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RECUPERAÇÕA AMBIENTAL OCUPAÇÃO DAS ENCOSTAS E A FORMAÇÃO DE ÁREAS DE RISCO Márcio Barcellos Pivetta Maristela Alessandra Paula Vieira Sandro Fagundes Zenaide da Silva Tutora Externa: Denise Rufino Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI Curso de Gestão Ambiental - GAM0471 04/05/2020 1 INTRODUÇÃO A ocupação de encostas se dá por meio do crescimento acelerado e desordenado de aglomerados humanos, mas também com a falta de planejamento. As consequências de tais atos apresentam diretamente impactos ambientais, como por exemplo, a modificação no uso e ocupação do solo. Desde a formação dos primeiros agrupamentos humanos até a concepção das cidades modernas, a sociedade convive com a ocorrência de eventos de ordem natural que geram perdas sociais e econômicas (VEYRET, 2007). Porém, o aumento da frequência e intensidade da ocorrência de eventos adversos tem se mostrado como tendência nos últimos anos, o que revela a importância de conhecer os fenômenos para minimizar os impactos gerados (TOMINAGA, 2009). Segundo Valencio et al (2005), os saberes baseiam-se no entrelaçamento de representações geradas a partir dos danos já vivenciados em eventos relacionados as chuvas. Esse conhecimento tradicional deve ser valorizado nas políticas de gestão de desastres, pois as populações submetidas a esses eventos podem contribuir com o seu conhecimento acerca da dinâmica da região, o que colabora para a elaboração de mitigação mais eficaz para manter a ocupação de áreas de risco. A alarmante necessidade de maior infraestrutura tem sido requisitada nos grandes centros populacionais. Uma estimativa quase alarmante, nesse aspecto é da Organização das Nações Unidas, prevendo que no ano de 2050, serão 5 bilhões de pessoas morando nas cidades. A previsão é que 80% das populações urbanas viverão em cidades de países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Devem-se considerar as características naturais do meio ambiente, caso contrário ter-se-á gravíssimos problemas nas diferentes porções físicas do meio ambiente, em especial no solo e na água. A ocupação improvisada nas encostas, muitas vezes em áreas irregulares que ultrapassam o perímetro urbano municipal, constitui o maior desafio para o planejamento urbano municipal. 1.1FORMULAÇÃO DO PROBLEMA E JUSTIFICATIVA DA PESQUISA A ocupação de encostas se da por meio do crescimento desordenado e é uma consequência de falta de políticas públicas e pela omissão de fiscalização destes ambientes. Quando os fatores de segurança não são considerados ocorrem os deslizamentos, que é um fenômeno comum em áreas de elevação acidentada. Além dos motivos geológicos, as ações humanas intensificam os deslizamentos através da retirada da cobertura vegetal e da ocupação inadequada, oferecendo condições propícias para o desenvolvimento desse fenômeno. 1.2 OBJETIVO GERAL Realizar uma breve revisão de literatura acerca da ocupação das encostas e formação de áreas de risco. 2 MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de um estudo baseado em revisão de literatura de abordagem qualitativa. As publicações utilizadas foram textos e artigos que contemplam o tema proposto. 1 RESULTADOS E DISCUSSÃO O deslizamento é um fenômeno comum em áreas de relevo acidentado, sobretudo nas encostas. Esse processo pode ocorrer em locais onde não há ocupação humana e pode ser visualizado pela Figura 01. Figura 01 - Deslizamentos de encostas Fonte: Brasil Escola, 2020. No entanto, elas são mais comuns em terrenos onde houve a retirada da cobertura vegetal original, que é responsável pela consistência do solo e que impede, através das raízes, o escoamento das águas (FREITAS, 2020). “Os deslizamentos de encostas têm aumentado consideravelmente nas últimas décadas, principalmente nos centros urbanos dos países denominados emergentes, onde esses movimentos gravitacionais de massa são agravados em função da urbanização intensa e da construção de residências em encostas acentuadas. Os deslizamentos constituem riscos da natureza, que provocam consequências graves como o bloqueio de vias de circulação, o soterramento de casas e, consequentemente, a ocorrência de vítimas fatais” (FILHO, CORTEZ, 2010, p.33). As pessoas que vivem nos centros urbanos e que mais sofrem são as de baixo poder aquisitivo, pois as áreas de risco em que habitam são uma das únicas alternativas para essa classe residir, visto que são lugares de pequeno valor comercial. Em todos os anos, durante os períodos de chuva, veiculam notícias de enchentes e deslizamentos em áreas marginalizadas, produzindo prejuízos e mortes em diversas metrópoles brasileiras, e na Figura 02 observamos este tipo de tragédia. Figura 02 - Deslizamentos de encostas em áreas urbanas. Fonte: Brasil Escola, 2020. Segundo Filho e Cortez (2010, p. 35) “a intensa urbanização e o agravamento da crise econômica do Brasil têm reduzido as alternativas habitacionais da população de mais baixa renda, que passou a ocupar áreas geologicamente desfavoráveis, sem planejamento e infraestrutura. Esse quadro tem contribuído para o incremento das situações de risco associadas a processos do meio físico”. Para atendimento das necessidades dos cidadãos é necessário a elaboração de políticas, planejamento e ações governamentais no âmbito da proteção, defesa e segurança civil. É necessário ampliar o diálogo com as comunidades afetadas pelos desastres, a fim de conhecer a realidade das mesmas, para que se possam atender as reais necessidades desses grupos. O desenvolvimento técnico e cientifico relacionados aos desastres torna-se ainda mais eficaz quando aliado aos saberes tradicionais. Vedovello (2007) afirma que as principais causas da ocorrência de deslizamentos podem ser por causas primárias e secundárias. referem-se às causas primárias: terremotos, vulcanismo e ondas gigantes (tsunami) chuvas contínuas e ou intensas oscila es t rmicas eros o e intemperismo vegeta o (peso, a o radicular) a es humanas (cortes, dep sitos de materiais, estruturas construídas, aterros, tr fego, e plos es e sismos induzidos) oscila es naturais ou induzidas do nível d gua em su superfície e desmatamento. referem-se s causas secund rias remo o de massa so recarga solicita es din micas (vi ra es) press es em descontinuidades do terreno (por exemplo, entrada de gua ou crescimento de vegeta o em fraturas das rochas) diminui o nas propriedades de coes o e ngulo de atrito dos materiais presentes nas encostas e varia es nas rela es de tens es, estruturas e geometria dos materiais presentes nas encostas. Contudo, é necessária a atuação do Estado na gestão dos riscos de desastres naturais, é preciso incluir essa necessidade nas políticas urbanas, os estados precisam desenvolver ações de apoio, e a União deve dar continuidade e ampliar seus programas e ações, adequando e modernizando a legislação federal relacionada ao planejamento urbano e à defesa civil. No Brasil a (lei n° 6766, de 19 dezembro de 1979, artigo 3° paragrafo único) proíbe que as áreas de risco sejam loteadas para fins urbanos. Apesar disso, muitas vezes o próprio poder público tem levado serviços públicos e infraestrutura a essas áreas, contribuindo assim, para o adensamento da ocupação. A atuação das prefeituras para a desapropriação das áreas de risco, a cada ano ocorre redução, alegado a crise econômica. O governo não apresentam projetos consistentes para a desocupação das encostas e quando fazem é um número reduzido. Enfrentam também dificuldades com a população, para que deixem a área de risco e se desloquem para outras locais indicado pela prefeitura. Mas antes de oferecerem uma casa segura, livre de deslizamento, necessitam oferecer para as pessoas condições de vida, para realizar seus anseios, muitas vezes as áreas oferecidas são distantes e carentesde possibilidades de trabalho e renda. A migração sendo um dos fatores, que gera o crescimento urbano acelerado, gerando as ocupações desordenadas em áreas risco, é a busca pelo trabalho e a melhor qualidade de vida, faz entender , que no sistema de deslocamento ocorrera resistências. O Plano Diretor está previsto na Lei 10.257/01, conhecida como Estatuto das Cidades, é um documento-base com orientações da política de desenvolvimento dos Munícipios brasileiros. É obrigatório em cidades com mas de 20 mil habitantes. A participação é democrática, uma vez que a elaboração é a fiscalizações são necessárias através de audiências públicas, com a participação de todos e a garantia do direto a informações. É um meio para se estabelecer a exigência de ações de vários assuntos direcionados as cidades. Através dessa ação popular, as pessoas e seus representantes comunitários devem se fazer ouvir e exigir políticas públicas, dos seus governantes. “A incorporação do gerenciamento de risco à agenda da política urbana, associada à efetiva implantação dos instrumentos de planejamento urbano que ampliem o acesso das camadas populares à terra urbanizada e a uma política habitacional que responda à necessidade de moradia de interesse social, é condição essencial para a construção de cidades mais seguras ante os desastres naturais” (CARVALHO, GALVÃO, sem data, p. 181) 4 CONCLUSÃO Os acidentes geológicos relacionados a deslizamentos vêm aumentando cada vez mais e sendo considerados como uns dos mais graves. Ocorrem especialmente em áreas urbanas, onde há perdas e danos para muitas famílias residentes. As condições precárias de submoradias e o baixo padrão de vida dos moradores desses locais acontecem, especialmente, do baixo padrão de remuneração que obtêm em subempregos, da localização de comunidades ou “favelas”, em relação à acessibilidade social, às vantagens urbanas e, também, das políticas públicas. Para atendimento das necessidades dos cidadãos é necessário a elaboração de políticas, planejamento e ações governamentais no âmbito da proteção, defesa e segurança civil. É necessário ampliar o diálogo com as comunidades afetadas pelos desastres, a fim de conhecer a realidade das mesmas, para que se possam atender as reais necessidades desses grupos. O desenvolvimento técnico e cientifico relacionados aos desastres torna-se ainda mais eficaz quando aliado aos saberes tradicionais. REFERÊNCIAS CARVALHO, Celso Santos; Galvão, Thiago. Prevenção de riscos de deslizamentos em encostas em áreas urbanas. (Capítulo 7). Caracterização de Tipologia de Assentamentos precários: estudos de casos brasileiros. s.d., 169 – 185. FILHO, Arthur Rosa; CORTEZ, Ana Tereza Caceres. A problemática socioambiental da ocupação urbana em áreas de risco de deslizamento da “Suíça Brasileira”. Revista Brasileira de Geografia Física. V. 3, P. 33-40, 2010. FREITAS, Eduardo. "Deslizamentos de Encostas". Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/deslizamentos-encostas.htm. Acesso em 04 de maio de 2020. SILVA, Valencio. Manual Representações e Práticas Sociais, São Paulo, 2005. TOMINAGA, Lídia Keiko. Desastres Naturais, São Paulo,2009. VEDOVELLO, R.; MACEDO, E. Deslizamentos de encostas. In: SANTOS, R. F. (Org.). Vulnerabilidade ambiental: desastres naturais ou fenômenos induzidos? Brasília: MMA, 2007. VEYRET, Yvette. Percepção de Riscos em Área Costeira, São Paulo,2007.
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