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Padrão resPiratório e força muscular resPiratória em Pacientes com neoPlasias encefálicas 143 Verificação do padrão respiratório e força muscular respiratória em pacientes pediátricos com neoplasias encefálicas Verification of the breathing pattern and breathing muscle strength in pediatric patients with brain neoplasms Verificación de norma respiratória y tensión muscular respiratória em pacientes pediátricos com neoplasias encefálicas Elaine Aurelina Oliveira1, Fernanda Eugênia Fernandes2, Jamili Anbar Torquato3 1 Especialização em Fisioterapia Cardiorrespiratória e Hospitalar pela Universidade Cruzeiro do Sul – UNIC- SUL. Aprimoramento em Fisioterapia Geral – Bolsa FUNDAP pelo Hospital Santa Marcelina. 2 Especialista em Fisioterapia Intensiva. Mestre em Engenharia Biomédica pela Universidade de Mogi das Cruzes. 3 Doutorado em Ciências pela Faculdade de Medicina de São Paulo – FMUSP, Especialista em Fisioterapia Respiratória pela UNICID. Coordenadora do Curso de Pós-graduação em Fisioterapia Cardiorrespiratória e Hospitalar na UNICSUL. Docente do curso de Fisioterapia da UNICSUL. Fisioterapeuta do ICHC-FMUSP. n Artigo origiNAL Resumo Objetivo: Verificar o padrão respiratório e força muscular respiratória (pressões inspiratória e expi- ratória máximas) por meio do índice diafragmático e manovacuometria em pacientes pediátricos com neoplasias encefálicas. Método: Estudo transversal descritivo analítico pela avaliação de 10 crianças no Ambulatório de Oncopediatria de um Hospital Filantrópico do Estado de São Paulo, de acordo com os critérios de inclusão, utilizando o índice diafragmático para avaliação do padrão respiratório e o manovacuômetro para mensuração das pressões inspiratória e expiratória máximas no período de dezembro de 2007 a abril de 2008. Após a avaliação das crianças, os dados foram tabulados para classi- ficação e análise da força muscular respiratória e padrão respiratório. Resultados: Os dados coletados foram submetidos à análise estatística pelo teste de correlação de Pearson, teste t de Student e análise em porcentagem pelo Excel. Em relação ao padrão respiratório, todos os pacientes apresentaram padrão apical. Na avaliação das pressões inspira- tória e expiratória máximas houve apenas diferença estatisticamente significante em relação aos valores ideais para a idade (p < 0,00) e em relação à pressão inspiratória máxima ideal – curva de normalidade e sexo (p < 0,01). Houve correlação linear negativa para pressão inspiratória ideal e idade (r = - 0,99) e correlação linear positiva para pressão expiratória máxima e idade (r = 0,99). Conclusão: Os pacientes estudados apresentam déficit de força muscular respiratória no que se refere aos valores conside- rados normais para a idade de pressões inspiratória e expiratória máximas, além de apresentarem alte- rações no padrão respiratório caracterizado por padrão apical. Descritores: Músculos respiratórios. Mecânica respiratória. Neoplasias encefálicas. Pediatria (são Paulo) 2009;31(3):143-51 144 Abstract Objective: To verify the breathing pattern and breathing muscular force (pressures inspiratory and maximum expiratory) through the diaphragm index and manometry in pediatric patient with brain neoplasms. Methods: Transversal descriptive study through the 10 children’s evaluation in the Oncope- diatric Clinic of Philanthropic Hospital at São Paulo in agreement with the inclusion criterion using the diaphragm index for evaluation of breathing pattern and the manometry for measure inspiratory pressures and maximum expiratory on December 2007 to April 2008. After the children’s evaluation, the data were tabulated for classification and analysis of the brea- thing muscular force and breathing pattern. Results: The collected data were submitted to the statistical analysis by the test of correlation of Pearson, test t Student and analysis in percentage by Excel. In rela- tion to the breathing pattern, all the patients presented apical pattern. In the evaluation of the pressures inspi- ratory and maximum expiratory there was just diffe- rentiates significant statistically in relation to the ideal values for the age (p = 0.00) and in relation to pressure ideal maximum inspiratory - it curves of normality and the sex (p = 0.01) there was negative lineal corre- lation for pressure ideal inspiratory and age (r = - 0.99) and positive lineal correlation for pressure maximum expiratory and age (r = 0.99). Conclusion: The studied patients present deficit of breathing muscular force in what refers to the values considered normal for the age of pressures inspiratory and maximum expira- tory, besides they present alterations in the breathing pattern characterized by apical pattern. Keywords: Breathing muscle. Breathing mechanical. Brain neoplasms. Resumen Objetivo: Verificación del norma respiratorio y tensión muscular respiratoria por médio del Índice Diafragmático y manovacuometria em pacientes pedi- atricos com neoplasias encefálicas. Métodos: Estudio transversal descritivo analítico pela avaliación de 10 niños no Ambulatoria de Oncopediatria por un Hospital Filantrópico del Estado de São Paulo según los criterios de inclusion por usando el Índice Diafrag- mático para la avaliación del norma respiratorio y el manovacuometro para medición del presión inspira- toria e expiratoria maximum en el ciclo de diciembre de 2007 a abril de 2008. Depués de el un avaliación de los niños los dados fueron cuantificados para catego- rization y análisis de la tensión muscular respiratoria e norma respiratorio. Resultados: Los dados coletados fueron submetidos la análisis estatística por el teste de la correlación del Pearson, teste t Student y análisis en percentagem pelo Excel. En relación al norma respira- torio todos los pacientes apresientón padrón apical. En la avaliación e las presión inspiratoria e expiratoria maximum houve apenas diferencia significativa en relación los valores ideais para a edad (p < 0,00) y en relación a presión inspiratoria maximum ideal – curva de normalidade y sexo (p < 0,01). Houve correlación linear negativa para presión inspiratoria ideal y edad (r = - 0,99) e correlación linear positiva para presión expiratoria maximum y edad (r = 0,99). Conclusión: Los pacientes estudiados apresientas déficit de tensión muscular respiratoria al que se refere los valores consi- derados normales para el edad de presión inspiratoria e expiratoria maximum, além de apresientas alteración no norma respiratorio caracterizado por padrón apical. Palabras-clave: Músculos respiratorios. Mecânica respiratoria. Neoplasias encefálicas. Introdução No Brasil, atualmente, o câncer infantil é a terceira causa de morte por doença entre 1 e 14 anos e, no município e Estado de São Paulo, é a primeira causa de óbito entre 5 e 14 anos de idade, excluindo-se as causas externas. As neoplasias encefálicas (tumores de Sistema Nervoso Central – SNC) representam a segunda neoplasia mais frequente na infância, correspondendo a 17%-25% das neoplasias pediátricas. A função respiratória nos pacientes pediátricos com tumor de sistema nervoso central tem sido pouco estudada quanto às possíveis alterações na força muscular respiratória e no padrão respiratório, por isso a necessidade da realização do presente estudo1. Nos últimos 20 anos, a sobrevida das crianças com câncer teve uma mudança radical, graças às novas técnicas cirúrgicas e radioterápicas, combi- nação de drogas imunoterápicas, quimioterápicas e diagnóstico precoce2. Os tumores de SNC apresentam prognóstico mais sombrio, quando comparados aos demais tumores próprios dessa faixa etária e constituem um desafio para os estudiosos das áreas da onco- logia pediátrica, existindo um ponto crítico, que seriam as sequelas tardias, especialmente graves para esses grupos, sendo decorrentes da própria Padrão resPiratório e força muscular resPiratória em Pacientes com neoPlasias encefálicas145localização do tumor e/ou advindas ao tratamento realizado, incluindo desde dificuldades de aprendi- zado, alterações motoras leves a graves, demência e complicações respiratórias, como pneumotórax, broncoaspirações, pneumonias e atelectasias3,4. Os tumores de SNC são classificados de acordo com as características histopatológicas e loca- lização no cérebro. Os tumores primários mais frequentes do cérebro têm origem na glia, compre- endendo os astrocitomas, oligodendrogliomas e os ependimomas. Aproximadamente 50% dos tumores cerebrais na infância são infratentoriais, sendo que, destes, ¾ estão localizados no cérebro e IV ventrículo. Os tumores infratentoriais mais comuns são astrocitoma, meduloblastoma, epen- dimoma e glioma de tronco cerebral. Os tumores supratentorias incluem astrocitomas de baixo grau, astrocitoma de alto grau, craniofaringioma, menin- gioma, tumor de células germinativas5. Os sinais e sintomas estão relacionados ao índice de crescimento tumoral e à localização e geralmente são resultantes da pressão intracra- niana aumentada e das deficiências neurológicas focais, incluindo cefaléia, náuseas, vômitos, piora da visão, diplopia, deficiência dos pares cranianos, circunferência craniana aumentada, convulsões, sonolência, irritabilidade, distúrbios da marcha, ataxia e papiledema no exame de fundo de olho. Essa semiologia é decorrente do crescimento do tumor em direção ao 4º ventrículo, levando, assim, à obstrução do fluxo liquórico. Pela compressão do tronco cerebral, sintomas respiratórios também podem estar presentes, levando a diversas compli- cações e, consequentemente, pior prognóstico6. A avaliação dos valores da pressão inspira- tória máxima e pressão expiratória máxima (PImáx e PEmáx) tem função no diagnóstico e prognós- tico de desordens neuromusculares e pulmonares, permitindo o diagnóstico de insuficiência respira- tória por falência muscular, diagnóstico precoce da fraqueza dos músculos respiratórios, auxiliando na avaliação da mecânica respiratória7, 8. A PImáx reflete a força muscular inspiratória, avaliando, assim, os músculos que participam da inspiração, não podendo ser isolado o diafragma, embora 70% do esforço realizado na inspiração seja equivalente ao trabalho desse músculo. A PEmáx reflete a força muscular expiratória, avaliando, assim, a musculatura abdominal9. O índice diafragmático (ID) é capaz de refletir o movimento toracoabdominal, e é determinado pelas mudanças nas dimensões ântero-posterior da caixa torácica e do abdome durante a fase inspi- ratória e expiratória, sendo a respiração realizada profundamente, dessa forma caracterizando o padrão respiratório10. Considerando as complicações mais frequentes encontradas nesses pacientes (broncoaspirações, atelectasias e pneumonias), levanta-se a possibi- lidade de os pacientes pediátricos com neoplasias encefálicas apresentarem alterações do padrão e das pressões respiratórias, tanto por alterações rela- cionadas diretamente com o controle do sistema nervoso central sobre o sistema respiratório quanto às alterações da própria musculatura respiratória. Assim, o presente estudo tem como objetivo veri- ficar o padrão respiratório e a força muscular respi- ratória (PImáx e PEmáx) obtidas por meio do índice diafragmático e manovacuometria em pacientes pediátricos com neoplasias encefálicas11. Método Estudo transversal descritivo realizado com 10 pacientes pediátricos submetidos a tratamento no Ambulatório de Oncopediatria de um Hospital Filantrópico do Estado de São Paulo – SP – Zona Leste, de acordo com os critérios de inclusão, no período de dezembro de 2007 a abril de 2008. Os critérios de inclusão estabelecidos foram diagnóstico de neoplasias encefálicas independen- temente de sua forma histopatológica; faixa etária de 7 a 16 anos; tempo de descoberta do tumor inferior a 5 anos e Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) assinado e datado pelos pais ou responsáveis legais. Os critérios de exclusão incluíram faixa etária inferior a 7 anos; comorbi- dades (deficiência mental, distúrbios metabólicos, alterações cromossômicas), pacientes traqueosto- mizados e não preenchimento do TCLE. Antes das crianças serem incluídas no presente estudo, seus pais ou responsáveis foram informados sobre os procedimentos e os objetivos do estudo, sendo solicitado aos mesmos assinarem um TCLE, autorizando o seu filho a participar do eventual estudo, com fins acadêmicos de aprofundamento científico, o qual não trará danos morais e de saúde à criança. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Cruzeiro do Sul, no dia 10 de dezembro de 2007. No primeiro momento, foi realizada a avaliação dos 10 pacientes pediátricos utilizando o índice diafragmático (ID) para avaliação do padrão respi- Pediatria (são Paulo) 2009;31(3):143-51 146 ratório e o manovacuômetro para mensuração da PImáx e da PEmáx. A avaliação do padrão respiratório, PImáx e PEmáx foi feita somente no primeiro contato com os pacientes. Os valores obtidos das pressões respi- ratórias foram comparados com uma curva de normalidade previamente descrita: PEmáx = 13,68 x idade – 32,97; PImáx = - 7,8 x idade + 14,42 12. Para a realização do ID foi realizado o seguinte procedimento: • Colocar o paciente na posição sentada; • Solicitação de inspiração profunda máxima (Capacidade Pulmonar Total), seguida de expi- ração total (Capacidade Residual Funcional) por duas vezes consecutivas, com pausa nos movi- mentos respiratórios ao final da inspiração e da expiração; • Durante as pausas respiratórias, foi realizada mensuração das variações dimensionais perimé- tricas do tórax (ao nível do quarto espaço inter- costal) e do abdome (ao nível da cicatriz umbilical), utilizando uma fita métrica milimetrada. Para o cálculo do ID foi utilizada a fórmula ID = r AB/ r AB + r TX, na qual rAB significa variação do perímetro abdominal e r TX signi- fica variação do perímetro torácico. Para classifi- cação do padrão respiratório foi considerado ID = 0,5 para padrão simétrico, ID < 0,5 para predo- minância basal e ID < 0,5 para predominância apical10. Para a mensuração das pressões respiratórias foi utilizado o aparelho manovacuômetro da marca “Gerar”, modelo MV 120, com escala variando de zero a 120 cmH2O positivos (para medidas de pressão expiratória máxima, PEmáx) e de zero a 120 cmH2O negativos (para medidas de pressão inspi- ratória máxima, PImáx). O paciente permaneceu na posição sentada, formando um ângulo de 90º entre o tronco e as coxas. O nariz foi ocluído com um clipe nasal, para não ocorrer vazamento de ar pelas narinas, gerando menor pressão respiratória e os pacientes foram orientados a segurar firmemente no conector bocal do aparelho, pressionando-o contra os lábios. Durante a mensuração da PImáx, o paciente foi instruído a expirar o volume corrente e o volume de reserva expiratório, ou seja, expirar até atingir o volume residual, e imediatamente no início da inspiração o orifício do manovacuômetro foi ocluído, a fim de gerar uma pressão negativa intra- torácica, verificando, assim, o valor da PImáx no manômetro. A inspiração durou aproximadamente 3 segundos, sendo realizada com o máximo de força e pelo maior tempo possível. Durante a mensuração da PEmáx, o paciente foi instruído a inspirar até a capacidade pulmonar total. Após isso, o orifício do manovacuômetro foi ocluído imediatamente no início da expiração, a fim de gerar uma pressão intratorácica, verificando, assim, o valor da PEmáx no manômetro. A expiração durou aproximadamente 3 segundos, sendo realizada com o máximo de força e pelo maior tempo possível. Ambos os procedimentos foram realizados três vezes, considerando-se o melhor resultado13. As crianças estavam com roupas confortáveis e foram avaliadas nas dependências do ambulatório da oncopediatria, em local privado, sem interfe- rências externas. A avaliação teve um tempo deduração de aproximadamente 10 minutos para cada paciente. A avaliação foi realizada pela fisiote- rapeuta do curso de pós-graduação em fisioterapia cardiorrespiratória e hospitalar, responsável pela pesquisa em questão. No decorrer da avaliação foi utilizada máquina fotográfica para registro da avaliação, previamente autorizado pelos pais ou responsáveis. Após a avaliação das crianças, os dados cole- tados foram organizados e submetidos à análise estatística pelo teste de correlação de Pearson, considerando valores entre 0 – 0,7 para correlação forte; 0,69 – 0,4 para correlação moderada e 0,39 – 0 para correlação fraca, teste t de Student, consi- derando o nível de significância ≤ 0,05 e análise em porcentagem pelo Excel, verificando, assim, as possíveis alterações na força muscular respiratória e classificando o padrão respiratório das crianças estudadas. Resultados A média de idade dos 10 pacientes avaliados foi de 11,63 ± 2,90 anos, variando de 7 a 15,9 anos, correspondendo a 70% do sexo masculino e 30% do sexo feminino. Os tipos histopatológicos do tumor mais encontrados foram meduloblastoma (40%) e ependimoma (30%). O astrocitoma pilo- cítico, glioma de alto grau e macroadenoma hipo- fisário apresentaram, cada um, 10% dos tumores. Os sinais e sintomas iniciaram-se com 9,27 ± 3,68 anos, sendo que a média de idade no momento do diagnóstico foi de 9,88 ± 3,68 anos, tendo apro- ximadamente 6 meses de duração dos sintomas iniciais até o diagnóstico, variando de 1 a 15 meses. Todos os pacientes realizaram, em média, a exérese Padrão resPiratório e força muscular resPiratória em Pacientes com neoPlasias encefálicas 147do tumor há aproximadamente 2 anos. Apenas 4 pacientes dos 10 avaliados colocaram derivação ventrículo-peritoneal (DVP), tendo média de idade 6,74 ± 3,52 anos. Na avaliação do padrão respiratório, a porcen- tagem foi de 60% para o padrão apical, com média do ID de 0,33 ± 0,05, sendo que 4 pacientes eram do sexo masculino e 2 do sexo feminino. O padrão basal representou 20% dos casos, com média do ID de 0,57 ± 0,04, sendo que os 2 pacientes eram do sexo masculino e o padrão simétrico representou 20%, com ID de 0,5, sendo que 1 paciente era do sexo feminino e outro do sexo masculino. Na avaliação da PImáx, apenas 1 criança apre- sentou força muscular normal (– 120 cmH2O) e 9 crianças apresentaram em média valores abso- lutos de PImáx, (Figura 1), mais positivos aos consi- derados normais para a idade de acordo com a curva de normalidade, confirmando-se pelo teste t de Student que há diferença estatisticamente significante (p < 0,00); sendo assim, considera-se a hipótese afirmativa. É necessário enfatizar que pacientes que apresentam valores de PImáx mais próximo de zero são considerados portadores de fraqueza muscular respiratória, estando presente nos pacientes avaliados. Na avaliação da PEmáx em relação à média dos valores absolutos (Figura 2), verificou-se que os pacientes pediátricos apresentaram valores infe- riores aos considerados normais para a idade de acordo com a curva de normalidade, confirmando- se pelo teste t de Student que há diferença esta- tisticamente significante (p < 0,00); sendo assim, considera-se a hipótese afirmativa. Em relação à média da PImáx mensurada e ideal (curva de normalidade) de acordo com o sexo (Figura 3), observou-se que o sexo masculino apre- sentava valores de PImáx mais positivos (valores mais próximos de zero) que o sexo feminino, apresen- tando pelo teste t de Student diferença estatistica- mente significante para a PImáx ideal pela curva de normalidade (p < 0,01), considerando a hipótese afirmativa e não houve diferença estatisticamente significante (p > 0,09) para a PImáx mensurada, considerando a hipótese nula. Em relação à média da PEmáx mensurada e ideal (curva de normalidade) de acordo com o sexo (Figura 4), observou-se que o sexo masculino apre- sentava valores de PEmáx menores que o sexo femi- nino, porém de acordo com o teste t de Student não houve diferença estatisticamente significante PImáx cm H 2O 0 -20 -40 -60 -80 -100 - 51,66 - 79,26 Pressão Mensurada Pressão Ideal Figura 1 – Média dos valores absolutos da PImáx mensurada e ideal para idade dos 10 pacientes pediátricos com neoplasias encefálicas avaliados no Ambulatório de Oncopediatria de um Hospital Filantrópico do Estado de São Paulo (p < 0,00). PEmáx cm H 2O 140 120 100 80 60 40 20 0 Pressão Mensurada Pressão Ideal 48 126,35 Figura 2 – Média dos valores absolutos da PEmáx mensurada e ideal para idade dos 10 pacientes pediátricos com neoplasias encefálicas avaliados no Ambulatório de Oncopediatria de um Hospital Filantrópico do Estado de São Paulo (p < 0,00). Mensurada* PImáx Ideal** -65 -47,85 -104,14 -72,16 cm H 2O 0 -20 -40 -60 -80 -100 -120 Feminino Masculino Figura 3 – Média dos valores absolutos da PImáx mensurada e ideal em relação ao sexo dos 10 pa- cientes pediátricos com neoplasias encefálicas avaliados no Ambulatório de Oncopediatria de um Hospital Filantrópico do Estado de São Paulo (*p > 0,09; **p < 0,01). Pediatria (são Paulo) 2009;31(3):143-51 148 (PEmáx mensurada: p > 0,51; PEmáx ideal: p > 0,50); sendo assim, considera-se a hipótese nula. Em relação à PImáx ideal de acordo com a curva de normalidade, houve correlação linear negativa (r = - 0,99) com a idade desses pacientes, conforme demonstrado na Figura 5. É necessário enfatizar que, quando a correlação é negativa, significa que a mesma é inversamente proporcional, porém no caso da PImáx, os valores são negativos; dessa forma, quanto mais negativos os valores da PImáx significa melhor força muscular inspi- ratória. Então, de acordo com a Figura 5, observa-se que quanto maior a idade. mais negativo o valor de PImáx, caracterizando força muscular normal. PEmáx Mensurada* Ideal** cm H 2O 160 140 120 100 80 60 40 20 0 Feminino Masculino Figura 4 – Média dos valores absolutos da PEmáx mensurada e ideal em relação ao sexo dos 10 pa- cientes pediátricos com neoplasias encefálicas avaliados no Ambulatório de Oncopediatria de um Hospital Filantrópico do Estado de São Paulo (*p > 0,51; **p > 0,50). Anos PLmáx ideal* PEmáx ideal** cm H 2O Figura 5 – Correlação da PImáx e PEmáx ideal em relação à idade dos 10 pacientes pediátricos com neoplasias encefálicas no Ambulatório de Onco- pediatria de um Hospital Filantrópico do Estado de São Paulo (*r = - 0,99, **r = 0,99). Em relação à PEmáx ideal, de acordo com a curva de normalidade houve correlação linear positiva (r = 0,99) com a idade desses pacientes (Figura 5). Discussão Segundo Costa e Leite14, em ordem decrescente de frequência, os tumores mais comuns na faixa etária pediátrica são o meduloblastoma, o astro- citoma pilocítico e o ependimoma. No presente estudo, a maior frequência foi para meduloblas- toma (40%) seguido do ependimoma (30%). Segundo Epelman15, há predominância dos tumores de SNC ocorrerem no sexo masculino, sendo semelhantes aos resultados do presente estudo com 70% do sexo masculino e 30% do sexo feminino. Esses dados também são análogos ao estudo de Rondinelli et al.6, com 42 pacientes portadores de meduloblastoma, sendo que desses pacientes 30 eram do sexo masculino (57,7%). A média de idade no estudo realizado por Santos et al.16, com amostra de 14 pacientes, foi de 8 anos, variando de 2 a 19 anos. Porém, no presente estudo, a média de idade foi de 11,63 anos, devido a faixa etária superior a 7 anos, variando até 15,9 anos. Segundo Ferreira3, essa faixa etária é válida na oncologia pediátrica, pois os profissionais que trabalham com crianças e adolescentes que apre- sentam câncer pretendem estendê-la para os menores de 21 anos, devido aos tumores do adoles- cente e do adulto jovem entre 18 e 21 anos apre- sentarem características diferentes daquelas obser- vadas entre adultos mais velhos. A média de idade do diagnóstico foi de 9,88anos, estando de acordo com a literatura, pois, segundo Lima et al.17, as neoplasias encefálicas predominam inicialmente na primeira década de vida, com um novo aumento em incidência a partir dos 20 anos, atingindo o segundo pico na sexta década. Segundo Rondinelli et al.6, no seu estudo com 42 pacientes portadores de meduloblastoma no período de 1990 a 2000, com faixa etária de 7 meses a 15,8 anos, a duração média dos sintomas iniciais até o diagnóstico foi de 5,3 meses. No presente estudo, mesmo com a faixa etária de 7 a 15,9 anos, o tempo médio de duração dos sintomas iniciais até o diagnóstico estava próximo a esses dados, apresentando 6 meses de duração dos sintomas com início aos 9,27 anos. Segundo Juca et al.18, os tumores intracra- nianos são responsáveis por 16% das hidrocefalias 55 45 144 118,62 Padrão resPiratório e força muscular resPiratória em Pacientes com neoPlasias encefálicas 149adquiridas, principalmente na primeira década de vida, tendo necessidade de colocação de derivação ventrículo-peritoneal (DVP), sendo que no presente estudo apenas 4 pacientes necessitaram de colocação de DVP, com média de idade de 6,74 anos. Segundo Azeredo13, a respiração normal reali- zada de forma correta em repouso consiste no deslocamento em harmonia do tórax e do abdome para fora durante a inspiração e no deslocamento para dentro durante a expiração, apresentando, assim, contração coordenada e sincronizada dos músculos respiratórios, caracterizando o padrão respiratório simétrico. Quando o diafragma não consegue desempenhar suas funções com eficácia, o SNC recruta a ajuda dos músculos acessórios, modificando, desde então, o padrão respiratório do paciente. No presente estudo, a maior porcentagem do padrão respiratório nos pacientes avaliados em repouso (posição sentada) foi padrão apical (60%). Dessa forma, esses pacientes não apresentam um bom equilíbrio toracoabdominal, influen- ciando, assim, na mecânica respiratória. Segundo Apolinário et al.10, o diafragma é um músculo de maior participação no ato respiratório, assim sua contração correta (respiração diafragmática) favo- rece a perfusão das áreas inferiores devido à ação da gravidade, influenciando em maior ventilação dessas áreas e otimizando a difusão do oxigênio, envolvendo menor gasto energético. Segundo Rondinelli et al.6, essa alteração no padrão respiratório também pode ser justificada pelo acometimento ou compressão do tronco cere- bral, podendo determinar sintomas respiratórios, levando a uma incoordenação da respiração. Com base nesses dados e, segundo Azeredo13, a intervenção da fisioterapia respiratória é justificada nesses pacientes por meio de exercícios respira- tórios para melhor funcionamento diafragmático, tendo por objetivo estabelecer ou restabelecer um padrão respiratório funcional, no intuito de reduzir os gastos energéticos durante a respiração, capa- citando a criança a suas atividades de vida diária, sem promover grandes transtornos e repercussões negativas em seu organismo. Segundo Tomalak et al.12, as crianças apre- sentam pressões respiratórias menores que os adolescentes e adultos. Dessa forma, os valores mensurados foram comparados aos valores da curva de normalidade. Bethlem19 ressalta que o déficit de contração dos músculos respiratórios leva a um defeito restritivo com uma capacidade vital (CV) pequena, em função da redução da capacidade pulmonar total (CPT), e a um aumento do volume residual (VR). Com a fraqueza dos músculos inspiratórios e, consequentemente, redução da complacência pulmonar e torácica, ocorre diminuição da CPT. Em função do fechamento das vias aéreas basais a pequenos volumes pulmonares, levando a colapso das unidades pulmonares distais, ocorre dimi- nuição da complacência pulmonar. Essa tendência é exacerbada por uma incapacidade de respirar profundamente e por uma tosse ineficaz, levando à retenção de secreções e áreas de colapso pulmonar. No presente estudo, os pacientes pediátricos apresentaram valores de PImáx mais próximos de zero em relação aos valores considerados normais pela curva de normalidade (exceto 1 paciente que apresentava PImáx normal), tendo diferença estatis- ticamente significante (p < 0,00), determinando fraqueza muscular inspiratória. A PEmáx também estava diminuída nesses pacientes, apresentando diferença estatisticamente significante (p < 0,00), determinando fraqueza muscular expiratória. Sabendo-se da relação existente entre a PEmáx, músculos abdominais e produção da tosse, ressalta- se que uma fraqueza observada por valores de PEmáx inferiores aos considerados normais, apre- sentada pelos pacientes avaliados, indica fraqueza de músculos abdominais e, consequentemente, uma tosse ineficaz. Segundo Azeredo20, a impos- sibilidade de tossir possibilita o aparecimento de broncoplegia e/ou retenção de secreção, levando ao aparecimento de pneumonias secundárias, sendo que alterações de força muscular abdominal geral- mente reduzem também a PImáx, estando de acordo com o presente estudo. Os baixos valores de PEmáx e PImáx observados nos pacientes avaliados indicam que eles são fortes candidatos a terem diminuição dos volumes e capacidade pulmonares, com consequente dimi- nuição da complacência pulmonar e colapso das unidades pulmonares distais. Segundo Harik-Khan et al.21, as pressões respi- ratórias máximas podem ser alteradas por diversos fatores, entre eles: tempo prolongado em ventilação mecânica invasiva, levando ao enfraquecimento do diafragma e dos músculos intercostais, apresen- tando PImáx de –25 a –30 cmH2O, ocasionando perda parcial da capacidade de expansão torácica modificando o padrão respiratório, tornando-se mais profundo para compensar a diminuição da expansão torácica. Dessa forma, esses pacientes Pediatria (são Paulo) 2009;31(3):143-51 150 com insuficiência da musculatura respiratória apresentam hipercapnia e incapacidade de tossir ou proteger a via aérea, levando a pneumonias e broncoaspirações de repetição. Por isso, justifica-se a necessidade de intervenção fisioterapêutica para esses pacientes, tanto a nível hospitalar quanto ambulatorial, pois os pacientes pediátricos, mesmo após aproximadamente 2 anos de exérese de tumor, apresentaram alterações na força muscular respiratória. Observamos que não houve diferença estatis- ticamente significativa entre a PImáx mensurada e o sexo (p > 0,09). Porém, houve diferença estatis- ticamente significativa entre a PImáx ideal (curva de normalidade) e o sexo (p < 0,01), comprovando que o sexo masculino apresenta valores de PImáx ideal (curva de normalidade) mais próximo de zero, ou seja, déficit de força muscular inspiratória maior que o sexo feminino. Em relação à PEmáx mensurada e ao sexo, não houve diferença estatis- ticamente significativa (p > 0,51), o que também ocorreu com a PEmáx ideal (curva de normalidade) e o sexo (p > 0,50). Porém, observando os valores absolutos de PEmáx, o sexo masculino apresen- tava PEmáx menor que o sexo feminino. Isto pode ser justificado pelo maior número de pacientes do sexo masculino (7 pacientes) em relação ao feminino (3 pacientes). Dessa forma, em futuros estudos, seria interessante uma amostra homo- gênea para ambos os sexos. No estudo de Harik-khan et al.21, verificou-se que há diferença entre os sexos nos valores das pressões respiratórias máximas, sendo que a força muscular respiratória é cerca de 30% maior nos homens quando comparados às mulheres. Esses dados não correlacionam-se com o presente estudo, pois o sexo masculino apresentava valores menores de pressões respiratórias quando compa- rado ao sexo feminino. Porém, deve levar em consideração que a população é pediátrica. Observamos que houve correlação linear nega- tiva entre a PImáx ideal (curva de normalidade) e a idade (r = - 0,99) e correlação linear positiva entre PEmáx ideal (curva de normalidade) e a idade (r = 0,99), estando de acordocom os estudos de Hautmann et al.22, que verificaram correlação entre PImáx, PEmáx e idade. Para a realização deste trabalho, encontramos algumas dificuldades, tais como, a falta de estudos para referência no que se refere a temas ou meto- dologias análogos sobre padrão respiratório e força muscular respiratória nos pacientes pediátricos com neoplasias encefálicas. Além disso, houve dificuldades para o recrutamento dos pacientes, o que limitou a amostra do estudo. Conclusão Os pacientes pediátricos com neoplasias encefálicas apresentam déficit de força muscular respiratória no que se refere aos valores conside- rados normais para a idade de PImáx e PEmáx, além de apresentarem alterações no padrão respira- tório, caracterizado por padrão apical. Embora o presente estudo não tenha verificado a atuação da fisioterapia nesses pacientes, sugere-se que esses sejam incluídos em um programa de reabilitação, que tenha fisioterapia respiratória específica, pois a abordagem fisioterapêutica é um instrumento fundamental na reabilitação da força muscular respiratória e padrão respiratório, minimizando suas limitações e diminuindo o gasto energético para as atividades. No entanto, há necessidade de novos estudos com casuísticas maiores e amostras probabilís- ticas para se avaliar as alterações respiratórias no quesito padrão respiratório e força muscular respi- ratória em uma população maior de pacientes com neoplasias encefálicas. Referências 1. Rodrigues KE, Camargo B. Diagnóstico precoce do câncer infantil: responsabilidade de todos. Rev Assoc Med Bras. 2003;49(1):29-34. 2. Inoue SM, Delegido RM, José EL, Silva, LV, Nassri CGG, Scatena MJ, et al. Tumores na infância. Estudo retrospec- tivo de 23 anos. 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