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Autores: Profa. Daclé Juliani Macrini Prof. Tércio Martins Prof. Thiago Macrini Colaboradora: Profa. Carolina H. Kurashima Fitocosmetologia Professores conteudistas: Daclé Juliani Macrini / Tércio Martins / Thiago Macrini Daclé Juliani Macrini É farmacêutica, graduada em Ciências Farmacêuticas pela Universidade de São Paulo (FCF USP-1982), especialista em Fitoterapia pelo Centro de Ensino Superior de Homeopatia (Facis Ibehe-2000), mestre em Produção e Controle de Medicamentos na área de cosmetologia pela Universidade de São Paulo (FCF USP-2004) e doutora em Patologia Ambiental e Experimental pela Universidade Paulista (UNIP-2014). Realizou cursos nas áreas de estética corporal, facial, drenagem linfática, florais de Bach, entre outras. Publicou diversos artigos em revistas nacionais e internacionais e três livros na área da saúde: Plantas da Amazônia: avaliação da atividade inibitória da tirosinase; A utilização da própolis para o tratamento da acne retencional e Auriculoterapia e aromaterapia no combate do estresse. Possui vasta experiência em montagem e gestão de laboratórios, em orientação de pesquisas científicas, em docência em nível básico, médio, técnico, superior, pós-graduação (presencial e à distância) e em cursos livres de aprimoramento. Na UNIP, atua como coordenadora do curso de Estética e como docente nos cursos superiores do Instituto de Ciências da Saúde, nas disciplinas de Biossegurança, Fitocosmetologia e outras. Tércio Martins É farmacêutico com modalidade em Indústria pela Universidade Federal do Ceará (UFC), especialista em Produção e Controle de Medicamentos pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em Produção e Controle de Medicamentos na área de farmacotécnica pela USP e doutor em Produção e Controle de Medicamentos na área de cosmetologia pela USP. Tem experiência na área acadêmica superior como professor dos cursos de Farmácia, Estética e Cosmética e Nutrição e na área acadêmica de pós-graduação. Thiago Macrini Graduado em Farmácia-Bioquímica pela Universidade Paulista (UNIP-2008) e em Terapia Holística no Instituto Ahau (2010). É mestre em Fármaco e Medicamentos pela Universidade de São Paulo (USP-2012) e especialista em Fitoterapia pela Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo (Facis-2011). Possui experiência como docente e coordenador, colorista e perfumista, assim como no controle de qualidade de cosméticos em período trabalhado na indústria Avon. Atua na Farmácia Ambulatorial do Hospital das Clínicas em São Paulo e na dispensação e no preparo de fórmulas magistrais em drogarias e farmácias na região da Grande São Paulo. Em parceria, publicou os livros A utilização da própolis para o tratamento da acne retencional e Auriculoterapia e aromaterapia no combate do estresse. Atualmente, é coordenador e docente no curso superior de Estética e Cosmética e docente no curso de Farmácia-Bioquímica e em cursos de pós-graduação na UNIP. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) M174f Macrini, Daclê Juliani. Fitocosmetologia / Daclê Juliani Macrini, Tércio Martins, Thiago Macrini. – São Paulo: Editora Sol, 2020. 156 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Fitoterapia. 2. Fitocosmetologia. 3. Aromaterapia. I. Martins, Tércio. II. Macrini, Thiago. III. Título. CDU 687.55 U505.26 – 20 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcello Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Ingrid Lourenço Bruna Baldez Elaine Pires Sumário Fitocosmetologia APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 HISTÓRICO DA FITOTERAPIA E DA FITOCOSMETOLOGIA ....................................................................9 2 CONCEITOS, MORFOLOGIA, HISTOLOGIA E ESTUDOS PRÉVIOS RELACIONADOS ÀS PLANTAS E À FITOTERAPIA ........................................................................................................................ 13 2.1 Conceitos e definições........................................................................................................................ 13 2.2 Classificação das plantas ................................................................................................................... 14 2.2.1 Fungos ......................................................................................................................................................... 14 2.2.2 Algas ............................................................................................................................................................. 16 2.2.3 Briófitas ....................................................................................................................................................... 18 2.2.4 Pteridófitas ................................................................................................................................................ 19 2.2.5 Gimnospermas ......................................................................................................................................... 19 2.2.6 Angiospermas ........................................................................................................................................... 21 2.3 Partes das plantas ................................................................................................................................ 22 2.3.1 Raiz ............................................................................................................................................................... 23 2.3.2 Caule ............................................................................................................................................................ 29 2.3.3 Folha ............................................................................................................................................................. 37 2.3.4 Flor ................................................................................................................................................................ 42 2.3.5 Fruto ............................................................................................................................................................. 45 2.3.6 Semente ...................................................................................................................................................... 47 2.4 Histologia vegetal ................................................................................................................................ 49 2.4.1 Sistema de revestimento e proteção .............................................................................................. 53 2.4.2 Sistema de assimilaçãoe reserva ..................................................................................................... 54 2.4.3 Sistema de sustentação ....................................................................................................................... 56 2.4.4 Sistema de condução ou vascular ................................................................................................... 57 2.4.5 Sistema de excreção e secreção ........................................................................................................ 61 2.5 Estudos prévios e análises ................................................................................................................ 62 3 TÉCNICAS DE PREPARAÇÃO DA PLANTA ............................................................................................... 65 3.1 Coleta ........................................................................................................................................................ 65 3.2 Preparo do material ............................................................................................................................. 66 3.2.1 Estabilização ............................................................................................................................................. 66 3.2.2 Secagem ..................................................................................................................................................... 66 3.2.3 Moagem ...................................................................................................................................................... 68 3.3 Extração .................................................................................................................................................... 70 4 SOLUÇÕES EXTRATIVAS: PROCESSOS DE OBTENÇÃO ....................................................................... 71 4.1 Extração a frio, sem ação do calor ................................................................................................ 71 4.2 Extração a quente em sistemas abertos ..................................................................................... 72 4.3 Extração a quente em sistemas fechados .................................................................................. 74 Unidade II 5 COMPONENTES QUÍMICOS DAS PLANTAS E SUAS INDICAÇÕES ................................................. 81 5.1 Compostos fenólicos simples e heterocíclicos ......................................................................... 81 5.2 Alcaloides ................................................................................................................................................. 83 5.3 Flavonoides ............................................................................................................................................. 86 5.4 Taninos ...................................................................................................................................................... 88 5.5 Saponinas ................................................................................................................................................ 90 5.6 Óleos voláteis ......................................................................................................................................... 93 5.7 Vitaminas ................................................................................................................................................. 97 5.7.1 Vitamina A ................................................................................................................................................. 97 5.7.2 Vitamina E .................................................................................................................................................. 98 5.7.3 Vitamina F .................................................................................................................................................. 99 5.7.4 Vitamina C ................................................................................................................................................. 99 5.7.5 Vitaminas do complexo B ..................................................................................................................100 5.8 Ácidos orgânicos e ésteres de ácidos aromáticos .................................................................102 6 USO DE PRODUTOS NATURAIS NA COSMÉTICA ...............................................................................104 6.1 Breve descrição das plantas e dos ativos mais utilizados em cosmética ....................105 7 COSMÉTICOS ORGÂNICOS .........................................................................................................................120 8 AROMATERAPIA .............................................................................................................................................124 7 APRESENTAÇÃO Ao trabalhar com estética, é essencial que se conheça um pouco das plantas, da fitoterapia e, principalmente, da fitocosmetologia, pois, no contexto atual, a utilização de insumos de plantas e de produtos naturais em cosméticos é uma tendência mundial, e a procura por tratamentos que se utilizam desses tipos de produtos é cada vez maior. O conhecimento sobre as principais classes de produtos naturais e princípios ativos que compõem os fitocosméticos, assim como das matérias-primas de origem vegetal e orgânica, é importante para que o esteticista saiba o que está aplicando na pele de seu cliente e, ao atendê-lo, explique com segurança as indicações do produto. Esta disciplina visa fornecer ao futuro profissional esteticista as noções de fitoterapia e fitocosmetologia que ele necessita, através dos conhecimentos sobre as diferentes classes de princípios ativos que compõem os fitocosméticos utilizados nos atendimentos estéticos. O estudo das partes das plantas, os processos de obtenção das soluções extrativas, o conhecimento das principais substâncias de origem natural e orgânica que são utilizadas como matérias-primas para os produtos cosméticos e o mecanismo de ação dessas substâncias nos tratamentos estéticos são de vital importância para o futuro profissional. INTRODUÇÃO A fitoterapia trata as doenças e os problemas de saúde em geral utilizando plantas, extratos de plantas e fitocomplexos vegetais, enquanto a fitocosmetologia, através desse mesmo recurso, estuda a aplicação dos princípios ativos extraídos dos vegetais para os tratamentos de higiene, embelezamento e estética. A fitoterapia e a fitocosmetologia não se baseiam apenas em utilizar uma decocção ou uma infusão caseira envolvendo o uso de plantas ou frutas para alguma ação na pele, apesar de também utilizá-las. Trata-se de um estudo que leva em consideração conhecimentos e pesquisas científicas de cada componente presente nessa planta com suas indicações, contraindicações e efeitos colaterais indesejáveis que ela venha a causar. O mercado de fitoterápicos e de fitocosméticos está em constante crescimento e é uma realidade em todo o mundo. Desde as civilizações mais antigas, a fitoterapia e, consequentemente, a fitocosmetologia marcaram presença na vida das pessoas, por isso é bom lembrar um pouco a história dessa área, que se confunde com a história da farmácia e do desenvolvimento da civilização. 9 FITOCOSMETOLOGIA Unidade I 1 HISTÓRICO DA FITOTERAPIA E DA FITOCOSMETOLOGIA Pode-se dizer que o histórico do uso de plantas para tratamento de alguma enfermidade ou para melhorar a aparência coincide com a própria história da evolução da civilização humana. O homem aprendeu a utilizar as plantas pela necessidade de sua própria sobrevivência, através de seu instinto, da observação dos animais e da tentativa e erro. O conhecimento dos benefícios das plantas é milenar e já foi citado em livros sagrados para algumas religiões, como a Bíblia. Figura1 – Representação do uso de plantas em fitoterapia Acredita-se que na China já existiam manuscritos baseados no conhecimento tradicional, e um dos que foram resgatados foi o do imperador Cho-Chin-Kei, que descreveu propriedades do ginseng e da cânfora por volta de 3000 a.C. Os egípcios, assírios e hebreus também utilizavam plantas para tratamento de enfermidades, e foram encontrados registros sobre o uso de vermífugos, diuréticos, antissépticos e perfumes, datados de meados de 2300 a.C. Na Índia, com os antigos relatos em sânscrito dos ayurvedas, em cerca de 1500 a.C. a 2000 a.C., havia descrições de técnicas simples sobre o uso de diversas plantas com fins medicinais, e muitas delas são até hoje utilizadas. Por volta do ano 280 a.C., Hipócrates, considerado o pai da medicina, uniu seus conhecimentos médicos ao uso de plantas e publicou a coletânea sobre terapia com vegetais, o tratado denominado Corpus Hippocratum. No início da Era Cristã, Dioscórides, sucessor de Hipócrates, apresentou seu trabalho sobre fitoterápicos, intitulado De Matéria Médica, que consiste em livros sobre a eficácia terapêutica de 10 Unidade I substâncias naturais, com mais de 500 drogas de origem vegetal, mineral e animal. Esse trabalho foi considerado referência no Ocidente para a área de fitoterapia da época. Figura 2 – Hipócrates Cleópatra também contribuiu com a fitoterapia e, principalmente, com a fitocosmetologia, devido à sua precupação com a higiene e a beleza. Em seu reinado, foi editado o formulário Cleopatre Gynoecirium Libri, em que foram descritos cuidados de higiene e de cosmética utilizando plantas para esse fim. Figura 3 – Cleópatra O médico grego Galeno deu início à Farmácia Galênica fazendo o uso dos extratos vegetais em soluções alcoólicas ou aquosas para o preparo das formas farmacêuticas utilizadas nas terapias medicamentosas. Na Idade Média, principalmente no Ocidente, houve um período de estagnação nas pesquisas e nos estudos científicos devido aos diversos problemas políticos e religiosos que ocorriam na época, voltando a crescer no Renascimento, principalmente a partir do século XVI. 11 FITOCOSMETOLOGIA Georg Ebers, em 1873, foi o responsável por encontrar um papiro da antiga civilização egípcia. Acredita-se que tenha sido escrito no século XVI a.C., período em que reinava o faraó Ramsés I; é um manustrito em forma de rolo com mais de 75 m de comprimento e aproximadamente 30 cm de largura datado entre 1500 a.C. e 1600 a.C. É chamado de Papiro de Ebers em homenagem ao estudioso que o descobriu e o traduziu. Ele inicia sua apresentação com a frase “aqui começa o livro relativo à preparação dos remédios para todas as partes do corpo” e é considerado o primeiro manuscrito que tratou sobre assuntos ligados ao uso de plantas e produtos naturais para o tratamento de enfermidades. Contém cerca de 800 receitas com mais de 700 drogas que os egípcios usavam para preparar decocções, vinhos, infusões, unguentos e emplastros para o tratamento de diversas doenças. Figura 4 - Papiro Nos séculos XIX e XX, surgiram novos conhecimentos de química que facilitaram a identificação das plantas e o isolamento dos princípios ativos nelas contidos, favorecendo a terapêutica adequada para cada caso. O Brasil, com sua enorme biodiversidade, a maior do mundo, despertou o interesse desde o início de sua colonização, e em 1587 Gabriel Soares de Sousa fez citações e comentários sobre nossas plantas na farmacopeia indígena. Figura 5 – Mata brasileira: Floresta Amazônica 12 Unidade I Aos poucos, outros pesquisadores também se interessaram pela flora brasileira, como é o caso do padre jesuíta José de Anchieta, o frei José Mariano da Conceição Veloso, entre outros. Figura 6 – Padre José de Anchieta Em 1926, a 1ª Farmacopeia Brasileira, de autoria de Rodolpho Albino Dias da Silva, apresentou 183 espécies de plantas medicinais brasileiras. Saiba mais Veja uma publicação do Conselho Regional de Farmácia (CRF-SP) acerca de plantas medicinais e fitoterápicos: CRF-SP. Departamento de apoio técnico e educação permanente. Plantas medicinais e fitoterápicos. São Paulo, abr. 2019. Disponível em: http://www.crfsp.org.br/images/cartilhas/PlantasMedicinais.pdf. Acesso em: 4 dez. 2019. Hoje, os estudos e as pesquisas científicas na área da fitoterapia e fitocosmetologia continuam crescendo, e a aplicação dos ativos de plantas, tanto na forma de extratos quanto com o uso dos princípios ativos isolados, está cada vez mais difundida e ganhando um amplo espaço na indústria farmacêutica e, mais ainda, na indústria cosmética. 13 FITOCOSMETOLOGIA Observação Uma lenda chinesa conta que há mais de 2000 a.C. o imperador Shen Nung teria descoberto o chá. Ele, que só bebia água fervida por medida de higiene, ao descansar perto de uma árvore de chá, percebeu que algumas folhas caíram em seu recipiente com a água para ferver. Em vez de retirá-las, ele ficou observando e percebeu que as folhas produziram uma coloração. Resolveu experimentar: gostou do sabor e achou revitalizante. Conta-se, na China, que assim foi descoberto o chá. 2 CONCEITOS, MORFOLOGIA, HISTOLOGIA E ESTUDOS PRÉVIOS RELACIONADOS ÀS PLANTAS E À FITOTERAPIA 2.1 Conceitos e definições Antes de iniciar o estudo das plantas e seus usos, é importante conhecer alguns conceitos e definições para um melhor entendimento do que será abordado. A seguir, são apresentados alguns conceitos que terão relevância para o nosso estudo: • Botânica: é um dos ramos da biologia que estuda a morfologia, classificação, identificação, reprodução, fisiologia e bioquímica das plantas e algas. Observação Teofrasto (372 a.C.-287 a.C.), filósofo da Grécia Antiga, foi autor de importantes tratados da botânica que serviram de referência para os pesquisadores antigos e até para a época do Renascimento. Por esse motivo, é considerado o pai da botânica. • Fitoterapia e fitoterápico: a fitoterapia é a terapêutica caracterizada pelo uso de plantas medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas. O fitoterápico é um produto obtido apenas da matéria-prima ativa de origem vegetal, excluindo a adição de substâncias isoladas, com finalidade profilática, curativa ou paliativa. Inclui medicamento fitoterápico e produto tradicional fitoterápico, podendo ser simples, quando o ativo é proveniente de uma única espécie vegetal medicinal; ou composto, quando o ativo é proveniente de mais de uma espécie vegetal. A diferenciação entre produto tradicional fitoterápico e medicamento fitoterápico se dá pela forma como explicamos a sua segurança e eficácia. Se for por meio de literatura técnico-científica, será um produto tradicional fitoterápico; se acontecer por meio de evidências clínicas, será um medicamento fitoterápico. 14 Unidade I • Princípio ativo: é uma substância química ativa, fármaco, droga ou matéria-prima que tenha propriedades farmacológicas com finalidade medicamentosa, utilizada para diagnóstico, alívio ou tratamento, empregada para modificar ou explorar sistemas fisiológicos ou estados patológicos, em benefício da pessoa na qual se administra. Pode-se dizer que se trata de uma substância quimicamente definida obtida de drogas vegetais, animais ou sintéticas, capaz de produzir um efeito farmacológico. • Princípio ativo de medicamentos fitoterápicos: substância presente em um medicamento fitoterápico, com capacidade de produzir efeitos farmacológicos terapêuticos. • Fitocosmético: cosmético que contém matérias-primas vegetais. • Droga vegetal: é definida como uma planta medicinal inteira ou partes dessa planta que vão sofrer algum tipo de processamento, sendo aceitos processos de coleta, estabilização (se for necessário) e secagem, podendo então se encontrar na forma íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada. 2.2 Classificação das plantas Para o estudo da fitoterapia e da fitocosmetologia, é importante que se conheça um pouco sobre as plantas, sua classificação e as partes que as compõem, para realizarde uma identificação correta e, com isso, dar a elas o uso adequado a que se destinam. Em nosso estudo básico sobre as plantas, consideraremos a divisão delas em criptógamas (os grupos dos procarióticos, eucarióticos, as briófitas e pteridófitas) e fanerógamas (gimnospermas e angiospermas). Essa classificação acontece essencialmente pela visibilidade das estruturas produtoras de gametas. Entre as criptógamas, no grupo dos procarióticos encontram-se as cianobactérias, conhecidas como algas azuis; e nos eucarióticos, os fungos verdadeiros, as algas protistas, as algas vermelhas e as algas verdes. No reino plantae, encontram-se as plantas avasculares (briófitas), que não possuem vasos condutores de seiva; e as plantas vasculares (pteridófitas, gimnospermas e angiospermas), que possuem os vasos condutores de seiva. Cada tipo possui características próprias que tornam possível distingui-las, e a seguir serão relatadas algumas delas sobre os grupos de importância para nosso estudo. 2.2.1 Fungos Os fungos são seres que podem ser unicelulares ou formados por filamentos, as hifas, que quando agrupadas formam um micélio. São heterotróficos, pois se alimentam de matéria orgânica (fontes de carbono), de outros organismos, para sua sobrevivência e são classificados como sapróbios (ou saprófitos) e biotróficos. 15 FITOCOSMETOLOGIA Os saprófitos se alimentam de matéria orgânica morta, originária de processos de decomposição de plantas e animais mortos, o que dá a eles um papel importante para o ecossistema. Eles atuam no processo de decomposição do substrato, reciclando os nutrientes e com isso favorecendo a fertilização do solo. Os basidiomicetos (um tipo de fungos) têm grande influência na formação do humo das florestas, pois são capazes de digerir celulose e lignina. Os fungos biotróficos vivem em associações simbióticas com outros organismos vivos, como algas, plantas terrestres e animais. Essa associação pode ser benéfica para ambos os indivíduos envolvidos ou não. Quando a associação é benéfica unilateralmente, isto é, quando apenas um dos envolvidos é beneficiado, fala-se em parasitismo, e nesse caso os fungos se alimentam de substâncias retiradas do hospedeiro que os prejudicam. No entanto, embora existam muitas relações de parasitismo com os fungos, outro tipo de associação de grande importância é a do mutualismo, na qual ambos se beneficiam da relação, como é o caso dos liquens, em que os fungos realizam a absorção e as algas se encarregam da fotossíntese; e das micorrizas, em que as hifas fúngicas facilitam a absorção de água e sais minerais às plantas, enquanto estas fornecem às hifas os nutrientes sintetizados (açúcares). Os fungos dependem da água em estado líquido para seu crescimento e desenvolvimento e são predominantemente aeróbios quando dependem do oxigênio para a respiração, mas podem também ser anaeróbios facultativos, quando respiram em presença de oxigênio e fermentam em sua ausência. A maior parte dos fungos sobrevive e se reproduz bem em temperaturas entre 20 °C e 30 °C e pH ligeiramente ácido, próximo a 6, e pode estar presente em ambientes terrestres e aquáticos marinhos e de águas continentais. As diferentes espécies de fungos podem ser muitas vezes benéficas e outras maléficas ao ser humano. Um exemplo de uso benéfico dos fungos seria na alimentação, como agentes de fermentação para pães, cerveja, vinho, aguardente e saquê, e na produção de medicamentos como a penicilina, a flavicina e a viridina. Por outro lado, eles podem causar infecções respiratórias, micoses e doenças em culturas agrícolas destinadas a homens e animais, podendo levar à deterioração de alimentos, água, tecido etc. Algumas substâncias alucinógenas são extraídas de certos fungos, como é o caso da dietilamida do ácido lisérgico (LSD), a partir da ergotamina, um alcaloide do fungo Claviceps purpurea, causador do esporão-do-centeio. 16 Unidade I Figura 7 – Cogumelos secos são exemplo de fungos Lembrete A importância do estudo dos fungos em cosméticos e fitocosméticos se dá não só pela contaminação que eles podem provocar nos produtos, deteriorando-os, mas também pela sua utilização na produção dos cosméticos e fitocosméticos por meio da biotecnologia, como é o caso do ácido kójico, obtido através da biotransformação do carboidrato do arroz com o Aspergillus origae e Penicillium spp, ou da produção de filtros solares resistentes, entre outras aplicações. 2.2.2 Algas As algas são seres avasculares e autótrofos (possuem clorofila e produzem sua própria energia por meio da fotossíntese). A maioria delas é aquática e vive nos mares ou nas águas doces dos rios, nas lagoas, mas algumas podem ser encontradas em árvores, madeiras úmidas, neve, locais rochosos e fontes termais. As algas podem ser microscópicas unicelulares e simples ou multicelulares macroscópicas e complexas, como as algas pardas marinhas, que atingem vários metros de comprimento. Vivem isoladamente ou associadas em colônias esféricas ou filamentosas. As de vida livre podem formar principalmente comunidades do tipo fitoplâncton, compostas por microalgas que vivem livres na água; e as do tipo fitobentos são formadas por macro ou microalgas que crescem fixas sobre qualquer superfície passível de ser colonizada, como rochas, esqueletos de corais mortos, animais, plantas marinhas, embarcações naufragadas etc. Atualmente, são conhecidas cerca de 6.000 espécies de algas vermelhas (rodófitas), que são caracterizadas por habitar ambientes marinhos bentônicos ou de água doce. Há cerca de 17.000 espécies de algas verdes ou clorófitas, sendo muitas delas unicelulares. A maioria das algas verdes encontra-se em água doce, mas também está presente em ambientes de água salgada. Em água doce, elas são geralmente unicelulares, podendo também habitar os ambientes terrestres. 17 FITOCOSMETOLOGIA As algas pluricelulares são utilizadas pelo homem como alimento, consumidas como verduras e vegetal (Ulva ou alface-do-mar e Kelps Kombu), no preparo dos sushis (Porphyra nori), como fonte de vitaminas e sais minerais, como fertilizantes (Kelps), entre outros usos. Os alginatos derivados das algas são empregados na indústria têxtil, de papel, alimentícia, farmacêutica e cosmética como agentes espessantes e estabilizantes coloidais. O ágar produzido a partir da mucilagem extraída da parede celular das algas é utilizado para o preparo de gelatinas, como conservante de peixes e carnes, para a produção de cápsulas de medicamentos, bases de cosméticos em loções e cremes, meios de cultura, entre diversas outras aplicações. Figura 8 – Exemplo de algas Saiba mais Veja alguns artigos relacionados ao assunto: VASCONCELOS, B. M. F.; GONÇALVES, A. A. Macroalgas e seus usos – alternativas para as indústrias brasileiras. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, Mossoró, v. 8, n. 5, p. 125-140, dez. 2013. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/267449271_ Macroalgas_e_seus_usos-alternativas_para_as_industrias_brasileiras. Acesso em: 4 nov. 2019. 18 Unidade I FONSECA, J. A. Aplicação de algas na indústria alimentar e farmacêutica. 2016. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Universidade Fernando Pessoa, Faculdade de Ciências da Saúde, Porto, 2016. Disponível em: https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/5827/1/ PPG_29141.pdf. Acesso em: 4 nov. 2019. TAVARES, R. S. N. Potencial fotoprotetor de extratos e substâncias isoladas de fungos endofíticos da alga marinha vermelha Bostrychia radicans e de algas originárias da Antártica. 2016. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2016. Disponível em: https:// www.teses.usp.br/teses/disponiveis/60/60137/tde-17062016-161006/ publico/Dissertacao_corrigida_simplicada.pdf. Acesso em: 4 nov. 2019. 2.2.3 Briófitas As briófitas são plantas criptógamas avasculares, pois não dispõem de vasos condutores para o transporte de seiva; são muito pequenas, não ultrapassando20 cm de altura. Apresentam rizoides, cauloides e filoides no lugar das raízes, dos caules e das folhas. Como não possuem vasos condutores de seiva, conseguem seus nutrientes por meio do processo de difusão celular, que é bem lento; por isso, geralmente são encontradas em lugares úmidos e sem luz direta, onde a perda de água é menor, e assim não correm o risco de ressecamento. No entanto, algumas espécies também são encontradas em desertos relativamente secos. Sua reprodução é dependente da água para o encontro dos gametas feminino e masculino. As briófitas são representadas pelos musgos, pelas hepáticas e pelos antóceros. Os musgos têm o aspecto de um tapete geralmente verde e aveludado em que habitam troncos, pedras e barrancos. Quando estão em locais úmidos e sombreados, eles regulam a umidade do solo e evitam a erosão. As hepáticas são pequenas, mas, ao formarem suas massas, tornam-se relativamente grandes quando em ambientes adequados, como troncos de árvores, solos e rochas úmidos e sombreados. Algumas delas também crescem em água. Seu nome é dado devido à forma de seu talo, que lembra a forma de um fígado. Os antóceros são as briófitas menos conhecidas e menos diversificadas dessa linhagem. Crescem aderidos a rochas úmidas e solos e apresentam cavidades onde geralmente vivem algas azuis fixadoras de nitrogênio. Seu nome é dado devido à sua semelhança a chifres. 19 FITOCOSMETOLOGIA Figura 9 – Musgo 2.2.4 Pteridófitas As pteridófitas são plantas sem sementes, criptógamas vasculares, pois possuem vasos condutores de seiva e são constituídas de raiz, caule e folhas bem desenvolvidos, apesar de muitas vezes serem de difícil visualização. Podem apresentar espécies pequenas, como a Salvinia, ou espécies maiores arborescentes, como a Cyathea, conhecida como samambaiaçu. Assim como as briófitas, elas também são encontradas em locais úmidos e necessitam de água para sua reprodução. Alguns exemplos conhecidos em nosso dia a dia são as samambaias, as avencas, os xaxins e os chifres-de-veado. Figura 10 – Samambaia 2.2.5 Gimnospermas Estas plantas vasculares apresentam sementes, um grande diferencial evolutivo. Embora ainda expostas, pois o termo gimnosperma significa “semente nua”, as sementes representam um diferencial pela sobrevivência, já que a proteção que a semente proporciona ao embrião lhe dá vantagens em relação a outras plantas que não apresentam essa proteção. A presença das sementes facilita a reprodução, e já não é mais necessário depender da água para isso. 20 Unidade I A fecundação dos gametas acontece nos óvulos da planta pelo pólen, produzido pelos órgãos masculinos trazidos pela ação de ventos, chuva, insetos e pássaros, formando a semente (pinhão). Diante disso, a consequência é uma dominância de plantas com sementes nas floras da atualidade. As gimnospermas são plantas que apresentam variados tamanhos, podendo surgir na forma de árvores e arbustos de diversos portes. Os grupos de gimnospermas atuais são formados pelos filos Coniferophyta, Cycadophyta, Ginkgophyta e Gnetophyta. O filo das coníferas compreende o mais numeroso filo das gimnospermas, com inúmeras espécies, podendo ser citadas as sequoias, os Pinus (pinheiros) e as araucárias. As cicadófitas são plantas semelhantes às palmeiras, encontradas em regiões tropicais e subtropicais. Em geral, são plantas grandes e frequentemente muito tóxicas. O filo ginkgófita é representado pelo Ginkgo biloba, que apresenta folhas em forma de leque em numerosos ramos curtos. O extrato obtido de suas folhas é utilizado no combate dos radicais livres e como auxiliar da oxigenação cerebral. No entanto, ainda diversos estudos estão sendo realizados para verificação da eficácia de sua atividade e dos efeitos colaterais que podem surgir. O filo gnetófitas é constituído principalmente por árvores e trepadeiras com folhas grandes e por arbustos ramificados com folhas pequenas e escamiformes. Figura 11 – Araucária 21 FITOCOSMETOLOGIA Observação A Ginkgo biloba despertou o interesse dos pesquisadores por ter sido a primeira planta medicinal a brotar no solo devastado após a explosão da bomba atômica na cidade de Hiroshima, no Japão, na Segunda Guerra Mundial. Figura 12 – Folhas de Ginkgo biloba 2.2.6 Angiospermas As angiospermas incluem mais de 300.000 espécies, o que as torna o filo de organismos fotossintetizantes mais numerosos do planeta. As angiospermas se diferenciam das gimnospermas por suas características exclusivas, que incluem a presença de flores, sementes protegidas contidas por um carpelo e frutos. De tamanhos, características vegetativas e florais extremamente variáveis, podem se apresentar como pequenas gramíneas ou como grandes árvores e habitar ambientes diferenciados. Dependendo da característica de suas sementes, elas podem ser chamadas de monocotiledôneas, quando apresentam um cotilédone; eudicotiledôneas, quando possuem dois cotilédones; e ainda podem aparecer outros grupos que não se enquadram em nenhum dos dois casos. As monocotiledôneas incluem plantas como gramas, lírios, cana-de-açúcar, palmeiras, babaçu, milho, arroz e bananas, entre outras. As dicotiledôneas são bastante diversificadas e incluem papoula-da-califórnia, cactos, feijão, amendoim, soja, ervilha, lentilha, grão-de-bico, pau-brasil, ipê, peroba, sassafrás, cerejeira, abacateiro, acerola, roseira, morango, pereira, macieira, algodoeiro, café, jenipapo, girassol, margarida etc. 22 Unidade I Saiba mais Leia mais sobre as plantas monocotiledôneas e dicotiledôneas nos sites a seguir: MONOCOTILEDÔNEAS e dicotiledôneas. Diferença, [s.d.]. Disponível em: https://www.diferenca.com/monocotiledoneas-e-dicotiledoneas/. Acesso em: 4 nov. 2019. MONOCOTILEDÔNEAS e eudicotiledôneas. Biologianet, 2019. Disponível em: https://www.biologianet.com/botanica/monocotiledoneas-eudicotiledoneas. htm. Acesso em: 4 nov. 2019. 2.3 Partes das plantas Os vegetais superiores se dividem em: raiz, caule, folha, flores, sementes e frutos. Vamos falar brevemente sobre cada um deles: Fruto com sementes no interior Folha Cotilédone Pelos absorventes Zona de crescimento Coifa Epiderme Flor Gema apicalGema lateral Nó Nó Tecido vascular Parênquima Caule Raiz Raiz primária Raiz lateral Entrenó Figura 13 – Estrutura de uma planta angiosperma 23 FITOCOSMETOLOGIA 2.3.1 Raiz É a parte do eixo do vegetal desprovida de folhas, geralmente aclorofilada. Normalmente apresenta geotropismo positivo. Suas funções são: fixação ao solo, absorção de água e compostos nitrogenados, sais minerais em solução, tais como potássio e fósforo, entre outros, e acúmulo de substâncias de reserva. A raiz apresenta regiões com funções específicas. Com uma visão do ponto mais profundo da planta até sua união com o caule, identificamos a coifa (ou caliptra), a zona lisa, a zona pilífera, a zona suberosa e o colo. • Coifa: é uma espécie de capuz que tem como principal função a proteção da raiz, para que as células do tecido meristemático, que são responsáveis pelo crescimento da raiz, não sofram atrito com o solo e cresçam saudáveis, sem ataque de microrganismos. • Zona lisa: é a região onde ocorre o maior crescimento da raiz. • Zona pilífera: nela, aparecem pelos, e então ocorre a absorção de água e sais minerais, a seiva bruta que será utilizada para a produção de substâncias orgânicas, transformando-se em seiva elaborada. • Zona suberosa ou ramificada: é a região da raiz de onde saem ramificações secundárias, chamadas de raízes secundárias, que ajudam a aumentar a absorção de água e de sais minerais. Também auxilia a fixação da planta no solo. • Colo ou coleto: é a região em que ocorre o encontro da raiz com o caule. Região pilífera Coifa Região de distensão (ou lisa) Região de ramificações Região pilosa (pilífera) RaizB)A) Epiderme Citoplasma Núcleo Vacúolo Pelo absorvente Detalhe da epiderme da raiz na zona pilosa Figura 14 – Estruturas e regiões da raiz Em função do hábitate da sua localização, as raízes podem ser classificadas como subterrâneas, aéreas e aquáticas. 24 Unidade I Raízes subterrâneas As raízes subterrâneas são as mais abundantes e podem ser divididas basicamente em: raiz axial ou pivotante; perpendicular ou primária; fasciculada ou em cabeleira; e tuberosa. A raiz axial ou pivotante possui um eixo principal, que cresce perpendicularmente ao solo, e dela saem ramificações ou raízes secundárias. A raiz axial é típica das plantas dicotiledôneas e gimnospermas. Alguns exemplos são: feijão, ervilha, soja, morango, maçã, café, ipê etc. Dicotiledônea Colo da raiz Raiz principal Raiz de 1ª ordem Raiz de 2ª ordem Raiz pivotante Figura 15 – Raiz axial ou pivotante A raiz fasciculada é caracterizada por não possuir uma raiz principal, e todas as raízes partem do início do caule, no ponto que ele se conecta com a terra. É também chamada de raiz de cabeleira devido ao seu aspecto, que lembra cabelos emaranhados. É normalmente superficial, fina e ramificada. Esse tipo de raiz é característico das plantas monocotiledônias e hipocotiledôneas. Podemos citar como exemplos: gramíneas, milho, cana-de-açúcar, alho, cebola, cebolinha etc. Monocotiledônea Raiz fasciculada Figura 16 As raízes tuberosas enquadram-se como adaptações radiculares. São bem desenvolvidas e espessas, apresentando um grande acúmulo de reserva de material nutriente. O fato de estarem sob o solo é vantajoso para a planta, pois dificulta o ataque de grande parte dos animais. 25 FITOCOSMETOLOGIA O espessamento de reserva pode ocorrer na raiz principal, como no caso da cenoura, do nabo, do rabanete e da beterraba; ou nas raízes secundárias, como no caso da mandioca e da batata-doce. Figura 17 – Raízes tuberosas Observação A raiz tuberosa possui a raiz debaixo do solo e caule e folhas fora do solo. Um exemplo é a mandioca. Já os caules tuberosos possuem raiz e caule debaixo da superfície do solo. Raízes aéreas As raízes aéreas são aquelas que ficam fora do solo, pelo menos em parte. Essa classe de raiz, além das funções de fixação, reserva de nutrientes e absorção de água e sais minerais, em diversos casos tem também a função de auxiliar a sustentação da planta e a absorção de gases atmosféricos, principalmente o oxigênio. As raízes aéreas podem ser do tipo tabular, respiratória (ou pneumatóforo), sugadora, estrangulante, velame e grampiforme. As raízes tabulares são frequentes em certas árvores de grande porte e pesadas. São raízes achatadas lateralmente, em formato de tábuas, e se desenvolvem externamente próximo à superfície do solo. Elas auxiliam a respiração vegetal por proporcionar maior contato com o oxigênio do ar, mas sua grande função é principalmente aumentar a estabilidade da planta por ampliar sua base, dando mais firmeza na fixação ao solo. São exemplos a figueira e o chichá do cerrado. 26 Unidade I Figura 18 – Raiz da figueira As raízes respiratórias crescem verticalmente para cima do nível da água em locais alagadiços, como mangues. Nesses locais, o solo é pobre em oxigênio e insuficiente para a planta respirar. Por estar constantemente encharcado com água do rio ou do mar, e devido à atividade das bactérias decompositoras, as raízes respiratórias da planta conseguem absorver o oxigênio atmosférico que está em falta sob o solo, por meio dos poros existentes expostos. A Avicennia nitida é um exemplo. Figura 19 – Raiz respiratória das regiões de mangue As raízes sugadoras ou haustórios são típicas de plantas parasitas que retiram alimento de outras plantas. As raízes da planta parasita se instalam na planta hospedeira, germinam e desenvolvem um órgão de contato, com raízes finas chamadas de haustórios, vão até os vasos condutores das plantas hospedeiras e retiram a seiva, que contém água e nutrientes para sua sobrevivência. 27 FITOCOSMETOLOGIA Podem ser holoparasitas ou parasitas obrigatórias, quando dependem totalmente da outra planta (necessitam de água, sais minerais e nutrientes elaborados) para sobreviver, como é o caso do cipó-chumbo; ou hemiparasitas, quando dependem parcialmente da outra planta (necessitam apenas de água e sais minerais) para sua sobrevivência, como é o caso da erva-de-passarinho. Figura 20 – Raiz sugadora: cipó-chumbo As raízes estrangulantes utilizam o tronco de outras árvores para se agarrarem, envolvem-nas, comprimem-nas e literalmente as estrangulam, o que ocasiona a morte da planta hospedeira. Como exemplo temos o mata-pau. Figura 21 – Raiz estrangulante: mata-pau As raízes velames ou cinturas são tipos de raízes que se fixam em uma planta suporte com o intuito de alcançar luminosidade e absorver água da umidade do ar. Não retiram água nem nutrientes da planta suporte. A orquídea é um exemplo. 28 Unidade I Figura 22 – Orquídea As raízes grampiformes são aéreas e têm forma semelhante a grampos, para que se fixem em suportes como paredes, muros ou estacas, principalmente em locais com declives, desenvolvendo-se ao lado da sombra desses suportes. São exemplos as trepadeiras e a hera. Figura 23 – Raiz grampiforme: hera Observação Quando uma planta possui um caule ou um conjunto de raízes muito fraco, as raízes suporte, também chamadas de raízes escoras, ficam responsáveis por auxiliar a sustentação da planta. No entanto, hoje se sabe que esse sistema de suporte não se trata de expansões das raízes, mas sim de extensões do caule da planta. 29 FITOCOSMETOLOGIA Raízes aquáticas As raízes aquáticas apresentam um parênquima aerífero chamado de aerênquima, com células que ostentam lacunas e câmaras capazes de estocar ar, o que favorece a respiração e a flutuação da planta no meio aquático. São exemplos: jussiaea (Jussiaea grandiflora), salvínia (Salvinia auriculata) e aguapé (Eichhornia crassipes). Figura 24 – Raiz aquática 2.3.2 Caule O caule é um órgão cuja principal função é a sustentação da copa da planta (onde ficam as folhas e flores) e, para isso, conta com os vasos lenhosos, que possuem grande quantidade de lignina, uma substância rígida, impermeável e resistente. Essa porção lenhosa ou herbácea é o que podemos considerar como o caule propriamente dito. Ele é a estrutura que liga a raiz ao restante da planta até as folhas, ficando responsável por conduzir água e sais minerais absorvidos pela raiz (seiva bruta) aos outros órgãos e às folhas e levar os nutrientes produzidos pelas folhas (seiva elaborada) para a raiz e outras partes da planta. Essa função de condução é realizada por meio dos vasos condutores lenhosos, que transportam a seiva bruta, e dos vasos liberianos, que transportam a seiva elaborada. Além dessas funções fundamentais do caule, ele pode ainda fazer o papel de órgão de reserva e auxiliar a fotossíntese. O caule possui regiões em que as células se reproduzem com maior intensidade, dando origem às gemas. Na ponta ou no ápice do caule aparece uma gema que recebe o nome de gema apical, que promove o crescimento do caule em altura. Nas laterais do caule, entre a axila foliar e a base do caule, aparecem as gemas laterais ou axilares, que estimulam o crescimento de ramificações, chamadas de ramos caulinares, e dos botões florais. 30 Unidade I As regiões em que se encontram as gemas são chamadas de nós, que são os pontos onde as folhas nascem. O espaço entre um nó e outro é chamado de entrenó. Entre o caule e a raiz, aparece o colo, local de transição entre esses dois órgãos. Nesse local, ocorre a reestruturação dos tecidos condutores dos feixes radiais vindos da raiz, tornando-se feixes colaterais, bicolaterais ou concêntricos. Gema apical Folha Gema lateral Entrenó Entrenó Nó Figura 25 – Desenho esquemático do caule Geralmente, os caules apresentam-se como órgãos aéreos. No entanto, eles podem também ser subterrâneos ou aquáticos, como veremos a seguir. Caules aéreos Os caules aéreos podem ser eretos, rastejantes e trepadores. Os caules eretos são aqueles que se desenvolvem verticalmente e não necessitam deapoio para manter-se em pé. Podem ser do tipo tronco, estipe, colmo, haste e cladódio. Os troncos possuem caules bem desenvolvidos, com uma base mais grossa e um corpo que afina gradativamente até chegar à região apical, apresentando ramificações no ápice. Alguns exemplos são: caules de dicotiledôneas, como a macieira, o abacateiro etc. 31 FITOCOSMETOLOGIA Figura 26 – Figura de tronco O estipe possui um caule cilíndrico e alongado, geralmente sem ramificações, mas com grande quantidade de folhas no ápice. São exemplos o caule das palmeiras e os coqueiros. Figura 27 – Estipe O colmo é um caule em formato cilíndrico que não apresenta ramificações, mas possui nós e internós, podendo ser ocos ou maciços. Temos como exemplos: bambu, que é um tipo de colmo oco, e cana-de-açúcar, que é do tipo maciço. 32 Unidade I Figura 28 – Bambu A haste é um caule pequeno, ramificado, pouco resistente, tenro e verde (por ser clorofilado), normalmente encontrado em plantas herbáceas, como o caule do agrião, da arruda, da begônia etc. Figura 29 – Planta herbácea com caule em haste: begônia ácida O cladódio é um caule clorofilado e suculento, que pode apresentar espinhos formados a partir de folhas modificadas. Um exemplo é a mandacaru, planta disseminada no Semiárido do Nordeste. 33 FITOCOSMETOLOGIA Figura 30 – Mandacaru Os caules rastejantes ou estolhos se espalham sobre a terra e não conseguem manter-se em pé por serem frágeis. Apresentam nós, de onde saem os ramos aéreos e as raízes. São exemplos o caule do hortelã, do morangueiro etc. Figura 31 – Hortelã Os caules trepadores podem ser do tipo sarmentosos, quando possuem órgão de fixação como as gavinhas, ou volúveis, quando não possuem esses órgãos, então se enrolam em algum suporte para se desenvolver. Alguns exemplos são o chuchu (caule sarmentoso) e a madressilva (caule volúvel). 34 Unidade I Figura 32 – Chuchuzeiro Caules subterrâneos Os caules subterrâneos são aqueles que se desenvolvem sob o solo e podem ser dos tipos rizoma, tubérculos, bulbos e cormos. Os rizomas são caules dilatados que se prolongam horizontalmente sob o solo, embora possam produzir também ramos aéreos, como a samambaia e a espada-de-são-jorge. Os tubérculos formam caules dilatados que ficam sob o solo acumulando material nutritivo (batatinha, cará, inhame). Figura 33 – Exemplo de tubérculos 35 FITOCOSMETOLOGIA Os bulbos são curtos e globulosos, formados por um disco subterrâneo, chamado de prato. Em sua parte inferior apresenta pequenas raízes, e na superior, as folhas modificadas, as quais recebem o nome de catáfilos, que são suculentos e ricos em nutrientes. Um exemplo é a cebola. Figura 34 – Cebola Figura 35 – Representação do corte de uma cebola Nos bulbos tunicados, os catáfilos se sobrepõem uns aos outros, dispostos concentricamente em volta do botão vegetativo; enquanto nos bulbos escamosos, os catáfilos têm o aspecto de escamas e se sobrepõem em volta do botão, como as telhas de um telhado. São exemplos a açucena-branca (Lilium candidum) e o martagom (Lilium martagon). Os cormos assemelham-se em parte aos bulbos, tanto que muitas vezes são chamados de bulbos maciços, devido à sua estrutura sólida, mas também são comparados aos rizomas, só que mais curtos e com os nós bem próximos. Eles possuem uma haste vertical dilatada devido ao acúmulo de material nutritivo e, no topo dela, uma gema que produz as raízes e os brotos. Como exemplos, podemos citar o açafrão e a palma-de-santa-rita. 36 Unidade I Caules aquáticos Os caules aquáticos desenvolvem-se dentro da água, em rios, lagos e oceanos, são pouco desenvolvidos e normalmente clorofilados, apresentam estruturas diferenciadas chamadas de aerênquimas, que armazenam o ar, permitindo a flutuação da planta e facilitando as trocas gasosas para a respiração (vitória-régia e nenúfar). Figura 36 – Vitória-régia Adaptações dos caules Do mesmo modo que as raízes, os caules sofrem adaptações. As mais importantes são as gavinhas, os espinhos e os acúleos. As gavinhas são modificações caulinares prolongadas, inicialmente retilíneas, mas que, ao se fixarem em suportes, enrolam-se e adquirem a forma de molas. Algumas vezes podem até apresentar folhas e flores, como as gavinhas do chuchuzeiro ou da videira. Figura 37 – Gavinhas de chuchuzeiro 37 FITOCOSMETOLOGIA Os espinhos são formações endurecidas e pontiagudas originadas dos tecidos profundos dos caules e que têm a função de proteção da planta. São exemplos os espinhos nos limoeiros ou nas laranjeiras. Os acúleos são estruturas prolongadas agudas e afiadas originadas de tecidos mais superficiais da epiderme. São presos apenas superficialmente ao caule, por isso são facilmente destacados. Muitas vezes, os acúleos são confundidos com os espinhos, como os acúleos da roseira. Figura 38 – Acúleos da roseira 2.3.3 Folha A folha é um órgão laminar que segue como uma extensão do caule. É clorofilada e extremamente importante para a planta, pois cabe a ela uma das tarefas mais necessárias para a sobrevivência da planta: a fotossíntese. Além de realizar a fotossíntese, tem também outras funções essenciais, incluindo a respiração, a transpiração e a sudação. A folha, quando completa, é composta basicamente por três partes principais: a bainha, o limbo e o pecíolo. No entanto, pode acontecer de em alguns tipos de folhas um desses elementos foliares não estar presente, e, nesses casos, serão consideradas folhas incompletas. 38 Unidade I Limbo Estípula Pecíolo Bainha Caule Limbo Figura 39 – Desenho de uma folha completa De acordo com os elementos que estão ausentes, as folhas recebem nomes específicos, como citados a seguir: • Peciolada: folha sem a bainha. • Séssil: folha sem pecíolo e sem bainha. • Invaginante: folha sem pecíolo, com bainha bem desenvolvida. • Filódio: folha sem limbo. Além disso, em algumas plantas podem aparecer os acessórios do tipo estípula, ócrea e fígula. • Estípulas: são formações laminares existentes ao lado da bainha, na margem da folha. São os acessórios mais comuns. • Ócreas: são formadas por duas estípulas membranosas fundidas em uma bainha envolvendo o caule. • Lígulas: são membranas pequenas e finas em forma de escamas existentes na parte inferior e interna da bainha. Ao observarmos uma folha, normalmente a parte que mais nos chama a atenção é o limbo, uma lâmina achatada, usualmente com uma grande área e constituindo a maior parte da folha. No limbo estão presentes as nervuras, pequenos vasos por onde corre a seiva, que vem desde a raiz, passando pelo caule e chegando até as folhas. 39 FITOCOSMETOLOGIA Pecíolo Nervura Limbo Figura 40 – Detalhe das porções de uma folha São encontradas também as células clorofiladas, responsáveis pela realização da fotossíntese, e os estômatos, que são conjuntos de duas células especializadas (células estomáticas) com uma abertura entre elas, chamada de ostíolo. Nos ostíolos ocorre a transpiração, a eliminação de vapor de água e as trocas gasosas entre o interior da planta e o ar atmosférico. As células estomáticas regulam a abertura ou o fechamento dos ostíolos conforme a necessidade de realização das trocas gasosas ou a transpiração. A) B) Figura 41 – Imagem ampliada de um estômato (A) e de um ostíolo (B) 40 Unidade I O pecíolo é uma haste geralmente cilíndrica, longa ou não, que sustenta o limbo, ligando-o diretamente ao caule ou por meio da bainha. A bainha é a parte basal da folha e pode ser considerada uma expansão da base do pecíolo. Ela se insere no caule para que o restante da folha se fixe e se desenvolva. As folhas podem ser classificadas de diversas maneiras, dependendo da forma do limbo, do contorno dos bordos ou das nervuras deles. De uma maneira simplificada, podemos dizer que as folhas podem ser simples, quando a folha possui apenas um pecíolo e um limbo; e compostas, quando apresentam o limbo dividido em folíolos (folhas secundárias) e pecíolo ramificado. Quanto àforma, o limbo é muito variável, podendo ser cordiforme, lanceolada, ovais, oblongas, lineares, sagitiforme etc. Podem ter variações e classificações morfológicas relacionadas ao ápice, à base, às nervuras e aos bordos. Os bordos que se destacam são dos tipos inteiro ou liso, denteado, lobado, partido etc. As folhas compostas podem se apresentar como paripenadas (número par de folíolos), imparipenadas (número ímpar de folíolos) e digitadas ou palmadas (ramificada, lembrando os dedos da mão). Algumas plantas apresentam folhas com adaptações, para que consigam sobreviver, e entre elas algumas são importantes e bem comuns, como é o caso de escamas, brácteas, espinhos foliares, folhas suculentas, folhas insetívoras, gavinhas etc. As escamas também são conhecidas como catáfilos ou túnicas, folhas sésseis que aparecem em rizomas e bulbos, como as escamas da cebola e o alho. Figura 42 – Alho 41 FITOCOSMETOLOGIA As brácteas são folhas modificadas geralmente coloridas e grandes, que protegem as flores tanto isoladas quanto em inflorescência. São exemplos: antúrio, copo-de-leite, for-de-papagaio, primavera. Figura 43 – Antúrio Quando a folha inteira ou parte dela se transforma em espinhos, eles são chamados de espinhos foliares e são pontiagudos, como: cactos (folhas inteiras); abacaxi (parte da folha). Figura 44 – Plantação de abacaxi Nas folhas suculentas, o parênquima aquífero é bem desenvolvido (babosa). 42 Unidade I Figura 45 – Babosa As folhas insetívoras aparecem nas popularmente chamadas plantas carnívoras (drosera, dionaea, nepenthes). As gavinhas são caules modificados que também podem apresentar folhas e flores (chuchu, ervilha, maxixe etc). 2.3.4 Flor As flores, em geral, são os elementos mais bonitos das plantas, com suas cores e perfumes que contribuem para tornar o ambiente mais colorido, alegre e agradável. No entanto, o papel das flores não se restringe apenas a isso; sua maior importância é a função de reprodução. A flor é o aparelho reprodutor da maioria das plantas. É nela que ocorre a fecundação (encontro da célula masculina com a feminina), para posterior formação de frutos e sementes. Esse elemento de reprodução é constituído por uma haste que o prende ao caule ou aos ramos e dá sustentação à flor, chamada de pedúnculo. Ele pode ser mais longo ou curto, mas em alguns casos pode também estar ausente, e a flor será chamada de séssil. A extremidade dilatada do pedúnculo onde se insere a flor é chamada de receptáculo. Completando os constituintes das flores, tem-se o verticilo floral, com quatro elementos: o cálice, a corola, o androceu e o gineceu. Quando os quatro elementos estão presentes, dizemos que se trata de uma flor completa; quando um deles está ausente, chama-se flor incompleta. 43 FITOCOSMETOLOGIA Antera FilamentoEstame (androceu) Pólen Óvulo Sépalas Pétalas Ovário Estilete Estigma Carpelo (gineceu) Receptáculo floral Pedúnculo floral Figura 46 – Desenho com as partes de uma flor O cálice e a corola formam o aparelho protetor, chamado de perianto, enquanto o aparelho reprodutor é formado pelo androceu (aparelho masculino) e gineceu (aparelho feminino). O cálice é o verticilo mais externo, formado por folhas chamadas de sépalas, que geralmente são verdes e fazem a proteção da flor. A corola aparece logo a seguir (segundo verticilo floral) e é formada pelas peças chamadas de pétalas, podem ter diversas cores, diversos tons, aromas agradáveis ou secreções adocicadas. Apesar de as pétalas pertencerem ao aparelho protetor, indiretamente auxiliam na reprodução, pois com todas essas qualidades atraem facilmente insetos e aves, que fazem o papel de polinizadores para essas plantas. O androceu, terceiro verticilo floral, é formado pelos estames, que são folhas extremamente modificadas. O estame é constituído por três partes: a antera, o filete e o conectivo: • Antera: provém do limbo da folha e é a porção mais desenvolvida do estame. É na antera, ou mais precisamente nos sacos polínicos, que são formados e encontrados os grãos de pólen. • Filete: é a haste que sustenta a antera. • Conectivo: encontra-se na extremidade superior do filete e penetra na antera. 44 Unidade I O gineceu, quarto verticilo floral, é constituído por unidades chamadas de pistilos, formadas por folhas modificadas que dão origem aos carpelos. A base dilatada do carpelo chama-se ovário, dentro do qual são produzidos e armazenados os óvulos. Acima do ovário, situa-se uma haste em forma de tubo chamada de estilete, que parece ser um prolongamento do ovário. E na parte apical do estilete apoia-se o estigma (de natureza glandular), que secreta uma solução viscosa importante para a fixação do grão de pólen. Para ocorrer a polinização, a antera se abre assim que seus sacos polínicos estiverem cheios de grãos de pólen, expondo-os ao vento, aos pássaros e aos insetos, que irão levá-los a outra flor de mesma espécie. A polinização se completa quando o pólen atingir o gineceu. Antera Estigma Estilete Ovário Óvulo Grãos de pólen Óvulo Pólen Filamento O ovário desenvolve-se, formando o fruto O óvulo fecundado transforma-se em semente Formação de tubo polínico para fecundação Receptáculo floral Polinização Após fecundação Androceu (estame) Gineceu (carpelo) Figura 47 – Esquema de androceu e gineceu A polinização pode ser natural direta, natural indireta e artificial: • Natural direta: é aquela em que os grãos de pólen passam da antera para o estigma da mesma flor. Embora diversas flores apresentem androceu e gineceu simultaneamente, elas raramente realizam a autofecundação, porque esse processo não seria favorável em termos de variabilidade genética. • Natural indireta: ocorre quando flores diferentes de uma mesma planta ou de plantas diferentes são polinizadas, através do transporte dos grãos de pólen pelos agentes polinizadores, o que é muito mais vantajoso. A polinização torna a fecundação independente da água, o que 45 FITOCOSMETOLOGIA possibilita um avanço para a espécie, permitindo uma maior distribuição de seus exemplares em diferentes locais. • Artificial: realizada por intervenção do homem. As flores podem ser classificadas de diversas maneiras, dependendo das diferenças existentes quanto ao perianto, ao aparelho reprodutor da flor e da espécie e à simetria da flor. No entanto, algo importante que deve ser citado são as inflorescências. As flores podem se apresentarem isoladas ou em grupos, dispostas regularmente em um eixo principal, formando as inflorescências. As inflorescências podem ser racemosas ou cimosas. Nas racemosas existe um eixo principal que cresce bastante, apresentando ramos menores, e termina em uma gema. Nas cimosas também existe um eixo principal, mas os ramos crescem mais do que ele. As inflorescências racemosas podem ser do tipo simples, como é o caso do cacho, da espiga e das umbelas; ou compostas, com alternância desses tipos. As inflorescências cimosas podem ser do tipo uníparas, bíparas ou multíparas. Como exemplos, podemos citar as flores-da-quaresma ou quaresmeira, que estão agrupadas ao redor do eixo principal, formando um cacho. A margarida é uma florescência racemosa simples, em capítulo, que é um tipo de espiga. Ela tem em sua região central minúsculas flores unidas umas às outras, formando o miolo amarelo e as brácteas brancas bem desenvolvidas. A salsa é uma inflorescência racemosa composta do tipo umbela, na qual tanto as partes quanto o todo da inflorescência são umbelas. Um exemplo de inflorescência cimosa é a coroa-de-cristo, que é do tipo bípara, pois se desenvolvem duas gemas de cada vez. 2.3.5 Fruto Depois da fecundação da flor, suas pétalas estames e estiletes se soltam, e o ovário se desenvolve, formando o fruto que encerra em seu interior as sementes. O fruto protege as sementes e facilita sua dispersão. Geralmente, o fruto é composto de duas partes: o pericarpo, considerado a parte externa, e a semente, a parte interna.O pericarpo, por sua vez, é constituído de três camadas: o epicarpo, que é a camada mais externa do fruto, muitas vezes fina, mas impermeável, para evitar a perda de água do fruto; o mesocarpo, que é a camada intermediária, quase sempre espessa, carnosa e nutritiva e por isso geralmente é comestível; e, mais internamente, o endocarpo, uma camada na maioria das vezes finíssima, que protege a semente. 46 Unidade I Epicarpo Mesocarpo Endocarpo Semente Pericarpo Figura 48 – Desenho demonstrando as partes de um fruto Os frutos podem ser carnosos, quando apresentam o pericarpo suculento; ou secos, quando possuem as paredes duras e secas. Os frutos carnosos são divididos em dois tipos: baga e drupa. No tipo baga, existem diversas sementes livres no interior do fruto, como acontece na laranja, no tomate, na uva, no maracujá e no mamão. Em frutos do tipo drupa, há uma única semente maior, que cresce junto com o endocarpo lignificado, formando o caroço, como ocorre com o pêssego, a manga, o abacate, a cereja e a azeitona. Epicarpo Baga Drupa Mesocarpo Endocarpo Figura 49 A laranja, a uva, o pêssego e a azeitona, exemplos citados anteriormente, são frutos carnosos que se originaram de um só ovário de uma flor. Em outros casos, os frutos podem se desenvolver de diversos ovários ou de partes diferentes das flores, formando os chamados pseudofrutos. Os pseudofrutos, quando são simples, originam-se de partes que não o ovário da flor, como a maçã, o marmelo e o caju. Quando são compostos, originam-se de diversos ovários da flor, como o morango. Quando são múltiplos, são provenientes de diversas partes das flores, como o abacaxi e o figo. 47 FITOCOSMETOLOGIA Fruto Receptáculo floral Frutículo (aquênio) Fruto (aquênio) Morango Caju Abacaxi Maçã Pedúnculo floral Figura 50 – Desenho evidenciando pseudofrutos Os frutos carnosos são, em geral, do tipo indeiscentes, pois não se abrem sozinhos, suas sementes se exteriorizam com a deposição do pericarpo. Apenas em alguns casos raros os frutos carnosos se abrem espontaneamente, isto é, sozinhos, ao amadurecer, expondo suas sementes, que seriam os chamados frutos deiscentes, como o melão-de-são-caetano e o pepino selvagem. Já os frutos secos podem se apresentar tanto no tipo deiscente quanto indeiscente. Como exemplos do tipo deiscente, têm-se a vagem (feijão, ervilha), a cápsula (fumo, algodão, castanha-do-pará, papoula) e a síliqua (mostarda). Como exemplos de indeiscentes, têm-se o aquênio (erva doce, girassol, figo), o grão (trigo, milho arroz), a sâmara (begônia) e a noz (carvalho e sálvia). 2.3.6 Semente A semente é o óvulo maduro e fecundado da flor. Nela, está contido o embrião, que dará origem à nova planta. Por isso, as sementes são muito importantes para as plantas, permitindo a perpetuação de suas espécies. As sementes têm valor não só para as plantas, mas também para os homens e outros animais. Elas são usadas na alimentação e na produção de diversos tipos de produtos industriais, que vão desde a indústria alimentícia, de papel, de tintas, até as indústrias farmacêuticas e cosméticas. A semente é constituída pelo tegumento (casca) e pela amêndoa. 48 Unidade I Figura 51 – Fruto e semente de um pêssego O tegumento é originado a partir do tecido que envolve o óvulo. Ele é composto pela testa e pelo tégmen, mas em alguns casos pode aparecer só um dos tegumentos, ficando com apenas um envoltório. A testa é a casca mais externa da semente, podendo ser dura, consistente e apresentar pelos e rugosidades. O tégmen é uma película delgada, mais interna, que envolve a amêndoa. A amêndoa é formada pelo embrião e pelo endosperma (ou albúmen). O embrião possui os órgãos rudimentares, representados pela radícula, pelo caulículo e pela gêmula, que na nova planta irá originar a raiz, o caulículo, o colo, a gêmula, o caule e as folhas. Pericarpo Tegumento Cotilédone (escutelo) Gêmula Radícula Coleorriza Folha primária Caulículo (hipocótilo) Radícula Cotilédone Tegumento ou cascaEndosperma Coleóptile Folhas primárias A) B) Figura 52 – Ilustração da semente e suas partes Os cotilédones são folhas modificadas, ligadas ao embrião, que contêm substâncias nutritivas do albúmen e servem para alimentar o embrião no início da germinação. De acordo com o número de cotilédones de suas sementes, as plantas angiospermas serão denominadas de monocotiledôneas (um cotilédone) ou dicotiledôneas (dois cotilédones), como já apresentado na classificação das plantas. 49 FITOCOSMETOLOGIA O milho e o arroz são exemplos de plantas monocotiledôneas, e o feijão, a ervilha e o amendoim, exemplos de dicotiledôneas. Figura 53 – Sementes monocotiledôneas em um milho Figura 54 – Sementes dicotiledôneas em grãos de feijão O estudo das partes das plantas, desde a raiz, caule, flores, frutos e sementes, e de sua histologia é de grande importância para a fitocosmetologia, pois é a partir desses órgãos que será realizada a coleta, a preparação e a extração dos princípios ativos que serão utilizados para os diversos fins, incluindo o uso dos cosméticos. 2.4 Histologia vegetal A histologia vegetal estuda os tecidos que constituem o organismo das plantas, que, assim como no reino animal, são constituídas por células e substância intercelular entre elas. 50 Unidade I A célula vegetal possui uma parede de celulose com estrutura complexa, é constituída por longas cadeias de celulose de microfibrilas que se unem em feixes, formando as macrofibrilas, que, por sua vez, se reúnem formando a parede celular. A celulose é o principal carboidrato da parede celular, mas outros também contribuem para a formação da parede celular da planta, como a hemicelulose e os compostos pécticos. Podem também estar presentes compostos graxos, como cutina, suberina e ceras, outros compostos orgânicos e ainda água e substâncias minerais. O citoplasma, o núcleo, os plastídios ou plastos (corpúsculos delimitados por membrana), as mitocôndrias, o retículo endoplasmático e os grânulos de diversas dimensões formam os componentes protoplasmáticos da célula. Os plastídios que contêm pigmentos em seu interior (cromoplastídios) são chamados de cromoplastos, como é o caso dos cloroplastos tão conhecidos por todos nós, que contêm o pigmento clorofila (cor verde), e de outros cromoplastos que podem variar tanto na forma quanto na cor, como os carotenoides. Além dos cromoplastos, os plastídios podem ser do tipo leucoplastos, quando contêm em seu interior outros tipos de grânulos que não sejam pigmentos, chamados de leucoplastídios. Quando os grânulos são de amido, o leucoplasto recebe o nome de amiloplasto; e quando contêm substâncias oleosas, recebe o nome de elaioplasto. Além desses, a célula também possui os componentes não protoplasmáticos, representados pelos vacúolos e pelas substâncias ergásticas. Os vacúolos são estruturas celulares que se encontram no citoplasma em formato mais ou menos esférico, que contêm uma solução aquosa em que estão dissolvidos sais minerais, açúcares, ácidos graxos, proteínas, enzimas lisossômicas etc. Eles podem ter a função de armazenamento, digestão e excreção. As substâncias ergásticas são representadas principalmente pelos carboidratos (celulose) e amidos, mas também por proteínas, gorduras e derivados, taninos e diversos outros tipos de substâncias cristalizadas ou em estado amorfo. Quando grupos de células com semelhanças estruturais e funcionais se unem, elas formam os diferentes tecidos. Nas plantas com sementes, os tecidos responsáveis pelo crescimento do vegetal são os chamados tecidos merismáticos e surgem através das células embrionárias, que originam os tecidos da planta adulta. Os meristemas são tecidos embrionários constituídos por células indiferenciadas que se dividem continuamente. As células são pequenas e têm estrutura simples, com parede celular fina, núcleo grande centralizado e citoplasma com presença ou não de diversos vacúolos. Essas células são as responsáveispelo crescimento da planta em extensão e em espessura. Elas se especializam e se diferenciam, dando origem aos tecidos vegetais permanentes. À medida que as células do embrião da planta se especializam, elas perdem gradativamente a capacidade de se dividir. 51 FITOCOSMETOLOGIA Meristema apical Meristemas primários Protoderma Meristema fundamental Procâmbio Lenho Líber Epiderme Parênquima Feixe liberolenhoso Câmbio vascular Felogênio Meristemas laterais Estrutura primária Caule Figura 55 – Cortes histológicos de meristema primário Conforme a planta cresce e se desenvolve, a maior parte do meristema se transforma em outros tipos de tecidos. O meristema apical da raiz dá origem à raiz principal; o apical do caule promove o crescimento do caule, forma as folhas, os nós e os entrenós; e o meristema das gemas laterais do caule forma os ramos auxiliares dele. O meristema primário de uma raiz ou de um caule jovem apresenta três camadas: • Dermatogênio: mais externo, que dá origem à epiderme da planta. • Periblema: tecido que dá origem à casca da planta. • Pleroma: dá origem ao cilindro central da planta, em que se localizam os vasos condutores de seiva. Um quarto tipo de meristema primário também pode ser citado. Nesse caso, é encontrado apenas na raiz da planta: trata-se do caliptrogênio, que forma a coifa, ou caliptra, que protege a ponta da raiz. Os meristemas secundários são encontrados apenas nas gimnospermas e angiospermas. Eles localizam-se no interior dos tecidos adultos do caule e da raiz das plantas lenhosas, que são na maioria as árvores e os arbustos. 52 Unidade I Meristema apical Gema lateral Primórdio foliar Figura 56 – Cortes histológicos com meristema apical e gema lateral Existem pelo menos dois tipos de meristemas secundários: o primeiro é chamado de câmbio vascular, ou apenas câmbio, e é encontrado na medula; o segundo é o felogênio, também chamado de câmbio da casca, câmbio cortical ou câmbio suberoso, que forma a casca. O câmbio vascular é formado por diferenciação das células do cilindro central e é o principal responsável pelo crescimento em espessura da planta (crescimento secundário). Essas células se proliferam e dão origem aos vasos condutores de seiva. Aos vasos situados no lado interno, damos o nome de vasos lenhosos; e aos localizados mais externamente, de vasos liberianos. O felogênio dá origem ao súber e ao feloderma. O súber é um tecido formado por células mortas com função de proteção, enquanto o feloderma tem a função de preenchimento. Súber Felogênio Feloderma Parênquima Floema Câmbio Xilema Medula Madeira Casca Periderma Figura 57 – Esquema de cortes histológicos dos meristemas secundários 53 FITOCOSMETOLOGIA 2.4.1 Sistema de revestimento e proteção Para proteção dos vegetais, existe o sistema de revestimento ou sistema de proteção, que é formado pelos tecidos com essa função. Esses tecidos são a epiderme e o súber. A epiderme é originária do meristema primário; é a camada de células que faz o revestimento do organismo primário. Ela envolve raízes, caules jovens, folhas, flores, frutos e sementes. Geralmente, a epiderme é constituída por uma camada de células não especializadas de pequena profundidade, e, por isso, levam a denominação de células tabulares, além de outras duas ou mais camadas com células especializadas. Cutícula Epiderme Xilema Lacuna Epiderme Cutícula Estômato Floema Parênquima paliçádico Bainha do feixe Parênquima lacunoso Figura 58 – Corte histológico por meio do qual é possível observar a epiderme A diferenciação dessas células faz surgir os anexos epidérmicos, representados com maior frequência por cutícula, pelos, papilas, escamas, estômatos, acúleos e hidatódios. A cutícula é uma camada acelular e impermeável, constituída principalmente por ceras e cutina. Geralmente, a parede externa da epiderme é revestida por uma película relativamente grande de cutina, substância graxa que fica impregnada nas paredes celulares. Ceras, óleos e resinas ocorrem em porções aéreas de certas plantas. A cutícula impede as perdas de água por meio da diminuição da transpiração e protege a planta contra a luz excessiva. Os pelos são extensões de células epidérmicas. Podem ser uni ou pluricelulares, simples ou ramificados, longos ou curtos, pontiagudos ou capitados, entre outros tipos, e, assim como a cutícula, também são responsáveis por diminuir a transpiração, evitando a perda de água pela planta. Nas raízes, aparecem os pelos absorventes, que são responsáveis pela absorção por meio do aumento da superfície de contato com o solo; dessa maneira, captam mais água e sais minerais para a planta. 54 Unidade I Os pelos podem aparecer em formatos diversos, sendo alguns do tipo em escudo ou em escama, pontiagudos urticantes e glandulares. Outro caso de formação epidérmica são as pequenas saliências ou projeções das paredes celulares das flores, formando as papilas, que conferem às pétalas um aspecto aveludado. Algumas vezes, pelos duros e pontiagudos se transformam em acúleos, que são anexos epidérmicos resistentes muito parecidos com espinhos e exercem um papel de defesa para a planta. Os estômatos podem ser considerados as formações epidérmicas de maior importância para a planta. Eles são encontrados nas folhas, em caules jovens e nas flores. São constituídos por duas células epidérmicas modificadas, com o formato de rins, as quais são chamadas de células estomáticas, guardas ou guardiãs. Elas são ricas em cloroplastos e posicionam-se de modo a ficar com os hilos voltados um para o outro, delimitando um orifício entre elas, que é o chamado ostíolo. Nos caules e nas raízes de plantas lenhosas surge uma camada formada a partir da atividade do meristema secundário felogênio, o súber, que é constituído por várias camadas de células mortas, cujas paredes celulares são fortemente impregnadas por um lipídio chamado de suberina. O súber substitui a epiderme e serve como um revestimento de proteção, agindo como isolante térmico, regulando a evaporação e protegendo fisicamente as partes internas dos caules e das raízes. Ele aparece nas partes mais antigas da planta e, em conjunto com a casca e o feloderma, constitui a periderme. Como os estômatos estão ausentes no súber, as trocas gasosas acontecem por meio das lenticelas, que são estruturas formadas por células arredondadas, com espaços intercelulares por onde passa o oxigênio, que é levado aos tecidos mais internos. A cortiça, muitas vezes considerada como um sinônimo desse tecido, é obtida a partir do súber extraído de partes das plantas em que ele aparece bem desenvolvido. O ritidoma é o conjunto de tecidos mortos corticais formados pela atividade de diversos felogênios. Os tecidos situados externamente ao súber (tecido morto e impermeável) têm também um prognóstico de morte e, assim, que acontece a falência, eles se destacam, e essas camadas destacadas constituem o ritidoma. 2.4.2 Sistema de assimilação e reserva O sistema de assimilação é formado por tecidos chamados de parenquimáticos, que são os responsáveis pela fotossíntese e pela reserva de nutrientes. O parênquima é um tecido de preenchimento encontrado em todas as partes da planta. Os conjuntos de suas células formam um tecido contínuo e fazem parte inclusive de outros tecidos. As células parenquimáticas são vivas e variam na forma, mas o parênquima fundamental em geral é constituído por células com formato regular, poliédricas e quase isodiamétricas (diâmetros semelhantes), apresentando pouco citoplasma, grandes vacúolos e paredes relativamente delgadas. Seus principais carboidratos são a celulose, a hemicelulose e as substâncias pécticas. 55 FITOCOSMETOLOGIA Por serem detentoras de grande capacidade de divisão, as células parenquimáticas têm papel relevante nos processos de regeneração, cicatrização de lesões, união de enxertos e formação de raízes e caules adventícios. Existem dois tipos principais de parênquimas: o clorofiliano
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