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Página 1 Copyright (c) 2013 - 2020 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância S.A. - Todos os direitos reservados 91. PUC-CAMPINAS 2016 A evolução dos maquinismos humanos é uma evidência do progresso tecnológico. No Modernismo de 22, há alguma euforia com os avanços da era industrial e da mecanização, tal como se pode observar a. em tendências nacionalistas e primitivistas, como as do Verde-amarelismo, grupo em que sobressaem os nomes de Cassiano Ricardo e Menotti del Picchia. b. na valorização de uma “pauliceia desvairada”, tal como Mário de Andrade interpretou o novo ritmo cultural e econômico em que se desenvolvia sua cidade. c. em nomes como Lima Barreto e Euclides da Cunha, escritores que saudaram com otimismo a superação dos hábitos conservadores de nossa cultura. d. em obras como Os sertões e Sagarana, que historiam a passagem de uma cultura rural para uma cultura fundamentada em hábitos metropolitanos. e. na poesia de Cecília Meireles, voltada para o reconhecimento e a afirmação do que havia de inventivo em outras artes, como o cinema e a arquitetura. 92. UNB 2012 Orações Quantas orações andam por aí impressas em folhetinhos maus, vendidas nas grandes livrarias e nos alfarrabistas, exportadas para a província em grossos maços, ou simplesmente manuscritas, de mão em mão, amarradas ao pescoço dos mortais em forma de breve! Há, nessa estranha literatura, edições raras, exemplares únicos que se compram a peso de ouro; orações árabes dos negros muçulmins, cuja tradução não se vende nem por cinquenta mil réis; orações de pragas africanas, para dizer três vezes com um obi na boca; orações para todas as coisas possíveis e impossíveis. O homem é o animal que acredita — principalmente no absurdo. Levei muito tempo a colecionar essas súplicas bizarras. Há mais de mil (...). Há até orações a santos que o Papa desconhece e nunca foram canonizados, como a oração de S. Gurmim, boa para a dor de calos, e a de S. Puiúna, infalível nas nevralgias. Os homens vivem no mistério das palavras conciliadoras. João do Rio. A alma encantadora das ruas. São Paulo: Companhia de Bolso, 2012, p. 71. A obra de João do Rio, embora não esteja diretamente associada às obras dos modernistas de 22, compartilha com elas algumas características. Uma dessas características é a. a valorização do multiculturalismo como elemento-chave da formação da sociedade brasileira. b. a proposta de incorporação ao português do Brasil do vocabulário de línguas de matrizes indígenas e africanas. c. a contestação da autoridade religiosa cristã exercida sobre os costumes da população. d. a revisão da sintaxe padrão da língua portuguesa, assumindo-se ostensivamente formas da oralidade na escrita. 93. UPE 2015 Em relação à Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto, coloque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas. ( ) Trata-se do relato da história de um retirante que, tomando como modelo Vidas secas, deixa seu torrão natal e vai para a metrópole em busca de melhor qualidade de vida. Assim, Severino, protagonista do Auto de Natal pernambucano, chega ao Recife e consegue ascender socialmente, pois é contratado para trabalhar em uma fábrica atingindo seus objetivos. ( ) Integra o texto cabralino uma cena intitulada Funeral do lavrador, composta por redondilhas, a qual foi musicada por Chico Buarque de Holanda, na década de 1970, momento de plena ditadura. Contudo, o texto não sofreu nenhuma censura do sistema constituído, por não apresentar ideologia, na época, considerada subversiva. ( ) Morte e vida severina segue a estrutura de um auto. Como romance que é, em treze capítulos, a personagem central desloca-se da Serra da Costela, situada no interior de Alagoas, vem margeando o Rio Capibaribe, chega ao Recife, onde se encontra com Mestre Carpina. Página 2 Copyright (c) 2013 - 2020 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância S.A. - Todos os direitos reservados ( ) O texto de João Cabral é composto por versos metrificados, redondilhas, numa perfeita harmonia entre a personagem e a linguagem, peculiar à literatura popular desde os autos do teatrólogo português Gil Vicente até a atualidade. ( ) Nos versos: “E se somos Severinos / iguais em tudo na vida, / morremos de morte igual, / mesma morte severina: / que é a morte de que se morre / de velhice antes dos trinta”, encontramos o uso de aliterações que trazem musicalidade ao texto. Além disso, a palavra severina exerce uma função adjetiva, pois qualifica o substantivo morte de modo criativo e inusitado. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA. a. F- F- F- V- V b. V- V- V- F- V c. V- V- F- F- V d. V- F- V- F- V e. V- V- V- F- F 94. PUC-CAMPINAS 2015 Lê-se numa crônica de Manuel Bandeira, escrita em 1934: Tenho um amigo que andou alguns anos na Alemanha onde gozou, como bom brasileiro, da liberdade de costumes que vai por lá. Mas parece que houve um momento em que se descuidou, e o resultado foi uma paternidade, bravamente aceita. Voltou para o Brasil, veio depois a vitória nazista, e agora chega uma carta em que se lhe pede que prove perante os tribunais alemães a sua qualidade de ariano. (...) A carta acabava como acabam hoje todas as cartas dos alemães que se conformaram com o nazismo – com um “Heil Hitler!”, como quem diz “ciao”. (Crônicas inéditas. São Paulo: Cosac Naify, 2009, p. 160. Org. por Julio Castañon Guimarães) Soube-se depois que esse “amigo” a que discretamente se referia Manuel Bandeira era Sérgio Buarque de Holanda, autor de Raízes do Brasil, um clássico da época, assim como o foi Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre. A respeito do texto acima é correto afirmar: a. Os livros de Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre, considerados clássicos da época, foram importantes para a eclosão do movimento abolicionista. b. Autor de finas crônicas, Manuel Bandeira foi sobretudo um poeta modernista capaz de produzir alta poesia com base em experiências vividas no mais simples cotidiano. c. O autor do texto sugere que as expressões “Heil Hitler” e “ciao”, em suas respectivas línguas, são formas de tratamento informais e afetivas. d. Depreende-se das informações desse texto de 1934 que a tenebrosa tese da superioridade ariana nasceu com o desenvolvimento da Segunda Guerra. e. As publicações e os acontecimentos históricos referidos no texto podem ser considerados antecedentes das vanguardas modernistas no Brasil e na Europa. 95. PUC-CAMPINAS 2015 No famoso poema de Manuel Bandeira “Vou-me embora pra Pasárgada”, leem-se estes versos: E quando estiver cansado Deito na beira do rio Mando chamar a mãe-d´água Pra me contar as histórias Que no tempo de eu menino Rosa vinha me contar. Percebe-se que a Pasárgada do poeta Página 3 Copyright (c) 2013 - 2020 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância S.A. - Todos os direitos reservados a. é o país do futuro em que todos nos livraremos das memórias. b. é o espaço de utopias inteiramente estranhas ao poeta. c. compõe-se tanto de lendas como de lembranças felizes. d. compõe-se de melancolias e desesperanças. e. é a ilha em que o poeta aprenderá a cultivar a solidão. 96. ENEM PPL 2011 Morte e vida Severina Somos muitos Severinos iguais em tudo na vida: na mesma cabeça grande que a custo é que se equilibra, no mesmo ventre crescido sobre as mesmas pernas finas, e iguais também porque o sangue que usamos tem pouca tinta. E se somos Severinos iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte Severina: que é a morte de que se morre de velhice antes dos trinta de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia. MELO NETO, J. C. Obra completa. Rio Janeiro: Nova Aguilar, 1994 (fragmento). Nesse fragmento, parte de um auto de Natal, o poeta retrata uma situação marcada pela a. presença da morte, que universaliza os sofrimentos dos nordestinos. b. figura dohomem agreste, que encara ternamente sua condição de pobreza. c. descrição sentimentalista de Severino, que divaga sobre questões existenciais. d. miséria, à qual muitos nordestinos estão expostos, simbolizada na figura de Severino. e. opressão socioeconômica a que todo ser humano se encontra submetido. 97. UNIFESP 2002 Uma linha de coerência se esboça através dos zigue-zagues de sua vida. Ora espiritualista, ora marxista, criando um dia o Pau-Brasil, e logo buscando universalizá-lo em antropofagia, primitivo e civilizado a um tempo, como observou Manuel Bandeira, solapando o edifício burguês sem renunciar à habitação em seus andares mais altos, Oswald manteve sempre intata sua personalidade, de sorte a provocar, ainda em seus últimos dias, a irritação ou a mágoa que inspirava quando fauve modernista de 1922. (Carlos Drummond de Andrade, Poesia e prosa.) Na crônica de Carlos Drummond de Andrade, há uma referência ao movimento da Antropofagia, do qual participaram vários escritores modernistas. Os poetas, artistas e intelectuais que participaram desse movimento antropófago, quaisquer que sejam suas fases, são: a. Gilberto Freyre, Mário de Andrade, Cassiano Ricardo e Jorge de Lima. b. Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Raul Bopp e Antonio de Alcântara Machado. c. Vinícius de Moraes, Jorge de Lima, Cecília Meireles e Murilo Mendes. d. Carlos Drummond de Andrade, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Jorge de Lima. e. Gilberto Freyre, Graciliano Ramos, Alceu Amoroso Lima e Oswald de Andrade. 98. ENEM PPL 2009 Resolvo-me a contar, depois de muita hesitação, casos passados há dez anos — e, antes de começar, digo os motivos por que silenciei e por que me decido. Não conservo notas: algumas que tomei foram inutilizadas e, assim, com o decorrer do tempo, ia-me parecendo cada dia mais difícil, quase impossível, redigir esta narrativa. Além disso, julgando a matéria superior às minhas forças, esperei que outros mais aptos se ocupassem dela. Não vai aqui falsa modéstia, como adiante se verá. Também me afligiu a idéia de jogar no papel criaturas vivas, sem disfarces, com os nomes que têm no registro civil. Repugnava-me deformá-las, dar-lhes pseudônimo, fazer do livro uma espécie de romance; mas Página 4 Copyright (c) 2013 - 2020 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância S.A. - Todos os direitos reservados teria eu o direito de utilizá-las em história presumivelmente verdadeira? Que diriam elas se se vissem impressas, realizando atos esquecidos, repetindo palavras contestáveis e obliteradas? RAMOS, Graciliano. Memórias do cárcere. Rio de Janeiro: Record, 2000, v.1, p. 33. Em relação ao seu contexto literário e sócio-histórico, esse fragmento da obra Memórias do Cárcere, do escritor Graciliano Ramos, a. inova na ficção intimista que caracteriza a produção romanesca do modernismo da década de 30 do século XX. b. aborda literariamente teses socialistas, o que faz do romance de Graciliano Ramos um texto panfletário. c. é marcada pelo traço regionalista pitoresco e romântico, que é retomado pelo autor em pleno modernismo. d. apresenta, em linguagem conscientemente trabalhada, a tensão entre o eu do escritor e o contexto que o forma. e. configura-se como uma narrativa de linguagem rebuscada e sintaxe complexa, de difícil leitura. 99. UNESPAR 2011 A segunda geração modernista na prosa, também conhecida como modernismo regionalista, tem como expoentes: Jorge Amado, além de: a. José Lins do Rego e Clarice Lispector. b. Érico Veríssimo e Rachel de Queiroz. c. Graciliano Ramos e Guimarães Rosa. d. Mario e Oswald de Andrade. e. João Cabral de Melo Neto e Patrícia Galvão. 100. UEMA 2016 Procura da Poesia [...] Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. Estão paralisados, mas não há desespero, há calma e frescura na superfície intata. Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário. Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. [...] Não forces o poema a desprender-se do limbo. Não colhas no chão o poema que se perdeu. Não adules o poema. Aceita-o omo ele aceitará sua forma definitiva e concentrada no espaço. Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma em mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrível, que lhe deres: Trouxeste a chave? Repara: ermas de melodia e conceito, elas se refugiaram na noite, as palavras. Ainda úmidas e impregnadas de sono, rolam num rio difícil e se transformam em desprezo. ANDRADE, Carlos Drummond de. A Rosa do Povo. 1 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. A Rosa do Povo, de Drummond, foi publicada em 1945, ao final da Segunda Guerra Mundial, e traz alguns poemas que enfocam anseios e questionamentos advindos desse momento histórico. Levando em conta o verso “Trouxeste a chave?”, pode-se inferir uma voz a. orgulhosa, que indicia um falante seguro no processo de seleção vocabular poética. b. crítica, que se refere à escassez vocabular dos dicionários quanto às palavras que atendem à linguagem poética. c. introspectiva, que sinaliza para o leitor a tensão do enigma, resistência x disponibilidade, da palavra ao discurso poético. d. convincente, que exige a necessidade de inventar palavras novas para atualizar a linguagem poética. e. doutrinária, que ensina o leitor a aprisionar as palavras para a criação de uma linguagem poética. 101. ENEM 2011 TEXTO I O meu nome é Severino, não tenho outro de pia. Página 5 Copyright (c) 2013 - 2020 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância S.A. - Todos os direitos reservados Como há muitos Severinos, que é santo de romaria, deram então de me chamar Severino de Maria; como há muitos Severinos com mães chamadas Maria, fiquei sendo o da Maria do finado Zacarias, Mas isso ainda diz pouco: há muitos na freguesia, por causa de um coronel que se chamou Zacarias e que foi o mais antigo senhor desta sesmaria. Como então dizer quem falo ora a Vossas Senhorias? MELO NETO, J. C. Obra Completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994 (fragmento). TEXTO II João Cabral, que já emprestara sua voz ao rio, transfere-a, aqui, ao retirante Severino, que, como o Capibaribe, também segue no caminho do Recife. A autoapresentação do personagem, na fala inicial do texto, nos mostra um Severino que, quanto mais se define, menos se individualiza, pois seus traços biográficos são sempre partilhados por outros homens. SECCHIN, A. C. João Cabral: a poesia do menos. Rio de Janeiro: Topbooks, 1999 (fragmento). Com base no trecho de Morte e Vida Severina (Texto I) e na análise crítica (Texto II), observa-se que a relação entre o texto poético e o contexto social a que ele faz referência aponta para um problema social expresso literariamente pela pergunta “Como então dizer quem fala / ora a Vossas Senhorias?”. A resposta à pergunta expressa no poema é dada por meio da a. descrição minuciosa dos traços biográficos do personagem-narrador. b. construção da figura do retirante nordestino como um homem resignado com a sua situação. c. representação, na figura do personagem-narrador, de outros Severinos que compartilham sua condição. d. apresentação do personagem-narrador como uma projeção do próprio poeta, em sua crise existencial e. descrição de Severino, que, apesar de humilde, orgulha-se de ser descendente do coronel Zacarias. 102. PUC-CAMPINAS 2016 Retrato do Brasil: ensaio sobre a tristeza brasileira, de Paulo Prado (escritor a quem Mário de Andrade dedicou Macunaíma), é hoje um livro quase esquecido. Quando saiu, porém, alcançou êxito excepcional: quatro edições entre 1928 e 1931. O momento era propício para tentar explicações do Brasil, país que se via a si mesmo como um ponto de interrogação. Terra tropical e mestiça condenada ao atraso ou promessa de um eldorado sul-americano? (BOSI, Alfredo. Céu, Inferno. São Paulo:Ática, 1988, p. 137) A tendência de se aprofundar o conhecimento do Brasil, numa linha nacionalista e tropical, no período referido no texto, está indiciada já em expressões que identificam obras e grupos literários, tais como a. Vamos caçar papagaios e Verde-amarelismo. b. A frauta de Pã e Tropicália. c. Os sertões e Pós-modernismo. d. A cinza das horas e Futurismo. e. Sentimento do mundo e Neoliberalismo. 103. UNESPAR 2011 São características do Segundo Tempo da Poesia Modernista (anos 30): I) Liberdade temática, o verso livre. II) Gosto da expressão atualizada. III) Poesia de cosmovisão, com tom intimista. IV) Revivificação da cultura brasileira, sobretudo o folclore. V) Tom combativo, eufórico, de empolgação. Página 6 Copyright (c) 2013 - 2020 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância S.A. - Todos os direitos reservados Está(ão) correta(s): a. I e IV. b. III e V. c. I, II e III. d. II, III e IV. e. III, IV e V. 104. FCMMG 2006 “A literatura, na prosa dos ficcionistas, na inspiração dos poetas, na invenção da vida transposta ao teatro, é um mundo inexaurível de documentos que podem servir ao historiador médico”. (NAVA, Pedro. A medicina de Os Lusíadas. Cotia: Ateliê, 2004. p.18) Guimarães Rosa era médico. Depreende-se dos trechos abaixo um certo interesse ligado à medicina, EXCETO: a. “Daí, mais para adiante, dei para tremer com uma febre. Terçã. Mas o sentido do tempo o senhor entende, resenha duma viagem. Contar que o senhor fosse.” b. “Mas, entre as vertentes, no Corguinho rabo serelepe que passamos, de beiras de terra preta, só os animais foram que beberam a toda sede: que, nós, mesmo da água corrente a gente se receava. Donde é que decorre a peste?” c. “Matou – enquanto ele estava dormindo – assim despejou no buraquinho do ouvido dele, por um funil, um terrível escorrer de chumbo derretido. O marido passou, lá o que diz – do oco para o ocão – do sono para a morte, e lesão no buraco do ouvido dele ninguém não foi ver, não se notou.” d. “A ver como veja: tem sofrimento legal padecido, e mordido remordido sofrimento; assim do mesmo que tem roubo sucedido e roubo roubado. Me entende? Dias que marquei: foram onze. Certo que a guerra ia indo.” 105. UNIPAM 2013 O leitor ideal, de Mário Quintana O leitor ideal para o cronista seria aquele a quem bastasse uma frase. Uma frase? Que digo? Uma palavra! O cronista escolheria a palavra do dia: “Árvore”, por exemplo, ou “Menina”. Escreveria essa palavra bem no meio da página, com espaço em branco para todos os lados, como um campo aberto para os devaneios do leitor. Imaginem só uma meninazinha solta no meio da página. Sem mais nada. Até sem nome. Sem cor de vestido nem de olhos. Sem se saber para onde ia... Que mundo de sugestões e de poesia para o leitor! E que cúmulo de arte a crônica! Pois bem sabeis que arte é sugestão... E se o leitor nada conseguisse tirar dessa obra-prima, poderia o autor alegar, cavilosamente, que a culpa não era do cronista. Mas nem tudo estaria perdido para esse hipotético leitor fracassado, porque ele teria sempre à sua disposição, na página, um considerável espaço em branco para tomar seus apontamentos, fazer os seus cálculos ou a sua fezinha... Em todo caso, eu lhe dou de presente, hoje, a palavra “Ventania”. Serve? (QUINTANA, Mário. Porta giratória. São Paulo: Globo, 1988) Esse texto de Mário Quintana classifica-se como a. romântico, já que o autor pressupõe a existência de um leitor ideal. b. realista, já que o autor ironiza a falta de devaneios de alguns leitores. c. simbolista, já que a imaginação do autor sobrepõe-se ao que é leitura de fato. d. modernista, já que o autor aborda o tema por meio de uma sintaxe liberta de formalismos. Página 7 Copyright (c) 2013 - 2020 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância S.A. - Todos os direitos reservados 106. UNIPAM 2012 Numere a 2ª coluna, composta de fragmentos de textos poéticos, com a 1ª, composta de diferentes modos como a vida pode ser abordada por escritores de épocas distintas. (1) Vida como momento de consciência de efemeridades. (2) Vida como momento de distanciamentos amorosos. (3) Vida como momento de reflexões metafísicas. (4) Vida como momento de refúgios sem destinos. ( ) Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar? amar e esquecer, amar e malamar, amar, desamar, amar? sempre, e até de olhos vidrados, amar? [....] Este o nosso destino: amor sem conta, distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas, doação ilimitada a uma completa ingratidão, e na concha vazia do amor a procura medrosa, paciente, de mais e mais amor. [...] (Carlos Drummond de Andrade) ( ) Nise? Nise? onde estás? Aonde espera Achar te uma alma, que por ti suspira, Se quanto a vista se dilata, e gira, Tanto mais de encontrar te desespera! [...] Nem ao menos o eco me responde! Ah como é certa a minha desventura! Nise? Nise? onde estás? aonde? aonde? (Cláudio Manuel da Costa) ( ) Discreta e formosíssima Maria, Enquanto estamos vendo a qualquer hora Em tuas faces a rosada Aurora, Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia: [...] Oh não aguardes, que a madura idade Te converta em flor, essa beleza Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada. (Gregório de Matos) ( ) Eu durmo e vivo ao sol como um cigano, Fumando meu cigarro vaporoso; Nas noites de verão namoro estrelas; Sou pobre, sou mendigo e sou ditoso! [...] Tenho por palácio as longas ruas; Passeio a gosto e durmo sem temores; Quando bebo, sou rei como um poeta, E o vinho faz sonhar com os amores. (Álvares de Azevedo) Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA a. 4 – 1 – 3 – 2 b. 3 – 2 – 1 – 4 c. 1 – 4 – 2 – 3 d. 2 – 3 – 4 – 1 107. UFRGS 2015 Assinale a alternativa correta sobre a Semana de Arte Moderna. a. A Semana de Arte Moderna, liderada por intelectuais e políticos paulistas, foi o evento que coroou o Modernismo Brasileiro, com a publicação de Macunaíma , de Mario de Andrade. b. O Modernismo foi um movimento isolado, ocorrido na cidade de São Paulo, sem repercussão nacional. c. A briga entre Graça Aranha e Anita Malfatti serviu de inspiração para a concepção da Semana. d. A prática dos Manifestos, muito comum nas vanguardas europeias, foi repetida pelos modernistas, como forma de veicular seus ideais estéticos e sociais. e. As vanguardas europeias, por seu caráter destruidor e localista, são copiadas e seguidas pelos artistas brasileiros, como Monteiro Lobato, Murilo Mendes e Raul Bopp. 108. UFRGS 2015 Página 8 Copyright (c) 2013 - 2020 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância S.A. - Todos os direitos reservados Leia as seguintes afirmações sobre a obra de Graciliano Ramos. I - No romance Angústia , Luís da Silva narra seu dilema de ou casar-se com a vizinha Marina ou mudar-se para o Rio de Janeiro para trabalhar como funcionário público. II - Em São Bernardo , Paulo Honório, narrador protagonista, recupera sua trajetória de sucesso econômico, mas de fracasso afetivo. III- No romance Vidas secas , é narrada a dura trajetória de uma família de retirantes, que luta contra as condições adversas, tanto naturais como sociais. Quais estão corretas? a. Apenas I. b. Apenas II. c. Apenas I e II. d. Apenas II e III. e. I, II e III. 109. ENEM PPL 2009 A poesia que floresceu nos anos 70 do século XX é inquieta, anárquica, contestadora. A “poesia marginal”, como ficou conhecida, não se filia a nenhuma estética literária em particular, embora seja possível ver nela traços de algumas vanguardas que a precederam, como no poema a seguir. S.O.S Chacal (...) nós que não somos médicos psiquiatras nem ao menos bons cristãos nos dedicamos a salvar pessoas que como nós sofrem de um mal misterioso: o sufoco CAMPEDELLI, Samira Y. Poesia Marginal dos Anos 70. São Paulo: Scipione, 1995 (adaptado). Da leitura do poema e do texto crítico acima, infere-se que a poesia dos anos 70 a. recuperoutraços da produção de vanguarda modernista. b. eliminou o diálogo com as artes visuais e as artes plásticas. c. utilizou com frequência versos metrificados e temas românticos. d. valorizou a linguagem poética das formas consagradas. e. atribuiu ao espaço poético um lugar de fuga e escapismo. 110. PUC-CAMPINAS 2016 Considere o texto abaixo. Contraditoriamente, foi o patrocínio da fração mais europeizada da aristocracia rural de São Paulo, aberta às influências internacionais, que permitiu o florescimento das inovações estéticas. O café pesou mais do que as indústrias. Os velhos troncos paulistas, ameaçados em face da burguesia e da imigração, se juntaram aos artistas numa grande “orgia intelectual”, conforme a definição de Mário de Andrade. Segundo ele, “foi da proteção desses salões literários [promovidos pela aristocracia rural] que se alastrou pelo Brasil o espírito destruidor do movimento modernista.” (MARQUES, Ivan. Cenas de um modernismo de província. São Paulo: Editora 34, 2011, p. 11) Sobre o movimento a que o texto se refere é correto afirmar que, além de ter sido uma manifestação intelectual e artística, a. foi um movimento político de contestação à ordem social vigente, na medida em que rompeu com o conservadorismo elitista dominante nas artes. Página 9 Copyright (c) 2013 - 2020 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância S.A. - Todos os direitos reservados b. expressou a pujança do movimento operário e sua oposição à dominação oligárquica ao utilizar as novas maneiras de encarar as artes. c. foi um movimento de protesto em relação às formas de expressão primitivista, que até então predominavam nas artes plásticas e na literatura. d. reafirmou os valores artísticos do Brasil rural e patriarcal, assim como a permanência da estética naturalista e simplista da arte nacional. e. transformou-se num marco de resistência artística à política tradicional da República Velha e ao modernismo norte-americano dominante. 111. ENEM 2009 Confidência do Itabirano Alguns anos vivi em Itabira. Principalmente nasci em Itabira. Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. Noventa por cento de ferro nas calçadas. Oitenta por cento de ferro nas almas. E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação. A vontade de amar, que me paralisa o trabalho, vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes. E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, é doce herança itabirana. De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço: esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil, este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval; este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas; este orgulho, esta cabeça baixa... Tive ouro, tive gado, tive fazendas. Hoje sou funcionário público. Itabira é apenas uma fotografia na parede. Mas como dói! ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003. Carlos Drummond de Andrade é um dos expoentes do movimento modernista brasileiro. Com seus poemas, penetrou fundo na alma do Brasil e trabalhou poeticamente as inquietudes e os dilemas humanos. Sua poesia é feita de uma relação tensa entre o universal e o particular, como se percebe claramente na construção do poema Confidência do Itabirano. Tendo em vista os procedimentos de construção do texto literário e as concepções artísticas modernistas, conclui-se que o poema acima a. representa a fase heroica do modernismo, devido ao tom contestatório e à utilização de expressões e usos linguísticos típicos da oralidade. b. apresenta uma característica importante do gênero lírico, que é a apresentação objetiva de fatos e dados históricos. c. evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a sua comunidade, por intermédio de imagens que representam a forma como a sociedade e o mundo colaboram para a constituição do indivíduo. d. critica, por meio de um discurso irônico, a posição de inutilidade do poeta e da poesia em comparação com as prendas resgatadas de Itabira. e. apresenta influências românticas, uma vez que trata da individualidade, da saudade da infância e do amor pela terra natal, por meio de recursos retóricos pomposos. 112. UFRGS 2015 Leia abaixo a letra da canção Baby – composição de Caetano Veloso e interpretação de Gal Costa – que integra o álbum Tropicália ou Panis et Circencis. Baby Você precisa saber da piscina Da margarina Da Carolina Da gasolina Página 10 Copyright (c) 2013 - 2020 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância S.A. - Todos os direitos reservados Você precisa saber de mim Baby baby Eu sei que é assim Você precisa tomar um sorvete Na lanchonete Andar com a gente Me ver de perto Ouvir aquela canção do Roberto Baby baby Há quanto tempo Você precisa aprender inglês Precisa aprender o que eu sei E o que eu não sei mais E o que eu não sei mais Não sei, comigo vai tudo azul Contigo vai tudo em paz Vivemos na melhor cidade Da América do Sul Da América do Sul Você precisa Você precisa Não sei Leia na minha camisa Baby baby I love you Considere as seguintes afirmações sobre a canção Baby . I - As expressões em língua estrangeira (“Baby”, “I love you”) e a constatação de que “você precisa aprender inglês” demonstram postura favorável aos Estados Unidos do grupo tropicalista que renegava a língua e a cultura brasileiras. II - A repetição de “você precisa” impõe uma situação conativa, na qual o sujeito cancional faz apelos diretos ao interlocutor. III- O paralelismo rimado inclui, entre as mercadorias “piscina”, “margarina” e “gasolina”, a canção Carolina , de Chico Buarque. Quais estão corretas? a. Apenas I. b. Apenas II. c. Apenas I e II. d. Apenas II e III. e. I, II e III. 113. PUC-CAMPINAS 2016 Considere o texto abaixo. Contraditoriamente, foi o patrocínio da fração mais europeizada da aristocracia rural de São Paulo, aberta às influências internacionais, que permitiu o florescimento das inovações estéticas. O café pesou mais do que as indústrias. Os velhos troncos paulistas, ameaçados em face da burguesia e da imigração, se juntaram aos artistas numa grande “orgia intelectual”, conforme a definição de Mário de Andrade. Segundo ele, “foi da proteção desses salões literários [promovidos pela aristocracia rural] que se alastrou pelo Brasil o espírito destruidor do movimento modernista.” (MARQUES, Ivan. Cenas de um modernismo de província. São Paulo: Editora 34, 2011, p. 11) Página 11 Copyright (c) 2013 - 2020 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância S.A. - Todos os direitos reservados O “espírito destruidor” que costuma atuar num movimento de vanguarda está presente e bem tipificado nesta formulação de um manifesto estético do Modernismo: a. Das tuas águas tão verdes não havemos de nos afastar. b. Sê como o sândalo, que perfuma o machado que o fere. c. Ainda se rebelam na Hélade os engenheiros de nossa reconstrução. d. Penetra surdamente no reino das palavras. e. É preciso expulsar o espírito bragantino e as ordenações. ■ 114. UFAC 2011 Carlos Drummond de Andrade é um grande poeta da denominada Segunda Geração do Modernismo cujas principais características são: I. Grande preocupação com a renovação da linguagem. II. Arte pela arte. III. Produção com forte dimensão social. Das afirmações anteriores: a. Somente a afirmação I está correta. b. Somente a afirmação II está correta. c. Somente a afirmação III está correta. d. As afirmações I e III estão corretas. e. As afirmações II e III estão corretas. 115. UPF 2014 Conheci que Madalena era boa em demasia, mas não conheci tudo de uma vez. Ela se revelou pouco a pouco, e nunca se revelou inteiramente. A culpa foi minha, ou antes, a culpa foi desta vida agreste, que me deu uma alma agreste. E, falando assim, compreendo que perco o tempo. Com efeito, se me escapa o retrato moral de minha mulher, para que serve esta narrativa? Para nada, massou forçado a escrever. Quando os grilos cantam, sento-me aqui à mesa da sala de jantar, bebo café, acendo o cachimbo. Às vezes as ideias não vêm, ou vêm muito numerosas – e a folha permanece meio escrita, como estava na véspera. Releio algumas linhas, que me desagradam. Não vale a pena tentar corrigi-las. Afasto o papel. Emoções indefiníveis me agitam – inquietação terrível, desejo doido de voltar, tagarelar novamente com Madalena, como fazíamos todos os dias, a esta hora. Saudade? Não, não é isto: é desespero, raiva, um peso enorme no coração. Procuro recordar o que dizíamos. Impossível. As minhas palavras eram apenas palavras, e as dela tinham alguma coisa que não consigo exprimir. Para senti-las melhor, eu apagava as luzes, deixava que a sombra nos envolvesse até ficarmos dois vultos indistintos na escuridão. Lá fora os sapos arengavam, o vento gemia, as árvores do pomar tornavam-se massas negras. GRACILIANO RAMOS – São Bernardo A única afirmação que não corresponde ao texto acima é que Paulo Honório, personagem-narrador: a. atribui a sua dificuldade em conhecer e compreender Madalena às condições desfavoráveis em que formou a sua própria personalidade. b. confia na capacidade da sua memória para narrar a sua vida com Madalena e compreender a personalidade dela. c. considera que há uma diferença capital entre a sua personalidade e a de sua mulher, quanto a sensibilidade e linguagem. d. escreve a sua narrativa para tentar compreender a personalidade de Madalena, mas teme não conseguir tal objetivo. e. experimenta grandes dificuldades para compor a sua narrativa, mas sente que não pode desistir desse trabalho 116. UNESP 2002 Página 12 Copyright (c) 2013 - 2020 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância S.A. - Todos os direitos reservados Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz. Tupi, or not tupi, that is the question. Fragmento do Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade Analisando as ideias contidas nesses fragmentos, observa-se que a. O Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade, apesar do que parece, não se articula ao movimento antropófago do Modernismo brasileiro, cuja expressão máxima se deu em Macunaíma, de Mário de Andrade. b. Em Tupi or not tupi, that is the question, está implícita a crítica ao espírito de nacionalidade, falseado pelo estrangeirismo exacerbado entre nós, até os adventos do Modernismo. c. Ainda nos fragmentos citados, deve-se entender a aversão à cultura européia, e não a dialética de conjunção das raízes nacionais à cultura européia. d. A leitura dos três fragmentos acaba por desvendar a crítica à cultura brasileira, que não estaria muito distante do primitivismo antropofágico. e. O Manifesto Antropófago é contrário à mobilidade cultural advinda da mobilidade do pensamento e dos valores do homem em sociedade. 117. PUC-CAMPINAS 2016 Atente para estes versos de Manuel Bandeira, extraídos do poema “Minha terra”: Revi afinal o meu Recife. Está de fato completamente mudado. Tem avenidas, arranha-céus. É hoje uma bonita cidade. Diabo leve quem pôs bonita a minha terra. Nesses versos o poeta pernambucano a. renuncia ao estilo modernista, voltando ao verso clássico para poder saudar sua antiga cidade. b. admite que ele e sua cidade tiveram muito a ganhar com o irrecorrível processo de modernização. c. reconhece que a modernização altera as convicções que ele alimentava no passado. d. opõe a constatação do progresso de sua cidade à sua imagem afetiva guardada na memória. e. ironiza a beleza da cidade moderna enquanto idealiza a melancolia das cidadezinhas. 118. ENEM PPL 2015 Minha mãe achava estudo a coisa mais fina do mundo. Não é. A coisa mais fina do mundo é o sentimento. Aquele dia de noite, o pai fazendo serão, ela falou comigo: "Coitado, até essa hora no serviço pesado". Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente. Não me falou em amor. Essa palavra de luxo. PRADO, A. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1991. Um dos procedimentos consagrados pelo Modernismo foi a percepção de um lirismo presente nas cenas e fatos do cotidiano. No poema de Adélia Prado, o eu lírico resgata a poesia desses elementos a partir do(a) a. reflexão irônica sobre a importância atribuída aos estudos por sua mãe. Página 13 Copyright (c) 2013 - 2020 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância S.A. - Todos os direitos reservados b. sentimentalismo, oposto à visão pragmática que reconhecia na mãe. c. olhar comovido sobre seu pai, submetido ao trabalho pesado. d. reconhecimento do amor num gesto de aparente banalidade. e. enfoque nas relações afetivas abafadas pela vida conjugal. 119. MACKENZIE 2014 Poema Tirado de uma Notícia de Jornal João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro Bebeu Cantou Dançou Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado. Manuel Bandeira Sobre a primeira fase do Movimento Modernista, ao qual a crítica vincula Manuel Bandeira, todas as alternativas estão corretas, EXCETO: a. buscava inspiração nas ideologias concretistas para simplificação poética. b. objetivava o rompimento com as estruturas artísticas do passado. c. apresentava, em um primeiro momento, um caráter anárquico e destruidor. d. valorizava a língua “brasileira”. e. a postura nacionalista, do final dos anos 1920, apresentava uma vertente crítica e uma vertente ufanista. 120. UNIFESP 2008 É por causa do meu engraxate que ando agora em plena desolação. Meu engraxate me deixou. Passei duas vezes pela porta onde ele trabalhava e nada. Então me inquietei, não sei que doenças mortíferas, que mudança pra outras portas se passaram em mim, resolvi perguntar ao menino que trabalhava na outra cadeira. O menino é um retalho de hungarês, cara de infeliz, não dá simpatia alguma. E tímido, o que torna instintivamente a gente muito combinado com o universo no propósito de desgraçar esses desgraçados de nascença. “Está vendendo bilhete de loteria”, respondeu antipático, me deixando numa perplexidade penosíssima: pronto! Estava sem engraxate! Os olhos do menino chispeavam ávidos, porque sou um dos que ficam fregueses e dão gorjeta. Levei seguramente um minuto pra definir que tinha de continuar engraxando sapatos toda a vida minha e ali estava um menino que, a gente ensinando, podia ficar engraxate bom. (Mário de Andrade, Os Filhos da Candinha.) A desolação por que passa o narrador resulta a. do sumiço do engraxate, por quem o narrador, ao valer-se dos serviços, criara certa afeição. b. da ausência do engraxate, de cujos serviços, mesmo precários, aquele se valia. c. da presença do menino hungarês, pouco aberto ao diálogo, em substituição obrigatória ao antigo engraxate d. do sumiço do engraxate com quem ele evitava a todo custo criar laços afetivos. e. da necessidade dos serviços do tímido menino hungarês, que certamente não chegaria a ser bom engraxate GABARITO: 91) b, 92) a, 93) a, 94) b, 95) c, 96) d, 97) b, 98) d, 99) b, 100) c, 101) c, 102) a, 103) c, 104) d, 105) d, 106) b, 107) d, 108) d, 109) a, 110) a, 111) c, 112) d, 113) e, 114) d, 115) b, 116) b, 117) d, 118) d, 119) a, 120) a,
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