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A Vida e outros Detalhes Insignificantes - Danilo Gentili

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Como você acha que é a sua vida? É engraçada, cômica, normal ou 
trágica? O comediante Danilo Gentili – que desde 1979 estraga tudo e 
decepciona pessoas, segundo seu twitter – lança seu terceiro livro. A obra 
fala dos detalhes do cotidiano que ninguém vê ou dá importância, as 
manias de sua mãe, a internet, os relacionamentos e até mesmo sua vida 
sexual. São piadas, mas que poderiam fazer parte da nossa vida também.
Oi!
	
A	melhor	forma	de	se	apresentar	é	dizendo	“oi”.
São	apenas	duas	letras,	e	quanto	menos	você	falar,	menor	é	a	chance	de
te	acharem	um	idiota.
	
Voz	fina
	
Para	quem	não	me	conhece,	meu	nome	é	Danilo.
Para	quem	me	conhece,	é	Danilo	também.
	
Toda	vez	que	posso	começo	falando	meu	nome,	pois,	se	dependesse	da
minha	mãe,	me	chamaria	Daniela.
Ela	queria	ter	tido	uma	menina...	mas	ela	se	deu	mal	porque	nem	veado
eu	sou.
	
Mas	acho	que	de	tanto	ela	querer	ter	uma	menina,	acabei	nascendo	com
essa	 voz	 fina.	 Na	 minha	 incubadora,	 em	 vez	 de	 oxigênio,	 colocaram	 gás
hélio.
	
É	uma	merda	você	ter	trinta	anos,	atender	ao	telefone	e	acharem	que	é
a	sua	mãe	quem	está	falando.	Até	hoje	é	assim:
–	Alô!
–	Alô,	Guiomar?
–	Não,	não	é	a	Guiomar.
–	Desculpe.	É	a	irmã	da	Guiomar?
–	Não,	é	o	filho	da	Guiomar!
–	Ah!	Então,	chama	a	mamãe,	vai.
	
Não	tenho	corda	vocal.	Tenho	linha	de	pipa.
Sexo	por	telefone	comigo	só	funciona	se	a	pessoa	do	outro	lado	da	linha
for	lésbica.
	
Mas	 não	 é	 sempre	 que	 confundem	 minha	 voz	 com	 a	 da	 minha	 mãe.
Lembro	que	um	dia	ligaram	em	casa:
–	Alô!
–	Alô,	seu	veado,	tá	cagando?
–	Não	estou	cagando,	não	–	disse	a	minha	mãe.
	
E	 você	me	pergunta:	 “Por	que,	 justo	naquele	dia,	 sua	mãe	atendeu	ao
telefone	e	não	você?”...	Porque	eu	estava	cagando.
	
UniABC
	
Sou	formado	em	publicidade	pela	UniABC.	Para	quem	não	conhece,	vou
tentar	 explicar:	 a	 UniABC	 é	 uma	 faculdade	 privada...	 mas	 bem	 privada
mesmo!
***
O	que	eu	não	gosto	muito	na	UniABC	é	o	trote.	Eles	não	sabem	brincar,
eles	humilham.
Para	se	ter	ideia,	eles	me	fizeram	sair	na	rua	com	uma	camiseta	escrito:
“Eu	estudo	na	UniABC”.
	
Sabe	 o	 trote	 do	 pedágio?	 O	 calouro	 é	 obrigado	 a	 pedir	 dinheiro	 no
semáforo.	Pelo	menos	na	UniABC	ninguém	obriga	você	a	fazer	isso	quando
entra	na	universidade.	Mas	você	precisa	fazer	isso	quando	sai.
	
Pelo	menos	os	professores	de	lá	são	bem	atualizados.	Outro	dia	na	aula
eu	perguntei	para	um	deles:
–	Professor,	quanto	é	para	transmitir	um	comercial	pela	televisão?
Ele	respondeu:
–	Depende.	Na	TV	Tupi,	uns	5	mil	réis...
***
Tá	 difícil	 arrumar	 emprego,	 né?	 Principalmente	 quando	 você	 vê	 um
anúncio	assim	no	jornal:	“Precisa-se	de	estagiários.	Exceto	os	da	UniABC”.
Meus	ex-colegas	de	classe	dizem	que	o	diploma	deles	não	serviu	para
nada.	Mas	 isso	 é	má	 vontade	 da	 parte	 deles.	 O	meu,	 por	 exemplo,	 serviu
direitinho	para	forrar	a	gaiola	do	passarinho.
	
No	fim	acabei	vencendo	essas	barreiras	e	consegui	um	emprego	como
publicitário	 em	 uma	multinacional	 de	 pedras	 preciosas.	 Só	 que	 às	 vezes
cansa	andar	na	rua	com	aquela	placa:	“Compro	e	vendo	ouro”.
	
	
Parto
	
Mãe	só	muda	de	endereço.	Principalmente	se	for	cigana.
	
Tenho	um	relacionamento	meio	conturbado	com	a	minha	mãe	desde	o
dia	 em	que	 eu	 nasci.	 Para	 vocês	 terem	 ideia,	me	 tiraram	 com	 fórceps	 de
dentro	dela.	Eu	não	queria	sair,	me	tiraram	a	paulada	de	lá.	O	que	não	deixa
de	ser	curioso...	porque	foi	assim	que	eu	entrei	lá.
	
Você	sabe	o	que	é	fórceps?	É	um	pé	de	cabra	que	arranca	a	criança	pelo
pescoço.	 É	 perigoso,	 pode	 asfixiar	 o	 bebê.	 Pode	 faltar	 ar	 em	 seu	 cérebro.
Isso	aconteceu	comigo.
Minha	mãe	conta	que	na	hora	do	parto	o	médico	disse:
–	Foi	por	um	triz	que	ele	não	ficou	retardado.
E	sempre	que	ela	conta	essa	história,	ela	termina	comentando:
–	Aquele	médico	não	sabe	merda	nenhuma.
***
Lembro	um	dia	em	que	minha	mãe	chegou	em	casa	com	uma	capa	de
sofá.	Ela	queria	colocar	uma	preta.	Estava	achando	que	o	sofá	era	o	Batman,
sei	lá.	E	me	falou:
–	Filho,	ajuda	a	mãe	a	colocar	a	capa	no	sofá?
–	Por	que	não	põe	a	senhora?
–	Porque	se	eu	soubesse	encapar	direito	as	coisas	você	não	estaria	aqui
hoje.
	
Mijar	fora	da	privada
	
Minha	mãe	 vive	 reclamando	 que	 eu	mijo	 fora	 da	 privada.	Mas	 isso	 é
uma	calúnia,	porque,	tecnicamente	falando,	aquela	parte	branca	do	assento
ainda	é	privada.
	
Tudo	 bem,	 nunca	 acerto	 o	meio,	 não	 vou	 ganhar	 cem	pontos.	Mas	 só
quero	mijar,	não	quero	uma	medalha.
	
–	Como	é	que	você	consegue	errar	um	jatinho	de	água	em	um	buracão
desses?
–	Do	mesmo	jeito	que	você	erra	a	porta	da	garagem	quando	vai	guardar
o	carro!
	
–	Agora	vou	ter	de	limpar	essa	bosta	aí.
–	Não	é	bosta,	é	mijo.
	
–	Como	vou	usar	essa	privada	mijada	desse	jeito?
–	Faz	que	nem	eu,	mija	em	pé.
–	Eu	não	consigo	mijar	em	pé!
–	Tá	vendo	como	é	difícil?	Posso	errar,	mas	estou	tentando	pelo	menos!
	
–	Por	que	você	não	tenta	sentar	para	mijar	dentro,	então?
–	Nem	a	pau,	esse	assento	está	todo	mijado.
	
Mãe	que	canta	errado
	
Minha	 mãe	 vive	 cantando	 alto	 pela	 casa.	 Canta	 Roberto	 Carlos	 o	 dia
inteiro.	Vou	te	dizer	que	é	muito	difícil	 tocar	uma	no	banheiro	ao	som	de
“Jesus	Cristo,	eu	estou	aqui”.	Bate	aquele	sentimento	de	culpa...	ainda	mais
quando	é	a	voz	da	sua	mãe	cantando.
***
Minha	mãe	parece	esses	carros	de	mano.	É	de	um	ano	antigo	e	sempre
para	do	meu	lado	tocando	música	alta	–	e	a	música	é	sempre	ruim.
***
O	pior	é	que	minha	mãe	não	acerta	uma	letra.	Canta	tudo	errado.	Se	ela
cantasse	a	música	do	caminhão	de	gás,	quando	passasse,	as	pessoas	sairiam
para	comprar	pamonha.
	
Ela	muda	palavra,	inventa	frase.
Uma	vez	ela	cantou	Djavan...	e	a	letra	fez	sentido.
	
Lembro	quando	ela	voltou	da	igreja	cantando:
–	Erguei	as	mãos,	vá	embora,	adeus.
Acho	 que	 durante	 essa	 música	 ela	 viu	 o	 povo	 da	 igreja	 acenando	 e
achou	que	estavam	se	despedindo.
	
Outro	dia	ela	estava	cantando	Fabio	Júnior:
–	As	verdades	da	laranja...
Qual	é	o	resto?	As	mentiras	do	limão?
	
O	novo	hit	que	ela	canta	agora	é:
–	Onde	é	que	“Jack”	tá,	a	tequila...
Ela	sabe	onde	está...	ela	bebeu,	por	isso	canta	assim.
–	Mãe,	essa	música	não	existe.
–	Existe,	sim.	Quem	canta	é	o	Ex-Tanque.
	
A	mulher	acaba	com	a	música.	Tenho	medo	que	ela	vá	a	um	caraoquê	e
no	resultado	final	apareça	na	tela:	“Usuária	de	crack”.
	
E	quando	minha	mãe	não	sabe	a	letra	da	música?	Digo,	ela	nunca	sabe,
mas	quando	ela	não	sabe	nem	inventar	qualquer	merda	ela	solta	um	“lá-lá-
lá”.	Ela	sempre	canta	até	onde	sabe	e	depois	continua	com	um	“lá-lá-lá”.
Queria	 eu	 poder	 usar	 esse	 recurso	 sempre	 que	 esquecesse	 alguma
coisa.	Ontem	mesmo	poderia	ter	dito	enquanto	transava:
–	Te	amo,	viu,	o...	lá-lá-lá.
	
Sônia	do	Cláudio
	
Fila	do	banco,	sala	de	espera...	minha	mãe	sempre	tem	algo	para	contar.
Se	 ela	 está	 em	um	 lugar	 em	que	 ninguém	a	 conhece,	 ela	 resolve	 falar	 de
uma	segunda	pessoa	que	conhecem	menos	ainda.	E,	como	referência,	 fala
de	uma	terceira	pessoa	que	simplesmente	ninguém	faz	ideia	de	quem	seja:
–	Ai	menina,	 isso	que	você	 tá	 falando	não	é	nada...	Você	precisa	ver	a
Sônia	do	Cláudio...
–	Sônia	do	Cláudio?
Imagino	minha	mãe	dando	informação	para	alguém:
–	Por	 favor,	senhora,	é	a	primeira	vez	que	visito	o	seu	país.	Por	 favor,
onde	é	a	travessa	tal?
–	É	facil.	É	só	ir	reto	sem	parar,	na	hora	que	você	ver	a	casa	da	Sônia	do
Cláudio	você	vira.
***
Sônia	do	Cláudio.	Pior	que	quem	se	ferra	com	essa	história	sempre	sou
eu	porque	olham	para	mim	e	perguntam:
–	Quem	é	a	Sônia	do	Cláudio,	hein?
–	Sônia	do	Cláudio?	Eu	não	sei	quem	é	a	Sônia	do	Cláudio.	Mãe,	quem	é
a	Sônia	do	Cláudio?
E	minha	mãe:
–	Sônia	do	Cláudio?
Nem	o	Cláudio	sabe	quem	é	a	droga	da	Sônia.
	
Mãe	acidentada
	
Minha	mãe	caiu	da	escada.	De	novo.	No	mesmo	degrau.	Dizem	que	um
raio	não	cai	duas	vezes	no	mesmo	lugar.	O	raio	da	minha	mãe	cai.
	
A	outra	vez	que	ela	caiu	tomou	dez	pontos.	Dessa	vez	tomou	15.	Se	ela
tomar	mais	cinco	pontos	vou	suspender	a	habilitação	de	pedestre	dela.
***
Minha	mãe	vive	 se	acidentando.	Outro	dia	perdeu	o	mindinho	em	um
acidente.	Pelomenos	ganhou	um	desconto	na	manicure.
	
Quando	cheguei	em	casa	ela	estava	fazendo	um	gesto,	com	o	indicador
levantado:
–	Mãe?
–	É	isso	mesmo!	Heavy	Metal!
	
Quando	vai	para	a	praia	tudo	que	é	carro	para	ao	lado	dela:
–	Quer	carona	senhora?
–	Carona?	Não.	Hang	loose.
	
	
Twitter
	
Uma	 verdade	 sobre	 o	 Twitter:	 foi	 um	 homem	 que	 inventou.	 Uma
mulher	não	conseguiria	inventar	uma	coisa	para	falar	tão	pouco.
	
Mas	as	principais	frases	da	humanidade	não	precisaram	de	mais	de	140
caracteres	mesmo:
“Um	 pequeno	 passo	 para	 o	 homem,	 um	 grande	 passo	 para	 a
humanidade.”
“Independência	ou	morte!”
“É	possível	ter	prazer	anal.”
***
As	 pessoas	 usam	 o	 Twitter	 para	 contar	 as	 coisas	 maravilhosas	 que
estão	fazendo,	como:	“Acordei”.	Claro!	Se	escreveu,	é	porque	está	acordado.
	
As	pessoas	contam	a	vida	toda	nessa	droga.	Tem	gente	que	soube	pelo
Twitter	que	a	namorada	ia	ter	um	orgasmo:	“Tô	quase	lááá!”.	Pior	é	ler	isso
estando	longe.
***
O	Twitter	mudou	o	jornalismo.	Depois	do	Twitter,	os	jornalistas	fazem
o	 trabalho	 sem	 tirar	 a	 bunda	 da	 cadeira.	 Por	 isso	 as	 histórias	 do	 Super-
Homem	eram	mais	legais	antigamente,	tinham	ação.	Agora	ele	não	precisa
mais	salvar	a	Louis	Lane.	Ela	nem	se	mete	em	perigo...	 fica	em	casa,	só	no
Twitter:
“Nossa...	o	@LexLuthor	conseguiu	kriptonita,	então?	‘Clark	DM’.”
	
É	só	entrar	no	Twitter	e	deturpar	como	quiser	um	fato	que	ele	 já	vira
matéria.
–	Deixa	eu	ver	o	que	o	Danilo	está	fazendo...
E	ele	lê:	“@DaniloGentili:	Estou	com	alergia	do	pó	aqui	de	casa”.
Manchete	no	outro	dia:	“Danilo	Gentili	usa	cocaína	e	passa	mal”.
***
No	 Twitter,	 quem	 tem	 dez	 seguidores	 quer	 ter	 cem.	 Quem	 tem	 cem
quer	 ter	mil.	Quem	 tem	mil	 quer	1	milhão.	 Sério,	 por	que	querem	 tantos
seguidores	 assim?	Se	 Jesus	que	 só	 tinha	12	arrumou	um	para	 ferrar	 com
ele,	imagina	você	com	1	milhão.
	
Inclusive	o	primeiro	Follow	Friday	da	história	foi	ideia	de	um	seguidor
sacana.	Na	Sexta-Feira	Santa,	Judas	falou	para	os	romanos:
–	Segue	aquele	cabeludinho	ali.
***
Fale	a	verdade,	na	vida	real	tem	cara	que	é	um	tremendo	cagão,	mas	é
bem	machão	 no	Twitter,	 não	 é?	No	Twitter	 o	 cara	 diz	 tudo	 o	 que	 pensa,
acha	 que	 é	 corajoso.	 Por	 que	 não	 tenta	 fazer	 na	 vida	 real	 o	 que	 faz	 no
Twitter?	Por	que	não	responde	na	vida	real	igual	no	Twitter?
–	Pessoal...	tô	indo	ali	almoçar,	tá?
–	Ninguém	perguntou!	Vou	cagar	na	sua	boca,	seu	desgraçado.
***
É	 muito	 fácil	 odiar	 as	 coisas	 no	 Twitter.	 Inclusive	 o	 Twitter	 virou	 a
ferramenta	 de	 ódio	 número	 1.	 Se	 a	 madre	 Tereza	 tivesse	 Twitter	 e
escrevesse:	“Vou	rezar	um	pouquinho	e	depois	bora	ajudar	os	pobres”,	não
ia	 faltar	 neguinho	 dizendo:	 “Quem	 perguntou,	 sua	 vaca?	 Só	 faz	 isso	 para
aparecer!	 Quem	 você	 pensa	 que	 é	 para	 regular	 essa	 mixaria	 aí,	 velha
virgem?”.
	
Facebook
	
Todo	mundo	no	Facebook	é	lindo.	Aí	você	foi	conhecer	pessoalmente...	e
não	era	bem	assim,	não	é?
Quem	 é	 que	 está	 lendo	 este	 livro	 e	 já	 se	 encontrou	 com	 alguém	 do
Facebook	e	na	hora	não	era	bem	assim?
Eu	 já	 caí	 nessa.	A	menina	 era	muito	 gata	 na	 foto.	Quando	 fui	 ver,	 era
minha	mãe.	 Ela	 só	me	 respondeu	 porque	 não	me	 reconheceu	 –	 também
estou	bonito	na	foto.	Só	percebemos	que	um	era	o	outro	porque	marcamos
o	encontro	em	casa.
***
O	que	tenho	a	dizer	sobre	eventos	do	Facebook?
1)	Se	fossem	legais	eu	não	seria	convidado.
2)	 Ninguém	 nunca	 até	 hoje	 usou	 o	 Facebook	 para	 chamar	 para	 uma
festa	que	preste.	O	Oscar	não	chama	a	Angelina	Jolie	pelo	Facebook.
	
Esquece!	Você	nunca	vai	receber	algo	como:	“A	ONU	convida	você	para
a	reunião	do	G20”.	É	sempre	festa	de	banda	de	amigo.	Festa	à	 fantasia	de
não	sei	quem.	Sempre	com	meninas	lindas	(do	Facebook).
	
Facebook	 não	 foi	 feito	 para	 convidar	 para	 evento	 e	 sim	 para	 comer
alguém.	É	sério	mesmo	que,	para	se	conhecerem,	antigamente	as	pessoas
se	viam	na	rua	sem	se	verem	em	fotos	antes?	Trocavam	conversas	em	vez
de	mensagens?	 Sério	 que	 conseguiam	 comer	 alguém	 antes	 do	 Facebook?
Acredite!	A	primeira	vez	que	seu	pai	cutucou	sua	mãe	foi	isso	mesmo	que
você	está	pensando!
***
Como	tem	gente	chata	no	Facebook,	hein?
A	 merda	 do	 Facebook	 é	 que	 nele	 você	 está	 disponível	 para	 todas	 as
pessoas	chatas	do	mundo.	Porque	o	mundo	é	assim.	Tem	mais	gente	chata
que	 legal.	Sempre	tem	um	chato	que	você	não	vê	há	anos	que	aparece	no
Facebook	e	diz:
–	Lembra	de	mim?	Vamos	nos	encontrar	e	relembrar	os	velhos	tempos?
–	 Não	 preciso	 de	 você	 pra	 lembrar	 os	 velhos	 tempos.	 Não	 tenho
Alzheimer!	Eu	me	lembro	dos	velhos	tempos.	Lembro	que	fiquei	trinta	anos
sem	te	ver,	sinal	de	que	não	fiz	muita	questão	da	sua	amizade.
	
Para	 cada	 pessoa	 legal	 que	 você	 adiciona	 no	 Facebook	 aparece	 uma
legião	 de	 malas	 de	 brinde.	 Se	 tivesse	 Facebook	 nos	 anos	 1970,	 Paul
McCartney	diria:
–	Legal!	O	John	me	adicionou.	Ah,	não...	aquela	japonesa	chata	quer	me
adicionar	também.
***
Dá	para	ter	5	mil	amigos	no	Facebook.	Mas	não	existem	5	mil	amigos	no
mundo.
É	forçar	demais.	Olha	a	vida	real!	Sua	sala	de	aula	na	escola.	Tinha	trinta
alunos.	Desses	trinta,	se	você	tinha	três	amigos	era	muito.
–	Eu	era	amiga	de	todo	mundo	da	minha	sala!
–	Ah...	então	você	é	a	chata	do	Facebook	que	adiciona	todo	mundo,	né?
	
Orkut
	
O	cara	que	inventou	o	Orkut	se	chama	Orkut	e	até	já	veio	ao	Brasil.	Sim,
ele	colocou	o	nome	dele	naquele	negócio.	Eu	nunca	colocaria	o	meu	nome.
Não	quero	ver	o	pessoal	falando	por	aí:
–	E	aí?	Entrou	no	Danilo	hoje?
***
Já	 terminei	 relacionamentos	 por	 causa	 do	 Orkut,	 sabia?	 Mas	 não	 é
sempre	que	o	Orkut	facilita	a	vida,	não.
	
Uma	vez	o	Orkut	me	ferrou	em	uma	entrevista	de	emprego.
Passei	gel	no	cabelo,	coloquei	terno,	fui	bem	na	dinâmica	de	grupo	e	não
fiquei	 com	 a	 vaga	 só	 porque	 a	 mulher	 do	 RH	 viu	 que	 eu	 estava	 na
comunidade	“Eu	cago	na	gaveta	do	meu	chefe”.
***
O	Orkut	era	legal	antes	de	os	brasileiros	o	descobrirem.
Os	brasileiros	viram	que	tinha	comunidade	no	Orkut	e	pensaram:	“Oba!
Favela!”.
	
Brasil	quer	fazer	favela	até	em	rede	social.	Por	isso	o	dono	do	Facebook
tirou	aquele	sócio	brasileiro	do	negócio.	Para	ele	não	estragar	tudo.
***
O	Orkut	está	tão	caído	que,	um	dia	desses,	a	“Sorte	do	dia”	era:	“Faça	um
Facebook	e	seja	feliz”.
	
	
Carro	velho
	
Há	pouco	tempo	estacionei	meu	carro	perto	de	uma	favela.	Porque	eu
moro	perto	de	uma	favela.	Dentro	é	bem	perto,	né?
	
Enfim,	estacionei	meu	carro	na	frente	de	casa	e	esqueci	a	porta	aberta.
Quando	voltei,	que	merda!	Meu	carro	ainda	estava	lá.
	
Quero	 muito	 que	 alguém	 roube	 meu	 carro.	 Ele	 é	 velho	 e	 podre.	 Até
tenho	dinheiro	para	comprar	outro,	mas	se	eu	vender	não	vou	ganhar	tanto
dinheiro	quanto	se	ele	fosse	roubado.	Vale	muito	mais	no	seguro	do	que	na
vida	real.
Instalei	 um	 alarme	 nele	 e,	 quando	 alguém	 passa	 perto,	 ele	 grita:
“Atenção,	este	veículo	quer	muito	ser	roubado”.
	
Quando	 tem	 jogo	 do	 Corinthians,	 passo	 em	 frente	 ao	 estádio,	 bem
devagarinho	com	o	vidro	aberto...
	
No	painel	do	meu	carro	tem	um	bilhetinho:	“Senhor	 ladrão,	por	 favor,
roube	 meu	 carro”.	 Um	 dia	 eu	 voltei	 e	 tinha	 outro	 escrito:	 “Eu	 bem	 que
tentei,	mas	essa	merda	não	pega”.
***
Carro	podre!	Dá	dó	me	ver	dentro	do	carro.	Paro	no	semáforo	e	vem	o
menininho	com	o	rodo:
–	Tio,	toma	aí	dez	centavos.
	
Um	manobrista	uma	vez	disse:
–	Eu	não	vou	entrar	nessa	merda...
	
O	guarda	de	trânsito	vem	e	me	multa:
–	Mas	por	quê?
–	Porque	 seu	 carro	é	muito	 feio.	E	não	adianta	 recorrer.	Eu	 tirei	uma
foto	dele	aqui.
	
Meu	carro	realmente	é	muito	feio.	Até	a	bomba	de	gasolina	brocha	com
ele.
	
Meu	carro	é	tão	feio	que,	se	ele	fosse	um	Transformer,	viraria	a	mãe	da
minha	ex-namorada.
Desculpe...	 Sei	 que	 é	 errado	 fazer	 esse	 comentário.	Meu	 carro	 só	 tem
quatro	pneus.
	
Carro	rebaixado
	
Tem	 gente	 que	 tira	 a	 suspensão	 para	 rebaixar	 o	 carro.	 Ao	 que	 tudo
indica	 algumas	 pessoas	 não	 se	 sentem	 rebaixadas	 o	 suficiente	 tendo	 um
Chevette.Elas	 precisam	 tirar	 a	 suspensão	 do	 Chevette,	 para	 que	 o	 carro
também	se	sinta	rebaixado	de	ter	ele	como	dono.
	
As	 montadoras	 de	 veículos	 investem	 milhões	 para	 que	 os	 melhores
engenheiros	 do	 mundo	 desenvolvam	 a	 mola	 do	 carro.	 Depois	 investem
mais	bilhões	para	aperfeiçoar	o	projeto	dessa	mola.	Depois	investem	mais
trilhões	 para	 que	 as	 molas	 sejam	 construídas	 e	 instaladas	 nos	 veículos.
Tudo	isso	para	que	o	meu	vizinho	que	parou	de	estudar	na	quinta	série	tire
a	mola	do	carro.
	
Perguntei	para	ele:
–	Por	que	você	tirou	as	molas	do	carro?
–	Porque	é	um	tesão	sentir	o	carro	no	chão.
–	Eu	sei.	O	meu	vive	lá.	E	tem	molas.
	
Não	sei	como	explicar	para	ele	que	a	suspensão	é	um	item	essencial	no
carro,	assim	como	o	cérebro	 também	é.	Mas	até	que	ele	 se	vira	bem	sem
nenhum	dos	dois.
	
Se	ele	fosse	Deus	a	gente	ia	nascer	sem	as	pernas.	Com	os	pés	grudados
no	quadril.	Igual	ao	E.T.	Daí	nosso	saco	ia	ralar	no	asfalto.
–	Perna	é	acessório!
	
Quem	 rebaixa	 o	 carro	 geralmente	 sabe	 que	 está	 fazendo	merda,	 pois
todo	carro	rebaixado	tem	Insulfilm	e	quem	o	dirige	usa	o	banco	deitadão,	lá
atrás:	“Ninguém	vai	ver	que	fui	eu	quem	fez	essa	merda	aqui,	não”.
	
Ah,	e	pra	que	ter	televisão	no	carro?	O	que	tem	de	tão	importante	assim
para	assistir	enquanto	dirige?
–	Atenção	para	as	notícias!	Dez	acidentes	comprometeram	o	trânsito	na
Marginal	hoje	e...
POFT!...	Onze.
	
Trânsito
	
O	pior	 trânsito	do	mundo	é	 o	de	 São	Paulo.	Autoescola	 em	São	Paulo
funciona	 assim:	 o	 aluno	 entra	 no	 carro,	 depois	 vem	 o	 instrutor,	 que	 fala
para	o	aluno:
–	Arruma	o	espelho.	Coloca	o	cinto.	Liga	o	rádio.	Pronto,	é	só	isso.
	
As	 autoridades	 dizem	 que	 não	 conseguem	 controlar	 o	 trânsito	 da
cidade.	 Eu	 não	 entendo	 qual	 é	 a	 dificuldade	 em	 controlar	 uma	 coisa	 que
está	parada.
	
Você	liga	o	rádio	a	qualquer	hora,	e	o	cara	está	falando:
–	E	agora,	atenção	para	os	pontos	de	congestionamento	em	São	Paulo:
São	Paulo.
	
Lembro	do	dia	em	que	a	cidade	bateu	o	recorde	de	congestionamento:
293	quilômetros.	Fiz	até	um	adesivo	para	comemorar:	“293	km,	eu	estava
lá!”.
***
Pelo	menos	 o	 trânsito	 ajudou	 a	 solucionar	 outro	 problema	 da	 cidade
que	era	a	falta	de	estacionamento.	Agora	você	sai	para	o	trabalho,	deixa	o
carro	na	Marginal,	desce	e	trabalha	o	dia	inteiro.	No	fim	do	dia,	você	volta	e
o	carro	ainda	está	lá.
	
O	que	o	cara	faria	em	cinco	minutos,	leva	três	horas.	Isso	seria	perfeito
se	em	vez	de	trânsito	eu	estivesse	falando	de	sexo.
	
Sempre	tem	um	paulistano	no	interior	que	dá	meia-noite	e	o	cara	quer
sair.	Aí	você	avisa:
–	Não,	vai	estar	tudo	fechado.
–	São	Paulo,	às	quatro	da	manhã,	ainda	tem	restaurante	aberto.
–	Claro,	você	sai	para	almoçar,	chega	lá	duas	da	manhã.	Tem	que	estar
aberto.
Você	chega	para	o	GPS	e	diz:
–	Vou	para	a	Brigadeiro.
Ele	responde:
–	Há-há!	Duvido!
***
Eu	vivia	me	perdendo	e	por	isso	comprei	o	GPS.	Ainda	me	perco	porque
não	entendo	direito	o	que	ele	fala:
–	Vire	à	direita	a	30,6	metros.
OK!	Vou	descer	do	carro	com	a	fita	métrica,	então.
O	GPS	fala:
–	Prepare-se	para	virar	à	esquerda.
Como	você	se	prepara	para	virar	à	esquerda?	Ele	acha	que	está	falando
com	quem?	Com	o	Kiko?
–	É	para	virar	à	esquerda?	Péra,	péra,	péra...	Vou	me	preparar	–	molho	o
dedo	na	língua,	passo	na	ponta	da	orelha,	giro	o	braço...
***
Você	 sabe	 que	 o	 trânsito	 está	 um	 caos	 quando	 vem	 uma	 ambulância
pedir	 passagem.	 Aí	 todo	 mundo	 abre	 espaço	 e	 você	 fica	 no	 seu	 carro
olhando	a	ambulância	 ir	embora	e	pensando:	 “Puta	sorte	de	quem	está	 lá
dentro.	 Se	 Deus	 me	 abençoasse	 com	 um	 enfarto,	 olha	 só,	 ia	 estar	 lá	 na
Brigadeiro	agora”.
***
Você	sabe	por	que	o	trânsito	é	um	caos?	Porque	ninguém	fica	onde	tem
que	ficar.	O	caminhoneiro	não	fica	onde	deve,	que	é	na	faixa	da	direita.	E	o
motoboy	 também	 não	 fica	 onde	 tem	 que	 ficar,	 que	 é	 dentro	 daquela
ambulância.
	
Flanelinhas
	
Estacionar	 é	 um	 problema.	 É	 um	 milagre	 encontrar	 uma	 vaga.	 Um
milagre	 tão	 grande	 que,	 quando	 você	 encontra,	 um	 cara	 vem	 te	 cobrar	 o
dízimo.
	
Esse	 cara	é	o	 flanelinha.	Ele	não	 faz	nada	o	dia	 todo.	 Só	aparece	para
cobrar.	É	como	se	o	seu	Madruga	tivesse	o	emprego	do	seu	Barriga.
	
Ele	 fica	dando	palpite	e	ainda	 leva	o	seu	dinheiro.	Se	quisesse	alguém
assim	na	minha	vida,	teria	me	casado.
	
Você	para	o	carro,	ele	aparece	do	nada	e	já	sai	falando:
–	E	aí,	tio?	Quer	que	cuida?
–	Quero!	Da	sua	vida.
	
Você	desce	do	carro	e	ele	diz:
–	E	aí,	patrão?
–	Sou	patrão?	Então,	tá	demitido!
	
Ele	sempre	vem	pedir	para	olhar	e	quer	dinheiro	para	isso.	Olhar	algo
que	é	meu!	Eu	que	devia	cobrar	ingresso...	Ele	é	tão	cara	de	pau	que	se	for	a
um	strip	club	deve	tirar	o	dinheiro	da	calcinha	da	dançarina:
–	Já	olhei	seu	corpo,	agora	me	dá	um	trocado.
	
Eu	 pago	 imposto,	 IPVA...	 e	 o	 flanelinha	 não	 paga	 nada.	 A	 rua	 é	 mais
minha	do	que	dele.	Podia	chegar	nele	e	dizer:
–	Vai	ficar	parado	aí	na	calçada	mesmo?	Então,	me	dá	dois	reais.
	
Mendigo	para	mim	é	um	flanelinha	honesto:
–	Não	vou	olhar	nada.	Não	cuido	nem	de	mim.	Agora,	dá	dinheiro	pra
comprar	pinga?
	
Você	acha	que	o	flanelinha	vai	arriscar	a	vida	dele	por	dois	reais?
–	Ei,	 ladrão,	não	mexe	aí.	Esse	estranho	me	deu	 três	moedinhas	e	por
isso	vai	ter	que	passar	pelo	meu	cadáver	para	levar	esse	carro	aqui.
Uma	dica:	 você	nunca	mais	 quer	 pagar	 flanelinha?	Antes	 de	 ir	 para	 o
carro,	 coloque	 uma	 meia-calça	 na	 cabeça.	 Duvido	 ele	 chegar	 perto	 para
pedir	algo.
***
Aí	quando	você	não	tem	que	pagar	para	o	 flanelinha	maconheiro,	 tem
que	pagar	para	o	flanelinha	da	Prefeitura	de	São	Paulo,	que	se	chama...	Zona
Azul!
Aliás,	de	onde	tiraram	esse	nome,	“Zona	Azul”?	Zona	Azul	para	mim	é	o
puteiro	do	Avatar.
	
	
Procedimentos	de	emergência
	
É	normal	 ter	medo	de	 voar	 em	avião.	 Lembro	 a	primeira	 vez	 em	que
entrei	em	um.	Ele	decolou	e	eu	disse	para	a	menina	do	lado:
–	Por	favor,	posso	segurar	a	sua	mão?
–	Claro,	você	tem	medo	de	andar	de	avião?
–	Eu	não,	e	você?
	
Lembro	de	uma	 japonesa	perto	de	mim	em	outra	poltrona.	Quando	o
avião	saiu	do	chão,	ela	começou	a	gritar:
–	Não	posso	voar,	não	posso	voar!
Pensei:	 “Eu	 também	não	posso...	 por	 isso	paguei	 e	 estou	 aqui,	 porque
não	posso	voar”.
	
Até	hoje	não	sei	o	que	responder	quando	me	perguntam	se	eu	gosto	de
andar	 de	 avião,	 pois	 sempre	 que	 estou	 lá	 dentro,	 o	 avião	 anda	 bem
pouquinho.	O	resto	do	trajeto	ele	faz	voando.
***
Eles	fazem	de	tudo	para	que	eu	tenha	medo	de	avião.	A	primeira	coisa
que	dizem	é:	 “Temos	saída	de	emergência	na	 frente	e	atrás”.	A	aeromoça
ainda	 aponta:	 para	 frente	 e	 atrás.	 Graças	 a	 Deus	 ela	 é	 treinada!	 Ela	 sabe
onde	fica	a	parte	da	frente	e	onde	fica	a	de	trás	para	mostrar	para	a	gente!
***
Agora,	graças	a	Deus	inventaram	a	saída	de	emergência	no	avião.
–	Com	licença,	aeromoça.	O	avião	está	caindo.	Isso	é	um	absurdo	porque
eu	paguei	pra	voar	e	não	pra	cair.	Não	vou	mais	ficar	aqui.	Onde	é	a	saída?
***
Uma	 coisa	 que	 você	 escuta	 quando	 entra	 em	 um	 avião:	 “Em	 caso	 de
emergência	 temos	 coletes	 salva-vidas”.	 Ah!	 O	 que	 eles	 dão	 no	 navio?
Paraquedas?
–	Um	iceberg!	Bateu!	Sai	da	frente!	Jerônimooooo!
***
Eu	gosto	do	“Sua	poltrona	é	equipada	com	assento	flutuante”.	Boa!	Deu
pane?	Abra	a	porta	e	saia	flutuando	com	a	poltrona,	como	se	fosse	aqueles
aerolitos	do	Chapolin.	Vrummm...	Vrummm...	Vrummm...
***
Gosto	 quando	dizem:	 “Pedimos	 que	mantenham	o	 cinto	 de	 segurança
afivelado	enquanto	permanecerem	sentados”.	Essa	é	uma	boa	dica,	porque
já	tentei	fechar	em	pé	e	não	dá.
	
Ainda	bem	que	há	cinto	de	segurança	lá.	Afinal,	se	um	dia	eu	estiver	em
um	avião	e	ele	der	uma	freada	brusca	no	ar,	não	saio	voando	pela	janela.
***
Repare	que	sempre	que	você	está	colocando	o	cinto	a	aeromoça	passa
por	 você,	 vai	 lá	 no	 fundo,	 senta	 na	 cadeira	 dela,	 coloca	 um	 cinto	 em	 um
ombro,	um	cinto	em	outro,	prende	a	cintura,	segura	nas	laterais.	E	a	gente
lá,	 com	 um	 simples	 cintinho!	 Sempre	 acho	 queaquela	 vaca	 sabe	 alguma
coisa	que	eu	não	sei.	Vou	chupar	o	piloto	também	para	ver	se	ele	me	fala.
***
Ainda	 tem	 aquela:	 “Em	 caso	 de	 emergência	 máscaras	 de	 oxigênio
cairão”.	 Acharia	 melhor	 se	 aquela	 máscara	 na	 verdade	 fosse	 de	 tirar	 o
oxigênio.	 Se	o	avião	 começar	a	 cair	 eu	prefiro	morrer	 logo	a	me	 ferrar	 lá
embaixo.
	
Mas	 não!	 Além	 de	 o	 avião	 cair,	 ainda	 dão	 oxigênio	 para	 você	 ficar
consciente!
–	 Ahhhh,	 estou	 caindo	 e	 estou	 consciente	 graças	 ao	 oxigênio	 da
máscara!	Vou	morrer!	Ahhhh,	não...	me	borrei	todo!	Vão	achar	meu	corpo
todo	cagado	agora.	Que	vergonha!
	
Eles	podiam	ter	mais	consideração	por	nós.	Podiam	pelo	menos	colocar
benzina	naquela	máscara.	Já	ajudava,	não	é?
–	O	avião	está	caindo!
–	 Depois	 de	 cheirar	 o	 que	 tem	 na	 máscara,	 para	 mim,	 está	 voando.
Hummm...	Aladim,	é	você	aqui?	Cadê	o	seu	tapete?	Segurem-se	em	mim	que
vou	balançar	os	braços	e	voar.
Agora	eu	sei...	É	isso	que	minha	mãe	cheira	para	cantar!
	
Eles	explicam	direitinho:
–	Pedimos	que	usem	a	máscara	entre	o	nariz	e	a	boca.
Sou	 contra	 essa	 explicação.	 Se	 o	 cara	 não	 souber	 que	 é	 para	 usar	 a
máscara	entre	o	nariz	e	a	boca,	tem	mais	é	que	morrer.
	
Segurança,	mas	nem	tanto!
	
Sobre	toda	essa	frescura	de	equipamento	de	segurança	no	avião	nunca
ouvi	alguém	dizer:
–	 Nossa,	 foi	 terrível!	 Estava	 no	 avião,	 ele	 caiu.	 Explodiu.	 Foi	 um
desastre.	Não	sei	onde	eu	estaria	agora	se	não	fosse	aquela	mascarazinha!
Coloquei	ela	primeiro	em	mim,	depois	nas	crianças.	Igual	mandam.	Tô	aqui
pra	contar	a	história!	Teve	um	cara	que	colocou	primeiro	no	filho	dele,	se
ferrou.	Foi	rebelde.	Morreu.
***
Já	sentei	perto	da	saída	de	emergência	e	vi	escrito:	“Não	pise	na	asa”.
Estão	realmente	preocupados	com	a	sua	segurança.	Se	resolver	sair	 lá
fora,	saiba	que	a	asa	não	é	um	lugar	seguro	para	pisar.	A	primeira	vez	que	li
isso	pensei:
–	 Vou	 respeitar!	 Por	 mais	 que	 eu	 queira	 ir	 lá	 fora	 sapatear	 um
pouquinho.	 Vou	 respeitar.	 O	 avião	 é	 meu?	 Não!	 Sou	 visita	 aqui,	 vou
respeitar!
***
Quando	 tem	 um	 acidente	 aéreo	 eles	 começam	 a	 investigar,	 querem
saber	de	quem	foi	a	culpa.	Se	foi	do	piloto	vão	fazer	o	quê?
–	Vamos	juntar	todos	os	pedaços	e	prendê-lo	num	túmulo	de	segurança
máxima	pra	ele	pagar	pelo	erro.
Se	foi	da	torre?
–	Vamos	dar	um	xeque-mate	nela!
	
Aí	eles	vão	atrás	da	caixa-preta.	Porque	a	caixa-preta	sabe	tudo,	né?	Ela
é	sabichona!	Então	por	que	não	a	colocam	para	pilotar	o	avião?
	
Não	 seria	 bom	 se	 na	 nossa	 vida	 tivesse	 uma	 caixa-preta?	 Seu	marido
chega	às	duas	da	manhã	em	casa:
–	Amor,	onde	estava	até	agora?
–	Na	reunião	da	empresa.
–	Tudo	bem.	Vamos	ver	na	caixa-preta?
Imagina	a	coletiva	de	imprensa	do	Menudo	em	1985:
–	Ricky	Martin,	você	é	gay?
–	Não!
–	Vamos	ver	na	caixa-preta?
***
Resumindo:	 nada	 que	 tem	 no	 avião	 para	 a	 sua	 segurança	 te	 salva	 de
algum	acidente.	Só	tem	uma	coisa	que	você	pode	fazer	quando	estiver	lá	e
ele	começar	a	cair:	ter	pensamento	positivo.	Só	isso!	Se	o	avião	começar	a
cair,	você	precisa	se	levantar	e	dizer:
–	 Pessoal,	 vocês	 já	 perceberam,	 o	 avião	 está	 caindo.	 Vamos	 todos	 ter
pensamento	positivo	agora.	Vamos	lá,	todo	mundo	junto:	“Em	cima	de	um
flanelinha!	Em	cima	de	um	flanelinha!”.
	
Vomitar	no	voo
	
Eu	já	sobrevivi	a	um	acidente	aéreo	uma	vez.	Vomitei	no	avião.	É	uma
merda	vomitar	no	avião	porque	não	tem	nada	acontecendo	durante	o	voo,
nada.	Então,	quem	vomita	é	a	Sessão	da	tarde	do	voo.
O	 que	 há	 de	 tão	 interessante	 para	 se	 olhar	 e	 comentar	 enquanto	 um
cara	vomita?
–	Ei,	o	que	é	aquilo	lá?	É	macarrão?
–	É,	sim.	É	parafuso.	Desceu	girando,	eu	vi.
***
Sempre	que	você	está	passando	mal,	não	interessa	do	quê,	vem	alguém
do	seu	lado	e	fala:
–	Pô...	vê	se	melhora.
–	 Puta	 ideia!	 Nunca	 tinha	 pensado	 nisso	 antes.	 Vou	 ver	 se	 melhoro!
Valeu!
***
No	saquinho	de	vômito	está	escrito	assim:	“Para	seu	conforto	em	caso
de	 indisposição”.	 Quem	 fica	 confortável	 vomitando	 aqui?	 Como	 um
saquinho	 pode	 trazer	 conforto	 para	 alguém?	 Eu	 vomito	 no	 saquinho,
amarro	e	faço	um	travesseiro	agora.	Oba!
***
Está	 escrito	no	 saquinho	 também:	 “Após	utilizar,	 chame	a	 aeromoça”.
Que	pena!	Tinha	pensado	em	chama-la	antes:
–	Aeromoça,	corre	aqui!	Corre!	Corre!	Abra	a	mão	agora.	Blarrrgh!
	
Dar	 um	 saco	 de	 vômito	 para	 uma	 aeromoça?	 Que	 bela	 coisa	 para	 se
entregar	 a	 uma	 dama,	 não?	 Qual	 a	 melhor	 coisa	 para	 se	 dizer	 antes	 de
entregar	isso?
–	Com	licença,	aeromoça.	Não	sei	se	a	senhora	lembra.	Agora	há	pouco,
a	 senhora	me	 serviu	 uma	 quiche	 com	 salada.	 Então...	 já	 usei	 o	 saquinho,
toma	aí.	Muito	obrigado.
	
Classe	econômica
	
Você	 paga	 caro	 para	 andar	 de	 avião.	 Quando	 eu	 optei	 pela	 classe
econômica,	a	ideia	era	que	eu	economizasse,	não	eles.
	
A	classe	está	tão	econômica	que	um	dia	você	vai	entrar	no	avião	e	vai
ouvir	a	aeromoça:
–	 Senhoras	 e	 senhores,	 eu	 poderia	 estar	 matando,	 eu	 poderia	 estar
roubando...
***
Posso	 falar?	No	 avião	 devia	 ter	 o	 que	 você	 quisesse	 para	 comer,	 pois
você	 paga	 bem	 caro	 para	 andar	 naquilo.	 Além	da	 passagem,	 ainda	 fazem
você	 pagar	 uma	 coisa	 à	 parte	 que	 se	 chama	 taxa	 de	 embarque.	 Por	 que
pagar	a	taxa	de	embarque	separado	da	passagem?
–	Aqui	está	sua	passagem.	Vai	pagar	a	taxa	de	embarque?
–	Não,	não	vou	embarcar.	Só	queria	a	passagem	porque	faço	coleção	e
só	 faltava	 essa	 aqui:	Belo	Horizonte.	Você	quer?	Então	 vamos	bater	bafo.
Põe	a	sua	aí.	Êêêê...	Ganhei.
	
E	eles	acham,	a	todo	momento,	que	estão	lhe	fazendo	um	grande	favor.
Você	 pagou	 o	 que	 eles	 quiseram	 para	 te	 colocarem	 lá	 dentro.	 Aí	 você
escuta:
–	Aqui	quem	 fala	é	o	comandante	Nogueira.	Gostaria	de	 informar	que
tenho	permissão	para	decolar.
–	Uau!	Mas	que	bom,	hein,	Nogueira?
Era	o	mínimo	que	eu	esperava	do	Nogueira!
Imagine	se	o	Nogueira	não	tivesse	a	permissão:
–	 Atenção,	 senhores	 passageiros,	 aqui	 quem	 fala	 é	 o	 comandante
Nogueira.	 Gostaria	 de	 informar	 que	 não	 tenho	 permissão	 para	 decolar.
Apertem	os	cintos	que	vou	pegar	a	Bandeirantes	e	em	seguida	a	Dutra.	Boa
viagem!
	
Atraso	de	voo
	
Estava	no	aeroporto	e	meu	voo	estava	mais	atrasado	que	o	aluguel	do
seu	Madruga.	Aí	o	pessoal	começa	a	reclamar:
–	Que	absurdo	os	voos	atrasando	nos	aeroportos!
Mas	eu	acharia	absurdo	se	os	voos	 tivessem	atrasando	nos	pontos	de
táxi.
***
Voo	 é	 igual	 menstruação	 da	 sua	 namorada.	 Se	 atrasar	 com	 você...
desespero!
***
Um	dia	meu	voo	já	estava	atrasado	há	quatro	horas	quando	ouvi:
–	O	embarque	vai	começar	em	instantes.	Idosos,	gestantes	e	passageiros
com	problemas	de	locomoção,	por	favor,	dirijam-se	ao	portão	preferencial.
Fui	lá	e	me	barraram.	O	cara	disse:
–	 Você	 não	 é	 gestante,	 não	 é	 idoso	 e	 não	 parece	 ter	 problema	 de
locomoção.
–	Era	pra	eu	ter	me	locomovido	pra	Curitiba	quatro	horas	atrás.	Isso	me
parece	um	problema	de	locomoção.
***
Outra	 vez	o	povo	 ficou	 revoltado	 com	o	 atraso	dos	 voos.	 Invadiram	a
pista.	O	que	eles	queriam	invadindo	a	pista	de	voo?
–	Já	que	o	avião	não	chega,	eu	vou	sozinho.	Dá	licença	aí,	dá	licença.	Já
abri	os	braços,	ninguém	me	segura!
	
Antes	de	subir
	
A	encheção	de	saco	começa	no	aeroporto,	antes	de	subir	no	avião.	Você
tem	 que	 passar	 pelo	 detector	 de	metais	 e	 fazem	 você	 tirar	 até	 o	 boné	 e
passá-lo	no	raio	X.	Meu	boné	já	deve	estar	com	câncer	de	tanto	que	passa
por	 lá.	 E	 não	 adianta	 tirar	 o	 boné	 e	 mostrar	 que	 não	 tem	 nada.	 Precisa
passar	pelo	raio	X.	Eles	sempre	dizem:
–	Pode	ter	uma	coisa	escondida	nele!
–	E	tem!	A	minha	cabeça!
Eles	 devem	 ter	medo	 de	 que	 seja	 o	 boné	 do	 Criss	 Angel	 ou	 do	David
Copperfield.	Vai	que	tiro	meu	boné	e	digo:
–	Senhoras	e	senhores,	estão	vendo	alguma	coisa	no	meu	chapéu?	Nada
no	meu	chapéu?	Alakazam!	Olha	só!	Estou	tirando	uma	metralhadora!
***
A	primeira	 vez	 que	 eu	 saí	 do	 país	 na	minha	 vida	 foi	 quando	 fui	 para
Guarulhos.
	
Não	 sabia,	 mas	 quando	 você	 sai	 do	 paísnão	 pode	 levar	 xampu,
desodorante,	 perfume	 na	 bagagem	 de	 mão...	 O	 cara	 da	 alfândega	 abriu
minha	mala,	achou	um	xampu	e	disse:
–	Isso	aqui	é	xampu!
–	É?	Se	não	for,	vou	reclamar!	Paguei	7,50	reais	nisso,	então,	espero	que
seja!
–	Não,	isso	aqui	é	xampu	e	você	não	pode	viajar	com	xampu.
–	Eu	sei.	Por	isso	estou	indo	com	avião.	Se	pudesse	ir	com	xampu,	sairia
mais	em	conta.	Comprava	aquele	dois	em	um	e	conheceria	dois	países	com
o	mesmo	frasco.
Ele	me	 fez	 jogar	 o	 xampu	no	 lixo.	Mas	 por	 que	 não	 posso	 viajar	 com
xampu	em	um	avião?	O	que	posso	fazer	contra	a	segurança	mundial?
–	Escuta	aqui.	Vou	falar	só	uma	vez,	beleza?	Ou	você	joga	o	avião	contra
aquela	torre	ali	ou	vou	deixar	seu	cabelo	sedoso	e	macio.
	
	
Xampu
	
Já	vi	xampu	para	definir	cachos,	para	dar	brilho,	para	dar	volume,	para
tirar	volume,	para	clarear,	para	escurecer...	 já	vi	de	tudo	escrito	no	rótulo
do	xampu.	Mas	até	hoje	juro	que	nunca	vi	escrito:	“Lava	o	cabelo”.
***
Todo	 xampu	 fala	 que	 vai	 deixar	 seu	 cabelo	 cheio	 de	 vida.	 Sabe	 o	 que
deixa	seu	cabelo	cheio	de	vida?	Piolho.
***
Graças	 à	 Deus,	 todo	 o	 xampu	 tem	 a	 instrução	 passo	 a	 passo:	 “Como
utilizar	o	xampu”:
Coloque	na	mão.
Passe	no	cabelo.
Enxágue.
Certamente	se	não	tivesse	essa	instrução	alguém	ia	colocar	o	xampu	na
mão	e	falar:
–	 Putz...	 e	 agora?	 Onde	 eu	 coloco	 isso	 aqui?	 Não	 veio	 no	 manual	 de
instruções,	vou	ter	que	chutar...	Ahhhhh,	não	era	no	olho!	Ahhh,	vou	tentar
de	novo	em	outro	lugar.
	
Mas,	 calma,	 vem	escrito	no	 rótulo:	 “Em	caso	de	 contato	 com	os	 olhos
lavar	com	água”.	Olha	lá,	hein?	Não	vai	deixar	cair	xampu	no	olho	e	falar:
–	Ahhh,	caiu	xampu	no	meu	olho!	Cadê	o	condicionador?	Aeee...	agora
sim!	Sedoso	e	macio!
***
Todo	 xampu	 deve	 conter	maconha,	 pois	 todos	 te	 deixam	 com	 o	 olho
vermelho.
	
Não	 te	 incomoda	 saber	 que	 inventaram	 um	 tipo	 de	 xampu	 que	 não
irrita	o	olho?	Mas	me	revolta	saber	que	só	vendem	o	xampu	para	bebês.	E
bebês	não	têm	cabelo!	Seria	como	se	só	vendessem	Viagra	para	eunucos.
***
Apenas	 para	 encerrar,	 xampu	 de	 ovo	 é	 uma	 enganação.	 Se	 ovo	 fosse
bom	para	o	cabelo,	o	do	meu	saco	não	seria	crespo.
	
Maquiagem
	
Mulher	 é	 vaidosa.	 Sempre	 que	 eu	 vejo	mulher	 de	 chapinha	 eu	penso:
“Quem	ela	acha	que	está	enganando?	Dá	pra	ver	que	nem	os	cílios	dela	são
lisos”.
	
Mulher	se	maquia	para	quê?	Dizem	que	é	para	 ficar	bonita.	Quem	usa
maquiagem	então	está	admitindo	ser	feia?
	
Por	que	passar	aquela	graxa	no	olho?	Quer	 sombra	no	olho?	Coloca	a
mão	 na	 frente	 do	 rosto!	 E	 por	 que	 contornar	 o	 olho	 se	 não	 vai	 pintar	 lá
dentro?
	
Acho	 que	 é	 por	 isso	 que	 a	 gente	 sempre	 vai	 ver	 mais	 comediantes
homens	do	que	mulheres,	porque	mulher	é	muito	vaidosa	e	isso	atrapalha
um	pouco	na	hora	da	comédia.
Para	mim	é	fácil	falar:
–	Meu	pau	é	tão	pequeno	que	se	eu	fosse	numa	viagem	com	o	Gulliver	ia
precisar	de	um	carrão	para	impressionar	as	garotas	de	Lilliput.
É	fácil	para	um	comediante	homem	dizer:
–	Sou	tão	gordo	que	minha	endoscopia	precisou	ser	uma	produção	de
Steven	Spielberg.
Agora,	que	mulher	tem	coragem	de	falar:
–	 Eu	 tenho	 tanto	 culote!	 Quando	 estou	 pelada	 parece	 que	 estou	 com
calça	de	hipismo...
Que	mulher	tem	coragem	de	mostrar:
–	Vejam	aqui...	cintas	do	Doctor	Rey!
***
Mulher	não	perde	a	vaidade	nem	depois	de	velha.	Já	viu	velha	que	pinta
o	cabelo	de	roxo?	Para	quê?	Para	combinar	com	as	varizes?
Aí	fica	aquele	cabelo	roxo	em	cima	de	uma	pele	toda	enrugada...	Parece
até	um	saco	punk.
	
Papel	higiênico
	
Li	que	em	breve	a	internet	vai	substituir	o	papel.	Enfim,	você	saberá	que
o	futuro	chegou	quando	começar	a	limpar	a	bunda	com	seu	iPad.
***
Em	todos	esses	anos	assistindo	TV,	nunca	vi	ninguém	limpando	a	bunda
em	comercial	de	papel	higiênico.
	
Aliás,	 eu	 nunca	 entendi	 porque	 colocam	 desenhinhos	 no	 papel
higiênico.	Tudo	bem	que	tem	um	olho	ali.	Mas	eu	duvido	que	ele	enxergue	o
desenho.
	
Já	 viu	 o	 tipo	 de	 desenhinho	 que	 colocam?	 Coelhinhos.	 Tudo	 a	 ver
coelhinho	com	papel	higiênico,	né?	Se	um	mágico	for	ao	banheiro	e	acabar
o	papel	ele	tira	um	coelho	da	cartola	e	se	limpa	com	ele.
Ou	eles	acham	que	limpar	a	bunda	é	uma	brincadeira?	“Enquanto	você
se	limpa	ajude	o	coelinho	a	encontrar	a	toca”.
***
Outro	dia	vi	um	anúncio	de	papel	higiênico	que	dizia:	“O	nosso	papel	é
suave	de	um	lado	e	suave	de	outro”.	Grande	merda!	Vou	usar	um	lado	só.
***
Tem	 aquele	 papel	 com	 novo	 perfume!	 Novo	 perfume?	 Quando	 eu
compro	um	novo	perfume,	passo	no	pescoço	e	digo	pra	minha	namorada:
–	Vem.	Cheira	aqui.	Novo	perfume.
O	que	eu	devo	dizer	quando	usar	um	papel	desses?
***
Já	vi	demonstradoras	de	 tudo	que	é	produto	no	supermercado	menos
de	 papel	 higiênico.	 Como	 seria	 uma	 promotora	 de	 papel	 higiênico?	 Você
passa	no	corredor,	ela	abaixa	suas	calças	e	passa	o	papel	na	sua	bunda:
–	Sentiu	a	maciez,	senhor?
	
Período	menstrual
	
Existem	 três	 coisas	 que	 são	 privilégios	 da	 mulher:	 ser	 mãe,	 tocar	 os
próprios	peitos	e	usar	a	TPM	como	desculpa	para	chatear	o	homem	o	tanto
que	ela	quiser.
***
Para	 mim,	 menstruação	 sempre	 pareceu	 algo	 divertido.	 Deve	 ser
porque	quando	eu	era	criança	pegava	os	absorventes	da	minha	mãe	para
usar	como	colchonete	no	acampamento	do	Falcon.
***
A	 verdade	 é	 que	 a	 mulher	 sempre	 foi	 muito	 mais	 macho	 do	 que	 o
homem	para	suportar	os	infortúnios	da	natureza.	Menstruação	é	algo	que	o
homem	 não	 aguentaria	 mesmo.	 Primeiro	 porque	 ficamos	 com	 a	 mesma
cueca	 por	 uma	 semana.	 Não	 ia	 dar	 para	 fazer	 isso	 usando	 absorvente.
Segundo	porque	se	a	cueca	entrando	um	pouco	já	dá	desespero	e	queremos
tirar	na	hora,	imagina	um	O.B.!
	
O	 O.B.	 existe	 porque	 as	mulheres	 querem	 esconder	 o	 absorvente.	 Na
boa?	 Se	 essa	 for	 a	 única	 preocupação,	 melhor	 seria	 se	 preocupar	 em
esconder	 as	 facas.	 Sabemos	 que	 nesse	 período	 elas	 não	 querem	 ser	 as
únicas	a	sangrar	em	casa.
	
O	O.B.	é	como	um	paraquedas:	para	sair,	tem	que	puxar	a	cordinha.	E	se
alguma	coisa	der	errada	é	sangue	pra	todo	lado.
	
Quando	 eu	 era	 criança,	 lembro	 que	 tinha	 aquele	 comercial	 que	 dizia:
“Com	O.B.,	você	fica	tranquila”.
Nessa	mesma	época,	minha	mãe	me	disse	nervosa:
–	Porque	você	xingou	nossa	vizinha?	Vai	tomar	uma	surra!
–	Ah	mãe...	Vai	usar	um	O.B.	vai...
	
Hospital-escola
	
Já	reparou	no	nome	hospital-escola?	Esse	realmente	é	um	ótimo	lugar
para	se	aprender	a	fazer	as	coisas,	não?
	
Quem	será	que	dirige	a	ambulância	dos	caras?	Um	aluno	da	autoescola?
***
Como	eles	colocam	alguém	que	não	sabe	das	coisas	direito	para	atender
pacientes?	Imagine	só	o	doutor	dando	o	resultado	do	exame	para	alguém:
–	 Senhor,	 pelo	 que	 vejo	 aqui	 no	 seu	 exame	 não	 há	 motivos	 para	 se
preocupar.	Seu	resultado	de	HIV	deu	tudo	positivo!	Joia!
***
O	 que	 acontece	 se	 alguém	 fizer	 alguma	 merda	 no	 hospital-escola?	 O
diretor	o	chama	e	fala:
–	Escute	aqui...	Era	pra	fazer	transplante	de	rim	e	você	tirou	o	apêndice.
Leva	esse	bilhetinho	pro	seu	pai	assinar	senão	amanhã	você	não	entra.
***
O	pior	do	hospital-escola	são	as	pessoas	que	o	frequentam.	Eles	querem
disputar	para	ver	quem	tem	mais	doença.	Uma	velha	do	lado	da	minha	mãe,
por	exemplo,	dizia	estar	 “sentindo	uns	desmaios”.	 Sentir	 “uns	desmaios”?
Como	se	sente	esse	tipo	de	coisa?	Claro	que	segundo	a	minha	mãe	a	campeã
desse	tipo	de	sintoma	é	sempre	a	Sônia	do	Cláudio.
	
Cigarro
	
Recentemente,	 li	 uma	 pesquisa	 que	 dizia	 que	 a	 maioria	 das	 pessoas
começa	a	fumar	por	curiosidade.
–	Oh,	fiquei	curioso	agora.	Como	será	que	é	ter	um	enfisema,	hein?
***
Todo	mundo	mete	 o	 pau	 em	 cigarro,	mas	 ninguém	 fala,	 por	 exemplo,
que	 o	 cigarro	 tem	 um	 lado	 positivo:	 o	 cigarro	 emagrece.	 É	 comprovado
cientificamente	que	se	você	 fumar	por	uns	dez	anos	seguidos	você	perde,
no	mínimo,	uns	vinte	quilos...	do	pulmão	esquerdo.
***
Além	 desse,	 há	 outro	 lado	 positivo:	 o	 cigarro	 gera	 emprego.	 Gera
emprego	para	 o	 pessoal	 da	 fábrica	 decigarro,	 para	 o	 publicitário,	 para	 o
cardiologista.
***
No	mercado	 o	 cigarro	 é	 classificado	 com	um	 selo	 da	 categoria.	 Quem
fuma	sabe	disso:	tem	o	cigarro	classe	A,	classe	B,	classe	C,	classe	D,	classe	E,
classe	F	e	o	Derby.
	
O	Derby	é	um	cigarro	que	não	vem	com	aquelas	fotos	de	doença	atrás,
já	vem	com	o	testamento	para	o	cara	assinar.
	
Tenho	 um	 amigo	 que	 quando	 compra	 cigarro	 e	 vê	 aquela	 foto	 do
pulmão	podre	diz	que	não	quer,	manda	trocar:
–	Não,	o	do	câncer,	não.	Me	dá	o	do	feto	aí,	vai?	Nunca	vou	engravidar
mesmo,	foda-se.	Me	dá	o	do	feto.
	
Esse	meu	amigo	 é	 aficionado	por	 aquela	 foto	do	 cara	que	não	 tem	as
duas	 pernas.	 Sempre	 que	 ele	 compra	 um	 maço	 e	 vem	 essa	 foto	 ele	 fica
olhando	para	ela	e...	continua	fumando.	Não	sei	o	que	ele	está	pensando,	na
verdade.	Talvez	seja:	“E	agora?	Como	ele	vai	conseguir	correr	até	a	padaria
para	comprar	cigarro?”.
	
Você	 já	 ouviu	 falar	 de	 um	 monte	 de	 gente,	 de	 pessoas,	 de	 seres
humanos	que	morreram	por	 causa	do	cigarro	e	 continuam	 fumando.	Mas
na	hora	em	que	você	vê	a	foto	de	um	rato	morto	atrás	do	maço,	você	fala:
–	Essa	merda	mata	rato?	Mas	isso	é	perigoso!	Pra	mim,	chega!
	
Apesar	de	que	é	mais	provável	que	pense:	“Ah,	isso	aqui	mata	rato.	Por
isso	eu	fumo,	odeio	rato”.
	
A	 verdade	 é	 que	 escreveram	 na	 embalagem	 do	 cigarro	 “Fumar	 é
prejudicial	à	saúde”,	mas	continuaram	fumando.	Então	colocaram	a	foto	de
um	pulmão	podre	atrás	do	maço,	e	continuaram	fumando.	O	próximo	passo
é	 colocar	 um	 tumor	 em	 cada	maço.	 O	 cara	 compra	 e,	 em	 vez	 de	 puxar	 o
cigarro,	puxa	o	tumor:
–	Como	é	que	eu	acendo	isso	aqui,	hein?
–	Isso	aí	não	é	um	cigarro,	é	um	tumor.
–	 Ai	 que	 horror,	 meu	 Deus!	 Um	 tumor!	 Que	 coisa	 horrível!	 Tô
horrorizado,	eu	preciso	me	acalmar...	Me	dá	um	cigarro!
***
O	 fato	 é	que	muita	 gente	usa	o	 cigarro	 como	objeto	de	 fuga.	Por	 isso,
quando	o	cara	quer	fugir	de	casa,	ele	fala	para	a	esposa:
–	Amor,	eu	vou	ali	comprar	um	cigarro...
	
Tanto	é	que	naquele	filme	Star	Wars,	quando	o	Darth	Vader	diz	para	o
Luke:
–	Eu	sou	seu	pai.
Se	o	Luke	tivesse	falado:
–	E	por	onde	o	senhor	andou	esse	tempo,	pai?
O	Darth	Vader	responderia:
–	Eu	fui	comprar	um	cigarro...	 [respiração]	Por	 isso	eu	respiro	assim...
[respiração]	 Venha	 para	 o	 lado	 negro	 da	 força...	 [respiração]	 Toma	 um
Derby...
***
Todo	mundo	 sabe	 que	 cigarro	mata,	 mas,	 para	mim,	 o	 cigarro	 causa
uma	coisa	muito	pior	do	que	a	morte:	a	impotência.	Inclusive,	a	impotência
é	meio	parecida	com	a	morte	porque	nos	dois	casos	o	cara	está	lá,	deitadão,
sem	poder	fazer	nada.
	
A	prova	de	que	o	cigarro	causa	impotência	é	que	quando	o	cara	acaba
de	transar	o	que	ele	faz?	Fuma.
–	Já	usei,	pode	descer!
	
Por	 isso	 eu	 entendo	 que	 o	 cara	 que	 fuma	 procura	 uma	 parceira	 que
também	fuma,	porque	no	fundo	ele	sabe	que	daqui	a	alguns	anos	o	cigarro
vai	ser	tudo	o	que	ela	vai	ter	para	colocar	na	boca.
***
Eu	 me	 dou	 a	 liberdade	 para	 falar	 mal	 assim	 do	 cigarro	 porque	 sou
fumante.	Passivo,	mas	sou	fumante.	Não	fumo,	mas	há	quem	fume	por	mim.
Defino	o	fumo	passivo	assim:	o	fumante	passivo	está	parado,	então	o	ativo
pega	a	fumaça	que	estava	dentro	dele	e	sopra	na	cara	do	passivo.	E	aquilo
que	 estava	 dentro	 do	 ativo	 entra	 no	 passivo	 sem	 a	 sua	 permissão.	 É	 um
estupro,	mas	no	estado	gasoso.
***
Todo	 mundo	 sabe	 que	 cigarro	 fede.	 Faço	 muito	 show	 em	 bar	 e	 as
pessoas	sempre	fumam	muito	por	lá.	Então	sempre	saio	na	rua	fedendo	a
cigarro.	 Tanto	 é	 que	 outro	 dia	 saí	 do	meu	 show	 e	 veio	 um	mendigo	me
pedir	um	cigarro.	Estendi	o	dedo	para	 falar	que	não	 tinha,	 e	 ele	 tragou	o
meu	dedo.
	
Fumante	sabe	que	cigarro	fede,	por	isso,	quando	ele	acaba	de	fumar,	ele
chupa	o	quê?	Uma	bala.	Porque	não	quer	o	fedor	do	cigarro	na	boca	dele.
Agora,	no	meu	cabelo	e	na	minha	roupa	que	se	dane.
	
O	 cara	 acabar	 de	 fumar	 e	 chupar	 uma	 bala	 seria	 a	mesma	 coisa	 que
acabar	de	peidar	e	sentar	em	um	sabonete.
	
Segurança
	
Pequenas	 coisas	 podem	 transmitir	 ao	 ser	 humano	 a	 sensação	 de
segurança.	Um	olhar.	Um	abraço.	Um	revólver.
	
Inventamos	o	revólver	para	nos	sentirmos	seguros.	Depois	inventamos
a	 campanha	 do	 desarmamento	 pelo	 mesmo	 motivo.	 O	 homem	 é	 bem
indeciso.	Deve	ser	porque	saiu	da	mulher.
***
O	homem	adora	viver	perigosamente.	Mas	com	segurança:
–	Vou	correr	a	duzentos	quilômetros	por	hora.	Mas	com	cinto.
–	Vou	andar	na	corda	bamba.	Mas	com	rede	embaixo.
–	Vou	peidar	no	elevador.	Mas	em	silêncio.
–	Vou	casar.	Mas	com	separação	de	bens.
***
Você	sai	para	viajar	e	deixa	o	rádio	ligado	na	sala:
–	Agora	é	torcer	pros	ladrões	odiarem	rock	and	roll.
–	Mas	eu	deixei	na	BandFM,	é	pagode...
–	Não!	Queríamos	afastar	os	ladrões...	não	atraí-los!
***
O	prédio	está	pegando	fogo	e	você	lá:
–	Ahhh,	socorro!	Pelo	amor	de	Deus,	o	prédio	está	pegando	fogo!
Então	você	lê:	“Em	caso	de	emergência	quebre	o	vidro”:
–	Ahhh,	socorro!	O	prédio	tá	pegando	fogo	e	minha	mão	tá	toda	cortada!
	
E	aquele	aviso	que	diz	para	usar	a	escada	em	caso	de	fogo?	Veja	bem...
Se	o	sujeito	está	de	fogo,	a	escada	deveria	ser	a	última	coisa	a	ser	usada	por
ele.
	
Mas	 o	 melhor	 aviso	 de	 prédio	 ainda	 é	 aquele:	 “Antes	 de	 entrar	 no
elevador.	 Verifique	 se	 o	 mesmo	 encontra-se	 parado	 neste	 andar.	 Lei
9.502/97”.	Isso	é	uma	lei!
–	 Vou	 entrar	 no	 elevador	 e	 aaahhhrg!	 Socorro!	 Caí!	 Quebrei	 as	 duas
pernas	e	a	bacia!	Chamem	uma	ambulância!
–	Não!	Vou	chamar	o	camburão,	é	o	que	você	merece!
***
Minha	 mãe	 tem	 suas	 próprias	 técnicas	 de	 segurança.	 Toda	 noite,	 ela
pega	uma	corrente,	passa	pela	grade	do	portão,	pelo	muro	e	depois	 fecha
com	cadeado.	Mas	o	muro	e	o	portão	têm	a	altura	da	minha	cintura!	Pelo
menos	a	casa	está	segura	se	um	dos	sete	anões	tentar	roubá-la.	Se	o	Chuck,
o	boneco	assassino,	atacar	a	vizinhança	minha	mãe	se	livra.
***
Sabe	 uma	 medida	 de	 segurança	 muito	 eficaz	 que	 inventaram	 para
proteger	sua	família	de	coisas	terríveis?	Aquela	tela	que	aparece	antes	do
site	pornô:	“Você	é	maior	de	18?”.	Claro	que	um	adolescente	excitado	de	12
anos	vai	pensar:	“Ah,	poxa!	Não	é	ético	mentir	para	um	site	pornô.	Então,
vou	ver	Pokémon”.
	
	
McNerguersdrubalnergs
	
O	McDonald’s	tem	uma	equipe	de	executivos	só	para	decidir	os	nomes
dos	lanches.	Todos	se	reúnem	em	uma	sala	e	começam:
–	Bem,	 senhores,	 esse	 é	 o	 nosso	 novo	 lanche	 de	 frango.	 Como	 vamos
chamá-lo?
–	Que	tal	“lanche	de	frango”?
–	“Lanche	de	frango”?	De	jeito	nenhum.	É	um	absurdo	chamarmos	um
lanche	 de	 frango	 de	 “lanche	 de	 frango”.	 Vamos	 chamá-lo	 de
McNerguersdrubalnergs.
***
Nas	caixas	desses	lanches	está	sempre	escrito:	“100%	carne	bovina”.	De
que	parte	do	boi	tiram	aquele	picles	eu	não	sei.
***
A	 verdade	 é	 que	 odeio	 ter	 que	 falar	 os	 nomes	 desses	 lanches.	 Tenho
vergonha...	Por	isso	só	chego	lá	e	aponto.	Mas	a	atendente	quer	muito	que
eu	fale	o	nome:
–	Por	favor,	me	dá	um	daquele	ali?
–	Qual	seria,	senhor?
–	Aquele	ali.
–	Qual,	senhor?
–	O	de	frango.
–	Qual,	senhor?
–	Quantos	de	frango	tem	aí?
–	Um,	senhor.
–	Me	dá	o	de	frango,	então.
–	Qual,	senhor?
–	Aquele	ali!!!
–	Seria	o	McNerguersdrubalnergs,	senhor?
–	É.	Me	dá	esse	aí.
–	Qual,	senhor?
Então,	você	se	rende:
–	Tá	bom.	Me	dá	um	McNerguersdrubalnergs.
–	Um	caminhão-pipa	de	refrigerante	acompanha,	senhor?
	
Eles	parecem	aqueles	negões	de	filme	pornô.	Não	podem	ver	ninguém
entrando	que	vão	empurrando	o	maior.
	
Para	eles,	não	posso	ter	entrado	ali	só	para	beliscar	um	pouquinho.	Se
estou	 lá	 é	 porque	 acabei	 de	 fugir	 da	 Etiópia.	 Sempre	 oferecendo	 batata
grande,	refrigerante	grande...	Outro	dia	pensei:	“Seu	peito	é	grande.	Por	que
não	oferece	também?”.
	
–	 Não	 quero	 o	 maior,	 quero	 o	 pequenininho	 mesmo.	 O	 menor	 que
existe.	Vamos	supor	que	o	que	vendem	aqui	são	cantores.	Me	dá	o	Nelson
Ned.
	
–	Mas	por	 apenas	 três	 reais	 a	mais	 você	 leva	o	maior.	Não	 compensa
levar	o	menor.
–	Não	compensa?
–	Não.
–	Por	que	vende,	então?
–	É	que	queremos	omelhor	para	os	nossos	clientes,	senhor.
Olhei	para	trás	e	vi	um	japonês	tão	gordo	que	se	ele	ficasse	no	canto,	de
costas,	iam	achar	que	deixaram	o	Buda	de	castigo.
–	Quer	o	melhor	para	os	clientes?	Então	mande	ele	embora	para	comer
uma	salada!
	
Já	viu	algum	gordo	comendo	no	McDonald’s	nas	propagandas	de	TV?	A
pessoa	faz	regime	um	ano	e	não	emagrece.	Aí	 liga	a	TV	e	o	que	vê?	Gente
magra	comendo	no	McDonald’s.
–	Não	aguento	mais	 ser	 gorda.	Vou	 tomar	uma	decisão	 séria	para	 ser
gostosa	 igual	 a	 essa	 menina	 da	 propaganda.	 Vou	 agora	 mesmo	 pro
McDonald’s.
	
Fila	do	Mc
	
E	quando	a	fila	está	grande?	Aí	para	do	seu	lado	a	menininha	com	um
bloquinho	 de	 papel	 e	 uma	 caneta	 para	 anotar	 seu	 pedido.	 Se	 você	 está
desatento,	você	toma	um	susto.
–	Ah,	não!	Outra	multa!
Mas	ela	só	veio	anotar	o	pedido:
–	Qual	é	o	seu	pedido,	senhor?
–	Me	dá	aquele	ali.
–	Qual,	senhor?
–	 O	 McNerguersdrubalnergs.	 E	 nem	 precisa	 perguntar,	 não.	 Dá	 um
balde	de	refrigerante.	Arruma	uma	bacia	e	enche	de	batata.	Tem	a	carcaça
do	boi?	Põe	no	meio	do	pão	e	manda.	Acabei	de	fugir	da	Etiópia	e	vim	pra
cá.
	
Ela	anota	o	pedido	no	papel.	Tira	o	papel	com	o	pedido	do	bloquinho.
Segura	o	papel	com	seu	pedido.	Fica	em	pé	com	o	papel	com	seu	pedido.
Entrega	o	papel	com	seu	pedido.	Você	pega	o	papel	com	seu	pedido.	Segura
o	papel	com	seu	pedido.	Fica	em	pé	com	o	papel	com	seu	pedido.	Entrega	o
papel	com	seu	pedido	para	o	caixa.	O	caixa	pega	o	papel	com	seu	pedido,	o
amassa,	joga	para	trás	e	diz:
–	Qual	é	o	seu	pedido,	senhor?
	
Deposite	aqui	o	seu	troco
	
E	 aquele	 cofrinho	 que	 sempre	 tem	 ao	 lado	 do	 caixa	 em	 lanchonetes?
“Ajude	crianças	carentes.	Deposite	aqui	o	seu	troco”.
Um	 lugar	 que	 lucra	 200%	 em	 cima	 da	 batata	 não	 consegue	 ajudar
sozinho.	Minha	moedinha	vai	fazer	a	diferença.
***
Por	 que	 sempre	 crianças	 carentes?	 Por	 que	 ninguém	 ajuda,	 por
exemplo,	os	leprosos?	Que	se	danem	os	leprosos.	É	isso?	“Não	vamos	ajudá-
los...	eles	ficam	dando	uma	de	joão	sem	braço	por	aí.”
	
Digo,	 é	 legal	 colocar	 na	 propaganda	 uma	 criança	 com	 o	 nariz
escorrendo	no	rosto.	Mas	um	cara	com	o	nariz	escorrendo	do	rosto,	não.
	
Como	seria	um	cofrinho	para	fazer	doações	para	os	leprosos?	“Ajude	os
leprosos.	Deposite	aqui	um	dedo	ou	uma	orelha.”
	
Se	 tiver	 algum	 leproso	 lendo	 isso,	 me	 perdoe.	 É	 só	 brincadeira.	 Não
perca	a	cabeça.
	
Funcionário	do	mês
	
E	as	fotos	de	funcionário	do	mês?	Você	pode	encontrar	até	mais	de	um
funcionário	 em	 um	 mês.	 São	 chamados	 de	 destaques.	 Às	 vezes	 aquelas
paredes	têm	mais	destaques	que	escola	de	samba.
***
A	 foto	do	 funcionário	do	mês	me	 intriga.	Sempre	que	eu	entro	nesses
lugares,	 a	 primeira	 coisa	 que	 vejo	 é:	 “Aristides	 –	 funcionário	 do	mês”.	 E
penso:	“Nossa,	esse	Aristides	deve	trabalhar,	hein!”.
Olho	 em	 volta,	 cadê	 o	 Aristides?	 Nunca	 vi	 o	 funcionário	 do	 mês
trabalhando!
	
Acho	que	aqueles	quadrinhos	são	na	verdade	um	buraco	que	o	pessoal
fez	na	parede.	Aí	eles	enfiam	o	Aristides	na	parede	e	ele	fica	rindo	para	você
o	mês	inteiro:	“Putz!	É	dia	5	ainda!”.
	
Churrasco	grego
	
Churrasco	grego,	você	sabe	o	que	é?
É	 aquele	 churrasco	 que	 vende	 na	 rua	 e	 você	 sabe	 onde	 está	 a
barraquinha	só	pelo	cheiro.
–	 Hummmm,	 é	 ali!	 Cheiro	 de	 sovaco	 vindo	 dali.	 É	 ali	 que	 estão
comprando.
***
Eu	 pesquisei	 e	 sabe	 como	 eles	 chamam	 churrasco	 grego	 na	 Grécia?
Churrasco.
	
Na	real,	chamamos	aquilo	de	churrasco	grego	porque	para	comer	aquilo
precisa	 ter	 a	 coragem	 de	 Aquiles...	 e	 a	 força	 de	 Hércules	 se	 quiser	 cagar
depois.
***
Foi	essa	comida	que	iniciou	a	tradição	grega	de	quebrar	pratos.	Porque
se	 comermos	 aquilo	 em	 um	 prato	 a	 gordura	 não	 sai	 nem	 a	 pau.	 Precisa
quebrar	e	jogar	fora	mesmo.
***
Pergunte	a	um	grego:
–	Você	come	churrasco	grego?
–	Você	está	louco?	Acha	que	os	russos	brincam	de	roleta	russa?
***
Eu	quase	comi	churrasco	grego	uma	vez.	Quase.
Paguei.	Segurei	o	churrasco.	Só	desisti	quando	vi	o	cara	pegando	o	troco
na	gaveta	do	vinagrete.
Em	vez	de	ketchup	você	precisa	colocar	Pinhosol	no	seu	sanduíche.
***
Uma	vez	quis	ser	legal.	Vi	um	mendigo	ao	lado	da	barraca	e	disse:
–	Espera	o	vendedor	voltar	que	eu	te	pago	um	churrasco	grego.
Ele	me	disse:
–	Ei...	eu	sou	o	vendedor.
***
É	comum	ver	cachorros	observando	os	 frangos	daquelas	máquinas	de
assar.	Mas	você	não	vê	cachorros	observando	a	carne	do	churrasco	grego.
Sabe	por	quê?	Cachorros	não	são	canibais.
Na	boa,	aquilo	não	é	carne	de	boi.	É	carne	de	boi-zebu.
E	o	sal	grosso	não	é	para	temperar.	É	para	benzer.
***
A	 carne	 do	 churrasco	 grego	 fica	 o	 dia	 todo	 girando.	 Ela	 não	 para	 de
girar.	Mesmo	depois	que	você	a	engole.
***
Churrasco	 grego	me	 lembra	 o	 peão	 da	 casa	 própria	 do	 Silvio	 Santos.
Fica	 lá	 girando	 sem	 parar...	 e	 do	 lado	 tem	 sempre	 um	 pobre	 parado,
achando	que	fez	um	grande	negócio:
–	Choveu	ontem!	O	suco	é	grátis!
	
Sushi	erótico
	
Sabe	 o	 que	 é	 sushi	 erótico?	 É	 um	 restaurante	 que	 tem	 uma	 mulher
pelada	 deitada	 na	 mesa	 cheia	 de	 sushi	 em	 cima.	 Mas	 ainda	 assim	 eles
preferem	comer	o	sushi.	Isso	não	é	erótico.	É	gay.
	
Não	 tenho	nada	 contra	 gays.	 Inclusive,	 se	 eu	não	 fosse	heterossexual,
seria	um.
	
Só	 acho	 sushi	 erótico	 estranho.	 O	 que	 está	 escrito	 na	 carteira	 de
trabalho	 daquela	 mulher?	 Profissão:	 prato.	 E	 depois	 do	 banho,	 aquela
mulher	se	enxuga	com	o	quê?	Pano	de	prato?
	
Se	 um	 dia	 essa	 mulher	 fosse	 madrinha	 em	 um	 casamento	 grego,	 ela
voltaria	para	casa	com	fratura	exposta.
***
Agora,	imagine	a	inspeção	sanitária	ali:
–	Com	o	que	vocês	lavam	os	copos?
–	Detergente	neutro.
–	OK.	E	os	pratos?
–	Vagisil.
–	OK...
***
Em	 vez	 de	 sushi	 deveriam	 servir	 frios.	 Aquelas	 japonesas	 são	 umas
tábuas.
	
Sinceramente,	 não	 acho	 porquice	 servir	 comida	 na	 xana	 de	 alguém.
Acho	porquice	comer.
***
Se	uma	das	funcionárias	se	eletrocutar	em	um	acidente	de	trabalho,	já
sabemos	o	motivo:	serviram	enguia	no	almoço.
***
Os	 garçons	 devem	 andar	 com	 uma	 plaquinha:	 “Não	 aceitamos
reclamações	por	cabelo	na	comida”.
***
O	 pior	 é	 que	 não	 dá	 para	 brigar	 em	 um	 restaurante	 desses.	 Você	 vai
falar	o	quê?
–	Olha	aqui,	esse	sushi	está	uma	merda...	quer	saber?	Enfia	ele	no	rabo.
–	Tudo	bem.	Estava	lá	mesmo	até	agora.
***
Deve	 ser	 complicado	 sair	 com	 uma	 garota	 que	 trabalha	 em	 um	 lugar
desses.	Você	pergunta:
–	Que	cor	é	sua	calcinha?
–	Salmão.
–	Cor	salmão?
–	Não,	não...	salmão	mesmo,	olha	só.
	
Queria	 muito	 sair	 para	 jantar	 com	 uma	 menina	 dessas.	 Ia	 levá-la	 na
churrascaria,	esfregar	a	picanha	na	piroca	e	falar:
–	Come	aí	agora,	quero	ver.	É	churrasco	erótico.
	
	
Mata	barata
	
Você	está	na	sua	casa,	sua	mulher	levanta	e	sai	correndo	desesperada.
Por	 quê?	 Porque	 tinha	 uma	 barata.	 Aí	 você	 pensa:	 “Minha	 mulher	 saiu
correndo	para	longe	por	causa	disso	aqui?	Então,	vou	colocar	isso	na	minha
carteira”.
***
Sempre	que	aparece	uma	barata	alguém	entra	em	desespero:
–	Socorro,	uma	barata!	Socorro,	faz	alguma	coisa!
–	O	que	você	quer	que	eu	faça?
–	MATA	ELA!!!
–	Mas	por	que	eu	tenho	que	matar	a	barata?
–	Porque	ela	vai	passar	ali...	E	vai	embora	depois...
–	Que	ameaça!
–	Tem	que	matar	barata	porque	ela	transmite	doenças.
Então	tenho	que	sair	por	aí	matando	putas.
***
Um	 dia	 eu	 estava	 tomando	 banho	 e	 saiu	 uma	 barata	 do	 ralo	 do
chuveiro.	Não	a	matei,	podia	ser	minha	filha.
***
–	Tem	que	matar	barata	porque	ela	vem	aqui	na	superfície	à	procura	de
coisas	nojentas.
Mas	lá	no	esgoto	não	tinha	coisas	nojentas?	Agora,	se	a	barata	sai	lá	do
esgoto	e	vem	aqui	na	superfície	atrás	de	coisas	nojentas	e	está	dentro	da
sua	casa...	Então,	você	não	tem	muita	moral	para	falar	dela,	certo?
***
Ninguém	aqui	 admite	que	 tem	medo	de	barata.	 Todo	mundo	 fala	 que
tem	nojo.
Agora	eu	pergunto:	justifica	fazer	o	que	se	faz	com	a	barata	só	por	causa
de	nojo?	Vou	começar	a	fazer	isso	toda	vez	que	eu	sentir	nojo,	então:
–	Ei,seus	dois	emos,	parem	de	se	beijar!	Vou	dar	uma	chinelada	na	sua
língua!
	
Aliás,	podíamos	matar	a	barata	assim,	com	uma	chinelada	apenas.	Ela
iria	morrer,	todo	mundo	ficaria	feliz,	ela	não	sentiria	nada.	Mas,	não,	temos
que	encher	o	 traseiro	dela	de	veneno	para	ela	 ficar	 três	dias	agonizando,
para	você	passar	e	dizer:
–	 Há-há-há,	 achou	 que	 ia	 ser	 fácil	 morrer,	 né?	 Você	 vai	 servir	 de
exemplo	para	as	outras.
	
Rodeio
	
Falam	 que	 rodeio	 é	 um	 esporte.	 Eles	 jogam	 um	 animal	 estúpido	 na
arena,	e	o	que	colocam	embaixo	desse	animal	estúpido?	Um	boi.
***
No	 que	 o	 cara	 que	 inventou	 o	 rodeio	 estava	 pensando?	 Um	 dia	 ele
acordou,	olhou	para	o	boi	e	falou:
–	Quer	saber?	Já	te	corto	em	pedacinhos.	Arranco	teu	couro.	Aperto	os
peitos	da	tua	mulher	bem	na	tua	frente.	Mas	acho	que	ainda	dá	pra	ferrar
mais	um	pouquinho...	Acho	que	vou	apertar	o	seu	saco...	e	montar	em	cima
de	você...	e	chamar	um	monte	de	idiotas	pra	assistirem	a	isso.	Para	piorar,
vou	deixar	rolando	Michel	Teló	no	autofalante.
	
Fazem	 tudo	 isso	 com	 o	 boi	 e	 depois	 o	 vacinam	 para	 que	 não	 pegue
gripe.	 Agora	 já	 sabem	 porque	 existe	 a	 doença	 da	 vaca	 louca.	 Olha	 o	 que
fazem	com	a	família	dela.
***
Sabem	 que	 o	 boi	 pula	 no	 rodeio	 de	 dor,	 né?	 Ou	 achou	 que	 era	 de
alegria?
–	Ei,	 uma	 festa	 para	mim!	Vocês	 são	demais.	 Vou	pular	 agora	porque
não	me	contenho,	viva!
	
Queria	chegar	para	um	caubói	e	falar:
–	Vem	cá.	Eu	queria	que	alguém	apertasse	teu	saco	para	você	ver	como
é	bom.
O	que	será	que	ele	me	responderia?
–	Ah,	e	essa	calça?	Você	acha	que	ela	faz	o	quê	comigo?
***
Rodeio...	Que	tipo	de	esporte	é	esse	em	que	a	única	certeza	que	o	cara
tem	 é	 a	 de	 que	 vai	 cair	 e,	 ainda	 assim,	 prefere	 usar	 um	 chapéu	 a	 um
capacete?
	
O	salva-vidas	é	um	palhaço.	O	cara	confiou	a	vida	dele	na	mão	do	Bozo!
–	Fica	tranquilo,	nós	já	fizemos	seu	convênio	com	o	Circo	Garcia.
–	Eles	têm	ambulância?
–	Não...	mas	têm	calhambeque.	Cabem	muitos	deles	lá	dentro.
	
Afinal,	não	existe	nada	mais	seguro	que	ser	atropelado	por	um	boi,	abrir
o	olho	e	ver	um	palhaço:
–	Hua-hua,	he-he-he!
–	Quebrei	uma	costela.
–	Hua-hua,	he-he-he!
–	Tem	Dorflex	aí?
–	Não,	mas	tem	uma	torta!	Toma!	Hua-hua,	he-he-he!
	
Já	pensou	se	o	salva-vidas	na	praia	fosse	um	palhaço?	Você	ia	se	afogar,
ele	nadaria	até	você	e	falaria:
–	Ei!	Olha	aqui	a	minha	flor!	(splashhh)	Hua-hua,	he-he-he!
	
Mascotes	mimados
	
Sou	o	tipo	de	pessoa	que	gosta	mais	de	animal	do	que	de	gente.
Quem	já	experimentou	transar	com	uma	cabrita	sabe	bem	do	que	estou
falando.
***
Embora	eu	ame	os	animais,	consigo	nutrir	uma	boa	raiva	de	quem	trata
animal	como	se	fosse	gente.	Mas	não	estou	falando	da	mulher	do	meu	chefe
que	o	deixa	dormir	na	cama	dela.
Minha	mãe	é	uma	–	trata	o	gato	igual	a	uma	criança.	Fica	falando	com	o
bicho	como	se	fosse	gente:
–	E	aí,	o	que	você	quer	comer?
Queria	que	ele	respondesse	um	dia:
–	Lasanha.
Aí	ia	acabar	toda	essa	frescura.	Ela	ia	matar	o	gato	na	hora:
–	Morre,	Satanás!
***
Minha	mãe	pega	o	gato	no	colo	fica	falando	para	ele:
–	Cadê	o	gatinho?	Cadê	o	gatinho?
O	gato	deve	ficar	olhando	para	ela	e	pensando:
–	Essa	velha	é	cega!
***
Pior	é	quem	coloca	roupa	no	seu	bichinho	de	estimação.	Tenho	muita
dó.
Eu	mesmo	não	 vejo	 a	 hora	 de	 chegar	 em	 casa	 e	 arrancar	 as	 calças.	 E
tiram	essa	dádiva	do	animal	querendo	colocar	roupa	nele.
Onde	compram	roupas	para	cachorro?	Na	C&ÃO?
***
Lembro-me	do	dia	em	que	peguei	o	elevador	e	uma	velha	entrou	com	o
cachorro.	 Parou	 do	 meu	 lado	 e	 ficou	 olhando	 para	 mim.	 Disse	 para	 o
cachorro:
–	Fala	“oi”	pro	amiguinho.	Fala,	Dunga.
–	Posso	estar	enganado,	mas	acho	que	o	Dunga	não	sabe	falar.	E,	ainda
que	ele	fale,	não	sou	amiguinho	dele.
Ela	colocou	o	cachorro	no	chão	e	disse:
–	O	Dunga	gostou	de	você.
–	Tô	vendo...	ele	está	trepando	com	a	minha	perna.	Se	ele	faz	isso	com
você	por	perto,	imagina	a	hora	em	que	eu	ficar	a	sós	com	ele.
	
	
Supervalorização	do	sexo
	
O	 sexo	 está	 cada	 vez	mais	 supervalorizado	 na	 nossa	 sociedade.	 Viu	 o
preço	das	putas?
***
É	difícil	para	um	homem	viver	em	uma	sociedade	assim,	sabia?	Tudo	é
sexo.	 Você	 anda	 pela	 rua	 e	 vê	 mulher	 gostosa	 no	 outdoor,	 na	 banca	 de
jornal,	na	vitrine,	na	TV.	Vai	ficando	com	tesão,	não	vê	a	hora	de	chegar	em
casa	e	pegar	sua	mulher.	E,	quando	chega,	olha	para	ela	e	diz:
–	Vou	dar	um	rolê	na	rua.
***
O	sexo	está	tão	banalizado	que	até	eu	consigo	comer	alguém	às	vezes.
***
Mulher	pelada	vende	tudo,	não	é?	Até	roupa.
	
Qualquer	 coisa	 tem	mulher	 pelada.	Mas	 não	 tem	homem	pelado.	Não
tem	 um	 cara	 com	 uma	 bolsa	 da	 Louis	 Vuitton	 pendurada	 na	 piroca,
anunciando,	porque	mulher	não	precisa	disso,	ela	já	compra	qualquer	coisa
sem	estímulo.
	
A	serpente	ficou	tentando	fazer	Adão	pegar	a	maçã	e	ele	não	pegou.	Mas
quando	uma	mulher	pelada	ofereceu...	ele	pegou	na	hora.
	
Por	 isso	 a	 humanidade	 está	 na	 merda.	 Se,	 em	 vez	 de	 Moisés,	 uma
mulher	pelada	tivesse	descido	do	Sinai	com	os	Dez	Mandamentos...
–	Não	adulterarás...
–	É	isso!	É	isso!	Chega	de	pensar	putaria!
***
Com	 a	 webcam	 está	 fácil	 demais	 ver	 um	 peito	 a	 qualquer	 momento.
Apesar	de	que	tem	menina	que	compra	webcam	e	não	mostra	os	peitos.	Por
que	 fazem	 isso?	Sério.	Não	se	compra	webcam	por	outro	motivo	que	não
seja	para	mostrar	os	peitos.	Um	dia,	uma	menina	abriu	a	webcam	para	mim
e	eu	disse:
–	Mostra	os	peitos.
–	Vai	se	foder.
–	Estou	tentando.	Você	não	ajuda.
***
E	 sexo	 bizarro?	 Imagine	 essa	 cena:	 uma	 loira	 vem	 descendo	 com	 um
shortinho	branco	enfiado	na	bunda.	Aí	vêm	cinco	ninfetinhas	de	cada	lado
da	 loira,	 também	com	 shortinho	 enfiado	na	bunda.	 Então	 chega	um	anão
pulando,	 fantasiado	de	 tartaruga.	Em	qualquer	 lugar	do	mundo	 isso	 seria
um	pornô	bizarro.	No	Brasil,	 isso	é	o	maior	programa	infantil	de	todos	os
tempos.
	
Acessórios	para	transar
	
Não	 basta	 mais	 apenas	 fazer	 sexo.	 Tirar	 e	 colocar?	 Não!	 É	 coisa	 do
passado.
Agora	temos	que	inventar	umas	coisas	para	enfiar	no	meio	disso	tudo.
Pesquise	na	internet.	Você	vai	achar	produtos	como	calcinha	comestível.	De
quem	foi	a	ideia	de	embrulhar	uma	coisa	de	comer	com	outra	de	comer?	É
como	pedir	um	Big	Mac	e	ele	vir	embrulhado	num	bife.
–	Veio	me	comer	amor?
–	Não	vim	comer	a	calcinha.	Cadê?
***
Camisinha	que	esquenta.	Camisinha	que	esquenta?	Querem	fazer	o	que
com	isso?	Peru	assado?
Pelo	menos	você	tem	uma	desculpa	se	brochar:
–	Desculpa	amor,	é	que	estou	de	cabeça	quente	hoje...
***
Tenho	um	amigo	de	vinte	anos	que	tomou	Viagra.	Ele	disse	que	“era	só
pra	ver	como	era”.	Para	ver	como	era	o	quê?	Ele	nunca	ficou	de	pau	duro
antes?
***
Podólatras
	
Na	minha	opinião,	 uma	 coisa	 estranha	 é	 a	 tara	por	pés.	Aposto	que	 a
primeira	experiência	sexual	que	um	cara	desses	teve	foi	tocando	“pénheta”.
***
Os	 podólatras	 crescem	 a	 cada	 dia.	 Daqui	 a	 pouco	 a	 Jontex	 vai
desenvolver	uma	camisinha	especial	para	eles.	Ao	invés	de	lubrificante	vai
vir	com	Vodol.
Sexo	seguro.	Sem	doença.	Sem	frieira.
***
E	se	o	Wando	fosse	podólatra?	Em	vez	de	jogar	calcinhas,	a	mulherada
jogaria	meias	para	ele.
***
Outro	 dia	 vi	 um	 vídeo	 de	 uma	 suruba	 podólatra.	 Para	 chegarem	 no
orgasmo	o	cara	deitava	no	chão	e	o	pessoal	pisava	em	cima.	Não	acho	legal.
Acho	que	posso	chegar	aonde	eu	quero	sem	precisar	pisar	em	ninguém.
Suruba	onde	todo	mundo	pisa	em	todo	mundo?	Se	eu	levar	uma	bacia
de	uva	dá	para	aproveitar	e	fazer	a	festa	do	vinho	também.
***
Se	o	cara	além	de	gay	for	podólatra,	nunca	troque	os	sapatos	perto	dele.
Se	te	chamar	para	caminhar	na	praia,	diga:
–	Claro.	Peraí	que	vou	pegar	minhas	galochas.
E	quando	esse	cara	é	despedido	do	emprego?	Sabe	o	que	ele	faz	quando
toma	um	pé	na	bunda?	Goza.
	
Pai	e	mãe	transando
	
Toda	 criança	 tem	 imaginação	 muito	 fértil.	 Qualquer	 uma	 ao	 ouvir
barulhos	 à	 noite	 já	 imagina	 um	 monstro	 e	 fica	 com	 medo.	 Lembro	 que
quando	tinha	sete	anos	ouvi	uns	gemidos	vindos	do	quarto.	Abri	a	porta	e
era	algo	pior	que	um	monstro.Era	meu	pai	e	minha	mãe	transando.	Gritei:
–	Jason,	me	salva!	Freddy	Kruegger	me	leva	daqui!
***
Pai	e	a	mãe	transando	é	a	pior	coisa	que	uma	criança	pode	ver.	Depois
de	Teletubbies.
***
Vi	meu	pai	 e	minha	mãe	 transando	uma	 vez.	O	 pior	 é	 que	 não	 foi	 no
papai	e	mamãe.
Estava	 na	 sala	 e	 ouvi:	 “Ai,	 vem	 que	 é	 gostoso,	 vem	 que	 é	 gostoso”.
Levantei	correndo	e	abri	a	porta	do	quarto:	“Aaaah,	eu	também	quero	ir!”.
Quando	 vi	 meu	 pai	 comendo	 minha	 mãe,	 putz...	 fiquei...	 excitado.	 Tô
brincando,	 óbvio!	 Fiquei	 é	 horrorizado.	 Meu	 pai	 levantou	 com	 aquela
piroca	assim,	desse	tamanho,	parecia	o	monstro	do	lago	Ness	olhando	para
mim.	Chorei	mais	ainda,	pois	olhei	para	baixo	e	pensei:	“Sou	adotado!”.
Até	hoje	quando	lembro	aquela	imagem	da	minha	mãe	pelada	na	cama
eu	penso:	“Meu	pai	tinha	coragem,	hein”.
	
Aí	começam	as	explicações	de	adulto:
–	Filho,	quando	duas	pessoas	se	gostam	fazem	isso.
Chorei	mais	ainda,	pois	eu	sabia	que	meu	pai	me	amava.
Minha	mãe	quis	consertar	a	situação	e	bolou	uma	desculpa	sensacional:
–	Não	é	nada	de	mais.	O	pai	está	passando	pomada	na	mãe.
Mas	pensei:	 “Do	que	adianta	passar	pomada	 se	vai	dar	nela	 com	esse
chicote?”.
Depois	 de	 uns	 dias,	 caí	 na	 aula	 de	 educação	 física	 e	 ficou	 um	 roxo.	O
professor	falou:
–	Vem	aqui	que	vou	passar	pomada.
–	Vai	ter	que	me	matar	primeiro!
	
	
Pegue	aquela	fila	ali
	
Você	 entra	 no	 banco	 e	 a	 primeira	 coisa	 que	 acontece:	 vem	 uma
atendente	com	um	coletinho	e	ela	fala:
–	Posso	ajudar?
–	Pode!	Pague	minhas	contas	aí!
	
Não	importa	o	que	você	responda.	Ela	vai	sempre	falar:
–	Hmmm...	Então	pegue	aquela	fila	ali.
–	Nossa,	mas	que	grande	ajuda!	Uma	fila!
Não	importa.	É	isso	o	que	você	vai	ouvir:
–	Eu	vim	pagar	uma	conta.
–	Hmmm...	Então	pegue	aquela	fila	ali.
–	Eu	vim	receber.
–	Hmmm...	Então	pegue	aquela	fila	ali.
–	Estou	apertado,	só	vim	cagar.
–	Hmmm...	Então	pegue	aquela	fila	ali.
	
Imagina	se	você	é	atropelado,	chega	o	resgate	e	você	diz:
–	Me	ajuda!
–	Hmmm...	Então	pegue	aquela	fila	ali.
	
Dá	vontade	de	falar:
–	Escuta,	você	sabe	que	pode	ser	substituída	por	uma	plaquinha	“Pegue
aquela	fila	ali”?	Vou	falar	pro	seu	gerente.
–	Hmmm...	Então	pegue	aquela	fila	ali.
***
A	única	vez	 em	que	uma	atendente	me	 falou	algo	que	não	era	 “posso
ajudar?”	ou	“pegue	aquela	fila	ali”	foi	quando	entrei	no	banco	e	ela	disse:
–	Veio	resolver	assuntos	financeiros?
–	Eu...?	Ferrou,	fui	descoberto.	Pelo	amor	de	Deus,	estava	só	passando,
notei	que	tinha	uma	placa	em	que	havia	escrito	“banco”.	Então	pensei	em
entrar	 e	 comprar	 uns	 hoteizinhos	 pra	 colocar	 na	 avenida	 Atlântica.
Comprar	umas	casinhas	e	colocar	no	Morumbi.	Vou	comprar	uma	ferrovia.
Vim	tirar	sorte	ou	revés.	É	o	que	eu	vim	fazer	aqui.
–	Hmmm...	Então	pegue	aquela	fila	ali.
***
Caixa	 de	 banco,	 então,	 parece	 neurônio	 de	 loira:	 têm	muitos,	 mas	 só
dois	funcionam.	E	bem	devagar.
	
Banco	leva	muito	a	sério	a	expressão	“tempo	é	dinheiro”,	não	é?	Já	têm
seu	dinheiro,	e	querem	também	seu	tempo.
	
Outro	dia	li	em	um	adesivo:	“Os	cofres	desta	agência	são	equipados	com
ferramenta	de	retardo	de	tempo”.	Pelo	jeito	os	caixas	também	são.
	
Você	sempre	vai	ao	banco	e	fica	três	horas	na	fila.	E	é	sempre	atrás	de
você	que	tem	um	cara	que	fica	assim:
–	 Puta	merda...	 absurdo...	 votam	 na	 Dilma,	 olha	 o	 que	 dá...	 tô	 há	 três
horas	na	fila.
–	Eu	sei,	tô	na	sua	frente!
	
Caixa	eletrônico
	
O	 caixa	 eletrônico	 é	 bipolar.	 Na	 porta	 do	 banco	 você	 vê	 uma	 placa:
“Caixa	24	horas”.	E	logo	embaixo	tem	um	adesivo	em	que	se	lê:	“Horário	de
funcionamento	das	6:00	às	22:00	horas”.
	
Esse	aí	está	com	todo	meu	dinheiro	e	trabalha	menos	do	que	devia.	Isso
aí	não	é	caixa,	é	deputado.
***
Os	 caixas	 24	 horas	 são	 de	 autoatendimento.	 O	 que	 me	 levanta	 uma
pequena	dúvida.	Se	eu	me	autoatendo	ali,	por	que	pago	taxa	pelo	serviço?
***
Acho	 que	 uma	 das	 funções	 básicas	 do	 caixa	 eletrônico	 é	me	 fazer	 de
idiota.	Sempre	que	chego	lá	está	escrito:	“Por	favor,	insira	seu	cartão”.	Com
muita	boa	vontade,	você	insere.	Aí	aparece	escrito:	“Agora	retire	o	cartão”.
Insira	o	seu	cartão,	retire	o	seu	cartão,	insira	seu	cartão,	retire	seu	cartão...
Essa	merda	quer	o	quê?	Engravidar	do	meu	cartão?!
	
Será	por	isso	que	se	chama	transação	financeira?
	
Esse	é	o	único	tipo	de	transação	que,	quando	termino,	continuo	duro.
	
Só	que	é	 ilusório,	porque	sou	eu	quem	coloca	e	 retira,	 coloca	e	 retira,
mas	é	o	banco	que	está	me	fodendo	sempre!
***
Não	 vejo	 diferença	 entre	 um	 banco	 convencional	 e	 um	 banco	 de
esperma,	pois	nos	dois	 lugares	 fico	de	pé,	me	fodo	e	só	consigo	depositar
uma	mixaria.
***
Já	notou	que	no	caixa	há	uma	plaquinha:	“Jamais	forneça	sua	senha	para
estranhos”.	É	uma	dica.	 Será	que	antes	de	 colocarem	a	plaquinha	alguém
olhou	para	o	cara	de	trás	da	fila	e	falou:
–	Te	conheço?
–	Não...
–	 Ah,	 então	 toma	 aqui	minha	 senha...	 e	 o	 cadeado	 da	minha	 bicicleta.
Não	te	conheço	mesmo,	né?	Ah,	e	 toma	aqui	meu	filho.	Cuida	dele	que	eu
vou	ao	banheiro.
***
Outro	dia	eu	estava	lá	fazendo	a	transação	financeira	quando	apareceu
na	tela:	“Imprimir	comprovante?”.
–	 Não,	 vou	 copiar	 aqui	mesmo!	 O	 que	 é	 isso?	 Não	 vou	 dar	 gasto	 pro
banco	 do	 meu	 coração,	 não	 é	 mesmo?	 O	 código	 de	 barras	 se	 desenha
assim...
	
Vigia	do	banco
	
Outra	 coisa	 em	 banco	 projetada	 para	 te	 fazer	 de	 idiota	 é	 a	 porta
giratória.	Veja	bem,	é	só	vidro	para	as	pessoas	verem	você	sendo	idiota,	não
é?
Você	 vai	 entrar	 todo	 feliz:	 “Viva,	 vou	pegar	o	meu	dinheiro”...	 e	 poft...
trava	na	sua	cara.
Aí	 você	 tem	que	aguentar	o	 guardinha	 lá	do	outro	 lado	 te	 encarando.
Afinal,	ele	pode	te	encarar.	Só	porque	ele	está	atrás	da	base	do	Comandos
em	Ação.
	
Mas	o	quartel-general	do	cara	é	tipo	o	barril	do	Chaves.	Se	eu	entrar	e
gritar	“É	um	assalto!”,	ele	se	esconde	ali	atrás	chorando:
–	Pi,	pi,	pi,	pi,	pi,	pi.
***
Já	 vi	 mulher	 deixando	 tudo	 ali:	 anel,	 blusa,	 camisa.	 Acho	 que	 o
guardinha	fica	o	dia	todo	vendo	aquilo	e	pensando:
–	Isso,	vai...	Tira	a	blusa.	Se	quiser	entrar	vai	ter	que	tirar.	Meu	emprego
é	 bom...	 vai,	 tira...	 O	 que	mais	 você	 tem?	 Eu	 vi	 um	 cano	 aí	 no	 seu	 sutiã.
Vamos	tirando...
***
Outro	dia	quando	eu	fui	ao	banco	a	porta	travou.	O	guardinha	falou	para
mim:
–	Coloca	a	chave	do	carro	aí.
–	Já	estão	com	meu	dinheiro,	querem	meu	carro	também?
	
Põe	a	chave	do	carro,	põe	o	celular,	põe	moeda.	E	trava	de	novo.	Acabei
me	convencendo	de	que	era	um	ladrão.	Onde	está	minha	arma?	Procurei	no
meu	boné:
–	Ah!	Está	aqui,	olha.	Minha	metralhadora!	É	isso.
	
A	porta	continuava	a	travar:
–	Já	deixei	tudo	aí.
–	Não,	você	tem	mais	ferro	aí.
–	Antes	de	vir	para	cá	comi	Danoninho...	Não	peçam	para	eu	deixar	aí...
	
Tratamento	bancário
	
Os	 bancos	 deveriam	 tratar	 seus	 clientes	 com	 um	 pouco	 mais	 de
respeito.	 Se	 eu	 tivesse	um	estabelecimento	em	que	as	pessoas	deixassem
todo	o	dinheiro	lá,	iria	tratar	todo	mundo	como	rei.
Tenho	muita	raiva	do	banqueiro.	Primeiro,	porque	tenho	inveja	de	ele
ser	rico.	Segundo,	porque	ele	inventou	um	esquema	para	ficar	rico	que	é	o
seguinte:	você	se	fode	trabalhando	a	semana	toda.	Você	trabalha,	pega	todo
seu	dinheiro	e	deixa	lá.	Ele	pega	seu	dinheiro	e	fica	rico.	É	isso.	Tá	bem,	ele
foi	esperto	o	suficiente	para	inventar	isso.	Sorte	a	dele.	Mas	custava	tratar	a
gente	com	um	pouquinho	só	de	dignidade?
Eles	tratam	você	que	nem	lixo,	não	é	mesmo?	E	foi	você	que	deixou	tudo
lá.	Com	que	dinheiro	o	banqueiro	está	comendo	a	amante	no	 iate?	Com	o
seu!	Com	que	dinheiro	o	filho	do	banqueiro	está	cheirando	cocaína?	Com	o
seu!
Eles	deixam	você	dez	horas	na	fila	e	que	se	foda!	Sabe	como	devíamos
ser	 tratados	 no	 banco?	 Quando	 chegássemos,	 deveria	 ter	 um	 tapete
vermelho	nos	esperando.	Sabe	aquela	menina	do	 “posso	ajudar”?	Ela	não
devia	perguntar	nada,	ela	devia	chegar	e	já	chupar	meu	pau.	E	tinha	que	vir
o	gerente	para	limpar	a	rola	depois:
–	 Gostou,	 senhor?	 Muito	 bem.	 O	 senhor	 Safra	 está	 de	 quatro	 te
esperando.O	senhor	veio	encher	o	cu	dele	de	dinheiro,	não	veio?	Seja	bem-
vindo,	senhor.
***
A	gente	nunca	sabe	quem	resolve	nosso	problema	no	banco!	Você	fala:
–	Por	favor,	eu	queria	falar	com	seu	superior.
–	Eu	sou	o	superior	aqui.
–	Então	é	o	senhor	que	eu	vou	mandar	tomar	no	cu.
–	Espera	aí.	Vou	chamar	meu	gerente.
***
Por	isso	que	banco	chama	banco:	só	tem	cuzão	ali.
	
Dinheiro	falso
	
Isso	não	é	uma	coisa	tão	incomum	de	acontecer:	pegar	nota	de	dinheiro
falsa.	Já	peguei	várias	vezes.	Isso	é	ruim	porque	a	gente	só	descobre	que	a
nota	é	falsa	quando	vai	usá-la.	Sempre	quem	a	descobre	é	o	cara	do	balcão.
Aí	ele	quer	dar	uma	de	CSI,	né?
–	Ei...	Você	não	viu	que	o	tom	de	azul	da	nota	está	estranho?
–	Para	mim	está	normal.
–	É?	Numa	nota	de	cinquenta?
***
Você	só	percebe	que	é	falsa	depois	que	alguém	avisa.	Aí	fica	óbvio:
–	Como	eu	não	percebi?!
Atrás	da	nota,	em	vez	da	onça,	está	o	tigre	do	Sucrilhos.
***
Pegar	 nota	 falsa	 é	 igual	 a	 pegar	 doença	 venérea.	 Você	 descobre	 que
pegou	e	fala:
–	Putz!	Agora	deixa	eu	ver	para	quem	eu	vou	passar...	Vou	passar	para
mina	do	McDonald’s.	McNeggsgonorreggs!
***
Desejo	de	todo	o	coração	que,	pelo	menos	uma	vez	na	vida,	todo	mundo
pegue	uma	nota	de	dinheiro	 falsa.	Desejo.	Porque	o	ser	humano	tem	uma
angústia	 dentro	 de	 si.	 Ninguém	 aqui	 sabe	 o	 sentido	 da	 vida,	 não	 é?	Mas,
quando	você	tem	uma	nota	falsa	no	bolso,	você	tem	uma	missão	na	face	da
Terra:	se	livrar	dela.
Você	pensa	seriamente	no	assunto.	Passa	o	dia	bolando	um	plano:	se	eu
dobrar	a	nota	igual	à	bula	de	remédio	e	passá-la	de	noite,	no	escuro,	talvez
o	traveco	não	perceba.
	
Posso	ir	até	a	25	de	Março	e	se	o	cara	falar	que	a	nota	é	falsa,	eu	digo:
–	Ah...	E	esse	Ray	Ban	é	verdadeiro,	né?
	
Mas	 se	 você	 é	 educado,	 bem-criado,	 faz	 o	que	 é	 certo:	 a	mesma	 coisa
que	eu	fiz.	Peguei	a	nota	e	falei:
–	Escuta...	Você	 tem	cinco	de	dez	para	 trocar	uma	de	 cinquenta,	 hein,
mãe?
	
	
	
Sempre	que	tem	um	microfone,	tem	alguém	para	pegar	e	testar:
–	Alô!	Som!	–	é	o	cara	do	som.	–	Alô!	Som!	Som!
O	que	esse	cara	quer	ouvir?	Por	acaso:
–	Alô,	é	o	Som,	quem	fala?
Ou:
–	O	Som	não	está.	Quer	deixar	recado?	Saiu	com	a	Luz.
***
Tem	 também	 aquele	 cara	 que	 não	 entendo.	 Você	 conversa	meia	 hora
com	ele,	aí	ele	levanta,	olha	para	a	sua	cara	e	fala:
–	Ô,	aquele	abraço,	hein?
E	vai	embora	sem	dar	o	abraço.
Como	é	que	esse	cara	trepa?	A	mulher	deita	na	cama,	abre	a	perna	e	ele
fala:
–	Aquela	foda,	hein?
***
Tem	 aquele	 que	 “gosta	 de	 alguém	 como	 pessoa”.	 Dá	 para	 gostar	 de
outro	jeito?
–	 Eu	 gosto	muito	 do	 João	 como	pessoa.	Mas	 como	 rabanete	 ele	 é	 um
mau	caráter!	Ai	dele	se	me	aparecer	na	salada!
***
Tem	o	que	vai	beber,	levanta	o	copo	e	fala:
–	Saúde!
“Saúde”?	Isso	dá	cirrose!
***
Agora,	tem	um	cara	que	eu	odeio.	Se	você	faz	isso,	saiba	que	eu	te	odeio,
tá?	 É	 aquele	 cara	 que,	 quando	 você	 coloca	 vinho	 na	 taça,	 ele	 dá	 uma
cheirada.	A	que	conclusão	esse	cara	chega?	Uva!
Eu	tenho	muito	que	fazer	uma	coisa	antes	de	morrer.	Ainda	vou	fazer.
Antes	de	servir	um	cara	desses,	vou	pegar	a	garrafa	e	esfregar	o	mais	fundo
que	 eu	 conseguir	 na	 minha	 bunda.	 Sem	 pressa!	 Sem	 pressa...	 Vou
esfregando,	bem	meticuloso...	E	aí	vou	servir.	O	cara	dá	aquela	cheirada:
–	Uva-passa,	né?
***
E	aquele	cara	que	acaba	de	comer	e	vai	palitar	o	dente?	Mas	ele	é	bom
demais	para	 só	palitar	 o	dente.	 Então	 ele	 coloca	 a	 outra	mão	por	 cima,	 e
esconde:
–	Estou	enganando	todo	mundo	aqui,	há-há-há.	Só	viram	a	hora	em	que
eu	peguei	o	palito...	Depois,	sim-sim-salabim!	Há-há-há!	O	que	se	passa	aqui
embaixo?	Mistério!
	
Golpe	do	sequestro
	
Existe	uma	modalidade	de	crime	que	se	chama	golpe	do	sequestro.	Os
caras	 ligam	de	 dentro	 da	 cadeia	 falando	 que	 sequestraram	 o	 seu	 filho.	 O
que	falar	para	um	cara	desses?	“Você	está	preso”?
***
Não	 sei	 como	 bandido	 consegue	 usar	 o	 celular	 de	 dentro	 da	 cadeia.
Podia	jurar	que	se	o	cara	foi	parar	na	cadeia,	é	porque	perante	a	sociedade
acabaram-se	seus	créditos.
	
Acho	que	quando	eles	vão	presos	a	primeira	coisa	que	ouvem	da	polícia
é:
–	 Você	 tem	direito	 a	 um	 advogado.	 E	 por	 apenas	 cinquenta	 reais	 por
mês	você	fala	trezentos	minutos	pra	qualquer	 lugar	do	país.	Vai	 ficar	 fora
dessa?
***
Minha	mãe	caiu	no	golpe	do	sequestro.	Ligaram	para	ela	e	falaram:
–	Ou	a	senhora	deposita	a	grana	ou	nunca	mais	vai	ver	o	seu	filho.
Ela	 pegou	 a	 carteira	 e	 saiu	 desesperada	 na	 rua.	 Foi	 comprar	 rojão	 e
carvão	para	o	churrasco.
***
Li	no	jornal	que	uma	senhora	de	idade	(o	que	é	interessante	esse	termo,
pois	 de	 idade	 todos	 nós	 somos	 –	 cada	 um	 de	 uma	 diferente)	 recebeu	 o
golpe	do	sequestro,	enfartou	e	morreu.	Quer	dizer,	falar	que	vai	sequestrar
é	mais	perigoso	que	sequestrar.	Daqui	uns	dias	vão	ligar	e	falar:
–	Ou	a	senhora	deposita	a	grana	ou	vou	te	falar	uma	coisa.
	
A	 mãe	 da	 minha	 ex-namorada	 caiu	 no	 golpe	 do	 sequestro.	 Mas	 não
morreu.	Quer	dizer...	eu	gastei	telefone	à	toa.
	
	
Frases	de	fim	de	namoro
	
Não	importa	há	quanto	tempo	você	namora.	O	que	importa	é:	aproveite
agora,	namore.	Aproveite,	porque	vai	acabar.	Todo	dia,	milhões	de	namoros
terminam	no	mundo.	Não	é	o	seu	namoro	que	vai	dar	certo,	não	é?
	
Vamos	ser	realistas.	Todo	começo	de	namoro	é	surreal.	Mas	quando	vai
terminar,	um	quer	deixar	o	outro	mal.	Aí	começa	a	chantagem:
–	Você	não	pode	me	deixar.	Se	me	deixar,	você	nunca	mais	vai	arrumar
ninguém	como	eu.
–	Mas	a	ideia	é	essa!
	
–	Ah,	achei	que	a	gente	fosse	casar	e	ter	filhos.
–	Mas	nós	vamos.	Cada	um	com	uma	pessoa	diferente.
	
–	Não	me	deixe,	por	favor.	Vou	mudar.
–	Muda!	 Comece	 pelo	 Facebook:	 tire	 “em	um	 relacionamento	 sério”	 e
coloque	“solteiro”.
	
Uma	vez	uma	menina	disse	que	se	eu	a	deixasse	ela	se	mataria.
Deixei.
Seis	meses	depois	a	encontrei	na	rua	e	disse:
–	Viu	por	que	não	deu	certo?	Não	posso	confiar	em	você.
***
Tem	uma	coisa	clássica	que	você	ouve	quando	vai	terminar	o	namoro:
–	Se	você	me	deixar,	vou	sair	por	aí	e	dar	pra	todo	mundo.
–	Não	falando	que	fui	eu	que	indiquei,	tudo	bem...
	
Meu	fim	de	namoro
	
Estou	 há	 uns	 dez	 anos	 sem	 namorar.	 Tenho	 um	 problema	 sério	 com
relacionamentos.	Eu	não	confio	em	uma	mulher	que	 topa	sair	 comigo.	Eu
sempre	penso:	“tem	alguma	coisa	errada	com	essa	vaca”.
	
Já	 namorei	 sério	 uma	 vez	 há	 uns	 sete,	 oito	 anos	 atrás.	 Foi	 o	 único
namoro	sério	que	eu	tive.	Traumatizei.	Não	deu	certo,	mas	a	culpa	não	foi
minha.	Não	é	fácil	namorar	uma	pessoa	que	é	infantil,	egoísta.	Quando	vai
beijar	 na	 boca,	 arrota.	 Não	 é	 fácil	 namorar	 essa	 pessoa.	 Isso	 é	 o	 que	 ela
dizia.
	
Namorei	três	anos	com	ela.	Por	causa	da	igreja,	ela	queria	casar	virgem.
Mas	eu	frustei	o	plano	dela.	Por	três	anos	enchi	o	saco,	 insisti,	 insisti.	Um
dia,	ela,	só	de	raiva,	cedeu...	para	outro	cara.
	
Três	anos...	Sabe	o	que	é	você	se	submeter	a	um	relacionamento	de	três
anos	sem	sexo?	Quem	é	casado	sabe.
	
E	ela	tinha	um	ciúme	doentio.	Queria	saber	onde	eu	estava,	com	quem
eu	saía,	a	que	horas	voltava.	Poxa,	não	precisava	ter	ciúmes	de	mim.	Tá	na
cara:	se	eu	não	tenho	capacidade	para	comer	minha	namorada,	imagina	as
outras.
	
Um	dia	a	chamei	num	canto.	Pensei:	“Vou	ter	uma	conversa	séria	com
ela”.	Ninguém	precisa	saber	de	detalhes,	mas	a	chamei	e	falei:
–	Escute	aqui,	Patrícia	Alvez	Câmara,	que	mora	em	São	Bernardo	e	fez
fono	 na	 Metodista.	 (É	 Alvez	 com	 “z”	 se	 por	 acaso	 alguém	 quiser	 ver	 no
Orkut,	no	Facebook...)	A	gente	sai,	se	diverte,	não	acontece	nada.	Você	pra
mim	é	que	nem	meu	amigo,	o	Rogério.	Com	a	diferença	que	o	Rogério	eu	já
comi!
	
A	mãe	dela	 também	não	queria	que	a	gente	namorasse,	 sabe?	Um	dia
cheguei	na	casa	dela	e	ouvi	a	mãe	falando:
–	 Não,	 Patrícia	 Alvez	 Câmara,	 com	 “z”,	 não!	 Não	 acho	 o	 Danilo	 uma
bosta,	não.	Acho	que	se	a	bosta	cagasse,	seria	o	Danilo.
	
Beleza.	Decidi	então	ter	uma	conversa	com	a	mãe	dela.	Chamei-a	num
canto	e	falei	em	particular:
–	Escute	aqui,	Cleide	Alvez	Câmara.	Você	mora	em	São	Bernardo,	vende

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