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1 Turma: 23 Resenha: Montesquieu – Do Espírito das leis (1748) (trechos selecionados) Nome: Guilherme Magalhães de Brito CONVERGÊNCIAS E COMPLEMENTOS DOS ESPÍRITOS DAS LEIS ÀS IDEIAS CONTRATUALISTAS Charles-Louis de Secondat (1689-1755), ou como é mais bem conhecido, Montesquieu, foi um filósofo iluminista francês posterior aos contratualistas (menos Rousseau, esse viveu em seu tempo). Sua maior contribuição reconhecida foi a teoria dos três poderes, abordada no texto que será posteriormente analisado. Entretanto, sua visão contempla o desenvolvimento sobre a tese dos governos e direitos (espírito das leis) e não sua origem, fato que complementa os ideais contratualistas de uma forma única e de extrema importância para as posteriores revoluções de sua época. Já encaminhando sua linha de raciocínio, Montesquieu dá início a sua obra através da caracterização do conceito de leis. Para ele, em sentido amplo, as leis são as relações necessárias que derivam da natureza das coisas, formulando a ideia de que todos os seres, independentemente de sua racionalidade, possuem suas leis. A diferenciação chave que surge desse pensamento é no quesito da inteligência, os seres racionais, nesse tocante, podem possuir leis por eles mesmos postas (além das que não fizeram), além das leis religiosas e morais, essas que podem até contrariar a vontade de Deus, mas usualmente reforçam, e serem alteradas de acordo com a vontade do homem, situação completamente contrária às regras naturais que, ao invés de se embasarem no conhecimento, se embasam no sentimento. Sobre as leis naturais, o autor disserta com mais profundidade. Essas seriam as leis primárias, que existem antes de qualquer lei posta ou até mesmo da sociedade, são leis dadas por Deus, sendo invariáveis. Elas atribuiriam, antes do conhecimento, a capacidade de conhecer. Dessa forma, tal capacidade seria primeiramente aplicada no conhecimento próprio do indivíduo, com seus medos e imperfeições. Esse conhecimento de sua própria condição frágil consolidaria a paz entre os 2 homens, o que constitui a primeira lei natural. Nesse aspecto, existe uma crítica direta a Hobbes, essa que também ocorre na obra de Rousseau “Do contrato social”, pois, para Montesquieu, o estado de natureza é detentor da paz, e as considerações feitas por Hobbes são equivocadas por aplicarem motivações e exemplos de pessoas que vivem em sociedade para pessoas que não vivem em sociedade. As outras leis naturais seriam derivadas desses aspectos: A vontade de saciar suas necessidades; a vontade de saciar seus prazeres vivendo com seus semelhantes e com o sexo oposto; a vontade de viver em sociedade. Ao contrário do que Hobbes elenca em sua obra, Montesquieu diz que o estado de guerra não reside no estado de natureza, mas sim na sociedade. Isso ocorre, pois, a partir do momento em que o homem entra na sociedade, ele começa a sentir sua força, o que ocasiona em conflitos entre nações e entre o próprio povo. Por conta desses possíveis estados de guerra, são formuladas leis entre os homens, divididas em: Direito das gentes (que regula a relação entre povos para o benefício das populações, fazendo que, até em situações de guerra, a conquista fira ao mínimo a composição de um corpo social); Direito político (que regula a relação entre o governante e o povo – semelhante às leis políticas para Rousseau-, podendo ser disposto por diversos indivíduos ou por um só); Direito civil (que regula a relação entre todos cidadãos, sendo moldado e aplicado considerando o contexto no qual foi fundado). Em conjunto, esses direitos abordados formam o centro dessa obra, designado pelo autor como “o espírito das leis”, que por ele é examinado. A formação das leis decorre da própria natureza dos governos. De acordo com Montesquieu existem três tipos destes: O republicano (todo povo, ou parte do povo, tem o poder soberano); o monárquico (o governo de uma única pessoa por meio de leis fixas estabelecidas e relação próxima com a nobreza); o despótico (o governo de uma única pessoa de forma arbitrária e sem leis fixas estabelecidas). Se aprofundando mais na definição, o autor relata que podem existir dois tipos de república: A república democrática (quando o povo detém o poder soberano – se tornando, sob certos aspectos, o monarca, sob outros, o súdito) e a república aristocrática (quando parte do povo detém o poder soberano – se tornando o monarca em relação ao resto do povo, que se torna súdito). Tal diferenciação é convergente com a definição de alguns contratualistas, como Rousseau e Locke. Na democracia é necessário o estabelecimento de um número mínimo de integrantes para validar 3 uma decisão de uma assembleia popular, por isso é importante que todo povo tenha comprometimento com sua cidadania. Além disso, também devem nomear ministros (magistrados) para otimizar o processo em esferas mais complexas das decisões públicas. Assim como monarcas, também precisam ser conduzidos por um conselho, esse que deve ser eleito ou pelo povo ou pelos magistrados do povo. Faz-se mister destacar que, na república, a divisão dos que têm direito de sufrágio é uma lei fundamental. Na democracia tal direito é sorteado (o que dá esperanças a todos participantes de poder servir ao seu povo e nação), enquanto, na aristocracia, escolhido. A lei que define o fornecimento às cédulas de sufrágio é fundamental na democracia e gera uma questão importante em relação a sua privacidade, o autor, utilizando-se do exemplo de Roma, deixa a entender que deveria ser pública do mesmo modo de quando o povo dá seu sufrágio, o que é outra lei fundamental da democracia. Uma última lei fundamental da democracia é que somente o povo faça as leis, desconsiderando as ocasiões onde é necessário que o senado tome decisões. Na aristocracia o sufrágio não é escolhido por sorteio, para evitar inconveniências. Quando há um número elevado de nobres, é preciso um senado que regule as questões que os aristocratas não conseguem decidir e elabore as que eles decidirão. Como o autor diz “pode-se dizer que a aristocracia está, de certo modo, no senado, a democracia no corpo dos nobres e que o povo não é nada”. Também é importante destacar que os senadores não podem substituir aqueles que faltam no senado, pois tal atitude perpetuaria abusos. Outra frase icônica do autor é essa que descreve qual é o melhor tipo de aristocracia “A melhor aristocracia é aquela onde a parte do povo que não tem nenhuma parte no poder é tão pequena e tão pobre que a parte dominante não tem nenhum interesse em oprimi-la”. Em relação a monarquia, é um tipo de governo embasado nas leis fundamentais e comandado por um único indivíduo, entretanto, é limitado por poderes intermediários (como o clero e a nobreza). Como já foi dito acima, a obediência às regras fundamentais e uma boa relação com a nobreza são os pilares de uma monarquia. O clero também é uma parte nuclear da monarquia, pois esse é um dos impedimentos que evita que um governo monárquico se torne um governo déspota, conquanto, o autor elenca que seria conveniente que o clero tivesse uma jurisdição definida e fixa. 4 Advindo da monarquia, existe o estado despótico. Este é semelhante a monarquia no quesito de haver somente um governante, entretanto, ele não se limita e nem obedece às leis fundamentais ou aos poderes intermediários. Deste modo, é evidente que esse tipo de governo é arbitrário e serve exclusivamente para favorecer os prazeres do príncipe. Como o rei é incapaz de governar, é uma lei fundamental dessa instituição a adoção de um vizir (conselheiro real) para tomada de decisões do governo. Para o leitor, é usual que se forme a ideia de que essa distinção é pertinente, pois não invalida a monarquia e demonstra que a conduta do príncipe é o que pode prejudicar tal tipo de governo. Após a análise danatureza desses governos, Montesquieu começa a analisar o princípio desses. É importante destacar que a natureza determina o que o governo é, enquanto o princípio determina o que o faz atuar. Desse modo, o princípio decorre da natureza. O princípio da democracia é a virtude, isso ocorre pois, dentre todos os outros tipos de governo, o popular é o único que necessita de total integridade para funcionar, considerando que um monarca ou um déspota legislam para os outros e não para si mesmos. Como a democracia é a única com essa característica, uma república corrupta é sinônimo de um estado acabado. Assim como na democracia, a virtude faz parte da aristocracia, contudo, tal princípio não é tão absoluto quanto na democracia, pois, apesar de que os legisladores também legislam sobre eles mesmos, eles ainda assim estão, de certo modo, segregados da sociedade comum. Dessa maneira, é necessário virtude para legislar sobre seu próprio grupo social, mas não tanta virtude como no governo popular, que legisla sobre todo corpo social. Entende-se, portanto, que a moderação é o princípio da aristocracia, que deve saber a medida exata da atuação de sua virtude. Apesar do autor afirmar que existem monarquias com príncipes virtuosos, ele atesta que historicamente, de forma mais corriqueira, a monarquia tem a mínima virtude possível e que essa não constitui uma mola propulsora da nação. Por outro lado, Montesquieu diz que o princípio da monarquia é a honra (imagem de um indivíduo; ambições) que impulsiona, do mesmo modo que a virtude para as repúblicas, o governo monárquico. Conquanto, no tópico dos governos despóticos, a honra não é o seu princípio. Isso se justifica pelo fato de que a honra necessita do cumprimento de suas leis e regras atitude que, como o governo se embasa nos caprichos do príncipe, seria divergente da estrutura governamental. 5 Destarte, o autor categoriza o princípio do governo despótico como o temor, pois nesse aparato a virtude não é necessária e a honra é perigosa. Como qualquer tipo de coragem e revolução podem acabar com o governo, é instituído o temor geral, que cessa e destrói a coragem dos indivíduos e os mantêm em estado de submissão. Esse controle é o que gera a obediência nos governos despóticos, tornando-a palavra do déspota a verdade e ordem absoluta. Entretanto, as leis da religião são superiores até mesmo ao rei, pois ele está sujeito a elas, ao contrário do direito natural (porque é admitido que o príncipe não é um homem). Esse ponto também é divergente dos governos monárquicos, estes, por sua vez, se baseiam na honra e respondem somente as regras dela, que são as únicas que limitam a obediência dos súditos. Como Montesquieu salienta, esses aspectos são os que por regra deveriam compor esses tipos de governo, mas não necessariamente compõe. É importante dizer que as leis produzidas pelo legislador devem ter coerência com o princípio do governo estabelecido, isso concede uma força superior ao Estado. Essa atestação é o que diferencia o trabalho do autor de outros, pois ele toma forma de uma tese de como as coisas devem ser e não estuda, propriamente, suas origens. A virtude no estado político é o amor pela república, como ele mesmo elenca “O amor à pátria leva a bondade dos costumes, e a bondade dos costumes, ao amor à pátria”. Na democracia o amor à república é, mesmo que redundante, o amor à democracia, ou seja, o amor à igualdade e à frugalidade, gera uma sociedade com um povo mais medíocre, entretanto, feliz. Nessa perspectiva, fica claro que as leis postas em uma democracia devem ser de ordem igualitária, regulamentando dotes das mulheres, doações, heranças, testamentos, todas as maneiras de contratar, enfim. Além disso, como o autor diz, “cabe a leis particulares igualar, por assim dizer, as desigualdades, por meio de tributos impostos aos ricos e isenção atribuída aos pobres”. Ademais, as leis postas também devem garantir a frugalidade, utilizando de métodos que concedam o necessário para sobrevivência de todos os indivíduos, como Montesquieu diz “Do mesmo modo que a igualdade das fortunas mantém a frugalidade, a frugalidade mantém a igualdade das fortunas”. Curiosamente, as críticas de Montesquieu, além de se alinharem com Locke, quando diz que os indivíduos devem se apropriar do necessário para sua sobrevivência, convergem também com o ideal Marxista que surge posteriormente, pois dissertam sobre o papel central do Estado em manter a igualdade entre os membros da sociedade. 6 Na aristocracia, como é semelhante a democracia, às leis postas ainda tendem a procurar a igualdade, contudo, tal busca se dá com moderação, pois, como já foi analisado anteriormente, por conta da segregação contida na aristocracia, a falta de temperança poderia ocasionar em problemas na constituição e impulso do Estado, desse modo, os aristocratas não poderiam ser pobres ou possuírem fortunas enormes. Sendo assim, é inconcebível que aristocratas arrecadem impostos de pobres, pois a desigualdade só seria aumentada, isso ocasionaria em maior injustiça e em instabilidade governamental. Na monarquia as leis postas devem relacionar-se com a honra. Observa-se que a nobreza precisa ser sustentada para fazer o elo entre o príncipe e o povo, dessa forma, todas as leis postas devem favorecer esse elo para que o governo seja estável. O governo monárquico é mais vantajoso em relação ao governo despótico pois, além de ser mais estável, possui constituição mais inquebrantável e governante mais seguro. Além disso, a monarquia impede implicitamente que as coisas sejam levadas ao extremo, como a desordem do povo. O governo despótico, como já supracitado, é baseado no temor, sendo assim, as leis postas têm essa função (algumas até postas pela dogmática do clero, que induz o medo no inconsciente do povo). Por conta disso, as leis despóticas são poucas e visam unicamente a conservação e os caprichos do príncipe, além da submissão completa do povo, tais ações têm efeito direto na tranquilidade do governo e são implementadas pela coercitividade do exército. Sobre a comunicação do poder, o autor atribui a cada tipo de governo de uma única pessoa uma forma distinta. No governo despótico, o poder passa de forma integral para aquele que lhe é confiado (vizir); no governo monárquico, o poder é transmitido pelo monarca, mas ainda é moderado por ele, além da maior parte ainda continuar com ele. Depois de toda essa análise sobre a natureza e os princípios dos governos, o autor progride a obra dissertando sobre a corrupção desses. Para ele, a corrupção dos princípios é o que leva a corrupção de cada governo. A democracia se corrompe quando se perde o espírito de igualdade ou, além disso, quando se leva ao extremo o espírito de igualdade. Como Montesquieu diz “Portanto, são dois os excessos que a democracia deve evitar: o espírito de desigualdade, que a conduz à aristocracia, ou ao governo de 7 um só; e o espírito de igualdade extrema, que a leva ao despotismo de um só, como o despotismo de um só conduz à conquista.”. Se leva a igualdade ao extremo quando todos comandam e ninguém é comandado, além dessa corrupção do princípio, pode ocorrer a corrupção do povo, normalmente ela se dá por vaidade advinda dos grandes êxitos populares, que levam o povo a tomar o controle, dando início ao mesmo processo já citado. “A aristocracia se corrompe quando o poder do nobre se torna arbitrário: não pode mais haver virtude nos que governam, nem nos que são governados”, essa frase elenca claramente a decorrência da falta de temperança em um governo aristocrático, justamente a morte de seu princípio. A monarquia se corrompe quando elimina as prerrogativas dos corpos ou os privilégios das cidades. Ambos processos dão origem ao despotismo, o primeiro sendo o de todos e o segundo sendo o de um só. A monarquia também se perde quando o monarcaage de forma arbitrária, mudando a ordem das coisas; acabando com as funções naturais; quando se apaixona por suas fantasias e tudo aquilo que lhe favorece; deixando de lado qualquer outro aspecto que não te diz respeito, ou seja, quando o monarca aniquila a honra em benefício próprio. O governo despótico está em constante corrompimento, pois ele, desde seu início é corrompido. Em suma, ao contrário dos outros governos, a corrupção encontra-se na sua essência. Por conta disso, usualmente, governos corrompidos tendem a se tornar governos despóticos e se encaminhar para o seu fim. Fazendo um apanhado geral, quando um princípio é corrompido (por uma ação ou até mesmo por uma singela mudança na constituição) vemos a disfunção dos aparatos bons, conquanto, quando não é, vemos até mesmo os aparatos ruins funcionarem. Em relação à virtude, não furto a oportunidade de elencar sua semelhança com a vontade geral, também descrita por Rousseau em sua obra “Do contrato social”, contudo, não nego a divergência em relação as visões sobre os efeitos do domínio do povo sobre a sociedade, considerando que Rousseau tem uma visão mais libertária sobre o tópico. Existem propriedades distintivas dos tipos de governo. Para a república, é necessário que possua um pequeno território, mantendo suas dimensões limitadas juntamente com a ganância e a soberba e, além disso, evidenciando as atitudes mais virtuosas. Para a monarquia, é necessário que possua 8 um território médio, isso ocorre pois, caso fosse pequena seria uma república e, caso fosse grande, seria desorganizada, fato que fomentaria a corrupção. Para o despotismo, é comum que possua um grande território, isso ocorre por conta do temor, esse que consegue sustentar essa estrutura com maior facilidade, principalmente pelo poder ser centrado na mão de um senhor arbitrário. O próximo tópico de grande relevância apresentado pelo autor se trata das leis que formam a liberdade política e sua relação com a constituição. Para Montesquieu a liberdade é um conceito multifacetado, sendo assim, suas diversas concepções derivam das experiências relativas aos integrantes de uma sociedade. Conceituando a liberdade para o âmbito político, o autor diz “a liberdade só pode consistir em poder fazer o que se deve querer e a não ser coagido a fazer o que não se deve querer”, deste modo, a liberdade não é simplesmente fazer o que se quer. Destarte, é liberdade fazer tudo aquilo que as leis permitem, pois, caso o contrário, seria limitado pela possibilidade de ação alheia, a mesma ideia que é abordada por Locke de que a liberdade se encontra não em poder fazer tudo, mas em se contentar com sua limitação de poder para que não possa ser prejudicado por outros. Os governos livres são os moderados, entretanto, somente quando não se abusa do poder. Infelizmente, o homem tende a abusar do poder que possui, por conta disso o poder deve ser contido pelo poder. As três espécies de poderes contidos em um Estado são: O poder legislativo (que faz e revoga as leis – pode ter seu dever atribuído de forma permanente para um representante escolhido); o poder executivo (que executa as leis, as guerras e afins - pode ter seu dever atribuído de forma permanente) e o poder judiciário (que julga as leis – tem seu dever atribuído para indivíduos de forma não permanente). A divisão promove a contenção, os poderes não só coexistem, como também se regulam (com algumas limitações), por conta disso, existem regras que determinam a convocação de reuniões dos poderes e limitações que determinados poderes podem aplicar em outros. Tal concepção é o ponto mais importante que é desenvolvido por Montesquieu, por isso possui sua relevância até nos dias aos quais essa resenha é dedicada, na maioria dos governos hodiernos. É nuclear salientar que a separação é fundamental, um governo que junta os poderes solidifica a arbitrariedade dos governantes, até mesmo uma república que possui seus poderes agrupados possui menos liberdade que uma monarquia. Todos os governos diferentes têm um objetivo em comum, manter-se. Porém, todos também tem objetivos particulares distintos, como a busca pela glória, valorização da religião, navegação, 9 enfim. Para garantir seu funcionamento são necessários, além da divisão dos poderes, diversos aspectos dentro desse processo que limitem a arbitrariedade, assim, um juiz não pode julgar de forma parcial e um réu pode escolher não ser julgado por determinado juiz. Também são concedidos para integrantes desse processo o poder de veto (tornar nula uma decisão) e o poder de estatuir (emanar ou corrigir a decisão). Ademais, o poder legislativo pode cumprir o papel de julgamento em três exceções: Quando os grandes são julgados, pois a inveja do povo pode inferir no resultado do julgamento; quando se é necessário moderar uma lei; quando as ações de um indivíduo violam os direitos do povo ou quando seus crimes não estão sendo julgados pela falta de legislação ou vontade dos juízes. Dentro do combate à arbitrariedade, um ponto simples, porém importante, é que o exército comandado pelo executivo deve ser composto pelo povo, para que seu uso não possa ser mal intencionado. Toda a ideia trabalhada era, claramente, teórica. Contudo, as monarquias conhecidas tinham aspectos da liberdade política, mesmo que não seguidas à risca como o conteúdo tratado. Essa obra, com seus aspectos mais relevantes, não levanta dúvidas sobre sua importância. A leitura ocasiona uma elaboração e uma perspectiva deixada de lado pelos autores contratualistas, mesmo que convergindo em certos pontos. É como se fosse o complemento necessário para compreensão da origem do Estado moderno e sua constituição, além de ter uma ligação direta com a liberdade, política e, principalmente, com as leis que conhecemos comumente. Com sua absorção, é possível dizer que tal obra teve um grande papel em conduzir a formação do que seria um Estado mais plausível, divergente da mera análise originária proposta por Hobbes, Locke e Rousseau.
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