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EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Processo: Relatora: Agravante: Agravado: ..., já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem, por intermédio dos advogados e estagiários in fine assinados, com fulcro no artigo 1.021 do Código de Processo Civil e no artigo 259 do Regimento Interno do STJ, interpor AGRAVO INTERNO em face da decisão monocrática que não conheceu do Agravo em Recurso Especial, requerendo o recebimento e, eventualmente, a retratação da decisão proferida, no moldes do art. 259, §6º do RISTJ ou, subsidiariamente, que seja o presente recurso levado a julgamento perante a Turma desse Tribunal para apreciação pelo colegiado. (61) 3966-1200 | www.uniceub.br | central.atendimento@uniceub.br Setor Comercial Sul Quadra 01, Bloco A - Edifício União - 70.207-970 – Brasília-DF COLENDA TURMA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Processo: Relatora: Agravante: I. DOS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE 1 – DA TEMPESTIVIDADE Infere-se que a intimação da parte agravante acerca da decisão monocrática se deu na data de 14 de agosto de 2020. De acordo com os artigos 1.003, §5°, art. 219 e art. 231, V do CPC/2015, prazo para interposição do presente recurso é de 15 (quinze) dias úteis, a contar do primeiro dia útil subsequente à ciência. Nesses termos, considerando que o agravante está assistido por núcleo de prática jurídica, o qual tem prerrogativa de prazo em dobro para manifestações nos termos do art. 186, §3° do CPC/2015, o termo final para interposição do recurso dar-se-á em 28 de setembro de 2020. Sendo assim, atesta-se que este recurso é tempestivo, porquanto interposto dentro do prazo legalmente estabelecido. 2 – DO CABIMENTO Nos termos dos artigos 1.021 do CPC e 259 do Regimento Interno do STJ, caberá Agravo Interno contra a decisão monocrática proferida por Ministro desta Corte Superior, com fins de alcançar a retratação do Relator, bem como a apresentação do feito em mesa para que a turma se pronuncie. Com efeito, tendo em vista decisão monocrática que não conheceu do Agravo em Recurso Especial outrora interposto pelo Agravante, mostra-se cabível a presente irresignação manifestada por meio deste Agravo Interno. 3- INTERESSE E LEGITIMIDADE (61) 3966-1200 | www.uniceub.br | central.atendimento@uniceub.br Setor Comercial Sul Quadra 01, Bloco A - Edifício União - 70.207-970 – Brasília-DF Tem interesse e legitimidade o Agravante porque foi vencido em sua pretensão recursal, decorrente da decisão que não conheceu do AREsp, mantendo a decisão proferida pelo TJDFT e suscitada nas razões do Recurso Especial. II. SÍNTESE PROCESSUAL O caso concreto retrata Ação Declaratória de nulidade de negócio jurídico c.c reivindicatória c.c indenização por perdas e danos, que originou-se através da venda de automóvel de propriedade do agravante, sem autorização deste, concretizada pela ré X ao segundo réu Y. O carro do agravante foi presente de sua avó e, ao argumento de que faria reparos no bem, a tia W retirou o carro da posse do autor e não o devolveu. Posteriormente, chegou ao conhecimento do autor que este mesmo carro de sua propriedade estava sendo vendido ao segundo réu. Desta feita, diante do abuso de confiança consumado pela tia, o autor buscou prestação jurisdicional visando a busca e apreensão do veículo e a declaração de nulidade do contrato de compra e venda celebrado entre os réus. Todavia, após instrução regular, o magistrado de 1º grau entendeu a demanda inicial como totalmente improcedente, mantendo o negócio inalterado (e-STJ fls. 368-372). Irresignado, o autor interpôs apelação, insistindo na tese da propriedade do veículo em consonância com registro perante o DETRAN-DF e requerendo a busca e apreensão do bem. O acórdão proveniente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios negou provimento ao recurso (e-STJ fls. 419-435). Assim, a parte requerente interpôs Recurso Especial, alegando violação aos dispositivos infraconstitucionais. Na origem, o REsp foi inadmitido (e-STJ fls. 468-470), fato que ensejou a interposição de AREsp que, no entanto, não foi conhecido pelo Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA. Segundo o Em. Ministro Presidente, houve inobservância ao Princípio da Dialeticidade, em razão de não ter identificado a impugnação específica no Agravo à Súmula 83 do STJ. Entretanto, não há que se falar em desobediência da norma, uma vez que no caso em tela o agravante impugnou especificamente todos fundamentos da decisão que inadmitiu Recurso Especial, quais sejam, o óbice da incidência das súmulas 83/STJ e 7/STJ, diferentemente do que alegou o ministro como fundamento para não conhecer o recurso. (61) 3966-1200 | www.uniceub.br | central.atendimento@uniceub.br Setor Comercial Sul Quadra 01, Bloco A - Edifício União - 70.207-970 – Brasília-DF Neste sentido, a defesa interpõe Agravo Interno contra a decisão monocrática que não conheceu do Agravo em Recurso Especial, com objetivo de esclarecer ao Em. Ministro Presidente e ao colegiado a pertinência do AREsp, explicitando a impugnação já proferida nos autos. Data vênia a r. decisão, tem-se que esta merece reforma, como restará demonstrado a seguir. III. RAZÕES DO AGRAVO INTERNO. A) DA ESPECÍFICA IMPUGNAÇÃO: NÃO INCIDÊNCIA DA SÚMULA 83 DO STJ Ao fundamentar a decisão que não conheceu do Agravo em Recurso Especial, o Em. Ministro Presidente mencionou a leviandade da parte agravante ao não impugnar especificamente a óbice da Súmula 83 do STJ. De acordo com a decisão monocrática, a impugnação deve ser concreta e efetiva, livre de genericidade. O que se busca demonstrar através deste Agravo Interno é justamente a verossimilhança entre o princípio da dialeticidade e o AREsp e o REsp interpostos por esta parte a fim de alterar a conclusão diferida pelo Em. Ministro Presidente. Na decisão que inadmitiu o recurso especial infere-se que a argumentação inserida pela defesa fere jurisprudência do STJ, em razão de já ter entendimento consolidado sobre a transferência de domínio de propriedade de bem móvel. Ademais, foi sustentado que a análise do Resp envolveria o reexame de fatos e provas. Assim, incidiria os enunciados das Súmulas 83/STJ e 7/STJ, respectivamente. Já o Eminente Ministro, na decisão do agravo, superou a óbice relativa à Súmula 7/STJ mas frisou que, especificamente quanto à Súmula 83/STJ, cujo enunciado dispõe “não se conhece do recurso especial pela divergência, quando a orientação do tribunal se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida” não houve a devida impugnação. Porém, quanto a tal Súmula, foi exposto pela defesa sua não incidência, considerando existência de entendimento oposto ao da decisão recorrida. Apesar das instâncias anteriores reiterarem que a tradição é instituto suficiente para a transferência do domínio de bem móvel, em âmbito de Recurso Especial foi trazido aos autos jurisprudência desta Egrégia Corte que se harmoniza com a violação aos artigos 166, II, e 481 do Código Civil alegada por esta parte. A despeito da ré X ter (61) 3966-1200 | www.uniceub.br | central.atendimento@uniceub.br Setor Comercial Sul Quadra 01, Bloco A - Edifício União - 70.207-970 – Brasília-DF permanecido na posse do automóvel por 1 ano e meio, às custas da boa-fé do autor que não pôde prever sua real intenção, isso não configura a posse plena do bem móvel, sendo esta relativa. Ou seja, não caberia a tia do autor alienar o bem se sequer detém o direito real da propriedade sobre o mesmo. Sob essa perspectiva, a venda promulgada pela ré ao segundo réu não merece prosperar, em razão da venda de bem móvel non domino ser constantemente desaprovada pela Justiça brasileira, como se vê à título exemplificativo: ANULAÇÃO DE ATO JURÍDICO - INÉPCIA DA INICIAL - NULIDADE POR VÍCIO ULTRA PETITA - ESCRITURA PÚBLICA - VENDA A NON DOMINO - NULIDADE. A venda a non domino consubstancia-se em ato inexistente em razão da ilicitude do objeto, uma vezque se está subtraindo direito do verdadeiro proprietário. (TJMG - Apelação Cível 1.0702.09.562821-1/001, Relator(a): Des.(a) Evangelina Castilho Duarte , 14ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 05/09/0019, publicação da súmula em 05/09/2019) APELAÇÃO CÍVEL - TRANSFERÊNCIA DE PROPRIEDADE DE BEM MÓVEL - VENDA A NON DOMINO - ESCRITURA PÚBLICA DECLARATÓRIA - AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA PROPRIEDADE. 1. - Somente pode dar em compra e venda quem é proprietário ou o seu legítimo representante para este fim. 2. - A escritura pública declaratória comprova tão apenas que as partes nele referidas fizeram as declarações registradas e que sua autenticidade é presumida, não fazendo presumir a veracidade do conteúdo declarado pelas partes. 3. - As provas documentais e testemunhais não permitem outra conclusão diferente da não comprovação da transferência da propriedade do bem móvel para a esfera patrimonial do apelante. 4. - Recurso desprovido. VISTOS, relatados e discutidos estes autos, ACORDAM os Desembargadores que integram a Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo, na conformidade da ata e notas taquigráficas, À UNANIMIDADE, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do Eminente Relator. (TJES, Classe: Apelação, 047080069645, Relator : FABIO CLEM DE OLIVEIRA, Órgão julgador: PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL , Data de Julgamento: 14/10/2014, Data da Publicação no Diário: 24/10/2014) (61) 3966-1200 | www.uniceub.br | central.atendimento@uniceub.br Setor Comercial Sul Quadra 01, Bloco A - Edifício União - 70.207-970 – Brasília-DF Inclusive, a jurisprudência desta Egrégia Corte está para o mesmo sentido: CIVIL. VENDA A NON DOMINO. Irrelevância da boa-fé dos adquirentes, posto que a venda foi feita em detrimento dos proprietários do imóvel, vítimas de sórdida fraude. Recurso especial não conhecido. (REsp 122.853/SP, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/05/2000, DJ 07/08/2000, p. 104) AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. VENDA A NON DOMINO. BOA-FÉ DE TERCEIRO. IRRELEVÂNCIA. MANUTENÇÃO DO NEGÓCIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA Nº 568 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. 1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de 2015 (Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ). 2. É firme a orientação do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que, na venda a non domino, é irrelevante a boa-fé do adquirente, pois a propriedade transferida por quem não é dono não produz nenhum efeito. Precedentes. 3. Na hipótese, os magistrados da instância ordinária decidiram em perfeita consonância com a jurisprudência desta Corte, circunstância que atrai a incidência da Súmula nº 568/STJ. 4. Agravo interno não provido. (AgInt no REsp 1785665/DF, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 12/08/2019, DJe 14/08/2019) Desta feita, é possível perceber que o impedimento incidente pelo teor da Súmula 83 do STJ deve sucumbir. Não obstante o entendimento do acórdão recorrido ser outro, não é viável que se obste o direito do autor ao ter sua problemática discutida perante a Corte eis que existem jurisprudências do STJ que estão em plena concordância com o que é alegado. Para tanto, em sede de agravo, discutiu-se a prescindibilidade da análise do caso, sem o bloqueio automático decorrente da Súmula 83 do STJ, de forma que a interpretação (61) 3966-1200 | www.uniceub.br | central.atendimento@uniceub.br Setor Comercial Sul Quadra 01, Bloco A - Edifício União - 70.207-970 – Brasília-DF disposta nem sempre se mostra mais adequada ao caso concreto, devendo prevalecer o princípio do devido processo legal. Ainda, o AREsp faz menção à possibilidade dos Ministros de revisar conteúdo disposto em súmula que não mais se adeque (e-STJ fls. 476). Portanto, não há que se falar em ausência de impugnação específica. Isto posto, através de Agravo em Recurso Especial, todos os fundamentos foram impugnados de forma individualizada. Em especial quanto à súmula n. 83/STJ a argumentação se fez concreta e efetiva, de forma que requere-se a reconsideração da decisão do Ministro Presidente ou, subsidiariamente, que o presente recurso seja levado a julgamento perante o colegiado do STJ. IV. DO PEDIDO Ante o exposto, requer seja o presente Agravo Interno processado e julgado para que: 1. Seja reconsiderada a decisão que não conheceu o agravo em recurso especial para conhecê-lo e provê-lo integralmente; 2. Subsidiariamente, que seja o recurso especial remetido em mesa perante a Turma para a sua apreciação pelo Colegiado, sendo-lhe dado provimento para propiciar o conhecimento do Recurso Especial ora interposto, ante a inexistência de óbice ao Enunciado 83 do STJ e da Súmula n. 7/STJ. LOCAL/DATA ADVOGADO/OAB (61) 3966-1200 | www.uniceub.br | central.atendimento@uniceub.br Setor Comercial Sul Quadra 01, Bloco A - Edifício União - 70.207-970 – Brasília-DF
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