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Prof. Alexandre Ferreira UNIDADE II Estudos Disciplinares Região, Fronteira e Território Observe o mapa. Uma fotografia de um determinado momento. Introdução Fonte: https://mapas.ibge.gov.br/ Uma porção específica de território localizada na divisa entre dois estados e que, exatamente devido a essa característica geográfica, é um ponto onde as Relações Internacionais são mais intensas. Fronteiras naturais x fronteiras artificiais Fronteira Fonte: https://br.pinterest.com/pin/372109987945277472 Transformações fundamentais do século XX. 1) Transformação da Ordem Pós-Westfaliana – valores universais limitam a soberania do Estado. Outros atores cada vez mais relevantes ganham espaço. 2) Globalização Econômica – um padrão histórico de mudança estrutural, mais do que uma transformação política e social já plenamente realizada. Estados e fronteiras Para os realistas, o Estado é o ator central das Relações Internacionais. Nessa linha de pensamento, teria duas funções primordiais: uma de âmbito interno (garantir a paz dentro de suas fronteiras) e uma de âmbito externo (garantir a segurança frente a possíveis ameaças externas – ou seja, garantir sua sobrevivência). Fronteiras são molduras dos Estados-nação: manifestações de transformações que estão se processando no interior das sociedades e nas relações de vizinhança. O realismo e as fronteiras As fronteiras, para os realistas, estão entre os principais pontos de entrada de pessoas e bens indesejáveis e que constituiriam assim um ponto nevrálgico para a manutenção da soberania do Estado. Nesse raciocínio, a vigilância dessas regiões é a política mais adequada, uma vez que perder a soberania significa perder poder e, no limite, deixar de existir enquanto unidade autônoma. O realismo e as fronteiras Para os liberais, todos os seres humanos, pelo simples fato de terem nascido, são possuidores de certos direitos naturais que devem ser respeitados (à vida, à liberdade, à propriedade, por exemplo). Assim, a preocupação fundamental desses teóricos reside em assegurar uma ordem social que garanta o pleno exercício desses direitos naturais. O universalismo seria o meio pelo qual essa ordem seria alcançada. Os liberais e as fronteiras Os novos espaços de poder O Estado neoliberal – função ambivalente Perda de poder e fragilização Reestruturação sob novas bases Neoliberalismo – privatização, flexibilização de transnacionais e ONGs Blocos econômicos, regulação financeira, trabalhista, fronteiriça, recursos energéticos De um lado, o Estado é a autoridade que seu território a partir da formulação de leis e da fiscalização do cumprimento das mesmas através do monopólio dos meios de coerção física. x Do outro, a nova realidade material diante de um mundo no qual as novas conexões globais não obedecem, a priori, à lógica restritiva das fronteiras nacionais. Quanto maior a integração e as redes cooperativas, menor o número de conflitos! (em teoria) As fronteiras naturais estão devidamente caracterizadas na opção: a) Podem ser rios, montanhas, mares, cânions. b) Podem ser definidas politicamente. c) Associassem-se, exclusivamente, aos rios. d) São representações fronteiriças bastante atuais. e) São traçados definidos de forma artificial. Interatividade As fronteiras naturais estão devidamente caracterizadas na opção: a) Podem ser rios, montanhas, mares, cânions. b) Podem ser definidas politicamente. c) Associassem-se, exclusivamente, aos rios. d) São representações fronteiriças bastante atuais. e) São traçados definidos de forma artificial. Resposta A fronteira internacional é uma escala marcada por uma dualidade intrínseca de contato e separação, que atrai e repele. Fronteira internacional Fonte: Adaptado de: SENHORAS, E. M. A dinâmica regional nas relações internacionais. Conjuntura Global, UFPR, v. 4, n. 3, set./dez. 2015. Zona de Fronteira FAIXA DE FRONTEIRA FAIXA DE FRONTEIRA L in h a d e F ro n te ir a Cidades Gêmeas A espacialização híbrida da fronteira internacional pode ser compreendida por uma extensão que se manifesta por 1 linha fronteiriça de separação e contato entre o doméstico e o estrangeiro e 2 faixas fronteiriças existentes em cada país definidas legalmente por discricionariedade nacional, as quais somadas conformam 1 zona (trans)fronteiriça em que se manifestam fluxos e dinâmicas de divergências e convergências. Fonte: SENHORAS, E. M. A dinâmica regional nas relações internacionais. Conjuntura Global, UFPR, v. 4, n. 3, set./dez. 2015. O fenômeno da interdependência como uma relação entre dois ou mais países em que as decisões tomadas em cada país implicam efeitos em outros países. Assim, a interdependência diz que vários atores podem ser atingidos, em grau maior ou menor, por acontecimentos ocorridos longe de seus domínios e por decisões tomadas por outros governos. Liberalismo e interdependência Uma política de poder na era da interdependência passa pela integração. Seja pelo pertencimento a blocos econômicos ou a regimes transnacionais, a cooperação pode ser uma maneira de angariar maior poder de barganha no sistema internacional. Caberia aos Estados filtrar os fluxos, facilitando a entrada daqueles tidos como interessantes e cercear as redes de ilícitos; algo como o que Peter Andreas (2003: 107) chamou de “smart borders”. A fronteira neoliberal fronteira; barreira e corredor de entrada. Embora o sistema esteja baseado na soberania territorial, novas concepções modificando esse exclusivo regime evoluíram e têm alterado o gerenciamento do sistema internacional. Os construtivistas buscam analisar a construção social dos conceitos teóricos. Para eles, essa construção é fruto das práticas e da interação entre os atores. A partir de alterações no mundo material ou da influência das ideias, as práticas podem ser alteradas e, então, novos conceitos devem ser definidos para que as análises possam ser aprimoradas. Os construtivistas e as fronteiras O colonialismo dos sécs. XIX e XX forjou um generalizado quadro de disjunções entre fronteiras políticas e fronteiras étnico-culturais. Nesse processo, grupos étnicos de todos os tipos e inúmeras comunidades tribais primitivas africanas, que jamais haviam colocado para si próprias o imperativo de se constituírem em comunidades políticas nacionais territorialmente definidas, mediante fronteiras precisas (naquele seu significado que possuem para o Estado soberano europeu clássico), acabaram sendo segregadas ou confinadas – com o emprego de mecanismos explícitos de coerção externa – em compartimentos territoriais diversos e sob o domínio de uma ou mais administrações coloniais. As fronteiras políticas e étnico-culturais Fonte: acervo pessoal No século XX, o nacionalismo teve dois grandes momentos: o surgir de ideias nacionalistas de parceria com teorias racistas, como na Alemanha (nacional-socialismo), na Itália (fascismo) e no Japão; e o nacionalismo, que surgiu nos países colonizados, após a II Guerra Mundial, perante as formas neocolonialistas de exploração. No século XXI, a globalização deu novo ímpeto à chama nacionalista. Descolonização x nacionalismo Fatores diversos: desastres ambientais, guerras, perseguições políticas, étnicas ou culturais, mas o principal motivo é o econômico. Transição demográfica. Securitização da imigração. Choques culturais. Novos nacionalismos em tempos de globalização Principais regiões de destino de imigrantes Principais regiões de saída de imigrantes Sobre fronteiras políticas e fronteiras étnico-culturais, julgue as assertivas: I. A fronteira internacional é uma escala marcada por uma dualidade intrínseca de contato e separação. II. O colonialismo dos sécs. XIX e XX forjou um generalizado quadro de disjunções entre fronteiras políticas e fronteirasétnico-culturais. III. Para a concepção neoliberal, caberia à fronteira (Estado) filtrar os fluxos. Está(ão) correta(s) a(s) seguinte(s) assertiva(s): a) I, apenas. b) I e II. c) I e III. d) II e III. e) I, II e III. Interatividade Sobre fronteiras políticas e fronteiras étnico-culturais, julgue as assertivas: I. A fronteira internacional é uma escala marcada por uma dualidade intrínseca de contato e separação. II. O colonialismo dos sécs. XIX e XX forjou um generalizado quadro de disjunções entre fronteiras políticas e fronteiras étnico-culturais. III. Para a concepção neoliberal, caberia à fronteira (Estado) filtrar os fluxos. Está(ão) correta(s) a(s) seguinte(s) assertiva(s): a) I, apenas. b) I e II. c) I e III. d) II e III. e) I, II e III. Resposta Escala clássica do poder. ESTADO – estrutura formal de organização do poder político e da determinação da hierarquia do poder. Organização jurídica e coercitiva. NAÇÃO – diferente de população – grupo étnico com expressões culturais, linguísticas afins. PODER – capacidade, por parte de um indivíduo ou uma instituição, de produzir efeitos sobre outro indivíduo, comunidade ou instituição. Território Permeia todas as relações sociais. “O poder está em todo lugar, não que englobe tudo, mas vem de todos os lugares.” (Foucalt) Poder político legítimo – consenso, obediência ou submissão. Fonte de desigualdades. Poder Está relacionado ao domínio social sobre o espaço, que se constitui em relações de poder que derivam da ação combinada do ato de ocupar a área, de utilizá-la e de delimitá-la. Território Fonte: https://pt.depositphotos.com/1 1817827/stock-illustration- state-of-israel-vector-map.html Territorialidade: exercício/manifestação do poder sobre a área ocupada; Desterritorialização: perda do exercício do poder sobre a área ocupada. Derivações do território Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-41865357 2° Tibetanos – 6,2 milhões TERRITÓRIO REIVINDICADO – 1,2 milhão de km2 (equivale ao Pará). QUEM SÃO – descendentes de pastores que vivem na região noroeste do que é hoje a China, há 2200 anos os tibetanos costumavam viver numa sociedade semifeudal dominada pela classe de sacerdotes budistas. Desde o século XIII, o povo sofre a dominação de outros inimigos. Em 1990, o Tibete foi invadido pela China, sendo ocupado e anexado em seguida. SITUAÇÃO ATUAL – a China continua a reprimir as atividades políticas e religiosas, e a região tem passado por rebeliões esporádicas, sempre duramente combatidas. Povos sem território Fonte: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/qual-e-o-maior-povo-sem-pais/ O Tibete Fonte: https://i.pinimg.com/originals /96/21/2b/96212b3c246e814 50741bb27c5e41548.jpg 4° Ciganos – 5 milhões TERRITÓRIO REIVINDICADO – nenhum. QUEM SÃO – originários do Norte da Índia, de onde saíram por volta do século XI, os ciganos espalharam-se pelo mundo. Hoje, habitam praticamente todos os países do Ocidente. Nômades sem reivindicação territorial, eles têm sido vítimas de preconceito cultural, repressão política e até mesmo campanhas de extermínio. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os nazistas mataram pelo menos 400 mil deles. SITUAÇÃO ATUAL – resistindo a se integrarem à sociedade, eles procuram manter seus costumes nômades tradicionais. As perseguições são algo do passado na maior parte do mundo, mas o preconceito cultural e a discriminação, não. Uma nação que não quer um território? Sobre o território, julgue as assertivas: I. A territorialidade associa-se ao exercício/manifestação do poder sobre a área ocupada. II. A desterritorialização é a perda do exercício do poder sobre a área ocupada. III. Está relacionado ao domínio social sobre o espaço e tradicionalmente associado ao Estado Nacional. Está(ão) correta(s) a(s) seguinte(s) assertiva(s): a) I, apenas. b) I e II. c) I e III. d) II e III. e) I, II e III. Interatividade Sobre o território, julgue as assertivas: I. A territorialidade associa-se ao exercício/manifestação do poder sobre a área ocupada. II. A desterritorialização é a perda do exercício do poder sobre a área ocupada. III. Está relacionado ao domínio social sobre o espaço e tradicionalmente associado ao Estado Nacional. Está(ão) correta(s) a(s) seguinte(s) assertiva(s): a) I, apenas. b) I e II. c) I e III. d) II e III. e) I, II e III. Resposta O território contemporâneo Reterritorialização Fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br/ 1º Curdos – 36 milhões TERRITÓRIO REIVINDICADO – 191 mil km2 (equivalente ao Paraná). QUEM SÃO – descendentes de tribos nômades que viviam há 3 mil anos nas montanhas do que são hoje Turquia, Irã e Iraque. Apesar de ocuparem por séculos a mesma região, nunca tiveram um país, mantendo-se sob domínio político e militar de outros povos. SITUAÇÃO ATUAL – na Turquia, onde vive a maioria do povo curdo, seu idioma é proibido e cerca de 10 mil deles estão presos por motivos políticos. Na década de 1990, milhares de curdos foram mortos por armas químicas lançadas pelo ex-ditador Saddam Hussein no Iraque. Após a queda dele, a situação do povo no país melhorou. Povos sem território Fonte: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/qual-e-o-maior-povo-sem-pais/ O Curdistão Fonte: http://www.ezidipress.com/wp- content/uploads/Syria_Kurds1.jpg 3º Palestinos – 5,3 milhões TERRITÓRIO REIVINDICADO – 6 mil km2 (equivale ao Distrito Federal). QUEM SÃO – os palestinos são descendentes dos filisteus, povo que chegou ao Oriente Médio há 14 mil anos, época em que explodiram os primeiros confrontos com israelitas, que também habitavam a região. Submetidas ao Império Otomano e depois pelos britânicos, os palestinos perderam a chance da independência em 1948: com a de Israel, boa parte de seu território foi ocupado pelo novo país. SITUAÇÃO ATUAL – em 1994, foi estabelecida a Autoridade Palestina, um governo semiautônomo que obteve controle sobre partes do antigo território. Os palestinos moderados defendem a ampliação da autonomia e a convivência com os israelenses. Os radicais exigem a destruição de Israel. Israel se expande. A Palestina encolhe. Os movimentos acontecendo Fonte: https://visualizingpalestine.org/ 6º Chechenos – 1,2 milhão TERRITÓRIO REIVINDICADO – 15.800 km2 (três vezes o território do Distrito Federal). QUEM SÃO – em sua maioria muçulmanos, os chechenos originam-se de tribos que vivem há séculos nas montanhas da região do Cáucaso. Entre as décadas de 1830 e 1850, eles opuseram feroz resistência armada às conquistas que a Rússia fazia naquela área. Com o fim da União Soviética, em 1991, a região virou república independente. Mas, em dezembro de 1994, a Rússia invadiu a Chechênia, causando uma guerra com cerca de 100 mil mortes. SITUAÇÃO ATUAL – é uma das repúblicas que atualmente compõem a Federação Russa. Possui o direito de promover sua própria língua como oficial em todo seu território, manter bandeira e símbolos locais, além de estabelecer constituição própria. Chechenos Território Checheno Chechenos Fonte: https://veja.abril.com.br/mundo/entend a-a-historia-chechena-por-tras-dos- suspeitos-do-atentado-em-boston/ Transterritorialização A globalização e os territórios-rede Fonte: http://educacao.globo.com/artigo/narcotrafico-global.html Múltiplos territórios As principais articulações espaciais do tráfico de drogas Principais zonas de produção Papoula Cannabis Papoula e Cannabis Coca Rotas (marítimas, aéreas ou terrestres) Cocaína Heroína Derivados de Cannabis (haxixe, maconha etc.) Grupos terroristas e seus múltiplos territórios Fonte: https://multimidia.gazetadopovo.co m.br/media/info/2019/201904/grup os-terroristas-mundo.png Sobre os territórios em rede, típicos da globalização, podemos destacar como exemplos: a) As grandes empresas transnacionais. b) Os grupos terroristas. c) Gruposde países. d) Blocos econômicos. e) Os territórios reconquistados. Interatividade Sobre os territórios em rede, típicos da globalização, podemos destacar como exemplos: a) As grandes empresas transnacionais. b) Os grupos terroristas. c) Grupos de países. d) Blocos econômicos. e) Os territórios reconquistados. Resposta ANDREAS, Peter. 2003. Redrawing the line: borders and security in the twenty-first century: In: International Security, vol. 28, n. 2. FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Tradução de Roberto Machado. 8ª ed. Rio de Janeiro: Graal, 1989, p. 179/191. Referências bibliográficas ATÉ A PRÓXIMA!
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