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EMPREENDEDORISMO A1

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EMPREENDEDORISMO 
CAPÍTULO 1 - O QUE É 
EMPREENDEDORISMO? 
Introdução 
Os empreendedores são admirados e às 
vezes invejados. São responsáveis pelo 
lançamento de produtos e serviços 
revolucionários, pela criação de empresas 
seculares e pela geração de empregos. Mas 
o que é empreendedorismo? O que é ser 
empreendedor? Podemos dizer que o 
empreendedorismo é o motor da economia 
e ao longo da história foi responsável por 
grandes mudanças. E o que o empreendedor 
tem de diferente das outras pessoas? Ele 
nasce pronto, sendo algo somente para 
predestinados ou qualquer um pode ser 
empreendedor? Como ele afeta a 
economia? 
Muitas pessoas têm medo de empreender. 
Será que realmente é difícil ser 
empreendedor? Quais são os fatores que 
influenciam o empreendedorismo? 
Ao longo deste capítulo, você vai conhecer 
uma breve história do empreendedorismo e 
entender a sua definição, analisar o impacto 
do empreendedor na economia e examinar 
os fatores que influenciam o 
empreendedorismo. 
1.1 Quem é o empreendedor? 
Imagine que você está participando de um 
evento - uma festa, um jantar ou um 
congresso – com a oportunidade de 
conhecer e conversar com pessoas diversas. 
E durante aquela conversa básica, que 
geralmente inclui a pergunta “o que você 
faz?”, o seu interlocutor responde: “Eu sou 
empreendedor.” 
Qual a primeira imagem que vêm na sua 
cabeça? Seria a de um empresário bem-
sucedido, que começou o seu negócio do 
zero e hoje é dono de uma fortuna? Ou 
daqueles vendedores de pipoca que ficam 
na porta de escolas? Seria um funcionário 
dedicado de uma empresa ou de um 
gerente desta mesma empresa? Será que 
você imaginaria que ele é um funcionário 
público ou o voluntário de uma ONG? 
A maioria das pessoas associa a imagem do 
empreendedor com a do empresário, como 
sendo uma pessoa que cria novos negócios, 
mas a grande verdade é que qualquer uma 
das pessoas descritas no parágrafo anterior, 
desde o vendedor de pipoca, passando pelo 
funcionário de uma empresa e o servidor 
público, podem sim ser empreendedores. 
Sendo assim, vamos conhecer os pontos 
principais que definem um empreendedor. 
1.1.1 O papel do empreendedor 
Numa visão mais ampla, o empreendedor é 
a pessoa que identifica oportunidades, as 
explora e as desenvolve, seja na criação de 
um negócio, na construção de uma carreira 
como empregado ou até mesmo em outras 
áreas ou outros aspectos da vida (RAE, 
2007). 
Você o conhece? 
Marco Polo (1254-1341) pode ser 
considerado um dos primeiros exemplos de 
empreendedor. Ele vislumbrou uma 
oportunidade de comercializar as 
mercadorias orientais, em especial da 
China, em Veneza, sendo um dos primeiros 
a percorrer a Rota da Seda. Ele correu 
grandes riscos, mas virou uma referência 
para os grandes comerciantes da época 
(MANDUCA; CANDIDO; PATRÍCIO, 
2016). 
Outra imagem muita associada ao 
empreendedor é de que algumas pessoas 
nascem para serem empreendedores. Mas 
ao contrário do que se pensa, as 
habilidades, comportamentos e 
características do empreendedor podem ser 
aprendidas e desenvolvidas, por qualquer 
pessoa que assim desejar. 
O empreendedor não tem superpoderes, mas é 
uma pessoa qualquer que pode aprender e 
desenvolver as habilidades, comportamentos e 
características do empreendedor. 
O empreendedor tem um papel crucial no 
desenvolvimento da economia e da 
sociedade como um todo. Aqueles que 
abrem seu próprio negócio geram empregos 
e melhoram a distribuição de renda, já os 
empreendedores que são funcionários, são 
responsáveis por auxiliar as empresas ou o 
governo a atingirem seus objetivos. Os 
empreendedores fazem a história e mudam 
o mundo em redor deles com as suas ações, 
criam modelos de negócios novos e 
inovadores, como, por exemplo, o Google. 
Ao longo da história, os empreendedores 
sempre existiram e foram destaques na 
sociedade, acumulando grandes fortunas e 
atraindo a atenção das pessoas. Porém, 
recentemente, cada vez mais pessoas estão 
buscando a opção pelo empreendedorismo. 
E qual será o motivo dessa procura? Alguns 
fatores parecem estar diretamente 
relacionados com isso, como nos apontam 
Baron e Shane (2007): 
• grande destaque na mídia de 
empreendedores de sucesso com uma 
imagem bastante positiva e atraente, 
fazendo com que estes empreenderes 
assumam um papel de herói (ou heroína) 
numa época que existem poucas figuras 
de destaque, ao contrário do que foi no 
passado; 
• mudança no entendimento entre patrões 
e empregados com relação ao vínculo 
trabalhista. Antes, ser um funcionário que 
desempenhasse bem sua função garantia 
uma estabilidade empregatícia. Hoje com 
as crises econômicas e os cortes e 
reestruturações nas empresas, os 
empregados são menos fieis aos seus 
empregos e passam a questionar se não 
estariam melhores trabalhando por conta 
própria; 
• a segurança de um emprego, com o 
salário garantido na conta, deixou de ser 
um valor importante, especialmente para 
os mais jovens. Muitos passam a preferir 
um estilo de vida mais independente em 
detrimento da segurança o emprego. 
Mesmo com a crise econômica iniciada em 
2014, empreender é o desejo de muitos 
brasileiros. Em uma pesquisa recente sobre 
empreendedorismo no Brasil, 36% dos 
entrevistados são donos de seu próprio 
negócio ou realizaram alguma ação em 
vistas de ter seu próprio negócio no último 
ano. Ter um negócio está em quarto lugar 
entre os sonhos dos brasileiros, atrás de 
viajar pelo Brasil, ter uma casa própria ou 
um carro (GEM, 2017). 
Um conjunto de programas e ações 
estruturais tem colaborado para a difusão do 
espírito do empreendedorismo no Brasil. 
Esse processo tem início em 1994 com a 
estabilização econômica com o Plano Real, 
passando pelo lançamento do Programa 
Brasil Empreendedor em 1999, pela Lei 
Geral da Micro e Pequena Empresa de 2006 
e a criação do Micro Empreendedor 
Individual (MEI) em 2008 (DORNELAS, 
2017). 
Destaca-se também a participação do 
SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às 
Micro e Pequenas Empresas) na promoção 
da educação empreendedora e na 
capacitação e orientação para os pequenos 
e microempresários por todo país. 
Mesmo com todo este suporte, a vida do 
empreendedor no Brasil não é fácil. Os 
principais fatores limitantes estão 
relacionados com a burocracia, a carga 
tributária e a infraestrutura. A mortalidade 
das empresas nos dois primeiros anos de 
vida é elevada, mas tem melhorado nos 
últimos anos. Esses aspectos resultam na 
observação que o medo de fracassar é o 
mais impactante para decidir empreender 
(GEM, 2016). 
Melhorar o cenário do empreendedorismo 
no Brasil depende de uma evolução das 
políticas públicas do governo, mas também 
de um melhor entendimento do processo de 
empreender, dos fatores de sucesso, dos 
tipos de empreendedorismo, entre outros. E 
o primeiro passo é compreender o que é 
empreendedorismo, como vamos ver a 
seguir. 
1.2 Conceituando Empreendedorismo 
Podemos considerar que o ato de 
empreender é tão antigo quanto a 
civilização, por ser um fruto do trabalho 
humano, seja na busca de oportunidades de 
crescimento ou como uma alternativa de 
sobrevivência. Contudo, a definição de 
empreendedorismo, e o seu entendimento, 
evoluiu e continua evoluindo ao longo do 
tempo (LAUREATE, 2013). Para Filion, 
(1999, p. 18), um dos principais estudiosos 
do tema empreendedorismo, “definir 
empreendedorismo é um desafio perpétuo, 
dada a ampla variedade de pontos de vista 
para estudar o fenômeno”. 
Por isso, para entender melhor o conceito 
de empreendedorismo, é necessário estudar 
a sua origem e evolução. 
1.2.1 Breve histórico do empreendedorismo 
O primeiro registro de uso do termo 
“empreendedor” é atribuído ao economista 
de origem franco-irlandesa Richard 
Cantillon, em 1755, que definiu como 
sendo um indivíduo que assume riscos. Esta 
definiçãodiferenciava o empreendedor do 
capitalista, aquele que fornecia o capital 
(DORNELAS, 2017). 
Você Sabia? 
A palavra empreendedor tem origem no francês 
“entrepreneur”, que por sua vez, deriva de duas 
palavras em latim: “inter”, que significa 
“reciprocidade” e “prehender”, que pode ser 
entendido como “pegar” ou “capturar” e também 
é associado ao vocábulo comprador. Podendo 
ser entendido com o “intermediário” de algo, ou 
se um negócio, como é o caso (DORNELAS, 
2017; LAUREATE, 2013). 
Nesse período, meados do século XVIII, a 
Inglaterra estava iniciando o processo da 
Revolução Industrial que acabou se 
alastrando pela Europa, surgindo os 
primeiros empreendedores segundo este 
conceito: pessoas que pegavam os recursos 
emprestados com os capitalistas para 
produzir algo novo. Antes disso, os 
empreendedores era basicamente os 
comerciantes, principalmente, aqueles que 
se aventuravam pelos mares em busca de 
novas rotas de comércio, como Cristóvão 
Colombo (MANDUCA; CANDIDO; 
PATRÍCIO, 2016). 
Já em 1814, outro economista francês, Jean-
Baptiste Say (1767-1832) utilizou a palavra 
empreendedor se referindo ao indivíduo 
que transfere recursos de um setor cuja 
produtividade é baixa para outro de 
produtividade maior, sendo muito 
importante para o funcionamento do 
sistema econômico. Nesse sentido, o 
empreendedor era o intermediário entre as 
classes produtoras e entre estas e os clientes 
(MARIANO; MAYER, 2011). No ano de 
1871, o economista austríaco Carl Menger 
(1840 – 1921) agregou à definição de 
empreendedor a ideia de que seria aquele 
que se antecipa às necessidades futuras 
(MANDUCA; CANDIDO; PATRÍCIO, 
2016). 
No final do século XIX e início do século 
XX, com a produção em massa e a linha de 
montagem, o termo empreendedor passou a 
ser associado com imaginação e inovação. 
O empreendedor percebe as oportunidades 
relacionadas à inovação e aliado com sua 
capacidade de realização, desenvolve 
novos produtos e serviços que são 
oferecidos para a sociedade (MARIANO; 
MAYER, 2011). 
Saiba que esse período é marcado pelo 
surgimento de grandes empreendedores, 
que arriscaram tudo e conseguiram 
enriquecer e montar empresas que 
prosperam até os dias de hoje. O fundador 
da Ford Motor Company, Henry Ford 
(1863-1947), se destaca não só pelo 
sucesso da sua empresa, mas também por 
ser o expoente de uma nova produção em 
massa e da linha de montagem. Outro que 
se destacou mais por sua habilidade de 
inovação e criação de novos produtos foi 
Thomas Edison (1847–1931), fundador da 
Edison General Electric Company, que deu 
origem a General Electric Company (GE). 
Entre suas invenções se destacam: lâmpada 
elétrica incandescente, câmera 
cinematográfica, fonógrafo e bateria de 
(MARIANO; MAYER, 2011; MANDUCA; 
CANDIDO; PATRÍCIO, 2016). 
Empreendedores cujas empresas existem até hoje 
e suas principais inovações: Henry Ford e o 
modelo Ford T, Thomas Edison e a lâmpada 
elétrica. 
O capitalismo no início do século XX é 
então impulsionado pela inovação e 
progresso tecnológico resultado do trabalho 
dos empreendedores. Os principais 
economistas nesse período voltam a discutir 
o conceito de empreendedorismo Com 
isso são identificadas três teorias dinâmicas 
do empreendedorismo (RAE, 2007): 
 
 
• Kirzner (Escola Austríaca): O 
empreendedor reativo é um agente 
de ajuste na economia de mercado. 
• Schumpeter (Escola Alemã): O 
empreendedor inovador é uma 
agente das mudanças econômicas. 
• Leibenstein (Escola de Chicago): O 
empreendedor causa mudança 
incremental e gradual por meio da 
gestão da empresa. 
 
 
Schumpeter é um dos principais autores da 
definição moderna do empreendedorismo, 
descrevendo o empreendedor como um 
inovador e não alguém que busca somente 
o lucro, que está engajado na destruição 
criativa rompendo o fluxo circular da 
economia de mercado baseada na 
produção e consumo, que tende a um 
equilíbrio de preços, por meio da 
introdução de novos produtos e processos 
que substituem os produtos e empresas 
existentes que se tornam marginais ou não 
competitivas. Para ele, o empreendedor é 
um líder que possui qualidades como 
intelecto, determinação, iniciativa, visão de 
futuro e, especialmente, intuição. Aqui vale 
destacar intuição como sendo a capacidade 
de ver coisas numa forma que depois de um 
tempo se provam verdadeiras, aprendendo 
no seu mundo natural e social de maneira 
que suas ações podem ser calculadas de 
forma simples e confiável (RAE, 2007; 
CHIAVENATO, 2012). Para Kirzner, o 
empreendedor é como um oportunista 
alerta, que está sempre atento a 
oportunidades de lucro no curto prazo que 
ocorrem devido a um desequilíbrio no 
mercado, onde as habilidades de 
velocidade do movimento e de tomada de 
decisão astuta são essenciais. A atividade do 
empreendedor envolve ações criativas de 
aprendizagem de descoberta e que o 
empreendedor supera outros no mercado, 
pois possui uma habilidade superior para 
perceber e agir nas oportunidades (RAE, 
2007). 
Já Druker considera que a introdução e 
aplicação da inovação é um aspecto vital 
do empreendedorismo. Segundo ele, o 
empreendedorismo está diretamente 
relacionado a assumir riscos, e o 
comportamento do empreendedor é de 
geralmente abrir mão de sua carreira e 
segurança em nome de uma ideia, 
investindo tempo e dinheiro em um futuro 
incerto (CHIAVENATO, 2012). 
Na segunda metade do século XX, 
começaram os primeiros estudos apontando 
que poderia existir o empreendedorismo 
dentro de uma organização, que foi 
denominado de intraempreendedorismo. 
Este conceito passou a ter grande destaque 
principalmente devido ao papel que as 
atividades desenvolvidas nas organizações 
têm na sociedade. Percebeu-se que o 
empreendedor coorporativo tem 
características e habilidades similares ao 
empreendedor que cria um negócio 
(MARIANO; MAYER, 2011). 
A partir da década de 1980, o estudo do 
empreendedorismo expandiu e espalhou 
para outras disciplinas, principalmente, na 
busca de outras formas de abordagem que 
incorporassem as rápidas mudanças 
tecnológicas à sua dinâmica. Tal interesse 
resultou numa série de instituições de 
ensino oferecendo cursos sobre o assunto 
(FILION, 1999). 
Leite (2008) considera os anos 80 como a 
década do empreendedorismo, com a 
percepção pela sociedade da importância 
do empreendedor para o desenvolvimento 
das nações. 
Com os avanços no campo da tecnologia da 
informação, a partir da década de 1990, 
aumentaram as possibilidades de criação de 
novos produtos e serviços, fazendo surgir 
uma grande quantidade de empresas de 
sucesso. Surge então um novo perfil de 
empreendedor, em que se destacam Bill 
Gates (1955-) fundador da Microsoft e Steve 
Jobs (1955-2011) da Apple, e mais 
recentemente Larry Page e Sergey Brin 
(ambos 1973-) do Google e Mark 
Zuckerberg (1983-) do Facebook 
(MARIANO; MAYER, 2011). 
Outro fenômeno ainda mais recente é a 
criação das startups, pequenas empresas de 
tecnologia que buscam desenvolver 
produtos e serviços escaláveis, que tem 
atraindo ainda mais pessoas para o 
empreendedorismo (MANDUCA; 
CANDIDO; PATRÍCIO, 2016). 
Filion (1999) considera o 
empreendedorismo como um passo em 
direção à conquista da liberdade. Se antes 
era expresso na criação (ou no 
intraempreendedorismo) de grandes 
corporações, hoje se observa a força 
empreendedora nos pequenos negócios. 
Com isso, a partir da década de 90, um 
número cada vez maior de pessoas tem 
escolhido o autoemprego. 
As discussões sobre o empreendedorismo e 
sua definição seguem nos dias de hoje, e 
Chiavenato (2012) procura resumir as 
contribuições dos diversos autores da área 
sobre o tema, como você pode observar na 
figura abaixo. 
 
Contribuições de diversos autores para o entendimento 
e a definição do empreendedorismo. 
 
Na busca de uma definição finalpara o 
empreendedorismo, RAE (2007) considera 
que os conceitos tradicionais de 
empreendedor incluem: uma pessoa que 
cria organizações e uma pessoa que 
conhece e age para explorar uma 
oportunidade, porém não incluem a 
criatividade, as mudanças e as incertezas 
envolvidas na atividade do empreendedor. 
As teorias processuais ou dinâmicas 
assumem que a incerteza existe e dão ao 
empreendedor a chance de criar e explorar 
as oportunidades de inovação e lucro. 
A concepção dinâmica do papel do 
empreendedor é de um agente que cria, 
reconhece e age nas oportunidades. Isso 
inclui o uso da inovação para fazer coisas 
novas, operar com flexibilidade e se adaptar 
a um contexto mais amplo, trabalhar em 
condições de risco e incerteza, realizar 
mudanças e ganhar a recompensa a partir 
dos lucros. Se o empreendedorismo é visto 
como um processo, ele consiste de uma 
pessoa, da busca por oportunidades de 
mercado, comportamento inovador e da 
junção dos recursos necessários para 
explorar essas oportunidades (RAE, 2007). 
Filion (1999) constrói uma definição 
completa do que é o empreendedor a partir 
da contribuição dos mais diversos autores 
das diferentes épocas, chegando ao seguinte 
resultado: 
o Empreendedor é uma pessoa criativa marcada 
pela capacidade de estabelecer e atingir 
objetivos que mantém alto nível de consciência 
do ambiente em que vive, usando-se para 
detectar oportunidades de negócios. Um 
empreendedor continua a aprender a respeito de 
possíveis oportunidades de negócios e a tomar 
decisões moderadamente arriscadas que 
objetivam a inovação, continuará a 
desempenhar um papel empreendedor (FILION, 
1999, p. 19). 
Dolabela (2006, p. 29), reconhecido como 
um dos principais professores brasileiros de 
empreendedorismo, apresenta uma 
definição bem mais simples: “o 
empreendedor é alguém que sonha e busca 
transformar seu sonho em realidade”. 
Agora que você já sabe a história do 
empreendedorismo e sua definição, vamos 
dar uma olhada no histórico do 
empreendedorismo no Brasil. 
 
1.2.2 Breve histórico do empreendedorismo 
no Brasil 
Inicialmente, o empreendedorismo no Brasil 
no período colonial era baseado na 
agricultura e no extrativismo. Caldeira 
(2009) demonstra que durante os três 
primeiros séculos do Brasil colônia havia 
um forte mercado interno, independente de 
Portugal, bastante dinâmico e em 
crescimento. 
Provavelmente o primeiro grande 
empreendedor brasileiro seja Irineu 
Evangelista de Souza (1813-1889), mais 
conhecido com Barão de Mauá. Após 
observar o impacto da Revolução Industrial 
na Inglaterra, ele retornou ao Brasil 
decidido a investir na industrialização do 
país. Barão de Mauá investiu em negócios 
diversos, tendo construído a primeira 
ferrovia brasileira, a primeira fundição de 
ferro e o primeiro estaleiro, além de ter sido 
banqueiro. Em seu auge, teve sob seu 
controle 8 das 10 maiores empresas 
brasileiras na época (LOH, 2016). 
No final do século XIX, tem início o período 
industrial, que abre espaço para muitos 
empreendedores, imigrantes ou nacionais, 
que têm a oportunidade de atingir um novo 
status na sociedade. O empreendedorismo 
brasileiro é marcado pela criação e 
crescimento de empresas originadas em 
grupos familiares, como a família 
Matarazzo, das Indústrias Reunidas Fábricas 
Matarazzo (MANDUCA; CANDIDO; 
PATRÍCIO, 2016). 
Você quer ver? 
A série Os Gigantes do Brasil (MELLO, 2016) 
narra a saga de 4 grandes empreendedores 
brasileiros que mudaram o país no final do 
século XIX e início do XX, principalmente no 
urbanismo e na industrialização. São eles: 
Francisco Matarazzo (1854-1937), Guilherme 
Guinle (1882-1960), Giuseppe Martinelli (1870-
1946) e Percival Farquhar (1864-1953). 
Outros grupos familiares se destacaram ao 
longo dos anos, como é o caso da Família 
Klabin-Lafer, na indústria de papel, de José 
Ermírio de Moraes (1900-1973), criador do 
grupo Votorantim, e de Roberto P. Marinho 
(1904-2003), das Organizações Globo 
(MANDUCA; CANDIDO; PATRÍCIO, 
2016). Um dos brasileiros que se 
destacaram por seu espírito empreendedor 
é o apresentador Silvio Santos (1930-), dono 
do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), 
que começou como ambulante. O Grupo 
Silvio Santos é formado por mais de 30 
empresas, nos mais diversos ramos, e seu 
fundador segue empreendendo, e com mais 
de 70 anos de idade, entrou recentemente 
para o mercado de cosméticos com a 
empresa Jequiti. (MANDUCA; CANDIDO; 
PATRÍCIO, 2016). 
O homem mais rico do Brasil, Jorge Paulo 
Lemann (1939), juntamente com seus 
sócios, Carlos Alberto Sicupira (1948-) e 
Marcel Herrmann Telles (1950-), talvez 
sejam hoje os empreendedores brasileiros 
de maior sucesso internacional. São os 
donos da maior cervejaria do mundo, a 
Anheuser-Busch InBev, além do Burger 
King, da Kraft Heinz (conhecida por seu 
ketchup), das Lojas Americanas e da B2W 
do ramo de e-commerce (GRADILONE, 
2017). 
Mesmo com esse histórico de 
empreendedores brasileiros de sucesso, 
Dornelas (2017) afirma que somente na 
década de 1990 o movimento do 
empreendedorismo começou a ganhar 
forma, com o lançamento do Empretec pelo 
SEBRAE e a criação da Sociedade Brasileira 
para Exportação de Software (Softex). 
Fernandes (2013) pontua que o ensino do 
empreendedorismo no Brasil começou 
apenas em 1981, num curso de 
especialização da Escola de Administração 
de Empresas de São Paulo (EAESP) da FGV, 
e que em 1989 foi lançado o primeiro livro 
no Brasil em língua portuguesa sobre 
empreendedorismo. 
O SEBRAE teve origem em 1972, sobre a 
alcunha de CEBRAE (Centro Brasileiro de 
Apoio Gerencial às Pequenas e Médias 
Empresas), tendo passado por uma 
reformulação em 1990, quando recebeu a 
denominação atual, se transformando num 
serviço social autônomo e passou a fazer 
parte do chamado sistema S, juntamente 
com SENAC, SESI e SENAI (MELO, 2008). 
A missão do SEBRAE é “(...) promover a 
competitividade e o desenvolvimento 
sustentável das micro e pequenas empresas 
(MPE) e fomentar o empreendedorismo no 
Brasil” (MARIANO; MAYER, 2011, p. 81). 
Este é um dos órgãos do governo mais 
conhecido do empreendedor brasileiro, que 
encontra o apoio para iniciar sua empresa, 
além de consultorias e treinamentos para 
desenvolvimento do empreendedor e da 
empresa, nos mais diversos aspectos de 
gestão da empresa, como o controle 
financeiro, marketing, gestão de pessoas, 
vendas, entre outros (DORNELAS, 2017). 
A Softex foi criada para apoiar o 
desenvolvimento das empresas de software 
do país com foco no mercado externo, com 
ações de capacitação para o empresário de 
informática em gestão e tecnologia. Para 
Dornelas (2017), a história da Softex e do 
empreendedorismo no Brasil na década de 
1990 seguem juntas. Foram os programas 
que esta instituição desenvolveu junto a 
incubadoras de empresas e universidades 
em todo país que despertou o interesse pelo 
tema empreendedorismo. A empresa foi 
reformulada, mas continua apoiando o 
empreendedorismo relacionado à 
tecnologia de informação e às startups. 
Você quer ler? 
O livro “O Segredo de Luísa” (DOLABELA, 2006) 
conta a história de uma empreendedora fictícia 
em sua saga para abrir e gerenciar uma empresa 
no interior de Minas Gerais. O livro lançado em 
1999, do professor Fernando Dolabela, é um dos 
mais utilizados para o ensino do 
empreendedorismo, fornecendo uma 
metodologia para o aprendizado adequado do 
tema para qualquer pessoa. 
O Empretec, um acrônimo de 
empreendedores e tecnologia, é o principal 
treinamento de empreendedorismo do 
SEBRAE e foi lançado em 1993. É uma 
metodologia de ensino de 
empreendedorismo da ONU (Organização 
das Nações Unidas), sendo promovido em 
cerca de 40 países. O treinamento tem 
como foco a capacitação na identificação 
de novas oportunidades de negócio e no 
desenvolvimento das característicascomportamentais do empreendedor, 
utilizando uma metodologia vivencial 
(MELO, 2008; MARIANO; MEYER, 2011). 
Percebe-se que apesar do desenvolvimento 
tardio de programas de educação 
empreendedora no país, hoje o Brasil tem o 
potencial para desenvolver o ensino de 
empreendedorismo, num tamanho e 
abrangência comparável apenas aos Estados 
Unidos (DORNELAS, 2017). 
Nesse breve histórico de alguns importantes 
empreendedores brasileiros é possível 
perceber a importância do empreendedor 
para o crescimento do país. A seguir, vamos 
examinar a relação entre o desenvolvimento 
econômico e o empreendedorismo. 
1.3 Perspectiva econômica 
Baron e Shane (2007) são categóricos ao 
afirmarem que o empreendedorismo é um 
motor para o desenvolvimento econômico. 
Eles se baseiam em uma série de dados 
estatísticos dos Estados Unidos, que 
mostram o impacto do empreendedorismo 
nas economias da sociedade, como por 
exemplo: 
• elevado corte de vagas de emprego 
nas grandes corporações americanas 
e, mesmo assim, queda na taxa de 
desemprego; 
• a cada ano mais de 600 mil empresas 
são abertas e este número duplicou 
nos últimos 20 anos; 
• uma em cada oito pessoas trabalham 
por conta própria nos EUA; 
• crescimento no número de cursos de 
empreendedorismo no país. 
 
 
Dolabela (2006) concorda que o 
empreendedor é o motor da economia, com 
sua percepção de novas oportunidades e 
sua característica de agente de mudança 
contribui para o desenvolvimento 
econômico e para a inovação. 
Esse fato já era percebido desde os tempos 
de Schumpeter, que em seu livro “Teoria do 
Desenvolvimento Econômico”, de 1911, 
argumentou a força motriz do crescimento 
econômico como sendo o empreendedor, 
que introduz inovações no mercado que 
tornam os produtos e tecnologias existentes 
obsoletos, característica do processo de 
destruição criativa (BARROS; PEREIRA, 
2008). 
Essa percepção quanto à importância do 
empreendedorismo não encontra eco na 
Teoria Econômica Neoclássica, que 
considera a acumulação do capital físico 
(equipamentos, máquinas etc) e humano, 
progresso tecnológico e expansão de 
mercados como sendo os principais 
determinantes do crescimento 
econômico (BARROS; PEREIRA, 2008). 
Fontanele (2010) considera que essa 
ausência do empreendedor do paradigma 
neoclássico se deve às dificuldades teóricas, 
o que resulta em lacunas no entendimento 
dos mecanismos básicos de funcionamento 
da economia. 
Voltando a Barros e Pereira (2008), os 
autores apresentam outra teoria que procura 
explicar o papel do empreendedor no 
crescimento econômico, a Teoria do 
Empreendedorismo pelo Transbordamento 
do Conhecimento. Ela pressupõe que 
quando uma nova ideia ou novo 
conhecimento, criados nos centros de 
pesquisa e desenvolvimento (P&D) de 
grandes empresas ou de universidades, não 
são aproveitadas pela instituição que a 
criou, elas podem resultar em 
oportunidades para o empreendedor. 
A partir dessa teoria, uma pesquisa empírica 
conduzida na Alemanha procurou testar 
uma hipótese de crescimento econômico: 
uma maior atividade empreendedora deve 
gerar níveis mais altos de crescimento 
econômico, já que o empreendedorismo é 
este mecanismo de transbordamento e 
comercialização de conhecimento. O 
resultado confirmou a hipótese, pois nas 
regiões onde havia mais empreendedorismo 
tanto o Produto Interno Bruto (PIB) quanto 
a sua variação eram maiores. O 
empreendedorismo é, portanto, um 
elemento importante para explicar o 
desempenho econômico regional (BARROS; 
PEREIRA, 2008). Sendo assim, vamos 
avançar nosso estudo e conhecer as 
consequências do empreendedorismo sob o 
ponto de vista da economia. 
1.3.1 Impactos e resultados do 
empreendedorismo 
As transformações ocorridas com o 
lançamento de novos produtos no mercado, 
com as mudanças tecnológicas e nos 
processos produtivos são formas que avaliar 
a contribuição do empreendedor para o 
crescimento econômico. As iniciativas 
empreendedoras têm como impactos o 
aumento da eficiência, que resulta num 
aumento na concorrência, além de 
alterações no comportamento do 
consumidor. A descoberta de novos 
produtos é potencializada e acelerada por 
uma cultura empreendedora, sendo que sua 
disseminação tem um importante papel no 
processo de aprendizagem (FONTENELE, 
2010). 
Quanto mais ocorrem entradas de novos 
competidores, mais inovação é gerada e há 
aumento da produtividade, resultados da 
inovação em si e também das ações das 
empresas para impedir a entrada de novos 
concorrentes. Barros e Pereira (2008) 
apresentam o estudo de Aghion e Howitt 
que conclui que este efeito de entrada de 
novos concorrentes é mais positivo e 
significativo em países mais desenvolvidos 
em termos de tecnologia. Pode-se entender 
que os novos negócios são introduzidos nos 
mercados pelos empreendedores a partir de 
uma inovação, seja ela um novo produto ou 
serviço, uma nova qualidade de produto ou 
serviço, uma nova forma de produção, a 
abertura de um mercado novo, uma fonte 
nova de matéria-prima ou uma nova forma 
de organização. A criação de um novo 
negócio, com ou sem inovação, aumenta a 
concorrência e tem o potencial de provocar 
a saída de empresas do mercado, ou uma 
reação das empresas estabelecidas seja com 
outra inovação ou por fusões e aquisições 
(BARROS; PEREIRA, 2008). Esse processo 
tem como resultado uma nova estrutura de 
mercado mais eficiente e com maior 
dinamismo econômico. Isso se traduz nos 
indicadores de valor adicionado, como o 
PIB e de níveis de emprego. Veja na figura 
a seguir a relação entre o 
empreendedorismo e o desempenho 
econômico. 
 
A relação entre empreendedorismo e desempenho 
econômico a partir da concorrência e/ou da inovação. 
Fica claro que a capacidade 
empreendedora de uma nação tem relação 
com o seu desenvolvimento econômico e 
por isso, nada mais natural que haja um 
grande interesse em se medir o quão 
empreendedor é um país. Nesse sentido, foi 
criada em 1999 o projeto Global 
Entrepreneurship Monitor (GEM), ou 
Pesquisa Global sobre Empreendedorismo 
(MARIANO; MAYER, 2011). 
Na pesquisa realizada em 2016, 
participaram 65 países, dos cinco 
continentes, o que representa 70% da 
população mundial e 83% do PIB. O Brasil 
participa do desde o ano 2000, sendo a 
pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro 
de Qualidade e Produtividade (IBPQ) em 
parceria com o SEBRAE. . 
Conduzida por meio de uma amostragem 
estatística da população, a pesquisa tem 
como objetivo: “identificar as atitudes da 
população em relação à atividade 
empreendedora, as taxas de 
empreendedorismo, as motivações e as 
características dos empreendedores e de 
seus empreendimentos, além das condições 
para empreender” (GEM, 2017, p. 17). 
Nesse ponto, é importante conhecer a 
definição de empreendedorismo adotado 
pelo GEM, como sendo: 
qualquer tentativa de criação e desenvolvimento 
de novos negócios ou criação de novas 
empresas, como o trabalho por conta própria, 
uma nova organização empresarial, ou a 
expansão de uma empresa já existente, por um 
indivíduo, uma equipe de pessoas, ou um 
negócio estabelecido” (GEM, 2017, p. 17). 
Observe que a definição adotada, apesar de 
bastante ampla, não vincula o 
empreendedorismo à inovação, algo que foi 
bastante destacado ao longo deste capítulo, 
sendo o simples fato de se criar um 
empreendimento ser suficiente para 
caracterizar o empreendedorismo. Além 
disso, como inclui a expansão de uma 
empresa já existente, esta definição também 
engloba o intraempreendedorismo. 
Com o estudo anual do GEM ficou claro 
que a criação de empresas por si só não 
resulta num maior desenvolvimento 
econômico, pois isso só ocorre se os novos 
negócios foquem em oportunidades de 
mercado. Por conta disso, faz-se necessário 
duas novas classificações de 
empreendedorismo trazidas por Dornelas 
(2017):• Empreendedorismo de Oportunidade: a 
empresa é criada com um planejamento 
prévio, em que o empreendedor tem 
claro aonde quer chegar, visando sempre 
à geração de lucros, empregos e riqueza. 
• Empreendedorismo de Necessidade: os 
negócios são geralmente criados 
informalmente, por falta de opção do 
empreendedor por estar desempregado e 
não encontrar trabalho. 
O empreendedorismo de oportunidade está 
diretamente relacionado ao 
desenvolvimento econômico e é muito mais 
presente em países desenvolvidos. Já o de 
necessidade, normalmente fracassa e agrava 
os índices de mortalidade de negócios, sem 
gerar desenvolvimento econômico, sendo 
mais comum em países em 
desenvolvimento (DORNELAS, 2017). 
Caso 
Com o objetivo de se verificar se o 
empreendedorismo realmente afeta 
positivamente o desenvolvimento econômico de 
uma região, foi desenvolvida uma pesquisa em 
Minas Gerais, que procurava investigar a relação 
entre a taxa de desemprego e o 
empreendedorismo em cada região do estado. 
Para cada um dos 853 municípios do estado 
foram avaliados: 
- Taxa de Desemprego (TDE): a proporção de 
desocupados em relação à população 
economicamente ativa, com base no censo 
demográfico do IBGE. 
- Taxa de Empreendedorismo (TE): a proporção 
dos trabalhadores por conta própria em relação 
à população economicamente ativa, utilizando a 
mesma base de dados. 
O resultado mostrou que nos municípios com 
maior taxa de empreendedorismo, a taxa de 
desemprego era menor. Porém um TE maior não 
resulta em um aumento no PIB, indicador de 
melhor desempenho econômico. Provavelmente, 
a maior quantidade de pessoas trabalhando por 
conta própria deve ser em atividades alternativas 
ao desemprego, com baixa produtividade e 
renda, o que realmente não se reflete em 
crescimento econômico. Esse resultado mostra a 
importância de políticas públicas que favoreçam 
o empreendedorismo que gere emprego e renda, 
e não aquele que existe como alternativa ao 
desemprego. Tais políticas terão impactos 
positivos tanto sociais quanto econômicas 
(BARROS; PEREIRA, 2008). 
Em 2016, o empreendedorismo de 
oportunidade foi de 57% (por necessidade 
43%) do total de negócios na fase de 
empreendedorismo inicial, um dos menores 
índices entre os países pesquisados. Chama 
a atenção o fato que em 2014 a taxa de 
empreendedorismo por oportunidade 
chegou a um ápice histórico de 71%. A 
queda nos últimos anos deve-se à crise 
econômica no país (GEM, 2017). Esse 
resultado corrobora o de outras pesquisas 
que indicam que em países ricos a atividade 
empreendedora é associada a uma maior 
taxa de crescimento econômico, e em 
países pobres, ou em desenvolvimento, 
incluso na lista o Brasil, esta relação é 
inversa. Ou seja, o empreendedor por 
necessidade tem pouca contribuição sobre 
o dinamismo da economia local (BARROS; 
PEREIRA, 2008).. 
Para alterar esse quadro e tornar o 
empreendedorismo uma mola propulsora 
do desenvolvimento econômico no Brasil é 
importante entender os fatores que 
influenciam o desenvolvimento do 
empreendedor, como vamos abordar a 
seguir. 
1.4 Fatores positivos e negativos para o 
desenvolvimento do empreendedor 
O relatório GEM, além de medir a atividade 
empreendedora, auxilia na identificação 
dos fatores responsáveis pelas diferenças no 
nível de empreendedorismo entres os 
países, o que pode facilitar a identificação 
das políticas públicas que podem ser 
eficazes para o desenvolvimento de novos 
negócios (DORNELAS, 2017). 
O empreendedorismo é um fenômeno 
complexo condicionado a fatores culturais, 
mas que também é influenciado por 
questões políticas e econômicas, sendo 
resultado dos hábitos, práticas e valores das 
pessoas. Em países desenvolvidos, com 
economia estável, os empreendedores agem 
de forma diferente daqueles num país 
pobres e com população carente. O fato é 
que o empreendedor é influenciado 
diretamente pelo meio onde vive, sendo um 
fenômeno cultural (DOLABELA, 2006). 
Você Sabia? 
A taxa de empreendedores nascentes ou novos 
tem crescido desde 2012, mesmo num cenário 
econômico adverso, marcado pela queda do PIB 
e recessão. Este crescimento pode ser explicado 
por fatores sociais, como o aumento do nível de 
escolaridade da população, pela política 
governamental, com a criação do MEI (Micro 
Empreendedor Individual), e por mudança na 
cultura, com o brasileiro a cada dia mais 
propenso a empreender (GEM, 2017). 
A pesquisa do GEM avalia o contexto 
social, cultural e político para tentar explica 
as diferenças na taxa de empreendedorismo 
entre os países, com o seguinte modelo 
(GEM, 2017): 
 
• Requisitos Básicos: Instituições; 
Infraestrutura; Estabilidade 
macroeconômica; e Saúde e educação 
fundamental; 
• Catalisadores de Eficiência: Educação 
superior e capacitação; Mercado de bens 
de serviço; Mercado de trabalho; 
Mercado financeiro; Prontidão 
tecnológica; e Tamanho do mercado; 
• Inovação e Empreendedorismo: Apoio 
financeiro; Políticas governamentais; 
Programas governamentais; Educação e 
capacitação; Infraestrutura comercial e 
profissional; Acesso ao mercado; Acesso 
à infraestrutura física; e Normas culturais 
e sociais. 
Assim, é preciso ter condições favoráveis 
para empreender, seja em relação ao 
âmbito pessoal, seja a partir das políticas 
públicas de incentivo. Assim, vamos 
abordar essas condições no item a seguir. 
1.4.1 Condições para empreender 
Para Fontenele (2010), a criação de 
empresas nos diferentes países é 
influenciada pelo apoio do governo ao 
empreendedorismo, por incentivos de leis e 
instituições, pela disponibilidade de 
facilidades para gestação de novas 
empresas, infraestrutura e cursos de 
formação e pelo apoio ao crescimento e 
sobrevivência das startups. 
A educação para o empreendedorismo é 
fundamental para o desenvolvimento de 
uma cultura empreendedora, sendo que 
muitos lugares, como no Reino Unido, 
falharam em criar tal cultura, apesar do forte 
discurso político destacando a importância 
do empreendedorismo. As políticas 
geralmente estão relacionadas com 
incentivo financeiro de curto prazo, que é 
relativamente fácil de ser feito, ao invés de 
estarem relacionadas com mudanças 
culturais de longo prazo, que são mais 
difíceis. Tais políticas não são 
desenvolvidas a partir do diálogo com os 
empreendedores, e apesar das mensagens 
encorajadoras do governo, os 
empreendedores encontram dificuldades 
práticas para acessar os recursos, o apoio e 
as oportunidades necessárias para começar 
e administrar seus negócios (RAE, 2007). 
Ainda segundo RAE (2007), há quatro 
fatores que devem ser considerados com 
relação ao papel do empreendimento na 
sociedade: 
1) Os objetivos políticos devem ser 
claramente entendidos no contexto 
nacional, para cada objetivo (reduzir a 
pobreza, criar empregos, reduzir as 
atividades estatais, por exemplo) são 
necessárias estratégias e diretrizes em 
ambientes diferentes. 
2) A natureza do empreendimento e do 
empreendedorismo deve ser considerada, 
como o modelo americano de “livre” 
economia de mercado; subsídios 
agrícolas; economia comunitária; 
negócios familiares etc. 
3) Quão inclusiva ou exclusiva será a 
abordagem, como o incentivo à 
formalidade. Para muitos países, a 
economia informal é substancial e 
importante. Problemas relacionados ao 
racismo ou preconceitos. 
4) Qual o papel do governo em criar e 
implementar políticas para empreender. 
A maioria dos governantes e ministros 
não possui experiência de 
empreendedorismo. Muitos argumentam 
que a melhor contribuição que o governo 
pode dar para a criação de uma cultura 
de empreendedorismo é não interferir. 
 
A mentalidade empreendedora é um dos 
fatores que influenciam o surgimento de 
uma cultura empreendedora e a criação de 
novos negócios. Esse conceito está 
associado à avaliação da pessoa quanto aoambiente em que está inserida e as 
condições que influenciam sua decisão de 
empreender, com os seguintes resultados 
(GEM, 2017): 
• Convivência com empreendedores: está 
relacionado com conhecer pessoalmente 
alguém que começou um negócio nos 
últimos 2 anos, como é o caso de 41,3% 
da população brasileira. Sendo o segundo 
maior índice entre os BRICS (conjunto de 
países formados por Brasil, Rússia, Índia, 
China e África do Sul); 
• Oportunidades de novos negócios: o 
Brasil é um dos países que mais acredita 
na existência de boas oportunidades de 
negócio em curto prazo; 
• Conhecimento, habilidade e experiência 
para gerenciar um novo negócio: Brasil 
e Estados Unidos são os países cuja 
população se sente mais preparada para 
empreender; 
• Medo de fracassar: não é um impeditivo 
para abrir um novo negócio, como 
afirmam 57,6% da população do Brasil; 
Com relação às condições para empreender 
no Brasil, relacionados aos aspectos 
econômicos, sociais, culturais e 
institucionais, a pesquisa GEM de 2016 
identifica como os cinco principais fatores 
favoráveis e limitantes ao 
empreendedorismo, conforme mostra a a 
figura a seguir. Chama atenção a presença 
dos programas governamentais tanto como 
fator favorável quanto como fator limitante, 
porém o percentual de entrevistados que 
considerou como limitante (77%) é 
amplamente superior aos que considera 
favorável (25%) (GEM, 2017). 
 
Os cinco principais fatores favoráveis e limitantes ao 
empreendedorismo no Brasil, segundo especialistas 
entrevistados para o relatório GEM de 2016. 
Outro aspecto curioso, é que a corrupção é 
considerada um fator limitante para apenas 
2% dos entrevistados mesmo no atual 
cenário brasileiro, em que os escândalos de 
corrupção fazem parte do noticiário diário. 
A importância das políticas públicas de 
apoio ao empreendedorismo e às micro e 
pequenas empresas são reforçadas pelas 
pesquisas sobre o empreendedorismo no 
Brasil. Mostram também que é necessário 
reduzir a carga tributária e a taxa de juros, 
e também melhorar o ambiente de negócios 
e reduzir da burocracia. Tais ações podem 
ter impactos sociais significantes ainda mais 
numa economia de elevada taxa de 
desemprego. Iniciativas como a criação de 
incubadoras de empresas e o estimulo às 
cooperativas são favoráveis à criação de 
oportunidades de trabalho (BARROS; 
PEREIRA, 2008). 
Na opinião de Dornelas (2017), ainda 
faltam políticas públicas duradouras para 
consolidação do empreendedorismo no 
país, mesmo com os avanços recentes nas 
políticas do Governo Federal de apoio ao 
empreendedorismo. 
Espera-se que o governo atue de forma 
efetiva para melhorar o ambiente para o 
empreendedorismo no país e que cada vez 
mais pessoas estejam dispostas a 
empreender com foco em oportunidades (e 
não por necessidade) para que o Brasil 
tenha um maior desenvolvimento 
econômico e social. 
Síntese 
Chegamos ao fim deste capítulo, e você 
pode conhecer o que é empreendedorismo 
e a suas definições, entendeu como este 
conceito evoluiu ao longo dos anos e 
descobriu a importância do 
empreendedorismo para o desenvolvimento 
econômico dos países e os fatores que 
facilitam ou dificultam a ação 
empreendedora. 
Neste capítulo, você teve a oportunidade 
de: 
• aprender sobre quem é o empreendedor; 
• compreender o conceito de 
empreendedorismo; 
• conhecer um pouco da história de 
importantes empreendedores do Brasil e 
do mundo; 
• relacionar o desenvolvimento econômico 
com o empreendedorismo; 
• identificar as condições culturais e 
estruturais para o desenvolvimento do 
empreendedorismo. 
Vídeos 
O QUE É EMPREENDEDORISMO? 5 ELEMENTOS 
FUNDAMENTAIS 
https://www.youtube.com/watch?v=ryISEgXkCac&ab
_channel=EcommercenaPr%C3%A1tica 
https://youtu.be/ryISEgXkCac 
 
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