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ARQUITETURA MODERNA NA ÁFRICA LUSÓFONA Quelimane e a obra de João Garizo do Carmo (1952-1970) Catarina Delgado Mateus da Silva Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Arquitetura Júri Presidente: Professor Doutor João Vieira Caldas Orientador: Professora Doutora Ana Cristina dos Santos Tostões Vogal: Professora Bárbara dos Santos Coutinho Novembro 2013 1 AGRADECIMENTOS A todos os que permitiram o desenvolvimento deste trabalho, agradeço: À Professora Ana Tostões o exemplo, a motivação e a oportunidade. A possibilidade de contacto com toda a realidade investigada e toda a partilha de conhecimento, que se revelou uma inspiração para mim. À Zara a sabedoria, a presença e acima de tudo a incondicional amizade. À Verónica a confiança, a disponibilidade, a cumplicidade, o sonho. Por toda a partilha que contribuiu determinantemente para o real conhecimento do arquiteto João Garizo do Carmo. Genericamente, aos membros da equipa EWV e a todas as pessoas que interessadamente contribuíram na minha investigação, em particular ao: José Espirito Santo, José Forjaz, Luís Lage e Presidente Manuel de Araújo. À minha mãe a dedicação. Ao meu pai a compreensão. Aos meus avós o carinho. Ao Helder o infinito. Obrigada. 2 3 RESUMO Esta dissertação pretende contribuir para a caracterização da Arquitetura Moderna na África Lusófona do ponto de vista do seu enquadramento nos pressupostos formais, tecnológicos e ideológicos do Movimento Moderno e da sua capacidade de resposta ao contexto climático em que se insere. A observação das obras do arquiteto João Garizo do Carmo, em particular dos dois casos de estudo escolhidos, é deste modo enquadrada na geografia e cultura da cidade de Quelimane, materializando os conceitos da arquitetura moderna tropical. É visível, no conjunto da sua obra, a influência e admiração pela arquitetura moderna brasileira. A qualidade plástica das suas obras são consequência das capacidades construtivas e estruturais do betão armado onde “não importa apenas a linguagem, a forma, mas sim os métodos, a construção, a funcionalidade. É necessário que o desenho tenha em atenção as condições mesológicas africanas, que compreendem soluções climatéricas ajustadas aos trópicos, como ventilação, exposição solar, pluviosidade.”1 A união das artes, o dinamismo, a função e a libertação estrutural caracterizam esta utopia moderna, associada à ideia de progresso e de transformação da sociedade. Palavras-chave: Arquitetura Moderna Tropical, Moçambique, Quelimane, João Garizo do Carmo 1 Ana Vaz Milheiro – “Experiências em Concreto Armado na África Portuguesa: Influências do Brasil”, In Pós – Revista do Programa de Pós-Graduação e Urbanismo da FAUUSP, de Junho de 2009, nº 25. 4 5 ABSTRACT This dissertation aims to contribute to the characterization of Modern Architecture in Lusophone Africa from the point of view of formal, technological and ideological assumptions of the Modern Movement and its responsiveness to the climatic context in which it operates. The observation of the works of architect João Garizo Carmo, particularly the two chosen case studies, is thus framed in the geography and culture of the city of Quelimane, materializing the concepts of modern tropical architecture. It is visible in all of his work, the influence and admiration for modern Brazilian architecture. The plastic quality of his works is a result of constructive and structural capacity of reinforced concrete where "not only the language matters, the form, but the methods, construction, functionality. It is necessary for the design to take into consideration African mesologic conditions, which include tropics adjusted climate solutions, such as ventilation, sunlight, rainfall."2 This modern utopia is characterized by linking the arts, dynamism, function and structural liberation, associated with the idea of progress and social transformation. Keywords: Modern Tropical Architecture, Mozambique, Quelimane, João Carmo Garizo 2 2 Ana Vaz Milheiro – “Experiências em Concreto Armado na África Portuguesa: Influências do Brasil”, In Pós – Revista do Programa de Pós-Graduação e Urbanismo da FAUUSP, de Junho de 2009, nº 25. 6 7 INDICE Introdução 01. QUELIMANE, GEOGRAFIA DE UM LUGAR CONTEXTO História Clima Classificação Carta Solar Temperatura Humidade Pluviosidade Ventos Conforto URBANISMO ARQUITETURA Forma e clima Imagem moderna 02. JOÃO AFONSO GARIZO DO CARMO, ARQUITECTO VISÕES CRUZADAS: FORMAÇÃO, INFLUÊNCIA E OBRA ENTRE BEIRA E QUELIMANE 03. CASOS DE ESTUDO PAÇO EPISCOPAL PALÁCIO DAS REPARTIÇÕES Conclusão Bibliografia Anexos Paço Episcopal Palácio das Repartições Cronologia 27 33 33 45 46 48 49 50 50 51 52 55 67 67 73 87 101 137 159 171 173 189 191 195 199 8 9 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ACTD – Arquivo Científico Tropical AHD – Arquivo Histórico Diplomático AHU – Arquivo Histórico Ultramarino ANTT – Arquivo Nacional da Torre do Tombo AO – Ordem dos Arquitectos BNP – Biblioteca Nacional Portuguesa CIAM – Congresso Internacional de Arquitectura Moderna EGAP – Exposições Gerais de Arte Plástica ESBAL – Escola Superior de Belas Artes de Lisboa ESBAP – Escola Superior de Belas Artes do Porto EWV – Exchanging Worlds Visions FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia GUC – Gabinete de Urbanização Colonial GUU – Gabinete de Urbanização do Ultramar ICAT – Iniciativas Cultural Arte e Técnica IICT – Instituto de Investigação Científica Tropical IPAD – Instituto de Apoio ao Desenvolvimento ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa ISEG – Instituto Superior de Economia e Gestão IST – Instituto Superior Técnico PALOP – Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa ODAM – Organização dos Arquitectos Modernos UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura 10 11 INDICE DE FIGURAS 001. Vista geral, Quelimane, 1900 Fonte: http://www.delcampe.net 002. Limpando arroz, Quelimane, 1902 Fonte: ACTD, Colecção Aspectos de Quelimane, Fotografo J.& M. Lazarus Photos,1902, nº 5908, Cota: PRA/PI372 003. Fábrica de coco, Quelimane, (-) Fonte: ACTD, Imagem de indústria e agricultura em Moçambique tiradas pelo Centro de Informação e Turismo, Fotografo CITMoçambique, s.d., nº 17108, Cota: AGU/PI0114 004. Carnaval, Quelimane, (-) Fonte: IICT, “O carnaval em Quelimane”,Polícia Moçambique, nº 19, Jan- Fev-Mar. 1972, p.13, Cota: 3166 IICT 005. Cais, Quelimane, 1868 Fonte: ACTD, Coleccção Quelimane em 1868, Fotografo B.Kisch, 1868, nº 5744, Cota: PRA/PG076 006. Caminhos-de-Ferro, Quelimane, 1905 Fonte: ACTD, Colecção Aspectos da Campanha do Zambeze, autor não identificado, 1905, nº 5923, cota: PRA/ PI390 007. Cais, Quelimane, 1891 Fonte: ACTD, Colecção África Oriental - Província de Moçambique, Fotografo Manoel Romão Pereira, 1891, nº 5033, Cota: PRA/PM115 008. Câmara Municipal, Quelimane, 1891 Fonte: ACTD, Missão Marianno de Carvalho à província de Moçambique, Fotografo Manoel Romão Pereira, 1891, nº 4885, Cota: PRA/PK220 009. Repartições Públicas, Quelimane, 1891 Fonte: ACTD, Missão Marianno de Carvalho à província de Moçambique, Fotografo Manoel Romão Pereira,1891, nº4895, Cota: PRA/PK250 010. Igreja de Nossa Senhora do Livramento, Quelimane, 1891 Fonte: ACTD, Colecção África Oriental - Província de Moçambique, Fotografo Manoel Romão Pereira, 1891, nº 5029, Cota: PRA/PM100 http://www.delcampe.net/ 12 011. Hospital Civil e Militar, Quelimane, 1891 Fonte: ACTD, Colecção África Oriental - Província de Moçambique, Fotografo Manoel Romão Pereira, 1891, nº 5018, Cota: PRA/PM094 012. Escola Municipal do sexo femenino, Quelimane, 1891 Fonte: ACTD, Colecção Aspectos de Moçambique, autor não identificado, 1891, nº5588, Cota: PRA/PK651 013. Mercado, Quelimane, 1891 Fonte: ACTD, Missão Marianno de Carvalho à província de Moçambique, Fotografo Manoel Romão Pereira, 1891, nº 4888, Cota: PRA/PK232 014. Casa do Comendador, Quelimane, 1891 Fonte: ACTD, Missão Marianno de Carvalho à província de Moçambique, Fotografo Manoel Romão Pereira, 1891, nº4892, Cota: PRA/PK244 015. Marginal, Quelimane, 1891 Fonte: ACTD, Colecção África Oriental - Província de Moçambique, Fotografo Manoel Romão Pereira, 1891, nº 5062, Cota: PRA/PM218 016. Câmara Municipal, Quelimane, 1912 e 1929 Fonte: João Loureiro – Postais antigos & outras memórias da Zambézia. Lisboa : Maisimagem Comunicação Global, 2001, p.16 e 20. 017. Correios, Quelimane, 1912 e 1929 Fonte: João Loureiro – op.cit., p.18 e 21. 018. Hospital, Quelimane, 1929 Fonte: João Loureiro – op.cit., p.20 019. Mercado, Quelimane, 1929 Fonte: João Loureiro – op.cit., p.23 020. Fazenda, Quelimane, 1929 Fonte: João Loureiro – op.cit., p.21. 021. Porto, Quelimane, 1929 Fonte: João Loureiro – op.cit., p.23. 022. O Sol, Quelimane Fonte: Catarina Delgado, 2012 13 023. Localização da cidade de Quelimane em Moçambique Fonte: Zara Ferreira – O Moderno e o clima na África Lusófona, Arquitectura escolar em Moçambique: o programa de Fernando Mesquita Dissertação para Mestrado em Arquitectura. Lisboa: Instituto Superior Técnico, 2012, p.125. 024. Comportamento do Sol Fonte: Zara Ferreira – O Moderno e o clima na África Lusófona, Arquitectura escolar em Moçambique: o programa de Fernando Mesquita Dissertação para Mestrado em Arquitectura. Lisboa: Instituto Superior Técnico, 2012, p.263. 025. A temperatura Fonte: Zara Ferreira – O Moderno e o clima na África Lusófona, Arquitectura escolar em Moçambique: o programa de Fernando Mesquita Dissertação para Mestrado em Arquitectura. Lisboa: Instituto Superior Técnico, 2012, p.263. 026. A humidade Fonte: Zara Ferreira – O Moderno e o clima na África Lusófona, Arquitectura escolar em Moçambique: o programa de Fernando Mesquita Dissertação para Mestrado em Arquitectura. Lisboa: Instituto Superior Técnico, 2012, p.263. 027. A pluviosidade Fonte: Zara Ferreira – O Moderno e o clima na África Lusófona, Arquitectura escolar em Moçambique: o programa de Fernando Mesquita Dissertação para Mestrado em Arquitectura. Lisboa: Instituto Superior Técnico, 2012, p.263. 028. Diagrama termo-pluviométrico Fonte: BOLÉO, José de Oliveira – “Elementos para o Estudo das Condições Climáticas de Moçambique”. Moçambique - Documentário Trimestral, nº 44, Lourenço Marques, 1945, p. 104. Disponível em: http://memoriaafrica.ua.pt/DesktopModules/MABDImg/ShowImage.aspx?q= /MDT/ 029. Orientação dos ventos predominantes Fonte: Zara Ferreira – O Moderno e o clima na África Lusófona, Arquitectura escolar em Moçambique: o programa de Fernando Mesquita Dissertação para Mestrado em Arquitectura. Lisboa: Instituto Superior Técnico, 2012, p.263. 14 030. Carta de Conforto Térmico de Quelimane Fonte: Manuel Monteiro Correia – ”Conforto Térmico em Quelimane”, Serviço Meteorológico de Moçambique, SMM 84, Memória 78, 25 Julho 1973, p.14. 031. Vistas aéreas, Quelimane, anos 30 e 60 031.1. Fonte: ACTD, Colecção Aspectos de Moçambique, autor não identificado, anos 30, nº1647, Cota: AGU/ DD0022 031.2. Fonte: João Loureiro – op.cit., p.25. 032. Uma rua, Quelimane, 1891 e 1929 032.1. Fonte: ACTD, Colecção Missão Marianno de Carvalho à província de Moçambique, Fotografo Manoel Romão Pereira, 1891, nº 4901, Cota: PRA/PK268 032.2. Fonte: João Loureiro – op.cit., p. 21 033. Planta Topografica da cidade de Quelimane (1945), João de Aguiar, GUC Fonte: AHU, Planos de urbanização: Moçambique: Quelimane (1945-72), Cota: PT/ IPAD/ MU/ DGOPC/ DSUH/ 2097/12421 034. Planta Geral de Urbanização de Quelimane - estudos (1947), João de Aguiar, GUC Fonte: AHU, Planos de urbanização: Moçambique: Quelimane (1945-72), Cota: PT/ IPAD/ MU/ DGOPC/ DSUH/ 2097/ 12975 035. Plano Geral de Urbanização de Quelimane (1950), João de Aguiar, GUC Fonte: AHU, Planos de urbanização: Moçambique: Quelimane (1945-72), Cota: PT/ IPAD/ MU/ DGOPC/ DSUH/ 2097 036. “A cidade do betão e o caniço”, Quelimane, (-) Fonte: Fonte: AHU, Planos de urbanização: Moçambique: Quelimane (1945- 72), Cota: PT/ IPAD/ MU/ DGOPC/ DSUH/ 2097/12421 037. Esquema dos limites das àreas de estudo e levantamento existentes (1964) Fonte: AHU, Planos de urbanização: Moçambique: Quelimane (1945-72), Cota: PT/ IPAD/ MU/ DGOPC/ DSUH/ 2097/12421 038. Terrenos destinados a bairros indigenas (1964) Fonte: AHU, Planos de urbanização: Moçambique: Quelimane (1945-72), Cota: PT/ IPAD/ MU/ DGOPC/ DSUH/ 2097/12421 039. Áreas da cidade com necessidade de arranjo urbanistico (1964) Fonte: AHU, Planos de urbanização: Moçambique: Quelimane (1945-72), Cota: PT/ IPAD/ MU/ DGOPC/ DSUH/ 2097/12421 http://memoria-africa.ua.pt/Catalog.aspx?q=AU%20correia,%20manuel%20monteiro http://memoria-africa.ua.pt/Catalog.aspx?q=TI%20conforto%20termico%20em%20quelimane 15 040. Solução urbanistica da zona da Sargrada Familia (1964) Fonte: AHU, Planos de urbanização: Moçambique: Quelimane (1945-72), Cota: PT/ IPAD/ MU/ DGOPC/ DSUH/ 2097/12421 041. Solução urbanistica entre a Rua Antoónio e a Sagrada Familia (1964) Fonte: AHU, Planos de urbanização: Moçambique: Quelimane (1945-72), Cota: PT/ IPAD/ MU/ DGOPC/ DSUH/ 2097/12421 042 .Avenida Dr. Oliveira Salazar, Quelimane, 1968 Fonte: João Loureiro – op.cit., p.30. 043. Praças e jardins da cidade – Praça João de Azevedo Coutinho, Jardim da Madal, Parque Mouzinho de Albuquerque (acácias rubras), Quelimane, 1968 Fonte: João Loureiro – op.cit., p.32, 33. 044. Vista geral, Quelimane, 1905 e 1965 Fonte: João Loureiro – op.cit., p.12 Fonte: http://www.oficinadesociologia.blogspot.pt 045. A luz da cidade, vista do Hotel Chuabo, Quelimane Fonte: Arquivo EWV, Ana Tostões, 2010 046. Ventilação. Problema base num clima tropical. Influência das palas e lâminas orientáveis sobre a direção do ar. Ventilação de coberturas. Influência da vegetação sobre a ventilação da construção. (notar a influência relativa dos diferentes obstáculos) Fonte: Plano de Urbanização de Quelimane (1945-72): Relatório e projectos de um grupo de trabalho: Quelimane, unidade de vizinhança 1: estudos de base e urbanização, cota: PT/ IPAD/ UM/ DGOPC/ DSUH/ 2097/12418 047. Imagem moderna, fachada tardoz Hotel Chuabo, Quelimane Fonte: Catarina Delgado, 2012. 048. Postais de Quelimane – Prédio Monteiro&Giro, Cine-Teatro Águia| Palácio das Repartições, Prédio Barreto&Filho | Piscina municipal, Travessa Nª Sr.ª do Livramento, Vista parcial da cidade |Vista geral da cidade, Palmar – 1960, Quelimane Fonte: ACTD, Postais de Moçambique, edição de Foto Lusitana, nº 23140 049. Porto e marginal, Quelimane Fonte: Catarina Delgado, 2012 http://www.oficinadesociologia.blogspot.pt/ 16 050. Edifício Monteiro&Giro (1954), Arménio Losa, Cassiano Branco, António Ribeiro da Costa, R. Filipe Samuel Magaia, Quelimane Fonte: Catarina Delgado, 2012 051. Banco Nacional Ultramarino (1960)), Francisco José de Castro, Av. Samora Machel | Tv. 1 de Julho, Quelimane Fonte: Catarina Delgado, 2012 052. Hotel Chuabo (1954), Arménio Losa, Cassiano Barbosa, António Ribeiro da Costa, Av. Samora Machel | Tv. 1 de Julho, Quelimane Fonte: Catarina Delgado, 2012 053. Escola Industrial e Comercial 1º de Maio (1960), autor desconhecido,Av.25 de Junho, Quelimane Fonte: Catarina Delgado, 2012 054. Escola 25 de Setembro (1969), Rute Bota, R. Hamed Sekou Touré| Av. Heróis da Libertação Nacional Fonte: Catarina Delgado, 2012 055. Escola Primária Sinacurra (-), autor desconhecido, Rua Acordos de Lusaka, Quelimane Fonte: Catarina Delgado, 2012 056. Biblioteca Municipal (1969), Bernardino Ramalhete, Naya Marques, Pr. De Bonga, Quelimane Fonte: Arquivo EWV, Ana Tostões, 2010 057. Mercado Municipal (-), autor desconhecido, Av. Heróis da Libertação Nacional | Av.25 de Junho, Quelimane Fonte: Catarina Delgado, 2012 058. Cine-Teatro Águia (1955), João Garizo do Carmo, Av. Josina Machel| Av. Eduardo Mondlane, Quelimane Fonte: Catarina Delgado, 2012 059. Piscina municipal (-), autor desconhecido, Av. Samora Machel, Quelimane Fonte: Catarina Delgado, 2012 060. Igreja da Missão Sagrada Família – Nova catedral (1955), autor desconhecido, Av. 7 Setembro | R. Filipe Samuel Magaia | R. Paulo Samuel Kankhomba, Quelimane Fonte: Catarina Delgado, 2012 17 061. Conselho Municipal (-), autor desconhecido, Av. Josina Machel, Quelimane Fonte: Arquivo EWV, Ana Tostões, 2010 062. Edifício dos Correios (-), autor desconhecido, Av. Samora Machel, Quelimane Fonte: Arquivo EWV, Maria Manuel Oliveira, 2010 063. Escola Primária de Quelimane (-), autor desconhecido, Av. Josina Machel, Quelimane Fonte: Catarina Delgado, 2012 064. Mesquita (-), autor desconhecido, Av. 1ºJulho, Quelimane Fonte: Arquivo EWV, Ana Tostões, 2010 065. Aeroporto de Quelimane (-), Octávio Rego Costa, Av. 25 de Julho, Quelimane Fonte: Catarina Delgado, 2012 066. Complexo Monteiro & Giro – Fábrica Cerâmica (1958), Arménio Losa, Cassiano Barbosa, António Ribeiro da Costa, Quelimane Fonte: Arquivo EWV, Ana Tostões, 2010 067. Localização dos edifícios identificados Fonte: Arquivo EWV 068. O edifício e o habitante chuabo Fonte: Catarina Delgado, 2012 e Arquivo EWV, Ana Tostões, 2010 069. Nova Catedral de Quelimane – Projeto inicial (1955), Megre Pires, Quelimane 069.1. Fonte: Missões Católicas Portuguesas: documentário fotográfico. Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar - Centro de estudos Históricos Ultramarinos , 1964, p.114. 069.2. Fonte: Arquivo EWV 070. Jaime Afonso do Carmo Fonte: Espólio Verónica Garizo do Carmo 071. Nomeação de Jaime Afonso do Carmo (1913), Beira Fonte: IANTT, Afonso Jaime do Carmo, Companhia de Moçambique, Processo nº10143, caixa 804, maço 838. http://catalogo.biblioteca.iscte-iul.pt/cgi-bin/koha/opac-search.pl?q=pb:Junta%20de%20Investiga%C3%A7%C3%B5es%20do%20Ultramar%20%7C%20Centro%20de%20estudos%20Hist%C3%B3ricos%20Ultramarinos http://catalogo.biblioteca.iscte-iul.pt/cgi-bin/koha/opac-search.pl?q=pb:Junta%20de%20Investiga%C3%A7%C3%B5es%20do%20Ultramar%20%7C%20Centro%20de%20estudos%20Hist%C3%B3ricos%20Ultramarinos 18 072. Ponte sobre o Chiveve, Beira, 1905 Fonte: IANTT, Ponte sôbre o chiveve, 1905, Cota: PT.TT.CMZ-AF-GT.E.2-1.10.23 073. Projeto de uma Casa de Férias no Alto Rodizio (1948), Jorge Garizo do Carmo Fonte: “Concurso para uma Casa de Férias no Alto do Rodizio”, Arquitectura, nº23/24, Lisboa, Maio /Junho 1948, p.2. 074. Jorge Garizo do Carmo com a sua escultura “A Mão”, situada ao lado do Grande Hotel da Beira, Beira Fonte: Espólio Verónica Garizo do Carmo 075. Atelier de Jorge Garizo do Carmo, Lourenço Marques Fonte: Espólio Verónica Garizo do Carmo 076. Cartaz do Teatro Nacional de D.Maria II - Gisela May interpreta Brecht (1978), Lisboa Fonte: BNP, Obra Digitalizada de Garizo do Carmo, Teatro Nacional de D. Maria II, 1978 077. Pintura mural do Banco Nacional Ultramarino (1963), Lourenço Marques Fonte: Verónica Garizo do Carmo, 2008 078. João Garizo do Carmo Fonte: “Igreja do Alto da Manga, Entrevista com o Arquitecto João Garizo do Carmo”, Diário de Moçambique, Beira, 19 Junho 1956, p3. 079. Ló do Carmo, Nico Craveiro Lopes e João Garizo do Carmo Fonte: Espólio Verónica Garizo do Carmo 080. Casa Galeão (1946), João Garizo do Carmo, Lisboa Fonte: http://www.diasquevoam.blogspot.pt 081. Café em Lisboa (1948), João Garizo do Camo, Lisboa Fonte: “Café em Lisboa”, Arquitectura, nº27, Lisboa, Outubro/ Novembro 1948, p.2 082. Fábrica de Chocolates (1948), João Garizo do Carmo, Coimbra Fonte: “Fábrica de Chocolates em Coimbra”, Arquitectura, nº19, Lisboa, Janeiro 1948, p.12. http://purl.pt/7730 http://www.diasquevoam.blogspot.pt/ 19 083. Predial Ultramarina (1952), João Garizo do Carmo, Beira Fonte: Arquivo EWV, Ana Tostões, 2010 084. Desenhos Casa António Duarte (1952), João Garizo do Carmo, Beira Fonte: Arquivo EWV 085. Bilhete Cine-Teatro São Jorge, Beira, 1972 Fonte: http://www.pensamentoseespiritualidade.blogspot.pt 086. Desenhos Cine-Teatro São Jorge – Planta, Alçados e Corte (1953), João Garizo do Carmo, Beira Fonte: Arquivo EWV 087. Cine-Teatro São Jorge (1953), João Garizo do Carmo, Beira 087.1. Fonte: João Loureiro – Memórias da Beira. Lisboa, Maisimagem: Comunicação Global, 2005, p.96. 087.2. Fonte: http://www.panoramio.com/ 087.3. Fonte: http://www.panoramio.com/ 088. Pavilhão de Verificação de Óbitos (1936), Luiz Nunes, Recife Fonte: Philip Goodwin – Brazil Builds: Architecture New and Old 1652-1942. New York, Museum of Modern Art, 1943, p.159. 089. Painéis Cine-Teatro São Jorge – painel frontal e lateral esquerdo (1953), Jorge Garizo do Carmo, Beira Fonte: http://www.panoramio.com/ 090. Casa Eduardo Pereira (1953), João Garizo do Carmo, Beira Fonte: António Manuel da Silva e Sousa Albuquerque – Arquitectura Moderna em Moçambique: Inquérito à Produção Arquitectónica em Moçambique nos Últimos Vinte e Cinco Anos do Império Colonial Português (1949-1974), Prova Final de Licenciatura em Arquitectura, Universidade de Coimbra: Faculdade de Ciências e Tecnologia, 1998, p.42 091. Casa Errazuriz (1930), Le Corbusier, Chile Fonte: http://www.fondationlecorbusier.fr 092. Iate Clube (1942), Óscar Niemeyer, Belo Horizonte Fonte: Philip Goodwin – op. cit., p. 193 093. Residência de Juscelino Kubitschek (1943), óscar Nimeyer, Belo Horizonte Fonte: http://www.blogdoims.com.brimsobras-de-niemeyer-pelo-olhar-de- marcel-gautherot http://www.pensamentoseespiritualidade.blogspot.pt/ http://www.panoramio.com/ http://www.panoramio.com/ http://www.panoramio.com/ http://www.panoramio.com/ http://www.blogdoims.com.brimsobras-de-niemeyer-pelo-olhar-de-marcel-gautherot/ http://www.blogdoims.com.brimsobras-de-niemeyer-pelo-olhar-de-marcel-gautherot/ 20 094. Casa Deolinda Pinho (1954), João Garizo do Carmo, Beira Fonte: António Albuquerque – op.cit., p. 43 095. Casa Gomes Frois (não construída) (1954),João Garizo do Carmo, Beira Fonte: António Albuquerque – op.cit., p. 43 096. Alçado Igreja da Manga (1955), João Garizo do Carmo, Beira Fonte: “Igreja do Alto da Manga, Entrevista com o Arquitecto João Garizo do Carmo”, Diário de Moçambique, Beira, 19 Junho 1956, p3. 097. Alçado Igreja São Francisco de Assis (1943), Óscar Niemeyer, Pampulha Fonte: “Igreja do Alto da Manga, Entrevista com o Arquitecto João Garizo do Carmo”, Diário de Moçambique, Beira, 19 Junho 1956, p3. 098. Igreja da Manga (1955), João Garizo do Carmo, Beira Fonte: Volkmar Wentzel – “Mozambique, Land of the Good People”, National Geographic, nº2, vol.126, Washington, Agosto 1964, p.197. Disponível em: http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/files/natgeogagosto1964. pdf 099. Igreja da Manga, Fachada Principal, Baptistério, Painel cerâmico (1955), João Garizo do Carmo, Beira Fonte: Arquivo EWV, Ana Magalhães, 2010 100. Residência Monol (1919), Le Corbusier Fonte: Willy Boesiger – Le Corbusier: Oeuvre Completè 1938-46. London, Thames and Hudson, 1972, p.24. 101. Igreja São Francisco de Assis (1943) e Igreja de Pebane (anos 50-60) 101.1. Fonte: Henrique Mindlin – Modern Architecture in Brazil. Rio de Janeiro/ Amesterdão: Colibri, 1956, p.183. 101.2. Fonte: Carla Mirella de Oliveira Cortês – Moderno Brasileiro em Moçambique, 1950-1975: A importação de uma Imagem, Dissertação de conclusão de Mestrado em Desenvolvimento Urbano, Universidade Federal de Pernambuco, 2011, p. 159. 102. Casa Maria Amaral, (1956), João Garizo do Carmo, Beira Fonte: António Albuquerque – op.cit., p. 49 103. Residência Oswald Andrade (1938), Óscar Niemeyer, Rio de Janeiro Fonte: Carla Cortês – op.cit., p. 163. 104. Casa Charles Tully (1957), João Garizo do Carmo, Beira Fonte: Arquivo EWV, Ana Magalhães, 2010 http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/files/natgeogagosto1964.pdf http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/files/natgeogagosto1964.pdf 21 105. Pousada Macuti (1957), João Garizo do Carmo, Beira Fonte: António Albuquerque – op.cit., p. 52 106. Casas Carlos Silva (1957), João Garizo do Carmo, Beira Fonte: António Albuquerque – op.cit., p. 52 107. Casa João Garizo do Carmo (1958), João Garizo do Carmo, Beira 107.1. Fonte: António Albuquerque – op.cit., p. 62 107.2.; 107.3.; 107.4. Fonte: Arquivo EWV, Ana Magalhães, 2010 108. Capa do programa inaugural do Cine-Teatro Águia, Quelimane, 1958 Fonte: http://www.quelimane-benfica.blogspot.pt 109. Fachada principal Cine-Teatro Águia (1955), João Garizo do Carmo, Quelimane Fonte: Arquivo Digital Quelimane (moçambique), http://www.prof2000.pt 110. Pórtico da entrada do Cine-Teatro Águia (1955), João Garizo do Carmo, Quelimane Fonte: Catarina Delgado, 2012 111. Painéis murais interiores do Cine-Teatro Águia (1955), Jorge Garizo do Carmo, Quelimane Fonte: Catarina Delgado, 2012 112. Controlo solar e ventilação Cine-Teatro Águia (1955), João Garizo do Carmo, Quelimane Fonte: Catarina Delgado, 2012 113. Mau estado de conservação do Cine-Teatro, Quelimane, 2012 Fonte: Catarina Delgado, 2012 114. Desenhos Casa João Afonso dos Santos (1959), Beira Fonte: António Albuquerque – op.cit., p. 64 115. Perspetiva Casa Raul Mestre (1959), João Garizo do Carmo, Beira Fonte: António Albuquerque – op.cit., p. 64 116. Perspetiva frontal e traseira da Estação de Caminhos-de-Ferro da Beira (1960), Paulo Mendes Sampaio, João Garizo do Carmo e Francisco Castro, Beira Fonte: Arquivo EWV http://www.quelimane-benfica.blogspot.pt/ http://www.prof2000.pt/ 22 117. Estação de Caminhos de Ferro da Beira (1960), Paulo Mendes Sampaio, João Garizo do Carmo e Francisco Castro, Beira Fonte: http://www.panoramio.com/ 118. Interior da Estação de Caminhos de Ferro da Beira (1960), Paulo Mendes Sampaio, João Garizo do Carmo e Francisco Castro Beira Fonte: http://www.panoramio.com/ 119. Alçado principal da Estação de Caminhos-de-Ferro da Beira (1960), Paulo Mendes Sampaio, João Garizo do Carmo e Francisco Castro, Beira Fonte: Arquivo EWV 120. Hospital Sulamérica (1952), atual Hospital da Lagoa, óscar Niemeyer, Rio de Janeiro Fonte: Carla Cortês – op.cit., p. 103. 121. Perspetiva da Casa Ramiro Melo (1960), João Garizo do Carmo, Beira Fonte: Arquivo EWV 122. Casa dos Bicos (1961?), João Garizo do Carmo, Beira Fonte: http://www.panoramio.com/ 123. Interior da Casa dos Bicos (1961?), Beira Fonte: Arquivo EWV, Ana Tostões, 2010 124. Edifício Nauticus (1963), João Garizo do Carmo, Beira Fonte: António Albuquerque – op.cit., p. 122 125. Cine-Teatro Almeida Garrett (1955), João Garizo do Carmo, Nampula Fonte: Espólio Luís Lage 126. Imagem global do Paço Episcopal (1956), João Garizo do Carmo, Quelimane Fonte: Catarina Delgado, 2012 127. Fotografia aérea Paço Episcopal Fonte: Google Earth 128. Incidência solar ao longo do ano na fachada principal nascente Fonte: Catarina Delgado. Baseado em Zara Ferreira. 129. Painel mural de Jorge Garizo do Carmo Fonte: Catarina Delgado, 2012 http://www.panoramio.com/ http://www.panoramio.com/ http://www.panoramio.com/ 23 130. Galeria de circulação interior Fonte: Catarina Delgado, 2012 131. Planta 1º piso Fonte: Arquivo EWV 132. Planta 2º piso Fonte: Arquivo EWV 133. Alçado principal, nascente Fonte: Arquivo EWV 134. Fachada principal, nascente Fonte: Catarina Delgado, 2012 135. Galeria de circulação exterior e entrada do edifício Fonte: Catarina Delgado, 2012 136. Varandas individuais dos quartos e o sistema de sombreamento adotado – cobogó tipo favo de mel Fonte: Catarina Delgado, 2012 137. Claustro poente e os brise-soleils verticais, que protegem a galeria de circulação que dá acesso aos quartos Fonte: Arquivo EWV, Maria Manuel Oliveira, 2010 138. Rampa de acesso ao 2º piso 138.1. Fonte: Arquivo EWV 138.2. Fonte: Arquivo EWV, Maria Manuel Oliveira, 2010 138.3. Fonte: Catarina Delgado, 2012 138.4. Fonte: Arquivo EWV, Maria Manuel Oliveira, 2010 139. Plano de fachada poente recuado - galeria porticada e elementos de sombreamento horizontais - palas Fonte: Arquivo EWV, Maria Manuel Oliveira, 2010 140. Entrada da capela pela Avenida Mao Tse Tung Fonte: Arquivo EWV, Maria Manuel Oliveira, 2010 141. Perspetiva – Capela Fonte: Arquivo EWV 142. Planta da capela Fonte: Arquivo EWV 24 143. Pele saliente da fachada principal da capela Fonte: Catarina Delgado, 2012 144. Alçado nasceste e Corte da Capela Fonte: Arquivo EWV 145. Fachada nascente da capela, aberturas de luz Fonte: Arquivo EWV, Maria Manuel Oliveira, 2010 146. Interior da capela Fonte: Arquivo EWV, Maria Manuel Oliveira, 2010 147. Textura dos materiais – vidro, madeira, alvenaria de granito, cerâmica, betão Fonte: Catarina Delgado, 2012 148. Paço Episcopal de Porto Amélia 148.1. Fonte: ISCTE, “Diocese de Porto Amélia: Paço Episcopal”, in Missões Católicas Portuguesas: documentário fotográfico, Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar - Centro de estudos Históricos Ultramarinos , 1964, p.133. Cota: E.A. ASS6 MIS,1 148.2. Fonte: Carla Cortês – op.cit., p. 117. 149. Enquadramento urbano, vista do Hotel Chuabo Fonte: Arquivo EWV, Ana Tostões, 2010 150. Cruzamento da Avenida Josina Machel com a Rua Nkwame Nkrumah Fonte: Catarina Delgado, 2012 151. Embasamento Fonte: Arquivo EWV, Ana Tostões, 2010 152. Entrada principal Fonte: Arquivo EWV, Ana Tostões, 2010 153. Planta do rés-do-chão, 1ºpiso e 2ºpiso – compartimentação e distribuição Fonte: Arquivo EWV 154. Cortes – acesso vertical principal e de serviço, galeria central de distribuição Fonte: Arquivo EWV http://catalogo.biblioteca.iscte-iul.pt/cgi-bin/koha/opac-search.pl?q=pb:Junta%20de%20Investiga%C3%A7%C3%B5es%20do%20Ultramar%20%7C%20Centro%20de%20estudos%20Hist%C3%B3ricos%20Ultramarinoshttp://catalogo.biblioteca.iscte-iul.pt/cgi-bin/koha/opac-search.pl?q=pb:Junta%20de%20Investiga%C3%A7%C3%B5es%20do%20Ultramar%20%7C%20Centro%20de%20estudos%20Hist%C3%B3ricos%20Ultramarinos 25 155. Acessos - Escadaria principal, hall e galeria central, galeria exterior Fonte: Arquivo EWV, Ana Tostões, 2010 156. Fotografia aérea Palácio das Repartições Fonte: Google Earth 157. Incidência solar ao longo do ano nas fachadas principais – sudeste e nordeste Fonte: Catarina Delgado. Baseado em Zara Ferreira – 158. Alçados nordeste e sudeste Fonte: Arquivo EWV 159. Alçados sudoeste e noroeste Fonte: Arquivo EWV 160. Frente de rua, fachada nordeste-sudeste Fonte: Arquivo EWV, Ana Tostões, 2010 161. Frente ajardinada, alçados, noroeste-sudoeste Fonte: Arquivo EWV, Ana Tostões, 2010 162. Expressão das fachadas – grelhas e brise-soleils orientáveis Fonte: Arquivo EWV, Ana Tostões, 2010 163. Relação com o exterior Fonte: Arquivo EWV, Ana Tostões, 2010 164. Cobertura Fonte: Arquivo EWV, Ana Tostões, 2010 26 27 INTRODUÇÃO A presente dissertação, elaborada no âmbito do Mestrado Integrado em Arquitetura do Instituto Superior Técnico, tem como principal objetivo contribuir para a aquisição e consolidação do conhecimento da Arquitetura Moderna na África Lusófona. Inserindo-se no vasto projeto de investigação FCT conduzido pelo Instituto Superior Técnico, em parceria com a Universidade do Minho, [EWV-Visões cruzadas dos mundos: arquitetura moderna na África Lusófona (1943-1974) (PTDC/AUR-AQI/103229/2008)], este trabalho pretende dar continuidade ao processo de documentação que o projeto tem vindo a desenvolver. O tema da dissertação surgiu por sugestão da Professora Doutora Ana Tostões, orientadora desta tese e coordenadora responsável do projeto de investigação EWV, como resultado da necessidade de sistematização e organização de um notável conjunto de obras modernas presentes na cidade de Quelimane, em particular da obra do arquiteto Garizo do Carmo, que permaneceu até há pouco tempo relativamente incógnito. O registo fotográfico das cidades visitadas e a recolha intensiva de documentação, que o projeto EWV desenvolveu nos arquivos locais, foram essenciais para o desenvolvimento deste trabalho. Em contato com toda esta realidade, ao aperceber-me da qualificada expressão destes edifícios, foi imediata a minha vontade de conhecer in loco este património. Como resultado desta motivação, parti para uma viagem a África, designadamente a Moçambique, à cidade de Quelimane, com a intenção de registar este momento no tempo, incidindo particularmente sobre a obra de João Garizo do Carmo e na relação destas com o lugar. A cidade nem sempre colaborou no processo de investigação, revelando desconfiança da minha presença e da minha máquina fotográfica, o que dificultou o encontro e o registo fotográfico destas obras. Inclusivamente até o sol pertencia a este lugar, a este povo, tendo-me sido exigida autorização para o fotografar. Assim, no decorrer deste trabalho, nem sempre foi possível recorrer às minhas fontes fotográficas, tendo o arquivo EWV sido uma gratificante ajuda, quer pela qualidade quer pela amplitude do trabalho que apresenta. 28 O objetivo do trabalho é enquadrar a obra de João Afonso Garizo do Carmo no território moçambicano (1950-1970), em particular na cidade de Quelimane. Pretende-se compreender como as questões climáticas intervêm na definição de um projeto de arquitetura, de modo a interpretar a capacidade de resposta das suas obras à geografia e à cultura do lugar. Integrando a experiência da viagem procura-se, a partir de algumas obras do arquiteto, em particular dos dois casos de estudo escolhidos3, identificar os pressupostos formais e tecnológicos do ideário moderno, que inspirado pela experiência brasileira, foi localmente interpretado. Pretende-se usar a obra deste arquiteto, como exemplo, de modo a analisar as influências por ele rececionadas e a sua contribuição para a arquitetura moderna na África Lusófona. As suas obras demonstram uma clara influência da arquitetura moderna brasileira, patente na utilização de dispositivos de controlo climático e também na conceção plástica e escultórica da sua arquitetura. Após a observação dos elementos obtidos através do projeto EWV, seguiu-se o trabalho de campo em Quelimane, de que resultou um intenso trabalho de sistematização de toda a documentação, acompanhado de uma investigação exaustiva, focada em periódicos da época, monografias e memórias descritivas (IICT, AHU, ISEG, ISCTE, IANTT, BNP, Soc.Geo.Lx, portal online Memória de África e do Oriente). Esta organização permitiu a criação de um fio condutor, que foi indispensável no desenrolar deste trabalho. A metodologia consistiu, primeiramente na caraterização das condições específicas do lugar, com base no seu contexto histórico e climático, que serviu depois de orientação ao longo do processo. Investigou-se o desenvolvimento urbano e arquitetónico da cidade de acordo com os fatores que compõe o clima e o modo como estes podem condicionar a forma arquitetónica. Constatou-se a imagem moderna da cidade de Quelimane, sustentada em soluções arquitetónicas de sombreamento e ventilação dos edifícios. Numa segunda parte, enquadrou-se genericamente a obra do arquiteto Garizo do Carmo no diálogo com esta realidade, entre as cidades da Beira e Quelimane. Por último, procedeu-se a uma análise e caracterização pormenorizada dos dois casos de estudo selecionados, à luz dos pressupostos teóricos do Movimento Moderno e da análise do desempenho climático, baseadas no redesenho dos mesmos. 3 A escolha dos dois casos de estudo, Paço Episcopal e Palácio das Repartições, prede-se com o facto de estes serem dois exemplares icnográficos, representativos da obra de João Garizo do Carmo na cidade de Quelimane, que contemplam a documentação necessária para serem compreendidos e analisados com rigor, com base no redenho dos mesmos. 29 Em suma, partiu-se da geografia de um lugar, analisando o contexto, urbanismo e arquitetura do mesmo, com o objetivo de enquadrar João Garizo do Carmo, arquiteto, neste lugar, neste tempo, justificando a sua relevância e contributo para o desenvolvimento da Arquitetura Moderna na África Lusófona, através de uma análise cuidada dos dois casos de estudo escolhidos. O conjunto do documento escrito é acompanhado de imagens selecionadas com o objetivo de complementar a análise dos temas abordados, através de uma formatação que propõe uma leitura paralela e continuada entre textos e imagens de conteúdos comuns. Em termos bibliográficos o projeto em EWV, iniciado em 2010, constitui uma significante contribuição para a investigação de toda a temática desenvolvida. Até então a Arquitetura Moderna na África Lusófona, um património de enorme interesse, riqueza e importância, encontrava-se incógnito, revelando-se as investigações desenvolvidas no âmbito do projeto EWV (Tostões, 2010, 2011,2012, 2013; Magalhães, 2009, 2011, 2012; Tostões, Oliveira, 2010; Tostões, Magalhães, 2011; Caldas, 2011, 2012, 2013; Bonito, 2011; Miranda, 2011, 2013; Ferreira, 2012, 2013; Tostões, Bonito, 2012) juntamente com as outras, um importante meio de consolidação da experiência da arquitetura moderna nas colónias portuguesas. O conhecimento sobre a vida e obra de João Garizo do Carmo baseia-se basicamente em informações dispersas e incompletas, tendo os depoimentos de Verónica Garizo do Carmo, apesar detambém insuficientes, constituído uma importante ferramenta na articulação das diferentes factos. Relativamente à compreensão e verificação de como a Arquitetura Moderna na África Lusófona foi eficientemente projetada com o clima, as investigações de Margarida Quintã – Arquitectura e Clima. Geografia de um Lugar: Luanda e a obra de Vasco Vieira da Costa. Prova Final de Licenciatura em Arquitectura. Porto: FAUP, 2007 e Zara Ferreira – O Moderno e o Clima na África Lusófona, Arquitectura Escolar em Moçambique: o Programa de Fernando Mesquita. Dissertação para Mestrado em Arquitectura. Lisboa: Instituto Superior Técnico, 2012, constituem dois trabalhos de referência, que influenciaram todo o trabalho desenvolvido. 30 No contexto das colónias africanas, a monografia de Ana Magalhães – Moderno Tropical: Arquitectura em Angola e Moçambique 1948-1975. Lisboa, Edições Tinta-da-China, 2009, apresenta uma importante descrição das obras e autores de referência presentes em Luanda, Lobito, Maputo e Beira, apresentando um fantástico acompanhamento fotográfico realizado nas quatro cidades visitadas. A dissertação de António Albuquerque – Arquitectura Moderna em Moçambique: Inquérito à Produção Arquitectónica em Moçambique nos Últimos Vinte e Cinco Anos do Império Colonial Português (1949-1974), Prova Final de Licenciatura em Arquitectura, Coimbra: Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 1998, trata-se igualmente de uma obra pioneira de referência, na medida em que subsiste num levantamento exaustivo quer da arquitetura moderna presente nas cidades de Maputo e Beira quer dos arquitetos portugueses que a protagonizam. 31 01. QUELIMANE, GEOGRAFIA DE UM LUGAR 32 33 CONTEXTO História 001. Vista geral, Quelimane, 1900 Quelimane é a capital da província administrativa da Zambézia, situa-se a norte de Moçambique, um país da África Oriental que integra o grupo PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa). A província da Zambézia faz fronteira com as províncias de Nampula, Niassa, Sofala e Tete, possui uma área de 103 478km2 e a sua população constitui 20% do povo moçambicano (2004). Esta antiga cidade costeira localiza-se na margem norte do rio dos Bons Sinais, a cerca de 20km do Oceano Índico. O seu porto constitui umas das principais atividades económicas da cidade, centro de uma importante indústria pesqueira. Tendo sido fundada em 1498, na viagem de Vasco da Gama à Índia, Quelimane tornou-se apenas cidade em 1942. Até lá, foi ocupada por Portugal em 1530, foi elevada à categoria de vila em 1761 e a sede de concelho em 1763. 34 “…E foi que, estando já na costa perto, Onde as praias e vales bem se viam, Num rio, que ali sai ao mar aberto, Batéis à vela entravam e saíam, Alegria mui grande foi, por certo, Acharmos já pessoas que sabiam Navegar, porque entre elas esperámos De achar nocas alguas, como achámos.” Lusíadas, Canto V, Est.45 Existem várias versões sobre o primórdio do seu nome. Uma das versões é que tem origem da palavra Kuliamani, que significa “estamos a cultivar” e surgiu do desencontro linguístico entre o navegador Vasco da Gama e os habitantes locais. Outra provém de duas palavras inglesas Killing Man (“matar homens”), em referência aos muitos homens das tripulações que acabaram por morrer contaminados com a malária transmitida pelos mosquitos. Outra versão, ainda, é que a palavra será de raíz Kiswahili, há séculos a língua das terras costeiras da África Oriental. Em Kiswahili, Kilimani, significa “local no alto da colina”, sendo que Kilima significa “monte”, “colina”, “outeiro” e ni significa “são” ou” é”. 4 Além da cidade, Vasco da Gama, “baptizou o Rio pelo significativo nome de Bons Sinais, presságio acertado, não só das notícias que ali esperava colher, como aconteceu para a descoberta do Caminho Marítimo para a Índia e das sendas do futuro, que agora são prósperas, nas terras do Distrito da Zambézia. Quelimane, cujo aspecto parcial se representa, é sua ridente capital”.5 Quelimane é um antigo centro de trocas comerciais e culturais entre as populações. Aqui concentram-se as riquezas da província, em consequência da qualidade dos solos férteis para a produção sobretudo, de chá, algodão, arroz e coco. Em tempos, esta era a capital do cocô e do carnaval, uma cidade de múltiplas manifestações artísticas e culturais, “uma terra de palmares de contrastes de casos clínicos, de beleza natural”6. 4 Cf. Joana Barral Vieira – Viagem entre Ser e Estar como Educadora em Moçambique, Dissertação de Mestrado em Ciências sociais, Área de especialização Educação Internacional, Lisboa: Instituto de Educação, 2012. 5 Alberto Feliciano Marques Pereira – Escultura e Outros Valores Artísticos dos Séculos XIX e XX. Obras de Arte de Engenharia da Província de Moçambique. Lisboa, 1966. 6 Martins de Almeida – “Crónica de Quelimane”, Rádio Moçambique, vol. XXXVII, nº 423, Maio1972, p. 55. http://memoria-africa.ua.pt/Catalog.aspx?q=AU%20almeida,%20martins%20de http://memoria-africa.ua.pt/Catalog.aspx?q=TI%20cronica%20de%20quelimane 35 A sua situação geográfica, a meio da linha de costa de Moçambique, garante-lhe um lugar de destaque nos laços comerciais e sociais. O porto de Quelimane é um dos mais importantes portos do Canal Moçambicano e a linha férrea inaugurada em 1901, embora de carácter regional, liga Quelimane a Mocuba, e contribui em muito para o desenvolvimento do país. 002. Limpeza do arroz, Quelimane, 1902 003. Fábrica de coco, Quelimane, (-) 004. Carnaval, Quelimane, (-) 36 005. Cais, Quelimane, 1868 006. Caminhos-de-Ferro, Quelimane, 1905 37 Segundo Newitt7, esta província não foi colonizada facilmente, mantendo características culturais muito próprias no seu processo de colonização. Foi apenas no séc. XVI que os portugueses se começaram a estabelecer neste território e a fazer acordos com as tribos locais, embora sem grandes investimentos. Durante séculos, Quelimane representou um importante corredor de trocas comerciais entre Portugal e as Índias, fonte de recursos naturais (ouro e marfim) e mão-de-obra escrava para destinos que incluíam o Brasil. Com o “desaparecimento” do Brasil, como “espaço de expansão e extensão do território português”8, a metrópole portuguesa inclina-se para as colónias africanas “que pela dimensão e condicionantes constituem os polos máximos da política ultramarina”9. Se até ao séc. XIX pouco tinha sido o investimento português neste território, com a Conferência de Berlim10, este quadro alterou-se, estabelecendo-se uma obrigatoriedade de investimento e efetivação da ocupação das colónias ultramarinas. Assim, os portugueses atribuíram concessões a várias empresas estrangeiras que se fixaram neste território, com o principal objetivo de fundar plantações e conseguirem matéria-prima a baixo custo. Com esta ocupação estrangeira, que se intensificou desde o final do séc. XIX, as mudanças foram surgindo, quer por um processo de modernização, quer pelas mudanças políticas e socioeconómicas, que influenciaram o crescimento urbano. A necessidade de albergar novas gentes, novas sociedadese novas culturas trouxe mudanças no panorama arquitetónico. A Igreja de Nossa Senhora do Livramento, edificada a mando do governador e capitão-general Baltazar Pereira de Lago (? -1779), em 1976, é um ponto de referência no panorama arquitetónico de Quelimane até finais do séc. XIX. Com o estatuto do mais importante testemunho edificado da presença portuguesa no Vale do Zambeze, retoma o código maneirista, 7 Cf. Malyn Newitt – História de Moçambique. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1997. 8 Miguel Santiago – Pancho Guedes-Metamorfoses Espaciais. Casal de Cambra: Caleidoscópio, 2007, p. 16 9 Idem, p.16 10 A Conferência de Berlim realizada entre Novembro de 1884 e Fevereiro de 1885 teve como objetivo organizar, na forma de regras, a ocupação de África pelas potências coloniais. Cf. Ata Geral Redigida em Berlim em 26 de fevereiro de 1885. Disponível em: http://www.casadehistoria.com.br/sites/default/files/conf_berlim.pdf http://www.casadehistoria.com.br/sites/default/files/conf_berlim.pdf 38 manifestando as reminiscências indo-portuguesas, omnipresentes nas poucas expressões arquitetónicas setecentistas.11 “Nos seus primórdios como Vila, desde 1761 a 1942, Quelimane pouco mais era do que um pequeno conjunto de casas onde avultavam os edifícios oficiais, as casas senhoriais dos capitães-mores e dos donos dos Prazos e as sedes dos grandes majestáticos. Toda voltada para o rio dos Bons-Sinais, a sua marginal, que funcionava como porto, era o centro da vida social.” 12 007. Cais, Quelimane, 1891 008. Câmara Municipal, Quelimane, 1891 009. Repartições Públicas, Quelimane, 1891 11 José Manuel Fernandes; José Capela – “Equipamentos e Infra-estruturas Quelimane”, Heritage of Portuguese Influence/ Património de Influência Portuguesa — HPIP, disponível em: http://www.hpip.org/def/pt/Conteudos/Navegacao/NavegacaoGeograficaToponimica/Localida de?a=339 12 João Loureiro – Postais Antigos & Outras Memórias da Zambézia. Lisboa: Maisimagem Comunicação Global, 2001, p.13. http://www.hpip.org/def/pt/Conteudos/Navegacao/NavegacaoGeograficaToponimica/Localidade?a=339 http://www.hpip.org/def/pt/Conteudos/Navegacao/NavegacaoGeograficaToponimica/Localidade?a=339 39 010. Igreja de Nossa Senhora do Livramento, Quelimane, 1891 011. Hospital Civil e Militar, Quelimane, 1891 012. Escola Municipal do sexo femenino, Quelimane, 1891 013. Mercado, Quelimane, 1891 40 014. Casa do Comendador, Quelimane, 1891 015. Marginal, Quelimane, 1891 41 Como resposta às necessidades, e visto existirem poucos edifícios governamentais, existia apenas o da Câmara Municipal, construído em 1857, foram surgindo, a partir do séc. XX, novos edifícios em estilos que remetiam para a ambiência europeia. A segunda metade do séc. XX tornou, em termos gerais, as colónias portuguesas num potencial destino para os emigrantes portugueses. Em contraste com o que se passava em Portugal, estes territórios economicamente prósperos, dispunham de uma liberdade criativa aberta à concretização dos anseios modernos. A resistência de aceitação do moderno por parte do regime Salazarista e a crise financeira em que se encontrava Portugal, fez das colónias africanas um destino viável para o exercício da profissão de arquiteto. O grande ponto de viragem desta situação deu-se pela altura do I Congresso Nacional de Arquitetura de 1948, que contou com a participação de diversos arquitetos, nomeadamente uma nova geração formada nos inícios dos anos 50, que procurava opor-se ao regime, reivindicando os seus ideais modernos como caminho de progresso e futuro. A tão desejada liberdade de expressão plástica dos arquitetos era, em parte, influenciada pela experiência moderna brasileira, com a qual tinha tomado contacto, em 1945, através do livro Brazil Builds – Architecture New and Old 1652-194213. A produção arquitetónica brasileira dos anos de 1930 a 1950 teve um grande reconhecimento internacional através de projetos construídos, exposições e divulgações literárias. A arquitetura moderna distinguia-se pelas suas qualidades plásticas, que rompiam com as convenções do estilo internacional, num país novo, democrático e otimista. “A Arquitectura Moderna Brasileira é uma franca realidade. (…) Um estudo criterioso e lógico das condições climatéricas do país da América do Sul deu, como resultado, aquela serie de edifícios, dos mais pequenos aos maiores, um ar fresco, lavado, sóbrio e fundamentalmente plástico. Para tanto ajudou-os o conhecimento profundo dos materiais disponíveis e uma aplicação directa e justa das matérias-primas de cada região. Existe, naquelas obras, principalmente, a noção perfeita da união do princípio 13 Philip Lippincott Goodwin – Brazil Builds: Architecture New and Old 1652-1942. New York, Museum of Modern Art, 1943. 42 estrutural com o equilíbrio estético. Esta é, quanto a mim, a maior lição que nos vieram dar.”14 016. Câmara Municipal, Quelimane, 1912 e 1929 017. Correios, Quelimane, 1912 e 1929 14 Formosinho Sanches – Arquitectura Moderna Brasileira, Arquitectura Moderna Portuguesa, Arquitectura, nº 29, Fevereiro/ Março, 1949, p.17 43 018. Hospital, Quelimane, 1929 019. Mercado, Quelimane, 1929 020. Fazenda, Quelimane, 1929 021. Porto, Quelimane, 1929 44 Visto que a arquitetura moderna em Portugal “era vista como uma forma de lutar contra o regime totalitarista do Estado Novo de Salazar”15, foi na África Lusófona que esta se implantou e desenvolveu. A nova geração de arquitetos portugueses assumiu estes territórios como um laboratório promissor de exploração moderna. O seu pilar de desenvolvimento baseava-se em parte no vocabulário brasileiro: na adaptação da forma ao lugar, na integração das artes e sua plasticidade. Projetar com o clima, investigar os elementos que o compõem e o modo como estes podem condicionar as formas arquitetónicas, solucionando as necessidades destes países, constituía o principal objetivo destes arquitetos. Em Moçambique, em particular na cidade de Quelimane, as experiências sucederam-se, tanto na arquitetura como no urbanismo, segundo os pressupostos formais, tecnológicos e ideológicos do Movimento Moderno. 15 Ana Tostões; Maria Manuel Oliveira, - “Moderno Transcontinental: O Complexo Monteiro & Giro em Quelimane ”, in DOCOMOMO Journal, nº43, 2010 45 Clima 022. O Sol, Quelimane As características climáticas tropicais são muito diferentes das que se encontram na Europa. Aqui, as condicionantes climáticas traduzem-se em soluções arquitetónicas, sendo a expressividade arquitetónica dos dispositivos de atendimento ao clima resultado das necessidades exigidas pelo lugar. “O clima urbano é um sistema que abrange o clima de um determinado espaço e a sua urbanização, assim, torna-se importante observar a morfologia urbana, o entorno da edificação e a influência da topografia do lugar para compor o microclima.”16 A arquitetura desempenha um papel fundamental na obtenção de condições de conforto para o indivíduo. Assim, os fatores climáticos característicos da região, como a temperatura do ar, a radiação solar, o movimento do ar e a humidade, são elementos determinantes na16 Mascarô – Ambiência Urbana. Porto Alegre: Ed. Afiliada UFRGS, 1996, cit in FONSECA, Ingrid C. L.; BARBOSA, Eliane; ALVAREZ, Adriana; PORTO, Maria Maia, “Arquitetura Moderna e Conforto Ambiental nos Trópicos – Diretrizes Aplicáveis a Casas de Lúcio Costa na Gávea, Rio de Janeiro”, Seminário DOCOMOMO Brasil. Rio de Janeiro, 2009, p.4. 46 elaboração de qualquer projeto, “deixando que o contexto e o lugar contribuam e definam o modo de pensar e construir”17 . Considerando que “terra e ar, água, fogo e história bastam para se fazer arquitetura”18, é necessário ter em conta as características climáticas da cidade em estudo para compreender como o Moderno Tropical19 se configurou em território africano, como, à luz das condições específicas dos climas tropicais, foram interpretados os princípios do Movimento Moderno. Classificação A arquitetura enquanto arte de criar espaço, adquire personalidade quando integrada no território, assim, é fundamental caracterizar as particularidades climáticas do mesmo. Neste sentido, foram analisadas algumas publicações que se focam na influência do clima na arquitetura: a caracterização do meteorologista Manuel Monteiro Correia20, o boletim de José Mendes da Rocha (1965)21 e os documentários de Ário Azevedo (1954)22 e José de Oliveira Boléo (1945)23. “A colónia de Moçambique, distendendo-se entre os paralelos de 10º 27´S e 26º 51´S, dá origem a que se verifiquem duas zonas de regimes meteorológicos: uma ao norte, sujeita à influência das monções, e a outra ao sul, subordinada aos centros ciclónicos e anticiclónicos das latitudes médias. Passa-se de uma para outra por pequenas faixas extremas conforme os movimentos conexos Terra-Sol. Estas faixas de transição ocupam as regiões marginais do Zambeze (distritos de Tete, Quelimane e parte setentrional do da Beira).”24 17 Maria João Teles Grilo – “Vasco Vieira da Costa – Os Caminhos Sombreados do Sol”, in Roberto Prado; Paz Martí (dir.) – La Modernidad Ignorada: Arquitectura Moderna de Luanda. Madrid: Universidad Alcala, 2011, p.195-207. 18 Le Corbusier – Conversa com os Estudantes das Escolas de Arquitectura. Lisboa: Edições Cotovia, 2003. 19 Ana Magalhães – Moderno Tropical: Arquitectura em Angola e Moçambique 1948-1975. Lisboa, Edições Tinta-da-China, 2009. 20 Manuel Monteiro Correia – ”Conforto Térmico em Quelimane”, Serviço Meteorológico de Moçambique, SMM 84, Memória 78, 25 Julho 1973. 21 José Mendes da Rocha Faria, “Condições climáticas de Moçambique”, Memórias do Serviço Meteorológico de Moçambique, Lourenço Marques, SMM 15, MEM 13, Março 1965. 22 Ário Azevedo –“O Clima: Estudo de Alguns Factores Climáticos”, Moçambique – Documentário Trimestral, nº 78, Lourenço Marques: Imprensa Nacional, 1954, p. 6-101. 23 José de Oliveira Boléo – “Elementos para o Estudo das Condições Climáticas de Moçambique”, Moçambique - Documentário Trimestral, nº 44. Lourenço Marques: Imprensa Nacional, 1945. 24 Idem, p. 93. http://memoria-africa.ua.pt/Catalog.aspx?q=AU%20correia,%20manuel%20monteiro http://memoria-africa.ua.pt/Catalog.aspx?q=TI%20conforto%20termico%20em%20quelimane 47 Quelimane situa-se no extremo ocidental de Moçambique, na margem norte do rio dos Bons Sinais, a uma latitude Sul 17º 53´, longitude Este 36º 53´ e altitude de 6m. Os climas tropicais podem ser classificados segundo critérios quantitativos baseados na distribuição correlacionada dos valores médios da temperatura do ar e da quantidade de precipitação, por meses do ano. Segundo o Sistema de Koppen25, Quelimane apresenta um clima tropical chuvoso da savana26, correspondente à fórmula Aw27, com fracas amplitudes térmicas e um grau de humidade elevado. Do ponto de vista arquitetónico, neste clima que se carateriza por ser quente e húmido, é particularmente necessário introduzir no desenho do edifício, soluções construtivas que protejam os seus habitantes do sol e da chuva e promovam a constante movimentação do ar no interior dos edifícios. Para avaliar as condições climáticas de um lugar tem de se observar as coordenadas solares e também os efeitos de radiação, a temperatura do ar, os índices de pluviosidade, o teor de humidade do ar e a direção predominante dos ventos. 023. Localização da cidade de Quelimane em Moçambique 25 Em 1965, o serviço Meteorológico de Moçambique elegeu o Sistema de Koppen, desenvolvido no início do seculo XX pelo climatologista alemão Wladimir Koppen (1846-1940), para a caracterização climática do seu país. Cf. José Mendes da Rocha Faria – “Condições climáticas de Moçambique”, Memórias do Serviço Meteorológico de Moçambique, SMM 15, MEM 13. Lourenço Marques: Serviço Meteorológico de Moçambique, Março 1965, p. 4-6. 26 Idem 27 Idem 48 Carta Solar “Da mesma forma que as estações do ano se diferenciam umas das outras devido à inclinação do eixo terrestre, a orientação de um edifício determina a quantidade de radiação que incide nas diferentes divisões, em momentos distintos.”28 A radiação solar e a temperatura variam consoante o movimento aparente do Sol ao longo das diferentes horas do dia e ao longo do ano, assim sendo, “a lei do sol é determinante das primeiras posições”29, e o estudo de cartas solares é essencial na elaboração de um projeto de arquitetura. Através da observação do comportamento do Sol constata-se que, em Quelimane, se movimenta a norte e a sul, embora com uma incidência maior a norte. É visível também que o período de insolação é bastante elevado ao longo de todo o ano, tendo sempre uma duração aproximada de 12h (das 6h às 18h). 024. Comportamento do Sol “Através de simples considerações geométricas, e a partir do conhecimento da posição do Sol acima do horizonte e do lugar de implantação dos edifícios, é possível obter instrumentos que permitam determinar o tempo de insolação das fachadas de um edifício; traçar de forma rigorosa as sombras projectadas ou dimensionar dispositivos de protecção solar.”30 28 Vitor Olgay – Design with Climate, Bioclimatic Approach to Architectural Regionalism. New Jersey: Princeton University Press, 1963, p.53. 29 Le Corbusier – Conversa com os Estudantes das Escolas de Arquitectura. Lisboa: Edições Cotovia, 2003. 30 Margarida Quintã – Arquitectura e Clima, Geografia de um lugar: Luanda e a obra de Vasco Vieira da Costa, Prova Final para Licenciatura em Arquitectura. Porto: FAUP, 2007, p.24 49 Temperatura As radiações solares não se traduzem apenas em luz, provocando variações na temperatura do ar. Estas constituem, essencialmente, uma forma de energia, que ao ser absorvida pelas superfícies convertem-se em calor. Em climas quentes e húmidos os ganhos térmicos por radiação solar são prejudiciais, sendo fundamental evitar o aquecimento excessivo provocado pela radiação solar. Com fracas amplitudes térmicas e um grau de humidade elevado, este território apresenta uma temperatura média anual de 24,7ºC e um elevado valor de precipitação. O mês mais quente, janeiro, e o mês mais frio, o de julho, apresentam um valor médio da temperatura do ar igual a 27,4ºC e 20,6ºC, respetivamente. A temperatura média do ar máxima, superior a 30ºC, regista-se entre outubro e maio, e a mínima, inferior a 18ºC, regista-se nas madrugadas de junho, julho e princípios de agosto. 025. A temperatura É de salientar que na maior parte dos casos, as temperaturas médias mensais mais elevadas não coincidem com aqueles em que a radiação solar é máxima, devido à influência dos diferentes níveis de nebulosidade e precipitação ocorridos nas diferentes épocas do ano.50 Humidade “A humidade do ar denomina a existência de água na atmosfera, resultante da evaporação da água dos oceanos, rios e solos. A água em forma de vapor actua como factor regulador da acção do sol sobre a superfície terrestre, formando nuvens e dando origem a precipitações.”31 A humidade relativa do ar, em Quelimane, é elevada. A média anual é de 74%, sendo que o valor mensal máximo se regista em março, no mês mais chuvoso, e o mínimo em outubro, no mês mais seco. 026. A humidade Elevados praticamente todo o ano, estes valores agravam muito as trocas de calor do corpo com a atmosfera. Uma boa circulação de ar é um aspeto fundamental nestes climas, pois promove a diminuição do grau de humidade e também da temperatura, proporcionando uma sensação de alívio do calor. Pluviosidade Quelimane possui uma das mais longas estações húmidas, com um valor médio anual de precipitação de 1395mm, é das cidades moçambicanas mais chuvosas. A chuva que cai no período húmido, de novembro a abril, constitui 87% da precipitação anual. De um modo geral, estas só são mais intensas de dezembro a abril, sendo, aliás, este mês já de transição para o período seco. Por período seco entende-se aquele em que a quantidade de precipitação mensal é, em média, inferior a 60 mm. 027. A pluviosidade A época das chuvas coincide com os meses de temperaturas mais elevadas, como visível nas tabelas anteriores e no gráfico que de seguida se 31 Margarida Quintã, op. cit., p.29 51 apresenta. Constata-se apenas um pequeno atraso de fevereiro a março, que enquanto a temperatura diminui ainda aumenta a pluviosidade, e em agosto, que enquanto a temperatura aumenta a pluviosidade vai diminuindo. A reduzida variação da temperatura durante a estação húmida indica a predominância de massas de ar marítimas. Os ventos mais húmidos são os marítimos, que vindos do quadrante Este, sopram predominantemente nos primeiros 5meses do ano. 028. Diagrama termo-pluviométrico Ventos “A palavra vento designa o movimento do ar que ocorre nas camadas baixas da atmosfera, resultado das diferenças de pressão. Este diferencial é provocado pela radiação solar que, não produzindo um aquecimento uniforme da superfície terrestre, gera variações na densidade da massa atmosférica.”32 A ação dos ventos, para além de proporcionar a renovação de ar do edifício, aumenta também as perdas de calor, melhorando a qualidade ambiental. Assim, a adaptação dos edifícios à orientação dos ventos é essencial nestas regiões, pois permite que o desconforto ambiental, provocado pelas altas temperaturas e excessiva humidade no ar, seja atenuado. 32 Margarida Quintã – op. cit., p.36 52 Nesta zona de clima tropical litoral33 conclui-se que a direcção predominante dos ventos é do quadrante de sudeste, assim, devem ser adotadas medidas arquitetónicas que captem este vento e o canalizem para dentro dos edifícios, favorecendo a circulação do ar no seu interior. 029. Orientação dos ventos predominante Conforto “O grau de conforto térmico experimentado pelo homem depende essencialmente da temperatura, humidade e velocidade do ar, das trocas de energia radiante entre o organismo e o ambiente, do esforço físico que se desenvolve e da roupa que se veste. Depende ainda da idade, raça ou grau de aclimatação do individuo.”34 Numa edificação para além dos aspetos funcionais a ter em conta, é necessário criar-se um micro clima interior aceitável, com o melhor nível possível de conforto. Na definição do grau de conforto dentro de um edifício o parâmetro mais utilizado, que relaciona as diferentes variáveis ambientais, é o da temperatura efetiva. “A temperatura média anual efectiva do ar em Quelimane é de 23, 6ºC, sendo que atinge valores superiores a 28ºC em Janeiro, e valores inferiores a 19º em Julho.”35 “Admitindo que o ar no interior da habitação tem as mesmas características que o ar exterior e ainda que a sua velocidade é nula, a temperatura das paredes é igual à do ar e não há fontes de energia radiantes”36, conclui-se na Carta de Conforto de Quelimane, as seguintes condições médias: 33 José Boléo – op. cit., p. 124. 34 Manuel Monteiro Correia – ”Conforto Térmico em Quelimane”, Serviço Meteorológico de Moçambique, SMM 84, Memória 78, (25 Julho 1973), p.1. 35 Idem, p.3. 36 Ibidem, p.3 http://memoria-africa.ua.pt/Catalog.aspx?q=AU%20correia,%20manuel%20monteiro http://memoria-africa.ua.pt/Catalog.aspx?q=TI%20conforto%20termico%20em%20quelimane 53 Desconforto pelo frio – maio a setembro Desconforto pelo calor – outubro a abril Desconforto grande pelo calor – dezembro a fevereiro Desconforto pela humidade relativa alta – noites e manhas durante todo o ano 030. Carta de Conforto Térmico de Quelimane a) Humidade relativa do ar igual a 80% b) Início de desconforto pelo frio c) Início de desconforto pelo calor d) )Início de desconforto pelo grande calor Havendo períodos de desconforto causados pelo frio ou pelo calor excessivo em todos os meses do ano, constata-se a necessidade de se assegurarem padrões de eficiência e conforto necessários à vida humana, que hoje em dia se associam ao conceito de sustentabilidade ambiental. Sendo o objetivo principal da arquitetura tropical proteger o corpo dos efeitos perniciosos do clima, oferecendo as melhores condições de conforto possíveis, é da responsabilidade do arquiteto atenuar todo o desconforto humano através de soluções arquitetónicas que permitam obter uma estrutura climaticamente equilibrada e sustentável. “Intervir em climas quentes e húmidos e em conformidade com o meio, consiste sobretudo em permitir a adequada circulação do ar no interior dos edifícios e em protegê-los convenientemente do sol e das chuvas. Nestas condições climáticas, apenas a execução de alguns preceitos permite que as construções estabeleçam relações de concordância com o lugar e que se adequem correctamente ao comportamento do sol e dos ventos e às exigências críticas da humidade.”37 37 Margarida Quintã – op. cit., p.40 54 55 URBANISMO 031. Vistas aéreas, Quelimane, anos 30 e 60 “Padres vindos de além-mar ou de outras missões – pregadores, cartógrafos, músicos, naturalistas, astrónomos, matemáticos, arquitectos – chegavam, ficavam por algum tempo e depois se iam, deixando uma marca da sua passagem: um mapa, um relógio, um órgão, uma imagem, um livro, uma ideia… a população crescia, novas casas se construíam.”38 38 Erico Verissimo – “O Tempo e o Vento”, Plano de Urbanização de Quelimane (1945-72): Cadastro Geométrico da Propriedade Urbanizada da Cidade de Quelimane, 1952, cota: PT/ IPAD/ MU/ DGOPC/ DSUH/ 2097/ 14404. 56 No início do séc. XX, a vila de Quelimane, um lugar de grandezas tradicionais e de riqueza, contém “duas avenidas, três ruas, cinco travessas, quatro praças e dois largos"39. Contempla “óptimos edifícios e avenidas esplêndidas, [que embora] sejam urbanisticamente amplas e arejadas, estavam longe de corresponder ao conceito europeu de animadas boulevards elegantes. Ladeadas de frondosas árvores e coqueiros, respiravam paz e serenidade”40. As ruas da época são caracterizadas pelas linhas decauville, com as “zorras”, utilizadas como meio de transporte movido pelo homem, pelas grandes acácias rubras, que dão um colorido magníficoàs ruas da cidade, e pelas casas senhoriais, que com as suas varandas amplas e os seus amplos quintais, são um exemplo clássico da arquitetura colonial, e retratam bem a Quelimane da época. A integração entre as casas, os quintais e a esplêndida vegetação circundante, prevalece até aos dias de hoje, dando um colorido único à cidade. 032. Uma rua, Quelimane, 1891 e 1929 39 João Loureiro – op. cit., p.22 40 idem, p.12 57 “O homem não pode viver eternamente do passado. Mesmo a técnica exige reformas, essas reformas proporcionam-lhe vida melhor, reduzindo para menos as dificuldades, desafogando-o das perturbações, aliviando-o de entraves.”41 A consciencialização de se estar a viver uma nova etapa, e a necessidade de mudança levam à procura de novas estruturas urbanas, que forneçam respostas eficazes para os novos problemas emergentes do séc. XX. Assim, em 1945, é iniciado o primeiro Plano de Urbanização de Quelimane42, pela mão do arquiteto João de Aguiar (1906-1974), do GUC (depois GUU), conhecendo-se uma Planta Topográfica da Cidade de Quelimane43, com a divisão dos bairros que constituíam a urbe. Em 1947, são definidas diferentes zonas da cidade, segundo as suas funções: a zona industrial, a comercial e a residencial, e estruturado o traçado. Em 1950, o plano é aprovado e prevê um conjunto de eixos principais em quadrícula, quatro eixos no sentido sul- norte (vias de João Belo, Combatentes, D. Luís Filipe e António Enes) e dois eixos este-oeste (vias Vasco da Gama e de Carmona, sendo esta a via marginal), no interior dos quais alguns sectores são tratados em desenho de cidade-jardim. Encontra-se aqui a identificação de modelos europeus, nomeadamente o de cidade-jardim44, ajustado à realidade moçambicana, onde as cidades e os aglomerados são pequenos núcleos de génese espontânea. A proposta do conjunto exprime-se na utilização de eixos viários retos, que utilizam a rotunda como meio de articulação, e na valorização dos espaços públicos, através de ruas arborizadas e de uma malha de jardins públicos, onde o alinhamento das árvores assume uma função estruturadora no traçado urbano. Uma urbanização estudada está na base do conforto climático duma cidade e consequentemente, das construções que a formam. “Dela dependem a boa ou má orientação das edificações, a densidade destas, suas alturas e até mesmo as características duma cidade se poderá 41 Fernando Adão – “Crónica de Quelimane”, Rádio Moçambique, vol. XXXVII, nº 422, Abril 1972. 42 Plano de Urbanização de Quelimane (1945-72), cota: PT/ IPAD/ UM/ DGOPC/ DSUH/ 2097 43 idem 44 A formulação do conceito teórico da cidade-jardim, ocorreu em Inglaterra, no final do séc. XIX, surgindo como alternativa à cidade tradicional, ligada sobretudo à forte concentração humana e construtiva dos grandes centros urbanos, deficientes em questões de salubridade e associados ao período industrial. Cf. Maria Manuela Fonte – Urbanismo e Arquitectura em Angola – de Norton de Matos à Revolução, Dissertação para Doutoramento em Planeamento Urbanístico, Lisboa: Universidade Técnica de Lisboa, 2001, p. 74. http://memoria-africa.ua.pt/Catalog.aspx?q=AU%20adao,%20fernando http://memoria-africa.ua.pt/Catalog.aspx?q=TI%20cronica%20de%20quelimane 58 comprometer numa solução em que este aspeto de especialidade não seja estudado em pormenor. Uma colaboração íntima entre o urbanista e o meteorologista impõe-se desde logo.”45 A Carta de Atenas, redigida em 1933, por Le Corbusier, atribui especial ênfase para o problema do planeamento urbano e a sua natural relação com a habitação. Este documento de referência assume o “edifício como um objeto que deveria manter-se isolado, transbordando liberdade e desafogo em toda a sua plenitude, assente na triologia de sol, espaço e verdura”46. Nas tendências de urbanismo moderno, as construções já não se orientam segundo o princípio tradicional do arruamento, implantando-se sobre o lote, tendo em conta o contexto e o lugar. 033. Planta Topografica da cidade de Quelimane (1945), João de Aguiar, GUC 45 José Faria – op. cit. p. 112. 46 Maria Manuela Fonte – op. cit., p.78 59 034. Planta Geral de Urbanização de Quelimane - estudos (1947), João de Aguiar, GUC 035. Plano Geral de Urbanização de Quelimane (1950), João de Aguiar, GUC 60 Em 1952 é realizado o cadastro geométrico da cidade de Quelimane47 e nos anos 60, “impressiona o seu todo lavado e colorido, o ar cuidado e loução que dos ajardinados e passeios, das fachadas, das montras, dos relevos se eleva e se desprende”48. A cidade, agora moderna, apresenta avenidas largas, bem tratadas e arborizadas, e edifícios modernos de construção recente. A Avenida Dr. Oliveira Salazar (atual Avenida Samora Machel) representa o centro da cidade, sendo ao longo da mesma que se situam os principais edifícios públicos, financeiros e administrativos, bem como os mais significativos cafés, hotéis e restaurantes. Fora da zona central da cidade, situa-se a “cidade caniço” ou “temba”, onde palhotas sem qualquer arranjo urbanístico se amontam. O Plano de Urbanização de 196649, realizado por Mário de Oliveira tem como objetivo identificar os problemas desta “habitação popular” de forma a melhorar as condições de alojamento das áreas suburbanas, e arranjar urbanisticamente as novas áreas da cidade (zona da Sagrada Família e a zona entre a Rua António Monteiro e a Sagrada Família), realizando plantas de zoneamento e loteamento. 036. “A cidade do betão e o caniço” 50, Quelimane, (-) 47 Plano de Urbanização de Quelimane (1945-72): Cadastro Geométrico da Propriedade Urbanizada da Cidade de Quelimane, 1952, cota: PT/ IPAD/ MU/ DGOPC/ DSUH/ 2097/ 14404. 48 Guilherme de Melo, Jornal Noticias, 1969, cit in João Loureiro – op. cit., p.25. 49 Plano de Urbanização de Quelimane (1945-72), cota: PT/ IPAD/ UM/ DGOPC/ DSUH/ 2097/ 12421 50 Cf. Plano de Urbanização de Quelimane (1945-72): Relatório e projectos de um grupo de trabalho: Quelimane, unidade de vizinhança 1: estudos de base e urbanização, cota: PT/ IPAD/ UM/ DGOPC/ DSUH/ 2097/ 12418 61 037. Esquema dos limites das àreas de estudo e levantamento existentes (1964) 038. Terrenos destinados a bairros indigenas (1964) 039. Áreas da cidade com necessidade de arranjo urbanistico (1964) 62 040. Solução urbanÍstica da zona da Sargrada Familia (1964) 041. Solução urbanística entre a Rua António Monteiro e a Sagrada Familia (1964) 63 042. Avenida Dr. Oliveira Salazar, Quelimane, 1968 64 043. Praças e jardins da cidade – Praça João de Azevedo Coutinho, Jardim da Madal, Parque Mouzinho de Albuquerque (acácias rubras), Quelimane, 1968 65 “É hoje aceite e universalmente reconhecido, que a habitação, entendida no seu lato significado, é um dos direitos dos Homem.”51 Atendendo ao tema da habitação, em 1971, o Governo da Província de Quelimane, representado pelo arquiteto Henrique Augusto Jesus Coelho, pretende criar mais uma Unidade de Vizinhança52, que compreenda a área suburbana da cidade, com o objectivo de solucionar terminantemente o problema da população urbanizada e não urbanizada53 de Quelimane. Tanto a população não urbanizada, designada de população “nativa”, “inidígena” (1928-55), “não civilizada” (1950-55) e “autóctone” (1960), como a população urbanizada, tem aumentado significativamente desde os anos50, sendo entre 1928-1940 que a população urbanizada regista uma percentagem de crescimento mais elevada de 6,4%54. Este crescimento deve-se essencialmente às migrações de residentes rurais que se fixaram nos subúrbios da cidade e ao desenvolvimento das divisões administrativas nas áreas centrais, onde a cidade se tem integrado. A estrutura urbana proposta para a Unidade de Vizinhaça pretende: “associar as diversas actividades urbanas, em vez de as localizar independetemente; estabelecer uma conjugação estreita entre os vários elementos geradores de vida urbana e nas áreas habitacionais; prever um faseamento do plano, atendendo às disponibilidades económicas; dissociar os diferentes percursos rodoviários e de peões através das diferentes zonas constituintes da malha, procurando através destes uma vivificação da mesma; vivificar toda a malha através do alargamento do seu raio de influência da cidade; conseguir que o esquema viário criado se integre perfeitamente na rede viária da cidade e reduzir ao minimo as infra- estruturas sociais”55. Assim, abandona-se o esquema de uma estrutura centrípeta, baseada na divisão funcional da vida urbana e em elementos vivificadores distribuidos de forma pontual, e é criada uma área de vida urbana mais intensa, 51 Plano de Urbanização de Quelimane (1945-72): Relatório e projectos de um grupo de trabalho: Quelimane, unidade de vizinhança 1: estudos de base e urbanização, cota: PT/ IPAD/ UM/ DGOPC/ DSUH/ 2097/ 12418 52 Idem 53 “População urbanizada são todos os indivíduos que vivem em habitações completamente integradas no conjunto do todo social, ordenadas e servidas por infra-estruturas de caracter social, arruamentos, água, luz e esgotos. A população não urbanizada corresponde ao conjunto de indivíduos que não obedecem às condições dos urbanizados”. Plano de Urbanização de Quelimane (1945-72): Relatório e projectos de um grupo de trabalho: Quelimane, unidade de vizinhança 1: estudos de base e urbanização, cota: PT/ IPAD/ UM/ DGOPC/ DSUH/ 2097/ 12418 54 Idem 55 Ibidem 66 concentrada na espinha dorsal da aglomeração. Todo o conjunto é atravessado por uma área verde, que envolve todas as áreas de habitação, e melhora as condições climáticas da cidade. No âmbito do problema habitacional de Quelimane, esta Unidade de Vizinhança articula quatro grupos residenciais, para o qual são definidos tipos de habitação de acordo com as características climáticas da cidade, e integra equipamentos sociais, de modo a satisfazer as atividades económicas, recreativas e culturais dos habitantes de Quelimane. O ritmo e a forma de crescimento da cidade, ao longo dos anos, espelham a articulação das relações económicas e políticas, que influenciam a configuração social e espacial da sociedade. Quelimane, capital do distrito, “conservando velhas tradições de uma feliz integração entre gentes de raças e credos diferentes, burgo pitoresco pelo seu passado, é agora também cidade moderna, rasgada por belas avenidas, ladeadas por sólidos prédios de construção recente”56. 044. Vista geral, Quelimane, 1905 e 1965 56 “O Anuário Turístico de Moçambique”, 1971, Cit in. João Loureiro – op. cit., p. 25 67 ARQUITETURA Forma e clima 045. A luz da cidade, vista do Hotel Chuabo, Quelimane “Era necessário alinhar a arquitectura com o movimento do sol e do vento(…) mostrando constantemente como ela se difunde criando uma dependência da luz do ventos e das estações. A eles sacrifica inteligentemente as suas opções formais que condiciona a estrutura.”57 O contexto climático de Quelimane conduziu os arquitetos portugueses à exploração formal e concetual de dispositivos de atendimento ao clima. Esta exploração baseou-se na reinterpretação dos ideais corbusianos e permitiu a criação de um léxico moderno adaptado a um clima tropical. 57 Maria Grilo – op. cit., p.2 68 “Dela dependem a boa ou má orientação das edificações, a densidade destas, suas alturas e até mesmo as características. Toda a ventilação duma cidade se poderá comprometer numa solução em que este aspecto de especialidade não seja estudado com pormenor. Uma colaboração intima entre o urbanista e o meteorologista impõe-se desde logo.”58 Assim, ao definir a orientação do edifício, torna-se fundamental seguir os caminhos sombreados do sol 59, de modo a reduzir a incendia solar direta sobre as superfícies, e promover a direção dos ventos dominantes. No hemisfério sul o sol movimenta-se de este (nascente) para oeste (poente), assim, no caso de construções longitudinais o eixo maior deverá estar sempre orientado no sentido este-oeste, de modo a proteger a fachada nascente e poente dos fortes efeitos da radiação. Simultaneamente, Vasco Vieira da Costa (1911-1982) considera que “quando a orientação dos ventos dominantes conduzir a uma orientação que obrigue a fugir marcadamente da orientação nascente-poente (ideal em relação ao Sol) deverá adoptar- se uma solução de compromisso, que permita que a maior fachada seja (embora obliquamente) varrida pelos ventos, sem que, no entanto uma grande superfície das suas paredes fique exposta aos raios solares”60. Neste caso será sempre mais favorável orientar a construção mais para este que para oeste, visto que o Sol da manhã é sempre menos nocivo que o da tarde. Numa região de clima quente e húmido, a ventilação natural dos espaços é um processo essencial na obtenção de condições de conforto humano. O elevado teor de humidade do ar, que constitui a principal causa de desconforto, pode ser reduzido através da orientação das construções aos ventos dominantes. Assim, “a implantação vai assumir aqui, mais uma vez, um papel determinante: relativamente aos ventos, as edificações deverão ser orientadas perpendicularmente à direcção em que eles sopram, de maneira que o plano de fachada de maior desenvolvimento seja normal aquela direcção”61. 58 José Faria – op. cit., p. 112. 59 Maria João Teles Grilo –“Vasco Vieira da Costa – Os Caminhos Sombreados do Sol”, in Roberto Prado; Paz Martí (dir.) – La Modernidad Ignorada: Arquitectura Moderna de Luanda. Madrid: Universidad Alcala, 2011, p. 195-207. 60 Margarida Quintã – op. cit., p. 43. 61 Idem 69 “A arquitectura segue a natureza e o homem: obedece às leis naturais, às formas do terreno à medida dos gestos (…); é uma consequência das formas sugeridas pela função e pela matéria: e a forma não é bela por si, mas pelas marcas da luta que a criou a partir da necessidade e do material.”62 Num clima tropical, a orientação ideal não dispensa o uso de elementos de sombreamento nas fachadas, pois estes reduzem a penetração da radiação solar e atenuam o excessivo aquecimento dos espaços interiores. Os dispositivos de sombreamento de cada fachada devem ser determinados segundo a orientação, área envolvente, forma e função do edifício. A intenção é de, através da plástica, buscar soluções que conjuguem de maneira adequada os elementos da arquitetura moderna e o conforto ambiental. Seguindo a lei do sol, o sombreamento das fachadas pode ser conseguido através de dispositivos exteriores e interiores, fixos ou ajustáveis, bem como através da vegetação e da edificação envolvente. O mais eficaz é o uso de dispositivos de sombreamento exteriores distanciados do plano de fachada, de modo a criar a sombra pretendida e proteger a fachada do aquecimento proveniente da radiação que a própria pode emitir. As proteções exteriores fixas (galerias, varandas, palas,grelhas…), que derivam da própria pele do edifício, embora não apresentem grandes complicações do ponto de vista da manutenção, condicionam bastante a visibilidade para o exterior. Assim, de forma a haver uma maior visibilidade, são por vezes adotadas soluções de sombreamento ajustáveis, menos resistentes, mas que permitem variar a sua posição em função das necessidades. “Estas protecções, de uma maneira, geral, funcionam melhor do que qualquer protecção interior, independentemente da sua configuração e material, pois permitem interceptar os raios solares antes que estes incidam directamente sobre as aberturas e, principalmente, sobre o vidro.”63 Conforme já referido, a latitude do lugar e a posição do Sol ao longo do ano influenciam, além da orientação e implantação do edifício, a conceção destes dispositivos de sombreamento. Assim, enquanto nas fachadas orientadas a norte e sul, o ângulo de incidência solar é alto, próximo da vertical, e os dispositivos de proteção a aplicar devem ser horizontais, nas 62 Victor Palla – “Lugar do Artista pPlástico”, Arquitectura, nº 25, Lisboa, Julho 1948, p. 7. 63 Margarida Quintã – op. cit., p.46. 70 orientadas a nascente e poente, onde o Sol tem um ângulo de incidência mais baixo, oblíquo à fachada, os dispositivos que proporcionam um sombreamento mais eficiente são os verticais. Esta libertação formal só é possível através da exploração das capacidades estruturais e construtivas do betão armado. Além da sua enorme plasticidade, o seu caráter opaco e impenetrável permite minimizar os ganhos por radiação e bloquear a transmissão de energia diretamente para o interior dos edifícios. Neste processo há ainda a referir o papel complementar que assumem as janelas betas. “Este dispositivo de sombreamento interior funciona como um sistema de persianas orientáveis que possibilitam a entrada selectiva da luz natural, sem prejuízo do conforto térmico nem da necessária e saudável visibilidade para o exterior.”64 “Crendo natural a aspiração do homem à luz”65, o maior desafio que se encontra na conceção destes dipositivos de sombreamento é conciliar as necessidades de proteção solar das fachadas com o conforto visual adequado aos propósitos funcionais dos espaços. É necessário estabelecer- se uma continuidade entre os contrastes de luz e sombra interior e exterior de forma a obter-se uma iluminação natural uniforme, adequada à função e às necessidades do projeto. Sem comprometer os dispositivos anteriores, a implantação de vegetação na envolvente do edificado também constitui uma estratégia eficaz para a obstrução de radiação solar pois, tendo baixa transmitância, evita a passagem da radiação para os espaços adjacentes. Para além de proporcionar sombra aos edifícios, o seu processo de evaporação reduz a temperatura ambiente, proporcionando um efeito de arrefecimento da temperatura do ar. Nas fachadas orientadas a este e oeste, em que o ângulo de incidência solar é baixo e as sombras projetadas são mais extensas, a sombra das árvores podem contribuir para uma solução eficiente. 64 Zara Ferreira – O Moderno e o Clima na África Lusófona, Arquitectura Escolar em Moçambique: o programa de Fernando Mesquita, Dissertação para Mestrado em Arquitectura. Lisboa: Instituto Superior Técnico, 2012, p. 111. 65 Le Corbusier – Conversa com os estudantes das escolas de arquitectura. Lisboa, Edições Cotovia, 2003. 71 É facilmente identificável que o princípio do moderno tropical se baseia na reinterpretação dos elementos de proteção do Sol que Le Corbusier e a arquitetura moderna brasileira ensaiaram. “A liberdade compositiva dos edifícios está patente no tratamento volumétrico ou desenhos das fachadas”66, e resulta essencialmente do enorme leque de dispositivos de sombreamento. O brise soleil e o cobogó brasileiro, para além de promoverem o sombreamento das fachadas, demonstram “como um esqueleto em betão armado poderia tornar-se numa grelha naturalmente ventilada”67. É de enorme importância garantir uma adequada ventilação no interior dos edifícios, principalmente quando inseridos numa região de clima tropical quente e húmido. Como já referido no subcapítulo do Clima, a circulação do ar no interior dos espaços influência as condições ambientais, reduzindo a sensação de calor provocada essencialmente pela elevada humidade do ar. Ao projetar nestes climas é necessário adaptar a forma ao clima, compreendendo o comportamento dos ventos do lugar, o movimento dos fluxos de ar na envolvente das construções, de modo a se considerar a orientação mais favorável ao implantar os edifícios. A altura dos edifícios, a envolvente urbana, o dimensionamento e disposição de vãos ou de outras componentes arquitetónicas, como palas, grelhas e brise-soleils, influenciam a eficácia da ventilação natural dos espaços. Originando uma enorme continuidade e permeabilidade entre o interior e o exterior, os sistemas de ventilação adoptados devem estar integrados na linguagem arquitetónica do edifício e devem ser concebidos de acordo com a funcionalidade pretendida. “Surge assim uma arquitectura de clima quente e húmdio. A arquitectura da terra, quente, a Tropical por excelência, a que tem indubitavelmente, uma personalidade mais aguçada. Desenhos simples, plantas elementares e claras, duma grande liberdade. Cooperação com as brisas para produzir ventilações transversais. Luz e sombra. Transparências vegetais. E, envolvendo tudo isto, faz-se sentir a opulência do Trópico com a alegria de forma escultóricas caprichosas, cores vivas e radiantes.”68 66 Ana Magalhães – op. cit., p.51. 67 Idem, p. 64. 68 Idem, p.5. 72 046. Ventilação. Problema base num clima tropical. Influência das palas e lâminas orientáveis sobre a direção do ar. Ventilação de coberturas. Influência da vegetação sobre a ventilação da construção. (notar a influência relativa dos diferentes obstáculos) 73 Imagem Moderna 047. Imagem moderna, fachada tardoz Hotel Chuabo, Quelimane “A prominente cidade de Quelimane vai perdendo aos poucos o ar pacato da terra feita a esmo, sem graça nem gosto, e vai-se transformando numa cidade garrida, de aristocratos hábitos europeus. Por toda a parte se vêm casas, árvores e flores. Abrem-se avenidas cujo pavimento asfaltado faz as delícias dos automobilistas, erguem-se belos e vastos edifícios comerciais com lojas de largas vitrinas, onde de expõem as ultimas modas de indumentária feminina e masculina, modificam-se jardins, tudo obedecendo a um vasto plano de modernização. Nas ruas, uma verdadeira policromia de gentes deambula num vai-e-vem constante, dando à cidade ritmo e alegria. Vivendas elegantes e altivos edifícios oferecem verdadeiro deleite aos olhos do turista. Aqui encontra o visitante, em contraste com os modernos imoveis que surgem em ritmo crescente, algumas construções antigas que fazem reviver épocas passadas. Enquadradas neste número encontramos o edifício onde funciona o BNU, as antigas instalações do Monteiro&Giro, a catedral, o edifício do Refeba, e a Escola Vasco da Gama, entre outras. 74 Quelimane orgulha-se de poder oferecer ao turista acomodações num hotel de luxo, merecidamente englobado no número dos melhores de Moçambique, Hotel Chuabo, situado no imponente imóvel propriedade Monteiro&Giro. No mesmo edifício situa-se uma boite que funciona diariamente, um super-mercado, um snack-bare diversas secções comerciais. Além deste hotel, outros há, confortáveis, bem assim como algumas pensões. As nossas praias são boas e o banhista sente-se à vontade, pois nelas não há traições. Merecem referência as de Zalala e do Mundimo. Satisfazendo uma das mais ardentes aspirações dos habitantes desta laboriosa terra, já se deu início aos trabalhos preliminares de construção do novo aeroporto. Dentro de três anos, aproximadamente, teremos um verdadeiro impulsionador turístico, um aeroporto à altura das necessidades prementes do turismo. Uma piscina pública fez as delícias dos citadinos e visitantes em dias de temperaturas elevadas. Em locais aprazíveis e bem situados encontram-se modernos cafés, “snack-bars”, clubes desportivos e cinemas onde casa um passa ao seu gosto algumas horas. Para os apreciadores de belezas naturais, oferecem os nossos palmares motivos de interesse e de oportunidade de serem batidas fotografias de paisagens inéditas. São dignas de admirar as noites de luar dos nossos palmares. Rendilhados incomparáveis e exóticos de milhares de figuras surgidas da nossa imaginação fazem as delícias de poetas e sonhadores. É um espetáculo arrebatante, cheio de poesia…”69 048. Postais de Quelimane – Prédio Monteiro&Giro, Cine-Teatro Águia| Palácio das Repartições, Prédio Barreto&Filho | Piscina municipal, Travessa Nª Sr.ª do Livramento, Vista parcial da cidade |Vista geral da cidade, Palmar – 1960, Quelimane 69 Maria Fernanda – “O Panorama Turístico de Quelimane”, Boletim geral do ultramar, nº 514, Abril 1968. http://memoria-africa.ua.pt/Catalog.aspx?q=AU%20fernanda,%20maria http://memoria-africa.ua.pt/Catalog.aspx?q=TI%20o%20panorama%20turistico%20de%20quelimane 75 Como referido no capítulo do Urbanismo e da Arquitetura, Quelimane tornou-se, no início dos anos 50, uma cidade moderna. Esta modernidade, além de refletida no desenho e na estruturação urbana da cidade, é também apreendida na imagem moderna dos novos edifícios da época. A nova construção segue os princípios apresentados anteriormente, que se relacionam com a forma e o clima. A investigação realizada na viagem a Quelimane, permitiu o reconhecimento de uma circunstância espacial e temporal de um notável conjunto de obras modernas, que caracterizam este território. Assim, de seguida, apresenta-se, essencialmente, parte do material recolhido em viagem, que constituído por fotografias, reflete uma observação direta e pessoal deste lugar. 049. Porto e marginal, Quelimane 76 050. Edifício Monteiro&Giro (1954), Arménio Losa, Cassiano Branco, António Ribeiro da Costa, R. Filipe Samuel Magaia, Quelimane 051. Banco Nacional Ultramarino (1960), Francisco José de Castro, Av. Samora Machel | Tv. 1 de Julho, Quelimane 052. Hotel Chuabo (1954), Arménio Losa, Cassiano Barbosa, António Ribeiro da Costa, Av. Samora Machel | Tv. 1 de Julho, Quelimane 77 053. Escola Industrial e Comercial 1º de Maio (1960), autor desconhecido,Av.25 de Junho, Quelimane 054. Escola 25 de Setembro (1969), Rute Bota, R. Hamed Sekou Touré| Av. Heróis da Libertação Nacional 055. Escola Primária Sinacurra (-), autor desconhecido, Rua Acordos de Lusaka, Quelimane 78 056. Biblioteca Municipal (1969), Bernardino Ramalhete, Eduardo Naya Marques, Pr. De Bonga, Quelimane 057. Mercado Municipal (-), autor desconhecido, Av. Heróis da Libertação Nacional | Av.25 de Junho, Quelimane 058. Cine-Teatro Águia (1955), João Garizo do Carmo, Av. Josina Machel| Av. Eduardo Mondlane, Quelimane 059. Piscina municipal (-), autor desconhecido, Av. Samora Machel, Quelimane 79 060. Igreja da Missão Sagrada Família – Nova catedral (1955), autor desconhecido, Av. 7 Setembro | R. Filipe Samuel Magaia | R. Paulo Samuel Kankhomba, Quelimane 80 061. Conselho Municipal (-), autor desconhecido, Av. Josina Machel, Quelimane 062. Edifício dos Correios (-), autor desconhecido, Av. Samora Machel, Quelimane 063. Escola Primária de Quelimane (-), autor desconhecido, Av. Josina Machel, Quelimane 064. Mesquita (-), autor desconhecido, Av. 1ºJulho, Quelimane 065. Aeroporto de Quelimane (-), Octávio Rego Costa, Av. 25 de Julho, Quelimane 066. Complexo Monteiro & Giro – Fábrica Cerâmica (1958), Arménio Losa, Cassiano Barbosa, António Ribeiro da Costa, Quelimane 81 067. Localização dos edifícios identificados 01. 01. Edifício Monteiro&Giro 02. Banco Nacional Ultramarino 03. Hotel Chuabo 02. 04. Escola Industrial e Comercial 1º de Maio 03. 05. Escola 25 de Setembro 04. 06. Escola Primária Quelimane 05. 07. Biblioteca Municipal 06. 08. Mercado Municipal 09. Cine-Teatro Águia 10. Piscina Municipal 01. 11. Catedral de Quelimane 02. 12. Concelho Municipal 03. 13. Edifício dos Correios 04. 14. Escola Primária de Quelimane 05. 15. Mesquita 06. 16. Complexo Monteiro & Giro – Fábrica de Cerâmica 07. 17. Paço Episcopal 08. 18. Palácio das Repartições 82 068. O edifício e o habitante chuabo70 70 Etnia que habita nas províncias da Zambézia e de Sofala, em Moçambique 83 Constata-se, a partir deste reportório fotográfico, a grandeza da arquitetura moderna presente neste território, caracterizada pela “sua pertinência funcional e dimensão poética”71 num contexto tropical. Há de facto em Quelimane obras com uma enorme diversidade expressiva, que ultrapassam a influência moderna, de base europeia e corbusiana, influenciadas nomeadamente pela arquitetura mexicana e brasileira. Deste importante património moderno sobressai a obra do arquiteto em estudo, João Garizo do Carmo (1917-1974). Os seus edifícios traduzem uma extraordinária modernidade, adequada ao lugar e ao clima, “nascem das paisagens e adquirem uma grande potência plástica que advém das cores, das sombras, das formas, dos materiais”72. Em Quelimane, a obra deste arquiteto resume-se ao Cine-teatro Águia (1955) e aos dois casos de estudo que são apresentados em pormenor no último capítulo deste trabalho, o Paço Episcopal (1956) e o Palácio das Repartições (1960). Presume-se que a nova Catedral de Quelimane (1955), dada a sua conceção formal, seja também uma obra de João Garizo do Carmo, no entanto, não é possível concluir a sua autoria. O projeto desta Catedral, destinado a substituir a antiga Sé Catedral73 de setecentos, é iniciado em 1955 por Megre Pires, mas só é terminado no final dos anos 60, com projeto de autor desconhecido.74 069. Nova Catedral de Quelimane – Projeto inicial (1955), Megre Pires, Quelimane 71 Margarida Quintã – op. cit., p.7. 72 Idem 73 A Igreja de Nossa Senhora do Livramento (1776), passou a Sé Catedral em 1954, com a criação da Diocese de Quelimane. Cf. José Fernandes; José Capela – “Equipamentos e Infra-Estruturas Quelimane”, Heritage of Portuguese Influence/ Património de Influência Portuguesa — HPIP, disponível em: http://www.hpip.org/def/pt/Conteudos/Navegacao/NavegacaoGeograficaToponimica/Localida de?a=339 74 Cf. Arquivo EWV. http://www.hpip.org/def/pt/Conteudos/Navegacao/NavegacaoGeograficaToponimica/Localidade?a=339 http://www.hpip.org/def/pt/Conteudos/Navegacao/NavegacaoGeograficaToponimica/Localidade?a=33984 85 02. JOÃO AFONSO GARIZO DO CARMO, ARQUITECTO 86 87 VISÕES CRUZADAS: FORMAÇÃO, INFLUÊNCIA E OBRA Em duas gerações distintas, os Garizo do Carmo marcaram o território moçambicano, quer no campo da arquitetura quer no da engenharia e das artes plásticas. A primeira geração apresenta-se pelo arquiteto Jaime Afonso do Carmo (-), pai da segunda geração, formada pelos irmãos João Afonso Garizo do Carmo (1917-1974)75 (arquiteto), Jorge Afonso Garizo do Carmo (1927-1997)76 (pintor e artista plástico) e Luís Afonso Garizo do Carmo (-) (engenheiro).77 Arquiteto pioneiro em terras moçambicanas, Jaime Afonso do Carmo iniciou a sua atividade como condutor de trabalho da Companhia de Moçambique78 na Beira em 1898 e, graças à sua energia, dedicação e competência atingiu o estatuto de Diretor dos Serviços da Direção Geral das Obras Públicas e Fiscalização do Caminho-de-Ferro até 1914, data em que abandonou definitivamente os serviços. 79 Durante a sua atividade foi responsável pelo Plano Diretor do Bairro Ponte Gêa e da Ponte sobre o Chiveve, na Beira.80 75 Ana Magalhães – op. cit., p. 199. 76 Cf. Depoimento de Verónica Garizo do Carmo (2013), filha de Jorge Afonso Garizo do Carmo e sobrinha de João Afonso Garizo do Carmo (o arquiteto em estudo) 77 Idem 78 A Companhia de Moçambique fundada em 1892 encarregou-se, durante 50 anos, da exploração e do desenvolvimento do território de Manica e Sofala. 79 Cf. Companhia de Moçambique, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, processo nº10143. 80 Cf. Depoimento de Verónica Garizo do Carmo (2013) 88 070. Jaime Afonso do Carmo 071. Nomeação de Jaime Afonso do Carmo (1913), Beira 072. Ponte sobre o Chiveve, Beira, 1905 89 O pintor Jorge Afonso Garizo do Carmo frequentou o curso de Arquitetura na ESBAP (1944-48), mas não o finalizou, tendo-se dedicado essencialmente à pintura e a outras artes plásticas (cerâmica, gravura, xilografia, escultura). Foi aluno voluntário em Pintura dos Mestres Joaquim Lopes (1886-1955) e Dórdio Gomes (1890-1976) e fez parte do “Grupo dos Independentes”81 do Porto, juntamente com Fernando Lanhas (1923-2012), Júlio Resende (1917-2011), Manuel da Costa Martins (1922-1996), entre outros. Embora se tivesse dedicado essencialmente à pintura, em 1948 participou no concurso para uma Casa de Férias no Alto Rodizio, onde lhe foi atribuída uma menção honrosa.82 Entre 1948 e 1954, frequentou as Escolas de Belas Artes de Toulouse, Grenoble e a Escola de Paris da Ateliers Zavaoni, assim como a La Grand Chaumière, na área da pintura e gravura. Em Paris, montou uma oficina de cerâmica e dedicou-se às artes gráficas, mantendo permanente contacto com Costa Camelo (1924-2008), Francis Smith (1881-1961) e Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992).83 A experiência adquirida por Jorge Garizo do Carmo, em França, traçou o seu percurso como artista. A proximidade com artistas como Vieira da Silva determinou a sua cultura abstrata e o seu espírito criativo e inovador. Em 1954, retorna a Portugal e dirige uma secção de cerâmicas na Fábrica de Sacavém, onde realiza diversos cartões de Ribeiro Paiva e um grande conjunto mural para o Cinema S. Jorge (1953), na Beira. Trabalha também, tanto em Portugal como em Moçambique, com Querubim Lapa de Almeida (1925-?)84, um dos melhores ceramistas portugueses, que fez o painel cerâmico da sede do Banco Nacional Ultramarino (BNU) (1963), atual Banco de Moçambique. Em 1956, viaja até à Beira, onde trabalha nas áreas da arquitetura, decoração, pintura, escultura e artes gráficas, em contacto com João Garizo do Carmo e muitos outros arquitetos. Embora não pudesse assinar, colaborava com o irmão nos projetos de arquitetura, marcando a sua 81 “Independentes foi uma denominação utilizada em várias circunstâncias para identificar exposições e/ou grupos de artistas ao longo do Século XX em Portugal, conotados com um desejo de modernização da arte.” Cf. Wikipédia, a enciclopédia livre, disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Independentes 82 “Concurso para uma Casa de Férias no Alto do Rodizio”, Arquitectura, nº23/24. Lisboa, Maio /Junho, 1948, p.2. 83 Cf. Blogue Pintura na Galeria, disponível em: http://pinturanagaleria.blogspot.pt/2011/09/20- garizo-do-carmo.html 84 Cf. Depoimentos de Verónica Garizo do Carmo (2013) http://pt.wikipedia.org/wiki/Independentes http://pinturanagaleria.blogspot.pt/2011/09/20-garizo-do-carmo.html http://pinturanagaleria.blogspot.pt/2011/09/20-garizo-do-carmo.html 90 identidade como artista plástico.85 Os dois irmãos mantinham um forte elo de ligação tanto a nível profissional como pessoal e, por isso, considerar-se importante a investigação das visões cruzadas desta dupla. Jorge Garizo do Carmo elaborou numerosos trabalhos entre Manica, Sofala e Zambézia, sendo da sua autoria o painel mural no Banco Nacional Ultramarino (1963), em Lourenço Marques. Em 1962, muda-se da Beira para Lourenço Marques e inicia uma atividade gráfica no campo do jornalismo, como redator-paginador, e abraça o professorado artístico. Regressa a Portugal, após a independência de Moçambique, e além de professor na Escola António Arroio, é artista gráfico do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa.86 Jorge Garizo do Carmo foi um artista multifacetado, com formação em gravura e pintura, a diversidade é a marca da sua obra. Destaca-se no campo da pintura, além da criação na cerâmica, com soluções plástica e tecnicamente inovadoras. 073. Projeto de uma Casa de Férias no Alto Rodizio (1948), Jorge Garizo do Carmo 85 Cf. Depoimentos de Verónica Garizo do Carmo (2013) 86 Idem 91 074. Jorge Garizo do Carmo com a sua escultura “A Mão”, situada ao lado do Grande Hotel da Beira, Beira 075. Atelier de Jorge Garizo do Carmo, Lourenço Marques 076. Cartaz do Teatro Nacional de D.Maria II - Gisela May interpreta Brecht (1978), Lisboa; 077. Pintura mural do Banco Nacional Ultramarino (1963), Lourenço Marques http://purl.pt/7730 92 No âmbito desta investigação, o membro da família que se destaca é o arquiteto João Afonso Garizo do Carmo. Nascido na cidade da Beira, em Moçambique, frequenta entre 1942 e 1949 o curso de arquitetura na ESBAP87, mas acaba por concluí-lo na ESBAL, em 1951, com a classificação de 17 valores88. A base da sua formação apoia-se em dois padrões de ensino distintos. Enquanto a ESBAP, a escola de Carlos Ramos (1897-1969), apresentava um ensino aberto e procurava uma linguagem moderna fundamentada no conhecimento das teorias modernas de Le Corbusier, a ESBAL mais ligada ao Regime Salazarista, assumia os princípios anti modernistas de Raul Lino (1879- 1974) e defendia a estética tradicionalista e o espirito nacionalista da arquitetura portuguesa da época. João Garizo do Carmo revela, num espírito progressista, a luta pela afirmação dos seus ideais modernos, manifestando uma prática e atitude mais corbusiana, mais ligada à sua formação no Porto. Entre 1943 e 1944, trabalha no Porto, no Atelier da Rua Duque Teixeira, com José Borrego (-), Carlos Carvalho de Almeida (-), António Veloso Pinto (-), Victor Palla (1922-2006), Fernando Martins de Sousa (-), Raul Roque (-) e com o seu colega Joaquim Bento d´Almeida (1918-1997).89Em 1945 surge em Portugal o moderno brasileiro, através do livro Brazil Builds, representando um estímulo à afirmação do Movimento Moderno neste país. Prova disso é o aparecimento das primeiras EGAP 90, que se revelam um importante veículo de divulgação da diversidade de projetos realizados nesta época. 87 Cf. ESBAP, Escola Superior de Belas Artes do Porto. 88 Cf. ESBAL, Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. 89 Patrícia Beirão da Veiga Bento d´Almeida – Victor Palla e Bento d'Almeida: Obras e Projectos de um Atelier de Arquitectura 1946-1973, Tese de mestrado em História de Arte Contemporânea. Lisboa: Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, 2006. 90 As EGAP., Exposições Gerais de Arte Plástica, constituem a principal oposição à politica cultural de António Ferro e às Exposições de Arte Moderna do Secretariado Nacional de Informação. Tinham o objetivo a aproximação das artes, como expressões diferentes de um Homem que tem estado separado, incompleto, despedaçado e busca agora ansiosamente o caminho da sua integração. As E.G.A.P. realizaram-se anualmente na Sociedade Nacional de Belas Artes (SNBA), em Lisboa, entre 1946 e 1956 e uma das grandes concretizações destas exposições, foi o poder que tiveram em agitar a realidade entre os artistas, levando grande parte deles a oporem-se ao regime, Cf. Jéssica Bonito – Arquitectura Moderna na África Lusófona: Recepção e Difusão das Ideias Modernas em Angola e Moçambique, Dissertação para Mestrado em Arquitectura, Lisboa: Instituto Superior Técnico, 2011, p. 21 93 Em 1946, João Garizo do Carmo muda-se para Lisboa e instala-se com Bento d´Almeida e Vitor Palla, num atelier projetado por Cristino da Silva (1929- 1976), na Rua Coelho da Rocha nº69.91 Os projetos, por estes realizados, revelam um entendimento da arquitetura do Movimento Moderno, desde a aplicação dos materiais à delicadeza do desenho. 076. João Garizo do Carmo 079. Ló do Carmo, Nico Craveiro Lopes e João Garizo do Carmo 91 Patrícia Beirão da Veiga Bento d´Almeida – Victor Palla e Bento d'Almeida: Obras e Projectos de um Atelier de Arquitectura 1946-1973, Tese de mestrado em História de Arte Contemporânea. Lisboa: Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, 2006. 94 Em Lisboa surgem novos espaços, como lojas e snacks-bar de aspecto renovado, “que revelam à pacata e povinciana cidade novos mundos a descobrir”92. Palla e Bento D´Almeida selecionam diversos projetos de estabelecimentos comerciais, “nomeadamente snack-bares e institutos de beleza, (…) no entanto, em Maio de 1947 na II EGAP, foram os arquitectos Bento D´Almeida e Garizo do Carmo que expuseram os estabelecimentos Centeno&Neves (Rua da Prata, não construído) e a Pelaria Galeão”93. A Pelaria Galeão, projetada também com Carlos Manaus, foi licenciada em 1946, e consiste num projeto de remodelação de um antigo estabelecimento comercial que ocupava o R/C de dois edifícios pombalinos localizados na Rua Augusta, bem como a cave e o 1ºandar.94 No processo de definição de novos rumos para a arquitetura portuguesa, a ODAM95 adquire a revista Arquitectura, com o objetivo de promover a discussão sobre as artes e divulgar a arquitetura moderna que pelo mundo se praticava. Logo em 1948, João Garizo do Carmo surge pela primeira vez nas páginas desta revista, ao remodelar, com Orlando Avelino, um Café em Lisboa. “O interesse deste arranjo nasceu duma inteligente aplicação de materiais, da feliz solução do problema da iluminação (luz fluorescente indireta combinada com luz incandescente) e de uma perfeita harmonia das cores e das proporções.”96 Nesse mesmo ano, com Bento D´Almeida e Victor Palla, projeta também uma Fábrica de Chocolates em Coimbra, que segue os princípios de Le Corbusier, nomeadamente as questões que tratavam a denominada l´usine verte (fábrica verde)97. As soluções iam além das funções associadas à produção, salientando preocupações relacionadas com a integração do 92 Ana Tostões – Os Verdes Anos na Arquitectura Portuguesa dos Anos 50, Porto, FAUP, 1997, p. 121. 93 Patrícia Beirão da Veiga Bento d´Almeida – Victor Palla e Bento d'Almeida: Obras e Projectos de um Atelier de Arquitectura 1946-1973, Tese de mestrado em História de Arte Contemporânea. Lisboa: Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, 2006. 94 Idem 95 ODAM, Organização dos Arquitectos Modernos, foi uma organização criada por um grupo de arquitetos do Porto que, entre 1947 e 1952, tinha como objectivo defender e divulgar os pontos de vista profissionais da arquitetura moderna. A ODAM mantinha contato com o coletivo Iniciativas Culturais Arte e Técnica (ICAT), grupo de arquitetos de Lisboa com objetivos semelhantes, que editou a revista Arquitectura e organizou as Exposições Gerais de Artes Plásticas (EGAP) em que vários arquitetos expuseram projetos de arquitetura a par das obras de artes plásticas. No seio da ICAT tiveram origem grande parte das teses apresentadas ao I Congresso. 96 “Café em Lisboa”, Arquitectura nº27. Lisboa, Outubro/ Novembro 1948, p. 2. 97 Cf.“Fábrica de Chocolates em Coimbra”, Arquitectura, nº 19, Lisboa, Janeiro, 1948, p. 12. http://pt.wikipedia.org/wiki/Iniciativas_Culturais_Arte_e_T%C3%A9cnica http://pt.wikipedia.org/wiki/Iniciativas_Culturais_Arte_e_T%C3%A9cnica http://pt.wikipedia.org/wiki/Lisboa http://pt.wikipedia.org/wiki/Exposi%C3%A7%C3%B5es_Gerais_de_Artes_Pl%C3%A1sticas 95 edifício na paisagem, bem como o conforto dos trabalhadores e visitantes com a natureza. 080. Casa Galeão (1946), João Garizo do Carmo, Lisboa 081. Café em Lisboa (1948), João Garizo do Camo, Lisboa 96 082. Fábrica de Chocolates (1948), João Garizo do Carmo, Coimbra 97 Como já referido, é com a realização do 1º Congresso Nacional de Arquitectura, em 1948, que se dá o grande momento de mudança, de afirmação da arquitetura moderna portuguesa. Esta viragem do panorama nacional representa um momento de reconquista da liberdade de expressão perdida pelos arquitetos no início da ditadura. Após o congresso de 48 e da repercussão que a arquitetura brasileira teve em Portugal, assiste-se à conciliação entre o tradicionalismo pretendido pelo regime em vigor e o internacionalismo tão rejeitado. A adesão por parte do regime, a partir da década de 50, proporcionou o aparecimento de uma série de publicações sobre a arquitetura moderna brasileira em Portugal. “A novíssima geração”98 de arquitetos, agora em contacto com o Movimento Moderno internacional, estava deslumbrada pelo vigor e expressividade das obras de Óscar Niemeyer (1907-2012) e pela adaptabilidade climática dos edifícios. Ainda assim, “a realidade da Arquitectura Portuguesa estava longe do optimismo resultante do Congresso. As dificuldades que os novos arquitectos tinham em projectar eram tremendas, o gosto oficial estatal e privado continuava ligado a concepções ambíguas sobre a tradição e o nacionalismo da arquitectura e os jovens arquitectos eram olhados com desconfiança, não conseguindo praticamente nenhumas encomendas, ou conseguindo-as abdicando da sua liberdade criativa”99. É neste contexto que a ideia de emigrar começa a ganhar corpo. A “nova geração rebelde”100, formada no início dos anos 50, encontra em África condições ambientais e culturais diferentes da metrópole, permitindo-lhes explorar novos aspetos construtivos e formais focados nos ideais do Movimento Moderno. Tal como tantos outrosarquitetos formados nesta época em Portugal, João Garizo do Carmo regressou a terras moçambicanas101, em 1952102, onde 98 Nuno Portas – "A Responsabilidade de uma Novíssima Geração no Movimento Moderno em Portugal", Arquitectura, nº 66, Lisboa, Novembro/Dezembro 1959, p. 13-14. 99 António Manuel da Silva e Sousa Alburqueque – Arquitectura Moderna em Moçambique: Inquérito à Produção Arquitectónica em Moçambique nos Últimos Vinte e Cinco Anos do Império Colonial Português (1949-1974), Prova Final de Licenciatura em Arquitectura. Coimbra: Universidade de Coimbra, Faculdade de Ciências e Tecnologia, 1998, p. 37. 100 Nuno Teotónio Pereira – “Cristino, Mestre de uma Geração Rebelde”, in FERNANDES, José Manuel; JANEIRO, Maria de Lurdes, Luís Cristino da Silva, Arquitecto. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, 1998, p.139. 101 Segundo Fernando Ferreira Mendes, João Garizo do Carmo, antes de regressar à Beira em 1952, participou ainda em diversos projetos em Portugal, além dos acima referidos. Este menciona que a Câmara Municipal de Lisboa lhe entregou o projeto de direção de execução de um bloco de 108 prédios para o bairro de Alvalade, o plano de urbanização da Baixa e o projeto de arranjo da Praça da Figueira, de colaboração com o arquiteto Faria da Costa. Indica também que o 98 “corpo e comunidade procuram fresco, sombra e, sobretudo, viver e conviver longe dos preconceitos pesados de um mundo tão fechado como era o de Portugal”103. A sua atividade projetual é essencialmente de encomenda privada, desenvolvida entre a Beira e Quelimane, com as notáveis exceções do Cine- Teatro São Jorge e da Sede dos Caminho-de-Ferro de Moçambique, na cidade da Beira. Além da arquitetura, em 1955, Garizo do Carmo, dedica-se ao ensino, apresentando excelentes qualidades educativas, com conhecimentos fora de série, de uma versatilidade excecional, sempre atualizado das novas tecnologias.104 Nos anos de 1954 a 1955 é vencedor do prémio Municipal Lacerda Araújo105 e, em 1970, trabalha para o Ministério do Ultramar em Macau, tendo sido da sua responsabilidade: o Projeto do aproveitamento do terreno do Henrique Bento na Avenida da República – Bissau (1970), a Ponte Macau-Taipa (1971), o Estudo Prévio do Plano Diretor de Macau (1971) e o Plano de Urbanização da Nova Zona Central (1972), realizado juntamente com Eurico Machado e Luísa d´Orey.106 Dois anos depois de regressar a Portugal, em 1974, morre, em Cascais, de ataque de coração fulminante, deixando particularmente o irmão Jorge Garizo do Carmo com um enorme desgosto.107 arquiteto deixou ainda vincada a sua passagem pelo Porto, onde, em colaboração com o arquiteto Viana de Lima, planeou e dirigiu o arranjo e remodelação do Hotel Império. Fernando Ferreira Mendes vive na cidade da Beira, em Moçambique, e é blogger desde 2007. No seu blogue Beira-amar pretende apresentar informações sobre aspetos históricos e culturais da cidade de Moçambique. A informação aqui citada foi publicada no arquivo do Cinema S. Jorge Garizo do Carmo, em 26 Junho de 2009 e encontra-se disponível em: http://beiraumseculo.blogspot.pt/2009_06_01_archive.html 102 Ana Magalhães – op. cit., p.200. 103 Ana Tostões, “Prefácio”, in Ana Magalhães – op. cit., p. 7. 104 Cf. Depoimento de José Espirito Santo a 2 Junho de 2013. José Espirito Santo, filho de um projetista e chefe de cabina do Teatro São Jorge na Beira, foi aluno do arquiteto Garizo do Carmo na Escola Industrial e Comercial Freire d´Andrade, em 1955, ano de fundação da escola. 105 Cf. Carla Mirella de Oliveira Cortês – Moderno Brasileiro em Moçambique, 1950-1975: a importação de uma Imagem, Dissertação de conclusão de Mestrado em Desenvolvimento Urbano, Universidade Federal de Pernambuco, 2011. 106 Cf. Plano urbanístico Macau 1970-75, cota: PT/IPAD/MU/DGOPC/GTPM/2224 107 Cf. Depoimentos de Verónica Garizo do Carmo (2013). Importa referir que, do meu conhecimento, não existem testemunhos com capacidade e conhecimento suficiente para delinear precisamente o percurso de vida de João Garizo do Carmo. Assim, todas as datas indicadas assumem-se como uma compilação de informação de diversas fontes, mas que não são totalmente fidedignas e certas, havendo alturas no tempo em que não se consegue situar o arquiteto. 99 Claramente influenciado pela conceção plástica e escultórica da arquitetura moderna brasileira, o arquiteto espelha a potencialidade do clima na definição da sua arquitetura. Encarando as contingências dos climas tropicais como desafios arquitetónicos a solucionar, Garizo do Carmo reponde às exigências climáticas da região e contribui para o surto de modernidade arquitetónica, unindo as artes “como expressões diferentes mas solidárias de um Homem que tem estado separado, incompleto, despedaçado e busca agora ansiosamente o caminho da sua integração”108. 108 Exposição Geral de Artes Plásticas, Catálogo da Exposição. Lisboa, SNBA, Julho 1946, cit in Ana Tostões – op. cit., p. 22. 100 101 ENTRE BEIRA E QUELIMANE Como já referido, em Moçambique assiste-se, nas décadas de 40-50, a um aumento de recursos humanos e económicos provenientes da metrópole para as províncias ultramarinas, em virtude da nova política integracionista, que se traduz pela abertura a concurso de vários lugares para reforçar o reduzido corpo da administração pública local. As vagas para arquitetos foram sendo ocupadas ao longo da década de 50 por representantes da nova geração emergente do Congresso de 48, da qual João Garizo do Carmo faz parte. A maioria desta geração, formada na escola do Porto, e com a influência de Carlos Ramos, apoia-se nos valores estéticos e ideológicos do Movimento Moderno, influenciando decisivamente a arquitetura produzida a partir de então, quer de carácter público quer privado. Desde o Congresso de 48 que se admite, em Portugal, que a “Arquitectura Moderna Brasileira é uma franca realidade”109, tendo sido na sequência da primeira Exposição no Instituto Superior Técnico, que se mostra um conjunto alargado da produção brasileira mais recente, que os portugueses são exaltados para toda esta experiência. A preocupação climática e a semelhança com o clima dos trópicos brasileiros constituem um dos principais motivos para a produção de uma arquitetura moderna inspirada na experiência brasileira. Neste território os elementos arquitetónicos de maior expressão são os dispositivos climáticos que, ao serem registados nas publicações, são rapidamente adotados como resposta ao clima e como solução plástica. É importante salientar que a arquitetura brasileira, começada a ser produzida no final da década de 40, “passa por situar Le Corbusier (1887- 1965). Localizá-lo no quadro da estrutura cultural em construção no Brasil domina parte do debate teórico que reflecte sobre hereditariedade. Muito embora haja um passado moderno – ou modernista – em gestão desde meados dos anos 20, o mestre franço-suiço é genericamente identificado 109 Formosinho Sanches - op. cit., p. 17. 102 como figura central na sua consolidação”110. Assim, é através de uma leitura do ideário corbusiano que se adapta o projeto moderno à realidade brasileira e posteriormente à realidade moçambicana.De seguida, apresenta-se o descoberto da obra do “conhecido arquiteto – beirense por nascimento e devoção – João Afonso Garizo do Carmo"111 que, entre Beira e Quelimane, deixou diversos edifícios públicos e residenciais marcados por uma linguagem moderna, influenciada pelos modelos brasileiros, em especial pela obra de Óscar Niemeyer. Não existe nenhum registo da obra completa de João Garizo do Carmo, pelo que as obras, em seguida referidas, resultam de uma sistematização de referências que, no decorrer do trabalho, possibilitaram elaborar o inventário dos seus edifícios, embora este não represente a totalidade da obra construída. João Garizo do Carmo inicia a sua produção arquitetónica na Beira, em 1952, destacando-se com o projeto de um edifício de habitação coletiva para a firma Predial Ultramarina, na zona residencial da Ponta Gêa112 (talhão 263). Com grande simplicidade e equilíbrio de proporções, aliando o lado estético e o funcional, as fachadas são verticalmente seccionadas por elementos de betão armado. Desta forma, as fachadas adquirem o aspeto de um conjunto de alvéolos retangulares de proporções alongadas, que produzem um jogo de claro-escuro bastante variado e que as movimentam na sua grande extensão. Desde logo, no projeto de um pequeno prédio habitacional, para António Duarte, no Bairro Ponta Gêa (talhão 355), o arquiteto espelha o vocabulário formal apreendido da experiencia brasileira, na utilização de brise-soleils, da parede chanfrada e da cobertura inclinada, dos planos de reboco recortados por embasamentos de pedra, e no desenho da escada de serviço, em caracol. 110 Ana Vaz Milheiro – A Construção do Brasil: Relações com a cultura Arquitectónica Portuguesa. Porto: FAUP Publicações, 2005, p.26. 111 “Igreja do Alto da Manga, Entrevista com o Arquitecto João Garizo do Carmo”, Diário de Moçambique, Beira, 19 Junho 1956, p. 3. 112 A cidade da Beira, atravessada a meio pelo rio Chiveve, situa na margem esquerda do rio a zona comercial e dos bairros residenciais da Ponta Gêa, das Palmeiras e do Macúti, sendo que na margem direita ficam os extensos cais portuários, os caminhos-de-ferro, e ainda os bairros da Munhava, Maquinino e Matacuane. Cf. João Loureiro – Memórias da Beira. Lisboa, Maisimagem: Comunicação Global, 2005. 103 083. Predial Ultramarina (1952), João Garizo do Carmo, Beira 084. Desenhos Casa António Duarte (1952), João Garizo do Carmo, Beira 104 Dando um passo no progresso, em 1953, o arquiteto desenha o Cine-Teatro São Jorge, um dos ícones da cidade da Beira. Pertencendo aos Irmãos Paraskeva, este cine-teatro, casa de chá e boite, situa-se na esquina entre a Avenida Eduardo Mondlane (antiga Avenida da República) e a Rua Renato Baptista, na praça 3 de Fevereiro (antiga praça Almirante Reis), no Bairro Ponta Gêa (talhão 151). Trata-se de “um trabalho delicado, difícil e fora do vulgar”113, que resulta da utilização de dispositivos climáticos e da integração das artes com a arquitetura e volumetria. De fachada frontal curva, com um grande vão protegido do sol por brise-soleils verticais, conjuga elementos curvos e retos, e a sua planta em forma de leque, possui uma sala de espetáculos com balcão suspenso. “A iluminação é feita por meio de luz indirecta. E da aplicação desta luz nasce um dos principais partidos decorativos.”114 Os brises-soleils verticais foram dispostos recuados em relação aos limites da fachada, criando uma área de sombra que acentua a ideia de fachada profunda, emoldurada, com um efeito de luz e sombra mais dramático. Plasticamente, estas cortinas corta luz trabalham na construção da unidade formal dos edifícios, através da contraposição do volume horizontal e das marcações verticais. “Houve a preocupação de valorizar artisticamente o edifício, cousa que não costuma fazer por estas terras. Portanto ele terá na fachada três painéis em cerâmica policromada. Estes painéis são da autoria de Jorge Garizo do Carmo, meu irmão.”115 Os painéis, de conceção e execução artística do pintor e ceramista Jorge Garizo do Carmo, completam a imagem moderna da composição, apresentando uma linguagem abstrata, com cor e movimento, alusiva às artes do espetáculo. Na fachada principal apresenta um painel com a figura de São Jorge, que interrompe os brise-soleils verticais da fachada frontal. O painel que envolve a entrada principal representa o som e a luz, síntese do cinema, e o do lado direito a música, a dança e o teatro.116 113 “Estou muito satisfeito com o ritmo de construção do Cine-Teatro S.Jorge”, Diário de Moçambique. Beira, 5 Dezembro 1953, p. 1. 114 Idem, p. 6. 115 Ibidem 116 Ibidem 105 As esculturas aqui presentes, “Alegoria às Descobertas”, “As Comadres” e “Romance de Pierrot e Columbina”, que embelezam o proscénio, o balcão e a plateia são concebidas e realizadas pelo escultor Arlindo Rocha. A integração das artes à arquitetura não foi um privilégio proporcionado pela chegada do moderno brasileiro a Moçambique. Este diálogo já acontecia na arquitetura portuguesa, através da utilização de azulejos e de painéis esculpidos. Há aqui um facto coincidente de novidade arquitetónica aliada à tradição do construir moçambicano. Este foi uma das primeiras experiências plásticas que traduz influências mais precisas no moderno brasileiro. O primeiro teatro da cidade remete-nos diretamente à solução de Luíz Nunes (1909-1937) para o Pavilhão de Verificação de Óbitos (1936) publicado em Brazil Builds, embora em escala maior. A solução volumétrica de ambos, que possui referências corbusianas, parte de um volume robusto sobre pilotis delgados, que emoldura um pano de cobogó, no caso de Recife, e de brise-soleils verticais fixos, no caso da Beira. No projeto de Garizo do Carmo o robusto volume possui uma dinâmica maior, baseada em recortes que acompanham as necessidades pragmáticas do projeto.117 Segundo João Garizo do Carmo, é necessária uma “arquitectura que traduza o meio-ambiente. (…) No levantamento desta obra tinha de existir, necessariamente, a preocupação de adaptar as salas às exigências climatéricas e mesmo do edifício em si. Lembre-se que a arquitecura moderna não é fantasia, como muita gente pensa. O arquitecto dos nossos dias tem de ser lógico, racional e sincero”118. 085. Bilhete Cine-Teatro São Jorge, Beira, 1972 117 Cf. Carla Cortês – op. cit., p. 120 118 “Estou muito satisfeito com o ritmo de construção do Cine-Teatro S.Jorge”, Diário de Moçambique, Beira, 5 Dezembro 1953, p. 6. 106 086. Desenhos Cine-Teatro São Jorge – Planta, Alçados e Corte (1953), João Garizo do Carmo, Beira 107 087. Cine-Teatro São Jorge (1953), João Garizo do Carmo, Beira 088. Pavilhão de Verificação de Óbitos (1936), Luiz Nunes, Recife 108 089. Painéis Cine-Teatro São Jorge – painel frontal e lateral esquerdo (1953), Jorge Garizo do Carmo, Beira 109 No mesmo ano, denotando a forte influência que a obra de Óscar Niemeyer tinha na sua produção, utiliza pela primeira vez uma composição mais orgânica ao projetar a Casa Eduardo Pereira. Aqui João Garizo do Carmo desenha a cobertura inclinada, voltada para o seu centro geométrico, como elemento plástico de significante expressividade, e apresenta uma variedade compositiva assente no jogo de cheios e vazios, definidos pelos dispositivos climáticos e pelas aberturas, respetivamente. O telhado em borboleta, resgatado da tradição colonial de telhados inclinados, faz parte do reportório formal de Le Corbusier para a CasaErrazuriz (1930), no Chile, embora seja reconhecido como elemento característico da arquitetura moderna brasileira, através do projeto de Óscar Niemeyer, Iate Clube (1942), publicado no livro Brazil Builds. 090. Casa Eduardo Pereira (1953), João Garizo do Carmo, Beira 110 091. Casa Errazuriz (1930), Le Corbusier, Chile 092. Iate Clube (1942), Óscar Nimeyer, Belo Horizonte 093. Residência de Juscelino Kubitschek (1943), Óscar Niemeyer, Belo Horizonte 111 Em 1954, o arquiteto projeta, no Macuti, a Casa Deolinda Pinho, onde está cada vez mais presente a busca pela integração das artes, através da conjugação de pinturas murais com a utilização de formas orgânicas, libertas da estrutura. Já na Ponta Gêa (talhão 371), projeta a Casa Gomes Frois (não construída), de planta semi-curva e cobertura ligeiramente inclinada, com alçados que refletem a organização interior, abrindo e fechando contrastantes vazios e cheios conforme as necessidades. 094. Casa Deolinda Pinho (1954), João Garizo do Carmo, Beira 095. Casa Gomes Frois (não construída) (1954), João Garizo do Carmo, Beira 112 É notável a influência dos modelos brasileiros, especificamente da igreja de São Francisco da Pampulha, de Óscar Niemeyer, no recurso ao léxico formal e na sua adaptação construtiva ao clima tropical. Em Moçambique, é clara a herança da experiência brasileira, essencialmente justificada pelas características específicas da construção em climas quentes e húmidos. A Igreja de São Francisco, na Pampulha, projetada por Óscar Niemeyer em 1943, amplamente divulgada internacionalmente, é o exemplo inspirador de um conjunto de obras que não se limitam apenas às de função religiosa. É na Igreja Matriz da Manga, desenhada em 1955 por João Garizo do Carmo, que o reportório formal de Niemeyer é totalmente cumprido, desde a utilização da abóbada parabólica como modo de configuração espacial e volumétrica, à integração das três artes maiores: Arquitetura, Pintura e Escultura, premente na questão moderna. A Igreja do Imaculado Coração de Maria do Alto da Manga, enquanto primeira Igreja moderna a ser edificada em Moçambique, traduz como tema principal da composição a pureza e a simplicidade das formas. O corpo principal do edifício, formado por uma longa casca parabólica em betão armado, tal como na Igreja de São Francisco, decompõe-se num segundo volume idêntico, mais baixo, que forma o altar, criando na sua interseção, uma entrada de luz indireta. Ao contrário da igreja de Niemeyer, a abóbada não se prolonga até ao pavimento, desdobrando-se em duas peles e permitindo, assim, o fomento da ventilação natural entre elas. Outro elemento característico da obra da Manga na relação com o modelo brasileiro é a presença da torre sineira e a expressão da fachada, marcada por uma cortina quebra-luz vertical em betão. Ao contrário da torre de Pampulha, em forma de pirâmide quadrangular invertida e afastada do corpo principal da igreja, a fachada parabólica da igreja da Manga e a sua torre alta e delgada estão interligadas por um gesto sequencial.119 A abóbada, elemento que caracteriza tanto a Igreja de São Francisco como a Igreja da Manga, já tinha sido utilizada anteriormente por Niemeyer e também por Le Corbusier nas residências Monol (1919). A grande diferença entre as abóbadas dos dois arquitetos reside no facto de Niemeyer fazer do desenho da abóbada o desenho do próprio edifício, a partir de um gesto único caracterizado pela sua liberdade plástica. 119 Cf. Carla Cortês – op. cit., p. 158 113 Para Lauro Cavalcanti na Igreja de São Francisco de Assis: “ (…) Niemeyer rompe com dois importantes pontos de sua formação anterior: o racionalismo do modernismo corbusiano e a permanência dialética com o passado, propugnada por Lúcio Costa”120. Numa obra como a de uma igreja, João Garizo do Carmo considera que “a parte estética e espiritual [se realiza] com os elementos abstractos que dispõe a arquitectura (linhas, planos, volumes e cores) [fazendo] (…) Arte tão pura e tão simples como a pureza do cristianismo”121. Com uma funcionalidade muito singela, a parte decorativa está intimamente ligada com o todo, surgindo de uma consequência lógica da conceção arquitetónica da obra, “deve apenas, ser parte integrante do conjunto, com princípio e fim!”122. A parceria entre o arquiteto e o artista plástico está mais uma vez representada nesta obra, promovendo o enfatizar da pureza das formas, do carácter ondulante e curvilíneo da forma arquitetónica. Ao recuar acentuadamente a fachada principal do edifício, o arquiteto define as linhas de contorno da obra, ao mesmo tempo que emoldura o painel de cerâmica policromada de baixo-relevo, feito pelo seu irmão Jorge Garizo do Carmo. De entre os projetos que demonstram influências diretas do vocabulário da Igreja da Pampulha, destaca-se a Igreja de Pebane cujas referências são explícitas. O que todos estes projetos têm em comum é a procura da harmonia e equilíbrio das várias partes, o que faz do projeto Pebane (década de 50-60), claramente mais bem-sucedido no resultado arquitetónico final. Considerando estes aspetos, o projeto do arquiteto Garizo é o que mais se afasta das proporções do projeto original brasileiro, pelas dimensões excessivas na vertical que não encontram a mesma correspondência vertical no volume coroado com a cobertura sinuosa.123 120 Lauro Cavalcanti – Moderno e Brasileiro: A história de uma nova linguagem na Arquitectura (1930,1960). Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2006, p. 199. 121 “Igreja do Alto da Manga, Entrevista com o Arquitecto João Garizo do Carmo”, Diário de Moçambique, Beira, 19 Junho 1956, p. 3. 122 Idem 123 Carla Cortês – op. cit., p. 159. 114 096. Alçado da Igreja da Manga (1955), João Garizo do Carmo, Beira 097. Alçado da Igreja São Francisco de Assis (1943), Óscar Niemeyer, Pampulha 115 098. Igreja da Manga (1955), João Garizo do Carmo, Beira 116 099. Fachada Principal da Igreja da Manga, Baptistério, Painel cerâmico (1955), João Garizo do Carmo, Beira 117 100. Residência Monol (1919), Le Corbusier 101. Igreja São Francisco de Assis (1943), Óscar Niemeyer, Pampulha e Igreja de Pebane (década de 50-60), autor desconhecido, Pebane 118 É no ano de 1955, que João Garizo do Carmo projeta pela primeira na cidade de Quelimane, uma obra imponente, cultural e artisticamente rica, o Cine-Teatro Águia. Neste projeto a implantação sugere a ideia de movimento, em articulação com o lugar. “A implantação curva exprime a liberdade formal, que advém das capacidades plásticas do betão, e que se libertando dos ângulos rectos, permite uma nova leitura geométrica e formal.”124 Este modernismo de formas livres segue os caminhos do modelo brasileiro, principalmente de Óscar Niemeyer. Atualmente este edifício encontra-se em muito mau estado de conservação, espelhando “o colapso completo e irreversível do património arquitetónico, cultural e histórico.”125 102. Capa do programa inaugural do Cine-Teatro Águia, Quelimane, 1955 103. Fachada principal Cine-Teatro Águia (1955), João Garizo do Carmo, Quelimane 124 Ana Magalhães – op. cit., p. 35 125 Jonathan Mcharty – “Cine Dióguia”, 17 Abril de 2010. Disponível em: http://desenvolvermocambique.blogspot.pt/2010/04/cine-dioguia.htmlhttp://desenvolvermocambique.blogspot.pt/2010/04/cine-dioguia.html 119 104. Pórtico da entrada do Cine-Teatro Águia (1955), João Garizo do Carmo, Quelimane 120 105. Painéis murais interiores do Cine-Teatro Águia (1955), Jorge Garizo do Carmo, Quelimane 121 106. Controlo solar e ventilação Cine-Teatro Águia (1955), João Garizo do Carmo, Quelimane 122 107. Mau estado de conservação do Cine-Teatro, Quelimane, 2012 123 Em 1956, projeta a Casa Maria Lourenço Amaral (não construída), que apresenta uma solução volumétrica mais uma vez encontrada na obra de Niemeyer, resultante da interceção de um plano inclinado com uma forma hiperbólica. Ainda na cidade de Quelimane, a pedido da Diocese de Quelimane, João Garizo do Carmo projeta o Paço Episcopal de Quelimane. Esta obra constitui um dos casos de estudo deste trabalho, apresentando-se com pormenor a sua descrição no último capítulo – 03. Casos de estudo. 108. Casa Maria Amaral, (1956), João Garizo do Carmo, Beira 109. Residência Oswald Andrade (1938), Óscar Niemeyer, Rio de Janeiro No ano seguinte, em 1957, projeta a casa Charles Tully, inesperadamente ortogonal, com brise-soleils verticais na fachada principal e uma escada de serviço helicoidal, e as casas Vasco Freitas, “com interessantes tipologias e rés-do-chão vazadas”126. Mas os projetos que mais se destacam neste ano são a pousada Macuti, para Teresa Amorim, e as casas geminadas Carlos Silva, onde introduz coberturas com sucessivas abobadadas, que permitem uma eficaz ventilação dos compartimentos. Esta solução está presente nas seguintes obras do arquiteto. 126 António Albuquerque – op. cit., p. 51. 124 110. Casa Charles Tully (1957), João Garizo do Carmo, Beira 111. Pousada Macuti (1957), João Garizo do Carmo, Beira 112. Casas Carlos Silva (1957), João Garizo do Carmo, Beira 125 Em 1958, João Garizo do Carmo projeta um conjunto de casas em banda na Ponta Gêa, “onde volta a utilizar uma composição abstrata de vãos em planos verticais no alçado”127. É neste ano que o autor projeta a sua própria moradia. Situada num dos lotes semicirculares da praça da independência (antiga praça da índia), este projeto contempla duas casas geminadas e atelier de arquitetura. Nesta obra, Garizo do Carmo volta a utilizar a solução de coberturas abobadadas, embora neste caso ligeiramente inclinadas. 113. Casa João Garizo do Carmo (1958), João Garizo do Carmo, Beira 127 António Albuquerque – op. cit., p. 63. 126 No ano seguinte, em 1959, continua a projetar várias moradias, destacando- se a casa João Afonso dos Santos, na Ponta Gêa, onde retoma as coberturas abobadadas, e a casa Raul Mestre onde continua a demonstrar a expressividade da sua composição arquitetónica. 114. Desenhos Casa João Afonso dos Santos (1959), Beira 115. Perspetiva Casa Raul Mestre (1959), João Garizo do Carmo, Beira Sem dúvida que a maior obra pública efetuada na cidade da Beira é a Estação de Caminhos-de-Ferro, que com um carácter monumental de léxico moderno, reflete uma vez mais a clara influência da arquitetura moderna brasileira. O projeto é realizado em 1960 por uma equipa de três arquitetos, à qual é atribuída por Bernardino Ramalhete (1921 – -), arquiteto municipal, diferentes partes do edifício: a gare ao arquiteto Paulo de Melo Sampaio (1926-1968), os terminais a João Garizo do Carmo e o edifício de escritórios a Francisco Castro (1923 – -). A imagem global da obra é definida pela cobertura abobadada da gare, em arco parabólico, pela consola que sai lateralmente desta estrutura e integra os terminais da linha férrea, e pelo bloco vertical constituído por brise- soleils. 127 Este é um dos projetos que melhor reúne as artes plásticas e as integra compositivamente no projeto, aliando a arte e função numa só obra. A solução plástica encontrada dá resposta ao programa, possibilitando que os painéis cerâmicos sejam dispostos em áreas específicas, não com uma função meramente decorativa, mas sim com a intenção de valorização plástica do todo. “O partido do edifício remete-nos ao projeto de Óscar Niemeyer para o Hospital Sulamérica, no qual é enfatizado o convívio das formas sinuosas e retilneas. É na questão monumental que está a grande diferença entre os projectos moçambicano e brasileiro: o primeiro surgia como forma de consolidação de poder económico pela construção de uma sede que agrega valor pela riqueza ornamental e cultural, e o segundo, cujas dimensões inferiores, responde apenas a um programa funcional dentro de um vocabulário até então inusitado para o fim.”128 Na zona residencial das Palmeiras (talhão nº 22), João Garizo do Carmo projeta a Casa Ramiro Mello, que constituída por duas moradias geminadas, desenvolve-se em três pisos do tipo duplex. Em Quelimane, em 1960, inicia o projeto do Palácio das Repartições, que no último capítulo – 03. Caso de estudo – deste trabalho é descrito pormenorizadamente. 116. Perspetiva frontal e traseira da Estação de Caminhos-de-Ferro da Beira (1960), Paulo Melo de Sampaio, João Garizo do Carmo e Francisco Castro, Beira 128 Carla Cortês – op. cit., p. 165 128 117. Estação de Caminhos-de-Ferro da Beira (1960), Paulo Melo de Sampaio, João Garizo do Carmo e Francisco Castro, Beira 118. Interior da Estação de Caminhos-de-Ferro da Beira (1960), Paulo Melo de Sampaio, João Garizo do Carmo e Francisco Castro, Beira 129 119. Alçado principal da Estação de Caminhos-de-Ferro da Beira (1960), Paulo Melo de Sampaio, João Garizo do Carmo e Francisco Castro, Beira 120. Hospital Sulamérica (1952), atual Hospital da Lagoa, Óscar Niemeyer, Rio de Janeiro 121. Perspetiva da Casa Ramiro Melo (1960), João Garizo do Carmo, Beira 130 É nos anos 60, suspeita-se que em 1961129, que o arquiteto projeta no Bairro do Chaimite, Chiveve, a sua obra mais expressionista, a Casa dos Bicos. Foi construída para albergar a feira industrial da cidade da Beira mantendo-se atualmente como um espaço para exposições temporárias e feiras agrícolas, embora em mau estado de conservação. A grande nave consiste numa cobertura de betão ondulada ostentada de grandes abóbadas com terminações de bicos. “A importância da estrutura formal é, na realidade, tema dominante de vários projectos desenvolvidos no âmbito da arquitectura religiosa neste período, de que são exemplo a Capela, em São Paulo, Brasil (1960), de Affonso Eduardo Reidy, que utiliza também uma “casca” nervurada hiperbólica de 8 vértices, ou a Igreja de Santa Mónica no México (1966), de Félix Candela.”130 Além da Igreja da Manga, João Garizo do Carmo, em 1961, amplia as instalações da sede da Diocese da Beira, acrescentando-lhe uma capela. 122. Casa dos Bicos (1961?), João Garizo do Carmo, Beira 129 Ana Magalhães – op. cit., p. 200. 130 Idem, p.106. 131 123. Interior da Casa dos Bicos (c. 1961), Beira 132 Por fim, em 1963, projeta um edifício para a Companhia de Seguros Nauticus: “é um alto edifício de comércio, escritórios e habitações, onde mais uma vez as referências ao Movimento Moderno estão presentes, com toda a fachada revestida por brise-soleils metálicos, que a protegem do Sol e lhe conferem uma forte unidade.”131 Além de projetar entrea Beira e Quelimane, João Garizo do Carmo, concebe, em 1955, o Cine-Teatro Almeida Garret, em Nampula, outra das cidades moçambicanas.132 124. Edifício Nauticus (1963), João Garizo do Carmo, Beira 125. Cine-Teatro Almeida Garrett (1955), João Garizo do Carmo, Nampula 131 António Albuquerque – op. cit., p. 123. 132 Cf. Depoimento Luís Lage. 133 03. CASOS DE ESTUDO 134 135 “De um traço nasce a arquitetura”133, e é da natureza, do ambiente, do contexto, da articulação, do equilíbrio e da imaginação que ela cresce e se ergue. Com a sua identidade vai conquistando e formando o território, refletindo uma sociedade, um povo, uma terra, uma época. O Paço Episcopal e o Palácio das Repartições constituem duas obras de referência de João Garizo do Carmo em Quelimane, ”eles corporizam uma alma, traduzem uma ideia e assumem-se explicitamente como objectos de referência, marcos da cidade.”134 Numa produção arquitetónica claramente adaptada ao lugar e ao clima, o arquiteto, nestes dois casos de estudo, evidencia a influência de Le Corbusier e da arquitetura moderna brasileira. 133 Óscar Niemeyer – op. cit., p. 9. 134 Maria João Teles Grilo – op. cit., p. 2. 136 126. Imagem global do Paço Episcopal (1956), João Garizo do Carmo, Quelimane 137 PAÇO EPISCOPAL O Paço Episcopal é projetado em 1956 na sequência da criação da diocese de Quelimane, em 1954, e é devedor da ação do primeiro bispo, D. Francisco Nunes Teixeira (1910-). Implantado longitudalmente num amplo lote (talhão 580), com frente para as avenidas Mao Tsé Tung (antiga Rua Manuel António de Sousa), e Francisco Manyanga, situa-se junto ao largo onde foi erguida posteriormente a Biblioteca Municipal (1969), obra de Bernardino Ramalhete e Eduardo Naya Marques (1917-1985). O quadro urbano envolvente, uma zona de expansão habitacional da cidade, caracteriza-se por uma malha regular dividida em pequenos lotes ocupados por habitações unifamiliares. A forma sublime, francamente moderna, adaptada ao lugar, e ao clima, aos ventos e ao Sol, reflete o carácter reservado e introspetivo do edifício, “no equilíbrio entre a luz, o espaço e o silêncio”135. Segundo a memória descritiva, respetiva ao projeto de uma capela para o Paço Episcopal de Quelimane, existia uma primeira versão do projeto, que foi integralmente substituída pelo de Garizo do Carmo, de modo a melhorar o equilíbrio do conjunto, através da criação de espaços adaptados às finalidades, amplos, frescos e desafogados. O arquiteto procura o equilíbrio do projeto através do movimento e da beleza do conjunto. Como o próprio reconhece, “a concepção arquitetónica do conjunto baseia-se unicamente nos contrastes dos volumes que a sua orgânica interna reflecte no exterior (…) e que se ajusta aos cânones da Arquitectura de Hoje, sem que o todo fosse falseado pela aplicação de ornatos rebuscados e postiços (…) O equilíbrio das proporções, os contrastes dos volumes, dos ventos e cheios e a diversidade dos materiais e cores, foram elementos básicos para a obtenção dum partido estético da nossa época”136. 135 José Forjaz – A Paixão do Tangível - Uma Poética de Espaço. Escola Portuguesa de Moçambique, Centro de Ensino e Língua Portuguesa, 2012, p. 55. 136 Arquivo EWV: Memória descritiva, Licença 63/13688, de 19 de Março de 1956. 138 127. Fotografia aérea do Paço Episcopal 128. Incidência solar ao longo do ano na fachada principal (nascente) 139 Com uma organização cuja funcionalidade é um dos principais objetivos, verifica-se que o edifício se compõe de zonas distintas e com funções próprias e definidas. Como se de um pequeno convento se tratasse, assegura a perfeita divisão dos espaços necessários a uma crença religiosa, com a separação das áreas de contacto com o público das zonas reservadas, de clausura. A articulação do conjunto edificado é feita através de um sistema de galerias de distribuição, em torno dos dois claustros, e uma rampa situada no eixo da entrada que divide o edifício segundo um eixo central e permite o acesso ao piso superior, dos quartos. A entrada principal do Paço é feita através do hall, onde se encontra um painel de Jorge Garizo do Carmo, espaço que funciona como nó de distribuição e segregação entre espaços acessíveis e reservados ao público. À sua esquerda encontram-se a sala de espera, a sala de visitas, o gabinete de trabalho do prelado, a sala do trono e a capela. Entre a sala do trono e o gabinete de trabalho do prelado, está localizada a escada privativa para os seus aposentos, no 1ºpiso. À direita, em volta do claustro norte, ficam os gabinetes do vigiário geral, secretaria, arquivo, biblioteca e as áreas de serviço (copa, cozinha, dispensa, arrumos e garagem). No eixo central da entrada, um corpo perpendicular divide os dois claustros, integrando a rampa de acesso ao 1º piso e a sala de jantar, que apresenta uma entrada privativa para o prelado distinta da entrada para os restantes habitantes do Paço. No 1º piso, além dos aposentos do Prelado, ficam o quarto do vigiário geral, do secretário, quatro quartos para hospedes e um gabinete com ligação a um dos quartos, em caso de visita do cardeal ou outra entidade eclesiástica. A capela, além do acesso interno, privativo do Paço, também usufrui de um externo, para o público, pela atual Avenida Mao Tsé Tung. 140 129. Painel mural de Jorge Garizo do Carmo 130. Galeria de circulação interior 141 João Garizo do Carmo reconhece que a boa orientação constitui a preocupação dominante do projeto. Procurando beneficiar do sol nascente e dos ventos dominantes que sopram de sudeste, segue uma solução de compromisso, intermédia, entre a orientação preferencial em relação ao Sol este-oeste, e perpendicular à matriz da direção dos ventos dominantes. Assim, de forma a otimizar os benefícios da ventilação, a frente principal do conjunto é virada a sudeste e o conjunto edificado é organizado em torno de dois claustros, que para além de assegurarem a perfeita divisão dos espaços necessários a uma crença religiosa, ainda funcionam como zonas de fresco e circulação do ar. O quadrante norte, o de maior exposição solar, é evitado, e a zona voltada a poente está protegida pelos claustros ajardinados e respetivas galerias que funcionam como verdadeiros pulmões de ventilação. Assim, “o partido adoptado foi o de articular o mais possível a planta de forma a beneficiar todas as peças duma perfeita orientação, defendendo-as contra o calor (…) para tornear as dificuldades que a Arquitectura dos Trópicos nos apresenta [e que é] reforçada pela criação de pátios interiores ajardinados, galerias envolventes e uma boa exposição ao quadrante dos ventos dominantes”. O edifício afasta-se da rua e enquadra-se no lote, o mais possível a poente, de modo a desenhar a nascente um espaço exterior ajardinado, onde a sombra das árvores proporciona uma proteção solar complementar à da fachada e percursos pedonais amplamente sombreados. A colocação adequada de vegetação, além de resguardar os edifíciosdo Sol, pode produzir um efeito benéfico nos fluxos de ar, que vindos do quadrante sudeste penetram perpendicularmente na fachada. A cobertura do edifício, constituída por um terraço acessível, é desenhada como um fator determinante do conjunto, pois os elementos arquitetónicos construídos no remate superior da composição assumem uma grande importância para a afirmação de uma linguagem moderna. O acesso é estabelecido por um lanço de escada protegido por uma espécie de torrião, de forma retangular, munido de uma porta e de uma janela, que estabelecem comunicação com o terraço da cobertura e permitem a ventilação da caixa da escada. 142 Em regiões tropicais os edifícios devem seguir a ação do Sol, desde a implantação aos propósitos formais, passando pela disposição e pelo sombreamento de vãos. Os mecanismos de sombreamento compreendem grelhas e lâminas, espaços de galeria, varandas e pátios interiores, promovendo a ventilação, pois todas as divisões recebem correntes de ar natural diretamente do exterior. A fachada principal, nascente, afastada e protegida do arruamento por um jardim, é constituída por um volume longo que abriga os espaços principais ao nível térreo e os quartos no piso superior. Com o objetivo de evitar a incidência de luz direta nas salas a nascente, o plano da fachada do piso térreo é recuado e protegido por uma placa ondulada em betão, que atravessa todo o volume à cota da laje do 1º piso, criando uma galeria de circulação porticada, coberta com múltiplas abóbadas ritmadas. Na área dos quartos, à cota do 1º piso, o arquiteto dimensionou um volume saliente de varandas privativas e desenhou uma segunda pele do edifício com uma modulação precisa entre painéis rendilhados de cobogó e aberturas. Esta solução, favorecendo o sombreamento e a ventilação natural, promove um efeito plástico tridimensional de luz e sombra expressivo. A galeria de distribuição poente, aberta para os claustros, permite o acesso ao piso dos quartos e é protegida por brise-soleils. Devido ao baixo ângulo de incidência, esta cortina feita de quebra-luz é constituída por lâminas verticais orientáveis que, podendo variar a sua posição em função do ângulo de incidência do Sol, permitem o acesso fresco e totalmente sombreado aos quartos, evitando o seu sobreaquecimento. O acesso ao piso dos quartos, feito pela galeria poente, é conseguido através de uma rampa, que João Garizo do Carmo trabalha com perfurações, incorporando um valor artístico a este elemento funcional. No piso térreo o sombreamento em volta dos claustros é conseguido, a poente, através do recuo da fachada, que dá origem a uma galeria de circulação porticada, e nas restantes fachadas através da construção de palas de betão, que para além de circunscreverem o vazio, impedem ainda a entrada do Sol que nestas fachadas incide sob ângulos altos. 143 131. Planta do 1º piso 132. Planta do 2º piso 133. Alçado principal (nascente) 144 134. Fachada principal (nascente) 135. Galeria de circulação exterior e entrada do edifício 145 136. Varandas individuais dos quartos e o sistema de sombreamento adotado – cobogó tipo favo de mel 146 137. Claustro poente e os brise-soleils verticais, que protegem a galeria de circulação que dá acesso aos quartos 147 138. Rampa de acesso ao 2º piso 148 139. Plano de fachada poente recuado - galeria porticada e elementos de sombreamento horizontais - palas 149 140. Entrada da capela pela Avenida Mao Tse Tung 150 A frente sul, constituída pela capela e sala do padre, raramente está exposta ao Sol, mas ainda assim, devido à proximidade do Equador, recebe incidência solar direta nos meses mais quentes do ano, pelo que a eficiência dos dipositivos de sombreamento é de tamanha importância. Assim sendo, rasgaram-se pequenas frestas protegidas com vidros de cor, no plano de fachada sul da capela, e incorporaram-se brise-soleils, móveis e verticais, como os raios solares a sul exigem, que permitem intercetar a radiação antes que esta atinja o plano de fachada da sala do padre. A capela, com uma expressão monumental, assume-se como um corpo único, envolvido pelas galerias do claustro sul. À planta em leque corresponde uma cobertura articulada a partir de cinco abóbadas de berço lançadas transversalmente. A fachada da entrada principal da capela, virada à Avenida Mao Tsé Tung, por onde se efetua a entrada ao público, é elevada acima da cota da flecha das abóbadas, conferindo uma monumentalidade simbólica ao corpo da capela, apesar das suas reduzidas dimensões. Esta expressão monumental é protagonizada pelo plano de parede, perpendicular à fachada, que funciona como uma pele saliente, recriando modernamente o espaço tradicional de adro, com uma cruz que nasce no chão e penetra a cobertura do pórtico, destacando-se acima da capela. Este plano membrana retoma em balanço o desenho de três arcos que servem de suspensão à escultura em ferro forjado “Cristo na Cruz”, da autoria de Jorge Garizo do Carmo, irmão do arquitecto. Esta escultura, integrada na fachada principal da capela é enfatizada no leve recuo do plano de fachada que cria uma área de sombra tal, que solta a estrutura e reduz a leitura do edifício às formas definidoras da cobertura. No interior a poesia da luz funciona como material principal, criando um ambiente de espiritualidade feito de luz e cor com trepidações várias resultantes da diversidade de aberturas. O tratamento volumétrico e o desenho das fachadas, com geométricas aberturas, conferem cor, luz e textura ao interior da capela: “Se as experiências de plasticidade e o recurso ao extenso vocabulário de formas são elementos definidores do modelo moderno brasileiro (…) a aplicação de um vasto leque de materiais vem reforçar137 a afirmação dessa alegria desmedida, dessa vibrante sonoridade”138. 137 Ana Tostões – op. cit., p.88, cit in Ana Magalhães – op. cit., p. 59. 138 Ana Magalhães – op. cit., p. 70 151 141. Perspetiva – Capela 142. Planta da capela 152 143. Pele saliente da fachada principal da capela 153 144. Alçado nasceste e corte da capela 154 145. Fachada nascente da capela, aberturas de luz 146. Interior da capela 155 Esta liberdade compositiva é conseguida através da exploração das capacidades estruturais e construtivas do betão armado. Além da sua enorme plasticidade, o seu carácter opaco e impenetrável permite minimizar os ganhos por radiação e bloquear a transmissão de energia diretamente para o interior dos edifícios. O equilíbrio do conjunto é conseguido com materiais de primeira qualidade: paredes e lajes de betão armado, abobadilhas de alvenaria de tijolo, pórtico principal e muros de alvenaria de pedra, grelhagens de cerâmica, tipo favo de mel, e caixilharias, portas e revestimentos de madeira. Dois anos depois do projeto da igreja da Manga, na Beira, João Garizo do Carmo, em 1956139, na conceção da capela do Paço Episcopal parece ampliar as influências brasileiras e mexicanas, a um enfoque dirigido à mais recente obra de Le Corbusier, assumindo uma expressividade próxima de um contido brutalismo. Com uma imagem análoga ao Paço Episcopal de Quelimane, foi projetado em 1964140, provavelmente por João Garizo do Carmo, o Paço Episcopal de Porto Amélia (atual Pemba, Moçambique). Este conjunto caracteriza-se pela “vibrante pala ondulante como cobertura da galeria térrea”141 e “resultade um jogo de volumes prismáticos, dos quais se destaca um forte volume em L, que se intercetam e criam pátios internos. Os blocos, de até três pavimentos, mesclam formas retilíneas e a dinâmica natural das arcadas, que funcionam como marquises protetoras das varandas de acesso. A marcação do acesso é feita por uma escadaria. Localizado em meio a uma vasta área verde, o edifício busca a sua integração por meio de visuais e pela via da tectónica local”142. 139 Arquivo EWV: Memória descritiva, Licença 63/13688, de 19 de Março de 1956. 140 “Diocese de Porto Amélia: Paço Episcopal”, Missões Católicas Portuguesas: Documentário Fotográfico. Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar - Centro de estudos Históricos Ultramarinos , 1964, p.133. 141 José Manuel Fernandes – “Porto Amélia: Residência Episcoal” Heritage of Portuguese Influence/ Património de Influência Portuguesa — HPIP. 142 Carla Cortês – op. cit., p. 245. http://catalogo.biblioteca.iscte-iul.pt/cgi-bin/koha/opac-search.pl?q=pb:Junta%20de%20Investiga%C3%A7%C3%B5es%20do%20Ultramar%20%7C%20Centro%20de%20estudos%20Hist%C3%B3ricos%20Ultramarinos 156 147. Textura dos materiais – vidro, madeira, alvenaria de granito, cerâmica, betão 157 148. Paço Episcopal de Porto Amélia 158 149. Enquadramento urbano, vista do Hotel Chuabo 150. Cruzamento da Avenida Josina Machel com a Rua Nkwame Nkrumah 151. Embasamento 152. Entrada principal 159 PALÁCIO DAS REPARTIÇÕES O Palácio das Repartições de Quelimane, Sede do Governo Distrito, é um projeto de João Garizo do Carmo iniciado em 1960. Situa-se numa zona de equipamentos, central e movimentada da cidade, no cruzamento da Avenida Josina Machel com a Rua Nkwame Nkrumah, junto à Praça dos Heróis Moçambicanos (antigo Largo Mouzinho de Albuquerque) e à antiga Escola Primária Vasco da Gama, num quarteirão deixado vago pela demolição do antigo Mercado Municipal. Implantado junto às frentes nordeste e sudeste de um quarteirão ajardinado é desenhado em plena comunhão com o meio, pois “por fora a obra acrescenta-se ao local, mas por dentro integra-o”143 . Com uma implantação em L, o eixo maior do edifício orienta-se aproximadamente segundo o eixo oeste-noroeste/este-sudeste, colocando- se numa situação muito próxima à da orientação ideal em relação ao Sol e perpendicular aos ventos dominantes de sudeste. Originalmente, o palácio, composto por dois corpos perpendiculares, elevava-se do solo, estabelecendo uma enorme permeabilidade visual e física entre a malha urbana e o jardim. No rés-do-chão, o espaço vazio era coberto, ritmado por pilotis, e pontuado pelas três caixas de escada, que permitem o acesso aos dois pisos superiores. Hoje em dia o embasamento do corpo principal é totalmente encerrado por paredes de alvenaria de granito, obstruindo esta continuidade original. A entrada principal do edifício, a nordeste, pela Avenida Josina Machel, é definida por um volume, que intersecta os dois corpos implantados em L, e projetada/acentuada por uma marcante e expressiva pala em betão. Este volume, que organiza o acesso ao interior, contém a escadaria principal e, em cada piso, um hall, para o qual convergem as galerias de distribuição dos dois corpos. 143 Le Corbusier – op. cit., p. 46. 160 153. Planta do rés-do-chão, 1ºpiso e 2ºpiso – compartimentação e distribuição 154. Cortes – acesso vertical principal e de serviço, galeria central de distribuição 161 155. Acessos - Escadaria principal, hall e galeria central, galeria exterior 162 De modo a obter uma articulação funcional entre as zonas de trabalho privadas e de atendimento ao público, as galerias de serviço são dispostas ao longo das fachadas nordeste e sudoeste, e rematadas por escadas de acesso interno, e as de acesso ao público são colocadas no centro do edifício e unidas por cada um dos halls, que integram a escadaria principal. A compartimentação é realizada segundo a estrutura base do edifício e o programa é constituído no 1º piso, pelos gabinetes das repartições e secções e no 2ºpiso, pelas instalações do governo, inspetores, tradutores e secretaria. Protegido do Sol em todo o seu contorno, este equipamento de expressão institucional, apresenta uma imagem francamente moderna. A continuidade das fachadas produz uma aparência exterior constante, regrada por uma modulação regular, que acentua o carácter objetual da peça. O contraste formal entre as fachadas sudeste-nordeste e noroeste-sudoeste relaciona-se não só com a questão fundamental da orientação solar, mas também com a distinção urbana entre a frente de rua e a frente ajardinada. As fachadas principais, que constituem a frente de rua, apresentam uma expressão uniforme, marcada por densas grelhas que protegem a galeria de circulação e as varandas, das respetivas fachadas. O sombreamento define a fachada e assume-se como uma segunda pele, composta por elementos verticais espaçados que percorrem toda a altura do volume e que suportam as palas horizontais. Estas fachadas recebem Sol durante todo o dia, com predominância no período da manha, sendo que a fachada nordeste está sujeita a períodos mais longos de incidência solar. Assim, o sol incide sob ângulos mais baixos a sudeste e mais altos a nordeste, tornando o seu sombreamento mais complexo. Neste caso, a combinação dos elementos verticais e das palas horizontais, aliadas ao recuo do plano de fachada, é um gesto plasticamente interessante, mas é sobretudo uma adequação do edifício ao clima. A eficiência dos elementos verticais é maior quando os raios solares são mais baixos e torna-se progressivamente mais reduzida quando o Sol incide segundo ângulos mais altos, próximos da perpendicular ao edifício, aqui os elementos horizontais são uma opção mais ajustada. Durante o período da manhã, estes locais de passagens recebem Sol direto, contudo devido à sombra provocadas pela cobertura das galerias e varandas, o Sol não incide diretamente sobre as janelas dos gabinetes, participando na proteção do sobreaquecimento dos espaços interiores. 163 156. Fotografia aérea do Palácio das Repartições 157. Incidência solar ao longo do ano nas fachadas principais – sudeste e nordeste 164 158. Alçados nordeste e sudeste 159. Alçados sudoeste e noroeste 165 160. Frente de rua, fachada nordeste-sudeste 161. Frente ajardinada, fachada noroeste-sudoeste 166 Esta defesa solar é complementada nas fachadas noroeste e sudoeste por brise-soleils de lâminas orientáveis, marcadamente verticais, que permitem controlar a entrada do Sol do final da tarde, que incide sob ângulos baixos, filtrando a luz e o ar. A sudoeste os compartimentos além de protegidos por esta cortina quebra-luz, estão afastados do plano de fachada, por uma galeria exterior coberta, que permite o acesso aos compartimentos que com ela comunicam. As fachadas dos compartimentos são pouco permeáveis, com janelas horizontais contínuas mas apenas acima da cota das portas, pois deste modo usufruem da sombra provocada pelo avanço das lajes superiores. As galerias de acesso privado, exteriores e cobertas, integradas a nordeste e sudoeste, permitem que os compartimentos que com ela comunicam, usufruam de umacirculação em comunicação com o meio ambiente e protegida do Sol. No centro, os jardins assumem um imenso protagonismo, completando, em torno do quarteirão, a frente de rua definida pelo edificado. Este exterior desenhado é um lugar de encontro com generosas áreas de sombra. Visto que a contribuição das árvores para o ensombramento das fachadas sudoeste e noroeste, onde o Sol é mais baixo, é bastante importante, a vegetação encontra-se suficientemente próxima da edificação, de modo a que a radiação solar por ela seja intercetada antes de atingir as fachadas. A expressão arquitetónica do conjunto também é adquirida pela utilização de duplas coberturas ventiladas, compostas por uma sequência de abobadas em arco de escarção vazadas, que sombreiam as lajes planas que cobrem o último piso, e evacuam o ar quente no desfasamento entre a cobertura e a viga de remate do edifício. O acabamento superior reforça a plasticidade do objeto, facilitando a drenagem das águas pluviais, durante a época das chuvas. A ventilação natural, tal como o sombreamento, é projetada com grande rigor desde a implantação do edifício, ao desenho da cobertura e ao detalhe das caixilharias. Os ventos predominantes incidem na fachada principal (sudeste) perpendicularmente, sendo admitidos nos gabinetes através de vãos amplos. O ar atravessa todo o espaço interior e sai superiormente para o corredor central através de dispositivos reguláveis do tipo janelas beta, colocados horizontalmente, acima das padieiras das portas, o que garante o bom funcionamento da ventilação transversal. 167 162. Expressão das fachadas – grelhas e brise-soleils orientáveis 168 163. Relação com o exterior 169 Assim, o sistema de ventilação adotado, garante uma corrente de ar constante entre os compartimentos em contacto com o exterior e o corredor interior central que capta os fluxos de ar e funciona como um ”túnel de vento no centro da composição”144. Assente em soluções estruturais e resistentes, o edifício é construído com estrutura de pilares e vigas de betão à vista, coberta com lajes planas e abobadilhas de elementos cerâmicos. A sua materialidade combina o contraste entre a superfície lisa, rebocada e pintada de branco, e a superfície irregular, texturada, rusticada, e alvenaria de granito, frequentemente presente em obras do arquiteto. A composição volumétrica, a organização programática e a estruturação espacial afirmam o carácter representativo e funcional do conjunto. A imagem global é definida pelo ritmo, quer das suas geométricas e modulares fachadas, quer das inúmeras superfícies curvas, abóbadas rebaixadas em betão que constituem a cobertura e seguem o modelo criado por Le Corbusier. O métrico sistema estrutural do tipo pilar viga também acentua o carácter rítmico da obra. 164. Cobertura 144 Margarida Quintã – op. cit., p. 108. 170 171 CONCLUSÃO João Garizo do Carmo compreende a geografia do lugar, projetando os seus edifícios de forma singular, fruto do programa e do posicionamento no território. A beleza e o equilíbrio, a sensação de pertença ao lugar está patente na sua obra, espelhando os princípios do moderno tropical. Na viagem a Quelimane, a esta terra onde até o sol pertence ao lugar, pude concluir que a adequação das obras de João Garizo do Carmo ao clima, quente e húmido, desta cidade é, a meu ver, exemplar. A preocupação climática e a semelhança com o clima dos trópicos brasileiros constituíram um dos principais motivos para a produção de um moderno brasileiro em Moçambique. “A importação deste vocabulário não se referiu apenas à repetição de formas, à aplicação de dispositivos que satisfaçam as necessidades climáticas do local e sequer ao diálogo espacial de arte e arquitectura. A importação refere-se antes ao resgate do valor da arquitectura como arte plástica capaz de fornecer meios alternativos para o racionalismo do Movimento Moderno, através de conceitos subjectivos de harmonia, equilíbrio e dinâmica da forma.”145 Os seus projetos contemplam “sempre um meio-termo: entre o sol e os ventos, entre o clima e a cidade, entre a forma e a função, entre a razão e a poética”146. Considerando a arquitetura e o urbanismo, disciplinas complementares e dependentes, o arquiteto apresenta uma preocupação formal e funcional reconhecendo que uma boa orientação constitui a preocupação dominante do projeto. Criando uma permeabilidade natural entre o interior e exterior, integrando a arquitetura no meio ambiente, o arquiteto exprime uma “vontade, não simplesmente de copiar o que os outros fazem, mas, fundamentalmente, de evoluir”147. Outra característica que define os seus projetos é a integração das artes com a arquitetura e a volumetria, a consciência do valor de conjunto definidor do espaço e da arquitetura moderna. A parceria entre o arquiteto e o artista plástico está intimamente ligada com o todo, surgindo de uma 145 Carla Cortês – op. cit., p. 175. 146 Ana Magalhães – op. cit., p. 139. 147 Formosinho Sanches – op. cit., p. 17. 172 consequência lógica da conceção arquitetónica da obra. Segundo João Garizo do Carmo a componente decorativa “deve ser parte integrante do conjunto, com princípio e fim!”148. A sua linguagem arquitetónica exprime uma clara liberdade formal em cooperação com as brisas, a luz e a sombra e adquire uma enorme expressão plástica, que advém da cor, das formas, dos materiais, do contraste luz/sombra. Em particular nos casos de estudos, os dois principais elementos climáticos estruturantes da criação arquitetónica em regiões tropicais, o Sol e os Ventos, estiveram em consonância na definição de uma orientação que permitisse simultaneamente o desempenho da proteção solar e da ventilação natural. Sintetizando, João Garizo do Carmo apreende os princípios do Movimento Moderno, em particular da experiencia brasileira, uma vez o clima ser semelhante, e aplicou-os no território moçambicano. Não considero que a sua obra seja uma cópia mas, como já referido, uma aprendizagem, uma evolução do que reinterpretou do moderno brasileiro. Até porque, como o próprio defende, já há muitos anos que diversos mestres procuram a beleza e simplicidade da arquitetura, respondendo ao lugar e ao clima particular de cada território. O arquiteto apresenta uma admiração pela arquitetura moderna, lutando pelos seus princípios e convicções, concretiza a sua liberdade arquitetónica nestes territórios, tão particulares a nível cultural e geográfico. Apesar de estes edifícios terem sido concebidos num lugar e num tempo específico, ainda hoje são praticamente todos utilizados. Conservando a função para o qual foram projetados, comprovam a qualidade de uma arquitetura em concordância com a geografia do lugar. “This issues wishes, in a certain sense, (…) to preservation and re-use approaches, in order to enlighten the relevance of sensorial and tactile comfort, economy and beauty, utility and simplicity; and at the same time, improving regional roots in order to fulfill the sense of the place”.149 148 “Igreja do Alto da Manga, Entrevista com o Arquitecto João Garizo do Carmo”, Diário de Moçambique, Beira, 19 Junho 1956, p. 3. 149 Ana Tostões – “Editorial. 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Remodela com Orlando Avelino um Café em Lisboa (Arquitetura nº 27) Projeta com Victor Palla uma Fábrica de Chocolates em Coimbra (Arquitetura nº 19) Frequenta ESBAL Regresso de João Garizo do Carmo a Moçambique, à cidade da Beira, onde projeta enumeras obras Predial Ultramarina, Beira Casa António Duarte, Beira Cine-Teatro S.Jorge, Beira Casa Eduardo Pereira, Beira Casa Deolinda Pinho, Beira Casa Gomes Frois, Beira (não construída) Recebe Prémio Lacerda Araújo 200 1955 1956 1957 1958 1959 1960 1961 1963 1970-72 1970 Igreja da Manga, Beira Cine-Teatro Águia, Quelimane Cine-Teatro Almeida Garrett, Nampula Recebe Prémio Lacerda Araújo Professor na Escola Industrial e Comercial Freire d´Andrade, Beira Casa Maria Amaral, Beira Paço Episcopal, Quelimane Casa Charles Tully, Beira Casa Vasco Freitas, Beira Pousada Macuti, Beira Casas Carlos Silva, Beira Casas em banda, Beira Casa e Atelier de João Garizo do Carmo, Beira Casa João Afonso dos Santos, Beira Casa Raul Mestre, Beira Estação de Caminhos-de-Ferro (ECFB), Beira, com Bernardino Ramalhete, Paulo de Melo Sampaio, Francisco Castro Casa Ramiro Mello, Beira Palácio das Repartições, Quelimane Casa dos Bicos, Beira Ampliação das instalações da Sede da Diocese da Beira, Beira Edifício da Companhia de Seguros Nauticus, Beira Trabalha para o Ministério do Ultramar em Macau Projeto de aproveitamento do terreno do Henrique Bento na Avenida da República, Bissau 201 1971 1972 1974 Ponte Macau-Taipa Estudo Prévio do Plano Diretor de Macau, com Eurico Machado e Luísa d´Orey Plano de Urbanização da Nova Zona Central, com Eurico Machado e Luísa d´Orey Regressa a Portugal, Cascais Faleceu, Cascais 202