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Introdução à Teologia (UniFatecie)

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Prévia do material em texto

Introdução à 
Teologia
Professor Esp. Érlon Migliozzi
Reitor 
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz
Campano Santini
Diretor Administrativo
Prof. Ms. Renato Valença Correia
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Coord. de Ensino, Pesquisa e
Extensão - CONPEX
Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
Coordenação Adjunta de Ensino
Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman 
de Araújo
Coordenação Adjunta de Pesquisa
Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme
Coordenação Adjunta de Extensão
Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves
Coordenador NEAD - Núcleo de 
Educação à Distância
Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
Web Designer
Thiago Azenha
Revisão Textual
Kauê Berto
Projeto Gráfico, Design e
Diagramação
André Dudatt
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade 
exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi-
tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem 
a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP 
 
M634i Migliozzi, Érlon 
 Introdução à teologia / Érlon Migliozzi. Paranavaí: 
 EduFatecie, 2021. 
 
 93 p.: il. Color. 
 
 
1. Teologia. 2. Teologia das religiões (Teologia cristã). 3. 
Religião – História. 4. Religião – Filosofia. 5. Igreja – 
catolicidade. 6. Igrejas Pentecostais. I. Centro Universitário 
 UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III Título. 
 
CDD : 23 ed. 230 
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 
UNIFATECIE Unidade 1 
Rua Getúlio Vargas, 333
Centro, Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 2 
Rua Cândido Bertier 
Fortes, 2178, Centro, 
Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 3 
Rodovia BR - 376, KM 
102, nº 1000 - Chácara 
Jaraguá , Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
www.unifatecie.edu.br/site
As imagens utilizadas neste
livro foram obtidas a partir 
dos sites Shutterstock, 
Pixabay e Freepik .
AUTOR
Professor Esp. Érlon Migliozzi
● Especialista em Empreendimentos Educacionais (UCB/RJ).
● Bacharel em Teologia (UniFil). 
● Bacharel em Ciências Econômicas (FAFICOP). 
● MBA em Liderança (UniFil).
● Mestrado Livre em Liderança Pastoral Urbana (STF/UniFil)
● Docente do curso de Teologia EaD (UniFatecie).
● Consultor Educacional da UniFatecie.
Palestrante e ministrante de cursos teológicos livres na área do Velho Testamento 
e Escatologia. Ministro do Evangelho na Igreja Evangélica Assembleia de Deus. Consultor 
empresarial pelo Conselho Regional de Economia de Curitiba/Pr. Professor de Matemática 
e Sistema de Informações Gerenciais e Ensino Religioso na Rede Estadual do Paraná. 
Além de possuir experiência em sala de aula, tem conhecimento na área administrativa de 
instituições de ensino, onde, assessorou Pro-Reitoria de Extensão e Pós-Graduação e de-
partamentos comerciais. É Consultor e Perito Judicial pelo Conselho Regional de Economia 
de Curitiba/PR.
CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/8601941430171375
 
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Seja muito bem-vindo(a)!
Prezado(a) aluno(a), é sempre muito bom ter você junto conosco. Você já se de-
parou com situações que você deseja respostas e aí, você ouve dizer: “Ah, este assunto é 
um assunto teológico!”? Pois bem, é neste momento que muitos fazem a opção de ir nos 
dicionários ou sites e até mesmo questionarem a um líder religioso sobre o que é teologia e 
quando você resolve fazer uma investigação, você se defronta com pensamentos diferen-
tes, várias disciplinas, nomenclaturas, e parece que ao receber uma resposta simples, você 
fica mais em dúvida ainda.
É por isso que a disciplina de Introdução à Teologia precisa existir na sua grade 
acadêmica. Para ser um teólogo, você precisa saber por onde a teologia navega, abrange 
e interage. A teologia é uma ciência que não é exata e, acredite, não coloca ponto final em 
suas razões. É viva, não está presa ao tempo, tem um perfil místico e um perfil natural, liga 
a Fé e a Razão fazendo que cada uma se complete. 
Convido você a conhecer um pouco mais sobre a teologia, seu conceito, sua ne-
cessidade e particularidades. Vamos falar muito sobre a história da Igreja, suas principais 
ramificações e assim, entender porque há diferentes modos de interpretar fatos bíblicos 
e teológicos. Quais são as bases? Qual é o conteúdo que a teologia possui? Qual seu 
objeto de estudo? Tudo isso e muito mais estão te esperando nesta disciplina! Entenda 
que estamos em um nível introdutório e é um requisito imprescindível você buscar mais 
conhecimento através da leitura complementar. 
Nossa proposta de estudo vai dar um rumo às suas buscas e aprimoramento, com 
objetivo de lhe instigar a conhecer mais sobre as disciplinas que fazem parte da grade teo-
lógica e, quem sabe, definir o objetivo principal do seu estudo, de forma a você continuar, 
de agora por diante, no foco daquilo que é sua vocação.
Vamos juntos? 
Bom estudo!
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 3
Conhecendo a Teologia
UNIDADE II ................................................................................................... 23
Teologia Católica Romana
UNIDADE III .................................................................................................. 46
Teologia Pentecostal
UNIDADE IV .................................................................................................. 69
Práticas Teológicas
3
Plano de Estudo:
● A História da Teologia;
● Fundamentos do Estudo Teológico;
● Teologia Acadêmica e Ciência; 
● Teologia Bíblica.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar a Teologia como Ciência e Razão para a Fé;
● Compreender os tipos de Filosofias e Interpretações Teológicas;
● Estabelecer a importância da Teologia na compreensão do Divino.
UNIDADE I
Conhecendo a Teologia
Professor Esp. Érlon Miggliozi
4UNIDADE I Conhecendo a Teologia
INTRODUÇÃO
Caro(a) Aluno(a),
Acredito que antes de você optar em fazer um curso teológico, você deve ter busca-
do informações a respeito. Quando entramos em contato com o mundo teológico, algumas 
incertezas podem surgir, entre elas, é o objeto de estudo da teologia, o método de estudo 
e os resultados que este estudo pode proporcionar ao estudante. 
Em nossa disciplina de Introdução à Teologia, queremos demonstrar através da 
história da Igreja e da filosofia, a necessidade da teologia como ciência e como instrumento 
de fortalecimento da crença. Nesta primeira unidade, vamos tratar dos primórdios da teo-
logia, vamos conhecer juntos os motivos que levam o homem a desenvolver um discurso 
teológico e como isto impacta o mundo.
Falaremos também sobre a história e o conceito da teologia, como surgiu o estudo 
que tem como objeto o próprio Deus e suas interações. Abordaremos a sua criação, qual 
o ponto em que ela se diferencia da filosofia e da ciência e qual sua parte comum. 
Continuaremos nosso estudo tratando dos fundamentos teológicos e os métodos que 
a ciência utiliza. Afinal, como é estudar sobre o divino? Provavelmente não é tão 
complexo quanto imaginamos. Temos o conceito que teologia é algo que se pratica dentro 
das paredes da igreja, porém, através do tópico Teologia Acadêmica e Ciência, vamos 
entender então que na teologia temos muito o emprego da razão para dar confiança ao 
processo da fé.
Finalmente, desmistificaremos um termo que muitos acreditam ser uma 
teologia paralela à teologia acadêmica, a teologia Bíblica, que tanto atrai alunos e fala 
tanto de espiritualidade. Sendo assim,convido você a entrar neste aprendizado que 
realmente se propõe a introduzir o estudo teológico na sua grade acadêmica, de forma 
simples e bem sistematizada para que seu aprendizado produza uma teologia prática em 
sua vida e você possa optar em qual nível teológico deseja estar.
Um ótimo estudo e vamos juntos!!!!
5UNIDADE I Conhecendo a Teologia
1. A HISTÓRIA DA TEOLOGIA
Nada mais sugestivo na disciplina de Introdução à Teologia, como o seu próprio 
enunciado. A palavra introdução, segundo os dicionários Oxford e Aurélio, possui uma 
par-ticularidade comum em seu significado. Eles atribuem o mesmo sentido à palavra, 
como sendo, “o ato ou efeito de abrir ou dar início a uma tese”.
Portanto, entendemos que essa disciplina precisa ser o início de uma grade 
acadê-mica, ou dar o sentido inicial a ela. Assim, como toda introdução, vamos falar 
muito sobre a história, vamos buscar entender a origem da Teologia em suas diferentes 
correntes de interpretação e filosofias.
A Teologia, como ciência, é um assunto muito importante no seguimento 
religioso. Porém, não está limitado, nos dias atuais, somente ao estudo religioso ou 
acadêmico, com vistas ao sacerdócio ou ao próprio ambiente interno eclesiástico. 
Atualmente, a Teologia tem se destacado para dar compreensão e entendimento dentro 
de ambientes coletivos dos mais diversos, ambientes corporativos, clínicos, por exemplo.
Sabendo que nossa disciplina fala de Teologia, vamos conceituar esta palavra. De 
acordo com dois teólogos referenciados no assunto, o Doutor João Batista Libânio e o 
Doutor Afonso Murad. Primeiramente, o conceito da Palavra Teologia se resume em: 
O termo teologia compõe-se etimologicamente de dois termos, que lhe defi-
nem já grandemente a natureza: THEÓS + logía = Deus + ciência. No centro 
está Deus, seu objeto principal. Qualquer reflexão teológica refere-se de al-
guma maneira a Deus. Ao determinar-se mais exatamente o estatuto teórico, 
ver-se-á como tal referência se produz. (LIBÂNIO e MURAD, 1996, p. 63)
6UNIDADE I Conhecendo a Teologia
A palavra “teologia”, teve sua origem no mundo grego, com Platão, se referindo 
aos que discursavam sobre os deuses (BOFF, 1998 [1944], p. 550). O conceito de teologia 
tem uma função tripla e é facilmente observado. Suas funções são: Crítica, Pedagógica e 
Política: crítico porque tem o caráter investigativo e interrogativo; pedagógico porque pode 
modificar o caráter individual e coletivo; e político porque se origina e se forma com 
tal postura. Posteriormente, Aristóteles, aprendiz de Platão, vai atribuir à teologia um 
cunho filosófico, limitando à mesma a teoria. (BOFF, 1998 [1944], p. 554). 
É importante analisar que a teologia surgiu com a busca pelo “logos”, ou seja, o 
“divino”. Com a criação dos mitos, conhecidos desde a Grécia Antiga, com a finalidade 
de descobrir a origem de determinados fenômenos, principalmente os naturais, o homem 
começou a se deparar com a realidade de um mundo invisível, metafísico, o qual, era o 
desencadeador de determinados fenômenos. De outro modo, podemos dizer que o homem 
começou a ter razão de um mundo além do visível e a necessidade de entendê-lo.
FIGURA 1 - SANTO AGOSTINHO (AGOSTINHO DE HIPONA) - Turim, Itália - 15 de março de 
2017: O afresco de Santo Agostinho médico da igreja na cúpula da Igreja Basílica Maria Auxiliatriz por 
Giuseppe Rollini (1889-1891).
Fonte: https://www.a12.com/redacaoa12/espiritualidade/santos-entre-nos-santo-agostinho-de-hipona . 
Acesso em 23 set.2021
7UNIDADE I Conhecendo a Teologia
Foi no século IV, que o conceito da Teologia adquiriu um significado cristão, através 
de Agostinho de Hipona, o qual, definiu o termo como “raciocínio ou discussão sobre a Dei-
dade”. O “start” para o pensamento teológico é que o divino existe e é manifesto através do 
físico ou sobrenatural. Nesta época, a teologia está sendo desenvolvida dentro do ambiente 
religioso apenas. Alguns filósofos e religiosos, buscam trazer a razão da fé, como o próprio 
Agostinho, de uma forma mais real aos períodos anteriores. (BOFF, 1998 [1944], p. 554)
Vamos revisar e resumir até este ponto do nosso estudo: 
O conceito de teologia se inicia no período pré-Socrático, mas, é com Platão que 
surge o termo “teologia’’. Os filósofos p ré-socráticos r ejeitavam e xplicações s imples e 
tradicionais sobre os “mitos”, assim, eles introduziram questionamentos como: De onde 
tudo vem? Do que tudo é criado? Entre outros questionamentos, assim, entendemos que o 
conceito da teologia estava sendo desenvolvido pela primeira vez, ou, que se tem conhe-
cimento. Platão (380 a.C.) vem na sequência e de uma forma simples, utiliza o termo pela 
primeira vez em referência a compreensão da natureza divina, no seu livro “A República”, 
no Livro II, Capítulo 18, ele traz a teologia com o sentido de “discurso sobre Deus”. Logo 
após, Aristóteles, em seus escritos de Metafísica, emprega numerosas vezes o termo, mas, 
com duplo sentido, primeiro como ramo fundamental da filosofia e em segundo plano como 
denominação do pensamento mitológico, anterior à filosofia. Aristóteles, em suas teorias, 
apresenta uma forma de divisão da filosofia, sendo: a matemática, a física e a “teologia” 
(teologia, esta, semelhante a metafísica).
No Séc. IV d. C., Agostinho de Hipona, adota o nome e o conceito de teologia como 
um raciocínio ou estudo de Deus. Neste período, conhecido como Patrística, a teologia se 
conceituou como referência ao conhecimento e ao ensino sobre a natureza de Deus. Já na 
Escolástica, passou a ser a disciplina acadêmica que adotava como método a racionaliza-
ção das doutrinas da religião cristã.
Foi a partir do século XVII, que começou a usar o termo teologia para se referir ao 
estudo de ideias e ensinamentos religiosos “que não são especificamente cristãos”, inclusive. 
O termo teologia não se resume apenas ao meio cristão, pode ser utilizado pelos vários 
segmentos de fé que atribuem uma relação divina em sua crença, como, budismo, umbanda, 
e outras religiões. Fazer teologia é fazer ciência, mas, além do exercício de razão, a Teologia 
tem como componente principal a fé, que extrapola, em muitas vezes, a razão. 
Vemos que a história da teologia demonstra claramente que ela veio para 
contribuir com a fé, de forma a dar base para crenças e alicerçar o conhecimento dos 
atributos e das relações de Deus com os homens e a natureza.
8UNIDADE I Conhecendo a Teologia
2. FUNDAMENTOS DO ESTUDO TEOLÓGICO
2.1 Fé e Razão:
Os fundamentos ou métodos do estudo teológico se concentram em suas “Fontes 
de Conhecimento e Princípios Básicos”. No estudo da teologia, dois componentes são fun-
damentais para a compreensão da matéria, o primeiro é a Fé e o segundo, a Razão. Assim, 
vamos utilizar a Fé, como ponto inicial para organizarmos nossa linha de raciocínio. Veja a 
definição do teólogo Euler Renato Westphal (2010):
O método em teologia diz respeito à maneira e o ponto de partida com que se 
desenvolve a reflexão teológica. Podemos partir da premissa de uma postura 
ateia, ou de uma postura anti-intelectual, ou da afirmação às Escrituras ou, 
ainda, de suspeita às Escrituras. Podemos partir de uma concepção liberal de 
Jesus, que vê Cristo somente como exemplo de um ser humano de moral ele-
vada. Podemos partir de uma abordagem que vê Jesus como Senhor, como 
Rei, como Deus, ignorando o aspecto da sua humanidade. Podemos colocar 
a fé como referencial básico para a elaboração teológica, mas também po-
demos colocar a dúvida como dúvida metodológica no sentido de questionar 
as coisas da fé, buscando encontrar respostas. É possível ter a dúvida como 
pergunta que não busca respostas, mas a dúvida que vive em função das 
próprias dúvidas e somente para confirmar as suspeitas em relação às Escri-
turas. Temos outras formas de procedimento metodológico. Podemos partir 
da fé para compreender. (WESTPHAL, 2010, p. 80)
A razão e a fé, quando se fala em Teologia, precisam ser entendidos como parte 
integrante,uma da outra, assim, a reflexão teológica é bem constituída:
Primeiro eu creio para então buscar a compreensão daquilo que creio. De 
outro lado, busca-se a compreensão intelectual em primeiro lugar, para então 
avistar a fé. Ambos os elementos não se excluem, mas devem ser buscados 
numa relação simbiótica entre fé e razão, que são dois elementos que cons-
tituem a própria teologia. (WESTPHAL, 2010, p. 80)
9UNIDADE I Conhecendo a Teologia
Um componente da Fé é a Crença, que se resume em convicção em algo como 
verdadeiro e a Fé, que nada mais é que o sentimento total de confiança em uma crença. 
Segundo Euler Renato Westphal (2010), o método tem papel principal na reflexão 
teológica: Quando falamos em método dentro da Teologia, precisamos entender que há 
uma dependência total do conteúdo e este exerce influência direta: 
Quando falamos do método em teologia, estamos colocando um segundo 
elemento ao lado deste, que é o conteúdo. Muitas vezes, pensa-se que o mé-
todo pode ser dissociado do conteúdo, mas o método influencia o conteúdo 
e o conteúdo influencia o método. Ambos se condicionam. Há elementos que 
devem e podem ser dissociados, mas nunca podemos pensar que ambos se 
encontram em esferas totalmente diferentes. Isso fica plasmado à medida 
que formos avançando nas nossas reflexões. Quando abordamos a questão 
do método estaremos logo falando do conteúdo, inclusive a recíproca tam-
bém é verdadeira. (WESTPHAL, 2010, p. 81)
A Fé precisa extrapolar a razão em determinados momentos, mas, a fé é a iluminação 
da razão. É a fé que vai impulsionar a razão para o criticismo sadio e a afirmação da crença:
A teologia tem, em primeiro lugar, uma função existencial, pois ao falar de 
Deus, o teólogo é aquele que está existencialmente envolvido no círculo 
teológico. Não se pode falar de Deus sem tê-lo experimentado. Não conhe-
cemos a graça de Deus em Jesus Cristo sem primeiro termos conhecido a 
nossa condenação. A experiência de Deus tem a ver com a experiência da 
nossa própria falência e da consciência de nossa própria maldade. Isso Deus 
nos revela através da sua Palavra e do seu Espírito. Portanto, somente pode 
fazer teologia quem antes teve um encontro pessoal com o Deus vivo e ver-
dadeiro. (WESTPHAL, 2010, p. 81-82)
Precisamos nos atentar que não há sobreposição de valores entre fé e razão. Fé e 
Razão existem lado a lado e sua relação não é meio a meio, ou 50% de cada. A relação fé 
e razão é completa, 100% de fé e 100% de razão caminhando juntos:
A dimensão existencial da teologia não pode tomar o lugar do aspecto cientí-
fico do labor teológico, mas ambos precisam se complementar. Não podemos 
colocar a fé e a razão como alternativas que se excluem mutuamente, mas 
ambas devem existir para que a fé seja inteligente e a inteligência seja leva-
da cativa sob a obediência de Cristo. Assim como uma teologia preocupada 
somente com a dimensão existencial é unilateral, a teologia científica que 
não considera a participação da vida do teólogo peca por fazer de Deus um 
objeto de estudos, como se este objeto pudesse ser dissecado, analisado, 
servindo como uma coisa que pudesse ser manipulada pelo ser humano. 
(WESTPHAL, 2010, p. 81-82)
2.2 Principais Fontes da Teologia:
Segundo o teólogo Leonardo Boff (1998), a Teologia se utiliza de três fontes prin-
cipais em sua reflexão: a Fé-Palavra, a Fé-Experiência e a Fé-Prática, que na verdade, 
são relações da Fé e estas relações produzem reflexão, diálogo, um verdadeiro discurso 
teológico reflexivo. Vamos entender o significado destas fontes. Quando a Fé e a Palavra 
estão juntas, um discurso surge e este discurso é um discurso teológico e a Fé é a base, 
que a sabedoria humana não pode ir contra ela. A fé tem suas determinações e estas são 
as três. (BOFF, 1998, p. 111).
10UNIDADE I Conhecendo a Teologia
Primeiramente, o que seria a Fé-Palavra? Segundo descreve o teólogo Leonardo 
Boff (1998, entendemos que há uma relação entre Fé e Palavra e esta relação constitui 
um princípio que traz especificações para a Teologia. A FÉ É O FIRME FUNDAMENTO DA 
TEOLOGIA, esta fé é a Fé-Palavra e não doutrina. A Palavra produz a doutrina, e esta, a 
reflexão teológica. Ainda, seguindo a afirmação de Boff (1998, a teologia tem como seu 
princípio objetivo a revelação. 
A fé torna-se o princípio subjetivo. Assim, temos uma fé revelada e o princípio 
formal da teologia é a Palavra de Deus. Toda a reflexão teológica deve ser trazida para a 
ótica da Palavra de Deus. A reflexão de Deus, sob a ótica da fé, forma o princípio formal 
subjetivo da teologia, que é a Fé-Palavra. (BOFF, 1998, p. 112)
Fazer teologia está ligado em confrontar as experiências humanas com a Palavra, 
ou melhor, com a Bíblia. As Escrituras são testemunhas da revelação e essa revelação 
em nós deve encontrar correspondência, ou seja, há uma relação de “ação” da Palavra 
de Deus e “reação” do indivíduo. Devemos receber assim, a Palavra com amor que 
também é uma fonte de toda a palavra teológica.
A teologia autêntica é a revelação de Deus através da Palavra e a teologia está 
fundamentada no testemunho da Palavra. Assim, afirma Westphal (2010):
A teologia está fundamentada no testemunho da Palavra, nela encontramos 
o testemunho da revelação de Deus em Jesus Cristo na Palavra de Deus, no
Antigo e no Novo Testamento. A Palavra de Deus chama pessoas da morte
para a vida. A teologia autêntica é resposta do ser humano a Deus, que se re-
vela através da Palavra. A Palavra de Deus é Evangelho, pois ali Deus revela
sua santidade, sua ira, sua inacessibilidade. No entanto, é no Evangelho, na
Palavra de Deus, que encontramos a revelação do Deus misericordioso que
aceita e abraça os filhos perdidos e coloca o ser humano arrependido para
dentro da sua aliança. Através da Palavra de Deus nos é dito que somos
pecadores agraciados, e que Deus não nos vê como somos, mas que ele
vê Cristo em nosso lugar. Nós somos condenados, pois em nossa natureza
e essência estamos totalmente perdidos. Ainda assim, Deus não nos exclui,
mas se reconcilia conosco. Ele anuncia sua palavra de anistia para nós con-
denados. Ele não vê a mim em minha maldade e perdição, mas Jesus se
coloca entre mim e Deus, e a justiça que está em mim não é a minha, mas a
de Jesus Cristo. Deus se solidariza com este homem Jesus, e Deus habita
entre nós na pessoa do Nazareno. (WESTPHAL, 2010, p. 90)
2.3 Jesus Cristo como Raiz Teológica:
Não é só a fé que é o ponto de partida importante para o estudo da teologia, mas, 
também, a encarnação de Deus em Jesus Cristo, nos dá compreensão da fé e é um impor-
tante conteúdo da teologia. Segundo Westphal (2010, p. 88):
11UNIDADE I Conhecendo a Teologia
A teologia parte do seu conteúdo fundamental que é a história concreta do 
Deus-Homem, que é Jesus Cristo. A fé é o ponto de partida da teologia. Jesus 
Cristo, testemunhado nas Escrituras, é o seu conteúdo. A razão é o instru-
mento que pensa a fé e a revelação, colocando-os de forma ordenada para a 
compreensão humana. A compreensão da fé inicia no acontecimento da en-
carnação de Deus em Jesus Cristo. Na pessoa de Cristo, nós temos a autor 
revelação de Deus. Jesus não é nenhum herói, mas Deus mesmo assumiu a 
forma humana, fazendo-se ser humano com todas as suas limitações e sua 
desgraça. O homem Jesus de Nazaré é o Deus eterno, criador do céu e da 
terra. Nele temos a consumação final da salvação para toda a humanidade. A 
teologia tematiza a realidade da revelação do amor de Deus em Jesus Cristo 
e seu significado para a realidade da humanidade. O conteúdo de toda a teo-
logia é a pessoa de Jesus Cristo. Aqui está a verdadeira fonte e o conteúdo 
de toda a teologia e, ao mesmo tempo, em Cristo está o ponto de convergên-
cia para o falar teológico. 
Assim, a Fé é o ponto de partida da Teologia e Jesus Cristo, o conteúdo, porque, 
nele, temos a revelação de Deus. Os temas e assuntos teológicos deveriam ser unicamente 
derivados da pessoa de Jesus Cristo. O que vimos e o que conhecemos de Jesus Cristonos aproxima de Deus. Diz Westphal (2010, p. 88): 
Quando ouvimos Jesus, então buscamos a Palavra que foi testemunhada 
pelas testemunhas oculares. Estas devem ser interpretadas, pois não temos 
autoridade canônica e não nos encontramos na mesma linha sucessória dos 
apóstolos. O Espírito Santo nos abre os olhos aos mistérios da Palavra de 
Deus.
Então, a grande receita para ser um ótimo e excelente teólogo, é ter uma relação 
profunda com o Espírito Santo, compreender que a teologia tem total relação com a sua 
Palavra, a Bíblia, ter experiência e prática e, com certeza, ter Jesus Cristo como fonte 
principal.
12UNIDADE I Conhecendo a Teologia
3. TEOLOGIA ACADÊMICA E CIÊNCIA
3.1 Teologia e Ciência:
Primeiramente, vamos retornar um pouco no nosso conteúdo e solidificar um co-
nhecimento que é necessário para o teólogo adquirir compreensão acerca da teologia. 
A teologia é uma ciência, mas, o que é ciência? Segundo o dicionário online, o con-
ceito de Ciência diz: “Reunião dos saberes organizados obtidos por observação, pesquisa 
ou pela demonstração de certos acontecimentos, fatos, fenômenos, sendo sistematizados 
por métodos ou de maneira racional: as normas da ciência.” (CIÊNCIA, 2021, online). 
Assim, entendemos que a ciência é uma coletânea de conteúdos e experiências, 
devidamente sistematizados e resultantes de normas. 
Quando falamos de fé e ciência, precisamos saber que não há embates entre 
as duas. A ciência vem com a razão, provar e normatizar o conhecimento. Já a fé, é a 
ex-ploradora de novos acontecimentos. Podemos estar seguros quanto à relação entre 
fé e ciência, pois, a fé se dedica a dizer, muitas vezes, quem fez e a ciência em revelar 
como se fez. A ciência é compreendida como lógica e a lógica da fé, não traz um ponto 
final ou definitivo. Pode, mas, está limitado ao tempo.
Em sua definição de Teologia como Ciência, Libânio e Murad (1996), diz que a 
ciên-cia teológica não é uma ciência no sentido de ter evidências a respeito de seus 
princípios, mas, como uma ciência subordinada a ciência de Deus: 
13UNIDADE I Conhecendo a Teologia
Os princípios da teologia só se tornam evidentes na ciência mesma de Deus, 
é, na ciência que Deus tem de si. A teologia recebe da ciência de Deus — 
ciência subordinante — os seus princípios. Está em continuidade com essa 
ciência de Deus, em que as verdades reveladas participam da evidência di-
vina pela revelação e fé. É conhecimento certo e dedutivo, mas a seu modo.
A teologia, como ciência subalterna, subordina-se à ciência superior de Deus 
e dos santos. Adquire, por isso, mais dignidade que aquelas que se fundam 
em princípios conhecidos à luz natural do intelecto e por si evidentes.
Estribando-se na própria ciência de Deus, que não se pode equivocar nem 
pode enganar-nos, toda verdade teológica se faz normativa para as outras 
ciências. Em qualquer conflito de intelecção, a teologia nessa compreensão 
levava vantagem inegável. Tutelava, por isso, tranquilamente todos os outros 
saberes humanos. (LIBÂNIO e MURAD, 1996, p. 80)
3.2 Teologia e Academia:
Da mesma forma que estudamos em outros cursos e níveis de escolaridade, temos 
dentro da teologia, uma infinidade de recursos, de disciplinas, que servirão para tecer a teia 
do conhecimento teológico em nós.
Para que estou estudando teologia? Esta é a pergunta correta que devemos fazer 
para entender quais são as possibilidades e níveis que pretendemos atingir ao estudarmos. 
Para ser um pouco mais elucidado em minha exposição, a você aluno, quero dar, como 
exemplo, os estudantes de medicina, que podem estudar todos as mesmas disciplinas, mas, 
alguns servirão nos hospitais, outros em comunidades, outros em clínicas particulares e 
outros assumirão a academia e serão novos professores. Na teologia não é diferente, vamos 
estudar o mesmo conteúdo, mas, vamos dar foco a situações possivelmente diferentes. 
Alguns serão Teólogos Profissionais. São os teólogos que agem unindo o conheci-
mento acadêmico em resposta às necessidades do Povo de Deus. São pensadores, críticos 
e defensores da fé sadia, voltados para o zelo com a veracidade das Escrituras e a boa 
prática das mesmas. 
Outros são Teólogos Pastorais, aqueles que promovem a evangelização e a prática 
da fé, são os líderes eclesiásticos, que utilizam as Escrituras para apascentar o rebanho de 
Cristo na face da Terra.
Ainda, há os Teólogos Populares, que praticam a teologia de forma simples, oral, 
falada, na prática, são os congregados à fé, que adquirem o conhecimento de forma menos 
formal e guiados pelo Espírito da Verdade. 
A Teologia não é uma ciência exata, também, sua abrangência e profundidade não 
podem ser medidas com um padrão. Para não sermos errôneos, podemos dizer que a cada 
década, o mundo conhece algo novo no sentido de pensamento cristão e teológico, os eventos 
que envolvem a fé não são totalmente rígidos e o surgimento de novos métodos interpretativos 
puxam o teólogo de sua zona de conforto e ocasionam a reflexão teológica constante. 
14UNIDADE I Conhecendo a Teologia
FIGURA 3 - UNIVERSIDADE DE BOLONHA (A MAIS ANTIGA DA EUROPA) - BOLONHA, 
ITALIA – Maio/2018 – Fachada da Universidade de Bolonha – Considerada uma das mais antigas faculdades 
do mundo, surgiu em 1088 d.C.
Fonte: https://economia.uol.com.br/empregos-e-carreiras/noticias/redacao/2021/01/24/bolsas-mestrado-gra-
duacao-universidade-bolonha-italia.htm. Acesso em 23 set.2021.
Um fato muito importante a ser observado é que seguindo o movimento da Esco-
lástica, as primeiras universidades surgiram com foco para resolver problemas teológicos 
entre a fé e a ciência, é o caso da Universidade Al-Azhar, no Cairo, criada em 998 d.C. 
a pedido do vizir Yaqub para que o califa Aziz ministrasse instrução e alimentação a 36 
estudantes da mesquita. A Universidade de Bolonha, na Itália, foi criada em 1088 d. C., 
também, com a teologia como fonte principal na grade acadêmica.
A teologia também possui outros níveis organizacionais, tais, como, a Teologia 
Bíblica e a Teologia Sistemática.
3.3 Teologia Sistemática:
A teologia Sistemática, também conhecida como “Dogmática”, é o conjunto de 
disciplinas que foram elaboradas ao longo da história da Igreja. Este conjunto de ensinos, 
não se vale de doutrinas ou ensino denominacional restrito, vale-se à pura reflexão cristã, 
sob um olhar humanista. A teologia sistemática reelabora conceitos fundamentais, como a 
revelação, graça, sacramentos, entre outros, isto, de acordo com um estudo sistematizado 
e cronológico, entendendo que cada afirmação pode ser provisória dentro do campo teoló-
gico. (LIBÂNIO e MURAD, 1996, p. 224- 225).
Na Teologia Sistemática é que se pratica a cronologia da teologia, onde são defini-
dos três momentos: O Retrospectivo – onde se analisa o fato e a consequência no passado. 
O Introspectivo – no qual se reflete sobre cada objeto teológico e sua posição no presente 
e por último a Prospecção dos Fatos, em que entende-se o objeto de estudo, seu potencial 
e identifica-se os pontos a serem melhorados.
15UNIDADE I Conhecendo a Teologia
4. TEOLOGIA BÍBLICA
A Teologia Bíblica é uma das áreas que mais chama a atenção dos 
estudantes, primeiro, porque quando surge, dá a impressão que as demais teologias não 
são bíblicas e esta seria a teologia correta, assim, ocorre um desentendimento e um 
certo desvio ou conceito errado das demais nomenclaturas. 
Não se trata de um ramo teológico, mas de uma disciplina que tem a Bíblia 
como principal fundamento de estudo. A Bíblia é o principal instrumento de 
evangelização e propagação da crença, é a ferramenta do evangelismo. Nesse sentido, 
a, a teologia Bíblica estudará o Antigo e Novo Testamento, baseando-se em exegese, 
que nada mais é que estudar minuciosamente cada texto, ou perícope sugerida. A 
exegese é uma disciplina pré-teológica e não é considerada teologia porque não trata 
diretamente da fé.
Quando utilizamos o método de exegese na teologia bíblica, podemos observarque em algumas situações os textos se completarão e em outros haverá conflito. A 
teologia bíblica é cativante ao estudante, e como leitura das Escrituras, é alimento para o 
espírito. (LIBÂNIO e MURAD, 1996, p. 220)
Enfim, trago este tópico para orientá-lo desde o início que não há uma teologia 
mais correta que outra, ou seja, a chamada teologia bíblica é um método que precisa de 
outros para trazer para fora o verdadeiro sentido dos textos sagrados. 
Muitos alunos entram nos cursos teológicos dizendo que vão se prender a teologia 
bíblica porque é espiritualizada e não há necessidade de criticismo ou métodos mais refi-
16UNIDADE I Conhecendo a Teologia
nados para se entender a compreensão do divino, assim, criam um pré-conceito de outras 
disciplinas teológicas e se frustram quando precisa recorrer aos métodos sistematizados. 
A teologia só irá acrescentar conteúdo benéfico e retirar enganos e equívocos que, muitas 
vezes, travam a fé e sua prática na vida do indivíduo.
SAIBA MAIS
A Universidade de Alazar ou Al-Azhar, está localizada no Cairo, Egito. Está anexa 
à mesquita homônima. Foi fundada como escola de teologia no Califado Fatímida, 
(xiita) em 988, sendo a segunda mais antiga universidade do mundo. Nacionalizada em 
1960, em 1961 disciplinas não-religiosas foram adicionados ao seu currículo tais como 
Medici-na, Farmácia, Engenharia e Agricultura. Em 1962 admitiu pela primeira vez 
estudantes femininas.
Fundada como um centro de aprendizagem islâmica, seus alunos estudam o Alcorão e 
a lei islâmica em detalhe, sendo necessário, para admissão, saber de cor o Alcorão ou 
pelo menos importantes partes dele. Foi uma das primeiras universidades do mundo, e 
a única no mundo árabe a sobreviver como uma universidade moderna, incluindo temas 
seculares no currículo. Hoje é o centro principal da literatura árabe e da aprendizagem 
islâmica sunita no mundo.
Fonte: UNIVERSIDADE DE ALAZAR. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foun-
dation, 2020. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Universidade_de_Alazar&ol-
did=58352551. Acesso em: 26 maio 2020.
17UNIDADE I Conhecendo a Teologia
SAIBA MAIS
A Universidade de Bolonha é considerada uma das universidades mais antigas do mun-
do, tendo sido fundada em Bolonha, na Itália, em 1088. Constantemente é ranqueada 
entre as melhores do mundo, figurando entre as Universidades de Elite Mundial. Em 
2020, a Alma Mater sobe três posições e faz história ao se tornar a universidade euro-
peia mais preparada para o futuro e 6ª no ranking mundial do Times Higher Education.
Em 1364, vários teólogos começaram o ensino de Teologia. Em Bolonha passaram pe-
ríodos de estudo Dante Alighieri, Francesco Petrarca, Guido Guinizzelli, Cino da Pistoia, 
Cecco d’Ascoli, Re Enzo, Salimbene de Parma e Coluccio Salutati.
Fonte: UNIVERSIDADE DE BOLONHA. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Fou-
ndation, 2020. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Universidade_de_Bolonha&ol-
did=59050212. Acesso em: 15 ago. 2020.
REFLITA 
Diante da história das universidades mais antigas do mundo em funcionamento, temos 
um exemplo de ensino teológico islâmico, a Universidade de Alazar, praticamente a 
mais antiga do mundo. Diante deste fato apresentado, podemos dizer que a teologia 
cristã evolui?
Fonte: O autor (2021).
18UNIDADE I Conhecendo a Teologia
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final de nossa introdução à disciplina de Teologia. Nos propomos a 
trazer um conteúdo simples e conceitual sobre o assunto de Introdução à Teologia e como 
dissemos no início da unidade, o objetivo maior era situar você dentro do assunto, demons-
trando as possibilidades que a teologia pode lhe oferecer, além do que já era conhecido no 
meio religioso.
Quando falamos da história da teologia, demonstramos como o assunto faz parte 
da história da humanidade e como repercutiu e repercute nos dias atuais. A história da 
teologia, na verdade, foi produzida em grande parte, fora das paredes dos templos da Idade 
Antiga e Idade Média.
Vimos também que, os fundamentos teológicos e os métodos são um bom elo entre 
a fé e a razão, no qual se ambos andarem juntos em sua totalidade, muitas necessidades 
teológicas serão supridas e consequentemente haverá um acréscimo a crença individual 
ou coletiva. O Diálogo entre Fé e Razão é mais necessário do que se imagina e é perfeita-
mente bem-vindo.
Ao falarmos de Academia e Ciência, demonstramos que a teologia não coloca um 
ponto final definitivo em suas descobertas, que há níveis na teologia em que se pode focar e 
trabalhar. Não é somente algo restrito ao meio eclesiástico, mas, envolve o ensino como todo.
Com a explicação sobre teologia bíblica, observamos que realmente, se desejamos 
resolver conflitos no entendimento da própria palavra, precisamos completar a exegese 
bíblica com as demais áreas da teologia, obtendo, assim, um resultado mais claro.
Então, essa unidade buscou ser introdutória aos eventos centrais que fizeram da 
teologia uma das ciências mais praticadas no mundo e uma das mais antigas, 
inclusive. Espero que você tenha absorvido o conteúdo e esteja preparado, agora, para 
avançarmos um pouco mais e para que possamos trazer mais conceitos e métodos para 
nossa bagagem.
Até a Próxima Unidade!!! Shalom!!!
Flavio
Comentário do texto
19UNIDADE I Conhecendo a Teologia
LEITURA COMPLEMENTAR
As mulheres e a Teologia
Entre os ramos e enfoques teológicos, encontramos um que precisa ser mencio-
nado e tem feito parte na atualidade de forma expressiva, estamos falando da Teologia 
Feminista. 
A proposta deste enfoque teológico é refletir acerca do espaço da mulher nas dife-
rentes áreas, social, familiar, eclesial, movimentos feministas e todo o contexto em que a 
mulher possa se inserir.
Catarina Halkes, uma importante teóloga feminista holandesa, define assim:
As mulheres se tornam, pela primeira vez, concretamente, sujeito da vivência 
de sua própria experiência de fé, bem como da formulação da mesma e da 
reflexão sobre ela, e, portanto, da teologização (. ..) A teologia feminista é 
uma teologia crítica da Libertação, que não se baseia no caráter particular 
da mulher· como tal, mas em suas experiências históricas de sofrimento, em 
sua opressão psíquica e sexual, em sua infantilização e sua invisibilização 
estrutural em consequência do sexismo nas Igrejas e na sociedade. (. .. ) 
Abrange em sua reflexão sobre a fé todos os que não têm liberdade e são 
considerados objetos, mas estão conscientes de que são as mulheres que, 
praticamente sempre e em toda a parte, estão entre os oprimidos dos oprimi-
dos. “ (C. HALKES, 1980, citado por LIBÂNIO e MURAD, 1996, p. 255)
Com a proposta de uma análise crítica a teologia feminista propõe uma 
desconstru-ção das posturas, e ações discriminatórias do sexo feminino. 
A teologia feminista realiza análise crítica, exploração construtiva e trans-
formação conceptual, colaborando assim para o florescimento da Tradição 
viva da Igreja. Sua ação deconstrutora se fixa na denúncia e superação do 
sexismo (atitudes, posturas, ações discriminatórias contra o sexo feminino, 
principal expressão da visão androcêntrica (centrada no homem varão) que 
vigora em grande parte das atuais sociedades do planeta. Fenômeno não 
superficial, a discriminação contra a mulher deita suas raízes em antropologia 
deficiente, patriarcal, que associa o ser humano ideal ao varão, ente do sexo 
masculino. (LIBÂNIO e MURAD, 2003, p. 256-257
É uma desconstrução para reconstruir. Como dissemos que na teologia, nem sem-
pre podemos pôr um ponto final, a teologia feminista prova isto, pois, ela promove uma 
reflexão que produz frutos para um discurso teológico correto.
Já se fazem sentir os frutos da teologia feminista nas convicções e descober-
tas básicas aceitas pela comunidade teológica internacional e lentamente as-
similadas nos textos de teologia acadêmica. Assim, na Bíblia redescobrem-seas figuras de mulheres; na dogmática, purifica-se a imagem de Deus de suas 
conotações masculinas e patriarcais, pelo resgate de características mater-
nas (Deus Pai materno, ou Deus Pai-mãe) e comunitário-familiares (a Trinda-
de); na teologia moral incorpora-se a perspectiva da mulher, especialmente 
no âmbito da sexualidade; na liturgia, faz-se exceler o valor de expressões 
simbólicas.” (LIBÂNIO e MURAD, 2003, p. 256-257)
20UNIDADE I Conhecendo a Teologia
Sob a ótica de uma hermenêutica feminista, vemos que os avanços deste enfoque 
teológico têm sido significativos e contribuído com a compreensão do papel da mulher na 
sociedade como um todo. 
De certa forma, podemos concluir que a teologia feminista, ainda que nova, perante 
a tradição já existente, vem ocupando seu espaço de maneira significativa, não só, defen-
dendo seus interesses, mas, abrindo o leque para outras situações que envolvam homens 
e mulheres e assim, a teologia feminista vai, aos poucos, conquistando seu lugar.
Fonte: LIBANIO, J. B.; MURAD, A. Introdução à Teologia. São Paulo. Loyola, 1996. p. 255-258.
21UNIDADE I Conhecendo a Teologia
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 
Título: Introdução à Teologia
Autor: João Batista Libânio.
Editora: Edições Loyola, 1996.
Sinopse: O livro foi escrito em 1996 e se refere ao desenrolar do 
processo teológico na história da Igreja católica. A obra possui um 
caráter introdutório, portanto o método empregado pelo autor é 
de introduzir os leitores em uma visão geral do modo como fazer 
teologia e do modo como foi sendo feita a teologia no decorrer dos 
séculos e nos últimos anos no Brasil. O objetivo deste trabalho é 
apresentar uma resenha crítica da obra.
FILME/VÍDEO 
Título: Santo Agostinho
Ano: 2015.
Sinopse: Filme clássico, situa-se na fase crucial do declínio do im-
pério romano e da invasão pelos Visigodos e Vândalos. O Doutor 
da Igreja, Agostinho é um dos grandes nomes do cristianismo e um 
dos maiores filósofos da humanidade. Aos 70 anos de idade, ele 
narra a história de sua juventude, seus excessos e transgressões, 
a crise existencial que o levou à conversão e a persistente ação de 
sua mãe, Santa Mônica. O ator Franco Nero, interpreta Agostinho 
na sua velhice, Alessadro Preziosi o recria em sua atormentada 
juventude e Mônica Guerritore, a mãe de Agostinho.
Link do vídeo: https://www.paulinas.com.br/produto/santo-agosti-
nho-dvd-duplo-206-min-885
22UNIDADE I Conhecendo a Teologia
WEB 
Veja o link abaixo no qual relata uma entrevista com Leonardo Boff (22.4.19) - sobre 
os “Valores éticos e empatia sintetizados num ser ímpar”.
● Link do site: https://youtu.be/pwFvYJMxntc
23
Plano de Estudo:
● Teologia Católica;
● Reforma e Contrarreforma;
● Espiritualidade, Intelectualidade e Eclesialidade;
● Teologia Prática e Teologia Sistemática.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar a Teologia Catolica Romana;
● Compreender seu tipo de Filosofia e Interpretações Teológicas;
● Estabelecer a importância da Teologia Catolica na compreensão do Divino.
UNIDADE II
Teologia Católica Romana
Professor Esp. Érlon Miggliozi
24UNIDADE I Conhecendo a Teologia 24UNIDADE II Teologia Católica Romana
INTRODUÇÃO
Caro(a) Aluno(a),
Entramos na segunda unidade de nossa Introdução à Teologia e vamos participar da 
história da primeira igreja cristã, consequentemente, a primeira linha teológica que surgiu, 
portanto, vamos ter uma linha de tempo muito ampla, pois, as demais correntes teológicas, 
as demais igrejas e as demais teologias que surgem, derivam da teologia católica, trazem 
componentes e, de certa forma, surgem também em reação à mesma.
No primeiro tópico, vamos abordar a história do catolicismo, mas de uma forma 
diferente, vamos iniciar no século XIV, onde a igreja começou a enfrentar oposição, conse-
quentemente, precisou se reestruturar para subsistir. Até este período da história da igreja, 
o crescimento foi, de certa forma, natural. Agora, vamos falar de um crescimento exigido
sob demanda, no qual podemos dizer que é um crescimento forçado e necessário.
No segundo tópico, vamos abordar de maneira bem simples e direta o maior 
desafio da Igreja Católica, a Reforma Protestante e como a Igreja contra-atacou este 
movimento, posteriormente, no próximo tópico, vamos nos aprofundar mais no assunto 
“Reforma Protestante” e também falar de três componentes da teologia, a Espiritualidade, 
a Intelectualidade e a Eclesialidade, temas que fazem parte significativa na grade curricular 
do teólogo católico.
Por fim, no último tópico, vamos falar de teologia prática e sistemática, a fim de des-
mistificar estes termos. Espero que você esteja desejoso de aprender um pouco mais da 
história da Igreja, que, também, é uma disciplina muito importante dentro do seu currículo 
e, agora, você terá contato com uma grande parte da principal linha da história. Não deixe 
de utilizar os recursos disponibilizados em seu material, aprofunde-se mais e veja quanto é 
importante a teologia para o mundo.
Um ótimo estudo e vamos juntos!!!!
25UNIDADE I Conhecendo a Teologia 25UNIDADE II Teologia Católica Romana
1. TEOLOGIA CATÓLICA
1.1 Os bastidores da Igreja Católica dos Séculos XIV ao XVIII
Partindo da unidade anterior, podemos entender que a teologia surgiu em um tronco 
único, ou seja, não tinha suas divisões e sua interpretação era única. A teologia foi praticada 
dentro do meio filosófico e dentro da Igreja, pelos seus pensadores, de forma a resolverem 
os problemas teológicos que houvessem, ou, procurar compreendê-los.
O termo “teologia” foi sendo fundamentado ao longo dos tempos e cada vez mais 
utilizado, assim, após a obra de Eusébio de Cesaréia (260-340 d.C. em sua obra “História 
Eclesiástica” o uso do termo passou a ser mais utilizado, principalmente no Ocidente, e o 
tornou conhecido como o primeiro historiador cristão. (LIBÂNIO e MURAD, 1996, p. 66
Porém, vamos adiantar bem mais a frente, no ponto em que a teologia católica 
precisa se fortalecer e dialogar para não sofrer rupturas e descaracterizações. Foi nos sé-
culos XIV e XV que o pensamento medieval começou a desmoronar. Até então atuando 
no campo político-religioso, é iniciado um processo do qual, do tronco teológico, 
surgiriam galhos e estes, após quase cinco séculos, vão produzir novos ramos. Veja 
como Libânio descreve este momento:
Os séculos XIV e XV viram o lento desmonte da ideia-chave do pensamento 
medieval, a saber, a “ordem universal” determinada por Deus, na qual todas 
as coisas têm seu lugar. A idade moderna traz incríveis novidades, tais como: 
o capitalismo mercantil com seu espírito aventureiro e conquistador, o con-
tato comercial e cultural com o Oriente, o movimento filosófico que afirma a
supremacia da razão e do indivíduo racional, as manifestações artísticas e o
humanismo renascentista. Uma avalanche de tendências desagregantes se
26UNIDADE I Conhecendo a Teologia 26UNIDADE II Teologia Católica Romana
precipita sobre a cristandade: subjetivismo e individualismo, nacionalismo, 
laicismo, secularização. Elas atuam no sentido de diluir as grandes sínteses 
alcançadas no plano político-religioso (o império e o papado) e no pensamen-
to (dialética e sistematização escolásticas). A teologia escolástica não assimi-
la o “ giro cartesiano” da razão, nem o individualismo emergente. A Reforma 
protestante, iniciada por Lutero e seus companheiros no século XVI, golpeia 
duramente a unidade católica da Europa. (LIBÂNIO e MURAD, 1996, p. 135)
Nos séculos seguintes (XVI e XVII), haverá um período de reestruturação na teolo-
gia católica, com o evento da Contrarreforma, onde, vários pensadores se levantarão para 
organizar e defender os assuntos pertinentes ao catolicismo romano.
Os séculos XIV e XV viram o lento desmonte da ideia-chave do 
pensamento. Na teologia destacam-se a Escola de Salamanca e os 
teólogos Jesuítas, (...) A Teologia combativa marca estes séculos. Neste 
espírito, Roberto Belarmi-no, figura notável, elabora o Catecismo romano.(LIBÂNIO e MURAD, 1996, p. 136)
Nos séculos seguintes, o mundo passa por fortíssimas transformações culturais e 
sociais e passa a sofrer ataques, agora, do sistema econômico e político global, não são 
apenas lutas internas, mas, o mundo sofre revoluções que culminam com a implantação 
de novos sistemas econômicos e políticos, assim, agora, a teologia precisa se guardar das 
influências de uma nova sociedade.
Os séculos XVIll e XIX assistem às transformações ainda mais incisivas: a 
consolidação do capitalismo, a revolução francesa e outras revoluções bur-
guesas, as mudanças radicais no modo de produção do campo e da cidade 
(revolução industrial e agrícola), o advento da mentalidade urbana, o cresci-
mento da filosofia moderna com Kant, Hegel e Marx e a irrupção do 
movimen-to socialista. A teologia assume posição de defesa, reafirma que 
o sistema aristotélico-tomista constitui a única “filosofia perene”. A reflexão 
teológica não se deixa contaminar com as pretensiosas filosofia da 
modernidade. Busca-se a restauração da velha teologia medieval com a 
“neoescolástica”, que atinge seu ponto alto no Concílio Vaticano I, ao 
proclamar o dogma do primado e da infalibilidade papal. A teologia, 
portanto, ao seguir a tendência dominante na Igreja, nega-se a dialogar 
com o mundo moderno. Ao contrário, trata de combatê-lo, evocando a 
nostalgia do mundo da cristandade, ainda sobrevivente. (LIBÂNIO e 
MURAD, 1996, p. 136)
A teologia preponderante nesta época caracteriza-se pela submissão ao ensino, ou 
seja, o magistério, o qual, torna-se a característica fundamental da Igreja neste período. É o 
ensino que combate as heresias e se levanta como grande arma para eliminar os conflitos 
internos na instituição Igreja. “Especializa-se nas tarefas de expor, definir, defender, 
provar e confirmar a fé ortodoxa, examinar e condenar os erros. Deixa sua função de 
pesquisa para se tomar exposição autoritativa da doutrina.” (LIBÂNIO e MURAD, 1996, p. 
136)
A teologia tem seu papel importante na estruturação da fé cristã e nas 
crenças católicas. Segundo Libânio e Murad (1996, p.136) “Os teólogos chegam a 
constituir um poder de fato na instituição da Igreja católica. Graças a eles é que o 
catolicismo moderno fica marcado pela preocupação com a homogeneidade, a ortodoxia, 
a clareza.”
27UNIDADE I Conhecendo a Teologia 27UNIDADE II Teologia Católica Romana
É neste momento que há um crescimento excessivo da dependência teológica 
no clero. Os primeiros beneficiários são exatamente os clérigos, os religiosos e os 
dioce-sanos, os quais passam a ter a obrigatoriedade de possuir um curso teológico e, 
como consequência, a formação sacerdotal passa por uma grande valorização. A 
teologia se desenvolve assim, em três áreas: Fundamental, Dogmática e Moral:
Na fundamental, prevalece a apologética, cujas demonstrações não visam a 
suscitar a fé, mas sim a mostrar a credibilidade do testemunho dado à revela-
ção por Jesus Cristo e sua Igreja. Contra os incrédulos, funda racionalmente 
a necessidade de uma religião e divindade do cristianismo católico. (LIBÂNIO 
e MURAD, 1996, p. 137)
Já a teologia moral, se estrutura sobretudo a partir da lei, que é divina, natural e 
positiva nos dez mandamentos. E a teologia Dogmática utiliza do método regressivo, ou 
seja, partem de uma tese, remetendo-a ao ensinamento atual do magistério eclesiástico.
1.2 O renascimento da teologia católica no início do Séc. XIX
Antes de falarmos do Concílio Vaticano II, que foi um marco na mudança da teo-
logia católica, precisamos entender alguns personagens que foram preponderantes nesta 
mudança, no caso, instituições. 
Neste momento, surgem duas escolas, a primeira é a Escola de Tübingen, na Ale-
manha, no ano de 1817, onde a academia teológica de Württemberg incorpora à Universi-
dade como Faculdade Teológica Católica. Suas conquistas: Diálogo com o romantismo e 
o idealismo alemão, busca a fusão do método especulativo, com o método histórico-
positivo, compreende a Igreja como lugar de continuação da manifestação divina. Ela fez 
um retorno à patrística e à escolástica.
A segunda instituição foi o Colégio Romano, que, em meio a uma derrocada na 
teologia local, se sobressaiu com a crítica textual dos monumentos, os quais, com as re-
centes descobertas arqueológicas, entram, assim, em contato com a escola alemã. Libânio 
e Murad (1996 traduz o sucesso destas instituições da seguinte forma: 
As Escolas Romana e Tübingen emergem como exemplos significativos de 
esforços renovadores empreendidos por várias instâncias teológicas. Apre-
sentam alguns pontos em comum: realizam estudos positivos, críticos e 
histó-ricos. Aproveitam-se das descobertas arqueológicas. Intentam de ir de 
ao encontro ao pensamento moderno. A crítica bíblica, a ciência, das 
religiões e a histó-ria dos dogmas questionam princípios da teologia 
reinante. A nova postura funda-se sobre a história comparada. ao 
considerar o desenvolvimento do pensamento e ao pôr em xeque a 
concepção fixista da Escritura e a visão monolítica do dogma com suas 
verdades absolutas. Em suma, a concepção histórica entra lentamente na 
teologia ameaçando desestabilizar o sistema especulativo vigente. 
(LIBÂNIO e MURAD, 1996, p. 140)
28UNIDADE I Conhecendo a Teologia 28UNIDADE II Teologia Católica Romana
1.3 O despertar da teologia católica no início do Século XX
O século XX inicia-se de uma maneira muito positiva para a Igreja Católica, Roma 
e Alemanha produzem uma teologia inovadora e promissora, e então, a França começa a 
produzir dicionários e revistas de grande envergadura, com estudos de exegese, patrologia, 
história das religiões, dogmas e história da Igreja. O movimento neotomista desencadeado 
pelo Papa Leão XIII, ganha espaço e se desenvolve. 
Com o desenvolvimento da “Apologética da Imanência”, desenvolvida por M. Blon-
del, que trabalha com o perfil do homem concreto e histórico, procurando pontos de abertura 
para a revelação cristã. Blondel, de certo modo está propondo uma resposta construtiva 
para o modernismo. Resumindo: O método da imanência de Blondel favorece a percepção 
da espiritualidade e necessidade da revelação.
Nem tudo ocorreu no mesmo ritmo, os intitulados modernistas, atingiram um pico 
em suas contribuições:
O movimento “modernista”, assim chamado pela pretensão de seus protago-
nistas de adaptarem o catolicismo ao pensamento moderno, mesmo a custo 
de certa descontinuidade com o ensinamento tradicional da Igreja e suas 
formas institucionais, floresce na primeira década de nosso século. Faz eco 
à teologia protestante liberal do final do século passado, como aparece, por 
exemplo, em Schleiermacher e Sabatier. Sofre influência do agnosticismo 
dos neokantianos, panteísmo e evolucionismo dos neo-hegelianos e o vitalis-
mo dos pragmáticos. Seu principal corifeu é A. Loisy (1857- 1940), professor 
do Instituto Católico de Paris. (LIBÂNIO e MURAD, 1996, p. 142)
Então, o golpe fatal nos crescentes modernistas veio quando os exegetas e histo-
riadores do dogma propõem reformular o conceito de revelação e dogma, introduzindo na 
igreja aspectos evolucionistas, imanentistas e subjetivistas. E assim, introduzem o 
pensar histórico do sujeito ao progresso, contra a rigidez dogmática da Igreja. Diz Libânio 
e Murad (1996) que: 
A Igreja oficial desfecha-lhe violento processo de perseguição. Pio X denomi-
na-o “suma de todas as heresias” (Dz 2105, 2114), condenando-o por meio 
de dois documentos: Lamentali (Dz 2001-2065) e “Pascendi” (Dz 2071-2109), 
em 1907. O primeiro, decreto pontifício, simplesmente enumera 65 afirma-
ções dos modernistas, reprovando-as e prescrevendo-as em bloco. O se-
gundo, carta encíclica, faz detalhada análise e acre juízo do movimento. A 
condenação elimina não só os exageros, mas também o espírito renovador 
que o movimento traz em si. Favorece desta forma a reação integrista, freia o 
desenvolvimento das ciências bíblicas e de outras áreas da teologia, reforça 
a fixação nateologia manualística. (LIBÂNIO e MURAD, 1996, p. 143)
Como dissemos no início de nossos estudos, não há como estudar a teologia 
sem estudar a história das grandes Igrejas, e, nesse caso, vimos como funcionou o 
caminhar teológico dentro da Igreja Católica. Até este momento da história, temos uma 
teologia que foi única e incontestada, que passou por um embate interno, no qual surgiu 
o protestantismo. Pas-sou, também, por pressão externa, através do surgimento do 
Iluminismo e outras filosofias 
29UNIDADE I Conhecendo a Teologia 29UNIDADE II Teologia Católica Romana
liberais, somadas à evolução da sociedade e o despertar para um mundo mais 
corporativo, vencendo todos estes desafios; mas agora, recebe uma sentença que 
provoca uma pausa em sua evolução.
Porém, nos vinte anos entre a primeira e a segunda Grande Guerra, a teologia 
católica se desenvolveu sobremaneira produzindo métodos e reflexões ímpar. Em resumo, 
houve um grande movimento para aproximar a teologia da espiritualidade e estes movi-
mentos envolveram os dominicanos franceses, os jesuítas, os beneditinos e os carmelitas.
A teologia, além de espiritualizada, começa a receber influência do humanismo e a 
teologia observa um enfoque com mais atenção, e assim surge a preocupação da 
teologia com o bem-estar presente do homem.
A problemática humana começa a ser assunto de teologia. Elaboram-se es-
critos sobre a moral familiar e as relações entre Igreja e Estado, o progres-
so, as relações sociais. O humanismo cristão, sobretudo com J. Maritain, 
traz novo alento à espinhosa questão do natural-sobrenatural, que subjaz 
à teologia da graça. Na eclesiologia, ressaltam-se as dimensões espiritual, 
sobrenatural e comunitária da Igreja, em contraposição ao juridicismo e ao 
individualismo. (LIBÂNIO e MURAD, 2003, p. 144)
1.4 O Movimento Querigmático
Neste tempo, surgiu o movimento querigmático, protagonizado por um grupo de 
teólogos de Innsbruck, na Áustria (J. A. Jungman, H. Rahner, J. B. Lotz), o qual, se resu-
me em estudar a teologia e desenvolvê-la para atender a necessidade dos fiéis que não 
tinham capacidade de absorver os termos teológicos, assim, a teologia era estudada nos 
seus termos teológicos já existentes e, também, era instruída de forma que o pregador 
alcançasse a eloquência e a vivacidade da Palavra, fazendo-se de um excelente pregador 
e conseguindo passar a mensagem a todos, desde o mais simples.
Então, teríamos duas teologias, a primeira, já conhecida entre os teólogos, a erudita 
e a segunda teologia que era a querigmática, voltada a pregação da Palavra com ênfase no 
plano salvífico de Deus na história. Utiliza-se de recursos pedagógicos na apresentação da 
mensagem cristã e uma teologia mais do coração que intelectual, utiliza imagens e estilo 
simples, distanciando-se muito dos manuais de teologia.
Infelizmente, o movimento se afasta muito do eixo de existência entre as teologias 
propostas e inevitavelmente perde espaço.
A teologia querigmática diagnostica completamente a doença no corpo da 
teologia, mas prescreve medicação equivocada. Acentua demasiadamente a 
separação em duas teologias. Toda teologia deve ser simultaneamente que-
rigmática, servindo à evangelização, e científica, atenta à sistematicidade e 
coerência de seu discurso. Certamente o tipo de interlocutor exige acentos di-
versos. Mas a teologia na época só conhecia um tipo de cientificidade, herdada 
do tomismo. E neste momento ela não comportava abertura para a pastoral. 
Mesmo assim, a teologia querigmática produz frutos benéficos, gerando reno-
vação no ensino e busca de teologia com incidência existencial, utilizável 
na pregação. Alerta para a dimensão pastoral da teologia, promove também a 
volta às fontes da Escritura e dos Santos Padres. (LIBÂNIO e MURAD, 1996, 
p. 145)
Flavio
Comentário do texto
tirar: "ao passar a ser"
30UNIDADE I Conhecendo a Teologia 30UNIDADE II Teologia Católica Romana
Com esta base que estudamos, podemos entender porque a teologia católica 
segue como tal, de forma a entendermos que o catolicismo procura manter suas origens 
e sua institucionalidade. Nos tópicos a seguir, veremos o que foi a Reforma Protestante e 
entenderemos mais sobre a teologia católica também. Sugiro que você acesse o material 
complementar que estamos indicando e continue a conhecer a história da teologia católica, 
você estará conhecendo o momento de vários novos movimentos teológicos e de definição 
da teologia católica contemporânea.
31UNIDADE I Conhecendo a Teologia 31UNIDADE II Teologia Católica Romana
2. REFORMA E CONTRARREFORMA
2.1 Pré-Reforma:
No Séc. XII d.C., um homem chamado por Pedro Valdo (Pedro, por ser compa-
rado ao apóstolo Pedro e Valdo, por ser um Valdez), comerciante de Lyon, na França, se 
converteu ao cristianismo e ao ter contato com a Bíblia, decidiu adquirir um exemplar em 
linguagem popular e passou a pregar a Palavra sem ser sacerdote. Ao mesmo tempo, re-
nunciou seu ofício e dividiu seus bens aos pobres. Os seguidores de Valdo são conhecidos 
como “valdenses” e se caracterizam por não reconhecer a soberania eclesiástica de Roma, 
renunciavam o culto a imagens e tinham como direito que cada fiel tivesse um exemplar das 
escrituras sagradas em sua própria Língua.
No Séc. XIV d.C. tivemos outro precursor importante da Reforma, o Inglês John 
Wycliffe, que defendia que a Igreja deveria retornar às origens, era contra o enriquecimento 
do clero e que o poder da Igreja deveria se limitar às questões religiosas. 
32UNIDADE I Conhecendo a Teologia 32UNIDADE II Teologia Católica Romana
FIGURA 1 - JOHN HUSS - MONUMENTO DE JOHN HUSS (JAN HUS), MEMORIAL NACIONAL 
DE VITKOV, PRAGA, REPÚBLICA CHECA - 6 DE JUNHO DE 2017: O reformador e padre boêmio está 
pregando aos guerreiros. Movimento hussitista contra igreja católica
Logo em seguida, surge João Huss, pensador tcheco, continua o pensamento de 
Wycliffe e também reúne fiéis a sua causa. (GEORGE, 1993, p. 38-41. Com esta breve 
introdução, demonstramos o que já havia em oposição ao catolicismo.
2.2 Reforma Protestante:
Foi no início do século XVI, um monge alemão chamado Martinho Lutero, conven-cido 
das ideias dos pré-reformadores (João Huss, Wycliffe, Valdo), realizou três sermões 
contra as indulgências cobradas pela Igreja Católica. No dia 31 de outubro de 1517 ele 
afixou a s 95 Teses n a p orta d a C atedral d e W ittenberg, c om u m c onvite a berto a uma 
disputa escolástica sobre elas. Assim, temos o início da chamada Reforma Protestante. 
(GEORGE, 1993) 
Mas, primeiramente, quem foi Martinho Lutero? Vamos ver o que nos diz o Dr. 
Timothy George em sua breve biografia de Lutero:
Martinho Lutero nasceu em 10 de novembro de 1483, em Eisleben, filho de 
um minerador de prata de classe média. Destinado para o estudo de Direito, 
voltou-se para o mosteiro, no qual, após muitas lutas, desenvolveu uma nova 
compreensão de Deus, da fé e da igreja. Isso o envolveu num conflito com 
o papado, seguido de sua excomunhão e da fundação da Igreja Luterana, a
qual presidiu até morrer, em 1546. (GEORGE, 1993, p. 51)
33UNIDADE I Conhecendo a Teologia 33UNIDADE II Teologia Católica Romana
Martinho Lutero condenava a avareza, o paganismo na igreja, bem como, a 
cobrança de indulgências, estes eram os pontos principais, embora, há outros a serem 
defendidos e debatidos pelo reformador.
As 95 teses foram traduzidas para o alemão e em pouco tempo, um mês, e suas 
cópias estavam por toda a Europa. Obviamente, Lutero foi processado pela igreja e em 
1520 foi excomungado e exilado no Castelo de Wartburg, em Eisenach, onde permaneceu 
por cerca de um ano e ali, trabalhou em traduzir a Bíblia para o alemão, a qual, em 1522, 
estava sendo impressa o Novo Testamento. 
Para esta unidade o que precisamos entender sobre a Reforma Protestante é o fato 
que a publicação e os fatos posteriores, desencadearam uma série de movimentos contra 
o clero da época, padres renunciaram seus votos de castidade, houve um movimento dedesaceleração no recebimento de indulgências. Lutero se casou e com isto, outros padres
também seguiram seu exemplo. Este ato culminou com o rompimento definitivo de Lutero
com a igreja católica romana.
Na ótica do clero católico, houve um enorme prejuízo à imagem da instituição ecle-
siástica e por alguns anos, o catolicismo procurou regenerar suas práticas.
2.3 Contrarreforma:
Este tema, neste momento, nos chama mais a atenção porque estamos falando de 
teologia católica e a contrarreforma foi uma estratégia desta teologia para se defender e 
buscar o apogeu que tinha anteriormente.
Então, enfim, o que é a contrarreforma? Podemos entender que foi o esforço da 
Igreja Católica para conter o crescimento do protestantismo pela Europa, através de várias 
ações conjuntas.
Como iniciou a contrarreforma? Iniciou-se no Concílio de Trento no ano de 1545 
e durou 18 anos, indo até 1563. Foi convocado pelo papa Paulo III e dividido em três 
encontros, as discussões tinham como centro o combate às heresias e o fortalecimento da 
Igreja Católica. 
As questões doutrinárias foram os primeiros atos a serem discutidos no Concílio, 
tais como, o pecado original, sacramentos, ritualismo, papel de Maria, Jesus, entre 
outros. Foi mantida a infalibilidade do papa, mas, diante dos ataques protestantes, a 
igreja recuou no quesito “venda de indulgências”, proibindo esta prática. 
Não foram somente através de princípios que a contrarreforma ocorreu. A ação 
também aconteceu na proibição da venda e leitura de certos livros, que eram contra o 
34UNIDADE I Conhecendo a Teologia 34UNIDADE II Teologia Católica Romana
catolicismo romano. Houve a instituição da catequese, a fim, de doutrinar os membros 
e a confirmação da transubstanciação, do celibato e a hierarquia clerical, também eram 
imposição para os sacerdotes católicos na época e deviam ser também de conhecimento 
de todo o povo.
Surgiu a Companhia de Jesus, uma importante frente de jesuítas, aptos a catequi-
zar e reciclar o ensino religioso para qualquer nação. Inácio de Loiola foi o grande fundador 
dessa companhia em 1534. 
Foram reativados os “Tribunais do Santo Ofício” e instaurou-se a inquisição. Nos 
países em que o catolicismo perdia fortemente terreno para o protestantismo, aqueles que 
faziam a opção de não serem católicos, eram julgados como hereges e queimados vivos. 
(GEORGE, 1993)
Enfim, neste breve resumo sobre a contrarreforma, percebemos que, na verdade, 
o movimento de defesa da teologia católica não trouxe consideráveis inovações, mas, uma
fixação das ordens católicas já existentes. De fato, o maior benefício para todos, ocorreu
por causa da Reforma Protestante, porque, com a ascensão do protestantismo, o povo foi
liberto da cobrança de indulgências.
No Brasil, os jesuítas contribuíram muito com a formação da sociedade. Eles eram 
contra a escravidão indígena e práticas bizarras que poderiam ser praticadas, também, 
promoveram a educação e a catequização do povo escravo.
35UNIDADE I Conhecendo a Teologia 35UNIDADE II Teologia Católica Romana
3. ESPIRITUALIDADE, INTELECTUALIDADE E ECLESIALIDADE
3.1 Espiritualidade:
A espiritualidade é a essência natural e parte integrante da teologia. Ela não causa dano 
ou descrédito a teologia, e não abala sua cientificidade. Libânio e Murad (1996) concei-tua 
a relação de espiritualidade e teologia como algo que é necessário ao futuro teólogo:
Ao articular-se com a espiritualidade, a teologia recria, como na patrística, as 
condições para ser “mistagogia”, introdução ao mistério divino. Constata-se, 
com tristeza, que alunos do terceiro ou quarto ano de teologia, após estudar 
tanto tempo a “doutrina sagrada”, avançaram muito pouco na vida de fé, no 
seguimento a Jesus. Poder-se-ia contra-argumentar que o curso de teologia 
não se destina primariamente a esta finalidade. Alimenta-se espiritualidade 
no espaço eclesial, não no espaço acadêmico: seminário, casa de formação 
ou grupo/pastoral dos leigos, conforme o caso. Mas a pergunta irrenunciável 
permanece: como a intelecção das verdades da fé pode ajudar a sua vivên-
cia? De que forma a compreensão impulsiona o coração a entregar-se de for-
ma mais madura a Deus, e as mãos a abrir-se na causa da evangelização?” 
(LIBÂNIO e MURAD, 1996, p. 241)
A Espiritualidade é totalmente necessária para uma teologia completa, afinal, a 
teologia tem seu componente de fé, de busca pelo oculto: “Na feliz expressão de J. Sabrina, 
a espiritualidade, ao incidir na teologia, muda-lhe o rosto, dá-lhe sabor, confere-lhe caracte-
rísticas ímpares: teologal, popular e dialogal (criatura!).” (LIBÂNIO e MURAD, 2003, p. 241)
3. 2 Intelectualidade:
A intelectualidade é a capacidade de fazer uma reflexão profunda de determinados
eventos, no qual diz respeito à personalidade do indivíduo, que em seus níveis de inteli-
gência, pode possuir preponderância ou se inclinar para um determinado tipo. Por 
exemplo, 
36UNIDADE I Conhecendo a Teologia 36UNIDADE II Teologia Católica Romana
podemos ter uma inteligência crítica mais forte que uma inteligência analítica, assim, nossa 
intelectualidade irá refletir nos nossos resultados. Antonin Gilbert Sertillanges, escritor da 
obra “A vida intelectual”, escrita em 1920, detalha como a vida intelectual influencia em uma 
vocação autêntica:
Falar de vocação equivale a designar os que pretendem fazer do trabalho 
intelectual a sua vida, ou porque dispõem do tempo vago para entregarem 
ao estudo, ou porque, no meio de ocupações profissionais reservam para si, 
como feliz suplemento e recompensa, o profundo desenvolvimento do es-
pírito. Digo profundo, para descartar uma ideia de tintura superficial. Uma 
vocação não se satisfaz com leituras vagas nem com pequenos trabalhos 
dispersos. Requer penetração continuidade e esforço metódico, no intuito 
duma plenitude que responderá ao apelo do Espírito e aos recursos que lhe 
aprouve comunicar-nos. (SERTILLANGES, 2010, p. 06)
O fundamento da vocação intelectual se manifesta primeiramente no aprender a 
pensar, depois, se manifesta de realidade, com um misto de utopia e por fim, manifesta sua 
lucidez de realidade, assim, o fruto é a liberdade responsável do intelecto.
A vida intelectual é uma vocação e depende do desejo em realização. A intelectua-
lidade na atualidade exige criticidade e capacidade de dialogar, assim, seu fruto pode ser 
compreendido. 
3.3 Eclesialidade:
A Eclesialidade nada mais é que o coletivo, o trabalhar com e em prol de um grupo. O 
teólogo não caminha sozinho, ele não trabalha só e seus frutos não são para ele apenas. 
A comunidade agrega a teologia, no qual precisa levar em conta as manifestações popu-
lares dos fiéis. O que os fiéis professam como verdade é critério para validar um ensino.
O teólogo precisa estar em sintonia com a comunidade e com a igreja, manter 
suas origens teológicas e contrastar com a realidade vivida na comunidade em que estiver 
inserido. O teólogo deve analisar o contexto do local e respeitar as crenças e verdades 
professadas pelos locais. Falar de Eclesialidade é dizer que a teologia vai até o povo que 
precisa da pregação da Palavra, como conceito simples.
37UNIDADE I Conhecendo a Teologia 37UNIDADE II Teologia Católica Romana
4. TEOLOGIA PRÁTICA E TEOLOGIA SISTEMÁTICA
4.1 Teologia Prática
A Teologia Prática nada mais é que a prática da teologia na vida cotidiana. Parece 
simples, mas, o teólogo precisa saber como interagir com seu ambiente de forma a conse-
guir aplicar sua teologia quando lhe convier. Esta definição se aplica à prática individual. 
E segundo o teólogo cristão Richard R. Osmer (2008), em sua obra “Teologia Prática e 
introdução”, a teologia se utiliza de quatro questões que produzem quatro reações:
O que está acontecendo? Que desencadeará uma tarefa empírico-descritiva. Por 
que está acontecendo? Com consequência em uma tarefa interpretativa. O que deve 
acontecer? Resultando em uma tarefa normativa. E como devemos responder? Com uma 
tarefapragmática. 
Porém, não é desta prática que queremos falar agora, queremos falar sobre a prática 
da “ciência” teologia católica. A prática teológica no catolicismo, tem como sua ferramenta 
a catequese, ou melhor especificando, a relação da Igreja com o mundo e, sendo mais, 
específico ainda, como tem se desenvolvido a relação da igreja com o todo, como ela se 
comunica e dialoga com as diferentes necessidades.
Para poder analisar sua ação, a teologia prática se departamentaliza, se dividindo 
em áreas, as quais são analisadas, cada uma em sua ótica e necessidade. Se retornarmos 
ao movimento querigmático, vamos lembrar que a preocupação que levou este movimento 
a surgir foi em estabelecer uma comunicação mais simples entre a teologia e o povo. 
38UNIDADE I Conhecendo a Teologia 38UNIDADE II Teologia Católica Romana
Assim, atualmente, a Teologia Litúrgica e a Teologia Sacramental, surgem como 
disciplinas dentro da teologia prática, a fim de analisar e dinamizar a interação dos ritos com 
os seus fins e propósitos. É algo que faz todo o sentido, pois, o teólogo precisa transmitir o 
que lhe é inspirado, de forma organizada e simples, trazendo uma compreensão litúrgica.
FIGURA 2 - A TEOLOGIA EM PRÁTICA - MITRAPUR, ÍNDIA - 26 DE FEVEREIRO DE 2020: 
Católicos fiéis durante uma missa ao ar livre na vila de Mitrapur, Bengala Ocidental, Índia
Temos outra disciplina que é conhecida como Teologia do Direito Canônico, que 
analisa os procedimentos e normas jurídicas da Igreja e viabiliza a prática dentro das nor-
mas. O direito canônico se utiliza dos mandamentos dados por Jesus a sua Igreja e ao 
poder que ela exerce.
Outra interdisciplinar da teologia prática é a Teologia Pastoral, que cuida da apli-
cação dos ensinos e ações teológicas da Igreja no dia-a-dia, ou melhor, no cotidiano da 
comunidade como um todo. É esta interdisciplinar que traz o dinamismo à liderança da 
igreja local perante seus membros.
Por fim, temos a última interdisciplinar, a Teologia Espiritual, que trata, em resumo, 
da trajetória do espírito humano em busca de atingir a perfeição e a santidade, que ocorre 
em Cristo Jesus. Esta interdisciplinar se dividirá ainda em duas: ascética e mística, que são 
definidas pelo objeto de estudo. A primeira tem como objeto a teoria e a prática da perfeição 
cristã até o estado contemplativo e a segunda tem como objeto a própria contemplação. 
(LIBÂNIO e MURAD, 1996, p. 226-228)
Ao entendermos este tópico sobre a prática teológica católica, vamos observar, 
quando estudarmos outras correntes teológicas, que a teologia católica se apresenta bem 
mais organizada neste aspecto de condução e sistematização de suas práticas ministeriais, 
é um método que surgiu para que os ensinos não sofressem influências na linha de frente 
da ministração da Palavra.
39UNIDADE I Conhecendo a Teologia 39UNIDADE II Teologia Católica Romana
4.2 Teologia Sistemática
Teologia sistemática nada mais é que um estudo “ordenado” ou “organizado” da Bíblia. 
É a própria designação da palavra sistemática que quer dizer “conjunto de elementos classifica-
dos e organizados entre si segundo um ou mais critérios” (SISTEMÁTICA, 2021, online)
A teologia sistemática, parte primeiramente do que diz a Palavra sobre Revelação 
e em seguida, o que a Palavra nos diz sobre Deus é e assim o que ela diz sobre Jesus e 
depois sobre tudo o que Jesus fez pelo homem. Assim, fica claro que a base da sistemati-
zação é unicamente a Palavra. 
Na sequência da linha de sistematização, será considerado a doutrina do homem, 
do pecado, santificação, Igreja e dos finais dos tempos. Desta forma, fica claro que a 
sistematização é por tema, assunto, relevância e não é uma ordem cronológica ou de 
cânon, livros. Então, temos agora um horizonte aberto para sabermos onde vamos buscar 
um estudo alinhado das prioridades teológicas, dentro do estudo teológico. A disciplina de 
teologia sistemática se subdivide nela mesmo, mantendo a linha geral, ou seja, teremos 
uma divisão em níveis: sobre a Revelação e Deus, Teologia Sistemática I, sobre o homem, 
pecado... Teologia Sistemática II, e assim por diante, costumeiramente até o nível sete, 
sendo sua melhor divisão:
QUADRO 1 - ORDEM DA TEOLOGIA SISTEMÁTICA
Teologia Sistemática
Parte 1 - Introdução.
Parte 2 - A Doutrina de Deus.
Parte 3 - A Doutrina do Homem.
Parte 4 - As Doutrinas de Cristo e do Espírito Santo.
Parte 5 - A Doutrina da Aplicação da Redenção.
Parte 6 - A Doutrina da Igreja.
Parte 7 - A Doutrina do Futuro.
Fonte: O autor (2021).
40UNIDADE I Conhecendo a Teologia 40UNIDADE II Teologia Católica Romana
SAIBA MAIS
NOMES DOS PAPAS - Durante muitos séculos, os Papas eleitos utilizavam os seus no-
mes de batismo. Porém, isso mudou no ano de 533, com a eleição de Mercúrio. Como 
não ficaria bem para o representante da Igreja Católica utilizar o nome de um deus pa-
gão, ele optou por mudar o seu nome e decretou que, durante o seu papado, seria cha-
mado de João II. Esse costume passou a ser utilizado pelos seus sucessores, e quase 
todos os Papas mudam o seu nome desde o século X, sendo que o último a utilizar o 
nome de batismo durante o pontificado foi Marcelo II, no ano de 1555.
Fonte: G1. Saiba como será escolhido o nome do novo Papa. 2013. Disponível em: http://g1.globo.com/
mundo/renuncia-sucessao-papa-bento-xvi/noticia/2013/03/saiba-como-sera-escolhido-o-nome-do-novo-
-papa.html. Acesso em: 16 set. 2021.
SAIBA MAIS
CELIBATO - Originalmente, os primeiros sacerdotes católicos não precisavam ser celi-
batários. “Isso foi sendo reconhecido como um valor importante ao longo dos séculos”, 
afirma Ribeiro Neto. “Assim, entre os católicos de rito oriental (os ortodoxos), até hoje 
existem padres casados.”
Por volta dos séculos 3º e 4º já existiam movimentos dentro do catolicismo propondo 
que os religiosos deveriam praticar o celibato. “Mas é no primeiro e no segundo concí-
lios de Latrão, ao longo do século 12, que se estabelece a obrigatoriedade definitiva do 
celibato aos clérigos católicos romanos”, relata o sociólogo. Outros concílios prévios já 
mencionaram o tema, propondo a abstenção sexual de sacerdotes e proibindo o casa-
mento de monges e freiras foi proibido.
Fonte: BBC News. Quando e por que a Igreja Católica passou a impor o celibato aos padres. Disponível 
em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-45489668. Acesso em: 16 set. 2021.
41UNIDADE I Conhecendo a Teologia 41UNIDADE II Teologia Católica Romana
REFLITA
A Igreja Católica, mantém o celibato porque acredita que os padres celibatários desem-
penham suas funções religiosas melhor do que os casados, segundo os especialistas. 
O que você acha e o que você diria?
Fonte: O autor (2021).
42UNIDADE I Conhecendo a Teologia 42UNIDADE II Teologia Católica Romana
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da segunda unidade de nossa Introdução à Teologia e conhece-
mos a história da primeira igreja cristã e, consequentemente, a primeira linha teológica que 
surgiu. Como dissemos na introdução, essa é uma linha de tempo muito ampla, são vários 
acontecimentos, portanto, nos apegamos aos principais. 
E cada etapa desta história, deve ter produzido reações e frutos que não conse-
guiríamos dimensionar todos aqui, são vários pensadores que criticaram e buscaram a 
melhoria do sistema religioso preponderante. 
No primeiro tópico, abordamos a história do catolicismo, iniciamos de um ponto 
onde a teologia já estava institucionalizada e passava a ser alvo de ataques frequentes, 
tanto internos quanto externos.
No segundo tópico, falamos sobre a Reforma Protestante, talvez o maior embate 
interno dentro da instituição, que, não só dividiu os clérigos, como, provocou uma reação 
dentro da instituição.
No tópico terceiro, fomos um pouco mais ao sentido acadêmico da teologia católica, 
pois é necessário entender que a referida corrente teológica tem seus componentes com-
pletos, a espiritualidade, a intelectualidade e a eclesialidade, entre tantas outras disciplinas

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