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POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS NO BRASIL Políticas públicas são ações, programas e projetos, instituídos, implementados e executados pela administração pública, em determinadas áreas de atuação do Estado, em cumprimento a princípios constitucionais e obrigações impostas pela Lei. As políticas públicas educacionais, assim como outras políticas públicas sociais, são vinculadas a três dimensões básicas: institucional, organização e financiamento. Para se chegar a uma compreensão mínima sobre políticas públicas educacionais no Brasil, há a necessidade da análise de um contexto histórico que retroaja pelo menos à Constituição Federal de 1988 e à Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB nº 9.394/1996, destacando ainda as Emendas Constitucionais, Planos Nacionais de Educação, Programas e projetos promulgados e implementados no país até este momento. A educação, enquanto direito social subjetivo, está definida no artigo 6º da Constituição Federal, com reforço da proteção à criança, ao adolescente e ao jovem, no artigo 227. No artigo 205, da mesma Carta Magna, a educação é definida como um direito de todos e um dever do Estado e da família, prescrevendo-se, no artigo 206, os princípios pelos quais é regido o ensino brasileiro. Compreendida a educação enquanto um direito público, subjetivo, para todos, indistintamente e cujo exercício desse direito vincula-se a um dever do Estado e da família, insta compreender a questão da organização da educação nacional, à luz da Constituição e da legislação infraconstitucional, com destaque para a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB. A Constituição Federal define a organização da educação nacional, com base no princípio federativo, por meio dos Sistemas de Ensino Federal, Estaduais, do Distrito Federal e Municipais, especificando a responsabilidade de cada ente, em função da sua responsabilidade na atuação. A União organizará o Sistema Federal, com atuação prioritária na educação superior; os Estados e o Distrito Federal, no ensino fundamental e médio; e os Municípios, no ensino fundamental e educação infantil. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, prioritariamente, atuarão na educação básica, que é dividida em três etapas: educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. Em regra, os Municípios atuam na educação infantil e Fase I (1º ao 5º ano) do ensino fundamental. Os Estados ofertam o ensino fundamental Fase II (6º ao 9º ano) e o ensino médio. A união organizará e financiará o ensino superior. Dependendo da questão do financiamento, os Municípios poderão atuar na Fase II do ensino fundamental. Importante compreender, nessa perspectiva de organização da educação, por via da responsabilidade dos entes federados, é que a União, além de atuar no ensino superior, por meio das instituições federais, tem a função de coordenação da educação nacional, exercendo, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino, mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios (§ 1º do artigo 211). Ainda neste mesmo dispositivo, se verifica a perspectiva da garantia dos entes federados, os quais, por ocasião da organização dos seus Sistemas de Ensino, deverão definir formas de colaboração para assegurar a universalização do ensino obrigatório (§ 4º do Art. 211). Nos artigos 212 e 213, observa-se as perspectivas constitucionais acerca do financiamento da educação pública, destacando as formas de arrecadação e de aplicação dos recursos nas escolas públicas, nos programas suplementares de transporte, alimentação e saúde, vislumbrando-se ainda o atendimento financeiro às escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas. Importante perspectiva constitucional está no artigo 214, sob a questão da organização da educação nacional e das políticas públicas educacionais delineadas para o país, destacando as obrigações, quando determina a edição de lei que estabeleça “... o plano nacional de educação, de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de educação, em regime de colaboração, e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação, para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades, por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a: I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do atendimento escolar; III - melhoria da qualidade do ensino; IV - formação para o trabalho; V - promoção humanística, científica e tecnológica do País; VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto.” Como se vê, as perspectivas constitucionais sob os aspectos da organização e financiamento da educação pública nacional, orientam, institucionalmente, também as políticas públicas que devem ser definidas para o país, viabilizadas por instrumentos legais nacionais, normas e programas, estes podendo ser editados no âmbito dos Sistemas de Ensino, em consonância com os limites constitucionais e legais a eles destinados. Por sua vez, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB, ao regulamentar sobre a organização da educação nacional, consoante a Constituição Federal, o faz com base na organização dos Sistemas de Ensino, pelos entes federados, estabelecendo as diretrizes sobre a criação, manutenção e função dos órgãos oficiais desses Sistemas (Artigos 8º ao 20). Nos Artigos 16 a 18, define a questão da vinculação das instituições de ensino a cada Sistema, sob os aspectos da regulação: credenciamento institucional, autorização e reconhecimento de cursos ou etapas da educação básica . Ainda sobre a questão da organização da educação na LDB, insta verificar os aspectos técnico-administrativos e pedagógicos, cujas definições estão baseadas nos níveis da educação brasileira, bem como a divisão desses em cursos e etapas. O nível superior se define pela graduação, pós-graduação, lato e stricto sensu, além de cursos e programas de formação continuada. O nível básico divide-se em etapas e modalidades (Artigos 20 a 60). Como proposto inicialmente, sugerimos analisar as políticas públicas educacionais no Brasil, no período pós-promulgação da Constituição Federal de 1988 e da LDB. Fato é que entre a promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988 e a publicação da LDB, em 5 de dezembro de 1996, pouco se propôs em termos de regulamentação da Constituição, na educação nacional, até porque ainda estava em discussão no Congresso Nacional a proposta de nova LDB, em substituição às Leis nº 4024/1961 e nº 5.692/1971, a qual, como dito, veio a ser promulgada no final do ano de 1996. De importante reflexo, nesse período de oito anos, foram promulgadas algumas Emendas Constitucionais, destacando, para a educação nacional, a Emenda nº 14/1996, além de algumas regulamentações, em termos de políticas educacionais. Com a promulgação da LDB, em dezembro de 1996, vieram as regulamentações das perspectivas constitucionais, com destaque para a possibilidade da organização dos Sistemas de Ensino Municipais, já que o Federal e os Estaduais já eram previstos nas Constituições anteriores, bem como organizados na forma de leis próprias. Sobre isso, a novidade estava na existência dos Sistemas Municipais, muito embora sua organização, na forma prevista na LDB, ainda não atingiu todos os municípios brasileiros, mesmo porque não há essa obrigação, podendo aqueles, sob os aspectos da regulação, permanecerem vinculados aos Sistemas de seus Estados. Importante lembrar que, pela Constituição Federal, os Sistemas Municipais de Ensino estão estabelecidos em razão de sua responsabilidade na atuação em etapas da educação básica, tendo a LDB estabelecido as diretrizes sobre a regulação, supervisão e avaliação.Fato é que por meio de Emendas Constitucionais, leis, Decretos Federais e Resoluções do Conselho Nacional de Educação, com as consequentes regulamentações dos Sistemas Estaduais e Municipais de Ensino, passou-se a regulamentar a educação básica e superior, por meio de atos legais e administrativo, especialmente a expedição de Diretrizes Curriculares, Diretrizes Operacionais e Diretrizes Nacionais, orientando os Sistemas de Ensino para a instituição das políticas públicas educacionais, a serem implementadas no país, especialmente para dar consequências aos princípios da Constituição Federal e às diretrizes da LDB. No ensino regular, destaca-se o atendimento das crianças na educação infantil, no ensino fundamental, no ensino médio, enquanto etapas da educação básica. A educação profissional técnica de nível médio pode ser ofertada na forma integrada, concomitante ou subsequente ao ensino médio, agora compondo a educação básica, para fins de organização e financiamento. A fim de visualizar e propor certa hierarquia na questão das regulamentações que estabeleceram políticas públicas a partir da Constituição Federal de 1988 e da LDB, é necessário evidenciar os principais atos legais, expedidos pelo governo federal, incluindo atos normativos do Conselho Nacional de Educação e de outros órgãos do Sistema Federal de Ensino. Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB nº 9.394/1996. Estabeleceu as diretrizes da educação nacional, regulamentando os princípios dispostos nos artigos 205 a 214 da Constituição Federal. Revogou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB nº 4.024/1961 e a Lei nº 5.692/1971. Como já analisado, a nova LDB estabeleceu várias políticas educacionais para a, agora definida, educação básica, estruturada em etapas, caracterizando a educação infantil como etapa educacional, destinada às crianças de zero a seis anos. Importante ainda são as diretrizes para a educação de jovens e adultos, educação profissional técnica de nível médio, educação especial, educação a distância, educação superior e outras perspectivas de políticas nacionais que vieram a ser desenvolvidas com a vigência dessa lei. Emenda Constitucional 14/1996 Modificou os Artigos 34, 208, 211 e 212 da Constituição Federal e deu nova redação ao art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Dentre as modificações trazidas por essa Emenda, destaca a gratuidade no ensino fundamental e no ensino médio, bem como a criação do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental – FUNDEF, estabelecendo importante política de financiamento para essa etapa da educação básica. Diretrizes Curriculares e Operacionais da Educação Básica Atos normativos editados, especialmente entre o ano de 1997 até os primeiros anos da década de 2000, em consequência à LDB, pelos quais foram instituídas as Diretrizes Curriculares e Operacionais para a educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, educação profissional técnica de nível médio, educação de jovens e adultos, educação especial, além de Diretrizes Nacionais para temas como a educação ambiental, educação em direitos humanos, educação no campo, educação quilombola, dentre outras. Essas diretrizes vieram normatizadas em Resoluções e outros atos do Conselho Nacional de Educação e do Ministério da Educação. Lei Federal nº 10.861/2004 Por essa lei, restou Instituído o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES, estabelecendo critérios para a continuidade de ofertas na educação superior, com implicação especial por ocasião das avaliações para fins de atos regulatórios de reconhecimento, credenciamento institucional e autorização de cursos. Em consequência a essa lei, também se instituiu o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes da educação superior, cujos resultados passaram a refletir na avaliação das instituições de ensino superior, públicas e privadas. Decreto Federal nº 5.622/2005 Esse Decreto regulamentou o artigo 80 da LDB, que trata da educação a distância. Foram estabelecidas as regras para o credenciamento institucional, autorização e reconhecimento de cursos da educação básica e superior no brasil, na modalidade de EaD. Esse Decreto foi revogado com a publicação do Decreto Federal nº 9.057/2017, regulamentado por meio de Portaria do Ministério da Educação, constituindo assim a atual regulamentação da educação a distância, também na educação básica e superior. Leis 11.114/2005 e 11.274/2006 Dentre as diversas leis que alteraram a LDB, para modificar ou implementar políticas públicas da educação nacional, destacam-se aquelas que instituíram o ensino fundamental de nove anos de duração. Até então, o ensino fundamental possuía duração de oito anos, com matrícula inicial aos sete anos de idade, ou seis anos, facultativamente. Com essas alterações, importantes mudanças ocorreram na educação básica, especialmente nas etapas da educação infantil e ensino fundamental, já que os Municípios, até então, possuíam a responsabilidade da oferta da educação infantil, com idade de zero a seis anos e a Fase I do ensino fundamental, do primeiro ao quarto ano. Com essas mudanças, passaram a ser responsáveis pela oferta da educação infantil, de zero a cinco anos e o ensino fundamental, do primeiro ao quinto ano. Emenda Constitucional 53/2006 Importante alteração constitucional, com reflexos no financiamento e reorganização da educação básica nacional, já que além de alterações da LDB, instituiu o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica – FUNDEB, ampliando o até então vigente Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental – FUNDEF. O FUNDEB foi regulamentado pela Lei 11.494/2007, cuja vigência expirou até 31 de dezembro de 2020. A perspectiva fundamental dessa Emenda à Constituição, é a ampliação do atendimento educacional na educação básica, com matrícula obrigatória de todas as crianças, aos quatro anos de idade na educação infantil, estabelecendo a educação básica com matrícula obrigatória dos quatro aos dezessete anos de idade. Essa Emenda provocou a edição das importantes Resoluções 01 e 06/2010, da Câmara da Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, com destaque também para a Lei Federal nº 12.796/2013, que alterou diversos artigos da LDB. Aqui se faz necessário prestar alguns esclarecimentos acerca da matrícula obrigatória na educação básica, agora, aos quatro anos de idade, aparentemente deduzindo que a educação básica tem duração de quatorze anos, já que considerada assim, dos quatro aos dezessete anos de idade. A educação infantil está definida na LDB, Artigo 29, como a primeira etapa da educação básica, a ser ofertada em creches, de zero a três anos e pré-escola, aos quatro e cinco anos de idade. Embora seja uma previsão constitucional e da LDB, o atendimento dessa etapa é de responsabilidade dos municípios. O que mudou foi a obrigatoriedade da matrícula aos quatro anos de idade na pré-escola. Fato é que até a alteração do tempo de duração do ensino fundamental, de oito para nove anos, a viger a partir de 2007, a matrícula era obrigatória no ensino fundamental, para crianças com sete anos de idade ou aos seis anos, facultativamente. O que significava o facultativo? Deduz-se que estaria vinculada às condições de oferta pelos Municípios, ou seja, uma vez esgotado o atendimento universal aos sete anos e havendo estrutura física, material e humana, poder-se-ia receber matrículas de crianças com seis anos de idade, no primeiro ano do ensino fundamental. Com a Emenda Constitucional 56/2009 e suas regulamentações, estabeleceu-se a obrigatoriedade da matrícula para crianças de quatro e cinco anos, na educação infantil, ficando do zero aos três anos o atendimento em creches. Há aqui controvérsias e incongruências que demandam análise mais acurada. Emenda Constitucional 108/2020 Por meio da Emenda Constitucional n° 108, de 27 de agosto de 2020, restou instituídoo novo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica, agora como instrumento permanente de financiamento da educação pública, diferente do anterior, que tinha período de vigência até o final de 2020. Embora tenha teha caráter permanente, sua constituição financeira se dará de forma escalonada, concluindo em 2026. Sua regulamentação foi dada pela Lei Federal nº 14.113, de 25 de dezembro de 2020. Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – PRONATEC Trata-se de um programa nacional, instituído pela Lei Federal nº 12.513/2011, com o objetivo de ampliar as vagas na educação profissional técnica de nível médio, em instituições privadas e públicas, com recursos provenientes do orçamento do Ministério da Educação, do Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT, do Sistema “S” e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES. Pano Nacional de Educação O Plano Nacional de Educação, de duração decenal, está previsto no artigo 214 da Constituição Federal e deve ser instituído em âmbito nacional, com determinação de sua instituição também pelos entes federados, com o objetivo de articular o sistema nacional de educação, em regime de colaboração, e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação, que visem assegurar a manutenção e o desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades, por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas, que conduzam a: I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do atendimento escolar; III - melhoria da qualidade do ensino; IV - formação para o trabalho; V - promoção humanística, científica e tecnológica do País. VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação, como proporção do produto interno bruto. Pós-constituição de 1988, foram editados dois PNEs, sendo o primeiro aprovado pela Lei Federal nº 10.172/2001, cujas metas e objetivos deveriam ser cumpridas no prazo de dez anos. Dentre as políticas públicas a serem adotadas naquele PNE, destaca a elaboração dos Parâmetros Curriculares, o que permitiu certa reorganização curricular, com reformulações das Diretrizes Curriculares e propostas pedagógicas de cursos e etapas da educação superior e básica nacional. O último e atual PNE foi aprovado pela Lei Federal nº 13.005/2014, com vigência de dez anos, portanto até junho de 2024, também com o estabelecimento de diretrizes e metas a serem cumpridas nesse período. Em consequência desse PNE, Estados e Municípios brasileiros elaboraram e instituíram seus Planos Estaduais e Municipais de Educação, a maioria editada no ano de 2015. Outra importante consequência do PNE de 2014, diz respeito à elaboração e instituição de uma Base Nacional Comum Curricular – BNCC, documento de caráter normativo, que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de modo que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento. A BNCC, enquanto política pública educacional, estabelece a necessidade de uma revisão dos aspectos pedagógicos das etapas da educação básica, com foco na construção e implementação de novos Projetos Políticos Pedagógicos – PPPs e sua consequentes Propostas Pedagógicas, com uma nova definição conceitual sobre competências, habilidades e objetos de conhecimento, a serem atingidos pelo estudante, propondo ainda uma organização curricular por áreas de conhecimento. A BNCC da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio foram regulamentadas por Resoluções do Conselho Nacional de Educação, nos anos de 2017 e 2018. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE Enquanto política pública, especialmente voltado para o financiamento da educação nacional, há o FNDE, criado pela Lei Federal nº 5.537/1968, na forma de autarquia. O FNDE é responsável pela execução de políticas educacionais do Ministério da Educação – MEC, tendo como missão prestar assistência técnica e financeira aos estados e municípios, como forma de contribuir para a implementação de parcela das ações educacionais, na educação básica e superior. Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM Criado no ano de 1998, o ENEM tinha como objetivo avaliar o desempenho do estudante para fins de escolaridade básica. Poderiam participar do exame alunos que estivessem concluindo ou que já haviam concluído o ensino médio, em anos anteriores. Nos anos seguintes, passou a ser utilizado para certificação do ensino médio, o que era efetivado pelas Secretarias Estaduais de Educação. Atualmente não mais é possível a certificação do ensino médio, entretanto continua a ser destinado aos estudantes em fase de conclusão do ensino médio, ou já concluída, essa etapa da educação básica, sendo também utilizado como critério de seleção para os estudantes que pretendem concorrer a uma bolsa no Programa Universidade para Todos – PROUNI, além de seu resultado ser utilizado por universidades públicas e privadas como critério de seleção para o ingresso no ensino superior, seja complementando ou substituindo o vestibular. Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos – ENCCEJA Avaliação criada em 2002, no âmbito do Instituto Nacional de Ensino e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, com o objetivo de avaliar o conhecimento daqueles que retomaram seus estudos na educação básica e que não tinham conseguido concluir o ensino fundamental ou médio, na idade própria. Até o ano de 2017, o ENCCEJA aplicava provas para certificação do ensino fundamental, podendo certificar também o ensino médio, considerando que essa certificação, no período anterior, poderia ocorrer por via do ENEM. Entretanto, a partir de 2017, o ENEM passou a servir apenas para ingresso no ensino superior, ficando a certificação de ambas as etapas, na forma de avaliações anuais, pelo ENCCEJA. Programa Universidade para Todos – PROUNI Criado em 2004, pela Lei nº 11.096/2005, tem como finalidade a concessão de bolsas de estudos integrais ou parciais a estudantes de cursos de graduação e de cursos sequenciais de formação específica, em instituições privadas de educação superior. Fundo de Financiamento Estudantil – FIES Trata-se de um fundo criado ainda na década de 1970, que foi reformulado pela Lei nº 10.260/2001, como um programa do Ministério da Educação, cuja finalidade é financiar cursos de graduação para estudantes, no ensino superior, mediante taxas de juros inferiores às de mercado, devendo tais juros ser amortizados pelo estudante, durante o curso. O pagamento das parcelas do financiamento possui prazo de carência de dezoito meses, após a conclusão do curso. Conclusão A análise aqui proposta pretendeu identificar as principais políticas públicas, implementadas na educação nacional, nos últimos trinta anos, à luz da Constituição Federal, da legislação infraconstitucional e das normatizações nacionais. Como se pôde observar, alterações significativas ocorreram em relação à legislação e à normatização que trata da organização e financiamento da educação brasileira, nesse período pós-constituição de 1988. Entretanto, aspecto importante sobre o assunto, não aprofundado aqui, diz respeito à execução das políticas públicas educacionais, no âmbito dos Sistemas de Ensino, cujas funções é implementá-las, na medida de suas competências e responsabilidades. É notório que a dificuldade maior está na gestão da educação, no âmbito dos Sistemas de Ensino e das instituições de ensino públicas, especialmente aquelas da educação básica, vez que, para além das barreiras financeiras e de organização, estão aquelas técnico-administrativas, surgidas em razão da ausência de conhecimento da legislação e normatizações sobre a educação nacional, pelos gestores públicos, o que dificulta a execução pedagógica,e, em consequência proporciona baixa qualidade na educação básica e superior, salvo exceções, é claro. Para além da proposição de políticas públicas educacionais, por meio de instrumentos legais e normativos, é necessária a sua eficiente implementação e gestão, o que somente será possível se por gestores e agentes públicos, com formação e capacitação técnico-administrativa, necessárias à efetiva execução das ações do poder público, permitindo assim o cumprimento das determinações impostas pela lei e normativas nacionais, estaduais e municipais. Evaristo Dias Mendes Professor de Língua Portuguesa Advogado Especialista em Direito e Gestão Educacional
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