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Acidez do Solo e Calagem

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA – CAMPUS DE FLORESTAL 
Professor Marihus Altoé Baldotto – Pós-Doutor em Solos 
 
 
 
 
 
ACIDEZ DO SOLO E CALAGEM 
 
 
 
 
 
 
Material extraído de: 
 
NOVAIS, R.F.; ALVAREZ V., V.H.; BARROS, N.F., FONTES, R.L.F.; CANTARUTTI, 
R.B. & NEVES, J.C.L. (Editores) Fertilidade do Solo. Viçosa-MG: Sociedade Brasileira 
de Ciência do Solo, 2007. 1017 p.:il. 
 
RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G. & ALVAREZ V., V.H. (Editores) Recomendações 
para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 5ª Aproximação. Viçosa: 
Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais, 1999. 359p.:il. 
 
 
 
Organizador da Apostila: 
 
Prof. Marihus Altoé Baldotto 
UFV-Florestal 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA – CAMPUS DE FLORESTAL 
Professor Marihus Altoé Baldotto – Pós-Doutor em Solos 
2
1.1. Introdução 
 A reação do solo é, talvez, uma das características que mais informa acerca do 
estado geral e do comportamento do solo. Tal fato decorre da relação que existe entre 
a reação do solo e várias outras características químicas, físicas, físico-químicas e 
biológicas. Essa relação de causa e efeito, com aspectos relacionados à gênese, 
mineralogia e fertilidade dos solos, entre outros, tem, em última análise, implicações no 
seu manejo. Assim, a reação do solo constitui um dos tópicos mais importantes a ser 
considerado em química e fertilidade do solo. O estudo da reação do solo permite, 
também distinguir, a grosso modo, três grupos principais de solos: ácidos, neutros e 
alcalinos. O presente texto se propõe a uma abordagem genérica e simplificada da 
acidez e da correção de seus efeitos, com ênfase em solos ácidos, caso mais comum 
em regiões tropicais. 
 Para corrigir os efeitos negativos da acidez, geralmente, é realizada a calagem, 
prática que tem dois objetivos fundamentais: correção da acidez do solo para diminuir 
os efeitos tóxicos das altas concentrações ou saturações de Al, Mn, Fe e, 
simultaneamente, supressão das deficiências de Ca e Mg. 
 Assim, o estudante terá conhecimentos para enfrentar e corrigir um dos 
problemas mais críticos da agricultura e pecuária de regiões tropicais, lembrando que o 
uso de calcário é um dos pilares para se obter maiores e melhores produções. 
 
1.2. Conceito Ácido-Base 
 A compreensão do fenômeno da reação do solo, ou seja, seu caráter ácido, 
básico ou neutro, requer, inicialmente, o conhecimento dos conceitos de "ácido" e de 
"base". Antigamente, considerava-se como ácido toda substância capaz de, ao 
dissociar-se, produzir íons H+, de acordo com a reação genérica: 
 
 Segundo a teoria eletrônica de valência mais atual, o efeito ácido de uma 
substância deve-se à sua capacidade de doar prótons a moléculas de água para 
formar íons hidrônio; ou seja: 
 
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Professor Marihus Altoé Baldotto – Pós-Doutor em Solos 
3
 Portanto, ácido é toda substância capaz de ceder prótons. Da mesma forma, 
entende-se por base toda substância capaz de receber prótons da água dando origem 
ao íon oxidrila, por exemplo: 
 
 De acordo com essa teoria, um sistema ácido-base pode ser descrito pela 
equação geral: 
 
 
1.3. Fontes de Acidez do Solo 
 A acidez do solo deve-se à presença de diferentes grupos ácidos capazes de 
ceder prótons. Por titulação, pode-se determinar a quantidade e intensidade da acidez 
proveniente das diferentes fontes. Quanto mais alto for o pH em que um ácido é 
neutralizado, tanto mais fraco é o grupo ácido e mais forte é a ligação entre o próton 
(H+) e o "trocador". As principais fontes de acidez nos solos são as seguintes: 
1.3.1. Grupos Ácidos dos Minerais de Argila 
 A curva de titulação de um argilomineral (por ex: montmorilonita) indica três 
regiões de tamponamento do pH que se devem a três diferentes fontes de prótons: 
(a) íons H+ (H3O+) trocáveis que se dissociam da superfície do argilomineral e que são 
neutralizados a pH baixo (4,0). Esquematicamente a dissociação pode ser 
representada por: 
 
(b) íons Al3+ trocáveis que passam à solução do solo e são neutralizados a valores de 
pH entre 4,0 e 5,5. O caráter ácido deve-se às reações de hidrólise do Al3+ hidratado 
em solução. 
(c) a valores de pH maiores que 5,5 verifica-se, ainda, uma terceira região de 
tamponamento, a qual pode ser atribuida aos grupos Si-OH e Al-OH estruturais dos 
minerais de argila. 
 Outros complexos de maior grau de polimerização também têm sido 
considerados.Entre pH 5,0 e 7,0 precipita Al(OH)3 que permanece estável até pH 9,0, 
quando então se produz a dissociação e formação do ânion aluminato - Al(OH)4- 
(Figura 1.1). 
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4
 
Figura 1.1 - Distribuição relativa das espécies de alumínio, em função do pH. 
FONTE: Marion et al. (1976). 
 
1.3.2. Grupos Ácidos da Matéria Orgânica 
 As moléculas orgânicas apresentam radicais ácidos de superfície como é o caso 
dos grupos carboxílicos e fenólicos. Tais grupos dissociam-se liberando prótons (H+) 
na solução do solo, de acordo com as reações: 
 
 De modo geral, os grupos carboxílicos são ácidos mais fortes do que os fenólicos. 
 
1.3.3. Ácidos Solúveis 
 Em decorrência da atividade microbiológica vários ácidos solúveis podem ser 
produzidos no solo. A decomposição microbiológica da matéria orgânica, por exemplo, 
pode conduzir à formação de ácidos orgânicos solúveis que geralmente são ácidos 
fracos e contribuem para a acidificação do solo. Além disso, a mineralização de 
compostos orgânicos libera compostos de N e S reduzidos que, ao sofrerem oxidação, 
podem liberar prótons na solução do solo, de acordo com as reações: 
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5
 
 A oxidação do amônio também é responsável pela acidez gerada quando da 
aplicação de fertilizantes como (NH4)2SO4 e NH4NO3, acidez que é tanto maior quanto 
as doses são cada vez mais elevadas. 
 Vale salientar,ainda, que a oxidação biológica de compostos orgânicos produz 
CO2, o qual reage com água para formar ácido carbônico, que se dissocia rendendo 
prótons (H+), de acordo com as reações: 
 
 
1.4. Fontes de Alcalinidade do Solo 
 De acordo com o conceito de base, todas aquelas substâncias capazes de 
originar íons OH- por reação com a água constituem fontes de alcalinidade no solo. 
Este é o caso dos metais alcalinos e alcalino-terrosos (grupos I-A e II-A da tabela 
periódica). Quando cátions metálicos como K, Na, Ca e Mg predominam no complexo 
de troca, eles podem influenciar a concentração de íons H+ (ou OH-) na solução do 
solo, de acordo com o equilíbrio: 
 
 Portanto, e de modo geral, quanto maior for a participação dos elementos 
alcalinos e alcalino-terrosos no complexo de troca, maior será o pH do solo. As 
condições que levam a um aumento da participação desses elementos (também 
denominados de "bases trocáveis") no complexo de troca também determinam, via de 
regra, um aumento no pH do solo. 
 Vale salientar que no processo natural de evolução do solo, os metais alcalinos 
e alcalino-terrosos fazem parte dos minerais primários, cujo intemperismo consome 
prótons do meio liberando esses cátions (bases trocáveis) na solução, os quais podem, 
então, ser adsorvidos pela fase sólida. 
 Existe uma relação direta entre pH e percentagem de saturação em bases, 
conforme mostra a Figura 1.2. 
 
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6
 
 
Figura 1.2 - Relação entre o pH e a percentagem de saturação em bases de 85 
amostras de solos do Estado de São Paulo. 
FONTE: Adaptado de Catani & Gallo (1955) 
 
1.5. Capacidade Tampão de Acidez dos Solos 
 
 A capacidade tampão da acidez dos solos (CTH) é determinada pelas 
características do complexo de troca catiônica, sendo definida como a "resistência que 
os solos apresentama mudancas de pH". O poder tampão, também pode ser definido 
como sendo a quantidade de base necessária para elevar em uma unidade o pH do 
solo, por exemplo para elevar de 5 para 6 o pH do solo. Entretanto, se deve lembrar 
que as curvas que relacionam pH com calagem são curvilineares, portanto, a 
quantidade necessária para elevar em uma unidade o pH vá a depender do intervalo 
considerado (Figura 1.4). 
 Nas curvas de neutralização de solos ácidos, verifica-se que, em determinadas 
faixas de pH, a adição de grandes quantidades de base produz apenas pequenos 
acréscimos no pH. Nessas regiões da curva, diz-se que a capacidade tampão é alta. 
Por outro lado, quando se produz uma alteração brusca de pH com adição de 
pequenas quantidades de base, a capacidade tampão é baixa. A interpretação das 
curvas de neutralização e da capacidade tampão da acidez do solo é feita 
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considerando-se as diferentes fontes de acidez ou de alcalinidade que predominam no 
solo. 
 De modo geral, os solos se comportam como ácidos muito fracos, cujo potencial 
de reposição dos íons H+ na solução é muito superior à atividade desses íons em 
solução. Isso define os conceitos de acidez ativa, acidez trocável e acidez potencial 
dos solos. 
 A acidez ativa refere-se à atividade dos íons H+ (H3O+) em solução, que é 
medida pelo pH; a acidez trocável mede a quantidade de H+ e Al3+ adsorvidos às 
micelas em forma eletrovalente, esta acidez se determina por extração com solução de 
sal neutro (KCl 1 mol/L); e a acidez potencial refere-se à capacidade de reposição de 
formas trocáveis e não trocáveis desses íons H+ na solução. Usualmente, a 
determinação da acidez extraida com um sal tamponado a pH 7,0 (por ex: acetato de 
Ca) dá uma boa idéia da acidez potencial do solo (H + Al). 
 A acidez potencial, extraída com um sal tamponado a pH 7,0, inclui íons H+ e 
Al3+ adsorvidos em forma eletrovalente mais os íons H unidos covalentemente e que 
se dissociam a partir de compostos orgânicos (grupos carboxílicos, principalmente), de 
grupos OH na superficie das argilas e de alguns polimeros de Al. 
 Também se pode determinar a acidez não trocável, pela diferença entre a 
acidez potencial e a acidez trocável. 
 
 1.6. Acidificação Progressiva dos Solos 
 A acidificação dos solos ocorre, de modo especial, em regiões tropicais úmidas 
e deve-se à substituição das "bases trocáveis" por íons H+ e Al3+ no complexo de 
troca. Esta substituição resulta da percolação da água, absorção de cátions básicos 
pelas plantas e, também, pelo uso de fertilizantes de caráter ácido. 
 Sob condições de alta precipitação plúvial, a percolação da água através do 
perfil possibilita a lixiviação de uma grande quantidade de cátions básicos que se 
encontram dissolvidos na solução do solo. 
 Com aumento de pH, o alumínio e a sílica geralmente não permanecem em 
solução, mas precitam na forma de alumino-silicatos (ex. caulinita) ou de óxidos de Al 
(ex. gibbsita), restando apenas os cátions básicos na solução do solo (ou na forma 
trocável) em quantidades apreciáveis. Assim, esses cátions básicos (Na+, K+, Ca2+, 
Mg2+) vão sendo substituidos, em razão da lixiviação e absorção, por íons H+ e Al3+ no 
complexo de troca do solo. Deve-se salientar que os íons H+ estão sendo 
continuamente produzidos no solo, seja pela mineralização de compostos orgânicos e 
produção de CO2, seja pelo intemperismo dos silicatos de Al que libera Al3+ em 
solução o qual sofre hidrólise liberando prótons. 
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 As quantidades de bases trocáveis absorvidas pelas plantas são importantes, 
particularmente naqueles solos com utilização agrícola intensiva. Este, portanto, 
constitui o mais importante mecanismo de substituição das bases por ácidos no 
complexo de troca dos solos utilizados na agricultura. 
 Nos solos também são produzidos ácidos como HNO3 e H2SO4 pelo uso de 
certos sais como fetilizantes. Exemplificando, a nitrificação do sulfato de amônio se dá 
segundo a reação: 
 
uma vez que os ácidos formados são ácidos fortes, eles se dissociam completamente 
liberando prótons em solução, os ânions reagem com os cátions da solução, com os 
que poderão ser lixiviados. Outros fertilizantes de reação ácida são os superfosfatos, 
NH4NO3, NH4Cl e fosfato monoamônico. 
 O conjunto desses fatores conduz, portanto, à acidificação progressiva dos 
solos, particularmente em regiões tropicais com precipitações que favoreçam a 
percolação e lixiviação. 
 
1.7. Medição da Acidez do Solo 
A acidez do solo geralmente é avaliada por meio do pH: ou seja, determinando-se a 
atividade dos íons H+ em uma suspensão de solo com água ou solo com soluções 
salinas. De acordo com os conceitos de eletroquímica, o pH é definido pela seguinte 
equação: 
pH = - log (H+) ou 
�
�
��
�
� +
=
H
1
logpH 
(H+) = atividade do H+, em mol/L 
 
 O produto de solubilidade da água é dado por: 
 
ou seja: (H+).(OH-) = 10-14 ∴ pH + pOH = 14. 
 
 Em condições neutras, para água pura pH = pOH = 7,0; o aumento da atividade 
de H+ em solução determina valores de pH menores do que 7,0 e o aumento dos íons 
OH- eleva o pH a valores maiores do que 7,0. 
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 Portanto, o pH está relacionado à concentração dos íons H+ e OH- na solução 
do solo, que determina a acidez ativa do solo. Deve-se ter em mente que a acidez 
ativa é apenas uma parte muito pequena em relação à acidez trocável ou à acidez 
potencial do solo. 
 
1.7.1. Acidez Ativa 
 Existem métodos colorimétricos e potenciométricos para determinar a acidez 
ativa do solo. Os colorimétricos são úteis para determinações de campo e não são tão 
exatos quanto os potenciométricos. Em laboratórios utiliza-se a medição 
potenciométrica da atividade dos íons H+ usando um eletrodo específico de hidrogênio. 
 
1.7.2. Acidez Trocável 
 Para determinar a acidez trocável se utiliza como extrator a solução de KCl 1 mol/L. 
Solução não tamponada, pois é formada de um sal neutro, que pelo excesso de K+ extrae, 
por troca, H+ e Al3+ retidos nas micelas por forças eletrovalentes. 
 Para sua determinação 10 cm3 de TFSA são agitados com 100 mL de KCl 1 mol/L 
durante 5 minutos, se deixa decantar por 16 horas, se retira uma alíquota do sobrenadante 
e se titula, na presença de fenolfetaleina, como solução de NaOH 50 mmol/L. 
 Como em muitos solos o teor de H+ trocável é muito pequeno se indica o 
resultado de acidez trocável como sendo o teor de Al3+ trocável. Entretanto, em solos 
muito ácidos ou com altos teores de matéria orgânica o teor de H+ pode ser 
importante, pode até ser maior que o teor de Al3+. 
 
1.7.3. Acidez Potencial 
 Na determinação da acidez potencial ou acidez extraida a pH 7 (H + Al), pelo 
uso da solução de Ca(OAc)2 0,5 mol/L, pH 7, se extraem a acidez ativa, a acidez 
trocável e a acidez não trocável ou acidez dependente do incremento do pH do solo 
até o pH da suspenção de análise de solo e Ca(OAc)2. 
 Para a determinação da acidez potencial (H + Al), 5 cm3 de TFSA são agitados 
com 75 mL de Ca(OAc)2 0,5 mol/L, pH 7, durante 10 minutos se deixa decantar por 
16 horas, se retira uma alíquota do sobrenadante e se titula com NaOH. 
 Outra forma de realizar a determinação de H + Al é por meio da determinação 
potenciométrica usando a solução tampão SMP. 
 Quaggio (1983), para solos de São Paulo com ampla variação dos valores de 
CTC, matéria orgânica e argila obteve a equação para estimar H + Al em base ao valor 
de pH SMP: 
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10
ln Y = 7,76 - 1,053**X R2 = 0,96 
onde Y é H + Al (em cmolc/dm3) e X é o pH na suspenção de solo com a solução 
tampão SMP. 
 
1.8. Problemas CausadosPela Acidez do Solo 
 Dos elementos componentes da acidez do solo, o H é essencial, ou seja, as 
plantas necessitam dele para seu crescimento, entratanto, o H é absorvido na forma 
de água da soluçào do solo, o outro, o Al, é um elemento que em excesso é tóxico. 
Assim, para o estudo dos prejuízos da acidez dos solos deve-se considerar os efeitos 
diretos e indiretos da acidez, principalmente devido a acidez ativa (pH) e o efeito do 
excesso de Al. 
1.8.1. Efeito direto do pH 
 Segundo Malavolta (1985), Arnon e Johnson desenvolveram um trabalho, que 
foi clássico para verificar o efeito direto do pH utilizando tomateiro, alface e grama 
bermuda, e concluíram que: 
 1. Em valores extremos de pH as plantas morrem ou apresentam acentuada 
diminuição do crescimento. 
 2. A pH 3,0 a absorção de macronutrientes caiu drásticamente (competição com 
H+), tendo havido, em alguns casos, perda de P, K e Mg. No pH 9,0 houve acentuada 
queda na absorção de P (competição com OH-). 
 3. A pH 4,0 houve diminuição do prejuízo, devido ao Ca. O Ca estimula absorção de 
K e, aparentemente, diminui a competição do H+ com os demais cátions. 
 4. O crescimento máximo foi verificado entre pH 6 a 7. 
 Como efeito indireto do pH está o relacionamento da quantidade de H+ 
alterando a solubilidade dos demais nutrientes no solo (Figura 1.3), principalmente a 
dos micronutrientes que em demasia tornam-se tóxicos às plantas. 
 Para ilustrar o efeito sobre a disponibilidade dos nutrientes em função do pH, 
são reproduzidas as figuras apresentadas por Wutke (1975), segundo o curso de 
Química do Solo, ministrado por R. B. Corey, Universidade de Wisconsin. 
 
 
 
 
 
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11
A) Nitrogênio 
 
 
 
 A disponibilidade aumenta devido ao efeito favorável à mineralização da matéria 
orgânica. 
 
 
 
B) Fósforo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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12
C) Potássio, Cálcio, Magnésio e Cloro 
 
 
 
 a) Nenhum efeito direto do pH. 
 b) Efeito indireto, com a lixiviação ocorre diminuição das bases e o 
aumento da acidez. Pelo contrário, o aumento da CTC dependente do pH faz com que 
a lixiviação destes cátions diminua. 
 
 
 
 
 
 
D) Enxofre 
 
 
 
SO4
2− adsorvido pelos óxidos de Fe e de Al é liberado pela elevação do pH. A 
decomposição da matéria orgânica, liberando S, é favorecida pela elevação do pH. 
 
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13
E) Ferro, Manganês, Cobre e Zinco 
 
 
 
 
 
F) Boro 
 
 
 
a) Abaixo de pH 7,0 há pouco efeito sobre a disponibilidade do B, em condições do pH 
do solo o ácido bórico não se dissocia. 
b) Há decréscimo na solubilidade acima de pH 7,0 
 
 O B(OH)4- é adsorvido por troca de ligantes com OH-. 
 
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G) Molibdênio 
 
 
O MoO4
2− é adsorvido pelos óxidos de Fe e de Al e é deslocado pelo OH- elevando o 
pH. 
 
Figura 1.3 - Disponibilidade dos nutrientes em função do pH do solo. 
 
1.9. Alumínio 
 O alumínio, conforme já discutido, constitui importante componente da acidez 
dos solos. A reação de hidrólise do Al3+ em solução contribui significativamente para a 
capacidade tampão do pH dos solos. Além disso, o Al quando presente em altas 
concentrações no solo pode ser tóxico às plantas, constituindo uma das principais 
limitações agrícolas em solos ácidos. 
 De acordo com os equilíbrios químicos já estudados nos capítulos precedentes, 
a atividade do Al3+, e demais espécies de sua hidrólise, depende basicamente do tipo 
de mineral presente na fase sólida e do pH do solo. Em solos ácidos, com predomínio 
de argilas de 1:1 (caulinita) e óxidos (gibbsita) na fração argila, a atividade do Al3+ em 
solução pode ser bastante elevada. A solubilidade do Al diminui com o aumento do pH, 
conforme mostra a Figura 1.1. 
 Verifica-se que a valores de pH acima de 5,5 - 6,0 (até 8,0), a solubilidade do 
Al3+ é mínima. Esta é uma das razões pelas quais a correção de solos ácidos é feita 
de modo a se atingir um pH de, pelo menos, 5,5. 
 Com relação à fertilidade dos solos, o Al em concentração elevada, além de 
poder ser tóxico às plantas, pode interferir na disponibilidade de outros nutrientes. O 
exemplo mais típico desse efeito refere-se à solubilidade do fosfato no solo. O fosfato 
tende a reagir com o Al solúvel, formando fosfatos de Al de baixa solubilidade em solos 
ácidos. Existem evidências de que a disponibilidade de P em solos ácidos altamente 
intemperizados é governada, principalmente pelo fosfato ligado a alumínio (P - Al), que 
aparentemente é a forma mais lábil de P no solo. 
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 A elevada acidez de grande parte dos solos tropicais condiciona uma alta 
atividade do Al na solução do solo, deficiência de Ca, Mg e P, além da toxidez por Mn. 
 O Al tem sido tradicionalmente considerado um elemento problema para o 
crescimento de grande número de culturas, causando impedimento químico no subsolo 
para o crescimento de raízes. A elevada saturação de Al (m), neste caso, seria um 
problema para o crescimento normal do sistema radicular. 
 Já foi dito que, em termos de acidez, a chamada acidez trocável se confunde 
com o Al trocável. A percentagem de saturação de Al, neste aspecto, é também uma 
boa maneira de se avaliar a acidez do solo. O trabalho de Gonzalez Erico (1976) 
demostra que acima de pH 5,4, os níveis de saturação de Al (m) foram inferiores a 
10 % na camada de 0 - 15 cm. 
 O nível de Al na solução do solo depende do pH do solo, da saturação do Al, 
teor de matéria orgânica e presença de outros íons na solução do solo. 
 Considera-se que 2 mg/L de Al3+ na solução do solo seja um nível tóxico para 
muitas plantas cultivadas, sendo que esta concentração pode ocorrer a pH 5,0. 
Entretanto, em pH 6,0 já não se observa Al3+ em solução. 
 A forma de Al presente na solução do solo depende do pH, como se pode 
observar no esquema que se segue (e na Figura 1.1). 
 
Al3+ Al(OH)2+ Al(OH)+2 Al(OH)3 
→ pH aumentando → 
 
 Em termos de efeitos negativos ao crescimento das plantas, o efeito primário da 
toxicidade de Al se faz sentir ao nível radicular. 
 Os principais sintomas podem ser observados a nível de sistema radicular: 
 - raízes caracteristicamente curtas ou grossas; 
 - inibição do crescimento das raízes, que se tornam castanhas; 
 - raízes laterais engrossadas e pequena formação de pêlos radiculares; 
 - observa-se também, predisposição da planta injuriada a infecções por fungos, 
mas, também há casos em que o Al3+ controla certas doenças fungicas das raízes. 
 
 Como efeitos citológicos, pode-se observar: 
 - inibição da divisão celular, com a conseqüente inibição do alongamento celular; 
 - ruptura das células do periciclo. 
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 Também, como efeitos fisiológicos e bioquímicos, têm-se: 
 - aumento na viscosidade do protoplasma das células das raízes com 
conseqüente decréscimo da permeabilidade à água, sais e corantes; 
 - redução na habilidade de uso de sacarose para a formação de polissacarídeos 
nas paredes celulares; 
 - inibição de desidrogenase isocítrica, enzimas málicas, redução na fosforilase 
de açúcares, respiração e síntese de DNA; 
 - efeito na absorção e utilização de nutrientes, principalmente Ca e P. 
 
1.10. Calagem 
 O avanço da agricultura brasileira tem-se dado principalmente em direção a 
região dos cerrados, que possuem solos caracteristicamente dotados de boas 
propriedades físicas, topografia favorávele propriedades químicas inadequadas, tais 
como elevada acidez, altos teores de Al trocável e deficiência generalizada de 
nutrientes, especialmente Ca, Mg e P. 
 Solos dessa natureza, uma vez corrigidos quimicamente, apresentam grande 
potencial agrícola, possibilitando uma agricultura tecnificada com boas produtividades. 
 Como efeito do uso de calcário tem-se, além da correção da acidez do solo, o 
estímulo à atividade microbiana, a melhoria da fixação simbiótica de N pelas 
leguminosas e, ainda, o aumento da disponibilidade da maioria de nutrientes para as 
plantas. 
 A calagem é, então, prática fundamental para a melhoria de ambiente radicular 
das plantas e talvez a condição primária para ganhos de produtividade nos solos. Já se 
afirmou por diversas vezes que a subutilização da calagem é um dos principais fatores 
de "subprodutividade" de muitas culturas no Brasil. 
 A necessidade de calagem não está somente relacionada ao pH do solo, mas 
também, à sua capacidade tampão de acidez (CTH) e à sua capacidade de troca de 
cátions (CTC). Solos com maior CTH (mais argilosos) necessitam de mais calcário 
para aumentar o pH que os de menor CTH (mais arenosos). A capacidade tampão, de 
forma geral, relaciona-se diretamente com as quantidades totais de argila e de matéria 
orgânica no solo, assim como com o tipo de argila. 
 Os critérios de recomendação de calagem são variáveis segundo os objetivos e 
princípios analíticos envolvidos, e o próprio conceito de necessidade de calagem (NC) 
irá depender do objetivo dela. Assim, Raij (1981) diz que a necessidade de calagem é 
a quantidade de corretivo de acidez necessária para neutralizar a acidez do solo, de 
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17
uma condição inicial até um nível desejado. Outra definição, seria a quantidade de 
corretivo necessária para se obter a máxima eficiência econômica (MEE) de definida 
cultura, o que significaria ter definida quantidade de Ca e, ou, Mg disponíveis no solo e 
condições adequadas de pH para boa disponibilidade dos nutrientes em geral. 
 O corretivo usado como padrão de referência é o Carbonato de Cálcio (CaCO3), 
com um valor atribuído de PN (poder de neutralização) igual a 100%, portanto de 
PRNT (poder relativo de neutralização total) igual a 100%. Assim, qualquer corretivo 
terá seu valor de PRNT estimado, em relação ao do CaCO3. 
 A neutralização de um solo ácido com calcário (CaCO3) pode ser representada 
pela reação: 
 
 Portanto, o calcário neutraliza, a acidez representada por H + Al, deixando o 
solo com cálcio no lugar dos cátions de caráter ácido. O alumínio é precipitado como 
hidróxido e o gás carbônico é desprendido (Raij, 1991). 
 
1.10.1. Determinação da Necessidade de Calagem dos Solos 
 
A grande maioria dos solos de Minas Gerais e, notadamente os da região de 
vegetação de cerrado, que cada vez mais são utilizados com o avanço da 
atividade agropecuária, mesmo dotados de boas propriedades físicas, 
apresentam, em geral, características químicas inadequadas, tais como: elevada 
acidez, altos teores de Al trocável e deficiência de nutrientes, especialmente de 
Ca, de Mg e de P. 
Solos dessa natureza, uma vez corrigidos quimicamente, apresentam grande 
potencial agrícola, possibilitando uma agropecuária tecnificada com elevadas 
produtividades. 
Como efeitos do uso adequado de calcário percebem-se, além da correção da 
acidez do solo, o estímulo à atividade microbiana, a melhoria da fixação 
simbiótica de N pelas leguminosas e, ainda, o aumento da disponibilidade da 
maioria de nutrientes para as plantas. O uso adequado de calcário acarreta a 
preservação e, se possível, o aumento do teor de matéria orgânica do solo. 
A calagem é, então, prática fundamental para a melhoria do ambiente 
radicular das plantas e, talvez, a condição primária para ganhos de produtividade 
nos solos. Já se afirmou por diversas vezes que a “subutilização” da calagem é um 
dos principais fatores de “subprodutividade” de muitas culturas na agricultura 
mineira. 
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18
A necessidade de calagem não está somente relacionada com o pH do solo, 
mas também com a sua capacidade tampão e a sua capacidade de troca de 
cátions. Solos mais tamponados (mais argilosos) necessitam de mais calcário 
para aumentar seu pH do que os menos tamponados (mais arenosos). A 
capacidade tampão relaciona-se diretamente com os teores de argila e de 
matéria orgânica no solo, assim como com o tipo de argila. 
Os critérios de recomendação de calagem são variáveis segundo os objetivos 
e princípios analíticos envolvidos, e o próprio conceito de necessidade de 
calagem irá depender do objetivo dessa prática. Assim, a necessidade de 
calagem é a quantidade de corretivo necessária para diminuir a acidez do solo, 
de uma condição inicial até um nível desejado. Ou é a dose de corretivo 
necessária para se atingir a máxima eficiência econômica de definida cultura, o 
que significa ter definida quantidade de Ca e de Mg disponíveis no solo e 
condições adequadas de pH para boa disponibilidade dos nutrientes em geral. 
Portanto, os técnicos que vão recomendar a correção da acidez necessitam 
verificar qual a informação disponível e até que ponto a recomendação é 
adequada à cultura. Faltam no Estado mais pesquisas de calibração que 
indiquem, com maior especificidade para solos de Minas Gerais, quais são os 
valores de Y (fator de calagem, relacionado com a capacidade tampão da 
acidez), de mt (máxima saturação por Al
3+
 tolerada), e de X (disponibilidade 
mínima de Ca
2+
 + Mg
2+
 requerida pela cultura), ou de Ve (saturação por bases 
esperada ou a ser atingida pela calagem) que devem ser considerados no método 
de correção da toxidez de Al
3+
 e da deficiência de Ca
2+
 e Mg
2+
 ou no de 
saturação por bases. 
Por outro lado, a pesquisa tem demonstrado que os maiores benefícios da 
calagem são obtidos com aplicação adequada de fertilizantes (N, P, K, S e 
micronutrientes) e outras práticas agrícolas. 
Em rotação de culturas, pela sensibilidade diferencial à acidez, a calagem 
deve ser feita, visando à cultura mais rendosa. 
Na recomendação, devem ser considerados aspectos técnicos e econômicos. 
A calagem apresenta curvas de resposta com incrementos decrescentes. Isto 
significa que acima de pH 5,5, 5,8, os retornos devidos à calagem, mesmo em 
culturas exigentes quanto a pH mais elevado, não são tão acentuados, embora 
ainda de grande validade, dado seu efeito residual. Em decorrência desse efeito, 
dois fatos devem ser considerados: que a análise econômica não deve ser 
realizada com respostas de um ano, mas, sim, de três a cinco anos, e que o 
retorno do investimento com calagem é acumulativo. 
Portanto, como já foi mencionado, a calagem é fundamental para a 
agricultura em solos ácidos. No entanto, não existe uma definição clara sobre o 
melhor critério para determinar a necessidade de calagem, ou seja, a quantidade 
de corretivo a ser aplicada ao solo. O cálculo da necessidade de calagem tem-se 
baseado, fundamentalmente, nos seguintes critérios (Chaves Solera, 1988): 
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- método da incubação com CaCO3; 
- método baseado no teor de alumínio trocável; 
- métodos baseados na correlação existente entre pH, saturação de bases 
- método para elevar os teores de Ca e de Mg trocáveis, e neutralizar o Al trocável. 
 Um ponto da maior importância para diversas culturas é a relação Ca:Mg do 
corretivo a ser empregado. Para uma mesma dose de calcário aplicado, diferentes 
relações entre estes nutrientes podem conduzir a resultados bastante diferentes. 
 A seguir apresentam-se os principais métodos para determinação da 
necessidade de calagem utilizados no Brasil. 
Método das Curvas de Incubação com CaCO3 
 Consiste naobtenção de curvas de neutralização do solo por meio da incubação 
com CaCO3. Este método não é prático para uso rotineiro, por ser demorado e 
trabalhoso, sendo empregado em trabalhos de pesquisa e para calibrar outros 
métodos. 
 Por este método, amostras de solo são incubadas com doses crescentes de 
CaCO3, por vários dias, sendo a umidade mantida de forma a não exceder a 
capacidade de campo. Após o período de incubação procede-se a leitura do pH, 
obtendo-se curvas como as da Figura 1.4. 
 
 
 
Figura 1.4 - Curvas de neutralização de cinco amostras de solos com CaCO3. 
FONTE: Raij et al., (1979). 
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20
 
 Este método, ao não considerar a produção das plantas deixa sérias 
interrogações quanto ao seu uso como método de referência para recomendações de 
doses de corretivo que otimizem, economicamente, o uso do calcário (Paula et al., 
1991). 
 
Método de Neutralização do Al Trocável 
 Quando se deseja corrigir a acidez do solo, o critério de neutralização do Al 
trocável parece suficiente. Por este método, a necessidade de calagem foi definida, 
dentro do Programa Internacional de Análise de Solos (Cate, 1965), pela fórmula: 
 
 
Método da neutralização do Al3+ e da elevação dos teores de Ca2+ + Mg2+ 
Neste método, consideram-se ao mesmo tempo características do solo e 
exigências das culturas. Procura-se, por um lado, corrigir a acidez do solo e para 
isto leva-se em conta a susceptibilidade, ou, a tolerância, da cultura à elevada 
acidez trocável (considerando a máxima saturação por Al
3+
 tolerada pela 
cultura(mt)) e a capacidade tampão do solo (Y) e, por outro, se quer elevar a 
disponibilidade de Ca e de Mg de acordo com as exigências das culturas nestes 
nutrientes (X) (Quadro 8.1). 
A necessidade de calagem (NC, em t/ha) é assim calculada: 
NC = CA + CD, em que: 
CA = correção da acidez até certo valor de m(mt), de acordo com a cultura 
(Quadro 8.1) e a capacidade tampão da acidez do solo(Y). 
CD = correção da deficiência de Ca e de Mg, assegurando um teor mínimo (X) 
desses nutrientes. 
CA = Y [Al
3+
 – (mt . t/100)], em que: 
Al
3+
 = acidez trocável, em cmolc/dm³ 
mt = máxima saturação por Al
3+
 tolerada pela cultura, em % 
 t = CTC efetiva, em cmolc/dm
3 
OBS.: Sendo o resultado de CA negativo, considerar seu valor igual a zero para 
continuar os cálculos. 
 
CD = X – (Ca
2+
 + Mg
2+
), em que: 
+= 3AlxfNC
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Ca
2+
 + Mg
2+
 = teores de Ca e de Mg trocáveis, em cmolc/dm
3. 
OBS.: Também sendo o resultado de CD negativo, considerar seu valor igual a 
zero para continuar os cálculos. 
Com as duas restrições apontadas: 
NC = Y [Al3+ – (mt . t/100)] + [X – (Ca
2+ + Mg2+)] 
Y é um valor variável em função da capacidade tampão da acidez do solo 
(CTH) e que pode ser definido de acordo com a textura do solo: 
Solo Argila Y 
 % 
Arenoso 0 a 15 0,0 a 1,0 
Textura média 15 a 35 1,0 a 2,0 
Argiloso 35 a 60 2,0 a 3,0 
Muito argiloso 60 a 100 3,0 a 4,0 
 
Estes valores de Y, estratificados em relação aos teores de argila, podem ser 
estimados de forma contínua pela equação: 
Ŷ = 0,0302 + 0,06532 Arg – 0,000257 Arg2; R2 = 0,9996 
Também Y pode ser definido de acordo com o valor de fósforo remanescente 
(P-rem), que é o teor de P da solução de equilíbrio após agitar durante 1 h a 
TFSA com solução de CaCl2 10 mmol/L, contendo 60 mg/L de P, na relação 
1:10. 
P-rem Y 
mg/L 
 0 a 4 4,0 a 3,5 
 4 a 10 3,5 a 2,9 
10 a 19 2,9 a 2,0 
19 a 30 2,0 a 1,2 
30 a 44 1,2 a 0,5 
44 a 60 0,5 a 0,0 
Os valores de Y, estratificados de acordo com os valores de P-rem, podem 
também ser estimados de forma contínua pela equação: 
Ŷ = 4,002 – 0,125901 P-rem + 0,001205 P-rem2 – 0,00000362 P-rem3 
R2 = 0,9998 
O uso da determinação do P-rem como estimador da CTH, em lugar do teor 
de argila, além das vantagens práticas e operativas que apresenta, deve-se ao 
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22
fato de a CTH e o valor de P-rem dependerem não somente do teor de argila, 
mas também da sua mineralogia e do teor de matéria orgânica do solo. 
E, por último, X é um valor variável em função dos requerimentos de Ca e de Mg pelas 
culturas. 
 
 Valores máximos de saturação por Al
3+
 tolerados pelas culturas(m t) e valores de X para o 
método do Al e do Ca + Mg trocáveis adequados para diversas culturas e, valores de 
saturação por bases (Ve) que se procura atingir pela calagem 
 
Culturas mt X Ve Observações (sempre que possível) 
 % cmolc/dm3 % 
Cereais 
Arroz sequeiro 25 2,0 50 Não utilizar mais de 3 t/ha de calcário por aplicação 
Arroz irrigado 25 2,0 50 Não utilizar mais de 4 t/ha de calcário por aplicação 
Milho e sorgo 15 2,0 50 Não utilizar mais de 6 t/ha de calcário por aplicação 
Trigo(sequeiro ou irrigado) 15 2,0 50 Não utilizar mais de 4 t/ha de calcário por aplicação 
Leguminosas 
Feijão, soja e adubos verdes 20 2,0 50 
Outras leguminosas 20 2,0 50 
Oleaginosas 
Amendoim 5 3,0 70 
Mamona 10 2,5 60 
Plantas Fibrosas 
Algodão 10 2,5 60 Utilizar calcário contendo magnésio 
Crotalárea-juncea 5 3,0 70 
Fórmio 15 2,0 50 
Rami 5 3,5 70 
Sisal 5 3,0 70 Exigente em magnésio 
Plantas Industriais 
Café 25 3,5 60 
Cana-de-açúcar 30 3,5 60 Não utilizar mais de 10 t/ha de calcário por aplicação 
Chá 25 1,5 40 
Raízes e Tubérculos 
Batata e batata-doce 15 2,0 60 Exigentes em magnésio 
Mandioca 30 1,0 40 Não utilizar mais de 2 t/ha de calcário por aplicação 
Cará e inhame 10 2,5 60 Exigentes em magnésio 
Plantas Tropicais 
Cacau 15 2,0 50 
Seringueira 25 1,0 50 
Não utilizar mais de 2 t/ha de calcário por 
aplicação. Usar 
calcário dolomítico 
Pimenta-do-reino 5 3,0 70 
 
 
 
 
Continua... 
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23
Continuação 
 
 
Culturas mt X Ve Observações (sempre que possível) 
 % cmolc/dm3 % 
Hortaliças 
Chuchu e melão 5 3,5 80 Exigentes em magnésio 
Abóbora, moranga, pepino, 
melancia, alface, almeirão 
e acelga 
5 3,0 70 Exigentes em magnésio 
Chicória e escarola 5 3,0 70 
Milho verde 10 2,5 60 
Tomate, pimentão, pimenta, 
beringela e jiló 5 3,0 70 
Para tomate utilizar relação 
Ca/Mg = 1 
Beterraba, cenoura, mandioquinha, 
nabo e rabanete 5 3,0 65 Exigentes em magnésio 
Repolho, couve-flor, brócolos 
e couve 5 3,0 70 Exigentes em magnésio 
Alho e cebola 5 3,0 70 
Quiabo, ervilha, feijão 
de vagem e morango 5 3,0 70 Exigentes em magnésio 
Fruteiras de Clima Tropical 
Abacaxizeiro 15 2,0 50 
Banana 10 3,0 70 Utilizar calcário dolomítico 
Citros 5 3,0 70 
Mamoeiro 5 3,5 80 
Abacateiro e mangueira 10 2,5 60 
Maracujazeiro e goiabeira 5 3,0 70 
Fruteiras de Clima Temperado 
Ameixa, nêspera, pêssego, 
nectarina, figo, maçã, marmelo, 
pêra, caqui, macadâmia e pecã 
5 3,0 70 
Videira 5 3,5 80 
Plantas Aromáticas 
e, ou, Medicinais 
Fumo 15 2,0 50 Teor de magnésio mínimo de 0,5 cmolc/dm3 
Gramíneas aromáticas (capim-limão, 
citronela e palmarosa) 25 1,5 40 
Menta 10 2,5 60 
Piretro 10 2,5 60 
Vetiver 10 2,5 60 
Camomila 5 3,0 70 
Eucalipto 30 1,5 40 
Funcho 15 2,0 50 
 
 
 
Continua... 
 
 
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24
Continuação 
 
Culturas mt X Ve Observações (sempre que possível) 
 % cmolc/dm3 % 
Plantas Ornamentais 
Herbáceas 10 2,5 60 
Arbustivas 10 2,0 60 
Arbóreas 15 2,0 50 
Azálea 20 2,0 50 Não utilizar mais de 2 t/ha de calcário por aplicação 
Cravo 5 3,0 70 
Gladíolos 5 3,0 70 
Roseira 5 3,0 70 
Crisântemo5 3,0 70 
Gramados 5 3,0 70 
Plantios de Eucalipto 45 1,0 30 
Pastagens 
Leguminosas: 
Leucena (Leucaena leucocephala); 
Soja-perene (Neonotonia wightii); 
Alfafa (Medicago sativa) e Siratro 
(Macroptilium atropurpureum) 
15 2,5 60 
Para o estabelecimento de pastagens, prever o 
cálculo da calagem para incorporação na 
camada de 0 a 20 cm. Para pastagens já 
formadas, o cálculo de QC1/ deverá ser feito, 
prevendo-se a incorporação natural na camada 
de 0 a 5 cm. 
Kudzú (Pueraria phaseoloides); 
Calopogônio (Calopogonio 
mucunoides); Estilosantes 
(Stylosanthes guianensis); Guandu 
(Cajanus cajan); Centrosema 
(Centrosema pubescens); Arachis 
ou Amendoin forrageiro (Arachis 
pintoi) e, Galáxia (Galactia striata) 
25 1 40 
Gramíneas: 
Grupo do Capim Elefante: Cameron, 
Napier, Pennisetum hibrido 
(Pennisetum purpureum); Coast-
cross, Tiftons (Cynodon); Colonião, 
Vencedor, Centenário, Tobiatã 
(Panicum maximum); Quicuio 
(Pennisetum clandestinum) e, 
Pangola, Transvala (Digitaria 
decumbens) 
20 2 50 
Green-panico, Tanzânia, Mombaça 
(Panicum maximum); Braquiarão ou 
Marandú (Brachiaria brizantha); 
Estrelas (Cynodon plectostachyus) 
e, Jaraguá (Hyparrrenia rufa) 
25 1,5 45 
Braquiaria IPEAN, Braquiaria 
australiana (Brachiaria decumbens); 
Quicuio da Amazônia (Brachiaria 
humidicola); Andropogon (Andropogon 
guianensis); Gordura (Melinis 
minultiflora) e, Grama batatais 
(Paspalum notatum) 
30 1 40 
1/
 QC = Quantidade de calcário a ser realmente utilizada. 
 
 
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25
 
Método da saturação por bases 
Neste método, considera-se a relação existente entre o pH e a saturação por 
bases (V). Quando se quer, com a calagem, atingir definido valor de saturação por 
bases, pretende-se corrigir a acidez do solo até definido pH, considerado 
adequado a certa cultura. 
Para utilizar este método, devem-se determinar os teores de Ca, Mg e K 
trocáveis e, em alguns casos, de Na trocável, além de determinar a acidez 
potencial (H + Al) extraível com acetato de cálcio 0,5 mol/L a pH 7, ou estimada 
indiretamente pela determinação do pHSMP. 
A fórmula do cálculo da necessidade de calagem (NC, em t/ha) é: 
NC = T(Ve – Va)/100, em que: 
T = CTC a pH 7 = SB + (H + Al), em cmolc/dm
3 
SB = Soma de bases = Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+, em cmolc/dm
3 
Va = Saturação por bases atual do solo = 100 SB/T, em %. 
Ve = Saturação por bases desejada ou esperada (Quadro 8.1), para a cultura 
a ser implantada e para a qual é necessária a calagem. 
Quantidade de Calcário a Ser Usada 
 
A NC calculada com os critérios ou métodos anteriormente apresentados 
indica a quantidade de CaCO3 ou calcário PRNT = 100 % a ser incorporado por 
hectare, na camada de 0 a 20 cm de profundidade. Portanto, indica a dose de 
calcário teórica. Na realidade, a determinação da quantidade de calcário a ser 
usada por hectare deve levar em consideração: 
1) A percentagem da superfície do terreno a ser coberta na calagem (SC, em %) 
2) Até que profundidade será incorporado o calcário (PF, em cm) e 
3) O poder relativo de neutralização total do calcário a ser utilizado (PRNT, em 
%). 
Portanto, a quantidade de calcário a ser usada (QC, em t/ha) será: 
PRNT
100
 x 
20
PF
 x 
100
SC
 x NC QC = 
Por exemplo, a quantidade de calcário (PRNT = 90 %) a ser adicionada numa 
lavoura de café de cinco anos, se a NC é de 6 t/ha, a área a ser corrigida (faixas 
das plantas) é de 75 % e, considerando a profundidade de incorporação (pela 
esparramação) de 5 cm, será: 
 t/ha1,25 
90
100
 x 
20
5
 x 
100
75
 x 6 QC == 
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26
Escolha do Método para Estimar a Necessidade de Calagem 
 Um aspecto fundamental a ser considerado na escolha do método para estimar 
a necessidade de calagem é a cultura (ou culturas) com as quais se está trabalhando. 
No caso de uma rotação, a escolha deverá dar maior atenção à cultura mais rentável, 
desde que não se inviabilize o cultivo das demais. 
 A quantidade de corretivo pode variar bastante segundo o critério de 
recomendação. Neste aspecto, há que se considerar o nível de tecnologia empregado 
pelos agricultores e seus custos a curto e médio prazos. Doses mais elevadas tendem 
a representar maior investimento a curto prazo. Por outro lado, o efeito residual do 
corretivo será mais prolongado. 
 Os efeitos a nível de solo devem ser considerados. Recomendações de doses 
mais baixas podem representar, por um lado, menor elevação do pH do solo, com 
menor efeito sobre possíveis efeitos de toxidez de Al, Mn e Fe na camada arável e no 
subsolo, além de menor eficiência global nas taxas de absorção de N, P, K, Ca, Mg e S 
(Lopes & Abreu, 1987). Por outro lado, os possíveis desbalanços de micronutrientes 
(principalmente Cu e Zn) serão menores. 
 Deve-se portanto, para cada realidade e região, procurar o método que melhor 
defina a necessidade de calagem, devendo-se, para isto, consultar a literatura e as 
instituições de ensino e pesquisa regionais. 
 O método de saturação de bases, como já dito, tem a grande vantagem de 
considerar a planta cultivada ao recomendar o corretivo. Os valores de Ve é que 
precisam ser mais bem definidos para as culturas e para cada região. 
 Vale lembrar que a escolha do método de recomendação de calagem envolve 
aspectos técnicos e econômicos. Assim, os benefícios da calagem se farão sentir 
sobre a disponibilidade e eficiência de utilização de outros nutrientes e, a aplicação 
conjunta de outros nutrientes melhora os resultados da calagem. Isto por si só mostra 
o enlaçamento dos aspectos técnico e econômico. 
 Do ponto de vista puramente econômico, a calagem conforme ressalta Raij 
(1981), produz curvas de resposta do tipo dos retornos decrescentes (Lei dos 
Incrementos Decrescentes). Isto, na prática, significa que acima de pH 5,5 os retornos 
devidos à calagem, mesmo para culturas exigentes quanto ao pH, não são tão 
grandes, mas válidos devido ao efeito residual. Dessa forma, a análise econômica 
deve envolver dados de 3 a 5 anos. A calagem, por seu efeito residual, produz retorno 
cumulativo ao longo do tempo. 
 
 
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27
Escolha do Corretivo a Aplicar 
 O calcário é comercializado com base no peso do material, portanto a escolha 
do corretivo a aplicar deve levar em consideração o uso de critérios técnicos (qualidade 
de calcário) e econômicos, procurando maximizar os benefícios e minimizando os 
custos. 
 Na qualidade de calcário se deve considerar a capacidade de neutralizar a 
acidez do solo ( poder de neutralização - PN), a reatividade do material, que considera 
sua natureza geológica e sua granulometria, e o conteúdo de nutrientes, 
especialmente de Mg. O poder neutralizante avalia o teor de materiais neutralizantes 
do calcário, ou seja, a capacidade de reação dos ânions presentes, se expressa em %, 
considerando o CaCO3 como padrão igual a 100% e se determina por neutralização 
direta com ácido cloridrico (Duarte et al., 1993). 
 O PN igual a 120 % de um calcário indica que 100 kg deste corretivo tem 
a mesma capacidade neutralizante do que 120 kg de CaCO3. 
 A reatividade de um calcário depende em parte de sua natureza geológica. Os 
de natureza sedimentar são mais "moles" do que as metamórficas (Alcarde, 1985), e 
depende fundamentalmente da granulométrica do material, granulometria que permite 
estimar a eficiência relativa (ER). A reação de neutralização da acidez do solo pelos 
calcários se dá pelo contato entre a superfície das partículas do corretivo e a solução 
do solo. Como os calcários são de baixa solubilidade é necessário que suas partículas 
sejam de tamanho o menor possível, pois quanto menores suas partículas, maior a 
superfície específica e maior será a área de contato ou dereação. Em relação a 
granulometria, a legislação atual determina as seguintes características mínimas: 
passar 100% por peneira de 2 mm (ABNT Nº 10); 70% por peneira de 0,84 mm (ABNT 
Nº 20) e, 50% por peneira de 0,30 mm (ABNT Nº 50). É permitida uma tolerância de 
retenção de 5% na peneira de 2 mm. 
 Combinando-se o poder de neutralização (PN) com a eficiência relativa (ER) de 
um calcário, tem-se seu poder relativo de neutralização total (PRNT), que estima 
quanto de calcário irá reagir em um período de aproximadamente três anos. 
PRNT PN x ER=
100
 
 Assim, pela legislação ficou estabelecido que um calcário deve apresentar para 
comercialização os valores mínimos 45 % para PRNT. 
 Um dos fatores limitantes de um solo ácido é, geralmente, o seu baixo conteúdo 
de Ca e, ou, Mg disponíveis. Assim, a aplicação de um calcário que contenha Mg terá, 
aliada ao seu efeito neutralizante da acidez, a adição de Mg, o que evidentemente não 
acontece quando se utiliza calcário calcítico, pobre em Mg. 
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 O calcário é comercializado com base no peso do material, portanto a 
escolha do corretivo por aplicar deve levar em consideração o uso de critérios 
técnicos (qualidade do calcário) e econômicos, procurando maximizar os 
benefícios e minimizar os custos. 
Na qualidade do calcário, devem-se considerar a capacidade de neutralizar a 
acidez do solo (poder de neutralização – PN), a reatividade do material, que 
considera sua natureza geológica e sua granulometria, e o teor de nutrientes, 
especialmente de Ca e de Mg. 
O poder de neutralização avalia o teor de materiais neutralizantes do calcário, 
ou seja, a capacidade de reação dos ânions presentes. Considera-se o CaCO3 
como padrão igual a 100 %. Determina-se o PN por neutralização direta com 
ácido clorídrico, sendo expresso em %. 
A capacidade de neutralizar a acidez que apresenta um calcário também pode 
ser estimada, aproximadamente, determinando-se seus teores de Ca e de Mg, 
teores que se expressam em dag/kg de CaO e de MgO. A conversão desses 
óxidos em “CaCO3 equivalente” é denominado Valor Neutralizante (VN) e é 
expresso em %. 
Como parte desses cátions pode estar combinada com ânions de reação 
neutra, o VN pode superestimar o PN do calcário. VN e PN são duas 
determinações diferentes. Ambas são usadas para expressar a alcalinidade do 
calcário, isto é, sua capacidade de neutralizar a acidez do solo. 
O VN de várias substâncias é dado no Quadro 8.2. Este valor se expressa 
também em percentagem, considerando como padrão o CaCO3 (VN = 100 %). 
Como1 kgdeCaCO3neutraliza 20 molc H
+ (20 eq), porque apresenta 20 molc (-), 
considera-se para toda substância alcalina que se 1 kg de material contém 20 molc 
(-), esta tem VN = 100 %. Apresentando menos de 20 molc/kg terá VN < 100 % e, 
evidentemente, mais de 20 molc/kg terá VN > 100 %. 
O PN igual a 120 % de um calcário indica que 100 kg deste corretivo tem a 
mesma capacidade neutralizante do que 120 kg de CaCO3. 
A reatividade de um calcário depende, em parte, de sua natureza geológica. 
Os de origem sedimentar, de natureza mais amorfa, são mais reativos do que os 
metamórficos, que têm estrutura mais cristalina. A reatividade depende 
fundamentalmente da granulometria do material, a qual permite estimar a eficiência 
relativa (ER), ou sua reatividade (RE). A granulometria indica a capacidade de um 
corretivo reagir no solo e envolve a velocidade de reação e seu efeito residual. 
Em relação à granulometria, a legislação atual determina as seguintes 
características mínimas: passar 95 % por peneira de 2 mm (ABNT no 10); 70 % por 
peneira de 0,84 mm (ABNT no 20) e, passar 50 % por peneira de 0,30 mm 
(ABNT no 50). 
Considerando a granulometria, pode-se avaliar a reatividade do calcário para 
o período de aproximadamente três anos. 
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Combinando o poder de neutralização (PN) com a reatividade (RE) de um 
calcário, tem-se seu poder relativo de neutralização total (PRNT), que estima 
quanto de calcário irá reagir em um período de aproximadamente três anos. 
 
100
REx PN PRNT ==== 
 
 
Reatividade de calcário de acordo com sua granulometria 
 
 
Fração Granulométrica Peneira ABNT Reatividade 
mm Retida n° 10 % 
> 2,00 0 
0,84 - 2,00 Passa n° 10, retida n° 20 20 
0,30 - 0,84 Passa n° 20, retida n° 50 60 
≤ 0,30 Passa n° 50 100 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Número de molc em 1 kg de diferentes materiais neutralizantes da acidez e seus 
correspondentes valores neutralizantes 
Silicato de magnésio MgSiO3 19,9 100 
 
Material neutralizante Fórmula N° molc/kg VN (%) 
Carbonato de cálcio CaCO3 20,0 100 
Carbonato de magnésio MgCO3 23,7 119 
Hidróxido de cálcio Ca(OH)2 27,0 135 
Hidróxido de magnésio Mg(OH)2 34,3 172 
Óxido de cálcio CaO 35,7 179 
Óxido de magnésio MgO 49,61/ 2482/ 
Silicato de cálcio CaSiO3 17,2 86 
Silicato de magnésio MgSiO3 19,9 100 
 
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Por exemplo na análise de uma amostra de calcário, têm-se os seguintes resultados: 
 
O PN (96 %) é menor que o VN ( =+
100
248
 x 13 
100
179
 x 39 102 %) 
O VN superestima a capacidade de neutralização do calcário, decorrente 
talvez da presença de Ca e de Mg em compostos químicos que não neutralizam a 
acidez. 
A reatividade (RE) é igual à média ponderada da eficiência relativa das 
classes de partículas (Quadro 8.3), considerando a granulometria da amostra 
analisada. 
Assim: 
% 77,5 
12050255
 120 x 100 50 x 60 25 x 20 5 x 0
 RE =
+++
+++= 
% 74,4 
100
77,5 x 96
 PRNT == 
A legislação atual determina, também, que os corretivos comercializados 
devem possuir as seguintes características mínimas: 
 
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Material PN CaO + MgO 
 % dag/kg 
Calcário 67 38 
Cal virgem agrícola 125 68 
Cal hidratada agrícola 94 50 
Calcário calcinado agrícola 80 43 
Escória 60 30 
Outros 67 38 
 
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Assim, pela legislação, ficou estabelecido que um calcário deve apresentar 
para comercialização os valores mínimos de 67 % para PN, e de 45 %, para 
PRNT. 
Um dos fatores limitantes de um solo ácido é, geralmente, o seu baixo 
conteúdo de Ca e, ou, de Mg disponíveis. Assim, a aplicação de um calcário que 
contenha Mg terá, aliada ao seu efeito neutralizante da acidez, a adição de Mg, o 
que evidentemente não acontece quando se utiliza calcário calcítico, pobre em 
Mg. 
A relação Ca:Mg do corretivo, às vezes, é mais importante do que a 
quantidade de corretivo a ser aplicada ao solo. A relação ideal sofre alteração de 
acordo com o solo e com as culturas (ver observações do Quadro 8.1), sendo 
algumas espécies mais exigentes em relações estreitas e outras tolerando 
corretivos com relações Ca:Mg mais amplas. Uma relação comumente 
recomendada é a de 3:1 ou 4:1 mols de Ca:Mg. Não se deve descartar o uso de 
calcário extremamente calcítico; pode-se usá-lo como corretivo e complementar a 
adubação com fertilizantes que contenham magnésio, como sulfato de magnésio 
ou carbonato ou mesmo o óxido de magnésio. Freqüentemente, o calcário rico 
em magnésio chega ao agricultor mais caro do que o calcário calcítico. 
Pelos teores de Mg, os calcários podem ser classificados em: 
a) Calcíticos – menos de 5 dag/kg de MgO 
b) Magnesianos – entre 5 e 12 dag/kg de MgO 
c) Dolomíticos – mais de 12 dag/kgde MgO 
Pelo PRNT os calcários podem ser classificados em grupos: 
a) Grupo A – PRNT entre 45 e 60 % 
b) Grupo B – PRNT entre 60,1 e 75 % 
c) Grupo C – PRNT entre 75,1 e 90 % 
d) Grupo D – PRNT superior a 90 % 
Cabe ao técnico avaliar as várias alternativas de qualidade e de preço 
oferecidas no mercado para decidir qual a solução mais adequada técnica e 
economicamente. A decisão final deverá considerar o preço por tonelada efetiva 
do corretivo. 
Época e Modo de Aplicação do Calcário 
 Por ser material de baixa solubilidade, de reação lenta, o calcário deve ser 
aplicado dois a três meses antes do plantio para que as reações esperadas se 
processem. O calcário é uniformemente distribuído sobre a superfície do solo, 
manualmente ou por meio de máquinas próprias e é, então, incorporado com arado e 
grade. Esse período, entre calagem e plantio, considera presença de umidade no solo, 
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para que existam as reações do solo com o calcário, caso contrário é preferível realizar 
calagem e plantio numa sequência única de operações. 
 A análise do solo alguns anos depois da calagem poderá indicar sobre a 
necessidade ou não de nova aplicação. 
 
Supercalagem 
 A quantidade de calcário a aplicar deve ser definida pela análise de solo para 
evitar uma aplicação de quantidade superior a necessária. A calagem em excesso é 
tão prejudicial quanto a acidez elevada, com o agravante que aquela é de muito mais 
difícil correção. Com a supercalagem há a precipitação de diversos nutrientes do solo, 
como o fósforo, zinco, ferro, cobre, manganês, além de maior prédisposição à danos 
físicos. 
A supercalagem acontece, por exemplo, quando a dose de calcário (NC) é 
aplicada e incorporada na camada de 0 a 10 cm de profundidade. Neste caso, 
existe a duplicação da quantidade de calcário necessária. Também há 
supercalagem quando se aplicam 500 g de calcário na cova de 40 x 40 x 40 cm 
(64 dm3), em solo onde a NC é 5 t/ha, caso em que se adiciona 3,125 vezes a 
dose indicada pela NC, que seria de 160 g/cova. 
 
Uso do Gesso Agrícola 
 O gesso agrícola deve ser encarado como importante insumo para a agricultura, 
mas devido a suas características, tem seu emprego limitado a situações particulares 
bem definidas, uma vez que o uso indiscriminado e sem critérios pode acarretar 
problemas em vez de benefícios para o agricultor. 
 De uns anos para cá algumas indústrias de fertilizantes vem estimulando o uso 
de gesso agrícola. Apesar de vários estudos mostrarem o potencial da utilização do 
gesso na agricultura, existe junto a extencionistas e agricultores muitas dúvidas no que 
se refere a como, quando e quanto utilizar deste insumo. 
 Inicialmente é importante distinguir o mineral gesso (CaSO4.2H2O) e suas 
formas menos hidratadas (CaSO4.1/2H2O e CaSO4) que podem ser encontrados em 
depósitos sedimentares em diferentes regiões do mundo como EUA, Canadá, França 
e Inglaterra, daquele oriundo de processos industriais, o qual tem recebido o nome de 
gesso agrícola. 
 Gesso agrícola é basicamente o sulfato de cálcio dihidratado (CaSO4.2H2O), 
obtido como subproduto industrial. Para a produção de ácido fosfórico as indústrias de 
fertilizantes utilizam como matéria prima a rocha fosfática, (apatita, especialmente a 
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fluorapatita) que ao ser atacada por ácido sulfúrico + água, produz, como sub-produto 
da reação o sulfato de cálcio e ácido fluorídrico, conforme a reação a baixo: 
Ca10(PO4)6F2(s) + 10H2SO4 + 20H2O →→→→ 10CaSO4.2H2O(s) + 6H3PO4 + 2HF 
 O gesso agrícola é um sal pouco solúvel em soluções aquosas (2,5 g/L), mas 
que pode atuar significativamente sobre a força iônica da solução do solo, de maneira 
que haja contínua liberação do sal para a solução por longos períodos de tempo. Essa 
característica, aliada aos teores de Ca (17 a 20 dag/kg), de S (14 a 17 dag/kg), de 
P2O5 (0,6 a 0,75 dag/kg), de F- (0,6 a 0,7 dag/kg), de Mg (0,12 dag/kg), à presença de 
micronutrientes (B, Cu, Fe, Mn, Zn, Mo) e de outros elementos (Co, Ni, Na, Al, As, Ti, 
Sb, Cd), permite que o gesso agrícola seja utilizado para diferentes finalidades na 
agricultura, entre as quais destacam-se: 
 a) Fonte de Ca e de S; 
 b) Correção de camadas subsuperficiais contendo alto teor de Al3+ e, ou, baixo 
teor de Ca2+, ou seja, para melhorar o ambiente radicular de plantas; 
 c) Evitar a formação de camadas adensadas em solos muito intemperizados; 
 d) Correção de solos sódicos. 
 
A recomendação do uso de gesso agrícola com esta última finalidade pode 
implicar a utilização de doses elevadas, devendo ser feita com base no 
conhecimento das características físicas e químicas dos solos, não apenas da 
camada arável, mas também das camadas subsuperficiais. 
Para decidir sobre a recomendação de aplicação de gesso agrícola, deve-se 
observar que as camadas subsuperficiais do solo (20 a 40 cm ou 30 a 60 cm) 
apresentem as seguintes características: ≤ 0,4 cmolc/dm3 de Ca
2+
 e, ou, 
> 0,5 cmolc/dm3 de Al
3+
 e, ou, > 30 % de saturação por Al
3+
.

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