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Missões 
Transculturais 
 
 
 
 
Pr. Kenneth Eagleton 
 
 
 
 
 
 
Escola Teológica Batista Livre 
(ETBL) 
Campinas, SP 
 
2011 
1 
 
Missões Transculturais Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 
Sumário 
 
1- A motivação para missões 
2- Base bíblica de missões 
3- A história de missões 
4- O plano de missões 
5- A igreja enviadora 
6- O missionário 
7- O campo missionário 
8- Desafios atuais em missões 
2 
 
Missões Transculturais Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 
1- A Motivação Para Missões 
 
Você é salvo e está na igreja hoje por causa de algum missionário que veio ao Brasil. A 
história da evangelização do Brasil está intimamente ligada à chegada de missionários 
estrangeiros no país. Estes lançaram as bases da Igreja Evangélica e iniciaram um 
movimento de conversões; multiplicaram o número de pessoas salvas de algumas centenas 
para milhares, centenas de milhares e, finalmente, a milhões de brasileiros. Cada um de nós 
deve a nossa evangelização a pessoas que vieram de outras culturas, principalmente norte-
americana e europeia. Somos frutos de projetos missionários que se iniciaram há mais de 
cem anos ou há apenas alguns anos atrás. 
 
Regiões inteiras têm se aberto ao Evangelho nas últimas décadas. Há algumas décadas atrás, 
grandes blocos de países estavam praticamente isolados dos esforços evangelísticos. Países 
dos blocos comunista (União Soviética, China, Europa do leste, Cuba e muitos outros 
lugares) e muçulmano (Oriente Médio, África do Norte e outros locais) formavam regiões 
onde a proclamação do Evangelho era proibida e rara. Hoje, em muitos destes países, 
principalmente nos do antigo bloco soviético, o Evangelho tem uma penetração 
relativamente mais fácil. Mesmo nos países onde ainda existe proibição têm-se 
desenvolvido estratégias para a sua propagação. 
 
Há mais cristãos indo a um número maior de lugares, aprendendo mais línguas, traduzindo a 
Bíblia para um maior número de línguas e implantando mais igrejas nestas últimas décadas 
do que em qualquer outro período da história humana. 
 
Quem é missionário? Às vezes ouvimos que todos os cristãos são missionários. Em um 
sentido amplo, do ponto de vista do envolvimento com missões ou da necessidade de todos 
levarem o Evangelho às pessoas, isto pode ser verdade. Neste estudo, contudo, usaremos a 
palavra em um sentido mais restrito. A palavra “missionário” provém do latim e significa 
“enviado”. Tem o mesmo significado que a palavra “apóstolo”, que vem do grego. Neste 
sentido, missionário é alguém enviado pela igreja para pregar o Evangelho a outros povos 
de cultura e língua diferentes. Quando nos referimos a missões e missionários, estamos 
falando da tarefa de comunicar o Evangelho transculturalmente. 
 
Por que as missões transculturais são necessárias? Será que é mesmo necessário nos 
preocuparmos com a evangelização de outros povos? 
 
Razões para se envolver com missões: 
1- O caráter de Deus: Seu amor e Sua santidade. O amor de Deus contempla o mundo 
todo (Jo 3:16), o que O levou a enviar Seu Filho para morrer pelos pecados de 
pessoas que compõem todos os povos do mundo. O amor de Cristo nos constrange a 
levarmos as Boas-Novas a todos os povos. A santidade de Deus exige que Ele seja 
justo e que condene todo pecador. É preciso anunciar o Evangelho a todos os povos 
para que escapem desta condenação. 
2- O mandamento de Cristo: Jo 20:21. 
3 
 
Missões Transculturais Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 
3- A impulso do Espírito Santo: At 1:8; 4:20. 
4- A condição dos perdidos: Lc 16:23-28. 
 
Resultados do envolvimento missionário: 
• O comprometimento de uma igreja com missões é o seu termômetro espiritual 
(exemplo: Igreja de Corinto vs. Igreja de Antioquia). Quando se preocupa somente 
consigo mesma, a igreja se torna egoísta e destituída da visão de um mundo perdido. 
Quando a igreja se mobiliza para cooperar em levar o Evangelho a todos os povos, 
ela está cumprindo um dos propósitos de Deus para a igreja. O povo se desperta, a 
igreja cresce espiritualmente e aumenta a sua generosidade. A igreja que contribui 
generosamente para missões nunca terá falta em casa. 
 
• O envolvimento de todos gera mais recursos para a evangelização mundial: 
– Recursos humanos: quanto mais igrejas e indivíduos se despertam para as 
necessidades dos povos sem Cristo, mais pessoas ouvem e respondem ao 
chamado do Mestre para missões transculturais. Maior é o recrutamento de 
novos missionários. Não há somente novos missionários, mas também 
voluntários que se disponibilizam para levantar recursos, orar, cuidar da 
parte administrativa, das comunicações, divulgação etc. 
– Recursos financeiros: quanto maior o número de igrejas envolvidas, maior 
será o levantamento de recursos financeiros para a realização da obra de 
missões transculturais. 
– Recursos tecnológicos: o envolvimento de todos gera mais recursos 
tecnológicos. Voluntários desenvolvem vídeos de divulgação e ajudam a 
montar sites na internet; recursos são levantados para a aquisição de 
material de projeção (filme “Jesus”, por exemplo), material para tradução da 
Bíblia em outras línguas, projetos humanitários etc. 
 
• Purifica os valores do cristão: 
– Buscar em primeiro lugar o Reino de Deus (Mt 6:33). 
– Priorizar os valores eternos: almas em vez de bens materiais. 
– Disponibilizar o nosso tempo, nossos bens e nossa família para a obra de 
Deus. 
– Cooperar para alcançarmos o mundo todo. 
 
• Aumenta o envolvimento no evangelismo local. A sensibilização para os povos sem 
Cristo nos deixa mais atentos às pessoas sem Cristo em nossa família, em nossa 
vizinhança, no nosso trabalho e na escola. 
 
Como participar da tarefa missionária? 
• Todo indivíduo é importante. Exemplo: a multiplicação dos pães (Mt 14:13-21): 
– Nós fazemos a nossa pequena parte; 
– Deus multiplica os resultados. 
 
 
4 
 
Missões Transculturais Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 
• Oração 
– Somente a intervenção sobrenatural do Espírito Santo pode realizar a tarefa. 
O ser humano não tem capacidade de convencer povos de diferentes culturas 
e nem poder para transformar vidas. 
– Intercessão por mais obreiros – Mt 9:38. Jesus ordenou que orássemos para 
que Deus mande mais obreiros. Ele ligou a oração à quantidade suficiente de 
obreiros para realizar a tarefa. A oração de alguma forma impulsiona Deus a 
agir. 
– Oração eficaz necessita de informações atualizadas sobre as necessidades 
existentes. Precisamos nos informar sobre o que está acontecendo no campo 
onde já existem missionários trabalhando. Precisamos pesquisar povos ainda 
não alcançados pelo Evangelho e conhecer suas necessidades. Quanto mais 
informações tivermos, mais eficazes serão as nossas orações. 
 
• Ensino sobre missões. Podemos participar da tarefa missionária passando para 
outras pessoas aquilo que aprendemos. Quanto mais as pessoas estiverem 
informadas sobre missões, mais se envolverão. Precisamos ensinar: 
– Princípios bíblicos relativos a missões; 
– As necessidades espirituais do mundo; 
– Como cada um pode participar na tarefa. 
 
• Aumentar nosso investimento financeiro. Cada um de nós tem capacidade para 
aumentar sua contribuição financeira para o sustento de missões. Você contribui 
financeiramente para missões transculturais? Se a sua afirmação for positiva, que 
porcentagem de sua renda vai para missões? 
 
• Recrutar novos missionários. Outra maneira de participar desta tarefa de missões é 
recrutar novos missionários. 
– Na igreja – devemos sempre desafiar a igreja a considerar missões 
transculturais como uma das possibilidades da vontade de Deus para a vida 
de cada cristão. 
– Adotar missionários. Quando a igreja local não tem seus próprios 
missionários, pode criar parcerias com outros missionários que necessitem de 
sustento. 
 
5 
 
Missões Transculturais Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 
A URGÊNCIA do envolvimento missionário: Posição daAcréscimo 
hoje 
Acréscimo 
este ano 
Totais até o 
presente 
Aumento da população mundial 
 
209.129 45.246.024 
6.923.470.000 
(quase 7 bilhões) 
Pessoas ouvindo e crendo no 
Evangelho 
 
23.033 4.998.298 764.591.069 
Pessoas ouvindo e não crendo no 
Evangelho 
 
54.752 17.477.706 2.675.742.800 
Pessoas sem uma boa oportunidade 
de ouvir o Evangelho 
80.542 22.770.020 3.483.137.165 
 
• Todos os dias, milhares de pessoas estão morrendo sem Cristo. 
• O tempo útil em que podemos trabalhar está se acabando. Devemos dar os nossos 
melhores anos. 
• Cristo vai voltar em breve e as oportunidades se acabarão. 
Posição da 
Evangelização 
Mundial Hoje 
6 
 
Missões Transculturais Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 
2- A BASE BÍBLICA DE MISSÕES 
 
Missões não têm origem no homem – é uma iniciativa divina. 
Apesar da rebelião do homem, Deus ama as pessoas que criou e busca salvar e restaurar os 
perdidos. Para tanto, criou um plano de redenção para a humanidade. Ele Se revelou a 
algumas pessoas que escolheu e as incumbiu de levar ao restante da humanidade as Boas 
Novas do Seu plano de salvação. Ele conclama os que Lhe pertencem a comunicarem o 
Evangelho. O tema de missões não aparece apenas no Novo Testamento, mas em toda a 
Bíblia, desde Gênesis. Apenas algumas destas ocorrências serão examinadas a seguir. 
 
ANTIGO TESTAMENTO 
• Deus chamou Abraão e lhe fez promessas (Gn 12:1-3). Entre estas promessas estava 
a de abençoar todas as famílias (nações) da terra através de Abraão (Gn 18:18; 
22:17-18). Esta promessa foi repetida aos seus descendentes imediatos: Isaque (Gn 
26:4) e Jacó (Gn 28:14). 
 
• Deus escolheu a nação de Israel (Êx 6:7; Dt 7:6-8) e alguns indivíduos (Moisés, Josué, 
Davi, os profetas etc) para trabalhar através deles. 
 
• A nação de Israel deveria ser um reino de sacerdotes (Êx 19:6) e uma nação santa 
(ou separada). A função do sacerdote era interceder pelo povo e apresentá-lo a 
Deus. Os israelitas, como nação, deveriam exercer esta função de intermediários 
junto a Deus e ser o exemplo de como Ele desejava que seu povo vivesse (1Rs 8:41-
43). Infelizmente o povo de Israel não cumpriu totalmente esse propósito. 
 
• Deus mostrou Seu poder através dos israelitas (Js 4:23-24), apesar de ser uma nação 
pequena. O êxodo do povo de Israel do Egito estabeleceu a reputação de Deus entre 
todos os povos da região (Js 2:8-9). A sua ajuda e proteção aos hebreus era um sinal 
da grandeza e majestade do Senhor. Os povos viam isso e tremiam. 
 
• Deus também estendeu Sua mão a outras nações e povos. 
o Raabe era cananeia, mas foi poupada da destruição de Jericó. 
o Rute era moabita, mas foi usada para integrar a descendência de Jesus. 
o Naamã era sírio, mas foi curado milagrosamente de uma doença incurável. 
o Os ninivitas, através da pregação de Jonas, tiveram a chance de se 
arrependerem do mal que faziam e Deus adiou a punição que havia 
preparado para eles. 
 
• O Templo foi construído também para que os estrangeiros o usassem como “casa de 
oração” – Is 56:6-7; 1Rs 8:43. 
 
• Profecia de Isaías sobre o Servo do Senhor (Jesus) – Is 42:6-7 (será luz para os 
gentios); 43:9-12 (todas as nações e povos se congregam); 45:22-23 (a salvação é 
para todos da terra e Ele será glorificado em toda a terra); 49:6 (será luz para os 
gentios e trará salvação até as extremidades da terra); 60:3 (as nações se 
encaminham para a luz) e 66:18-19 (Deus ajuntará as nações e as línguas para 
7 
 
Missões Transculturais Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 
contemplar a Sua glória e escolherá alguns para serem missionários – anunciando 
entre as nações a glória dEle). 
 
• O testemunho de Nabucodonosor, rei pagão, quanto ao Senhor Deus (Dn 2:47; 4:1-3 
e 34-35). 
 
• Os Salmos estão repletos de referências às nações e ao projeto de Deus para todos 
os povos (Sl 22:27-28; 47:1-2; 7-8; 65:5; 67:1-7; 98:2-4). Deus tinha a intenção de 
que o Seu nome fosse glorificado entre todos os povos (Sl 18:49; 46:10; 48:10; 57:9-
11; 66;1-4; 72:17-19; 86:9; 96:1-3; 100:1; 108:3-5; 113:4; 117:1). 
 
 
NOVO TESTAMENTO 
Ministério de Jesus 
• João 10:14-17 – “Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me 
conhecem a mim, assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a 
minha vida pelas ovelhas. Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me 
convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e um 
pastor. Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir.”. As 
ovelhas que não são “deste aprisco” (os judeus) são os gentios, isto é, todos que não 
são judeus. Jesus pretendia fazer de todas as Suas ovelhas (judeus e gentios) um só 
rebanho e Ele seria o Supremo Pastor sobre todas as ovelhas. 
 
• Durante seu ministério terreno, Jesus cuidou de muitos que não eram judeus. Apesar 
de Seu enfoque principal ter sido o povo judeu, Ele ministrou a pessoas de outras 
etnias também: à mulher samaritana (Jo 4), à mulher siro-fenícia (cananeia –Mc 
7:26-30), a um surdo e gago do território de Decápolis (Mc 7:31-36) e a um gadareno 
(geraseno) endemoninhado (Lc 8:26-36). 
 
 
A Grande Comissão 
Muito mais poderia ser dito a respeito do ministério de Jesus e de como estendeu a mão aos 
gentios, no entanto, as referências mais marcantes de Jesus a respeito da missão do cristão 
para alcançar as nações se encontram no que é conhecido como “A Grande Comissão”. 
Temos cinco versões, uma em cada Evangelho e mais uma no livro de Atos: 
• Mateus 28:18-20 – A Grande Comissão tem o respaldo da autoridade de Jesus. 
Missão não é realizada devido à nossa presunção ou iniciativa, mas sob a autoridade 
e ordem de Jesus. A única ordem dada aqui (no grego) é “fazei discípulos”. Os 
discípulos são formados ao ir a todas as nações e estas devem ser ensinadas. A 
atividade missionária será realizada com a presença e ajuda de Cristo até ao fim 
desta era. 
• Marcos 16:15 – O “ide”, neste versículo, é uma ordem. Devemos ir “por todo o 
mundo” pregando o Evangelho a todos, sem distinção de etnia, condição 
socioeconômica ou religião. 
8 
 
Missões Transculturais Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 
• Lucas 24:44-49 – A missão é realizada em nome de Cristo e o conteúdo é a pregação 
da necessidade de arrependimento para remissão de pecados. Esta pregação deve 
ser feita “a todas as nações”. 
• João 20:21b – Somos enviados pelo próprio Jesus Cristo. O modelo é o envio dEle 
pelo Pai. 
• Atos 1:8 – A missão é realizada através do poder do Espírito Santo que nos capacita a 
sermos Suas testemunhas. A amplitude do nosso testemunho deve ser tanto local, 
quanto regional, nacional e até aos locais mais longínquos do planeta. 
 
 
Atos e as Epístolas 
• O livro de Atos (história dos primeiros 30-35 anos da Igreja) nos mostra a Grande 
Comissão sendo cumprida pelos discípulos pelo poder do Espírito Santo. 
• A partir do dia de Pentecostes, a igreja em Jerusalém começou a se multiplicar 
rapidamente. Já no primeiro dia três mil pessoas se converteram e foram batizadas 
(At 2:41). Logo o número subiu para cinco mil (At 4:4) e a cada dia mais pessoas 
eram acrescentadas (At 5:14; 6:7; 9:31; 12:24). 
• Com a perseguição, os cristãos se espalham principalmente para outros lugares da 
Judeia e da Samaria (At 8:1). Por toda parte aonde iam, os cristãos pregavam a 
Palavra (At 8:4). Filipe, Pedro e João evangelizaram a região da Samaria (At 8:5-25). 
• Pedro é enviado a Cesareia para pregar o Evangelho aos gentios da casa do centurião 
romano Cornélio. Nesta ocasião Pedro reconhece que Deus não faz acepção de 
pessoas e que o Evangelho é para todas as nações (At 10:34-35). 
• A evangelização não ficou somente no âmbito da Samaria, mas se expandiu até a 
Fenícia, Chipre e Antioquia, na Síria. No início esta evangelização era feita somente 
para outros judeus (At 11:19-20), mas em Antioquia começaram a evangelizar 
também os gentios (gregos). Muitos se converteram em Antioquia e uma igreja 
multiétnicase desenvolveu (At 11:21 e 24; 13:1). Esta igreja tornou-se missionária, 
enviando seus líderes em viagens missionárias por outras nações (At 13:2-3). 
• Estas viagens missionárias de Paulo e seus companheiros, com a pregação do 
Evangelho, resultam em conversões e na implantação de igrejas por toda a Ásia 
Menor (hoje Turquia), Europa (hoje Grécia) e ilhas do Mediterrâneo (Chipre e Creta). 
• Finalmente os missionários chegam a Roma, capital do Império Romano, onde já 
existe uma igreja. 
• Igrejas em cidades como Filipos, Tessalônica e Éfeso passam a ser igrejas 
missionárias. 
 
 
Princípios da Expansão Missionária: 
• Identificação com os perdidos: os missionários neotestamentários buscavam os 
perdidos onde estavam. 
• Ligação estreita com uma igreja “enviadora”: os missionários voltavam à igreja 
enviadora e prestavam contas do trabalho realizado (At 14:26-28). 
9 
 
Missões Transculturais Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 
• Prioridade para as cidades importantes: Paulo e sua equipe de missionários 
escolheram estrategicamente evangelizar as cidades do Império Romano que eram 
grandes centros de administração, economia, cultura e religião. 
• Batismo, discipulado e envolvimento dos convertidos: em praticamente todas as 
cidades por onde passaram pregando o Evangelho, pessoas se converteram, foram 
batizadas, discipuladas e lideranças locais foram escolhidas (At 14:21-23). 
• Liderança em equipe: Paulo trabalhou em equipe. Muitos foram os seus 
companheiros e ajudantes: Barnabé, Silas, Timóteo, Tito, Lucas, Priscila, Áquila e 
outros (ver também At 20:4). 
 
 
O Evangelho é para todos os povos: 
• Jesus é o único meio de salvação para todas as pessoas em todos os lugares (Jo 14:6; 
At 4:12; 1Tm 2:5-7). 
• O Evangelho traz salvação a todos os que creem, tanto judeus quanto gentios (Rm 
1:16; 9:13). 
• Fomos feitos embaixadores de Cristo para trazer reconciliação a todos (2Co 5:17-21). 
• Para que o Evangelho seja eficaz, é necessário que seja pregado por pessoas 
enviadas para esse fim (Rm 10:14-15). 
• Todas as nações (povos) e todas as línguas adorarão ao Senhor Jesus (Fp 2:9-11; Ap 
5:9-10; 7:9-10). 
10 
 
Missões Transculturais Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 
3- A História de Missões 
 
A história de missões é muito extensa e intrigante. É impossível contar todas as histórias de 
todos os povos e movimentos missionários nestes últimos dois milênios. O que vamos 
tentar fazer é um breve resumo destes acontecimentos, sendo necessário deixar de relatar 
muitos detalhes. 
 
Winter salienta que ao longo de toda a história da propagação da Palavra de Deus e da 
expansão do Cristianismo, isto nem sempre se deu pela obediência voluntária de Seu povo. 
Mesmo quando o povo de Deus não se mobilizou para levar a Palavra transculturalmente, 
Ele ainda agiu para que os povos do mundo O conhecessem. Winter fala de quatro 
mecanismos que Deus tem usado através da história para levar a sua “história” aos confins 
da terra. 
 
1. Ida voluntária (pessoas que intencionalmente saem de sua cultura para levar a 
Palavra de Deus a outra cultura). 
2. Ida involuntária (pessoas que foram deslocadas involuntariamente e desta forma 
levaram a Palavra de Deus consigo). 
3. Vinda voluntária (pessoas de outras culturas que vieram para dentro da cultura do 
povo de Deus e ali ficaram conhecendo a Sua Palavra). 
4. Vinda involuntária (pessoas que foram deslocadas involuntariamente para dentro da 
cultura do povo de Deus e ali ficaram conhecendo a Sua Palavra). 
 
O quadro da página seguinte ilustra como em todas as épocas Deus tem Se utilizado destes 
quatro mecanismos para Se fazer conhecer pelos povos da terra. 
11 
 
Missões Transculturais Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 
 
MECANISMO ANTIGO TESTAMENTO NOVO TESTAMENTO 
IGREJA ATÉ 
OS ANOS 1.800 
ERA MISSIONÁRIA 
MODERNA 
Ida voluntária 
Centrífuga 
(Expansiva) 
• Abraão para Canaã 
• Os profetas 
menores pregaram a 
outras nações 
próximas de Israel 
• Fariseus: “rodeais o 
mar e a terra para 
fazer um prosélito” 
(Mt 23:15) 
• Jesus em Samaria 
• Pedro e Cornélio 
• Paulo e Barnabé em 
viagens missionárias 
• testemunho de 
outros cristãos na 
Babilônia, Roma, 
Chipre etc. 
• Patrício para a 
Irlanda 
• Celtas peregrinam 
pela Inglaterra e 
Europa 
• Frades vão para 
China, Índia, Japão e 
América 
• Morávios vão para 
a América do Norte 
• William Carey e 
outros missionários 
da 1
a
 Era 
• Hudson Taylor e os 
missionários da 2
a
 Era 
• Terceira Era até o 
presente 
Ida 
involuntária 
Centrífuga 
(Expansiva) 
• José vendido como 
escravo ao Egito 
testemunha ao Faraó 
• Noemi testemunha 
a Rute em Moabe por 
causa da fome 
• Jonas – o 
missionário relutante a 
Nínive 
• a menina hebraica 
levada à casa de 
Naamã 
• os exilados hebreus 
testificam na Babilônia 
(Daniel, Ester) 
• Jeremias como 
profeta às nações 
• A perseguição aos 
cristãos os forçou a 
deixar a Palestina e 
foram dispersos por 
todo Império Romano 
e até mais adiante. 
• Úlfila foi vendido 
como escravo aos 
godos 
• o bispo Ário 
quando exilado foi às 
regiões dos godos 
• Cristãos capturados 
convertem os vikings 
• Soldados cristãos 
foram enviados por 
Roma à Inglaterra, 
Espanha etc. 
• Peregrinos e 
puritanos que foram 
forçados a ir para a 
América do Norte 
evangelizaram os 
indígenas ali 
• Soldados cristãos 
que lutaram ao redor 
do mundo voltaram 
para começar 150 
novas agências 
missionárias 
• Cristãos 
ugandenses fugindo 
das atrocidades em 
seu país foram parar 
em outras partes da 
África 
• Cristãos coreanos 
fugiram para o sul, 
onde haviam poucos 
cristãos e mais tarde 
foram enviados para 
trabalhar na Arábia 
Saudita, Irã e outros 
países. 
Vinda 
voluntária 
Centrípeta 
(Atração) 
• O sírio Naamã veio 
ver Eliseu 
• A Rainha de Sabá 
veio à corte de 
Salomão 
• Rute escolheu deixar 
Moabe para ir a Judá 
• Magos saíram do 
Oriente para ir a Judá 
(Mt 2) 
• Gregos procuraram 
Jesus 
• Cornélio mandou 
chamar Pedro 
• Um macedônio 
chama Paulo 
• Os godos invadem 
a Roma cristã e 
aprendem sobre a fé 
cristã 
• Vikings invadem a 
Europa cristã e 
eventualmente se 
convertem 
• Influxo de turistas, 
estudantes e pessoas 
de negócios no 
Ocidente 
cristianizado 
Vinda 
involuntária 
Centrípeta 
(Atração) 
• O rei da Assíria 
trouxe povos pagãos 
para habitar em Israel 
(2Re 17) 
• O exército romano 
ocupou e infiltrou a 
região da Galileia 
• Escravos foram 
trazidos da África 
para as Américas 
• Refugiados 
políticos (países 
comunistas, ditaduras 
etc.) 
• Refugiados de 
guerras, desastres 
naturais etc. 
12 
 
Missões Transculturais Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 
 
 
Existem muitas maneiras de se classificar a história de missões e da propagação do 
Evangelho pelo mundo todo. Usaremos aqui uma classificação de Bill Jones, que divide a 
história da propagação do Cristianismo em quatro períodos: 
 
1. Período romano (33-476 d.C.) 
2. Período medieval (476-1.517 d.C.) 
3. Período da Reforma (1.517-1.792 d.C.) 
4. Período moderno (1.792 até o presente) 
 
Período romano (33-476 d.C.) 
 
 
Vimos que Jesus deixou uma missão aos Seus discípulos para que fossem testemunhas em 
Jerusalém, Judeia, Samaria e até os confins da terra. Os discípulos tinham uma missão 
bastante abrangente. A Bíblia não nos informa sobre o ministério de todos os 
discípulos/apóstolos após o dia de Pentecostes, mas a tradição nos informa que cada um 
deles exerceu um ministério em regiões bem distantes da Palestina, onde pregaram o 
Evangelho e estabeleceram igrejas. 
 
O apóstolo Paulo se converteu e foi em especial comissionado por Deus para a pregação do 
Evangelho entre os gentios, principalmente onde o Evangelho ainda não havia chegado (veja 
At 22:12-15, 21; Rm 15:15-16, 21). A estratégia utilizada por Paulo foi a de formar uma 
equipe com vários colaboradores. Ele fez várias viagens,passando tanto por locais 
pioneiros, onde o Evangelho ainda não havia sido pregado, como também voltando às 
cidades anteriormente evangelizadas para ensinar e encorajar os fiéis. Havendo uma 
sinagoga nas cidades onde ainda não havia uma igreja, Paulo ali entrava para explicar as 
Escrituras aos judeus que já possuíam certo conhecimento da Palavra de Deus. 
Invariavelmente ele era expulso da sinagoga e voltava sua atenção para a pregação aos 
gentios (os povos que não eram judeus). Com os convertidos da localidade,uma igreja local 
era assim estabelecida e ele continuava sua viagem. 
 
Em alguns locais Paulo passou mais tempo ensinando e preparando líderes para continuar a 
tarefa de evangelização e pastoreio do rebanho local (Antioquia, Éfeso, Corinto etc). Fica 
claro que sua estratégia era primeiramente alcançar as cidades mais importantes, 
estabelecendo ali uma igreja forte, de onde o restante da região pudesse ser alcançado. 
Ascensão 
(30/33) 
1a 
viagem 
de 
Paulo 
(48-
49) 
2a 
viagem 
de 
Paulo 
(50-
52) 
3a 
viagem 
de 
Paulo 
(53-
57) 
Fim da 
Era 
Apostólica 
(100) 
Martírio 
de 
Policarpo 
(156) 
Edito de 
Milão de 
Constan-
tino 
(313) 
Constantino 
reúne o 
Concílio de 
Niceia 
devido ao 
ensino de 
Ário que 
dizia 
que Jesus 
não era 
Deus (325) 
Bizantina 
se torna 
Constanti-
nopla, 
capital do 
Império 
Romano 
Oriental 
(330) 
Úlfilas 
inicia 
sua 
missão 
aos 
godos 
(341) 
Patrício 
chega à 
Irlanda 
(432) 
Queda 
de 
Roma 
(476) 
13 
 
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Úlfilas foi um dos maiores missionários da Igreja antiga. Seu ministério foi entre os godos, 
uma etnia “bárbara”, que vivia fora do Império Romano onde é hoje a Romênia. Ele nasceu 
em 311 d.C. e foi criado na cultura pagã dos godos. Acredita-se que sua mãe fosse gótica e 
seu pai, um cristão da Capadócia que fora levado cativo por uma invasão gótica. Quando 
tinha pouco mais de vinte anos foi enviado a Constantinopla para trabalhar no serviço 
diplomático. Durante os anos em que ali esteve, foi influenciado pelo Bispo Eusébio, um 
ariano, passando, então, a divulgar a doutrina ariana. 
 
Aos trinta anos, depois de passar quase dez anos em Constantinopla, Úlfilas foi consagrado 
bispo aos godos que viviam ao norte do Rio Danúbio. Aparentemente já existiam alguns 
cristãos, pois, do contrário, ele não teria sido nomeado bispo. Entretanto, o interesse maior 
de Úlfilas era a evangelização e ele o fez durante 40 anos. Seu trabalho foi bem-sucedido, 
mas marcado por muita perseguição. Sua maior obra foi a tradução da Bíblia para a língua 
nativa dos godos. A língua era oral, portanto Úlfilas precisou primeiramente desenvolver um 
alfabeto para, então, começar a tradução. Esta foi a primeira ou talvez a segunda vez de que 
se tem notícias de um missionário cristão ter desenvolvido um alfabeto para poder traduzir 
as Escrituras. Úlfilas morreu aos 70 anos de idade e seus sucessores continuaram a tarefa da 
evangelização dos godos. 
 
Patrício (São Patrício: 389-461 d.C.) não era nem católico romano e nem irlandês, no 
entanto, seu nome está estreitamente ligado ao catolicismo irlandês. Foi canonizado pela 
Igreja Católica Romana cerca de duzentos anos após sua morte para influenciar a Igreja 
Celta a se unir à Igreja Romana. Patrício nasceu em família cristã na província romana da 
Bretanha em 389 d.C. Seu pai era diácono e seu avô, sacerdote na Igreja Celta. Isto se deu 
antes da dominação romana, quando a maioria do clero era casada. Quando ainda jovem, 
sua cidade foi invadida por um grupo de irlandeses e a maior parte dos meninos foi 
sequestrada e vendida como escravos, incluindo Patrício. Durante seis anos cuidou de uma 
manada de porcos. 
 
Apesar de nascido em família cristã, Patrício não tinha uma fé pessoal em Deus. Durante os 
anos de escravidão, passou a refletir sobre sua condição espiritual e consequentemente sua 
vida mudou. Conseguiu fugir de seu senhor e voltar à Bretanha. De lá Patrício foi para a Ilha 
de São Honorato, na costa da Riviera francesa, onde ficou recluso em um monastério 
durante algum tempo. De volta à Bretanha relata ter sido chamado por Deus para voltar à 
Irlanda. 
 
Quando chegou à Irlanda em 432 d.C., existiam alguns cristãos isolados, mas a grande 
maioria deles era pagã: adoravam o sol, a lua, o vento, a água, o fogo e as rochas, 
acreditando que toda sorte de bons e maus espíritos habitavam as árvores e os montes. A 
magia e o sacrifício (incluindo o sacrifício humano) faziam parte dos ritos religiosos 
praticados pelos druidas e sacerdotes pagãos. Eventualmente alguns druidas influentes se 
converteram ao Cristianismo. Após estabelecer uma igreja, Patrício continuou viajando e 
pregando o Evangelho. Em 15 anos, boa parte da Irlanda havia sido evangelizada. 
 
14 
 
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Patrício morreu em 461, após 30 anos de evangelização, deixado 200 igrejas organizadas e 
cerca de 100.000 batizados. A religião druida sofreu um sério revés e foi substituída pelo 
Cristianismo. 
 
Durante o período de domínio romano, a Igreja obteve um forte crescimento, como se lê 
nos testemunhos de Justo Mártir (150 d.C.), Tertuliano (200 d.C.), Orígenes (250 d.C.) e na 
citação abaixo, de Eusébio (325 d.C.): 
Floresciam nesta época muitos sucessores dos apóstolos, que construíam sobre 
os seus fundamentos, continuando a obra de pregação do Evangelho e semeando 
abundantemente sobre toda a terra a boa semente do Reino dos Céus. Um 
grande número de discípulos, impulsionado por um amor fervoroso pela verdade 
que a Palavra havia revelado neles, cumpriu o mandamento do Salvador de 
compartilhar os seus bens entre os pobres. Em seguida, deixando seus países, 
serviam como evangelistas, desejando ardentemente pregar Cristo e levar as 
boas novas àqueles que ainda não tinham ouvido a palavra de fé. Depois de 
lançar os fundamentos da fé em locais remotos e bárbaros, estabelecer pastores 
entre os fiéis e confiar a eles o cuidado destes novos convertidos, continuavam 
seu caminho indo a outras nações, cuidados pela graça e virtude de Deus. 
 
Ao final do período romano, a Igreja Cristã se estendia do Mediterrâneo à Índia. 
 
Período medieval (476-1517 d.C.) 
 
 
 
Fatos 
históricos 
(476) 
queda 
de 
Roma 
 (800) 
Carlos 
Magno 
coroado 
imperador 
(962) A 
coroação 
de Oto 
inicia o 
Santo 
Império 
Romano 
(1260) 
Marco Polo 
vai à China. 
(1269) Kublai 
Khan pede 
missionários 
(1300) 
Início da 
Renascen
ça 
(1492) 
Colombo 
parte 
rumo à 
América 
(1517) 
as 95 
teses de 
Lutero 
Celtas (500-
800) 
 (563) 
Columba 
chega à 
Inglaterra 
(718) 
Bonifácio 
chega à 
Alemanha 
 
Nestorianos 
(480-1250) 
 
Ortodoxos 
(800-1100) 
 (869) 
Morre 
Cirilo 
(885) 
Morre 
Metódius 
 
Católicos 
(1209 em 
diante) 
 (1209) 
Francisco de 
Assis funda a 
Ordem 
Franciscana 
(1215) 
Surgimento 
da ordem 
dos 
dominicanos 
(1315) 
Martírio 
de 
Raymond 
Lull 
 
Islã (622 em 
diante) 
 (732) 
Batalha de 
Tours; 
mouros 
derrotados 
 (1095) 
Início das 
Crusades 
 (1291) Film 
das Crusades 
 (1453) 
Constanti-
nopla 
passa a 
ser 
Istambul 
(1492) 
Mouros 
expulsos 
da 
Espanha 
Precursores 
da Reforma 
Protestante 
 (1170) Peter 
Waldo 
 (1385) 
Morre 
John 
Wycliffe 
(1415) 
John Huss 
é 
queimado 
 
15 
 
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Os três impérios principais deste período foram: 
 o islâmico (de 622 até depois de 1517 d.C.), 
 o oriental (Bizantino, grego – 476-1453 d.C.) e 
 o ocidental (germânico) 
o Carlos Magno (800-846 d.C.) – seus filhos dividiram o império em três partes 
(basicamente França, Alemanha e norte da Itália), 
o Santo Império Romano (962 d.C. em diante) – a facção alemã 
 
Durante este período da história houve quatro movimentos missionários que são dignos de 
nota. 
 
1. A Igreja Celta1 
O fatode os monges itinerantes celtas terem evangelizado boa parte da Bretanha e da 
Europa Central e Ocidental é uma das grandes façanhas missionárias de todos os tempos. Os 
irlandeses nunca foram conquistados pelos romanos, mas se tornaram os instrumentos 
pelos quais muitos dos invasores do Império foram evangelizados. Um Cristianismo celta 
vibrante surgiu na Irlanda e não era dependente do favor imperial para sua sobrevivência, 
sendo independente do Papa em Roma, tanto em estrutura quanto em doutrina. A igreja 
celta reteve algum fervor do Cristianismo apostólico em sua visão missionária, que foi 
perdida pelos centros de poder do mundo cristão. Apesar de independente de Roma, 
duzentos anos após o Concílio de Whitby em 664 d.C., a autoridade papal começou a se 
impor adotando dois dos heróis do Cristianismo celta. 
 
A. Columba (São Columba) – Da Irlanda à Inglaterra 
Um dos missionários celtas mais famosos foi Columba, nascido em família nobre 
irlandesa em 521 d.C. e criado na fé cristã. Ainda jovem entrou para um monastério 
e foi ordenado diácono e depois sacerdote. Seu zelo evangelístico tornou-se logo 
evidente, sendo responsável pela implantação de várias igrejas e monastérios na 
Irlanda. Apesar de ser considerado santo, era também briguento. Envolveu-se em 
uma batalha contra o rei, onde morreram 5.000 homens. Em 563 d.C., aos 42 anos 
de idade, fugiu da Irlanda e jurou converter o mesmo número de almas quanto 
daqueles que haviam perdido a vida em batalha. 
 
Columba causou grande impacto na Bretanha, estabelecendo-se na Ilha de Iona, na 
costa da Escócia, onde construiu um monastério. Ali preparou evangelistas que 
saíram pregando o Evangelho, construindo igrejas e outros monastérios. O próprio 
Columba saía em viagens evangelísticas, quando muitos se convertiam. Como 
Patrício, também precisou enfrentar a magia dos druidas com o poder de Deus. 
 
B. Bonifácio – da Irlanda à Alemanha 
Bonifácio foi pregar aos povos germânicos pagãos. Empregou um estilo agressivo, 
desafiando os seus deuses, demolindo altares, cortando árvores sagradas e 
construindo igrejas em locais considerados santos pelos pagãos. Bonifácio se 
comunicava na língua do povo. Trouxe freiras da Inglaterra, construiu monastérios e 
 
1
 Fonte: Patrick Johnstone, The Church is Bigger than You Think. Christian Focus Publications, 2000, p.71-73. 
 
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recrutou monges entre o povo local. Seu sustento, em ofertas, vinha da Irlanda, para 
onde também enviava relatórios. 
 
2. A Igreja Nestoriana2 
Poucos conhecem a história da expansão missionária desenvolvida por estes cristãos. No 
ano 1.000, os nestorianos haviam se espalhado da Síria ao Irã e Iêmen, atravessando em 
seguida a Ásia Central, a Mongólia, o Tibet, a China e partes da Índia, Tailândia e Burma. 
Seus números chegavam a 12 milhões de membros associados a igrejas em 250 dioceses. No 
século 13 havia 72 patriarcas metropolitanos e 200 bispos na China e regiões adjacentes. 
Representavam 24% dos cristãos da época e formavam 6% da população da Ásia. 
 
Nestório foi bispo de Constantinopla até ser excomungado por heresia em 430 d.C. em um 
sínodo em Roma. As razões de sua excomunhão não foram somente teológicas, mas 
também culturais e políticas. Este foi um período de disputa teológica intensa quanto à 
relação do divino e do humano na pessoa do Senhor Jesus Cristo. O Credo Niceno definiu 
Jesus como sendo tanto divino quanto humano. Os monofisitas (como os da Igreja Ortodoxa 
Copta no Egito e na Etiópia) enfatizavam o aspecto divino de Cristo e os nestorianos, o Seu 
aspecto humano. Os nestorianos efetivamente criam que Jesus era constituído de duas 
pessoas e que Suas naturezas divina e humana nunca se uniram. 
 
Devido a esta posição teológica foram considerados hereges e banidos do Império Romano, 
fugindo para o Iraque e o Irã. Nem todos os cristãos destes países mantinham esta crença, 
mas o restante dos cristãos os ignorou, considerando-os hereges. A partir de 640 d.C. e 
durante 600 anos pouco se soube no Ocidente o que ocorria no Oriente por causa da 
barreira muçulmana. 
 
Apesar das dificuldades que enfrentava, a Igreja Nestoriana se dispôs a atravessar cadeias 
montanhosas (as mais altas do mundo) em longas e extenuantes viagens para pregar o 
Evangelho. Levou consigo muito conhecimento bíblico e teológico, estabeleceu monastérios 
missionários semelhantes aos da Igreja Celta e aprenderam várias línguas novas, para as 
quais traduziram as Escrituras. 
 
Este movimento entrou em declínio e, em 1500 d.C., quase não existia mais. O que 
aconteceu? Internamente a Igreja sofreu com o formalismo (ritualismo), o sincretismo 
(mistura com outras religiões) e o conformismo com o mundo. Externamente o movimento 
sofreu muita pressão política e religiosa dos imperadores taoístas da China, dos 
muçulmanos e dos mongóis que sistematicamente exterminavam os cristãos. Hoje 
permanece apenas um remanescente apático e passivo deste cristãos, com menos de 200 
mil membros nos países do Oriente. 
 
3. A Igreja Ortodoxa3 
É a igreja associada à capital oriental do Império Romano (Constantinopla), que oficialmente 
separou-se da igreja ocidental (Roma) em 1054 d.C. Os missionários ortodoxos mais 
famosos foram dois irmãos: Constantino (conhecido mais tarde como Cirilo, 825-869 d.C.) e 
Metódius (c. 815-885 d.C.). 
 
2
 Fonte: The Church Is Bigger Than You Think, pp. 73-75. 
3
 Fonte: Stephen Neill A History of Christian Missions. Londres (Inglaterra): Penguin Books, 1964 (1a.edição). 
17 
 
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Esta foi uma época em que religião e política se misturavam muito e houve intensa disputa 
entre as igrejas Ocidental (Roma) e Oriental (Constantinopla). O rei da Bulgária pediu 
missionários a Roma e o rei da Morávia (Eslováquia) pediu missionários à Igreja Oriental. Léo 
III enviou os irmãos Constantino e Metódius. Antes mesmo de partirem de Constantinopla, 
haviam tomado a decisão de que a evangelização seria feita na língua eslava e assim 
desenvolveram um alfabeto para a língua que serve de base para as línguas eslavas até os 
dias de hoje. 
 
Roma insistia no uso do latim como a única língua a ser usada na liturgia. A vantagem foi a 
unidade que trouxe à igreja. A desvantagem é que o povo quase nada compreendia nos 
cultos. Já a atitude da Igreja Oriental foi totalmente diferente, encorajando os povos a 
usarem a língua materna e a construírem uma igreja dentro de sua própria cultura e língua. 
A influência da língua grega sempre foi profunda, mas a liberdade dada às igrejas regionais 
contribuiu para manter a unidade da Igreja Ortodoxa. 
 
As sementes lançadas pelos irmãos Constantino e Metódius, fizeram brotar e formaram 
uma árvore que cresceu a partir da Bulgária, passando pelos países eslovacos, Rússia e parte 
da Romênia. 
 
4. A Igreja Católica Romana 
A Igreja Ocidental, sob a liderança papal, estava mais inclinada a disseminar o Cristianismo 
pela pressão política e ação militar do que pela evangelização através da pregação do 
Evangelho. Este padrão surgiu durante a Idade Média e após a queda do Império Romano 
Ocidental. O desafio do poderio muçulmano reforçou esta atitude, pois os muçulmanos 
haviam tomado todas as terras cristãs do Oriente Médio e da África do Norte e estavam 
constantemente ameaçando a Europa. O resultado trágico deste pensamento culminou na 
crueldade das Cruzadas contra o Islã na Palestina e a Inquisição contra muçulmanos, judeus 
e, mais tarde, contra protestantes. A Inquisição foi especialmente poderosa na Espanha e 
Portugal e na “cristianização” forçada dos indígenas no continente americano. 
 
O Islã foi um desafio ao Cristianismo. Seu fundador, Maomé, nasceu em Meca em 570 d.C. 
Os árabes adoravam centenas de deuses. Maomé teve uma experiência religiosa da qual 
disseter recebido uma visão do anjo Gabriel, que o comissionou a pregar contra a idolatria. 
Em três anos conseguiu poucos adeptos e teve que fugir em 622 d.C. para Medina devido a 
fúria da população com a sua pregação. Esta data marca o início do Islamismo. Maomé 
roubava caravanas rica e, com isso, formou um exército; voltou à sua cidade natal e a 
conquistou. Destruiu todos os ídolos da Kaaba, menos uma pedra preta. 
 
Maomé continuou pregando e, com sua vitória em Meca, seus ensinamentos se espalharam 
rapidamente. Quando morreu, em 632 d.C., toda a Arábia havia aceitado seus ensinos. O 
Islamismo se alastrou rapidamente, em especial através da conquista militar. Antes do ano 
700 os muçulmanos já haviam conquistado a Palestina, tornando Jerusalém uma das três 
cidades sagradas do Islamismo, juntamente com Meca e Medina, na Arábia. A conquista 
continuou por todo o norte da África, avançando em seguida pela Espanha e Portugal 
(mouros). O avanço foi contido no sul da França na Batalha de Tours em 732 (foram 
expulsos somente em 1492). Um novo avanço foi realizado pelo Oriente através da 
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conquista de Constantinopla (nome foi mudado para Istambul). A conquista da Europa foi 
contida nas portas de Viena em 1529. A conquista da Ásia foi contida em 1564 d.C. 
 
A conquista da “Terra Santa” (Palestina) pelos muçulmanos e a ameaça religiosa e militar 
que os muçulmanos apresentavam aos países cristãos levou à realização das Cruzadas, ou 
seja, incursões militares organizadas pelos cristãos com o objetivo de reconquistar a “Terra 
Santa”. Houve cinco cruzadas principais em um período de aproximadamente 120 anos 
(entre 1095-1212). Foram batalhas sangrentas que serviram para aumentar uma inimizade 
entre as duas religiões que perdura até os dias de hoje. 
 
Esforços missionários neste período incluíram Francisco de Assis (1181-1226), que, antes do 
final das cruzadas, foi em amor pregar ao sultão muçulmano. Raymond Lull (1232-1315) foi 
um monge franciscano que dedicou toda sua vida à evangelização dos muçulmanos. 
 
Um religioso francês do final do século XII, Peter Waldo, pregava uma mensagem de 
arrependimento e vida simples. Criticava a elite da Igreja Católica por considerá-la corrupta 
e discordava de muitas de suas práticas. Traduziu sem autorização a Bíblia para a língua da 
povo, pois somente o latim era autorizado. Sua mensagem foi bem aceita pelo povo da 
França, Espanha, Itália e Alemanha. A Igreja Católica excomungou os waldenses, como eram 
chamados os seguidores de Peter Waldo, e os perseguiu, massacrando a maioria. Somente 
conseguiram sobreviver alguns poucos nos Alpes Italianos. 
 
Outro precursor da Reforma Protestante foi John Wycliffe na Inglaterra, que também fez 
uma tradução não autorizada da Bíblia para o inglês para distribuição na Inglaterra. Além de 
tornar a Bíblia acessível ao povo, ele organizou os “Lolardos”, grupo de evangelistas que 
visitou o país todo pregando um Evangelho simples. 
 
Na Boêmia, John Huss foi influenciado pelos escritos de John Wycliffe e veio a enxergar as 
inconsistências entre a doutrina católica e a Bíblia, passando a criticar a Igreja Católica. 
Escreveu muitos artigos e pregou incansavelmente contra os abusos da Igreja. Em 1415, ele 
foi sentenciado pela Igreja Católica e condenado a morrer na fogueira. 
 
 
Período da Reforma (1517-1792 d.C.) 
 
1. A expansão católica 
Vários fatores contribuíram para a expansão católica. As ordens monásticas, principalmente 
os franciscanos, dominicanos e jesuítas, supriram um exército de missionários e uma 
estrutura eficiente para o envio e controle deste contingente. A descoberta das Américas e 
da rota ao sul da África dando acesso à Ásia, juntamente com o domínio marítimo da 
Espanha e de Portugal, possibilitaram a evangelização mundial. O terceiro fator foi o choque 
sofrido na Europa pela Reforma Protestante, que impulsionou os países católicos a 
conquistarem outros territórios. 
 
19 
 
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A expansão católica se deu também por meio de interesses políticos, comerciais e 
econômicos. Os meios de evangelização e conversão de povos indígenas das Américas, 
África e Ásia pela força e pela intimidação eram muitas vezes escandalosos, mas produziram 
resultados. Espanha e Portugal chegaram a ter 1% de sua população envolvida com a 
evangelização além-mar. A expansão católica diminuiu durante os séculos XVII e XVIII, mas 
voltou a crescer nos séculos XIX e XX. 
 
Mais uma vez vemos que a estrutura monástica iniciou e sustentou o esforço missionário, 
principalmente as ordens que deliberadamente se estruturaram para serem móveis e para 
treinarem monges para pregar e converter os pagãos (e hereges)4. 
 
2. A Reforma: o nascimento do Protestantismo5 
“Era de se esperar que o renovo espiritual trazido pela Reforma impulsionasse as igrejas 
protestantes da Europa a levarem o Evangelho até os confins da terra durante um período 
de exploração e colonização mundial que se iniciou para volta de 1500. Mas este não foi o 
caso. [...] Por que as igrejas protestantes demoraram tanto para iniciar o seu programa 
missionário?” 
 
Razões: 
 Teológica: os líderes acreditavam que a Grande Comissão fosse somente para os 
apóstolos. 
 Eclesiástica: as igrejas eram pequenas e tinham muito conflito interno. 
 Geográfica: o isolamento da Europa protestante dos campos missionários. A 
evangelização ficou mais por conta dos países católicos da Espanha e Portugal. 
 
4 Johnstone, The Church is Bigger than You Think, pp.75-79 
5 J. Herbert Kane A Concise History of the Christian World Mission. Grand Rapids, Michigan (EUA); Baker 
Book House, 1978, p.73. 
PROTESTANTES 
1517 
As 95 teses 
de Lutero 
 Peregrinos 
(Separatistas 
da Igreja da 
Inglaterra) 
Puritanos 
(da Igreja 
da 
Inglaterra) 
1705 
fundação 
da Missão 
Danish-
Haile 
1732 
Moravianos 
iniciam 
missão 
Grande 
Avivamento 
1792 
William 
Carey 
parte 
para a 
Índia 
ORTODOXOS 
 
CATÓLICOS 
1534 
Inácio de 
Loyola 
funda a 
Ordem dos 
Jesuítas 
1847 
Bartolomeu 
de las Casas 
deixa a 
América 
(Dominicano) 
1549 
Francisco 
Xavier no 
Japão 
(Jesuíta) 
1593 
Mateo 
Ricci na 
China 
(Jesuíta); 
Roberto 
de Nobili 
na Índia 
(Jesuíta) 
 
 
MUÇULMANOS 
1529 
Avanço de 
Suleiman o 
Magnífico 
contido em 
Viena 
 
20 
 
Missões Transculturais Prof.: Pr. Kenneth Eagleton 
 Estrutural: os protestantes não possuiam ordens monásticas como as dos monges 
católicos. 
 
3. Os movimentos missionários que lançaram as bases para o movimento moderno de 
missões 
 
A. O movimento pietista. Foi somente no século XVIII que os Protestantes começaram a 
acordar para a sua responsabilidade de evangelização daqueles sem o conhecimento 
do Evangelho. Entre os primeiros a reconhecerem esta responsabilidade 
encontramos os pietistas luteranos Philip Spencer (1635-1705) e Hermann Francke 
(1663-1727)6. Francke, professor na Universidade de Halle, transformou a 
universidade em escola de treinamento para evangelismo e missões. 
 
O Rei Ferdinand IV da Dinamarca pediu ajuda à Universidade de Halle para o envio 
de missionários às regiões da costa sudeste da Índia, controladas por ele. Desta 
iniciativa nasceu a Missão Danish-Halle em 1705. Os primeiros missionários a 
chegarem à Índia foram Bartholomew Ziezenbaleg e Henry Plütschau. O mais famoso 
dentre eles foi Christian Frederick Schwartz que chegou à Índia em 1750 e ali 
permaneceu por 49 anos7. 
 
B. O movimento missionário morávio. Este segundo movimento está ligado ao primeiro 
por suas raízes pietistas e por seu fundador, Nicholas Ludwig Von Zinzendorf, ter 
estudado na Universidade de Halle, tendo Francke como seu professor. Von 
Zinzendorf era de família abastada e foi o líder missionário que mais fez para avançar 
a causa demissões protestantes durante o século XVIII. O lema deste movimento 
era: “Alcançar para o Cordeiro o fruto pelo Seu sofrimento”, baseado em Is 53:10-11. 
 
Em 1722, Von Zinzendorf deu abrigo em sua propriedade de Herrenhut, na Saxônia, 
Alemanha, a um grupo de protestantes fugitivos de perseguição religiosa na 
Morávia. Em 13 de agosto de 1727, durante um culto dos refugiados, um avivamento 
espiritual teve início. Estabeleceram naquela noite uma vigília de oração a favor do 
mundo que funcionou ininterruptamente (24 horas por dia, 7 dias por semana) 
durante mais de 100 anos8. 
 
Em 1731 Von Zinzendorf se encontrou com duas pessoas da Groenlândia e um 
escravo caribenho que lhe pediram missionários para suas terras de origem. No ano 
seguinte os morávios enviaram missionários para as Ilhas Virgens e no ano seguinte 
para a Groenlândia. Nos próximos anos missionários foram enviados para muitas 
outras regiões, incluindo a América do Norte, Suriname, África do Sul, Algéria, China 
e Pérsia. A paixão por missões era tanta que alguns até se vendiam como escravos 
para alcançarem terras distantes. Dentro de pouco tempo havia três missionários no 
 
6 Fonte: Ruth A.Tucker From Jerusalem to Irian Jaya. Grand Rapids, Michigan (EUA): Zondervan, 1983, p. 
68. 
7
 Kane, Concise History of the Christian Mission, p. 79. 
8
 Fonte: Tucker, From Jerusalem to Irian Jaya, pp. 70-71. 
21 
 
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campo para cada morávio que ficara em Herrenhut. Em 20 anos enviaram mais 
missionários do que os protestantes haviam enviado nos 200 anos anteriores. 
 
C. O Grande Avivamento – movimento evangélico avivalista. No século XVIII houve um 
grande avivamento evangélico que teve início na Inglaterra e continuou na América 
do Norte. Este avivamento trouxe um grande número de conversões genuínas e 
mudanças morais palpáveis na sociedade. Os pregadores mais influentes na 
Inglaterra foram John Wesley (1703-1791) e George Whitefield (1714-1770). Na 
América do Norte foram Whitefield e Jonathan Edwards (1703-1756). 
 
Desde os anos de universidade, John Wesley, dedicou-se a uma vida piedosa rigorosa 
de oração e estudo bíblico juntamente com um pequeno grupo de colegas. Estas 
práticas levaram o grupo a ser chamado de “os metódicos” que mais tarde inspirou o 
nome da Igreja Metodista, fundada por Wesley. Apesar de sua dedicação e esforço, 
Wesley só veio a entender o Evangelho da graça através de um contato com 
missionários morávios a bordo de um navio que fazia a travessia do Oceano Atlântico 
da Inglaterra para a América do Norte. 
 
Wesley viajava milhares de quilômetros por ano a cavalo e pregava 3-4 vezes por dia, 
isto durante 40 anos. Ele reunia os convertidos na estrutura de acolhimento e obras 
sociais que a Igreja Metodista havia criado. Neste período esta igreja foi uma das 
mais dinâmicas na expansão do Reino de Deus para o mundo inteiro. O Grande 
Avivamento despertou milhares de pessoas para as necessidades do mundo e muitos 
dos influenciados formaram a base para o movimento moderno de missões. 
 
 
Período moderno (1792 até o presente) 
 
Este período pode ser analisado por muitos ângulos. Usaremos a abordagem feita por Ralph 
Winter, que divide estes mais de 200 anos em três eras. 
 
 
 
1. Primeira Era: regiões costeiras (1792-1910) 
A grande figura missionária deste período foi William Carey e a atuação da Sociedade 
Missionária Batista. Foi um período em que predominaram as missões denominacionais e as 
 Primeira Era (1792-1910) Segunda Era (1865-1980) Terceira Era (1934 até o 
presente) 
Foco central Regiões costeiras Interior Povos 
Pioneiros William Carey Hudson Taylor Cameron Townsend, 
Donald McGavran e Ralph Winter 
Principal Base de Apoio Europa Estados Unidos Terceiro mundo 
Movimentos estudantis Society of the Brethren 
(Haystack Prayer meeting) 
Student Volunteer Movement SFMF (1936); 
Urbana (1946) 
Novas agências missionárias ABCFM, LMS, BMS SIM, AIM, CIM Wycliffe, Pioneers, Frontiers 
22 
 
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longas viagens por mar e terra para campos missionários distantes. As comunicações eram 
difíceis. Missionários na China tinham que esperar em média um ano para receber resposta 
de uma carta enviada à Europa. Não é de se admirar que as ilhas e as regiões costeiras 
foram muitas vezes o alvo maior da evangelização neste período9. 
 
William Carey (1761-1834) se converteu aos 20 anos de idade e logo foi consagrado pastor 
de uma igreja rural na Inglaterra. Ganhava a vida como sapateiro e lia todos os livros que 
conseguia, principalmente os que continham descrições de outros países e povos. Pelas suas 
leituras ele foi construindo um mapa em um mural e anotando todas as informações que 
conseguia. Como autodidata aprendeu latim, grego, hebraico, italiano, francês e holandês10. 
Em 1792 escreveu um livreto de 87 páginas: Uma enquete da obrigação do cristão em usar 
todos os meios possíveis para a conversão dos pagãos (título abreviado). 
 
No mesmo ano da publicação deste livro foi formada a Sociedade Missionária Batista e 
Carey foi voluntário para ir a campo como o primeiro missionário. Ele encontrou muitas 
dificuldades para partir, incluindo a recusa inicial de sua esposa em acompanhá-lo. Carey 
finalmente partiu em junho de 1793 para a Índia, onde suas atividades foram inúmeras. 
Trabalhou como gerente de uma fábrica enquanto evangelizava11. Foram muitos anos 
aprendendo a língua e estudando o pensamento do povo e vários outros anos de pregação, 
quando finalmente conseguiu alguns convertidos e formou a primeira igreja. Em 1819 
fundou o Seminário de Serampore para o treinamento de evangelistas e plantadores de 
igrejas. Foi também professor de línguas orientais na Faculdade Fort William em Calcutá12. 
Em 40 anos de trabalho na Índia, traduziu a Bíblia para 35 línguas e dialetos da Índia e do 
sudeste da Ásia13. Seu exemplo inspirou muitos outros a dedicarem a vida ao trabalho 
missionário. 
 
Na América do Norte não existia um interesse por missões e muito menos uma agência 
missionária. Este interesse nasceu de um movimento estudantil que começou com um 
pequeno grupo de oração que se reunia duas vezes por semana, conhecido como Hay Stack 
Prayer Meeting (reunião de oração do monte de feno). O líder deste grupo, Samuel Mills 
(1783-1818), havia se convertido aos 17 anos de idade durante o Grande Avivamento que 
varreu a América. Em 1806 este grupo de estudantes começou a orar por missões e se 
comprometeu a se entregar à causa de missões. Em 1808 organizou a Society of the 
Brethren (Sociedade dos Irmãos) com a finalidade de levar o Evangelho ao mundo. Em 1810 
os seminaristas convenceram a Igreja Congregacional a formar a primeira agência 
missionária americana, The American Board of Commissioners for Foreign Missions (Junta 
Americana de Comissários para Missões Estrangeiras). Em 1812, Mills, Adoniram Judson, 
Samuel Newell, Samuel Nott, Gordon Hall e Luther Rice partiram para a Índia para trabalhar 
com William Carrey. 
 
 
 
9
 Johnstone, The Church is Bigger than You Think, pp. 97, 98. 
10
 Kane, Concise History of Christian Mission, p. 84. 
11
 Tucker, p. 117. 
12
 Tucker, pp. 118, 119. 
13
 Kane, p. 98. 
23 
 
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2. Segunda Era: interior (1865-1980) 
Uma nova visão, um novo paradigma e uma nova forma de trabalhar seriam necessários 
para que o Evangelho fosse pregado em regiões ainda não alcançadas. Uma das principais 
características de missões nesta era foi a da penetração geográfica com o desejo de pregar o 
Evangelho a cada pessoa. Uma ênfase menor foi dada ao discipulado e à implantação de 
igrejas. Outra característica foi o recrutamento de pessoas comuns sem a mesma instrução 
teológica dos pastores ordenados. 
 
Esta nova dimensão do movimento missionário,aliado ao colonialismo, à maior facilidade 
para viajar, ao avivamento espiritual e ao declínio de outras religiões mundiais, levou a uma 
expansão da evangelização para regiões ainda não alcançadas pelo Evangelho. O sucesso 
desta onda foi de tamanha proporção que havia uma expectativa de se poder terminar a 
evangelização mundial até o final do século XIX. O lema da época era: A evangelização do 
mundo nesta geração. Este otimismo acabou sendo um pouco exagerado. Na época não se 
sabia que existiam cerca de 6.500 línguas faladas no mundo e que apenas 537 delas 
possuíam alguma porção das Escrituras traduzidas. O total de cristãos protestantes na 
América Latina, África e Ásia em 1900 era de cerca de 4 milhões, ou seja, apenas 0,4% da 
população total destes continentes, com 8-9 mil missionários tentando alcançá-los14. 
 
O missionário pioneiro deste período foi Hudson Taylor. Mais tarde o Movimento Estudantil 
Voluntário mobilizou muitas pessoas para se envolverem com missões. Hudson Taylor 
(1832-1905) nasceu em uma família metodista na Inglaterra. Aos 16 anos se sentiu chamado 
ao ministério e pouco depois teve convicção que Deus o queria na China. Em sua preparação 
ele estudou medicina, distribuía folhetos evangelísticos, simplificou sua vida e passou a viver 
somente com o necessário. Chegou à China em 1854, aos 22 anos de idade. Em 1860 
precisou regressar à Inglaterra por problemas de saúde. Os anos passados na Inglaterra 
serviram para amadurecer sua preparação espiritual e, em 1865, ele fundou uma missão 
interdenominacional, a China Inland Mission (Missão ao Interior da China), que enviou 800 
missionários à China e abriu 125 escolas, tornando-se a maior missão do mundo em 1914. A 
missão se especializou na evangelização e inovou na adoção de usos e costumes adaptados 
à cultura local. Muitas outras missões seguiram o mesmo modelo. Outros missionários de 
destaque deste período foram: David Livingstone (na África), John Nevius (na Coreia) e 
Samuel Zwemer (no Oriente Médio). 
 
Outro fator importante deste período foi o Movimento Estudantil Voluntário. Em 1883-84, 
um grupo de sete seminaristas de Cambridge (Inglaterra) respondeu ao chamado para 
missões. Após terminar o seminário, visitou muitas igrejas na Inglaterra e incendiou o 
coração dos fiéis para a obra missionária. Em 1885, o grupo partiu para a China. Muitos 
outros estudantes se entregaram à obra missionária e foram ao campo nos anos seguintes. 
 
Nos Estados Unidos um movimento semelhante se espalhou pelas universidades. Nos anos 
de 1886-87 um total de 2.106 universitários se entregaram à obra missionária e até 1945 o 
movimento havia enviado 20.500 universitários. 
 
 
 
14
 Johnstone, The Church is Bigger than You Think, pp. 98-100. 
24 
 
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3. Terceira Era: povos não alcançados (1934 a presente) 
Esta era teve iniciou com o trabalho de Cameron Townsend e Donald McGavran. Townsend 
enfatizou os grupos linguísticos que ainda não possuíam a Bíblia em sua língua. McGavran se 
concentrou nos grupos sociais esquecidos. Estas duas maneiras de olhar para os 
agrupamentos de pessoas ajudaram a definir o conceito de “povos”. A primeira abordagem 
foi etnolinguística (agrupamentos definidos pelas diferenças linguísticas ou étnicas) e a 
segunda foi sociocultural (agrupamentos definidos levando-se em consideração 
preconceitos e tradições culturais sutis). Ralph Winter e outros desenvolveram o termo 
“povos não alcançados”. Vários foram os fatores que trouxeram desafios à obra missionária 
durante o século XX: explosão demográfica, ressurgimento das religiões não cristãs, tensões 
econômicas entre ricos e pobres, surgimento da teologia liberal e libertacionista, guerras 
mundiais e governos totalitários. 
 
Cameron Townsend (1896-1982) tornou-se missionário através do Movimento Estudantil 
Voluntário. Em 1917 foi para a Guatemala para vender Bíblias em espanhol. Lá percebeu 
que muitas etnias indígenas no país não possuíam língua escrita, não eram alfabetizadas e 
também não possuíam a Bíblia em espanhol. A partir de 1919 Cameron dedicou 10 anos ao 
aprendizado da língua Cakchiquel, desenvolveu um alfabeto e então traduziu a Bíblia 
naquela língua. Sua visão foi a de repetir este procedimento com tantas outras línguas que 
ainda não possuíam a Bíblia. Em 1934 ele fundou a Missão Wycliffe Bible Translators 
(Missão Wycliffe para a Tradução da Bíblia) que finalmente se tornou a maior missão 
evangélica, com quase 5.000 missionários, e que efetuou a tradução da Bíblia para centenas 
de línguas15. A Igreja começou a mudar sua visão de missões como sendo por região 
geográfica para uma visão de missões por grupos culturais e linguísticos. 
 
Outro líder nessa era foi Donald McGavran (1897-1990). McGavran enfatizou a necessidade 
de se levar em conta não somente as barreiras linguísticas à pregação do Evangelho, mas 
também as barreiras sociais. Como autor, inspirou os movimentos de crescimento de igreja 
e levou o movimento missionário a alcançar novas fronteiras. É conhecido pela sua ênfase 
na importância de missões urbanas e na necessidade de se fazer pesquisas na área de 
missões. 
 
Ralph Winter (1924-2009) foi o fundador do Centro Americano para Missões Mundiais, 
tendo uma participação importante e inovadora com a criação do ensino teológico por 
extensão. No Congresso de Evangelização Mundial, em 1974, Ralph observou que o esforço 
missionário ocidental estava ignorando as necessidades dos diferentes grupos étnicos. 
Revelou que, apesar de quase todos os países já haverem sido penetrados com a pregação 
do Evangelho, quatro em cada cinco não-cristãos ainda estavam separados do Evangelho 
por barreiras culturais, linguísticas e geográficas16. Conclamou a Igreja, então, a olhar para a 
necessidade de cada grupo étnico de ouvir o Evangelho e não pensar meramente em 
territórios onde o Evangelho já fora pregado. Em 1982 chegou-se a uma definição de povos 
não alcançados: um grupo étnico entre o qual não há uma comunidade de cristãos 
autóctones em número e recursos suficientes para evangelizar seu próprio povo sem a 
necessidade de assistência externa (transcultural). Este conceito tem propulsionado o 
movimento missionário das últimas décadas. 
 
15
 Tucker, From Jerusalem to Irian Jaya, p. 352-353 
16
 John Piper, Let the Nations Be Glad. Grand Rapids, Michigan (EUA): Baker Academic, 1993. 
25 
 
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4- O Plano de Missões 
 
O Alvo de Missões: 
 Evangelismo 
 Ensino 
 Obras sociais 
 Estabelecimento de igrejas locais 
 
1. Evangelismo 
Evangelismo no campo missionário é anunciar as boas novas de salvação àqueles de 
outra cultura e língua. 
Fases do evangelismo (nossa parte): 
• O testemunho: a demonstração do Cristianismo em ação através de nossas vidas. 
Existe uma fase de preparação do coração das pessoas. A maioria delas não dará 
ouvidos imediatamente a algum estrangeiro que venha falando de uma religião 
diferente. É necessário ganhar a confiança e a credibilidade das pessoas antes 
que estejam prontas para ouvir o Evangelho. O testemunho de uma vida íntegra, 
com as evidências do fruto do Espírito fala mais alto que as palavras do 
missionário. A demonstração de amor pelo povo conquista o seu coração. 
 
• A proclamação: comunicando verbalmente (de forma oral ou por escrito) o plano 
da salvação. Para uma comunicação eficaz, vários fatores precisam ser levados 
em consideração: 
o A proclamação na língua materna do ouvinte é sempre mais eficaz e mais 
impactante. 
o Não basta traduzir para outra língua o que queremos dizer; devemos nos 
certificar de que as palavras possuam o mesmo sentido. Às vezes as palavras 
podem ser equivalentes, mas os conceitos por trás delas podem ser 
diferentes. Por exemplo, o conceito da palavra “pecado” pode variar muito 
de uma culturapara outra e mesmo dentro de uma mesma cultura. Outro 
exemplo: na cultura ocidental, o coração é considerado o centro das 
emoções (“te amo de todo meu coração”; “ela tem um coração grande”) 
enquanto que na cultura africana, por exemplo, o fígado é considerado o 
centro das emoções (“te amo de todo meu fígado”). 
 
• A persuasão: procurar convencer da verdade do Evangelho. Não basta comunicar 
corretamente a mensagem de maneira a ser entendida; é necessário trabalhar 
para persuadir a pessoa de que o que dizemos é a verdade. Na realidade, 
somente o Espírito de Deus pode convencer alguém da verdade (Jo 16:8), mas 
geralmente Ele usa Seus servos como instrumentos para que isto ocorra (At 
18:28; Tt 1:9). Não é nossa responsabilidade converter a pessoa (esta 
responsabilidade pertence ao Espírito Santo), mas é sermos fiéis na pregação da 
Palavra. 
 
26 
 
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2. Ensino – é de grande importância ensinar e fortalecer os novos convertidos. 
• Uma vez que o Evangelho é ouvido e que haja um interesse ou ocorra uma 
conversão, devemos ensinar o que ensina a Palavra de Deus. 
• Jesus ensinou a multidão e Seus discípulos, dando-lhes também esta mesma tarefa. 
Paulo ensinava nas sinagogas, nas casas e mentoreava vários obreiros, deixando-lhes 
instruções de que estes também deveriam passar adiante os mesmos ensinamentos. 
Veja Mt 28:20; Jo 8:31; Ef 4:11-12; Cl 1:28 e 2Tm 2:2, dentre outros. 
• O ensino exerce a função de desenvolver o amadurecimento espiritual e multiplicar 
novos convertidos. 
• Para que o Corpo de Cristo funcione bem, deve haver na igreja um equilíbrio entre 
evangelismo e ensino. 
 
3. Obras sociais – a igreja deve estar envolvida com a sociedade ao seu redor (Tg 2:14-16). 
• As obras sociais podem ser uma forma de evangelização. Estas obras podem 
construir pontes que se tornarão plataformas para evangelização. 
• Obras sociais podem ajudar a restabelecer a justiça social na comunidade e trazer 
grandes benefícios a indivíduos e a comunidades inteiras, fazendo uma grande 
diferença. 
• Uma forma de demonstrarmos o amor de Cristo é através de obras sociais (Mt 
25:35-46). 
 
4. Estabelecimento de igrejas locais 
Quando a obra missionária produz convertidos, um local onde se congregar se faz 
necessário. Todo cristão deve fazer parte de uma igreja local, pois geralmente é na igreja 
que a comunhão e o ensino são realizados. Vemos o exemplo do apóstolo Paulo que 
estabeleceu igrejas por onde passava evangelizando (At 14:21-23). Várias igrejas locais 
podem formar uma associação, onde a cooperação irá capacitá-las a fazerem mais. 
 
 
O resultado de missões: uma Igreja autóctone: 
O resultado de um projeto missionário bem executado, que alcança todos os alvos 
enumerados acima, leva à implantação de uma igreja bíblica que terá recursos próprios para 
alcançar o restante da sua cultura com o Evangelho de Jesus Cristo. Uma igreja autóctone é 
uma igreja formada não de estrangeiros, mas por pessoas nativas da cultura local. Esta 
igreja autóctone apresenta algumas características desejáveis: 
 
• Governo próprio: não depende da missão que a estabeleceu. 
o A liderança da igreja é formada por pessoas que pertencem à cultura local. 
o O modelo de liderança deve ser tanto bíblico quanto adaptado às condições 
locais. 
o A igreja local toma suas próprias decisões sem ser dependente de 
estrangeiros. Isto não significa que a igreja não possa consultar irmãos de 
outras culturas. 
 
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• Auto-sustentável 
o A igreja local não depende das finanças da missão para a sua sobrevivência e 
funcionamento. 
o A igreja local pode entrar em parceria com igrejas ou organizações de outras 
culturas com a finalidade de facilitar e acelerar projetos de evangelização. 
 
• Multiplicadora 
o Capaz de evangelizar e ganhar almas. 
o Capaz de implantar novas igrejas. 
o Capaz de fazer missões. 
 
O modelo bíblico nos relacionamentos entre indivíduos e igrejas não é nem de dependência 
cega e nem de independência, mas de interdependência, como nos ensina a analogia do 
corpo humano. Cada membro possui dons e função dentro do Corpo de Cristo. Se 
cooperarmos e trabalharmos em união, poderemos alcançar muito mais pelo Reino de 
Deus. 
 
 
Características da atividade missionária 
Usando-se princípios bíblicos, ao empreendermos um projeto missionário, observamos 
várias características desejáveis na atividade missionária: 
 
1. Transcultural 
A atividade missionária não se dá somente na mesma cultura do missionário, mas 
principalmente ao se atravessar barreiras culturais e linguísticas. É entrar em uma 
cultura diferente da sua, onde se fala uma língua diferente da sua. Não é simplesmente 
atravessar as fronteiras de um país a outro. Por exemplo, sair do Brasil e ir para os 
Estados Unidos evangelizar brasileiros e implantar uma igreja com cultos em português 
não é fazer missões transculturais. Isto nada mais é que evangelismo para pessoas de 
sua mesma cultura, apesar de se estar rodeado por outra cultura e língua. 
 
Outro fator transcultural é que precisa haver uma contextualização do Evangelho e da 
Igreja. O Evangelho precisa ser proclamado de forma relevante dentro daquela cultura. 
A Igreja tem que ser relevante dentro daquela cultura, suprindo as necessidades das 
pessoas inseridas naquele contexto. Por exemplo, um missionário brasileiro não deve ir 
à África ou à Ásia e realizar cultos no mesmo modelo aos quais se habituou no Brasil 
(inclusive com músicas traduzidas do português). A música, as orações, o estilo de 
pregação, a maneira de se vestir e sentar-se na igreja deve ser de acordo com a cultura. 
 
Às vezes a atividade missionária em outra cultura envolve a tradução da Bíblia, quando 
esta não estiver disponível na língua materna local. 
 
2. Internacional 
Missões transculturais não é dever somente de países ricos, mas o dever dos povos de 
todos os países que já receberam o Evangelho. A Grande Comissão é um 
empreendimento internacional. Nenhum país ou países têm o monopólio desta tarefa. 
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A terceira maior igreja evangélica no mundo é a brasileira (atrás somente dos Estados 
Unidos e da China). 
 
O maior crescimento na área de envio de missionários ocorre hoje nos países em 
desenvolvimento. O número de missionários desses países já é igual ou maior que o 
número de missionários de países desenvolvidos. O Brasil ocupa entre a terceira e a 
quarta posição no número de envio de missionários transculturais. 
 
3. Cooperativa 
Fazer missões requerem pessoas com uma variedade de dons espirituais, profissões e 
habilidades. O esforço missionário precisa ser um trabalho de equipe, trabalhando tanto 
no campo quanto na base de apoio – na(s) igreja(s) que envia(m). É necessário contar 
com pessoas com capacidade para pregar e ensinar, com habilidade linguística para 
tradução da Bíblia, músicos, pessoas capacitadas em aconselhamento, técnicos em 
informática, pessoas capazes de trabalhar com finanças, técnicos em mídia (fazer vídeos, 
apresentações em PowerPoint etc), arrecadadores de fundos etc. 
 
O apóstolo Paulo sempre trabalhou em equipe. Tinha colaboradores com os quais 
viajava; alguns que enviava para lugares onde não ele poderia estar; e ainda outros que 
ficavam para trás cumprindo tarefas importantes (exemplo: Áquila e Priscila). Além 
destas pessoas, Paulo contava também com o apoio de várias igrejas, como a de 
Antioquia da Síria e a da Macedônia. 
 
Cooperação envolve planejamento e coordenação, dentro da igreja e com outras igrejas. 
Poucas são as igrejas que possuem os recursos humanos e materiais para manterem 
sozinhas um projeto missionário. Geralmente é necessário a cooperação de várias 
igrejas parceiras (formando ou não uma associação). A cooperação permite que igrejas 
menores possam se envolver de forma significativa noesforço missionário e o resultado 
sempre será maior do que qualquer uma das igrejas poderia realizar sozinha. Uma 
agência missionária pode ser muito útil na coordenação e no planejamento por sua 
experiência adquirida e por sua especialização. 
 
4. Integral 
O trabalho missionário deve se preocupar com as necessidades existentes em todas as 
áreas do ser humano: espirituais, físicas, psicológicas e sociais. 
 Espirituais: evangelismo, ensino bíblico, formação de líderes. 
 Físicas: questões de saúde (preventivas e curativas), econômicas, ajuda humanitária 
em situações de catástrofe. 
 Psicológicas: educação, aconselhamento, recuperação de viciados etc. 
 Sociais: ajuda com projetos de desenvolvimento da comunidade, justiça social, ajuda 
na resolução de problemas familiares etc. 
 
Jesus nos deu o exemplo de um ministério integral. 
 
 
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5- A IGREJA ENVIADORA 
 
Missões diz respeito à expansão global da Igreja. A responsabilidade pelo suprimento dos 
recursos humanos e materiais para a expansão do Evangelho é principalmente da igreja 
local. Todas as igrejas locais têm potencial para serem igrejas enviadoras. 
 
Responsabilidades dos líderes 
1. Pastor: o apoio e entusiasmo do pastor são imprescindíveis. O envolvimento da 
igreja com um projeto missionário depende muito de seu posicionamento frente ao 
projeto. A igreja seguirá a visão e a liderança do pastor. 
2. Diretoria: a diretoria pode dar uma grande contribuição ao estabelecer diretrizes 
para o envolvimento da igreja no projeto missionário. Ela pode estabelecer alvos 
financeiros, escolher projetos de parceiria, etc. 
3. Ministério ou comitê de missões. Toda igreja deve ter um ministério ou comitê de 
missões que cuide dos detalhes do envolvimento da igreja durante o ano. 
– Na escolha dos membros do comitê, deve-se colocar pessoas que possuem uma 
paixão pelas almas perdidas de outros povos e que também têm algum 
conhecimento sobre missões. 
– Uma das funções do comitê é o planejamento para envolvimento total dos 
membros nos projetos missionários da igreja. Várias atividades podem ser 
organizadas para que isto ocorra: 
o Apresentação de “momentos missionários” durante os cultos. São alguns 
poucos minutos em que informações são passadas à igreja apresentando 
algum povo, necessidade ou notícias do campo. 
o Organização de uma conferência missionária anual. 
o Organização de um culto com ênfase missionária. 
o Eventos para levantar recursos: lava-carros, refeição (churrasco, pizza, 
feijoada, etc.), cantina, bazar, feira de artesanato, etc. 
o Organização de sustento regular: ofertas mensais (seja por meio de carnês, 
de boletos etc). 
o Promoção de oração regular por missões e pelos missionários sustentados 
pela igreja. 
– Cada membro do comitê se responsabiliza por uma área. Possíveis áreas de 
responsabilidade: 
o Eventos 
o Correspondência com missionários e igrejas parceiras (ou missão) 
o Educação missionária: informar a igreja da base bíblica de missões e da 
obrigação de cada cristão no seu envolvimento pessoal 
o Finanças 
o Organização de viagens missionárias 
o Oração 
o Divulgação do trabalho desenvolvido pelo missionário, das necessidades dos 
povos não alcançados 
 
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Responsabilidades da Igreja Local: 
1. Educação missionária da igreja 
2. Identificação e treinamento de novos missionários 
3. Sustento em oração 
4. Sustento financeiro 
5. Cuidados para com o missionário 
 
1. Educação missionária da igreja 
A igreja local tem, entre suas funções, a do ensino de seus membros. Existem muitos 
assuntos diferentes que devem ser abordados pela igreja e entre estes está a 
necessidade de ensinar a igreja o que a Bíblia ensina sobre missões. O ensino pode ser 
feito de diferentes maneiras e para grupos distintos. Aqui estão algumas sugestões: 
• Pregação e cultos com ênfase missionária; 
• Momentos missionários, clips e vídeos mostrando os campos missionários; 
• Escola Bíblica Dominical (EBD) e Escola Bíblica de Férias (EBF); 
• Apresentação do trabalho por missionários em divulgação; 
• Disponibilizar livros sobre missões na biblioteca da igreja; 
• Mapas e cartazes mostrando localização e ministérios dos missionários; 
• Conferência missionária anual; 
• Viagens missionárias: visita de membros aos campos missionários. 
 
2. Identificação e treinamento de novos missionários 
A igreja local deve manter diante da congregação a necessidade de obreiros no campo 
missionário e identificar aqueles que respondem ao chamado de Deus para serem 
missionários. Estes candidatos devem receber um treinamento teológico geral e outro 
específico para missões. É também importante que o candidato esteja envolvido com os 
ministérios da igreja. Alguém que não demonstre desejo de trabalhar na igreja local não 
deve ser considerado para o campo missionário. Ações práticas da igreja local: 
• Orar pelo chamamento de obreiros (Mt 9:38); 
• Compartilhar as necessidades específicas do campo missionário; 
• Encorajar os membros a usarem seus dons e talentos para a obra do Senhor; 
• Orientar e ajudar na procura ou escolha de um centro de treinamento apropriado; 
• Seleção de agência missionária. 
 
3. Sustento em Oração 
A oração é uma atividade missionária da igreja muito importante. 
Motivos de oração: 
• Pelo chamamento de obreiros; 
• Pelas decisões que os missionários precisam tomar no campo; 
• Pelas necessidades espirituais, emocionais e físicas dos missionários; 
• Pela salvação de almas – para que o Espírito Santo prepare os corações; 
• Pelos novos convertidos e pela igreja no campo; 
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Onde orar: 
• Nos cultos principais da igreja (demonstrando prioridade); 
• Reuniões de oração; 
• Grupos pequenos; 
• Em família; 
• Individualmente. 
 
4. Sustento financeiro 
A noção de que as ofertas missionárias podem prejudicar a saúde financeira da igreja é 
um mito. Na verdade, funciona de modo inverso. Quanto mais a igreja olha para fora de 
si mesma e contribui para missões, maior é a bênção financeira da igreja. Quando a 
igreja está motivada e envolvida em missões, a contribuição financeira não se torna 
difícil (Mt 6:20-21). As diretrizes da igreja decidem de que forma o dinheiro arrecadado 
será utilizado. 
 
Diversos sistemas que podem ser adotados pela igreja local para financiar missões: 
• Percentual pré-estabelecido com base nas entradas da igreja; 
• Quantia fixa pré-estabelecida das entradas da igreja; 
• Uma oferta missionária anual; 
• Compromissos individuais (compromissos mensais de contribuição assumidos por 
membros da igreja). 
 
Necessidades financeiras para o envio de missionários: 
• Material de divulgação de missões e do trabalho do missionário; 
• Custeio de divulgação (inclusive o deslocamento para igrejas parceiras); 
• Salário do missionário (com encargos sociais); 
• Plano de saúde; 
• Plano de previdência; 
• Passaporte e despesas com vistos de entrada; 
• Passagens aéreas; 
• Alojamento no campo (compra inicial de móveis); 
• Transporte; 
• Estudo da língua; 
• Educação dos filhos; 
• Métodos evangelísticos; 
• Local de reunião; 
• Equipamento; 
• Bíblias e literatura de apoio; 
 
 
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5. Cuidados para com o Missionário 
A igreja que envia um missionário transcultural ao campo faz um alto investimento. 
Cuidar bem do missionário é cuidar deste investimento. Além do mais, a igreja precisa 
cuidar do missionário por ser uma pessoa que precisa de cuidados especiais. Estes 
cuidados começam aqui, antes do seu envio, continuam durante o tempo de sua 
permanência no campo e não terminam durante o retorno do missionário para férias e 
divulgação. Além dos cuidados que toda igreja precisa ter com seus obreiros, existem 
algumas

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