Figura 2 – A Bolsa de Valores de Nova Iorque Fonte: Stuart Monk/Shutterstock.com O fato de as corporações emitirem ações faz com que existam dois tipos de mercados: pri- mário e secundário. No mercado primário, a companhia emite ações pela primeira vez. Uma vez emitidas, essas ações podem ser revendidas de uma pessoa para outra infinitas vezes por meio do mercado secundário, em que as bolsas de valores têm um papel central. 4 A empresa e o ambiente de negócios Uma empresa é considerada um sistema aberto e está em constante interação com o seu ambiente de negócios, o qual se tem demonstrado cada vez mais competitivo, necessitando que os seus gestores, inclusive da área financeira, realizem as decisões mais corretas possíveis. GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 10 – Figura 3 – Interações da empresa com o ambiente Fonte: keport/Shutterstock.com Uma empresa realiza diversas trocas com o seu ambiente de negócios: os inputs represen- tam fatores, como recursos humanos e recursos materiais, que a empresa adquire do meio e que são processados, transformando-se em produtos e/ou serviços, ou seja, os outputs. 5 Mercados financeiros Um gestor financeiro pode realizar operações de captação de recursos para o investimento em ativos, como um equipamento novo ou a construção de uma nova unidade fabril. Caso a empresa tenha excedentes de caixa, deverá aplicá-los nas alternativas mais rentáveis possíveis. Assim, é importante conhecer a estrutura dos mercados financeiros na qual a empresa está inserida. O mercado financeiro é formado por agentes deficitários, agentes superavitários e intermedi- ários financeiros. Os agentes deficitários necessitam de recursos para a realização de suas ope- rações, como uma companhia que precise de um financiamento para a aquisição de um veículo. Os agentes superavitários precisam aplicar seus recursos em excesso para obter retorno, como quando uma pessoa investe em cadernetas de poupança ou em títulos do Tesouro Nacional. Veja que agentes superavitários e deficitários dependem um do outro para satisfazerem as suas necessidades. Contudo, torna-se impraticável um deficitário procurar diretamente um supe- ravitário. Adicionalmente, os dois, em geral, não são especialistas, então, contratam um interme- diário financeiro para terem suas necessidades atendidas. Os agentes intermediários (como bancos) têm a vantagem de reunirem milhares de clientes e, desta forma, centralizam uma quantia enorme de recursos obtidos por meio dos depósitos e das aplicações dos agentes superavitários, podendo emprestá-los aos agentes deficitários a partir da cobrança de uma taxa superior à taxa de remuneração dos recursos captados. Essa diferença entre a taxa cobrada na concessão de um empréstimo e a taxa de remuneração dos recursos captados pelos bancos é conhecida como spread (a remuneração bruta do agente intermediário). GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 11 – Figura 4 – O intermediário financeiro Fonte: kolopach/Shutterstock.com FIQUE ATENTO! No mercado financeiro, atuam três principais tipos de agentes: agentes superavitá- rios, agentes deficitários e intermediários financeiros (bancos). As empresas, no caso as de capital aberto, podem captar recursos por meio das ofertas públicas de ações (OPA). As novas ações que uma empresa emite são negociadas no mercado primário. Por outro lado, é no mercado secundário que ocorre a venda entre os investidores das ações já existentes. Além de ações, as empresas, notadamente as de capital aberto, podem, no mercado de capi- tais, emitir debêntures, que são também valores mobiliários, mas diferem das ações por serem considerados títulos de dívida e de renda fixa e não títulos patrimoniais e de renda variável. SAIBA MAIS! No Brasil, as corporações que emitem ações devem obedecer às normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Saiba mais sobre essa comissão no link: <http://www.cvm.gov.br/menu/acesso_informacao/institucional/sobre/cvm.html>. GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 12 – http://www.cvm.gov.br/menu/acesso_informacao/institucional/sobre/cvm.html Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • entender que a Administração Financeira é importante para o desenvolvimento das organizações no contexto de um ambiente competitivo e inovador; • compreender o papel da área financeira para as organizações; • conhecer as formas de organização dos negócios; • entender que uma empresa interage intensamente com o seu ambiente de negócios; • conhecer as estruturas do mercado financeiro em que a empresa está inserida e a atu- ação dos seus agentes (deficitários, superavitários e intermediários financeiros). Referências BRASIL. Presidência da República. Lei n. 12.441, de 11 de julho de 2011. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12441.htm>. Acesso em: 15 mar. 2017. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão financeira: uma abordagem introdutória. 3. ed. Barueri, SP: Manole, 2014. COMISSÃO de Valores Mobiliários (CVM). Sobre a CVM. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br/ menu/acesso_informacao/institucional/sobre/cvm.html>. Acesso em: 15 mar. 2017. DAMODARAN, Aswath. Finanças corporativas: teoria e prática. Tradução de Jorge Ritter. 2. ed. Porto Alegre, Bookman, 2004. LEGO. Cronologia da história do Lego. A história do Lego Group. Disponível em: <https://www. lego.com/pt-br/aboutus/lego-group/the_lego_history>. Acesso em: 21 mar. 2017. GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 13 – http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12441.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12441.htm https://www.lego.com/pt-br/aboutus/lego-group/the_lego_history https://www.lego.com/pt-br/aboutus/lego-group/the_lego_history A organização e evolução das finanças nas empresasAparecido Lisboa Pires Introdução O administrador realiza decisões diversas, buscando o controle e a eficácia no processo de captação e aplicação de recursos. Assim, é importante conhecer quais são as funções e áreas da administração financeira, bem como a sua relação com a contabilidade e com o Sistema Financeiro Nacional. Objetivos de aprendizagem Ao finalizar o tema, você será capaz de: • entender a evolução histórica da administração financeira e sua função nas empresas; • compreender o planejamento e a análise crítica dos negócios e de seu ambiente, sob a ótica das finanças e dos processos de controladoria. 1 Evolução histórica da administração financeira A administração financeira evolui desde os primórdios das atividades econômicas, acompa- nhando o desenvolvimento cada vez maior dos negócios. Contudo, é mais recentemente que a admi- nistração financeira assume um papel mais abrangente e ativo. Ou seja, no passado, a área financeira estava mais voltada para simplesmente captar os recursos necessários junto aos fornecedores e registrar passivamente as operações realizadas. Com o avanço das ciências administrativas e as necessidades de garantir a liquidez e solvência dos negócios, a administração financeira buscou tam- bém ter uma maior eficiência com relação às decisões de investimentos. Assim, se antes a empresa estava mais voltada para o ambiente externo, principalmente a par- tir do século XX houve uma conscientização de que era necessário também existir uma organização interna e uma postura mais ativa e crítica dos gestores financeiros abrangendo não somente a cap- tação de recursos, mas também a qualidade dos investimentos. A teoria de Modigliani-Miller, a partir de 1950-1960, também representa um marco relevante dentro da evolução das finanças corporativas ao afirmar que a geração de riqueza em uma empresa independe de sua estrutura de capital (relação entre capital próprio e de terceiros) e da política de dividendos (ASSAF NETO, 2014). A partir de 1990, com o desenvolvimento de operações envolvendo derivativos, opções, hedges (proteções contra oscilações de preços), swaps (uma empresa troca dívidas em dólares por reais junto a um banco, por exemplo), entre outros, e com o aumento da incerteza no ambiente empresa- rial, a administração financeira incorporou a gestão de riscos em sua realidade. – 14 – TEMA 2 2 A função financeira nas empresas A área financeira executa funções vitais, como: planejamento financeiro; seleção adequada de investimentos; escolha das fontes de financiamento; acompanhamento e controle do desempenho financeiro da empresa; adoção de medidas corretivas com relação aos desvios entre o que foi planejado e o que foi executado; administração das entradas e saídas de recursos; gestão dos ativos, buscando uma relação adequada entre risco e retorno; gestão do capital de giro, envolvendo itens como estoques e contas a receber; gestão da liquidez; administração dos custos e dos riscos financeiros; e muitas outras. FIQUE ATENTO! A função financeira na empresa, portanto, envolve planejamento e controle financei- ro, gerenciamento de ativos e de passivos. 3 Posicionamento das empresas no ambiente finan- ceiro nacional Um administrador financeiro toma diversas decisões envolvendo captação e aplicação de recursos. Observe que uma empresa estará invariavelmente inserida no ambiente financeiro nacional, no qual realiza as suas decisões de captação ou aplicação de recursos. Portanto, também é impor- tante que o administrador financeiro conheça as estruturas do mercado financeiro, de modo a encontrar as melhores alternativas de captação ou aplicação de recursos. SAIBA MAIS! O Sistema Financeiro Nacional é amplo e envolve órgãos normativos, supervisores e operadores. Conheça mais detalhes em: <http://www.portaldoinvestidor.gov. br/menu/Investidor_Estrangeiro/o_mercado_de_valores_brasileiros/Estrutura_ Funcionamento.html>. 4 Estrutura das principais demonstrações financeiras Se para uma pessoa já é importante realizar uma administração financeira e registrar as suas receitas e compromissos, para uma empresa isso é indispensável, considerando-se a quantidade de operações exercidas e o ambiente de negócios cada vez mais competitivo. Quem é responsável por registrar as operações em uma empresa? A contabilidade, que ela- bora, entre outras demonstrações financeiras, o balanço patrimonial (BP), a demonstração do resultado do exercício (DRE) e a demonstração dos fluxos de caixa (DFC). GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 15 – Figura 1 – Demonstrações financeiras Fonte: echoevg/Shutterstock.com FIQUE ATENTO! As principais demonstrações são: balanço patrimonial, demonstração do resultado do exercício e demonstração dos fluxos de caixa. O balanço patrimonial é uma demonstração estática, pois apresenta a posição do patrimônio da empresa em certa data. Tabela 1 – Modelo de BP Empresa Selfie Ltda. Balanço Patrimonial em 31.12.2016 Em R$ mil Ativo Passivo e patrimônio líquido Caixa 2.000 Passivo Aplicações financeiras 1.600 Contas a pagar 7.000 Contas a receber 6.000 Fornecedores 3.600 10.600 Estoque de mercadorias 6.000 Patrimônio Líquido Veículos 3.400 Capital 8.000 Máquinas e equipamentos 1.000 Reservas de Lucro e de capital 1.400 9.400 Total 20.000 Total 20.000 Fonte: elaborada pelo autor, 2017. GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 16 – A demonstração do resultado do exercício apresenta o conjunto de receitas e ganhos, bem como as despesas e perdas que foram responsáveis pelo resultado final da empresa em determinado período. Quadro 1 – DRE ESTRUTURA DA DRE (=) Receita bruta de venda (-) Impostos sobre vendas (-) Cancelamentos e devoluções (=) Receita líquida de vendas (-) Custo da mercadoria vendida (=) Lucro bruto (-) Despesas de vendas (-) Despesas administrativas (-) Despesas/receitas financeiras líquidas (-) Outras despesas (=) Resultado de Método de Equivalência Patrimonial (+/-) Ajustes a valor presente (=) Lucro antes dos impostos (-) Provisão para OR e CSLL (+/-) Ganhos e perdas em itens extraordinários e os ajustes de exercícios anteriores (=) Resultado antes das participações (-) Participações (=) Lucro ou prejuízo por ação Fonte: adaptado de LINS & FRANCISCO FILHO (2012). A demonstração dos fluxos de caixa apresenta a evolução do caixa da empresa entre uma data e outra. É formada por três grandes grupos: 1) caixa gerado pelas operações; 2) caixa gerado por atividades de financiamentos; 3) caixa gerado pelas atividades de investimentos. GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 17 – Quadro 2 – Demonstração dos fluxos de caixa – Método direto DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA – MÉTODO DIRETO ANO X1 Fluxos de caixa das atividades operacionais Recebimentos de clientes Pagamentos a fornecedores e empregados Seguros Salários Impostos pagos Pagamento a fornecedores Aquisição de estoques Juros pagos Receita financeira 292.000 (12.000) (54.000) (28.100) (49.000) - (10.000) 4.800 Caixa gerado/consumido nas atividades operacionais 143.700 Fluxos de caixa das atividades de investimento Aplicações financeiras de longo prazo Compra de ativo permanente Imóvel Máquinas e equipamentos Veículo Sistema de gestão (software) Desenvolvimento Marcas e patentes Aquisição de participação em outras empresas (32.000) (22.500) (2.000) (1.500) - Caixa gerado/consumido nas atividades de investimento (58.000) Fluxos de caixa das atividades de financiamento Recebido pela emissão de ações Recebido por empréstimo a longo prazo Pagamento de ativo permanente adquirido a prazo (veículos) Pagamento de ativo permanente adquirido a prazo (software) Dividendos pagos - 30.000 (32.000)- - Caixa gerado/consumido nas atividades de financiamento (2.000) Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa 83.700 Saldo Inicial de Caixa e Equivalente de Caixa Saldo Final de Caixa e Equivalente de Caixa 120.000 203.700 Variação 83.700 Fonte: adaptado de BORINELLI E PIMENTEL (2010). GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 18 – SAIBA MAIS! No Brasil, um importante organismo que regula a emissão de pronunciamentos contábeis é o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Leia mais detalhes em: <http://www.cpc.org.br/CPC/CPC/Conheca-CPC>. 5 Integração dos conceitos contábeis com osconceitos financeiros As decisões de uma empresa refletem na contabilidade da organização. Os investimentos efetuados são visualizados no BP, dentro dos ativos, ou seja, no lado esquerdo do balanço. Já os valores captados pela empresa são visualizados no lado direito do BP, podendo ser recursos de terceiros (passivo) ou recursos próprios (patrimônio líquido). A riqueza gerada pela empresa é medida pelo seu lucro em determinado período, o qual é visualizado na DRE. Assim, qualquer decisão financeira tomada na empresa tem influência sobre as suas demonstrações contábeis. EXEMPLO Se a empresa concede um prazo longo de pagamento aos seus clientes, tem um saldo maior de contas a receber e isso é visualizado no BP, dentro do ativo. 6 Estrutura organizacional da administração financeira A administração financeira tem uma estrutura centralizada, estando subordinada a um dire- tor ou gerente financeiro. A administração financeira pode ser dividida em duas áreas: • controladoria: pode ser formada pelos setores de contabilidade, orçamento e auditoria; • tesouraria: pode ser estruturada pelos setores de contas a receber, contas a pagar e caixa. O setor de contabilidade tem por objetivo fazer as demonstrações financeiras para reportar a evolução do patrimônio da empresa, auxiliando os diversos gestores na tomada de decisões ade- quadas. Além de ser útil para os gestores da empresa, principalmente por meio da contabilidade gerencial, a contabilidade também permite que usuários externos, como bancos, clientes, fornece- dores e governos realizem diversas decisões. O setor de orçamento, onde ocorrem a elaboração e o controle orçamentários, é útil para que a empresa acompanhe se está alcançando os seus objetivos e realize ações corretivas em casos de desvios. A auditoria interna é útil para verificar se as áreas da empresa estão atuando em conformidade com o que foi definido pela alta gestão. Assim, a auditoria interna tem também uma função educacional. GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 19 – EXEMPLO Suponha que a área de compras tenha que fazer pelo menos três cotações de preços em seu processo de aquisição de insumos para a empresa. A auditoria verifica se essa regra está sendo cumprida. O setor de contas a pagar é responsável pela organização e o pagamento pontual das obriga- ções da empresa, evitando, por exemplo, a inadimplência e o pagamento desnecessário de juros. O setor de contas a receber administra o recebimento dos direitos da empresa relativos às suas vendas a prazo, atuando na cobrança de modo a preservar a liquidez da organização. A coor- denação entre os setores de contas a pagar e receber deve ser plena, pois a empresa precisa saber se terá falta ou excesso de caixa em determinada data futura, equilibrando o seu fluxo de caixa. O setor de caixa é responsável pelo relacionamento com os bancos e pela gestão do fundo fixo da empresa, ou seja, reserva de valores para o seu dia a dia, e pela operacionalização das contas a pagar e a receber. É nesse setor que ocorre a aplicação dos recursos em excesso em determinadas datas ou mesmo a captação de recursos para permitir a adimplência da empresa. FIQUE ATENTO! Em geral, a administração financeira tem as áreas de: 1) controladoria, envolvendo contabilidade, orçamento de auditoria interna; e 2) tesouraria, envolvendo contas a pagar, contas a receber e caixa. Fechamento Você pôde compreender as decisões realizadas no âmbito da administração financeira, bem como a sua forma de organização. A contabilidade assume um papel de relevância para a empresa, permitindo controle e tomada de decisões úteis. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • entender a evolução histórica da administração financeira e sua função nas empresas; • compreender o planejamento e a análise crítica dos negócios e de seu ambiente, sob a ótica das finanças e dos processos de controladoria. GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 20 – Referências ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014. BORINELLI, Márcio Luiz; PIMENTEL, Renê Coppe. Curso de contabilidade para gestores, analistas e outros profissionais. São Paulo: Atlas, 2010. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão financeira: uma abordagem introdutória. 3. ed. Barueri, SP: Manole, 2014. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Conheça o CPC. Disponível em: <http://www.cpc. org.br/CPC/CPC/Conheca-CPC>. Acesso em: 12 abr. 2017. LINS, Luiz dos santos; FRANCISCO FILHO, José. Fundamentos e análise das demonstrações con- tábeis: uma abordagem interativa. São Paulo, Atlas, 2012. PORTAL DO INVESTIDOR. Estrutura do Sistema Financeiro Nacional – SFN. Disponível em: <http:// www.portaldoinvestidor.gov.br/menu/Investidor_Estrangeiro/o_mercado_de_valores_brasileiros/ Estrutura_Funcionamento.html>. Acesso em: 18 abr. 2017. GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 21 – O Papel do Administrador Financeiro Aparecido Lisboa Pires Introdução Os administradores financeiros, com o auxílio da contabilidade, realizam funções dentro da organização, como: análise de liquidez, gerenciamento do caixa e do capital de giro, planejamento financeiro, controle orçamentário, auditoria, entre outras. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • conhecer a função da administração financeira e sua relação com contabilidade e a economia; • identificar as principais atividades do administrador financeiro no processo de previsão e análise financeira do desempenho da organização baseada em indicadores. 1 O administrador financeiro Em geral, no caso das empresas de grande porte, há três gestores diretamente envolvidos com as decisões financeiras: • executivo financeiro principal (CFO): coordena os trabalhos do tesoureiro e do respon- sável pela controladoria (controller) e elabora a estratégia financeira da empresa; • tesoureiro: administra o financiamento e o caixa da empresa e mantém relacionamento com os mercados e as instituições financeiras; • controller: administra as áreas de orçamento, contabilidade e auditoria, bem como as demandas tributárias e atua para garantir que os recursos da empresa sejam usados com eficiência. 2 Decisões financeiras e a contabilidade As funções de um gestor financeiro não seriam possíveis sem a contabilidade, seja para fazer orçamentos e projeções, seja para realizar relatórios que apontem desvios entre o que foi planejado e o que está sendo realizado. A contabilidade permite que o gestor financeiro analise a situação da empresa em termos de liquidez, produtividade e rentabilidade e tome decisões diversas, como geren- ciamento do capital de giro, administração da liquidez, entre outras. Em resumo, a contabilidade fornece diversos indicadores sobre o desempenho da organização. – 22 – TEMA 3 Portanto, é vital que um gestor financeiro tenha conhecimento contábil para realizar as suas funções de forma adequada. SAIBA MAIS! Leia mais sobre a importância da contabilidade gerencial para a gestão de uma empresa no artigo de Araújo e Rocha (2007), disponível em: <http://www. classecontabil.com.br/artigos/contabilidade-gerencial-e-a-sua-funcao-dentro-das- empresas>. 3 Balanço Patrimonial (BP) Você já deve ter calculado o valor total de seus bens para comparar com o total de suas obrigações. Uma empresa também fazalgo parecido ao elaborar o BP, o qual traz, de um lado, o ativo, ou seja, o conjunto de bens e direitos da empresa, e, de outro lado, o passivo e o patrimônio líquido, que são, respectivamente, as obrigações da empresa perante terceiros e as perante os seus proprietários. Tabela 1 – Estrutura simples do balanço patrimonial ATIVO (A) 31/12/X1 31/12/X2 PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO 31/12/X1 31/12/X2 Bens e direitos 100.000,00 120.000,00 Passivo (P) 60.000,00 79.000,00 Patrimônio líquido (PL) 40.000,00 41.000,00 TOTAL 100.000,00 120.000,00 TOTAL 100.000,00 120.000,00 Fonte: elaborada pelo autor, 2017. Qual é a principal característica de um balanço? A resposta é que o total do lado esquerdo (ati- vos) sempre deve ser igual ao total do lado direito (passivo e patrimônio líquido). De fato, balanço significa equilíbrio, o que justifica esses dois lados terem totais iguais. Um balanço patrimonial pode ser considerado uma fotografia da situação financeira da empresa em certa data. A igualdade entre os lados esquerdo e direito de um BP permite a apresentação da equação fundamental da contabilidade. Veja: A = P + PL GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 23 – Em que: “A” são os ativos da empresa; “P” são os passivos da empresa perante terceiros; e “PL” é o patrimônio líquido da empresa. O modelo de balanço apresentado anteriormente confirma a validade dessa equação. Por exemplo, no ano de X1, o valor dos ativos foi de R$ 100.000,00, o mesmo valor da soma do passivo com o patrimônio líquido: R$ 100.000,00 = R$ 60.000,00 + R$ 40.000,00 É importante que as demonstrações financeiras apresentem informações relativas a dois anos, o que permitirá que os gestores e demais usuários analisem o desempenho econômico- financeiro da empresa ao longo do tempo. Essas demonstrações devem obedecer a padrões. No caso dos ativos, devem aparecer no BP em ordem decrescente de liquidez. EXEMPLO A conta “caixa” deve aparecer antes da conta “mercadorias para revenda”, e assim por diante. No caso dos passivos, devem aparecer no balanço em ordem decrescente de exigibilidade. Tanto os ativos quanto o passivo estão organizados no balanço em dois grandes grupos: circulante e não circulante. EXEMPLO Ativos como “caixa” e “estoques” são classificados como circulantes; ativos como “equipamentos” e “veículos” são classificados como não circulantes. Já passivos como “fornecedores” são classificados como circulante e “empréstimos de longo pra- zo” são classificados como não circulantes. O grupo circulante é uma conta que será realizada ou paga no curto prazo, ou seja, em 12 meses. Qualquer conta de ativos ou de passivo perante terceiros que tiver realização ou paga- mento acima de 12 meses deve ser apresentada como não circulante. GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 24 – Tabela 2 – Balanço patrimonial ATIVO 31/12/X1 31/12/X2 PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO 31/12/X1 31/12/X2 Ativo Circu- lante 40.000,00 50.000,00 Passivo Cir- culante 30.000,00 40.000,00 Caixa 10.000,00 20.000,00 Fornecedores 20.000,00 30.000,00 Estoques 30.000,00 30.000,00 Impostos a pagar 10.000,00 10.000,00 Ativo não circulante 60.000,00 70.000,00 Passivo não circulante 20.000,00 25.000,00 Ativo realizá- vel a longo prazo 20.000,00 20.000,00 Empréstimos de longo prazo 20.000,00 25.000,00 Investimentos 20.000,00 30.000,00 Patrimônio líquido 50.000,00 55.000,00 Imobilizado 10.000,00 10.000,00 Capital social 40.000,00 40.000,00 Intangível 10.000,00 10.000,00 Reservas de lucros 10.000,00 15.000,00 TOTAL 100.000,00 120.000,00 TOTAL 100.000,00 120.000,00 Fonte: elaborada pelo autor, 2017. FIQUE ATENTO! Compõem o ativo não circulante: ativo realizável a longo prazo, investimentos, imo- bilizado e intangível. GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 25 – 4 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) Todos nós buscamos anotar quais foram os ganhos e gastos em um período de tempo para sabermos se estamos com recursos sobrando, ou seja, com lucro ou não. Uma organização tam- bém precisa mensurar se teve lucro em determinado período e, para isso, faz a DRE. Entretanto, uma empresa, diferentemente de uma pessoa, não apura o seu lucro por meio de regime de caixa, isto é, pagamentos e recebimentos, mas sim pelo regime de competência. Desta forma, serão registradas como receitas mesmo aquelas vendas cujo recebimento ocorrerá apenas no próximo exercício. Igualmente, uma empresa registrará uma despesa incorrida independentemente de já tê-la pago ou não. SAIBA MAIS! A DRE evidencia o desempenho de uma empresa em certo período. Veja um exemplo prático em: <http://www.valor.com.br/empresas/4668827/petrobras-registra-queda- de-30-no-lucro-do-segundo-trimestre>. A DRE revela o resultado econômico de uma empresa em certo período de tempo, com base em suas receitas, custos, perdas e despesas. Tabela 3 – Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) 31/12/11 31/12/12 Receita Bruta de Vendas 14.000 7.000 (-) Deduções Impostos sobre vendas (1.400) (700) Descontos incondicionais concedidos (1.800) (300) Devoluções de vendas (100) (100) = Receita Líquida 10.700 5.900 (-) Custo das mercadorias vendidas (5.000) (4.000) = Lucro Bruto 5.700 1.900 (-) Despesas operacionais Despesas com vendas (1.000) (500) Despesas administrativas (1.000) (700) Despesas de depreciação (1.000) (700) GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 26 – Despesas de amortização (300) (100) = Resultado antes das receitas e despesas financeiras 2.400 (100) Resultado financeiro líquido (200) (300) = Resultado antes dos tributos sobre o lucro 2.200 (400) (-) Despesas com tributos sobre o lucro (200) 0 (=) Resultado líquido 2.000 (400) Fonte: adaptada de GUERRA, 2010, p. 211. FIQUE ATENTO! A demonstração do resultado do exercício (DRE) apresenta a situação econômica da empresa. 5 Demonstração dos fluxos de caixa (DFC) A DFC explica a variação do caixa e dos equivalentes de caixa, como depósitos bancários e aplicações com resgate imediato entre uma data e outra. É uma demonstração muito dinâmica, pois apresenta os efeitos de várias atividades sobre o caixa da empresa em três grandes grupos: 1) fluxos de caixa das atividades operacionais, como recebimento de vendas, pagamento de for- necedores, entre outros; 2) fluxos de caixa das atividades de investimentos, como pagamentos de aquisição imobilizado, venda de imobilizado, entre outros; e 3) fluxos de caixa das atividades de financiamentos, como obtenção de empréstimos, pagamento de empréstimos, pagamento de dividendos, entre outros. São dois os métodos de elaboração da DFC: direto e indireto. O direto apresenta cada uma das atividades que influenciaram o caixa da empresa. O indi- reto, por outro lado, no grupo das atividades operacionais, apresenta parte do lucro da empresa, ajustando-o com relação às atividades que não exercem influência sobre o caixa, bem como com relação às variações nas contas de estoques, contas a receber e a pagar e demais receitas e des- pesas relacionadas com as atividades de investimentos e de financiamentos. GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 27 – Tabela 4 – DFC – Direto DFC – Método Direto 20X2 Fluxo de caixa das atividades operacionais Recebimentos de clientes 8.700 Pagamentos a fornecedores e empregados (5.000) Caixa líquido proveniente das atividades operacionais 3.700 Fluxo de caixa das atividades de investimento Concessão de empréstimos (3.000) Aquisição de investimentos (1.000) Aquisição de imobilizado (3.200) Aquisição de intangível (2.000) Caixa líquido usado nas atividades de investimento (9.200) Fluxo de caixa das atividades de financiamento Recebido pela emissão de ações 5.000 Recebido por empréstimo em longo prazo 4.000 Juros pagos (200) Caixa líquido usado nas atividades de financiamento 8.800 Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa 3.300 Caixa e equivalentes de caixa no início do período 500 Caixa e equivalentes de caixa no fim do período 3.800Fonte: adaptada de GUERRA, 2010, p. 229. GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 28 – Tabela 5 – DFC – Indireto DFC – Método Indireto 20X2 Fluxo de caixa das atividades operacionais Lucro líquido antes do Imposto de Renda e CSLL 2.200 Ajustes por: Depreciação e amortização 1.300 Despesas de juros 200 Lucro ajustado 3.700 Aumento nas contas a receber de clientes e outros (2.000) Aumento nos estoques (1.000) Aumento nas contas a pagar – fornecedores 3.000 Caixa líquido proveniente das atividades operacionais 3.700 Fluxo de caixa das atividades de investimento Concessão de empréstimos (3.000) Aquisição de investimentos (1.000) Aquisição de imobilizado (3.200) Aquisição de intangível (2.000) Caixa líquido usado nas atividades de investimento (9.200) Fluxo de caixa das atividades de financiamento Recebido pela emissão de ações 5.000 Recebido por empréstimo em longo prazo 4.000 Juros pagos (200) Caixa líquido usado nas atividades de financiamento 8.800 Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa 3.300 Caixa e equivalentes de caixa no início do período 500 Caixa e equivalentes de caixa no fim do período 3.800 Fonte: adaptada de GUERRA, 2010, p. 229-231. GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 29 – FIQUE ATENTO! Os dois métodos de elaboração de uma DFC são: direto e indireto. Fechamento A contabilidade contribui fundamentalmente para o processo de administração financeira de uma empresa por meio de diversos indicadores de natureza patrimonial, financeira, operacional e econômica. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • conhecer a função da administração financeira e sua relação com contabilidade e a economia; • identificar as principais atividades do administrador financeiro no processo de previsão e análise financeira do desempenho da organização baseada em indicadores. Referências ARAÚJO, Geraldino Carneiro de; ROCHA, Sandra Maria. Contabilidade gerencial e sua função den- tro das empresas. Portal da Classe Contábil. 20 nov. 2007. Disponível em: <http://www.classe- contabil.com.br/artigos/contabilidade-gerencial-e-a-sua-funcao-dentro-das-empresas>. Acesso em: 19 mar. 2017. BORINELLI, Márcio Luiz; PIMENTEL, Renê Coppe. Curso de contabilidade para gestores, analis- tas e outros profissionais. São Paulo: Atlas, 2010. CARRANÇA, Thais; MAIA, Camila; ROSAS, Rafael. Petrobrás registra queda de 30% no lucro do segundo trimestre. Valor Econômico. Disponível em: <http://www.valor.com.br/empre- sas/4668827/petrobras-registra-queda-de-30-no-lucro-do-segundo-trimestre>. Acesso em: 19 mar. 2017. GUERRA, Luciano. Contabilidade descomplicada. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 30 – Conceitos de orçamento de curto e longo prazos Aparecido Lisboa Pires Introdução Ao definir os seus objetivos, a empresa precisa instituir mecanismos de coesão e interação entre as suas áreas com o propósito de alcançá-los. É nesse contexto que surge a importância do orça- mento para a estratégia de uma empresa, fornecendo direção para a organização e, principalmente, capacidade para enfrentar os desafios e para enfrentar as oportunidades do ambiente de negócios. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • entender os conceitos de orçamento para a tomada de decisões financeiras no âmbito dos investimentos de curto e longo prazos; • conhecer os primeiros passos na elaboração de um orçamento. 1 Introdução: conceitos e objetivos Antes de sairmos de casa para irmos a determinado local ou trabalho, devemos saber se fará frio ou se choverá. Do contrário, não estaremos preparados para esses acontecimentos e teremos alguns problemas, como sentir frio ou ter que comprar um guarda-chuva às pressas, desperdi- çando nossos recursos. Em uma empresa também ocorre o mesmo. Contudo, a diferença é que a quantidade de opera- ções que uma organização realiza é imensa e inúmeros serão os problemas, bem como os prejuízos, caso a empresa não faça um planejamento cuja função é indispensável para qualquer tipo de negócio. Segundo Mayo (2009, p. 366), “Planejamento é o processo de estabelecer objetivos e identi- ficar cursos de ação (estratégias) para cumprir esse objetivo”. Por isso o planejamento é impor- tante, pois permite examinar as interações que existem entre as várias áreas da empresa pos- sibilitando que a organização estude e explore as opções que podem ser usadas para alcançar os objetivos. Adicionalmente, planejar evita surpresas, pois capacita a empresa a enfrentar os desafios do meio e possibilita que se verifique a capacidade e a estrutura interna para alcançar os objetivos desejados. – 31 – TEMA 4 SAIBA MAIS! Obtenha mais informações sobre o orçamento empresarial e a sua importância como ferramenta de apoio à tomada de decisão no artigo de Castanheira e Sauaia (2007). Disponível em: <http://www.anpad.org.br/admin/pdf/enadi517.pdf>. A função de planejamento constitui uma das partes de todo o processo orçamentário de uma empresa, o qual também inclui o orçamento em si e o seu controle. O orçamento é necessário para fornecer uma orientação à empresa, no sentido de serem alcançados os seus objetivos estratégicos. Figura 1 – Orçamento Fonte: Garsya/Shutterstock.com Sem orçamento, a empresa perde coesão entre as áreas, dificultando que sejam atingidos os seus objetivos estratégicos. FIQUE ATENTO! O orçamento deve estar alinhado com a estratégia da empresa. O orçamento empresarial, portanto, é o documento no qual são discriminados os objetivos desejados, bem como os meios necessários para atingir esses objetivos. Pode envolver to- dos os tipos de atividades desenvolvidas pela organização, sejam elas operacionais ou fi- nanceiras, como a previsão do fluxo de receitas e de despesas, do fluxo de caixa, das receitas de vendas, o planejamento das ampliações da produção etc. (MARION; OSNI, 2011, p. 197). Agora, passaremos aos principais elementos do orçamento. GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 32 – http://www.anpad.org.br/admin/pdf/enadi517.pdf 2 Principais elementos do orçamento Não há como compreender o orçamento sem os seus três elementos principais: 1) planeja- mento; 2) orçamento e 3) controle. FIQUE ATENTO! Os três elementos principais do orçamento são: planejamento; orçamento; e controle. O planejamento corresponde à previsão e à análise das alternativas existentes e que podem contribuir para que os objetivos da empresa sejam alcançados. Uma vez selecionada a alternativa, deverá ocorrer a sua formalização por meio do orçamento, detalhando a sua programação e o passo a passo para o seu alcance. O orçamento da empresa deve estar sujeito ao acompanha- mento e controle durante a sua execução, pois é necessário saber se o desempenho da empresa está dentro do esperado. É por meio do controle que a empresa pode atuar para corrigir os desvios ou até mesmo propor a alteração do orçamento. Contudo, essa alteração apenas pode ocorrer em casos muito especiais. 3 Princípios fundamentais do processo de planejamento e controle Para que o orçamento empresarial seja efetivo, é necessário que sejam respeitados vários princípios. O orçamento precisa apresentar números realísticos. Também é necessário ter geren- tes envolvidos, pois o orçamento exige uma comunicação integrada entre todas as áreas da empresa. Ou seja, o orçamento não pode ser uma ação realizada de forma isolada, mas sim com o envolvimento entre as áreas da empresa na sua elaboração. Figura 2 – O orçamento e o envolvimento entre as áreas da empresa Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock.com GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 33 – Como o orçamento é realizado por diversas áreas, as quais também serão mensuradas com relação ao seu desempenho, é necessário que a contabilidade divida a empresa por áreas de responsabilidade, o que também será útil para o reconhecimento de esforços. O orçamento deve estar alinhado à estratégia da empresa e ter orientação para objetivos. O ambientede negócios é muito dinâmico e complexo, assim, é importante que o orçamento pos- sibilite a adaptação organizacional, de modo que a empresa esteja preparada para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades do ambiente de negócios. Uma vez definido, é indispensá- vel que o orçamento esteja submetido ao acompanhamento e controle. 4 Implantação do sistema orçamentário As fases de um orçamento compreendem: planejamento, elaboração, aprovação, execução e controle. No planejamento, a empresa estuda as diversas alternativas de ação existentes para atingir os seus objetivos. Muitas informações são reunidas e analisadas no sentido de a empresa selecionar o plano de ação mais adequado à sua estratégia. EXEMPLO As informações reunidas e analisadas envolvem dados da economia, níveis de competitividade, questões tributárias, produtividade da empresa e do setor, níveis dos salários, custos de materiais, entre muitas outras. Após diversas discussões entre as áreas envolvidas, o plano de ação da empresa é quantifi- cado e formalizado e, uma vez autorizado pela alta gestão, é implantado, devendo ser, em seguida, controlado com o objetivo de verificar se o desempenho da empresa está dentro do esperado. SAIBA MAIS! O orçamento deve ser realizado por qualquer tipo de empresa, seja de grande ou de pequeno porte. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) fornece orientações sobre como elaborar um orçamento empresarial. Saiba mais em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/como- fazer-o-planejamento-anual-do-orcamento-do-seu-negocio,038aa0b77d29e410 VgnVCM1000003b74010aRCRD>. 5 Metodologia para elaboração do orçamento O orçamento tem início com a informação da área comercial da empresa referente ao orça- mento de vendas para o próximo período. Esta informação produz uma forte interação entre as áreas da empresa, com revisões e críticas constantes. GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 34 – http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/como-fazer-o-planejamento-anual-do-orcamento-do-seu-negocio,038aa0b77d29e410VgnVCM1000003b74010aRCRD http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/como-fazer-o-planejamento-anual-do-orcamento-do-seu-negocio,038aa0b77d29e410VgnVCM1000003b74010aRCRD http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/como-fazer-o-planejamento-anual-do-orcamento-do-seu-negocio,038aa0b77d29e410VgnVCM1000003b74010aRCRD EXEMPLO A área de produção deverá verificar se a empresa tem capacidade produtiva sufi- ciente para o volume orçado de vendas, realizando, assim, o orçamento da produção. Outras áreas, usando dados passados e projeções diversas, fornecerão informações como custos da produção, gastos com vendas, despesas administrativas, despesas financeiras, despe- sas tributárias, as quais comporão as bases do orçamento da empresa. Trata-se, portanto, do orçamento operacional, o qual alcança todas as áreas e deve ser clas- sificado por centro de responsabilidade. O orçamento operacional envolve estimar: as receitas, os custos de produção e dos produtos vendidos, as despesas comerciais, as despesas administrati- vas, as despesas com pesquisa e desenvolvimento, as despesas tributárias e o lucro da empresa. Também é necessária uma análise relativa aos investimentos, como em equipamentos e expan- são da fábrica, que deverá ser realizada pela organização. FIQUE ATENTO! O orçamento operacional influencia diretamente as demonstrações financeiras projetadas da empresa, as quais correspondem ao orçamento financeiro. As informações do orçamento operacional têm reflexo nas demonstrações financeiras pro- jetadas da empresa, como o balanço patrimonial, a demonstração do resultado do exercício e a demonstração dos fluxos de caixa, os quais representam o orçamento financeiro. 6 Projeções usando as demonstrações contábeis As demonstrações financeiras devem apresentar as informações projetadas para o próximo ano. De fato, é importante que a empresa estabeleça qual a situação econômico-financeira dese- jada para o ano seguinte em termos de lucro, liquidez, estrutura do endividamento, entre outros. Trata-se, portanto, do orçamento financeiro da empresa. Tabela 1 – Balanço patrimonial projetado Ativo Ano atual Ano 1 Passivo e patrimônio líquido Ano atual Ano 1 Ativo circulante 40.000,00 ? Passivo circulante 30.000,00 ? Caixa 10.000,00 ? Fornecedores 20.000,00 ? Estoques 30.000,00 ? Impostos a pagar 10.000,00 ? GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 35 – Ativo Ano atual Ano 1 Passivo e patrimônio líquido Ano atual Ano 1 Ativo não circulante 60.000,00 ? Passivo não circulante 20.000,00 ? Ativo realizável em longo prazo 20.000,00 ? Empréstimos de longo prazo 20.000,00 ? Investimentos 20.000,00 ? Patrimônio líquido 50.000,00 ? Imobilizado 10.000,00 ? Capital social 40.000,00 ? Intangível 10.000,00 ? Reservas de lucros 10.000,00 ? TOTAL 100.000,00 ? TOTAL 100.000,00 ? Fonte: elaborada pelo autor, 2017. Tabela 2 – Demonstração do resultado do exercício – projetada\sFonte: adaptada de GUERRA, 2010. Ano atual Ano 1 Receita bruta de vendas 14.000 ? (-) Deduções Impostos sobre vendas (1.400) (?) Descontos incondicionais concedidos (1.800) (?) Devoluções de vendas (100) (?) = Receita líquida 10.700 ? (-) Custo das mercadorias vendidas (5.000) (?) = Lucro bruto 5.700 ? (-) Despesas operacionais Despesas com vendas (1.000) (?) Despesas administrativas (1.000) (?) Despesas de depreciação (1.000) (?) Despesas de amortização (300) (?) = Resultado antes das receitas e despesas financeiras 2.400 (?) Resultado financeiro líquido (200) (?) = Resultado antes dos tributos sobre o lucro 2.200 ? (-) Despesas com tributos sobre o lucro (200) (?) (=) Resultado líquido 2.000 (?) Fonte: adaptada de GUERRA, 2010. GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 36 – Note que faltam nas duas tabelas apresentadas as informações projetadas para o próximo ano. Como obter esses dados? Com base nos dados do orçamento operacional de todas as áreas da empresa alinhadas às expectativas econômico-financeiras fixadas pela empresa. Por exemplo, para ter um aumento de vinte por centro em suas vendas e margem de lucro para o próximo ano, todas as projeções informadas devem estar coerentes com esse objetivo da empresa. Assim, retorne à tabela “Demonstração do resultado do exercício” e analise: quais serão os valo- res da receita bruta de vendas e do resultado do exercício, considerando o aumento desejado de vinte por cento? As respostas são 16.800 e 2.400, respectivamente. Óbvio que, para o preenchimento das demais informações, a empresa precisará contar com a interação entre todas as suas áreas. Não é uma tarefa simples, mas é nisso que reside a grande importância do orçamento, ou seja, fazer com que as áreas atuem de forma coesa, buscando objetivos em comum e em benefício da própria empresa. Cabe ainda reforçar que, além de demonstrações financeiras projetadas, o orçamento com- preende: orçamento de despesas de capital e orçamento de caixa. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • entender a importância do orçamento para o alcance da estratégia da empresa; • compreender os princípios fundamentais do processo de planejamento e controle; • compreender os conceitos dos orçamentos operacional e financeiro; • entender a utilidade das demonstrações projetadas para o estabelecimento de metas financeiras, patrimoniais e econômicas. Referências CASTANHEIRA, Dariane Reis Fraga; SAUAIA, Antonio Carlos Aidar. A importância do orçamento empresarial: uma ferramenta de apoio à decisão. 2007. Disponível em: <http://www.anpad.org.br/ admin/pdf/enadi517.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2017. GUERRA, Luciano. Contabilidade descomplicada. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. MARION, José Carlos; RIBEIRO, Osni Moura. Introdução à contabilidade gerencial. São Paulo: Saraiva, 2011. MAYO, Herbert B. Finanças básicas. Tradução da nona edição norte-americana. São Paulo: Cen- gage Learning, 2009. SEBRAE – Serviço Brasileirode Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Como fazer o planeja- mento anual do orçamento do seu negócio. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/ PortalSebrae/artigos/como-fazer-o-planejamento-anual-do-orcamento-do-seu-negocio,038a- a0b77d29e410VgnVCM1000003b74010aRCRD>. Acesso em: 25 mar. 2017. GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 37 – http://www.anpad.org.br/admin/pdf/enadi517.pdf http://www.anpad.org.br/admin/pdf/enadi517.pdf http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/como-fazer-o-planejamento-anual-do-orcamento-do-seu-negocio,038aa0b77d29e410VgnVCM1000003b74010aRCRD http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/como-fazer-o-planejamento-anual-do-orcamento-do-seu-negocio,038aa0b77d29e410VgnVCM1000003b74010aRCRD http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/como-fazer-o-planejamento-anual-do-orcamento-do-seu-negocio,038aa0b77d29e410VgnVCM1000003b74010aRCRD Modelos de orçamento, interpretação e parâmetros Aparecido Lisboa Pires Introdução Toda empresa tem uma estratégia, escrita ou não. A função de um orçamento é formalizar o plano de ação selecionado pela organização para alcançar os seus objetivos da forma mais racional possível, ou seja, evitando desperdícios e confu- sões. O controle orçamentário permite verificar se a empresa está na direção desejada e atuar para a correção dos desvios. Nesta aula, serão apresentados os orçamentos operacional, de caixa e de capital. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • entender o processo de planejamento financeiro, incluindo planos estratégicos e operacionais; • relacionar as projeções com as demonstrações financeiras para estabelecer metas financeiras e orçamentárias. 1 Conceitos e parâmetros de orçamento Suponha uma empresa que deseje aumentar sua participação no mercado em 20 por cento nos próximos cinco anos. Neste caso, trata-se da estratégia da empresa. Para alcançá-la, a empresa tem várias alternativas, mas deverá selecionar apenas uma. Esta alternativa deverá ser detalhada em termos de atividades e de valores. A este detalhamento denominamos orçamento, que, portanto, é uma ferramenta que faz uma ponte entre o curto e o longo prazo. SAIBA MAIS! Ferreira e Diehl (2012) evidenciam que existe um alinhamento entre o orçamento e o planejamento estratégico e dão mais informações sobre a relação entre ambos na empresa. Disponível em: <http://www.spell.org.br/documentos/ver/8619/orca- mento-empresarial-e-suas-relacoes-com-o-pla--->. O orçamento é formado pelas partes operacional, de caixa e de capital, as quais têm total relação entre si. – 38 – TEMA 5 Padovese e Taranto (2009, p. 3) definem orçamento como O ato de colocar à frente aquilo que está acontecendo hoje. Mais especificamente, é a expressão quantitativa de um plano de ação, que se caracteriza como um modelo de pro- gramação de atividades. A expressão quantitativa se dá pela expressão máxima possível de todos os elementos que farão parte dos programas constantes do plano de ação e pela mensuração econômica desses elementos quantificados. Assim, o orçamento é a formalização do plano de ação da empresa. FIQUE ATENTO! O orçamento é formado pelas partes operacional, de caixa e de capital. 1.1 Orçamento operacional – conceitos, características O orçamento operacional envolve todas as áreas da empresa, devendo ser classificado por centro de responsabilidade e estimar: as receitas com vendas, os custos de produção e dos produ- tos ou serviços vendidos ou prestados, as despesas comerciais, as despesas administrativas, as despesas com pesquisa e desenvolvimento, as despesas tributárias e o lucro da empresa. Em função do orçamento de vendas para o período seguinte, todas as demais áreas da empresa também devem elaborar as suas previsões para esse mesmo período. A figura a seguir apresenta um modelo das etapas de elaboração do orçamento operacional. Figura 1 – Etapas do orçamento operacional Processo orçamentário Todos têm de alguma forma necessidade de orçar orçamento operacional orçamento financeiro orçamento de vendas fluxo de caixa projetado dre projetada balanço patrimonial projetada orçamento de produção orçamento de material direto orçamento de mão-de-obra orçamento de custos indiretos de fabricação orçamento de compras orçamento de despesas administrativas orçamento de P & D orçamento de despesas com marketing orçamento de investimento Fonte: VIEIRA NETO, 2013, p. 2. GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 39 – Agora, conheceremos as especificidades do orçamento de caixa. 1.2 Orçamento de caixa – conceito e elaboração O que você acha que aconteceria com uma empresa que não fizesse qualquer planejamento com relação aos seus inúmeros pagamentos e recebimentos? Como estes não são homogêneos no tempo e em termos de valores, com certeza, sem um planejamento, a empresa não teria recur- sos suficientes em determinada data para honrar os seus compromissos, podendo também ficar com recursos em excesso indevidamente parados em seu caixa. É imprescindível que a empresa elabore um orçamento de caixa, o qual tem a finalidade de manter o seu equilíbrio financeiro. FIQUE ATENTO! A função do orçamento de caixa é preservar o equilíbrio financeiro da empresa, permitindo também a realização de suas atividades, sejam operacionais, de inves- timentos ou de financiamento. Conforme Guindani et al. (2012, p. 83), Com base nas informações do orçamento de vendas, do orçamento de gastos e da política de recebimentos e pagamentos da empresa, o orçamento financeiro de caixa estabelece a previsão e o controle das efetivas entradas e saídas de caixa, possibilitando a identificação preventiva de períodos de falta ou excesso de valores em caixa, potencializando o investi- mento em aplicações financeiras (em caso de excesso de caixa), ou alertando para futuras necessidades de empréstimos (em caso de falta de caixa). O orçamento de caixa pode ser feito para quaisquer períodos de tempo, seja diário, semanal, mensal, bimestral, anual, entre outros. EXEMPLO Caso o orçamento de caixa de uma empresa aponte que haverá excesso de caixa no valor de R$ 100.000,00 durante oito dias, a empresa poderá pôr esse recurso em uma aplicação financeira com resgate imediato, auferindo, assim, receitas finan- ceiras nesse período. Essa aplicação deve obter um valor presente líquido positivo (VPL positivo), isto é, retorno superior ao que foi inicialmente investido, e uma taxa interna de retorno superior à taxa do custo de oportunidade. Suponha que a taxa de remuneração dessa aplicação seja de 1% para esses oito dias, e que a taxa do custo de oportunidade (equivalente ao que se ganharia em um outro tipo de investimento) seja de 0,8% para o mesmo período. Assim, haveria um ganho no oitavo dia de R$ 200,00, calculado pela diferença entre R$ 1.000,00 (1% de R$ 100.000,00) e R$ 800,00 (0,8% de R$ 100.000,00). Como nesse exemplo a taxa interna de retorno (taxa que produz VPL zerado) é igual a 1% para oito dias e é superior à taxa do custo de oportunidade (0,8%), a aplicação financeira é vantajosa para a empresa. GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 40 – Com base no orçamento de caixa, a empresa também poderá verificar se precisará realizar empréstimos para honrar os seus compromissos. Contudo, por meio de uma análise do fluxo de pagamentos ou recebimentos, a empresa poderá também encontrar formas de não precisar reali- zar empréstimos. Isso pode ser feito com base em negociações de prazos junto aos credores ou mesmo, dentro do que for possível, com a prorrogação de algumas decisões de investimentos. Uma estrutura básica de orçamento de caixa é apresentada na tabela a seguir: Tabela 1 – Estrutura básica de orçamento de caixa Itens Janeiro Fevereiro Março Recebimentos Menos Pagamentos Igual a Fluxo líquido de caixa Mais Saldo inicial de caixa Igual a Saldo final de caixa Menos Saldo mínimo de caixa Igual a Financiamento necessário Ou Saldo de caixa excedenteFonte: adaptada de CHIAVENATO, 2014, p. 68. A figura a seguir apresenta outro modelo simplificado de orçamento de caixa. Tabela 2 – Modelo de orçamento de caixa Previsão Mês 1 Realizado Mês 1 ENTRADAS Previsão de recebimentos de vendas Contas a receber – vendas realizadas Outros recebimentos TOTAL DAS ENTRADAS 0,00 0,00 SAÍDAS Fornecedores Folha de pagamento GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 41 – Previsão Mês 1 Realizado Mês 1 Energia elétrica Combustíveis Despesas diversas Empréstimos bancários Financiamentos de equipamentos Impostos Outros pagamentos TOTAL DAS SAÍDAS 0,00 0,00 1 (ENTRADAS – SAÍDAS) 0,00 0,00 2 (SALDO ANTERIOR) 3 SALDO ACUMULADO (1 + 2) 0,00 0,00 4 NECESSIDADE DE EMPRÉSTIMOS 5 SALDO FINAL (3 + 4) 0,00 0,00 Fonte: adaptada de SEBRAE, 2017. A seguir, conheceremos o orçamento de capital. 1.3 Orçamento de capital – conceito, elaboração e decisões de investimento O orçamento de capital é uma grande evidência da importância do processo orçamentário para a estratégia de uma empresa. Então, se a empresa deseja aumentar a sua participação no mercado em vinte por cento nos próximos cinco anos, é necessário estudar se precisará investir em novos equipamentos ou construir novas unidades e divisões. GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 42 – Figura 2 – Orçamento de capital – construção de uma fábrica Fonte: Rashad Ashurov/Shutterstock.com Segundo Marion e Ribeiro (2011, p. 203), Os orçamentos de capital, portanto, abrangem planos estratégicos de longo prazo para compra de máquinas, equipamentos industriais, veículos, computadores, imóveis de uso; ampliação da planta industrial; construção de novas unidades produtivas em outras locali- dades etc. liquidez. Um cheque, por exemplo, tem maior liquidez do que um veículo. FIQUE ATENTO! Decidir sobre a aquisição de novos equipamentos ou pela construção de novas instalações são soluções de investimentos que compõem o orçamento de capital. O orçamento de capital compreende as decisões de investimentos da empresa e, como envolve valores expressivos e risco de perdas elevadas, deve ser elaborado por gestores especiali- zados, os quais devem obter a aprovação da alta gestão. SAIBA MAIS! O orçamento de capital requer conhecimentos adequados com relação à análise de investimentos, envolvendo conceitos importantes, como payback, taxa mínima de atratividade (TMA), entre outros. Saiba um pouco mais em: <http://blog.saintpaul. com.br/an%C3%A1lise-de-investimentos-como-tomar-a-decisao-certa-para-o-ne- gocio>. O conceito do valor presente líquido (VPL) é muito útil no processo de análise de investimen- tos. O VPL é calculado pela diferença, a valores presentes, entre a soma dos retornos produzidos pelo investimento e o valor desembolsado pela empresa. Em síntese, espera-se que os gestores de uma empresa realizem decisões de investimentos que apresentem retornos superiores aos desembolsos, ou seja, com VPL positivo. GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 43 – EXEMPLO Uma empresa investiu R$ 100.000,00 em um equipamento. Contudo, o retorno alcançado foi de apenas R$ 90.000,00. Logo, essa não foi uma boa decisão de in- vestimento, pois o seu VPL foi negativo. Também é preciso retornos superiores ao que seria ganho se a empresa aplicasse o dinheiro em outras formas de investimentos, sendo este o conceito do custo de oportunidade. Fechamento Você viu que a elaboração e o controle dos orçamentos operacional, de capital e de caixa são indispensáveis para que uma empresa alcance seus objetivos de longo prazo. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • entender os conceitos e a elaboração dos orçamentos operacional, financeiro e de capital; • compreender a importância do orçamento de caixa para o equilíbrio de caixa da empresa; • conhecer os modelos dos orçamentos operacional e de caixa. Referências CHIAVENATO, Idalberto. Gestão financeira: uma abordagem introdutória. 3. ed. Barueri, SP: Manole, 2014. FERREIRA, Fernanda Baldasso; DIEHL, Carlos Alberto. Orçamento empresarial e suas relações com o planejamento estratégico. Pensar contábil, v. 14, n. 54, p. 48-57, 2012. Disponível em: <http:// www.spell.org.br/documentos/ver/8619/orcamento-empresarial-e-suas-relacoes-com-o-pla--->. Acesso em: 1 abr. 2017. GUINDANI, Ari Antonio et al. Planejamento estratégico orçamentário. Curitiba: Intersaberes, 2012. LUZ, Érico Eleutério da. Gestão financeira e orçamentária. São Paulo: Pearson Education Brasil, 2015. MARION, José Carlos; RIBEIRO, Osni Moura. Introdução à contabilidade gerencial. São Paulo: Saraiva, 2011. VIEIRA NETO, Leopoldino. Orçamento empresarial – tipos de orçamentos. Disponível em: <http:// docslide.com.br/documents/orcamento-empresarial-tipos-de-orcamentos-prof-dr-leopoldino-viei- ra-neto-2013.html>. Acesso em: 1 abr. 2017. GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 44 – PADOVESI, Clóvis Luís; TARANTO, Fernando Cesar. Orçamento empresarial: novos conceitos e téc- nicas. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Planilha ajuda a fazer fluxo de caixa de sua empresa. Disponível em: <https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSe- brae/artigos/planilha-ajuda-a-fazer-fluxo-de-caixa-da-sua-empresa,adf8d53342603410VgnVCM- 100000b272010aRCRD>. Acesso em: 1 abr. 2017. SECURATO JUNIOR, José Roberto. Análise de investimentos: como tomar a decisão certa para o negócio. Saint Paul. Disponível em: <http://blog.saintpaul.com.br/an%C3%A1lise-de-investimen- tos-como-tomar-a-decisao-certa-para-o-negocio>. Acesso em: 1 abr. 2017. GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 45 – Análise horizontal Thais Souza Alves Introdução A carência nas interpretações de relatórios contábeis financeiros é tão antiga quanto o pró- prio surgimento deles. No passado remoto, os relatórios de contabilidade eram basicamente o resumo das contagens de estoques, chamados de inventário, nos quais se faziam verificações de forma qualitativa e quantitativa. Nessa época e de forma mais amadora, já eram realizadas supos- tas análises vertical e horizontal. Você verá, nesta aula, que a análise horizontal busca avaliar comparativamente um ano após o outro, identificando em cada conta o que deverá ser corrigido. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • conhecer a ferramenta de análise horizontal para transformar dados financeiros em uma forma segura que possa ser usada para orientar a tomada de decisões; • identificar a posição financeira da empresa, avaliando a necessidade de aumento de capacidade produtiva ou identificando a necessidade de financiamento. 1 Conceito Você sabia que Alexander Wall é considerado o pai da análise de balanço? Em 1919, ele apresentou um formato diferente de relatório, que avaliava o crescimento ou não das contas de ativo e passivo, receitas e despesas e era feito com base em índices que demons- travam a necessidade de amarrar outras análises à análise de balanço. Dez anos depois, Stephem Gilman sugeriu, então, a inclusão de índices extraídos das análises horizontais e verticais na aná- lise de balanço, assim como suas variações. Assim, surgiu a análise horizontal, que é assim denominada porque se estabelece na altera- ção dos saldos das contas com o passar do tempo. Essa confrontação ocorre entre os mesmos itens do balanço, contudo, em períodos diferentes de análise. FIQUE ATENTO! A análise horizontal se debruça sobre um conjunto de demonstrações e diversos períodos, sejam eles meses ou até anos comparativamente. Diante dessa análise, pode-se avaliar o comportamento financeiro da empresa. – 46 – TEMA 6 Como você vê, desde a segunda metade do século passado é percebida a relevância da aná- lise de balanço moderna na administração financeira. 2 Objetivos e usuários O principal objetivo da análise horizontal é retirar as informações necessárias das demonstra- ções financeiras e respaldar a tomada de decisões. A análise das demonstraçõesfinanceiras exige conhecimento sobre o que representa cada conta que nelas figura. Há uma infinidade de contas decorrentes de inumeráveis operações realizadas por empresas das mais diferentes atividades, “[...] A análise horizontal visa extrair informações para a tomada de decisão. O perfeito conhecimento do significado de cada conta facilita a busca de informações precisas” (MATARAZZO, 2008, p. 39). Figura 1 – Modelo de análise horizontal Fonte: Aleksandr Bryliaev/Shutterstock.com SAIBA MAIS! De todos os métodos da análise de balanço, um dos mais relevantes é a análise horizontal. Imensamente importante e útil, ela apresenta informações de represen- tatividade na conjuntura em que está inserido o negócio, contendo um dos pontos mais importantes, a evolução da empresa no ponto de análise em comparação aos seus demais períodos. Perceba que, para a tomada de decisões de uma empresa, o elemento mais relevante é a análise de demonstrações contábeis, que poderá ser mais especificamente demonstrada pela análise horizontal. GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 47 – 3 Técnicas e processos de análise A análise horizontal apresenta o crescimento de determinados itens em períodos diferentes. Desta forma, esta ferramenta é capaz de observar a evolução do comportamento de diferentes itens. Apesar de útil, este dado comparativo da evolução da conta, extraído da análise horizontal de um período a outro, pode parecer limitante. Ainda assim, Matarazzo (1998, p. 251) confirma a importância da ferramenta ao explicar que “a evolução de cada conta mostra os caminhos trilha- dos pela empresa e as possíveis tendências”. SAIBA MAIS! Toda análise horizontal é realizada com base nos ativos e passivos contidos no balanço patrimonial e no relatório de demonstração dos resultados do exercício (DRE), sendo que este último utiliza como base a demonstração mais antiga. Leia mais sobre isso no artigo do Alberto Lima Leite, “Demonstrações financeiras – elaboração e interpretação de análise horizontal e vertical”, disponível em: <https://www. linkedin.com/pulse/20140719215110-77112920-demonstra%C3%A7%C3%B5es- financeiras-elabora%C3%A7%C3%A3o-e-interpreta%C3%A7%C3%A3o-de- an%C3%A1lise-horizontal-e-vertical>. Outra forma de realizar a análise horizontal é utilizar como base o período imediatamente anterior ao que está sendo verificado, tornando a análise bem mais dinâmica e permitindo verificar a evolução em espaços menores de tempo. Fator que merece destaque é o número-índice, que demonstra a relação existente entre o valor de uma conta em uma data determinada e o valor utilizado como data-base, conforme você observa na fórmula a seguir: Número-índice = Valor do ano seguinte / Valor do ano – Base x 100 Figura 2 – Análise de balanço e resultado Fonte: jannoon028/Shutterstock.com GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 48 – https://www.linkedin.com/pulse/20140719215110-77112920-demonstra%C3%A7%C3%B5es-financeiras-elabora%C3%A7%C3%A3o-e-interpreta%C3%A7%C3%A3o-de-an%C3%A1lise-horizontal-e-vertical https://www.linkedin.com/pulse/20140719215110-77112920-demonstra%C3%A7%C3%B5es-financeiras-elabora%C3%A7%C3%A3o-e-interpreta%C3%A7%C3%A3o-de-an%C3%A1lise-horizontal-e-vertical https://www.linkedin.com/pulse/20140719215110-77112920-demonstra%C3%A7%C3%B5es-financeiras-elabora%C3%A7%C3%A3o-e-interpreta%C3%A7%C3%A3o-de-an%C3%A1lise-horizontal-e-vertical https://www.linkedin.com/pulse/20140719215110-77112920-demonstra%C3%A7%C3%B5es-financeiras-elabora%C3%A7%C3%A3o-e-interpreta%C3%A7%C3%A3o-de-an%C3%A1lise-horizontal-e-vertical Para compreender melhor a utilização da fórmula, confira um balanço patrimonial de três anos de uma empresa na tabela a seguir. Tabela 1 – Balanço patrimonial Balanço Patrimonial Ativo Passivo 31/12/2010 31/12/2011 31/12/2012 31/12/2010 31/12/2011 31/12/2012 Caixa 0,00 5.687,97 8.090,65 Fornecedores A 43.542,48 3.071,00 39.457,53 Cheques 0,00 12.166,84 3.843,50 Fornecedores B 23.999,04 25.069,76 -450,30 Cheques devolvidos 0,00 1.050,50 1.810,50 Fornecedores C 0,00 0,00 -63,20 Estoques de produtos 94.301,99 81.834,31 68.975,08 Fornecedores D 0,00 0,00 11.669,50 Vendas a receber 39.450,00 65.899,76 66.404,19 Financiamentos de curto prazo 16.890,00 25.465,12 0,00 Duplicatas a receber 0,00 14.740,00 19.540,00 Provisões 0,00 6.740,00 7.507,00 Financiamentos de longo prazo 0,00 64.389,00 53.615,49 Terrenos 0,00 0,00 26.338,06 Ativo Circulante 133.751,99 181.379,38 195.001,95 Passivo Circulante 84.431,52 124.734,88 111.736,02 Equipamentos 0,00 80.000,00 80.000,00 Patrimônio Líquido Ativo Imobilizado 0,00 80.000,00 80.000,00 Capital Social 31/12/2010 49.320,47 49.320,47 49.320,47 Lucros / Prejuízos acumulados 0,00 101.574,83 129.037,32 Lucros Distribuídos 0,00 -14.250,80 -15,091,84 49.320,47 136.644,50 163.265,95 Total 133.751,99 261.379,38 275.001,97 Total 133.751,99 261.379,38 275.001,97 Fonte: elaborada pela autora, 2017. Na tabela, observe no item “Estoque de Produtos” a conta do ativo nos anos de 2010, 2011 e 2012 e perceba que há uma diferença de valores para menos. Vale ainda destacar que, quando comparamos os dados entre os anos, estamos olhando para a tabela de forma horizontal. Agora, analisando a mesma tabela e considerando 2010 como referência, se você diminuir o total da conta “Estoques de Produtos” (2010) do total da conta Estoques de produtos em 2011 encontrará a variação de R$12.467,68. Observe: R$ 94.301,99 (2010) – R$ 81.834,31 (2011) = R$ 12.467,68 (total do estoque de produtos) Ou seja, a diferença entre os anos de 2010 e 2011 foi de R$ 12.467,68. Considerando que a análise se baseia em percentuais, você precisará dividir o resultado encontrado (R$ 12.467,68) pelo índice-base 2010 (R$ 94.301,99). Confira a seguir. Número-índice = R$ 94.301,99 – 81.834,31= R$ 12.467,68 12.467,68 / 94.301,99 = 0,1322 0,1322 x 100% = 13,22% GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 49 – Ou seja, com este cálculo, você pode perceber que, na análise da tabela “Balanço patrimo- nial”, houve redução do estoque entre os anos de 2010 e 2011. FIQUE ATENTO! Existe uma maneira para confirmar o resultado, em caso de dúvida. Basta dividir os dois valores-base principais, conforme exemplo anterior (R$ 81.834,31 pelo valor R$ 94.301,99), e o resultado deverá ser diminuído de 1. Assim, você confirmará o cálculo do número-índice. Lembre-se de que você poderá utilizar a mesma fórmula para analisar os demais períodos e as demais contas. 4 Elaboração e interpretação da análise horizontal A análise de demonstrações financeiras é, hoje, um dos conhecimentos mais relevantes no campo das finanças corporativas e que desperta interesse não somente nos gestores das empre- sas, mas também dos analistas externos em diferentes segmentos de atuação. Segundo Matarazzo (2008, p. 24), pesquisas efetuadas recentemente com insolvência de peque- nas e médias empresas têm ressaltado a utilidade da análise horizontal como instrumento de análise. FIQUE ATENTO! As informações prestadas pela análise horizontal proporcionarão os elementos ne- cessários para que os gestores possuam a capacidade de planejar e controlar o patrimônio da empresa de forma eficiente com resultados eficazes. Nesse contexto, é preciso entender que, para obter êxito com a avaliação da análise horizon- tal, é preciso discernimento e bom senso, pois não basta somente compreender os números, é necessário ainda comparar os dados em todas as suas nuances perante a necessidade e o obje- tivo de quem está analisando. 5 Interpretação em conjunto na análise das demonstrações financeiras Analisar horizontalmente um demonstrativo é muito mais que calcular percentuais. Na prá- tica, busca-se obter o percentual de crescimento de cada conta ou de cada grupo de contas em relação ao ano considerado base. Mas, atenção! É a capacidade do analista em discernir o ritmo de crescimento ou da redução dessas contas que apoiará a tomada de decisões. GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II – 50 – EXEMPLO
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