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I 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ADAMANTINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A LEI MARIA DA PENHA: ALÉM DA CONDENAÇÃO PENAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NÍNIVE MIRANDOLA CIRILLI MERENDA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bacharel em Direito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ADAMANTINA – SP 
2020 
II 
 
NÍNIVE MIRANDOLA CIRILLI MERENDA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A LEI MARIA DA PENHA: ALÉM DA CONDENAÇÃO PENAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho Acadêmico apresentado ao 
Departamento de Direito da UNIFAI 
(CEPAC) como requisito para conclusão 
do curso de Direito, sob a orientação da 
Profª Ma. Mariângela Conceição Vicente 
Bergamini de Castro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
III 
 
NÍNIVE MIRANDOLA CIRILLI MERENDA 
 
 
 
 
 
A LEI MARIA DA PENHA: ALÉM DA CONDENAÇÃO PENAL 
 
 
 
 
 
Banca Examinadora 
 
 
 
 
 
Monografia para obtenção do grau de Bacharel em Direito 
 
 
 
Presidente e Orientador:_______________________ 
Coorientador:________________________________ 
2º Examinador:_______________________________ 
3º Examinador:_______________________________ 
4º Examinador:_______________________________ 
5º Examinador:_______________________________ 
Suplentes:____________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Adamantina, ___/___/___. 
IV 
 
 
 
 
 
 
Resumo 
A Lei 11.340 de 2006, mais conhecida como “Lei Maria da Penha”, sancionada em 07 de 
agosto de 2006 e em vigência desde 22 de setembro do mesmo ano, é o principal e mais 
importante marco no combate à violência doméstica e familiar contra a mulher no Brasil. 
Considerada como uma das mais avançadas internacionalmente sobre o assunto, a Lei 
11.340/06 consagrou-se após um longo caminho, que envolve diversas conquistas 
femininas e a promulgação da Constituição Federal de 1988, que tem como um de seus 
principais compromissos assegurar a igualdade entre todos. Fruto de uma batalha que 
durou anos e alcançou, inclusive, repercussão internacional, a Lei Maria da Penha criou 
mecanismos de proteção à mulher, tornou possível a estruturação de políticas públicas de 
prevenção contra a violência doméstica e familiar e serviços de atendimento à vítima, 
além de ter estimulado o debate sobre o tema, tanto na sociedade quanto nos Poderes 
Judiciário, Executivo e Legislativo. Dessa forma, a Lei Maria da Penha destaca-se por 
seu caráter repressivo, preventivo e assistencial, buscando-se a erradicação da violência 
doméstica e familiar contra a mulher através de medidas que a tornem eficaz, como a 
implantação de políticas públicas, medidas de prevenção, proteção e assistência às 
mulheres em situação de violência e a punição do agressor. 
 
Palavras-chave: Lei Maria da Penha. Lei 11.340/06. Violência doméstica. Proteção à 
mulher. Mecanismos de proteção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
V 
 
 
 
 
 
 
Abstract 
Law 11.340 of 2006, better known as “Maria da Penha Law”, endorsed on August 7, 2006 
and in force since September 22, of the same year, is the main and most important 
milestone in the fight against domestic and family violence against women in Brazil. 
Considered one of the most advanced internationally on the subject, Law 11.340 / 06, 
enshrines itself after a long way, which involves several female conquests and the 
promulgation of the Federal Constitution in 1988, which has as one of its main 
commitments to ensure equality among all. An act of battle that lasted for years and 
reached international repercussions, Maria da Penha Law created protection mechanisms 
for women, made it possible to structure public policies for the prevention of domestic 
violence and family violence and victim assistance services, in addition to stimulating the 
debate on the topic, both in society and in the three branches of power, executive, 
legislative and judicial. Thus, Maria da Penha Law is shown by its repressive, preventive 
and assistance nature, seeking to eradicate domestic and family violence against women 
through measures that become effective, such as the implementation of public policies, 
preventive measures, protection and assistance to women in situations of violence and 
punishment of the aggressor. 
 
Keywords: Maria da Penha Law. Law 11.340/06. Domestic violence. Protection of 
women. Protection mechanisms.. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VI 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
 
RESUMO EM LÍNGUA VERNÁCULA ...................................................................... IV 
RESUMO EM LÍGUA ESTRANGEIRA ...................................................................... V 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1 
2 A EVOLUÇÃO DOS DIREITOS DAS MULHERES NO BRASIL .......................... 2 
2.1 A consagração dos Direitos Humanos das Mulheres ................................................ 2 
2.2 Evolução constitucional ............................................................................................. 5 
2.3 A participação feminina na elaboração da CF/88 ...................................................... 6 
2.4 O surgimento da Lei 11.340/06 ................................................................................. 8 
3 A LEI MARIA DA PENHA ........................................................................................ 10 
3.1 Formas de violência .................................................................................................. 11 
3.2 Medidas protetivas de urgência ................................................................................ 13 
4 ALÉM DA CONDENAÇÃO PENAL ........................................................................ 16 
4.1 Proibição de nomeação em cargos de confiança ...................................................... 16 
4.2 Proibição de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil .................................... 17 
4.3 Divórcio .................................................................................................................... 18 
4.4 Ressarcimento ao INSS ............................................................................................ 18 
4.5 Ressarcimento ao SUS ............................................................................................. 19 
4.6 Indenização por danos morais .................................................................................. 21 
Conclusão ....................................................................................................................... 25 
Referências ..................................................................................................................... 26 
 
 
 
 
 
1 
 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
A Lei 11.340/06, em seu preâmbulo, estabelece como seu propósito e princípio 
orientadores a criação de mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra 
a mulher, com fundamento no § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção 
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da 
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher. 
O presente trabalho, em seu primeiro capítulo, apresenta um panorama sobre a evolução 
da legislação brasileira (infraconstitucional e constitucional) que versa sobre os direitos 
e proteção à mulher, possibilitando, após o percurso de um longo caminho, a elaboração 
da Lei Maria da Penha. No segundo capítulo, trata dos mecanismos trazidos pela Lei para 
coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, elencando os tipos de violência e 
as medidas protetivas aplicadas para tanto. Por fim, o terceiro capítulo relaciona normas 
jurídicas e projetos de lei que estabelecem sanções de diferentes naturezas ao agressor 
condenado pela prática de violência doméstica contra a mulher. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
2 A EVOLUÇÃO DOS DIREITOS DAS MULHERES NO BRASIL 
Ao longo da história, nas mais diversas sociedades, incluindo a brasileira, as mulheres 
têm sidodiscriminadas e reprimidas por motivos que passam, de uma maneira geral, pelo 
plano político, econômico, cultural e social. Dessa forma, a história do sexo feminino 
sempre foi de luta e resistência. 
Nos dias de hoje, tornou-se possível iniciar uma efetiva discussão sobre a igualdade de 
gêneros, proteção aos direitos e não discriminação da mulher, a qual foi viabilizada com 
a ratificação de tratados internacionais e, notadamente, a partir da Constituição Federal 
de 1988, que também impôs ao Estado o dever de assegurar assistência à família e criar 
mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações. 
Mas para se compreender a dimensão e importância dessas (pequenas) conquistas, é 
preciso conhecer o caminho percorrido até aqui. 
2.1 A consagração dos Direitos Humanos das Mulheres 
O Brasil é um dos signatários originais da Declaração Universal de Direitos Humanos, 
resolução da Assembleia Geral da ONU, datada de 1948, documento este que pela 
primeira vez elevou os direitos humanos a um status jurídico internacional, além de 
reconhecer o princípio da dignidade humana (um dos fundamentos republicanos, previsto 
em nossa atual Constituição) como um valor universal, bem como referir-se a todos os 
seres humanos, sem distinções, o que não era observado por declarações anteriores da 
mesma natureza. 
Embora ainda haja muito o que se cumprir (mesmo depois de terem decorridos mais de 
70 anos de sua proclamação), foi esta resolução que inspirou as constituições de muitos 
Estados e democracias recentes, incluindo a nossa (MELLO; PAIVA, 2019, p. 40). 
Com efeito, a partir da Declaração Universal de Direitos Humanos foram adotados 
tratados internacionais buscando a proteção de direitos fundamentais, com instrumentos 
3 
 
de abrangência geral, como os Pactos Internacionais de Direitos Civis e Políticos e de 
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, de 1966, e de alcance específico, como a 
Convenção Sobre a Eliminação da Discriminação contra a mulher de 1979 e a Convenção 
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher 
(“Convenção de Belém do Pará”), de 1994, as quais são, inclusive, mencionadas pela Lei 
Maria da Penha, em seu preâmbulo. 
Referidos documentos contribuíram para a transformação da sociedade, sendo 
responsáveis pelos avanços das mulheres ao efetivar seus direitos, buscando responder a 
algumas das violações de direitos humanos, como a discriminação racial, a violação dos 
direitos da criança e a discriminação contra a mulher, criando, assim, no campo do sistema 
global: 
(...) a coexistência dos sistemas geral e específico de proteção dos direitos 
humanos, como sistemas de proteção complementares. O terror e as grandes 
violações de direitos cometidos na 2ª Guerra Mundial ensejaram a criação de 
um efetivo sistema de proteção internacional dos direitos humanos, capaz de 
responsabilizar os Estados pelas violações por eles cometidas, ou ocorridas em 
seus territórios. Busca-se, a partir de então, uma estrutura normativa que 
permita a responsabilização internacional dos Estados quando estes falharem 
em proteger os direitos humanos dos seus cidadãos. Há uma relativização da 
soberania estatal que deixa de ser um princípio absoluto, devendo ser limitado 
em prol da proteção aos direitos humanos. (MELLO; PAIVA, 2019, p. 40). 
A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher 
foi aprovada pela ONU em 18 de dezembro de 1979, entrando em vigor em 03 de 
setembro de 1981, sendo ratificada pelo Brasil em sua integralidade em 1994 e 
promulgada pelo Presidente da República, por meio do Decreto 4.377/02, em 2002 (!). 
É o primeiro tratado internacional a dispor sobre os direitos da mulher em diversas áreas, 
como trabalho, saúde, educação, direitos civis e políticos, estereótipos sexuais e família, 
promovendo seus direitos na busca da igualdade de gênero e buscando reprimir quaisquer 
discriminações contra a mulher nos países-membros. 
Para Dias (2019, p. 48), o documento serve de parâmetro mínimo a ser observado pelos 
Estados com a finalidade de promover os direitos humanos das mulheres e o dever de 
eliminar a discriminação por meio da adoção de medidas legais, políticas e programáticas, 
além de definir o conceito de discriminação contra as mulheres: 
4 
 
Art. 1º Para os fins da presente Convenção, a expressão "discriminação contra 
a mulher" significará toda a distinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e 
que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo 
ou exercício pela mulher, independentemente de seu estado civil, com base na 
igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e liberdades 
fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural e civil ou em 
qualquer outro campo. (BRASIL, 2002) 
Apesar de não tratar da questão da violência de gênero, o Comitê da Convenção da 
Mulher, como também é conhecida, apresentou a recomendação de que os Estados 
deveriam firmar legislação especial sobre o assunto. 
Avançando um pouco no tempo, a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e 
Erradicar a Violência Contra a Mulher foi assinada em Belém do Pará em 1994 e incluída 
em nosso ordenamento jurídico pelo Decreto 1.973/96. 
Este documento inova ao reconhecer expressamente a violência contra a mulher como 
um problema generalizado na sociedade, definindo-a em seu artigo 1º como “qualquer 
ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou 
psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada” (BRASIL, 1996). 
Sempre houve uma naturalização, uma conivência da sociedade com a violência 
doméstica, uma vez que “a ideia da família como uma entidade inviolável, não sujeita à 
interferência do Estado e da Justiça, sempre fez que a violência se tornasse invisível, 
protegida pelo segredo” (DIAS, 2019, p. 30), o que sempre serviu de justificativa para 
barrar qualquer tentativa de coibir o que acontecia dentro dos lares. 
Nesse ponto, Souza e Baracho (2015, p. 03, apud Piovesan, 2015) destacam a relevância 
da Convenção ao colocar em pauta a ocorrência da violência doméstica tanto na esfera 
doméstica como na comunidade na qual a mulher se encontra inserida, incluindo 
instituições educacionais e relações de trabalho, rompendo, dessa forma, com a 
equivocada dicotomia entre o espaço público e o privado. 
Ademais, a Convenção também previu uma sistemática de deveres imediatamente e 
progressivamente exigíveis a serem observadas pelos Estados-membros, como a 
incorporação, em suas legislações, de normas penais, civis, administrativas ou de outra 
natureza, que sejam necessárias para prevenir, punir e erradicar a violência contra a 
mulher, o estabelecimento de mecanismos judiciais e administrativos necessários para 
5 
 
assegurar que a mulher sujeitada a violência tenha efetivo acesso a reparação do dano e 
outros meios de compensação justos e eficazes, entre outros (MELLO; PAIVA, 2019, p. 
44). 
Estabeleceu, ainda, a possibilidade de qualquer pessoa ou grupo de pessoas apresentar 
denúncias ou queixas à Comissão. Dessa forma: 
A mulher cujos direitos fundamentais tenham sido violados e não obtém na 
justiça de seu país uma resposta adequada, ou quando há grande morosidade 
para solução por parte da polícia ou do Judiciário, tem a prerrogativa de, 
individualmente, recorrer à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. 
(MELLO; PAIVA, 2019, p. 44). 
2.2 Evolução constitucional 
Dias (2019, p. 09) afirma que “a Lei 11.340/06, ao criar mecanismos para coibir e prevenir 
a violência doméstica e familiar contra a mulher, nada mais fez que resgatar a cidadania 
feminina”. 
Falar em cidadania implica em falar sobre a busca pelo direito ao sufrágio feminino no 
Brasil, que teve forte influência dos movimentos sufragistas inglês e norte-americano, e 
um importante marco em 09 de agosto de 1920, com a fundação da Federação Brasileirapelo Progresso Feminino, que tinha como principal nome de liderança Bertha Lutz, uma 
das pioneiras da luta pelo voto feminino e pela igualdade de direitos entre homens e 
mulheres 
A carta magna de 1891 não proibia expressamente o voto feminino e assegurava a todos 
a “igualdade de direitos”, ainda que essa igualdade não incluísse realmente as mulheres. 
Tendo em vista esta lacuna, Adalgiza Bittencourt, advogada paulistana, requereu, em 
1927, seu alistamento eleitoral, mas teve seu pedido indeferido. Atendendo a um pedido 
de Bertha Lutz, o Senador da República Adolpho Gordo interveio no caso, mas, mesmo 
com sua defesa, o recurso de Adalgiza foi indeferido. Apenas em 1932, com a elaboração 
do Código Eleitoral (Decreto 21.076/1932), passou-se a considerar como eleitor o 
cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo, instituindo-se, assim, o voto feminino. 
No entanto, este era facultativo para as mulheres, que poderiam abdicar deste direito em 
qualquer idade, conforme previsão do Código Eleitoral (OLIVEIRA, 2011, p. 14-16). 
6 
 
A obrigatoriedade do voto feminino foi inserida na Constituição de 1934, com o auxílio 
de Carlota Pereira Queirós, nossa primeira constituinte, mas apenas para as mulheres que 
exerciam função pública remunerada. No entanto, foi a partir de então que tornou-se 
obrigatório aos partidos políticos que tivessem 30% de candidatas do sexo feminino, 
efetivando a participação feminina nas eleições (OLIVEIRA, 2011, p. 16). 
Foi apenas durante a ditadura varguista, com a Constituição de 1937, que os direitos 
políticos das mulheres ao voto se tornaram irrestritos (OLIVEIRA, 2011, p. 16). 
Houve avanços na Constituição de 1946, com a inclusão da igualdade entre os sexos, o 
direito à aposentadoria aos 35 anos de trabalho e obrigatória aos 70 anos, a possibilidade 
de prisão civil do pela falta de pagamento da pensão alimentícia, além do auxílio à 
maternidade (OLIVEIRA, 2011, p. 16-17). 
A ditadura militar, iniciada em 1964, trouxe a participação feminina tanto em um apoio 
anterior ao golpe militar, como após, em movimentos contrarrevolucionários, 
principalmente aqueles que diziam respeito à procura de familiares desaparecidos em 
razão da repressão militar. Com relação a elas, a Constituição outorgada neste período 
não trouxe grandes novidades ou avanços significativos (OLIVEIRA, 2011, p. 17). 
2.3 A participação feminina na elaboração da CF/88 
Nossa atual Constituição Federal, outorgada em 1988, conhecida como “Constituição 
Cidadã”, fixou de maneira definitiva os direitos e garantias fundamentais destinados a 
todos os brasileiros e, logo em seus primeiros dispositivos, mais especificamente no artigo 
5º, ao incluir como direito inviolável o princípio da isonomia (“Todos são iguais perante 
a lei”) acrescentando, no inciso I, que “homem e mulher são iguais em direitos e 
obrigações, nos termos da Constituição”, garantindo, no inciso XLI do mesmo artigo, que 
“a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais” 
(BRASIL, 1988). 
O atual texto constitucional é uma resposta aos anseios de diversos setores da sociedade 
brasileira, que acabara de sair de um regime autoritário, dando voz àqueles que lutaram 
para que a diversidade de interesses proveniente desses movimentos estivesse ali 
7 
 
presente, inclusive com uma importante participação feminina em sua elaboração 
(PAMPLONA; URTADO, 2018, p. 54). 
Apesar da desproporcionalidade em números (dentre os 559 parlamentares constituintes, 
apenas 26 eram mulheres), no texto constitucional ecoam vozes femininas. Nesse sentido: 
As mulheres constituintes foram corajosas em seus discursos, enaltecendo o 
papel da mulher para a construção da sociedade e para possibilitar que a 
esmagadora maioria dos constituintes, homens, pudesse estar ali presente. As 
mulheres constituintes não se furtaram às discussões nas mais diferentes áreas: 
meio ambiente; reforma agrária; educação; trabalho; questões urbanísticas; 
economia, saúde, sistema de governo e, claro, direitos das mulheres sobre seu 
corpo e sua autonomia. Foi o reconhecimento do papel que lhes foi relegado 
na sociedade que impulsionou o movimento das mulheres para participação e 
voz na constituinte. (PAMPLONA; URTADO, 2018, p. 61). 
Essa participação foi possível muito em razão da criação, pela Lei 7.353, do Conselho 
Nacional dos Direitos da Mulher, em 1985, composto por mulheres vinculadas à política 
ou a movimentos de mulheres, de classe média e de camadas populares, e tinha como 
finalidade promover “políticas para eliminar a discriminação da mulher, assegurando-lhe 
condições de liberdade e de igualdade de direitos, bem como sua plena participação nas 
atividades políticas, econômicas e sociais” (PAMPLONA; URTADO, 2018, p. 62). 
Em 1987, o Conselho lançou a campanha “Mulher e Constituinte”, que reuniu vários 
grupos de mulheres e de movimentos feministas visando uma maior participação na 
Assembleia Nacional Constituinte. 
Pamplona e Urtado (2018, p. 63) narram que o Conselho teve de enfrentar o preconceito 
e misoginia dos demais parlamentares, que classificaram essa mobilização (a qual tinha 
como lema “Constituinte pra valer tem que ter Palavra de Mulher”) de “Lobby do batom”, 
mas, em 27 de março de 1987, foi entregue à Assembleia a “Carta das Mulheres aos 
Constituintes”, reivindicando, como uma “maioria ainda discriminada”, direitos mais 
igualitários: 
Para nós, mulheres, exercício pleno da cidadania significa, sim, o direito à 
representação, à voz e à vez na vida pública, mas implica, ao mesmo tempo, a 
dignidade na vida cotidiana, que a lei pode inspirar e deve assegurar, o direito 
à educação, à saúde, à segurança, à vivência familiar sem traumas. O voto das 
mulheres traz consigo essa dupla exigência: um sistema político igualitário e 
uma vida civil não autoritária. (BRASIL, 1987). 
8 
 
Em primeiro turno, foram aprovados vários dos direitos reivindicados pelo Conselho 
Nacional dos Direitos da Mulher, que foram mantidos no texto constitucional, como a 
licença maternidade de cento e vinte dias, igualdade de direitos e deveres inclusive na 
sociedade conjugal, educação gratuita para criança de zero a seis anos, direito de posse à 
terra, direitos trabalhistas e previdenciários das empregadas domésticas, além da garantia 
da instituição de mecanismos que coibissem a violência doméstica (PAMPLONA; 
URTADO, 2018, p. 64-65). 
Assim, essa mobilização feminina e feminista foi de extrema importância para que fosse 
dado um passo a mais em direção à igualdade plena entre os sexos, sendo essencial para 
a elevação da mulher na sociedade e dentro da instituição familiar com a inserção no texto 
constitucional de diversos direitos que serviram de baliza para orientar a modificação e 
criação de outras normas de enfrentamento à discriminação e proteção da mulher. 
2.4 O surgimento da Lei 11.340/06 
Apesar da previsão constitucional e nos tratados internacionais, o Brasil não possuía um 
sistema eficaz de prevenção erradicação e enfrentamento de todas as formas de violência 
contra a mulher. Inúmeros casos de violência doméstica contra a mulher continuavam a 
ser denunciados, mas foi em razão de Maria da Penha Maia Fernandes, farmacêutica, 
mestre pela Universidade de São Paulo (USP), a qual sofreu atentados perpetrados pelo 
ex-marido, Marco Antonio Heredia Viveros, colombiano, naturalizado brasileiro e 
professor universitário de economia, que a história de violência doméstica brasileira 
repercutiu internacionalmente. 
Oliveira (2011, p. 34) narra que em 29/05/1983, Maria da Penha foi vítima de tentativa 
de homicídio, enquanto dormia, por seu então marido, o qual declarou à polícia que 
ladrões tinham invadido a casa para roubar e dispararam um tiro contra sua esposa. Em 
razão do acontecido, a ofendida ficou irreversivelmente paraplégica. 
Após ter saído do hospital, enquanto ainda se recuperava do atentado anterior,a vítima 
foi submetida a cárcere privado e sofreu novas agressões, como uma tentativa 
premeditada de eletrocussão no banheiro, tendo sido anteriormente obrigada a fazer 
seguro de vida em favor do agressor (OLIVEIRA, 2011, p. 34). 
9 
 
Oliveira (2011, p. 34) narra, ainda, que, no ano seguinte, Maria da Penha iniciou sua luta 
por justiça junto ao Poder Judiciário brasileiro, mas somente em 1991 seu ex-marido foi 
julgado e condenado a 15 anos de prisão. No entanto, a defesa apelou e a sentença foi 
anulada em 1992. Teve um novo julgamento apenas em 1996, quando foi condenado a 
10 anos de prisão, mas saiu do tribunal em liberdade. 
Decorridos quinze anos, o agressor continuava em liberdade e nenhuma sentença 
definitiva havia sido proferida, oportunidade em que a ONG Centro para a Justiça e o 
Direito Internacional (CEJIL) soube do caso por meio do livro escrito por Maria da Penha 
em 1994 (“Sobrevivi, posso contar”) e , em conjunto com Maria da Penha e o Comitê 
Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher, formalizou denúncia 
junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, órgão da Organização dos 
Estados Americanos responsável pela verificação de denúncias de violação dos direitos 
humanos, em decorrência de descumprimento de acordos internacionais. 
O fato ganhou notoriedade internacional e, em 2001, a Comissão Interamericana de 
Direitos Humanos, por meio do Relatório nº 54/2001, admitiu a denúncia como 
justificada, declarou o Brasil como um Estado violador de Direitos Humanos e 
recomendou, entre outros procedimentos, que fossem tomadas atitudes para coibir a 
violência doméstica contra a mulher (OLIVEIRA, 2011, p. 35). 
Após pressões internacionais, em 2002 o processo criminal foi concluído e o ex-marido 
de Maria da Penha foi preso, poucos meses antes da prescrição da pena e por apenas dois 
anos, no regime fechado (OLIVEIRA, 2011, p. 36). 
Foi assim que, em atenção às recomendações da Comissão Interamericana de Direitos 
Humanos, o Presidente da República, sancionou projeto de lei de iniciativa da Câmara 
dos Deputados, designada Lei nº 11.340/2006, que passou a ser conhecida como “Lei 
Maria da Penha”, em homenagem à mulher que lutou contra a impunidade de seu ex-
marido e agressor, representando outras mulheres vítimas de violência doméstica no 
Brasil (OLIVEIRA, 2011, p. 36). 
 
10 
 
 
 
 
 
 
3 A LEI MARIA DA PENHA 
A Lei 11.340/06 surge em um contexto de desigualdade entre homens e mulher, com a 
intenção de dar integral proteção à mulher vítima de violência doméstica. Assim, não 
restam dúvidas de que 
a aprovação dessa lei significou uma mudança na configuração de novos 
procedimentos democráticos de acesso à justiça: ela deu transparência e 
visibilidade ao fenômeno da violência doméstica no Brasil e, ademais, 
provocou um debate acalorado sobre o tema na sociedade, nas universidades e 
no próprio meio jurídico, trazendo significativas transformações ao meio 
jurídico e político (MELLO; PAIVA, 2019, p. 53). 
 
Dias assevera que referida lei protege não apenas a mulher vítima da violência, mas 
também a família e a sociedade, uma vez que “o sofrimento individual das mulheres 
ofendidas agride o equilíbrio de toda a comunidade e a estabilidade das células familiares 
como um todo” (DIAS, 2019, p. 58-59). Desta forma, é possível afirmar que a Lei Maria 
da Penha inseriu em seu âmbito de proteção não apenas a mulher, mas a própria entidade 
familiar. 
A lei em estudo não foi recebida com unanimidade pelo meio jurídico. Desde que entrou 
em vigor, sua constitucionalidade foi questionada por parte da doutrina e da 
Jurisprudência: 
Alguns doutrinadores entendiam que essa lei seria inconstitucional por ferir o 
princípio da isonomia, na medida em que estabelece uma desigualdade 
somente em função do sexo. A mulher enquanto vítima seria beneficiada por 
um melhor mecanismo de proteção e de punição contra o agressor. Já o homem 
não disporia de tais instrumentos quando fosse vítima da violência doméstica 
ou familiar (MELLHO; PAIVA, 2019, p. 60). 
Instado, o Supremo Tribunal Federal, em 09 de fevereiro de 2012, julgou a Ação 
Declaratória de Constitucionalidade 19 (ADC 19/DF), proposta pela Advocacia Geral da 
União, declarando a constitucionalidade da Lei 11.340/2006, e a Ação Direta de 
Inconstitucionalidade 4.424 (ADIn 4.424/DF), manejada pela Procuradoria Geral da 
República, reconhecendo a natureza pública incondicionada das ações que apurem a lesão 
11 
 
corporal leve ou culposa praticado no âmbito doméstico, bem como reforçando a não 
aplicabilidade da Lei 9.099/95 nos conflitos que envolvem violência doméstica (MELLO; 
PAIVA, 2019, p. 63). 
3.1 Formas de violência 
A redação da Lei Maria da Penha traz definições sobre as formas de violência doméstica, 
especificando, ainda, seu âmbito de ocorrência. Para Dias, “violência doméstica é 
qualquer das ações elencadas no art. 7º (violência física, psicológica, sexual, patrimonial 
ou moral) praticadas contra a mulher em razão de vínculo de natureza familiar ou afetiva” 
(DIAS, 2019, p. 63). 
A violência física (artigo 7º, inciso I, da Lei 11.340/06) caracteriza-se pelo uso de força 
física, por meio de socos, tapas, empurrões, mordidas, chutes, queimaduras, etc, que 
podem, ou não, provocar lesões aparentes, com o intuito de ofender a integridade corporal 
da vítima. São condutas que encontram previsão no Código Penal (lesão corporal e 
feminicídio) ou na Lei das Contravenções Penais (vias de fato) (CUNHA; PINTO, 2020, 
p. 76). 
A violência psicológica (artigo 7º, inciso II, da Lei 11.340/06) consiste na agressão 
emocional, por meio de agressões verbais, silêncios prolongados, tensões, manipulações 
de atos e desejos. É a violência mais frequente e, talvez, a menos denunciada (DIAS, 
2019, p. 93). Dependendo do caso concreto, pode enquadrar-se como crime de ameaça 
(CUNHA; PINTO, 2020, p. 80), além de ser causa de majoração da pena (art. 61, inciso 
II, alínea f, do Código Penal). 
Com relação à violência sexual (artigo 7º, inciso III, da Lei 11.340/06), esta abrange atos 
ou tentativas de relação sexual forçada ou sob coação, sendo atentatória à liberdade sexual 
da mulher. Exige-se, para a configuração da violência doméstica, uma relação de afeto, 
convivência, entre agressor e ofendida que, de alguma forma, facilite a consumação do 
crime (CUNHA; PINTO, 2020, p. 83). No Código Penal configura os crimes contra a 
liberdade sexual, ensejando o aumento da pena em razão da agravante genérica prevista 
no artigo 61, inciso II, alínea f (DIAS, 2019, p. 97). 
12 
 
A retenção, subtração ou destruição de bens de relevância patrimonial ou pessoal 
caracterizam a violência patrimonial (artigo 7º, inciso IV, da Lei 11.340/06), utilizada 
como uma forma de vingança ou manipulação da vítima. 
Lecionam Cunha e Pinto que o Código Penal prevê duas espécies de imunidade: 
A imunidade absoluta, prevista no artigo 181 do CP, confere isenção de pena 
quando o crime for praticado em prejuízo de cônjuge, na constância da 
sociedade conjugal ou em prejuízo de ascendente ou descendente, seja o 
parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. Já a imunidade relativa, 
do artigo 182 do mesmo códex, impõe a prévia oferta de representação pelo 
ofendido, quando ele for cônjuge desquitado ou judicialmente separado, irmão 
legítimo ou ilegítimo, tio ou sobrinho com quem o agente coabita (CUNHA; 
PINTO, 2020, p. 85-86). 
Para os autores, diante da ausência de revogação expressa pela Lei Maria da Penha, as 
imunidades absolutórias devem ser aplicadas nas hipóteses de violência doméstica 
(CUNHA; PINTO, 2020, p. 86). Dias, por outro lado, defende que não se aplicam as 
imunidades absolutas ou relativas dos arts. 181 e 182 do Código Penal, uma vez que 
Quando a vítima é mulher com quem o agente mantém relação de ordem 
afetiva, se está frente a uma violência patrimonial e não se pode mais admitir 
a escusa absolutória.Não há mais como admitir o injustificável afastamento da 
pena ao infrator que pratica um crime contra a esposa ou companheira, ou, 
ainda, uma parente do sexo feminino (DIAS, 2019, p. 99). 
A violência moral (art. 7º, inciso V, da Lei 11.340/06) apresenta-se na forma de 
desqualificação, inferiorização ou ridicularização, afetando a autoestima da vítima. 
Configura os delitos contra a honra, quais sejam, calúnia (art. 138, CP), difamação (art. 
139, CP) ou injúria (art. 140, CP), os quais, quando cometidos no âmbito familiar, 
caracterizam-se como violência doméstica, impondo-se o reconhecimento da agravante 
prevista no art. 61, inciso II, alínea f, do Código Penal (DIAS, 2019, p. 101). 
Cumpre destacar que o rol de ações elencadas no artigo 7º da Lei 11.340/2006 não é 
exaustivo, podendo haver o reconhecimento de outras ações que configurem violência 
doméstica e familiar contra a mulher. Ademais, nem sempre encontram correspondência 
em algum delito: 
No caso de violência doméstica patrimonial ou moral, por exemplo, não 
precisa haver correspondência com os crimes contra o patrimônio ou contra a 
honra tipificados no Código Penal. Embora caracterizada a violência 
doméstica quando da prática de algum desses crimes, a ensejar a aplicação da 
13 
 
Lei Maria da Penha, a reciproca não é verdadeira. A tipificação penal é bastante 
restrita e exige inúmeros outros requisitos além da simples violência. Por isso 
não se justifica restringir o reconhecimento da violência no âmbito das relações 
domésticas à configuração do tipo penal correspondente (DIAS, 2019, p. 87). 
Dessa forma, ainda que a conduta não se subsuma a um tipo penal, que haja o 
arquivamento do procedimento investigatório, seja por insuficiência probatória ou 
ausência de condição de procedibilidade, por exemplo, “é possível a concessão ou 
manutenção de medida protetiva de urgência , independentemente de ação penal atual ou 
potencial, a perdurar pelo período de tempo necessário à proteção efetiva da mulher” 
(DIAS, 2019, p. 88). 
3.2 Medidas protetivas de urgência 
Mello e Paiva (2019, p. 250) destacam a inovação trazida pela possibilidade de concessão 
das medidas protetivas de urgência elencadas na Lei 11.340/2006 por, “em tese, permitir 
uma interrupção do ciclo de violência sem que haja como primeira resposta, na maioria 
dos casos, ações drásticas como a privação de liberdade do ofensor”, tratando-se, portanto 
de um importante e eficaz instrumento no combate à violência contra a mulher uma vez 
que, por se tratarem de casos emocionalmente complexos, muitas vezes a vítima não 
busca necessariamente o rompimento da relação, mas a interrupção da violência. 
As medidas protetivas serão concedidas mediante requerimento do Ministério Público ou 
manifestação de vontade da vítima, mas, a partir do momento em que o pedido é feito, o 
juiz pode agir de ofício adotando as medidas que entender necessárias para garantir a 
efetividade da proteção à mulher, podendo, ainda, substituí-las ou conceder outras 
medidas a qualquer momento (DIAS, 2019, p. 172-173). 
O rol de medidas protetivas de urgência da Lei Maria da Penha é meramente 
exemplificativo, cabendo ao juiz adotar as medidas elencadas ou tomar as providências 
que julgar necessárias, visando a proteção e segurança da ofendida, bem como o curso da 
instrução processual (MELLO; PAIVA, 2019, p. 257). 
A Lei classifica as medidas em três espécies: medidas que obrigam o agressor, elencadas 
no artigo 22 da Lei 11.340/2006, medidas de caráter pessoal dirigidas à vítima, previstas 
14 
 
no artigo 23 do diploma, e medidas de caráter patrimonial dirigidas à vítima, tratadas no 
artigo 24 da mesma norma. 
Conforme explicam Mello e Paiva, “as medidas que obrigam o agressor têm naturezas 
diversas como, por exemplo, sanções administrativas (suspensão de posse de armas) ou 
cíveis (prestação de alimentos provisionais ou provisórios)” (MELLO; PAIVA, 2019, p. 
257). Há, ainda, medidas de natureza penal, como a suspensão da posse ou restrição do 
porte de armas, afastamento do lar, proibição de aproximação da ofendida, de manter 
contato com ela por qualquer meio de comunicação e de frequentar determinados lugares. 
As medidas que protegem as vítimas “têm como finalidade a preservação da integridade 
física e psicológica da mulher durante um momento de vulnerabilidade, especialmente 
quando a violência parte do/a companheiro/a ou ex-companheiro/a após o rompimento da 
relação amorosa” (MELLO; PAIVA, 2019, p. 264). Está prevista no artigo 23 da Lei 
Maria da Penha a possibilidade de o juiz: encaminhar a ofendida e seus dependentes a 
programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento (inciso I); determinar a 
recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após 
afastamento do agressor (inciso II); determinar o afastamento da ofendida do lar, sem 
prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos (inciso III); 
determinar a separação de corpos (inciso IV); e determinar a matrícula dos dependentes 
da ofendida em instituição de educação básica mais próxima do seu domicílio, ou a 
transferência deles para essa instituição, independentemente da existência de vaga (inciso 
V). 
Outrossim, há ainda a previsão de outras formas de proteção, como a inclusão da mulher 
em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do 
governo federal, estadual e municipal (art. 9º, § 1º, da Lei 11.340/06), acesso prioritário 
à remoção quando servidora pública, integrante da administração direta ou indireta (art. 
9º, § 2º, I, da Lei 11.340/06), bem como a manutenção do vínculo trabalhista, quando 
necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis meses indireta (art. 9º, § 2º, II, 
da Lei 11.340/06), 
Por fim, prevê a Lei Maria da Penha, em seu artigo 24, a possibilidade de concessão de 
medidas de proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou de propriedade 
15 
 
particular da ofendida, quais sejam: restituição de bens indevidamente subtraídos pelo 
agressor à ofendida (inciso I); proibição temporária para a celebração de atos e contratos 
de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização 
judicial (inciso II); suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor 
(inciso III); e prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e 
danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida 
(inciso IV). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
 
 
 
 
4 ALÉM DA CONDENAÇÃO PENAL 
Com exceção do art. 24-A da Lei 11.340/06, recentemente introduzido pela Lei nº 13.641, 
de 2018, que tipifica o descumprimento de medidas protetivas de urgência, a lei em estudo 
não criou novos tipos penais incriminadores da violência de gênero, mas exemplificou 
situações que caracterizam essa violência, fixando-a como circunstância agravante (art. 
61, inciso II, alínea f, do Código Penal) ou qualificadora das penas em crimes específicos, 
como a lesão corporal, por exemplo (art. 129, §9º, do Código Penal). 
Tratando com mais rigor as infrações cometidas contra a mulher em seu âmbito de 
atuação, a Lei 11.340/06 trouxe credibilidade à palavra da mulher, se tornando um 
mecanismo relevante ao assentir que “quando se está diante de um episódio de violência 
doméstica, é indispensável reconhecer a condição de vulnerabilidade da vítima que jamais 
dispôs de um instrumento ágil e eficaz para se proteger do agressor com quem coabita” 
(DIAS, 2018, p.103). Nesse ponto, importante observar que a Lei Maria da Penha, além 
de apresentar um caráter repressivo, é também um relevante estatuto preventivo e 
assistencial. 
Atualmente têm-se observado uma nova e crescente preocupação em impor ao agressor 
não apenas as sanções penais decorrentes do decreto condenatório, mas também medidas 
de outras naturezas, inclusive do âmbitocível, que, de alguma maneira, possam se mostrar 
capazes de conscientizar o agressor, prevenir o cometimento de novos crimes e propiciar 
alguma forma de compensação pelo sofrimento da vítima. 
Referidas medidas, que podem representar avanços significativos para se coibir a 
violência doméstica contra a mulher, são leis, projetos de lei, súmulas, entre outros, de 
iniciativa de diversos órgãos dos entes federativos brasileiros, como ilustrarei a seguir. 
4.1 Proibição de nomeação em cargos de confiança 
17 
 
Municípios e Estados brasileiros preocuparam-se em legislar sobre a proibição de 
nomear, para a composição de seu quadro funcional, condenados pela Lei em estudo. 
Em Campo Grande/MS, foi sancionada, em abril de 2019, lei municipal que veda, durante 
o cumprimento da pena, a nomeação, tanto para cargos efetivos, quanto em comissão e 
de livre nomeação, de condenados definitivos pela Lei Maria da Penha, ou seja, cujo 
decreto condenatório já tenha transitado em julgado, além de permitir a exoneração 
daqueles que já trabalham no Poder Executivo do município ou na Câmara Municipal, 
tendo em vista a lisura e conduta necessárias para o exercício das funções públicas. 
Projeto semelhante está tramitando na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. 
No mesmo sentido, foi aprovado em primeiro turno, no mês de agosto de 2019, em São 
Miguel do Oeste/SC, projeto que veda a nomeação de pessoas que tenham contra si 
condenação pela prática de violência contra a mulher para o exercício de cargos em 
comissão e de confiança na administração pública direta, indireta, fundações, autarquias, 
empresas públicas e no Poder Legislativo Municipal, sendo válida independentemente da 
instância criminal, até o cumprimento integral da reprimenda imposta e/ou extinção da 
punibilidade do agente. O projeto foi aprovado por unanimidade, mas ainda passará por 
segunda votação antes de ser enviado ao prefeito para sanção. 
No estado do Tocantins, também no mês de agosto de 2019, Lei que veda a nomeação 
para cargos públicos em comissão de pessoas que foram condenadas pela Lei Maria da 
Penha foi sancionada pelo governador do estado. Conforme previsão, o condenado poderá 
ser nomeado apenas com comprovação do cumprimento da pena. 
Por fim, seguindo a mesma linha, a Comissão de Direitos Humanos aprovou, ainda no 
mês de agosto de 2019, entre outros projetos que aumentam as punições para agressores 
enquadrados na Lei Maria da Penha, o PL 1.950/2019, que impede a nomeação de 
agressores domésticos para cargos públicos, enquanto perdurar o cumprimento da pena 
privativa de liberdade, com vistas a desestimular potenciais agressores e afastá-los do 
quadro do poder público, atendendo-se ao princípio da moralidade. A proposta segue para 
ser votada pela Comissão de Constituição e Justiça. 
4.2 Proibição de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil 
18 
 
O Conselho Federal da OAB aprovou, em 18 de março de 2019, súmula que proíbe 
bacharéis envolvidos em casos de violência doméstica de obter a inscrição na Ordem, por 
constituir fator apto a demonstrar ausência de idoneidade moral para advogar. 
Ainda em 2017, a OAB/MS indeferiu pedido de inscrição de um bacharel em Direito que 
respondia a processo criminal de violência doméstica, com o fundamento de que a 
idoneidade é um pré-requisito para pessoas que queiram exercer a profissão da advocacia, 
que tem como princípio zelar pelos fracos e oprimidos. 
Este argumento também foi invocado pela OAB/RJ em fevereiro de 2019 ao avaliar as 
providências a serem tomadas com relação ao bacharel em Direito que havia passado no 
exame da ordem quatro dias antes de ser preso em flagrante sob a acusação de tentativa 
de feminicídio, por espancar, por cerca de quatro horas, dentro de seu apartamento, a 
mulher com quem teve um encontro. 
4.3 Divórcio 
Em 30 de outubro de 2019 foi publicada a Lei 13.894/19, que altera a Lei 11.340/06, 
facilitando o divórcio ou dissolução de união estável nos casos de violência doméstica 
contra a mulher, garantindo à ofendida o fornecimento de informações, pela autoridade 
policial ou judiciária, sobre eventual ajuizamento, perante o juízo competente, da ação de 
separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união 
estável, inclusive providenciando seu encaminhamento à assistência judiciária gratuita 
(CUNHA; PINTO, 2020, p. 132). 
O propósito do legislador não é outro senão evitar que a vítima seja obrigada 
a adotar providências adicionais para romper o vínculo pessoal com o agressor. 
Com o novo procedimento, a própria comunicação da violência, além de 
garantir as medidas protetivas necessárias para resguardar a integridade física 
e psicológica da vítima, pode dar ensejo às primeiras providências para a 
separação do casal, evitando que a mulher que sofreu a violência tenha de fazê-
lo em procedimento diverso (CUNHA; PINTO, 2020, p. 113). 
4.4 Ressarcimento ao INSS 
Na Jurisprudência dos Tribunais Superiores há algum tempo é possível observar a 
tendência de impor ao agressor a obrigação de ressarcir o INSS em razão da pensão por 
morte devida aos dependentes da vítima assassinada: 
19 
 
PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. INEXISTÊNCIA DE 
VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. AÇÃO REGRESSIVA. 
ASSASSINATO DE SEGURADA PELO EX-MARIDO. 
RESSARCIMENTO AO INSS PELOS VALORES PAGOS A TÍTULO DE 
PENSÃO POR MORTE AOS BENEFICIÁRIOS. REPARAÇÃO CIVIL POR 
ATO ILÍCITO QUE CAUSAR DANO A OUTREM. POSSIBILIDADE. 1. 
Não há violação do art. 535 do CPC quando a prestação jurisdicional é dada 
na medida da pretensão deduzida. 2. A controvérsia posta no recurso especial 
resume-se em definir se a autarquia previdenciária efetivamente faz jus ao 
ressarcimento de benefícios previdenciários cuja origem é diversa daquela 
prevista nos arts. 120 e 121 da Lei n. 8.213/91, qual seja, acidente de trabalho. 
O caso concreto versa sobre assassinato de segurada do INSS pelo ex-marido. 
Logo, não se verifica que a pretensão recursal encontra óbice na Súmula 7/STJ. 
3. Os artigos de lei apontados como violados são considerados impertinentes 
quando não possuem comandos legais suficientes para afastar a tese adotada 
no acórdão regional. 4. No caso dos autos, o benefício é devido pela autarquia 
previdenciária aos filhos da vítima em razão da comprovada relação de 
dependência e das contribuições previdenciárias recolhidas pela segurada. 
Logo, o INSS possui legitimidade e interesse para postular o ressarcimento de 
despesas decorrentes da concessão de benefício previdenciário aos 
dependentes de segurado, vítima de assassinato. 5. O agente que praticou o ato 
ilícito do qual resultou a morte do segurado deve ressarcir as despesas com o 
pagamento do benefício previdenciário, mesmo que não se trate de acidente de 
trabalho, nos termos dos arts. 120 e 121 da Lei nº 8.213/91, c/c os arts. 186 e 
927 do Código Civil. Recurso especial improvido. (STJ - REsp: 1431150 RS 
2013/0388171-8, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data de 
Julgamento: 23/08/2016, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 
02/02/2017) 
O Poder Legislativo, em consonância com referido entendimento, aprovou, no Plenário 
do Senado, em 12 de março de 2019, o Projeto de Lei do Senado 282/2016, que altera os 
artigos 120 e 121 da Lei nº 8.213/91 (Lei de Benefícios da Previdência Social), 
disciplinando o ajuizamento de ação regressiva pela Previdência Social em face dos 
responsáveis por violência doméstica e familiar contra a mulher, para que promovam o 
ressarcimento por benefícios concedidos em razão do crime pelo qual foram condenados, 
sem prejuízo de responsabilização civil. 
O texto, que recebeu a nova numeração 1.655/2019, até o momento, aguarda análise da 
Câmara dos Deputados. 
4.5 Ressarcimento ao SUS 
No mesmo sentido, a Lei 13.871/19, de 17 de setembro de 2019, inseriu no art. 9º da Lei 
11.340/06 os §§ 4º, 5º e 6º, para dispor sobre a responsabilidade do agressor pelo 
ressarcimentodos custos relacionados aos serviços de saúde prestados pelo Sistema 
20 
 
Único de Saúde (SUS) às vítimas de violência doméstica e familiar e aos dispositivos de 
segurança por elas utilizados. 
Referido artigo disciplina a assistência à mulher vítima de violência doméstica e familiar 
por meios de mecanismos que garantem ações afirmativas nas áreas de assistência social, 
saúde (prestada por meio do Sistema Único de Saúde) e segurança pública. 
A nova lei entra em vigor com o propósito de tentar amenizar o impacto provocado no 
Sistema, que é diariamente acionado para proporcionar o imediato socorro médico a 
vítimas de ferimentos infligidos no âmbito doméstico e familiar, onerando ainda mais o 
orçamento já problemático do sistema público de saúde, impondo ao agressor o 
pagamento do custo correspondente ao atendimento dispensado à sua própria vítima 
(CUNHA, PINTO, 2020, p. 116). 
O §4º, do artigo 9º, da Lei 11.340/06, passa a dispor que quem, por ação ou omissão, 
causar lesão, violência física, sexual ou psicológica e dano moral ou patrimonial a mulher 
fica obrigado a ressarcir todos os danos causados, inclusive ressarcir ao Sistema Único 
de Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os custos relativos aos serviços de saúde 
prestados para o total tratamento das vítimas em situação de violência doméstica e 
familiar, recolhidos os recursos assim arrecadados ao Fundo de Saúde do ente federado 
responsável pelas unidades de saúde que prestarem os serviços. Dessa forma, se a vítima 
agredida for encaminhada a um hospital municipal e necessitar, por exemplo, de exame 
de raio-x, suturas e medicamentos, o município pode providenciar a cobrança do 
tratamento de acordo com os valores constantes da tabela do SUS (CUNHA; PINTO, 
2020, p. 116). 
O §5º impõe uma segunda obrigação de ressarcimento, relativa aos custos de dispositivos 
de segurança destinados ao uso em caso de perigo iminente e disponibilizados para o 
monitoramento das vítimas de violência doméstica ou familiar. Tratam-se de 
equipamentos disponibilizados às vítimas, como o chamado “botão do pânico”, que pode 
ser acionado caso o agressor desrespeite a distância mínima imposta em medida protetiva 
(CUNHA; PINTO, 2020, p. 117-118) . 
21 
 
Por fim, o §6º torna expressa a vedação de o ressarcimento imposto nos parágrafos 
anteriores atinja de alguma forma o patrimônio da vítima e de seus dependentes, além de 
deixar claro que este ressarcimento não pode ser considerado em benefício do agressor 
para atenuar a pena ou para substituir a pena aplicada (CUNHA; PINTO, 2020, p. 119). 
4.6 Indenização por danos morais 
De uma maneira geral, com os avanços dos estudos de vitimologia, a vítima retoma a 
posição de proeminência no sistema penal, tornando-se a preocupação central da atenção 
científica, principalmente na solução do dano social ocasionado pelo fato crime, sendo 
seus interesses priorizados pelo Estado. 
Essa influência da vítima no direito e no processo penal fez com que alguns autores 
cunhassem a expressão “privatização do direito penal", entendendo-a como uma terceira 
via de reação do Estado, quebrando a dualidade da função da pena, até então restrita à 
retribuição e prevenção, incluindo a reparação como nova possibilidade (GRECO, 2015, 
p.12). 
Rogério Greco, trazendo a lição de Ulfrid Neumann, observa que "recentemente, a 
introdução da relação autor-vítima-reparação no sistema de sanções penais nos conduz a 
um modelo de 'três vias', onde a reparação surge como uma terceira função da pena 
conjuntamente com a retribuição e a prevenção" (NEUMANN, apud GRECO, 2015, p. 
12). 
A chamada “privatização do direito penal" é amplamente exercida com os institutos 
despenalizadores (composição civil, transação penal e suspensão condicional do 
processo), previstos na Lei dos Juizados Especiais, os quais, como se sabe, não são 
aplicados no âmbito da violência doméstica, por expressa vedação do artigo 41, da Lei 
9.099/95. 
Não obstante, a reparação à vítima de violência doméstica e familiar é devida em razão 
do dever de indenizar, previsto no artigo 927 do Código Civil, o qual dispõe que quem, 
por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
22 
 
A legislação criminal também dispõe sobre o dever de indenizar. Um dos efeitos da 
sentença condenatória transitada em julgado é tornar certa a obrigação de indenizar o 
dano causado pelo delito (artigo 91, inciso I, do Código Penal), ainda que não haja 
especificação de um valor. Conforme leciona Renato Brasileiro de Lima: 
Cuida-se de efeito extrapenal obrigatório ou genérico), aplicável por força de 
lei, independentemente de expressa declaração por parte da autoridade 
jurisdicional, uma vez que é inerente à condenação, qualquer que seja a pena 
imposta (privativa de liberdade, restritiva de direitos ou multa). Na verdade, a 
única condição para o implemento deste efeito é o trânsito em julgado da 
sentença penal condenatória e, evidentemente, a constatação de que o delito 
tenha efetivamente gerado um dano a ser indenizado 'em favor de determinada 
pessoa. Afinal, há delitos que não acarretam qualquer prejuízo ao ofendido, daí 
por que seria inviável a incidência desse efeito (LIMA, 2017, p. 320). 
O Código de Processo Penal inseriu a possibilidade de fixação de um valor mínimo para 
reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo 
ofendido em seu artigo 387, IV. A doutrina é unânime ao entender que, para a fixação do 
valor mínimo da indenização na sentença condenatória criminal, a qual torna dispensável 
o processo de conhecimento no âmbito cível, é necessário pedido expresso da vítima, na 
qualidade de assistente de acusação, ou do Ministério Público. 
A sentença condenatória transitada em julgado passa a valer como título executivo 
judicial (artigo 515, VI, do Código de Processo Civil), cuja execução pode ser promovida 
no juízo cível, dentro do prazo prescricional de 3 anos (artigo 206, § 3°, V, do Código 
Civil) (LIMA, 2017, p. 320). 
Não há como negar que o dever/direito à indenização está instituído em nosso 
ordenamento jurídico. Não obstante, a possibilidade de se assegurar este direito à vítima 
de violência doméstica foi ampliada para além das previsões já expostas. 
A 3ª Seção do Superior Tribunal de Justiça, ao julgar recursos especiais repetitivos, de 
forma unânime, firmou entendimento de que a indenização a título de dano moral nos 
casos de violência contra a mulher ocorridos em contexto doméstico e familiar independe 
de instrução probatória específica para aferição da profundidade e/ou extensão do dano, 
pois se trata de dano presumido (in re ipsa). O merecimento à indenização é ínsito à 
própria condição de vítima de violência doméstica e familiar. 
23 
 
RECURSO ESPECIAL. RECURSO SUBMETIDO AO RITO DOS 
REPETITIVOS (ART. 1.036 DO CPC, C/C O ART. 256, I, DO RISTJ). 
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER. DANOS 
MORAIS. INDENIZAÇÃO MÍNIMA. ART. 397, IV, DO CPP. PEDIDO 
NECESSÁRIO. PRODUÇÃO DE PROVA ESPECÍFICA DISPENSÁVEL. 
DANO IN RE IPSA. FIXAÇÃO CONSOANTE PRUDENTE ARBÍTRIO DO 
JUÍZO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. O Superior Tribunal de Justiça 
– sob a influência dos princípios da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, 
III), da igualdade (CF, art. 5º, I) e da vedação a qualquer discriminação 
atentatória dos direitos e das liberdades fundamentais (CF, art. 5º, XLI), e em 
razão da determinação de que “O Estado assegurará a assistência à família na 
pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a 
violência no âmbito de suas relações” (art. 226, § 8º) – tem avançado na 
maximização dos princípios e das regras do novo subsistema jurídico 
introduzido em nosso ordenamento com a Lei n. 11.340/2006, vencendo a 
timidez hermenêutica no reproche à violência doméstica e familiar contra a 
mulher, como deixam claro os verbetes sumulares n. 542, 588, 589 e 600. 2. 
Refutar, com veemência,a violência contra as mulheres implica defender sua 
liberdade (para amar, pensar, trabalhar, se expressar), criar mecanismos para 
seu fortalecimento, ampliar o raio de sua proteção jurídica e otimizar todos os 
instrumentos normativos que de algum modo compensem ou atenuem o 
sofrimento e os malefícios causados pela violência sofrida na condição de 
mulher. 3. A evolução legislativa ocorrida na última década em nosso sistema 
jurídico evidencia uma tendência, também verificada em âmbito internacional, 
a uma maior valorização e legitimação da vítima, particularmente a mulher, no 
processo penal. 4. Entre diversas outras inovações introduzidas no Código de 
Processo Penal com a reforma de 2008, nomeadamente com a Lei n. 
11.719/2008, destaca-se a inclusão do inciso IV ao art. 387, que, consoante 
pacífica jurisprudência desta Corte Superior, contempla a viabilidade de 
indenização para as duas espécies de dano – o material e o moral –, desde que 
tenha havido a dedução de seu pedido na denúncia ou na queixa. 5. Mais 
robusta ainda há de ser tal compreensão quando se cuida de danos morais 
experimentados pela mulher vítima de violência doméstica. Em tal situação, 
emerge a inarredável compreensão de que a fixação, na sentença condenatória, 
de indenização, a título de danos morais, para a vítima de violência doméstica, 
independe de indicação de um valor líquido e certo pelo postulante da 
reparação de danos, podendo o quantum ser fixado minimamente pelo Juiz 
sentenciante, de acordo com seu prudente arbítrio. 6. No âmbito da reparação 
dos danos morais – visto que, por óbvio, os danos materiais dependem de 
comprovação do prejuízo, como sói ocorrer em ações de similar natureza –, a 
Lei Maria da Penha, complementada pela reforma do Código de Processo 
Penal já mencionada, passou a permitir que o juízo único – o criminal – possa 
decidir sobre um montante que, relacionado à dor, ao sofrimento, à humilhação 
da vítima, de difícil mensuração, deriva da própria prática criminosa 
experimentada. 7. Não se mostra razoável, a esse fim, a exigência de instrução 
probatória acerca do dano psíquico, do grau de humilhação, da diminuição da 
autoestima etc., se a própria conduta criminosa empregada pelo agressor já está 
imbuída de desonra, descrédito e menosprezo à dignidade e ao valor da mulher 
como pessoa. 8. Também justifica a não exigência de produção de prova dos 
danos morais sofridos com a violência doméstica a necessidade de melhor 
concretizar, com o suporte processual já existente, o atendimento integral à 
mulher em situação de violência doméstica, de sorte a reduzir sua 
revitimização e as possibilidades de violência institucional, consubstanciadas 
em sucessivas oitivas e pleitos perante juízos diversos. 9. O que se há de exigir 
como prova, mediante o respeito ao devido processo penal, de que são 
expressão o contraditório e a ampla defesa, é a própria imputação criminosa – 
sob a regra, derivada da presunção de inocência, de que o onus probandi é 
integralmente do órgão de acusação –, porque, uma vez demonstrada a 
agressão à mulher, os danos psíquicos dela derivados são evidentes e nem têm 
mesmo como ser demonstrados. 10. Recurso especial provido para restabelecer 
24 
 
a indenização mínima fixada em favor pelo Juízo de primeiro grau, a título de 
danos morais à vítima da violência doméstica. TESE EXTRAÍDA DO RESP: 
Nos casos de violência contra a mulher praticados no âmbito doméstico e 
familiar, é possível a fixação de valor mínimo indenizatório a título de dano 
moral, desde que haja pedido expresso da acusação ou da parte ofendida, ainda 
que não especificada a quantia, e independentemente de instrução probatória. 
(STJ – REsp: 1643051 MS 2016/0325967-4, Relator: Ministro ROGERIO 
SCHIETTI CRUZ, Data de Julgamento: 28/02/2018, S3 – TERCEIRA 
SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 08/03/2018). 
Nesse sentido, encontra-se em trâmite junto ao Senado Federal o Projeto de Lei 
1.380/2019, de autoria da Câmara dos Deputados, que visa a alteração da Lei 11.340/06 
para dispor sobre o pagamento de indenização por danos morais decorrentes de prática de 
violência contra a mulher, o qual poderá ser determinado pelo juiz entre as medidas 
protetivas de urgência, independentemente de instrução probatória. Prevê, ainda, a 
inserção de depósito judicial como espécie de caução provisória por perdas e danos 
materiais no rol de medidas protetivas de urgência a serem determinadas pela Justiça. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
 
 
 
 
CONCLUSÃO 
Ao estudarmos a Lei 11.340/2006, também denominada Lei Maria da Penha, bem como 
o processo histórico e social que ensejou sua promulgação, compreende-se sua 
importância na sociedade, bem como as inovações e avanços trazidos ao âmbito jurídico. 
O propósito de se coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, identificado no 
preâmbulo da Lei Maria da Penha e cuja previsão é constitucional, torna-se eficaz com a 
instituição de mecanismos de proteção e garantia de direito das mulheres, como as 
medidas protetivas de urgência. 
Com a concreta aplicação da Lei, que completou 14 anos em 2020, evidenciam-se 
questões que devem ser aprimoradas e aprofundadas. Para tanto, estão sendo criadas 
novas normas que buscam a prevenção de práticas de violência, medidas de assistência à 
vítima, bem como a devida punição ao agressor. 
Desta feita, o tema em estudo não se exaure. Pelo contrário, é terreno fértil para pesquisas 
e discussões, uma vez que se aperfeiçoa em suas alterações, sempre com vistas à proteção 
e garantia de direitos às mulheres. 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
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expulso. Migalhas. Ribeirão Preto, 21 fev. 2019. Disponível em: 
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