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38 - Metodos de Estudos Biblicos

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INSTITUTO TEOLÓGICO GAMALIEL 
CURSO BACHAREL EM TEOLOGIA 
Matéria: MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
 
 
Poucas observações bastariam para ressaltar nosso dever como estudantes de 
teologia do estudo diário das Escrituras. Note que é um dever e não uma opção, 
considerando que este era o proceder de Nosso Mestre, da Antiga Comunidade e dos 
próprios escritores bíblicos. O que conhecemos da Revelação de Deus está na forma 
de um Livro que necessita ser estudado para poder obter dele uma plena, absoluta e 
segura compreensão dessa revelação. Este estudo pressupõe, ou parte do 
pressuposto que o futuro pastor (ou líder de Comunidade Evangélica) é e será um 
estudioso das Escrituras, por essa razão este estudo dará uma orientação 
metodológica para que esse estudo seja eficaz. 
 
 
Todos os que se aproximam das Escrituras, utilizam�se de um método de estudo 
 
da mesma, consciente ou inconscientemente. Não há problema em ter um método 
 
de estudo das Escrituras, desde que esse método seja válido e nos conduza a 
resultados verdadeiros. É necessário verificar se o método que utilizamos para 
estudar as Escrituras é bom. Mesmo aqueles grupos que afirmam não estudar a 
Bíblia, têm seu modo especial de basear nela os seus pensamentos. Outros, mas 
conscientes da necessidade de estudo, utilizam�se de Comentários, Dicionários 
Bíblicos, livros de estudo dirigido e outras obras, para obter compreensão do texto 
bíblico. Ouvir palestras, aulas, “garimpar” estudos na Internet, comprar muitos livros 
e assistir a pregações é para a maior parte das pessoas o único método de estudar as 
Escrituras que conhecem. Uma pergunta aqui é oportuna: Por que devo estudar as 
Escrituras com um método específico? Uma infinidade de pessoas já não fez estudos 
que estão em bons livros, enciclopédias e dicionários bíblicos? Qual é a razão de 
tentar estudar de novo? Como resposta apresentamos quatro boas razões: 
Razão 1� Não podemos absorver a “teologia” dos que nos rodeiam. Uma leitura 
atenta nas Escrituras comprova que esta sempre foi a causa principal do desvio da fé 
do povo de Israel, ele absorveu os conceitos e costumes dos povos vizinhos, apesar 
 
das claras advertências que lhe foram dadas. “Modismos” criam teologias e 
tendências doutrinárias que, por se tornarem populares, agradam a multidões de 
pessoas despreocupadas com o estudo sério e a comprovação acurada da verdade. O 
que chamamos de “modas” teológicas não é necessariamente sinônimo de sucesso 
espiritual correto, pois, esse sucesso na maioria das vezes está fundamentado numa 
mentira. 
 
 
 
 
 
 
 
Usando um método correto 
 
 
Primeira razão para o estudo das 
 
Escrituras: Não podemos absorver a 
 
“teologia” dos que nos rodeiam. 
 
 
 
Vejamos como exemplo: as multidões seguiram aqueles homens que se 
 
revelaram contra Moisés no deserto, o bezerro de ouro teve sucesso como atrativo 
visível para uma nova fé, nesse momento o povo de Deus criou uma nova “teologia”. 
Era a moda do momento cantar e dançar em volta do novo ídolo que brilhava sob os 
 
raios do sol matinal. Era contagiante a alegria desse povo, eles pareciam tão felizes! 
Josué pensou até que eram gritos de batalha. Porém, não havia nada de verdade, era 
a alegria e o entusiasmo momentâneo de uma falsidade religiosa nova e atraente, 
 
uma falsidade cheia de dança e euforia. Condenável condição do povo! Triste desvio 
 
da fé! Tudo era vão e ilusório (Leia atentamente: Êxodo 32:4�7 e versos 17�19). Na 
 
sua misericórdia, porém, O Eterno corrigiu o povo, com severidade, é certo, mas 
deveriam aprender uma dura lição, uma amarga experiência que ficaria marcada para 
gerações futuras. Examinemos a fé à luz da razão e da revelação que foi dada. 
Examinemos pelas próprias Escrituras toda nova tendência, todo modismo e teologia 
nova. Sejamos, especialmente como futuros líderes, de uma fé madura suficiente 
para poder discernir o certo do errado. Com certeza o Pai Celestial se agrada de 
 
“verdadeiros adoradores”. João 4:23. 
 
 
Razão 2 � Para termos um método correto de estudo das Escrituras: Evitar a má 
 
exegese encontrada na literatura “cristã” sobre a Bíblia. Se um teólogo preparar 
 
seus comentários sobre as Escrituras Sagradas fundamentado na consulta de alguns 
comentários bíblicos suspeitos de heresias como, por exemplo: de Testemunhas de 
Jeová, Ciência Cristã, Reverendo Moon, etc, ou até comentários e dicionários bíblicos 
editados pelo cristianismo, porém de autores cuja opinião não se ajusta com a Bíblia, 
vai acabar ensinando mentiras em nome da fé. O teólogo deve aprender que o único 
critério de verdade das Escrituras Sagradas é a própria Escritura Sagrada. O ponto 
fundamental é que não podemos ensinar opinião humana incorreta, porém, ao 
mesmo tempo devemos ser honestos em reconhecer que entre toda a palha há 
comentários que se ajustam com a verdade, a esses comentários corretos, dentro do 
padrão da verdade, daremos o maior valor. Aqui convêm citar o critério bíblico: 
“examinai tudo e reter o bem” (I Tessalonicenses 5:21). Devemos aprender a ter uma 
perfeita noção de discernimento para distinguir o trigo da palha, o ouro da escória. 
Esperamos que neste curso o futuro teólogo aprenda a ter esse discernimento. 
Entendemos em primeiro lugar que Deus deseja ser buscado para ser conhecido, 
portanto, se Deus ama suas criaturas, cuida delas e anela traze�las de volta à Sua 
comunhão, então, com certeza a revelação é possível e necessária. Necessária 
porque as opiniões humanas são pessoais, e, portanto, não são guias seguras e nem 
suficientes nas questões como a vida, a fé e o destino eterno. As opiniões humanas 
são variadas e sempre contraditórias. 
 
 
Isto nos leva a compreender a necessidade de Deus se revelar mediante Sua 
Palavra, de maneira escrita, clara, objetiva, simples e compreensível. Se o Eterno 
falasse com cada homem em segredo, o homem poderia dizer em público o que 
achasse ser mais de acordo com seu próprio proveito, enquanto outro homem diria 
justamente o contrário do primeiro, resultando daí a confusão. 
 
 
 
 
Usando um método correto 
 
 
Segunda razão para o estudo das 
 
Escrituras: Evitar a má exegese encontrada 
na literatura sobre a Bíblia 
 
 
 
 
 
 
Razão 3 – O teólogo não tem um “interprete oficial” da Bíblia. Como por 
 
exemplo: Acreditam os católicos que seja o papa o único a determinar o que é certo 
 
ou errado em questões de doutrina, ou como os Russelitas (Testemunhas de Jeová) 
 
que afirmam que o único interprete correto da Bíblia é o chamado “corpo 
governante”. O teólogo deverá aprender a estudar de forma correta para determinar 
com exatidão o que a Escritura está dizendo. Se não fizermos isto, estaremos de 
alguma forma endossando uma espécie de “credo oral” que substitui as Escrituras 
como critério de verdade. Deve perceber que inúmeras vezes o “credo oral” passou a 
ser “credo escrito” (Exemplo: credo de Nicéia). E se estabeleceu definitivamente na 
igreja como doutrina. Não é assim que um verdadeiro teólogo deve agir, se ele é e 
continuará a ser um estudante espiritual da Palavra ele mesmo deverá aprender de 
Deus a encontrar o sentido correto das palavras bíblicas que encontra em seu estudo. 
Deverá ser estabelecido como verdade unicamente o que as Escrituras realmente 
ensinam e nunca uma tradição, por mais anos ou séculos que ela tenha. Há nos 
Evangelhos evidente condenação por manter tradições que não são verdades. 
(Mateus 15:6). 
 
 
Usando um método correto 
 
 
Terceira razão para o estudo das 
 
Escrituras: Determinar com exatidão o que 
 
as Escrituras estão dizendo, pois não temos 
 
um interprete oficial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Razão 4 – Reconhecimento da autoridade das Escrituras com Sagradas. Com toda 
 
certeza Deus deveria dar à humanidade perdidauma revelação por escrito, para 
revelar�se desde o início e dando assim, a conhecer o Plano de Salvação. Deveria ser 
uma Revelação com (1) autoridade suficiente para não ser questionada, e para que a 
mensagem divina pudesse ser (2) preservada para todas as gerações. Deveria ser ao 
mesmo tempo uma Revelação (3) escrita, para evitar que a mensagem seja 
esquecida, alterada ou distorcida. Deveria ser (4) inspirada e (5) conclusiva, para 
impedir que seja substituída por outra de opiniões humanas, variadas e 
contraditórias. Finalmente, deveria a Revelação ser (6) compreensível, objetiva e 
clara, ao alcance de todos, para que todo aquele que deseje alcançar a salvação 
prometida, encontre na simplicidade da Revelação esse Caminho. Em resumo 
acreditamos que Deus nos deu uma revelação com autoridade, por escrito, inspirada 
e compreensível. 
 
 
 
 
 
 
Usando um método correto 
 
 
Quarta razão para o estudo das 
 
Escrituras: Reconhecimento da autoridade 
 
das Escrituras como Sagradas – Necessária, 
 
por escrito, inspirada, conclusiva e 
 
compreensível. 
O Eterno quer que o teólogo se aproxime o máximo possível de sua Vontade. As 
Escrituras é o registro dessa Vontade divina. Logo, é essencial que estudemos a 
Palavra de Deus e procuremos compreendê�la. Um dos conselhos mais repetidos nas 
Escrituras, direta ou indiretamente é justamente para que procuremos entender a 
Revelação. 
 
 
 
 
 
Deus é sábio. Se Ele, na Sua sabedoria deixou Sua Vontade revelada em um livro, 
então temos a certeza de que é possível compreender a vontade de Deus pelo estudo 
das Escrituras. Se não o fizermos ou desistirmos da tarefa, estaremos 
desconsiderando a sabedoria divina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Num curso teológico deve haver necessariamente um método de estudo das 
Escrituras, pois, já analisamos em detalhes as razões e a necessidade de ter um 
método adequado de estudo. O Texto Sagrado deve ser estudado seguindo um 
padrão, uma forma que seja correta e evite os desvios “teológicos”, devemos seguir 
um método que nos aproxime com exatidão da verdade bíblica. Se falarmos em 
método, falaremos em metodologia. Vejamos a definição de conceitos: 
 
 
 
 
 
Método: 1. Procedimento organizado que conduz a certo resultado. 2. Processo 
 
ou técnica de ensino. 3. Modo de agir, de proceder. 4. Regularidade e coerência na 
ação. 
 
Metodologia: Conjunto de métodos, regras e postulados utilizados em 
determinada disciplina e sua aplicação. 
 
(Dicionário Aurélio, Século XXI, Editora Nova Fronteira, 2001). 
 
 
 
 
 
O método para o estudo que prepara um pastor é conhecido como método 
 
histórico�crítico. 
 
 
O que chamamos de histórico�crítico é o método de estudo e pesquisa bíblica 
 
que procura levar em consideração o contexto histórico que envolve o texto, fazendo 
 
uma análise e avaliação profunda, acurada (crítica) de todas as relações desta 
informação com o sentido original do texto. É importante notar a frase: “sentido 
original”, pois uma ênfase quanto ao sentido gramatical e histórico da narrativa 
bíblica é a meta ou alvo deste método. Realiza�se com o texto bíblico a tarefa de um 
pesquisador, o mesmo trabalho de um historiador que avalia um documento antigo 
com o propósito de compreende�lo, pois acreditamos que essa é a única maneira de 
encontrar o significado original do texto. 
 
 
 
 
 
Deve�se, antes de tudo, ao estudar um texto levar em conta a época e a situação 
original em que o texto foi escrito. Considere: A Escrituras Sagradas é a palavra do 
Eterno dada através de pessoas históricas � Ele “falou pelos profetas” (Hebreus 1:1�2), 
portanto, o trabalho de compreender as Escrituras é o trabalho de um historiador, e a 
história é uma ferramenta de trabalho. O próprio texto bíblico, em geral, contém 
elementos históricos suficiente para nós dar uma idéia da situação original. Neste 
ponto dois elementos precisam ser levados em consideração quando tratamos das 
 
Escrituras Sagradas: 
 
 
 
 
 
Elemento 1 – Sua particularidade histórica contrabalançada por sua validade 
eterna. O que isto significa? A particularidade histórica diz respeito ao que estava 
acontecendo na situação original, porém a relevância eterna leva em conta que 
mesmo em uma situação diferente, a mensagem original tem importância para cada 
geração posterior. 
 
 
 
 
 
Elemento 2 – Nosso método é um método crítico porque requer o uso de nossas 
faculdades mentais em raciocínios, julgamentos, estudos, pesquisa, esforços. 
Lembremos que a Eterna Inteligência e Bom Censo de Deus estão refletidos em Sua 
Palavra. É necessário que usemos a inteligência que ele nós deu para compreende�la. 
A palavra: “crítico” tem geralmente um sentido negativo, não queremos usa�la nesse 
sentido. O método é crítico porque pretende avaliar os resultados obtidos e em 
construir um pensamento correto, portanto, é uma crítica construtiva e nunca contra 
as Escrituras. 
 
 
Sendo assim, a tarefa de um teólogo na sua aproximação da Bíblia é dupla; 
 
Primeiro, um teólogo deve descobrir o que o texto significa originalmente, esta tarefa 
 
tem um nome científico, é chamada de exegese. Em segundo lugar, devemos 
aprender a discernir o mesmo significado na multiplicidade de contextos novos ou 
diferentes dos nossos próprios dias, esta é a tarefa da hermenêutica. Em definições 
clássicas você poderá encontrar que a hermenêutica abrange ambas tarefas, mas em 
tratados mais recentes a tendência tem sido separar as duas. 
 
 
 
 
 
Para um estudo correto, na forma e no método de estudo de um teólogo, 
exegese é ler e explicar os textos sagrados em empatia com os escritores bíblicos. O 
teólogo é primeiramente, no estudo exegético, um historiador que analisa os 
documentos. Todavia, o teólogo deve ir além da análise puramente interpessoal, ele 
deve assumir a fé que o escritor possuía para entender seus escritos e sua forma de 
pensar. Exegese no método de um teólogo é um trabalho: científico, crítico, 
histórico, literário e espiritual, sendo que, a ordem destes fatores poderá ser 
primeiramente espiritual, sem deixar de usar o resto das ferramentas. 
 
 
A seguir, devemos acrescentar que a hermenêutica é necessária para a exegese. 
 
Exegese é uma palavra que vem da língua grega, sendo composta da preposição EK 
 
(de) e da forma substantiva do verbo HEGEOMAI (ir, guiar, conduzir) e significa 
“conduzir para fora” o sentido original de um texto. Na exegese nos procuramos 
entrar no texto (EIS), e ficar nele (EM), para então sairmos dele (EK) tirando lições 
para nós. A hermenêutica é a síntese dos resultados da exegese, tornado�a relevante 
para o leitor, ou auditório. 
 
 
 
 
 
O trabalho de estudar as Escrituras Sagradas é um grande projeto, mas também 
 
um grande desafio. Deve ser conduzido com todo cuidado e perseverança. Excelência 
 
e compenetração são o mínimo que se pode almejar no estudo do Livro. 
 
 
 
 
 
O trabalho de um teólogo deve ser caracterizado pela alta qualidade. Na 
exposição e no ensino dos preceitos e conceitos bíblicos, esta alta qualidade só é 
atingida com empenho e dedicação. No prefácio de sua edição Manual do Novo 
Testamento Grego, edição de 1735, J. A. Bengel, escreveu: “aplica�te totalmente ao 
texto: aplica�o totalmente a ti”. 
 
 
 
 
 
A maior parte dos desvios da verdade está na confusão entre a palavra dos 
homens e a Palavra do Deus. (lembre�se da questão da tradição, no estudo T_0031). 
Pelo estudo acurado e cuidadoso da palavra Divina devemos nos assegurar de 
transmitir a mais pura vontade divina, e não apenas nossa opinião sobre ela. A 
Escritura não pode falhar (João 10:35), este é um dos pressupostos de Jesus, devemos 
aprender a pensar e acreditar dessa maneira também. 
 
 
 
 
 
A inescrutabilidade– O que isso significa? (Deuteronômio 29:29) Existem coisas 
 
que nunca saberemos agora, deste lado da eternidade. Diante disso devemos ter 
especial cuidado ao lidar com o que não foi claramente revelado nas Escrituras, não 
estamos autorizados a fazer conjeturas ou construir suposições sobre assuntos 
obscuros, pois muitas coisas foram guardadas sob o conhecimento apenas de Deus. 
(Atos 1:7, é um exemplo disto). 
 
 
O que se requer de um teólogo é um trabalho em três etapas: Estudar 
 
(exaustivamente o texto), compreender (o texto no seu contexto histórico) e explicar 
 
(com exatidão e correção). 
 
 
 
 
 
Vejamos um exemplo: Em Atos 8, podemos notar estes três elementos. A 
Escritura estava sendo lida (pelo etíope – verso 28), mas não estava sendo 
compreendida (versos 30�31). Filipe, quando entrou em contato com o etíope, já 
compreendia o texto (porque tinha estudado em profundidade), e, portanto, explicou 
corretamente a passagem (versos 32�36). O etíope não entendia o texto apesar de 
fazer a pergunta correta: “a quem se refere o profeta?” (verso 34). Faltava�lhe 
informações históricas e textuais; de fato; faltava�lhe uma visão maior do plano de 
Deus, ou seja, do significado das promessas messiânicas no livro de Isaías. 
 
 
 
 
 
O grande perigo que existe em esboçar uma metodologia é levar alguém a pensar 
 
que cada item é independente dos outros. Na verdade todos os itens do método 
proposto são interdependentes e formam um conjunto inseparável. Quatro palavras� 
chaves resumem o método: TEXTO – CONTEXTO – PALAVRAS – IDÉIAS. Estas são as 
ferramentas empregadas na busca de informações fundamentais para a compreensão 
das Escrituras. 
 
 
 
 
 
No próximo estudo iniciaremos as considerações sobre estas quatro palavras� 
 
chaves da metodologia para o estudo das Escrituras. Esta ordem deve ser mantida em 
toda aproximação da Palavra do Eterno. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quem estuda somente os homens, adquire o corpo do conhecimento sem a 
alma; e quem estuda somente os livros, a alma sem o corpo. Quem adiciona 
observação àquilo que vê, e reflexão àquilo que lê, está no caminho certo do 
conhecimento, com a certeza que ao sondar os corações dos outros, não negligencie 
o seu próprio. Caleb Colton. 
 
 
O propósito de ter um método de estudo é a total transformação da pessoa. O 
 
método visa a substituição de velhos e destruidores hábitos de pensamento por 
novos hábitos vivificadores. Em parte alguma este propósito é visto mais claramente 
do que na forma em que um teólogo se aproxima do texto. E texto é a primeira 
palavra�chave que define o método (veja de novo estudos anteriores). É no texto que 
devemos aplicar toda nossa energia mental, pois o primeiro passo no estudo das 
Escrituras, seguindo o método histórico�crítico, é estabelecer o texto. 
 
 
 
 
 
É preciso ler com cuidado a passagem, notando qualquer dificuldade textual, 
palavras desconhecidas e estruturas gramaticais. Também é necessário observar o 
gênero literário (se é epístola, narrativa, poesia, alegoria, parábola, etc.), e se dedicar 
ao estudo do texto. 
 
 
 
 
 
O teólogo é um homem transformado pela Palavra de Deus. Como se processa 
 
isto? Em Romanos 12:2 lemos que a transformação é mediante a renovação da 
mente. A mente é renovada quando colocamos nela as coisas que a transformarão: 
“tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é 
de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o 
vosso pensamento” (Filipenses 4:8). Você notou a virtude que encabeça a lista? 
“Tudo o que é verdadeiro”, isto é significativo, pois indica a prioridade a ser buscada 
no estudo. 
 
 
 
 
 
O estudo é o veículo básico que nos leva a ocupar o pensamento, quando 
estamos concentrados no estudo, o pensamento não está por conta de seus próprios 
inventos. (mente desocupada, oficina do diabo – Já ouviu este velho provérbio?). 
Estudo é um tipo específico de experiência em que, mediante cuidadosa observação 
de estruturas objetivas, levamos os processos do pensamento a moverem�se numa 
determinada direção. As Escrituras Hebraicas instruem no sentido de as leis serem 
escritas nas portas e nos umbrais das casas, e atadas aos punhos, de sorte que 
“estejam por frontal entre os vossos olhos” (Deuteronômio 11:18). A finalidade 
desta instrução era dirigir a mente de forma repetida e regular a certos modos de 
pensamentos referentes a Deus e suas ordenanças e às relações humanas. O que 
estudamos determina que tipos de hábitos devem ser formados. 
 
 
O processo que ocorre no estudo deve distinguir�se da meditação. A meditação é 
 
um processo mais devocional; o estudo é analítico. 
 
 
 
 
 
A meditação saboreará o texto; o estudo deve explicar o texto. Embora a 
meditação e o estudo muitas vezes se superponham e funcionem concorrentemente, 
constituem dois processos diferentes. Acreditamos que o estudo do texto deve vir 
primeiro, pois proporciona ao texto uma determinada estrutura, objetiva, e dentro da 
qual a meditação pode funcionar com êxito, o estudo estará a serviço da meditação, 
precedendo�a. 
 
 
 
 
 
O método histórico�crítico aplicado: O primeiro passo no estudo de um texto é a: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A repetição é uma forma de canalizar a mente de modo regular, numa direção 
específica, firmando assim hábitos de pensamentos. A repetição desfruta, hoje de 
certa má fama. Contudo, é importante reconhecer que a pura repetição, mesmo sem 
entender o que está sendo repetido, em realidade, afeta a mente interior. Hábitos 
arraigados de pensamentos podem ser formados apenas pela repetição, mudando 
assim o comportamento. Esse é o princípio lógico central da psicologia, que treina a 
pessoa para repetir certas afirmações regularmente (por exemplo, para quem tem 
problema de auto�afirmação ou problema de auto�imagem negativa, deve repetir a 
frase, acreditando na verdade nela contida: amo a mim mesmo incondicionalmente). 
Nem mesmo é importante que a pessoa esteja consciente do processo mental que 
 
está desenvolvendo; basta que a afirmação seja repetida. A mente interior é assim 
treinada, e afinal responderá modificando o comportamento para conformar�se à 
afirmação. Naturalmente, este princípio tem sido conhecido durante séculos, mas só 
em anos mais recentes recebeu confirmação científica. É por isso que a programação 
 
de televisão tem tanta importância, os anunciantes sabem disso e fazem da repetição 
 
uma forma de fixar na mente do tele espectador um determinado produto. O mesmo 
processo é aplicado na música, pela repetição constante de uma letra musical, a 
verdade nela contida se fixa também mentalmente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A concentração é o segundo elemento prático no estudo. Se além de conduzir a 
 
mente repetidas vezes ao assunto em questão a pessoa concentrar�se no que está 
sendo estudado, a aprendizagem aumenta sobremaneira. A concentração centraliza a 
mente. Ela prende a tenção em detalhes específicos. A mente humana tem a 
capacidade incrível de concentrar�se. Ela está a todo instante recebendo milhares de 
estímulos, cada um dos quais capaz de armazenar�se em seus bancos de memória 
enquanto se concentra nuns poucos apenas. Esta capacidade natural do cérebro 
aumenta quando, com unidade de propósito, concentramos nossa atenção num 
desejado objeto de estudo. 
 
 
 
 
 
Quando não apenas de maneira repetida canalizamos a mente num determinado 
sentido, concentrando nossa atenção no assunto, mas entendemos o que estamos 
estudando, então atingimos um novo nível. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A compreensão nos leva ao discernimento da verdade contida no texto e provê 
 
uma base sólida na percepção dessa verdade, de maneira que se torna clara para nós 
 
e para ser explicada. O estudo dasEscrituras, como feita por um teólogo, começa 
 
com as Escrituras e com a mente aberta para ela. O Texto é a passagem ou trecho das 
Escrituras que vai ser estudado envolvendo os três itens acima: Repetição, 
concentração e compreensão, na verdade três passos que não podem deixar de ser 
levados em conta na hora do estudo. 
 
 
 
 
 
Voltamos nossa atenção para os estudos anteriores, onde definimos as palavras� 
 
chaves da metodologia de estudo das Escrituras, a primeira palavra�chave é: Texto. 
 
Um resumo do que temos considerado até aqui. 
Abordamos o texto para o estudo seguindo os três passos definidos nesta lição: 
 
repetição, concentração e compreensão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O vocábulo texto deriva do latim texere, que significa tecer, e que 
 
figurativamente quer dizer reunir, construir, compor e expressar o pensamento em 
contínuo discurso ou escrita. O substantivo textus indica então o produto do ato de 
tecer, o tecido, a trama, e, assim, no uso literário, a trama do pensamento de alguém, 
uma composição contínua” J. A. Broadus, O Sermão e o seu Preparo – Casa 
 
Publicadora Batista, 1967, Segunda edição, Rio de Janeiro, pág. 15. 
 
 
 
 
 
Primeiro Passo No Estudo Crítico�Histórico�Literário das Escrituras – Estudo do 
 
Texto 
 
 
 
 
 
 
Considere com atenção esta declaração de Jerônimo a propósito da Vulgata: 
 
 
“De velha obra me obrigais a fazer obra nova... Qual de fato, o sábio e mesmo o 
 
ignorante que, desde que tiver nas mãos um exemplar (novo, ou da Vulgata), depois 
 
de o haver percorrido apenas uma vez, vendo que se acha em desacordo com o que 
 
está habituado a ler, não se ponha imediatamente a clamar que eu sou um sacrílego, 
 
um falsário, porque terei a audácia de ACRESCENTAR, SUBSTITUIR, CORRIGIR alguma 
 
coisa nos antigos livros? Um duplo motivo me consola desta acusação. O primeiro é 
 
que vós, que sois o soberano pontífice, me ordenou que o fizesse, o segundo é que a 
verdade não poderia existir em coisas que divergem...” Enciclopédia Barsa – Serviço 
de Pesquisa, No 1.976 – Carta de S. Jerônimo ao papa Damaso, a propósito da 
 
Vulgata. Extraído de: Introdução à Bíblia (I – Introdução Geral) de Caetano M. Perella, 
 
O. M. e Luigi Vagaggini, O. M. Edição da Editora Vozes. (parêntese e destaque são 
nossos). 
 
 
 
 
 
Todo estudante do Curso de Teologia tem a obrigação de examinar com atenção 
 
a declaração de Jerônimo em que ele reconhece ter feito mudanças, acréscimos e 
 
alterações na Bíblia. Uma outra conceituada obra de consulta, a Enciclopédia Delta� 
Larousse nos informa que por outras obras de Jerônimo sobre as Escrituras e por 
causa, especialmente, de sua tradução para o latim (Vulgata), Jerônimo tornou�se o 
fundador “da exegese católica” Delta�Laroussse, Vol. VI pág 3.131. Surge assim uma 
interpretação muito apropriada aos interesses da Igreja que se configurava através 
de Concílios, pois sabemos que exegese é uma interpretação da Bíblia, que se for 
moldada nos padrões católicos resulta numa teologia católica. 
 
 
 
 
 
O professor presbiteriano B. P. Bittencourt que é Doctoris Philosophian Pela 
Boston University, USA, e com pós�graduação na Rüprecht Kart Univertät, de 
Heidelgerg, Alemanha, no seu excelente livro: O Novo Testamento – Metodologia da 
Pesquisa Textual, Terceira Edição, Revista, Atualizada e Ampliada, Editora JUERP, Rio 
 
de Janeiro, na página 167, escreve: 
 
 
 
 
 
“Sabe�se que a Vulgata é base sumamente fraca para uma tradução da Bíblia. 
Deve�se lembrar que Figueiredo traduziu a Bíblia no século 18, depois de muitas 
tentativas para a publicação de uma edição crítica dos textos originais e da Vulgata, e 
essas tentativas tornaram�se fonte de corrupção textual em vez de melhora. Frederic 
Kenyon, grande crítico inglês, diz sobre a Vulgata, quanto ao Novo Testamento, o 
 
que, sem dúvida, se poderia aplicar também ao Antigo: ‘Tanto quanto interessa a 
 
uma tradução do Novo Testamento, a Vulgata é meramente revisão das velhas 
versões latinas, mais ou menos boa, embora não exata nos Evangelhos, muito 
superficial nos outros livros’” Citando Handbook, pág. 218. 
 
 
 
 
 
Notamos, portanto, que os eruditos reconhecem que a Vulgata não é exata nos 
 
Evangelhos, e muito superficial no resto dos livros, uma base sumamente fraca para 
 
uma tradução. Qualquer que se aventurar a fazer uma tradução da Vulgata para 
outra língua estará cometendo um sem número de erros. Portanto, a Vulgata Latina é 
uma clara demonstração de como a corrupção textual pode se perpetuar. Na página 
 
127, o Dr. Bittencourt afirma o seguinte: 
 
 
 
 
 
“Acaba o estudante de ver, metodicamente apresentado, as múltiplas e variadas 
formas que a corrupção textual tomou nos primeiros séculos da transmissão do texto 
do Novo Testamento”. 
 
 
Diante de uma afirmação tão clara, como podem algumas pessoas ainda afirmar 
 
que a Bíblia não sofreu corrupção textual? 
 
 
 
 
 
Começou a corrupção textual apenas com Jerônimo no quarto século? Não, a 
corrupção textual já tinha começado muito tempo antes dele. Tertuliano (anos 160� 
220) e que, portanto, viveu muito antes de Jerônimo já mencionava o fato de que os 
originais da Bíblia se tinham perdido e o que existia eram copias adulteradas, 
corrompidas da Bíblia. De Tertuliano o professor Dr. Bittencourt escreve: 
 
 
 
 
 
“Embora Tertuliano faça referência a cartas autênticas em sua época, os originais 
 
já se haviam perdido e a corrupção textual já tivera início”. Pág. 118 
 
 
 
 
 
Ainda sobre essa época chamada de “patrística” (relacionada com os ‘pais da 
 
Igreja’) e sobre a corrupção do texto o Dr. Bittencourt acrescenta: 
 
 
“Orígenes... no seu comentário sobre Mateus queixa�se de que as diferenças 
 
entre os escritos dos Evangelhos se haviam tornado grandes, quer através da 
negligência de alguns copistas, quer através da perversidade audaz de outros, que 
alongam ou abreviam o texto”. Pág. 118. 
 
 
 
 
 
Por favor, leia de novo o documento acima, examine cada frase e comprovará 
 
que nos primeiros séculos a Bíblia sofreu grande influência e muita coisa foi mudada, 
 
quer seja intencional ou casual. “Diferença entre os escritos dos Evangelhos”, isso 
 
não lhe diz nada? Não? Não é possível que você não veja o alcance desta frase de um 
erudito. Por essa razão, única razão, como teólogo, ou futuros teólogos, devemos ter 
em alta estima o texto original, na busca do mais autêntico e na restauração do 
sentido original da Palavra. Como verdadeiros e sinceros estudantes da Palavra de 
Deus voltamos nosso olhar e entendimento para o sentido semítico, isso para o 
Antigo Testamento, ou seja, o entendimento hebreu das Escrituras Hebraicas, 
posicionando o texto em estudo, se for do Antigo Testamento, no seu contexto 
histórico, que era o mundo semítico, numa cultura hebraica, da época da Palestina – 
Onde, como exemplo muito comum, o ato de rasgar a roupa e encher a cabeça de cinza 
era uma expressão de luto, dor e tristeza. Com relação ao Novo Testamento, cujas 
obras foram escritas em grego, nosso olhar como estudantes da Bíblia e nossa 
aproximação dela deve ser crítico (no sentido científico que essa palavra tem), 
devemos estar examinando cada frase, cada palavra somente à luz do que é mais 
próximo do original. Lembrando que o escritor da Bíblia quer sejam profetas, quer 
seja apóstolo, com raras exceções eram semitas, eram hebreus, numa época distante 
 
da nossa em que muitas palavras por eles usadas têm um sentido e um significado 
próprio para essa cultura e época. Como Teólogos devemos sempre confessar nossa 
fidelidade às Escrituras nos seus textos originais. 
 
 
 
 
 
A Vulgata Latina, de Jerônimo ganhou valor e prestígio na Igreja de Roma, e foi 
considerada como a rainha das versões, tanto é, que até pouco tempo, no mundo 
inteiro, a missa (liturgia Católica) era ministrada em latim, porém, a Vulgataprevaleceu e prevalece ainda até hoje, mesmo que outras vozes se tenham levantado 
em protesto contra ela, como exemplo: pessoas que levantaram seu grito de protesto 
contra a Vulgata podemos citar um documento extraído da Enciclopédia Delta� 
Larousse, Vol. III, pág 1.116: 
“Ulrico de Hutlen, defensor do humanista Reuchlin, que iniciara as controvérsias 
religiosas chamando a atenção para as traduções defeituosas da Vulgata”. 
 
 
 
 
 
Ora! De novo você encontra uma declaração honesta, e se você é também 
honesto em sua fé, acredite que a Bíblia sofreu por causa de traduções defeituosas. 
Estamos considerando a Vulgata Latina porque foi ela que formou a base da maioria 
das traduções das Bíblias chamadas de Católicas. Nota: Isso será assunto de estudos 
 
mais detalhados na disciplina “História do Texto Bíblico”. Apenas mais um pequeno 
acréscimo sobre a Vulgata Latina. 
 
 
 
 
 
Os Discursos Mudam a Mentira em Verdade 
 
 
 
 
 
Gostaríamos agora que o estudante prestasse especial atenção nesta declaração 
 
de um cônego católico: 
“O católico recebe a Sagrada Escritura como sendo a própria Palavra de Deus, 
recebe a garantia de que todos os livros da Bíblia, com suas diversas partes, tais como 
se apresentam na versão Latina chamada Vulgata, são inspiradas, isto é, têm como 
autor o próprio Deus, e assim sendo não podem conter erro algum”. Artigo do cônego 
Gustave Bardy, com imprimatur da Igreja Católica Apostólica Romana: Divione, dei 
XXa, octobris 1935 – Assinado por G. Jacquin, v. g. para a Enciclopédia Delta�Larousse, 
 
Vol. IV, pág 1.839. 
 
 
 
 
 
Esta é uma afirmação, talvez, arrogante demais. Atribuir à Vulgata inspiração 
divina, é um discurso bem preparado para induzir os católicos a crer que a Bíblia não 
contem erros. Se nos já sabemos que o próprio Jerônimo, tradutor da Vulgata 
confessa que fez acréscimos, mudanças e correções nos Livros tradicionais, então é 
obvio que uma afirmação como a de cima é uma declaração improcedente. 
 
 
 
 
 
Posteriormente, os papas Gregório VII (1073�1085) e Inocêncio III (1198�1216), 
usaram a autoridade da Igreja para conservar unicamente essa versão latina, a 
Vulgata, evitando qualquer outra versão ou tradução feita dos originais. O Concílio de 
Tousousse na França, em 1229, decretou que ninguém poderia usar outra versão da 
Bíblia que não fosse a Vulgata Latina, e para impor esse decreto a Igreja usou a 
Inquisição, que durante 400 anos perseguia e mandava matar qualquer pessoa que 
tivesse uma versão diferente da Vulgata Latina, como exemplo desses fatos podemos 
citar vários, bastam dois exemplos para uma amostra. Francisco Enzinas na Espanha 
 
foi encarcerado pela inquisição católica (1544), por ter traduzido e publicado o Novo 
Testamento em espanhol. Da mesma maneira lembramos de Miguel Servet, 
condenado à fogueira, sendo queimado lentamente pelo “crime” de discordar de 
traduções mal feitas. 
 
 
 
 
 
Com estas considerações não queremos desfazer da Bíblia, mas fazer com que 
 
todo estudante de Teologia compreenda que devemos ter o máximo de cuidado no 
estudo da Bíblia para não cometer os mesmos erros do passado e ensinar o que não 
era original dos apóstolos e profetas. Quando ensinar um “assim diz o Senhor” que 
 
não seja falso, mas firmemente fundamentado no alicerce da Palavra. 
Ainda hoje, em nossos dias, depois de 1965, logo após o Concílio Vaticano II, a 
 
Igreja de Roma começou as comemorações do dia da Bíblia, na semana do dia de 30 
 
de setembro, data do falecimento de Jerônimo, que traduziu para o Latim a versão 
chamada Vulgata, versão que foi definitivamente oficializada no Concílio de Trento 
(1545). 
 
 
 
 
 
Finalmente, para concluir esta parte relacionada com a Vulgata citamos de novo 
 
o Dr. Bittencourt: 
 
 
 
 
 
“A fim de purificar o texto da Vulgata, várias edições foram feitas por Alcuino, 
Teodulfo, Lanfrano e Estevão Harding, durante a Idade Media. Cada tentativa de 
restaurar o trabalho de Jerônimo piorou o que existia. Daí resultar que os 8 mil 
manuscritos da Vulgata hoje conhecidos apresentam as mais curiosas contaminações. 
Chama�se Vulgata esta tradução de Jerônimo por ter esta versão grande circulação na 
Igreja Católica desde o sétimo século, e gozar da aprovação da Igreja Católica como 
versão autorizada, o que aparece, depois na forma explícita na primeira edição do 
papa Sixto V, em 1590, e do papa Clemente II, em 1592, até a Nova Vulgata, esta 
última edição foi feita por iniciativa do papa Paulo VI pela constituição apostólica em 
 
25 de abril de 1979, época em que começou a circular. Esta nova Vulgata... apresenta 
inumeráveis alterações do texto de Jerônimo em matéria puramente estilística... 
sendo que a edição de 1590 já havia sofrido mais de 5 mil alterações”. Pág. 95�96. 
 
 
 
 
 
Este documento do Dr. Bittencourt nos apresenta a informação de que a Vulgata 
 
foi tão infiel ao original que em 1590 foram feitas mais de cinco mil alterações e 
mesmo assim não foram suficientes para purificar o texto de Jerônimo. Terminando 
está primeira parte, em que foram examinados fatos e conclusões de eruditos sobre a 
Vulgata, fazemos algumas perguntas: Como um teólogo deve encarar os fatos? Como 
podemos ter certeza de que a Bíblia que temos em mãos não é mais uma outra 
“vulgata” com seus inúmeros erros? Como foi que a Versão de João Ferreira de 
Almeida chegou até nós? Como estudar a Bíblia? A resposta então se torna óbvia: 
Devemos aprender a estudar a Bíblia de maneira correta, para não fazer 
interpretações erradas que levem a conclusões também erradas. Neste Curso 
estamos aprendendo uma metodologia de estudo da Bíblia que nos levará a 
conclusões verdadeiras sobre a revelação divina. 
 
 
Estamos na primeira parte do estudo � O texto – Considerando o que foi exposto 
 
sobre a Vulgata, concluímos que o Texto Bíblico em estudo, Deveria representar o 
conteúdo da mensagem que o escritor bíblico quis transmitir. Deveria ser a 
mensagem original, no seu contexto literário histórico. Deveria expressar a verdade. 
Quando usamos a palavra “deveria” no condicional, é porque todos sabemos a 
dificuldade que qualquer estudante das Escrituras encontra, pois as Bíblias em 
português são traduções e muitas vezes não é a mensagem nas palavras literais dos 
escritores originais. Muitas traduções já são, na verdade, uma INTERPRETAÇÃO do 
texto, portanto, NÃO é o texto original. Por causa disto devemos aprender a conferir 
a fidelidade da tradução que vamos estudar. Está ela de acordo com o sentido 
original? Expressa corretamente o pensamento do autor? Não houve modificação de 
palavras e frases no texto em estudo? Esta disciplina responderá essas questões 
teológicas. 
 
 
A maioria dos brasileiros sabe que a Bíblia não foi escrita originalmente em 
 
português. De alguns anos para cá se tem popularizado em especial duas versões 
bíblicas uma chamada de Corrigida e outra chamada de Atualizada. Lembremos que 
a palavra “Versão” indica uma tradução da Bíblia para uma determinada língua e 
indica sua modalidade específica, por isso falamos em Versão Corrigida e Versão 
Atualizada. Nestas duas versões encontramos numa leitura de um mesmo texto 
diferenças em algumas palavras, na sua maior parte são diferenças de estilo 
(estilísticas) e não de conteúdo. Essas diferenças entre Corrigida e Atualizada, porém, 
não tem causado tantas questões como as suscitadas por Versões mais recentes que 
 
não são baseadas na tradução tradicional de João de Ferreira de Almeida, de 1748. 
 
 
 
 
 
Se hoje um brasileiro, recém convertido, entrar numa livraria evangélica e 
perguntar por uma Bíblia para comprar ficará consternado e até confuso ao ver 
tantas Versões. Então surgem algumas perguntas que necessariamente devem ser 
respondidas. Pois na maioria das vezes é o pastor, ou líderde uma Comunidade Cristã 
que deve responder: Por que existem tantas Versões da Bíblia? Por que aquela 
Versão não tem todas as palavras que minha Versão tem? E se há palavras diferentes, 
 
e até palavras omitidas, qual é a Versão mais certa? Será que mais de uma pode ser 
correta? Se há somente uma certa, porque existem as outras e são também “Bíblia” – 
Palavra de Deus? Como pode uma instituição cristã vender aos crentes Versões 
contraditórias até? 
 
 
 
 
 
Você está percebendo que estas perguntas podem surgir na mente de qualquer 
 
novo convertido e ir com essa pergunta para o pastor? Qualquer pessoa que entra 
numa livraria evangélica verá uma infinidade de Versões. Já fiz a experiência de fazer 
essas perguntas para um irmão encarregado de uma livraria, e a impressão que me 
causou a resposta foi que não havia tanto interesse no conteúdo da Bíblia, mas em 
ter uma variedade delas para poder vender a pessoas com diferentes gostos. Não 
queria ter saído da livraria pensando que era apenas uma questão de “comércio”, 
gostaria de ter recebido uma resposta mais perto da adequada. 
 
 
 
 
 
Como então tirar proveito do estudo da Bíblia: Lembre que estamos até aqui 
estudando a primeira parte do método, ou seja, o que se refere ao TEXTO. Então, é 
significativo a esta altura ter uma resposta correta da pergunta: Por que existem 
tantas Versões da Bíblia? Se nos estamos estudando um texto, como podemos saber 
se o texto em estudo é o correto de acordo com a Versão que tenho em mãos? 
 
 
 
 
 
A Importância de uma Tradução. 
 
 
 
 
 
Quando o salmista escreveu que as Escrituras era uma luz no seu caminho (Salmo 
 
119:105), com certeza estava se referindo às Escrituras Hebraicas que ele conhecia. 
 
Mas, para a maioria dos brasileiros que não conhecem Hebraico, não seria uma luz, 
 
pois, não entenderiam nada do que está escrito. A menos que as palavras hebraicas 
fossem traduzidas para o idioma nacional. 
 
 
 
 
 
Se a fé vem pelo ouvir a pregação e o ouvir da pregação é da Palavra de Cristo 
(Romanos 10:17). Como então poderíamos ter fé se as Palavras de Cristo não fossem 
traduzidas. Agradecemos a Deus pelas traduções, e agradecemos mais ainda pelas 
traduções que se aproximam das fontes originais. 
 
 
Voltemos nossa atenção para a problemática das Versões: imaginemos um 
 
professor de Bíblia ensinando sobre a parábola dos dois filhos (Mateus 21:28�32) e 
 
não entender porque seus alunos insistem em dizer que o primeiro obedeceu a seu 
 
pai, enquanto ele está lendo claramente em sua Bíblia que o segundo é que 
obedeceu. Se ele tivesse tomado conhecimento dos problemas crítico�textuais 
envolvidos neste texto, não teria sido apanhado de surpresa. A resolução deste 
enigma é que o professor está usando a Almeida Revista e Atualizada (desde agora: 
ARA) e os alunos estão usando a Versão de Almeida Revista e Corrigida (desde 
agora: ARC). Uma versão diz que é o segundo filho que obedeceu, enquanto que 
outra diz que foi o primeiro. 
 
 
 
 
 
(Nota: O aluno deve guardar as abreviaturas das versões ARA e ARC). 
 
 
 
 
 
Um bom modo de procurar estabelecer o texto certo, mesmo quando não se tem 
acesso ou condições de consultar um texto original com aparato crítico (veja nota), é 
consultar muitas versões do texto bíblico em estudo. Ler e comparar várias traduções 
pode mostrar variações devidas a problemas textuais (diferentes manuscritos usados 
como fonte de tradução), ou mudanças de entendimento na tradução do original. É 
importante lembrar que a maior parte das diferenças entre traduções (versões) é 
devida a este segundo fator. Entretanto, há casos em que um estudo minucioso 
comparando as diversas traduções ajuda a ver as diferenças devidas a problemas de 
transmissão do texto. 
 
 
 
 
 
Nota: Aparato Crítico são as explicações em pé de página que se encontram nas 
Bíblias em Hebraico e Grego, explicando a razão das variantes. Variantes: são as 
diferenças de um mesmo versículo que se encontra entre vários manuscritos antigos. 
 
 
 
 
 
A leitura de Colossenses 3:4 em várias versões mostra que há uma possível 
divergência de origem crítico�textual sobre qual o pronome certo que deve ser 
colocado ali: “nossa” (apoiado por ARA, ARC) ou “vossa” (apoiado pela Bíblia de 
Jerusalém [BJ], Bíblia na Linguagem de Hoje [BLH] e pela versão revisada de Almeida 
[VR]). Neste caso a divergência tem pouca importância para o sentido geral do texto 
(como a maior parte das variações textuais da Bíblia), mas é bom saber usar as 
traduções para encontrar estas variações. E, uma vez encontradas, elas são uma 
alerta para prestar maior atenção. 
 
 
 
 
 
Antes de continuar, é importante dar uma palavra sobre as versões bíblicas. A 
 
ARC é geralmente a mais problemática nas questões crítico�textuais, por basear�se 
 
num texto grego preparado antes do desenvolvimento da crítica textual. Ela foi 
baseada no chamado Texto Recebido (Textus Receptus). Versões católicas como BJ e 
a Bíblia editora Ave Maria (BAM) são úteis por usarem textos críticos mais modernos. 
Porém, é necessária uma palavra de cuidado: as versões católicas são sempre 
influenciadas pela Vulgata Latina; e, por isso, muitas de suas decisões crítico�textuais 
não são imparciais. Sobre a BJ é necessário dizer algo mais: o espírito não ortodoxo 
 
de alguns comentários textuais aconselha o uso da mesma com reservas. A BLH e VR 
 
parecem ser as mais atualizadas no que diz respeito às variações dos textos, assim 
mesmo, parece que a BLH tem a tendência de emendar muito o texto do Antigo 
Testamento. A ARA é boa, embora não tão atualizada quanto esta última. A Mattos 
Soares (MS) serve para ver o que diz a Vulgata, já que não é uma tradução dos 
originais, mas da famosa versão de Jerônimo. Estas palavras sobre as versões são 
gerais, havendo necessidade de avaliar, em cada leitura, os méritos de cada uma 
delas. 
 
 
 
 
 
Em Colossenses 2:2 vemos que a BJ segue um texto inferior ao seguido por ARC, 
 
ARA, BAM, BLH e VR. Como era de se esperar MS segue a Vulgata. Assim cada leitura 
 
das versões merece análise cuidadosa. No caso de Mateus 21:28�32, o texto da ARC é 
melhor do que o da ARA e VR. 
 
 
 
 
 
Imaginemos uma cena: A Igreja onde foi convidado usava a Versão chamada: NVI 
Nova Versão Internacional, sabendo disso, e como a palestra tratava justamente 
sobre Versões, para iniciar pedi que abrissem a NVI em Atos 8:37, então eu li a 
passagem na minha versão: “Disse Filipe: Você pode, se crê de todo o coração. O 
eunuco respondeu: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus” Atos 8:37. 
 
 
 
 
 
Os irmãos ficaram procurando o texto na NVI e para supressa comprovaram que 
 
Atos 8 tem o versículo 36 e então pula para o 38, omitindo o 37! A NVI não tem o 
verso 37 de Atos 8. Você estudante de teologia pode também fazer essa 
comprovação em qualquer livraria evangélica que venda a NVI. Isso ilustra o que 
estamos tentando ensinar. As Versões apresentam diferenças, e elas devem ser 
consideradas com cuidado a fim de não sair por ai pregando o que não é original. 
 
 
 
 
 
Uma “Testemunha de Jeová” (errados na doutrina da Trindade) está visitando de 
 
casa em casa e para tentar provar a malfadada teoria antitrinitária faz com que o 
novo convertido leia 1a João 5:7�8 e apela para o argumento de que esse texto é uma 
interpolação (acréscimo posterior) e confunde o pobre irmão dizendo que todos os 
outros textos que falam da Trindade na Bíblia também foram acrescentados. O que é 
falso. Uma afirmação verdadeira, 1a João 5:7�8 foi de fato um acréscimo posterior, 
 
mas é falso afirmar que outros textos também são acréscimos. 
 
 
 
 
 
Sobre 1a João 5:7�8, inserimos a seguir a explicação dada pela Sociedade Bíblica 
 
do Brasil SBB. 
Estimado irmão,Recebemos mensagem eletrônica do irmão argüindo�nos acerca do motivo por 
 
que algumas palavras de 1João 5.7�8 aparecem entre colchetes na tradução de 
 
Almeida Revista e Atualizada. 
 
 
 
 
 
Sobre esta questão, precisamos compreender o significado dos colchetes na RA. 
 
Isto nos aprendemos ao ler no artigo "Explicação de Formas Gráficas Especiais, 
Títulos, Referências e Notas", adendo ao "Prefácio à 2a. Edição": algumas passagens 
do Novo Testamento aparecem entre colchetes. Estas passagens não se encontram 
 
no texto grego adotado pela Comissão Revisora, mas haviam sido incluídas por 
 
Almeida com base no texto grego disponível na época (Mt 6.13). 
 
 
 
 
 
Almeida traduziu a Bíblia para a Língua Portuguesa no século XVII. O Novo 
Testamento em português ficou pronto em 1681. Almeida traduziu�o a partir de um 
texto grego denominado Textus Receptus ("o texto recebido"), que fora compilado 
pelo famoso humanista holandês Erasmo de Roterdã no início do século XVI. A 
tradução de Almeida a partir dos manuscritos que ele possuía em sua época 
cristalizou�se na chamada Edição Revista e Corrigida (RC), publicada pela Sociedade 
Bíblica do Brasil e adotada por inúmeras denominações evangélicas em países de fala 
portuguesa, destacando�se Portugal e Brasil. A RC espelha bem o teor do Textus 
Receptus utilizado por Almeida. 
 
 
 
 
 
Quando a tradução de Almeida já estava concluída, Deus permitiu que 
arqueólogos, historiadores e teólogos verificassem um considerável avanço no 
achado, recuperação e decifração de manuscritos bíblicos, alguns dos quais 
indisponíveis a Almeida na época em que traduziu a Bíblia. A Edição Revista e 
Atualizada (RA) surgiu em 1956 em decorrência dessas novas descobertas, quando a 
Comissão Revisora da Sociedade Bíblica do Brasil achou por bem confrontar o texto 
de Almeida com os novos manuscritos encontrados. A RA passou por uma segunda 
revisão em 1993, afinando ainda mais o texto bíblico aos textos originais em 
hebraico, aramaico e grego, pelo que é uma das mais amadas e adotadas traduções 
da Bíblia Sagrada no Brasil e no exterior. 
 
 
Dito isto, fica um pouco mais simples compreender a diferença de tratamento 
 
dado àquelas palavras de 1João 5.7�8 na RC e na RA. Na primeira � que corresponde à 
tradução mais antiga de Almeida � as palavras "no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito 
Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na terra" constavam do texto 
original grego utilizado pelo tradutor. Já na RA, confrontando�se a tradução de 
Almeida com os manuscritos encontrados (mais antigo e, portanto, mais próximos do 
tempo em que João escreveu sua primeira carta) e desde que as referidas palavras 
não contradizem nem ofendem a mensagem bíblica da salvação em Cristo Jesus, 
estas palavras foram colocadas entre colchetes. Com isto, a RA respeitou o trabalho 
valioso de João Ferreira de Almeida, sem, contudo, ter aberto mão da fidelidade ao 
melhor texto original grego a que se tem acesso nos dias atuais. 
 
 
 
 
 
(Nas traduções desenvolvidas pela própria Comissão de Tradução da Sociedade 
Bíblica do Brasil, todavia, como é o caso da Bíblia na Linguagem de Hoje, as palavras 
questionadas de 1Jo 5.7�9 foram eliminadas por completo do texto bíblico). 
Por fim, acerca da procedência das palavras questionadas de 1Jo 5.7�8, convém 
mencionar a opinião do Dr. Bruce Metzger, uma das maiores autoridades atuais sobre 
os manuscritos gregos do Novo Testamento, que coopera com as Sociedades Bíblicas 
Unidas, a fraternidade da qual a Sociedade Bíblica do Brasil faz parte. Conforme o Dr. 
Metzger, todos os manuscritos gregos mais antigos do Novo Testamento (datados 
dos séculos II e III) omitem as palavras "no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e 
estes três são um. E três são os que testificam na terra" em 1Jo 5.7�8. Estas palavras 
só começaram a aparecer em comentários e sermões sobre o texto de 1João no final 
 
do século IV e, muito posteriormente, em um manuscrito latino do século XIII. 
Segundo o Dr. Metzger, as palavras aqui em questão podem ter sido o comentário 
que um copista (pessoa encarregada de copiar a Bíblia na Idade Média) fez na 
margem do pergaminho em que trabalhava; um copista posterior, ao tomar o 
manuscrito mencionado como texto base para sua cópia, incorporou o comentário 
marginal do seu outro colega ao texto bíblico, erro que mais recentemente foi 
descoberto sem grandes dificuldades pela comparação dos manuscritos mais 
recentes com os mais antigos. 
Sendo isto para o momento, agradecemos muitíssimo sua paciência e atenção. A 
Sociedade Bíblica do Brasil faz votos de que o irmão continue sendo um leitor fiel e 
dedicado da Palavra do Senhor, fonte de orientação e consolo eternos. 
 
Cordialmente em Cristo, 
p/ Comissão de Tradução 
Sociedade Bíblica do Brasil 
traducao@sbb.org.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
A leitura de várias versões contribui, como já dissemos, para a compreensão do 
TEXTO apresentando as diferentes maneiras de traduzir o original para o português. 
Geralmente as traduções convergem para um mesmo sentido, usando palavras 
diferentes. Isto já explica muitas coisas para o estudante de teologia. 
Ocasionalmente, haverá divergências de sentido entre elas: nestes casos é necessário 
 
um estudo mais detalhado. 
 
 
 
 
 
O texto de Colossenses 2:15 apresenta uma pequena dificuldade de tradução 
percebida pelos que não podem ler o original, na comparação das traduções. ARC diz: 
“... triunfou em si mesmo”, enquanto ARA (e também VR, BJ, BLH, BAM) diz: “... 
triunfando... na cruz”. A diferença de sentido não é grande, mas há uma diferença. 
Neste caso as duas traduções são possíveis, mas a última é a melhor, pela gramática e 
pelo contexto. Entretanto, àqueles que não podem ler o texto grego resta apenas 
constatar o problema e aguardar auxílio externo para resolver a questão. De qualquer 
forma, é bom sempre antecipar os problemas, ficando atentos às possíveis 
contribuições na sua resolução. 
 
 
 
 
 
É importante NÃO usar versões esquisitas ou contaminadas como a dos auto� 
denominados “Testemunhas de Jeová”. Se tiver uma, veja a adulteração flagrante do 
texto em Colossenses 1:15�20 em favor de sua blasfêmia da “criação” de Jesus. 
Versões desse tipo só atrapalham. Além de não terem sido feitas com base nos 
originais (são traduções de traduções), elas só podem nos fazer incorrer nos erros 
 
incorporados ao texto dessas “versões”. 
 
 
 
 
 
Um pouco deste cuidado deve ser usado com respeito a todo tipo de Bíblia com 
notas e auxílios nas margens e rodapés. A Bíblia de Scofield é uma destas que não 
recomendaríamos a quem deseja fazer um estudo sério. O sistema de notas 
empregado direciona o intérprete a um sistema teológico completamente estranho 
ao dos escritores inspirados. A Bíblia Vida Nova é menos culpável de direcionamento 
doutrinário do que a de Scofield, mas também se deve ter cuidado ao examinar 
algumas de suas orientações doutrinárias. Não deve ser usada como ferramenta 
inicial de trabalho. Se o aluno quiser, pode usar a Bíblia Vida Nova no momento que 
for consultar os comentários: neste ponto ela é uma fonte útil de informação e 
esclarecimentos. O mesmo conselho se estende às versões católicas com anotações. 
Com relação à chamada de Bíblia Viva, na verdade ela não é uma versão; mas uma 
paráfrase. É quase um comentário, e sendo assim, é melhor utiliza�la mais tarde, nos 
estudos. A consulta de comentários bíblicos encontrados ao pé de página de muitas 
Bíblias comentadas, não deve servir de base para a formação doutrinária, mas 
apenas como fonte de consulta crítica e geral. Por que? Por esses comentários tem o 
sabor e influência de seus autores humanos, da mesma forma como será um absurdo 
elaborar uma teologia e uma doutrina com base nos títulos deparágrafos e de 
capítulos, esses títulos de parágrafos e capítulos são acréscimos posteriores. 
 
 
 
 
 
Uma vez estabelecido o texto certo pela consulta do texto original, seja hebraico, 
aramaico ou grego e a comparação de várias traduções, ficamos prontos para a 
segunda etapa do tratamento do texto: estabelecer a estrutura do texto. Assunto de 
nossa próxima lição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estabelecer a estrutura do texto é compreender que tipo de material escrito está 
diante de nós e qual a forma de sua apresentação. É neste momento que devemos 
compreender as relações gramaticais e sintáticas do texto. Também é o momento de 
avaliar os recursos literários de que o autor lançou mão. 
A simples divisão dos capítulos e dos versículos não pode ser usada como base 
 
para a estruturação do texto bíblico. A divisão em capítulos do Novo Testamento foi 
 
feita em 1206 por Stephan Langton, (posteriormente arcebispo de Cantuária); a 
divisão em versículos é de 1551, feita por Roberto Estevão (Stephanus) impressor 
parisiense. “Tem sido dito freqüentemente que Stephanus fez sua divisão em versos 
enquanto andava a cavalo e ao sabor do balanço do animal, o que, embora não se 
possa provar, perece ser verdade, pois há lugares onde a divisão é inteiramente 
arbitrária”. Bittencourt, B P. – “O Novo Testamento – Língua – Cânon – Texto”, São 
Paulo, ASTE, 1965, 1ª Edição, págs 172�173. 
 
 
 
 
 
A divisão em parágrafos já constitui melhor ajuda para o estudante. Em 
Colossenses 4:1 temos o exemplo de uma divisão de capítulos infeliz. O problema se 
agrava em Versões como a ARA que transformam 4:1 em um parágrafo novo, 
destacado de 3:18�25. 
 
 
 
 
 
Devemos compreender que 3:18 até 4:1 é uma estrutura literária única e deve 
 
ser tratada como tal. É possível dividi�la em subparágrafos como fez a BLH, mas 
mesmo assim, deve ficar claro que todos eles formam uma “tábua de conselhos 
domésticos”. 
 
 
 
 
 
Os livros bíblicos podem ser encarados como representantes de diferentes tipos 
 
de literatura. As epístolas são comparadas a cartas, enquanto o livro de Apocalipse já 
pertence a outro gênero literário (Apocalíptico�profético). Isaías tem características 
completamente diferentes dos evangelhos. 
 
 
 
 
 
Na medida do possível ler e adquirir o livro: “Entendes o que Lês?” de G. D. Fee 
 
e D. Stuart – Edições Vida Nova. 
 
 
 
 
 
O entendimento do tipo ou natureza de literatura não deve abranger apenas o 
aspecto global do livro, mas também o trecho específico que estamos estudando. Os 
gêneros literários podem variar muito dentro de um mesmo documento. Nos 
Evangelhos (que são um gênero literário incomparável) temos discursos, narrativas, 
parábolas, citações do Antigo Testamento, milagres e sumários. No livro de Daniel, 
metade do livro é composta de narrativas e a outra metade de visões e 
interpretações das mesmas. Devemos então especificar a natureza literária do texto 
que estamos tratando em particular. Podemos ter oração a Deus, exortação, discurso 
profético, citação do Antigo Testamento, narrativa, alegoria, discurso didático, 
polêmica, citação de um documento histórico, explicação editorial, sumário ou 
resumo, cântico ou poesia, simbolismo, parábola, relato de milagre, etc. Uma 
variedade enorme de gênerose tipos pode compor um único documento. Não 
devemos ser absolutamente técnicos na classificação destes gêneros, mas é preciso 
aprender a diferencia�los e entende�los. Por exemplo: A carta aos Colossenses de 
Paulo tem sido dividida em duas partes: Doutrinária e Parenética (ou prática). Embora 
esta classificação seja primária, é, em geral verdadeira. Saber situar um texto em uma 
 
ou outra destas partes da carta está incluído no processo de caracterizar o tipo de 
texto que estamos estudando. Sendo assim, notamos que o texto de 4:7�17 de 
Colossenses pode ser classificado como “notícias”, notas pessoais, recados e 
saudações. O importante é notar que tem características próprias em relação ao resto 
do livro. 
A observação de partículas como: “portanto”, “porque”, “pois” e “ora” é muito 
importante. Elas mostram o relacionamento de subordinação ou coordenação de 
frases ou de seções inteiras da carta. Em Colossenses 3:5 a palavra “pois” liga o que 
segue com o que foi dito anteriormente. Os colossenses deviam “fazer morrer a 
natureza terrena” por participar das coisas do alto (3:1�4). A palavra “pois” está 
ligando os pensamentos. Está marcando a transição da causa para o efeito. 
 
 
 
 
 
Observar os recursos literários que o autor empregou em sua obra é também 
parte da boa observação da estrutura do texto. Recomendamos que o estudante da 
Bíblia saiba identificar figuras de linguagem no texto (figuras de palavras, de 
construção, e de pensamento). É útil recordar este assunto em uma gramática. Esta 
compreensão ajuda a não perder a mensagem do escritor por não entender o veículo 
que ele utiliza para transmiti�la. 
 
 
 
 
 
“Língua dos anjos” em 1ª Coríntios 13:1 é uma hipérbole. Há uma fina ironia na 
palavra “justos” em Marcos 2:17. A designação de Cristo como “cabeça” da igreja, o 
“corpo” é uma metáfora (Efésios 5:22�33). A expressão “carne e sangue” como se 
encontra em Gálatas 1:16 substitui a idéia de pessoas, sendo, portanto, uma 
sinédoque. Mais importante do que saber nomear estas figuras de linguagem ou 
modos de falar é identificá�las. 
 
 
 
 
 
“Produzindo fruto” em Colossenses 1:6 é uma destas figuras (metáfora) e é 
facilmente entendida como tal, mas o que dizer de “toda criatura debaixo do céu” em 
1:23: é literal (impossível), é sinédoque (criaturas – homens), ou é uma hipérbole 
 
(exagero)? Neste último caso a compreensão fica muito alterada, conforme a figura 
 
que identificamos. “Luta” em 2:1 é uma bela metáfora para descrever o ministério 
cristão! E assim, a estrutura e natureza do texto ficam cada vez mais claras. 
 
 
 
 
 
Enfim, mesmo sem buscar termos técnicos para definir o que está vendo, o 
estudante da Bíblia deve ficar atento a todo tipo de padrão ou estrutura que o ajude 
a entender a direção que o texto está tomando. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O USO DO DICIONÁRIO PORTUGUÊS 
 
 
O dicionário português é uma das primeiras necessidades do leitor da Bíblia. A 
 
linguagem da Escritura é nobre, e muitas vezes a dificuldade de compreensão começa 
 
no nível de entendimento dos vocábulos. Os exemplos são muitos: o que são 
 
“chocarrices” em Efésios 5:4? Poucas pessoas sabem o que quer dizer esta palavra 
 
em português “normal”. O que é “dolo”? Talvez os advogados conhecem bem o 
termo, mas não as pessoas comuns. O que é o “geco” (Provérbios 30:28)? Há bons 
dicionários que não definem este termo, quanto mais os que não conhecem este 
regionalismo. O uso do dicionário português, nestes casos, é essencial. 
 
 
 
 
 
Neste momento do estudo, procura�se ter uma compreensão inicial do que o 
texto estaria dizendo. Será uma compreensão provisória, mas importante como 
alicerce do trabalho posterior. Não é possível ir até as próximas etapas se não 
conseguirmos ler o que o texto pode estar dizendo 
O dicionário português não será usado apenas para palavras que não 
entendemos, mas para todas as palavras que julgarmos necessário estudar. Isto é 
recomendável, pois a função do bom dicionário é definir o sentido das palavras no 
uso cotidiano. Precisamos saber todas as possíveis significações atuais do vocábulo, 
para buscar, posteriormente, a 
 
que mais se adapta ao sentido bíblico naquele texto e contexto. O dicionário, 
portanto, não está errado em definir “batizar” como “pôr nome, alcunha ou epíteto 
a” entre outras 
 
 
coisas: ele está mostrando como as pessoas usam e compreendem este verbo na 
atualidade. Este não é o significado bíblico do termo, mas é como muitos entendem 
erroneamente o texto bíblico.Torna�se então, importante saber como o dicionário 
classifica e ressalta o uso comum de um termo para saber explicar o que realmente a 
palavra de Deus quer dizer com ele. 
 
 
 
 
 
Todo cuidado é pouco no uso do dicionário português. Ele se assemelha a uma 
pesquisa de mercado: não emite juízos sobre o certo ou o errado, mas apenas diz 
qual o uso popular do termo. O dicionário define palavras pelo uso que se faz delas, 
logo o dicionário em português não basta em nosso estudo. De forma alguma ele 
deve ser considerado um “juiz” para resolver os dilemas de significado. 
 
 
 
 
 
Em boa parte dos casos o dicionário português nos dá sinônimos da palavra, o 
 
que é muito útil no entendimento e transmissão do seu significado a outros. A 
paráfrase utilizará muitos destes significados paralelos ou sinônimos, se forem 
corretos. 
 
 
 
 
 
Estabelecer o texto certo, assim como estabelecer a estrutura do texto, são as 
primeiras tarefas do estudante da Bíblia (teólogo). A partir de então há segurança 
para uma análise do contexto, a estrutura maior onde o nosso texto está inserido. 
 
Este trabalho se faz por meio de leituras repetidas do texto, inclusive de versões 
diferentes. O teólogo conhece bem o texto antes de fazer seu estudo mais detalhado. 
Porém o texto está rodeado de um contexto, não é uma ilha literária, o texto faz 
parte de um conjunto e será esse conjunto que nos vamos estudar agora: O 
CONTEXTO. 
 
 
Estudando uma abordagem ao contexto em estudo, vamos definir o que é um 
 
contexto: É o ambiente da passagem bíblica. Ele é composto pelos versículos que 
rodeiam a passagem estudada: os anteriores e posteriores, no livro estudado. É 
também o mundo que rodeia a passagem, sendo especificamente o mundo do 
escritor e dos receptores dessa mensagem bíblica. O contexto contém, portanto, 
elementos históricos, culturais, literários, lingüísticos, além de espirituais. Em alguns 
textos o contexto pode ter vários níveis: o contexto histórico da narrativa, o contexto 
literário da narrativa no livro que a contém e o contexto do autor e dos leitores, que 
pode ser diferente dos dois primeiros. Sendo o contexto “o todo do qual o texto é 
parte”, ele é a chave para compreender o argumento inteiro. 
 
 
 
 
 
Usando a metáfora do teatro, o contexto é principalmente o cenário e o “pano 
 
de fundo” onde a peça se desenrola; secundariamente é também o “pano de frente”, 
 
isto é, as cortinas, a reação do público, etc. Ou seja, tudo o que contribui para a 
melhor compreensão da peça. 
A importância do contexto. 
 
 
Não é possível falar demais sobre a importância do estudo do texto no seu 
contexto. Iremos apresentar agora alguns itens para mostrar este fato. Os princípios e 
exemplos citados servem de incentivo a uma boa pesquisa do contexto, e já ensinam 
como trabalhar com ele. 
 
 
 
 
 
1 O contexto ajuda a não torcer a Palavra de Deus. Os que deturpam ou torcem 
a Palavra são chamados de ignorantes e instáveis (2a Pedro 3:16). Estes termos 
descrevem não apenas o caráter destes “torturadores da Palavra”, mas também seu 
modo de estudar a Bíblia: são despreparados e sem alicerce para o estudo. O 
contexto fornece preparo e alicerce sólido para uma boa exegese. Uma frase como “a 
ressurreição já se realizou” pode ser a afirmação de uma verdade, como a 
ressurreição espiritual que indica o cumprimento da “nova vida em Cristo” 
(Colossenses 2:12 e 3:1), ou a declaração de uma heresia (2a Timóteo 2:17�18); tudo 
 
depende do contexto em que essa frase é interpretada. 
2 O sentido correto da Bíblia vem do contexto. Esta é quase uma repetição do 
 
que dissemos acima. Pensemos em um caso específico como, por exemplo: o que é a 
blasfêmia contra o Espírito Santo? Todo tipo de resposta tem sido dada para esta 
questão. Há quem associe este pecado com a de “mentir ao Espírito Santo” de Atos 
5:3, 4, 9. Outros gostam de responder citando o misterioso “pecado para a morte” de 
1a João 5:16�17. Hebreus 6:4�8 também entra na lista das explicações propostas. Qual 
destas é a melhor explicação? 
 
 
 
 
 
O problema mencionado acima seria facilmente resolvido se, antes de tudo, 
tivéssemos buscado o texto que fala da blasfêmia contra o Espírito Santo e estudado 
o texto no seu contexto. Marcos 3:28�29 é um dos trechos que falam deste assunto. 
Observando o contexto notamos que os escribas estavam atribuindo o poder de Jesus 
sobre os demônios ao próprio diabo. Jesus argumentou mostrando que isso não era 
lógico, pois o diabo não iria destruir seu próprio domínio. A expulsão dos demônios, 
ao contrário, apontava para o fato de que Jesus era mais poderoso de que Satanás. 
 
Foi neste momento que Jesus falou sobre o pecado contra o Espírito. No último 
versículo deste parágrafo há uma explicação chamada “editorial”, ou seja, do autor e 
não de Jesus. “Isto porque diziam: está possesso de um espírito imundo” Marcos 
3:30. Grifamos a expressão “isto porque” para mostrar que ela já é uma resposta, 
mostrando do que se trata a blasfêmia contra o Espírito Santo. Blasfemar contra o 
Espírito, em Marcos, é atribuir ao diabo a obra do Espírito; é a rebeldia de não aceitar 
a maior evidência que Deus pode dar, na atuação de Seu Espírito. 
 
 
 
 
 
Poderíamos trabalhar mais ainda com o contexto de Marcos e ampliar a resposta, 
 
mas o que foi feito basta para mostrar a importância do contexto e para deixar uma 
advertência: cuidado com as associações de certos textos com outros que nunca 
foram escritos para serem ligados entre si num mesmo contexto. 
 
 
 
 
 
3 O sentido correto das palavras vem do contexto. Isto é normal em qualquer 
língua do mundo. O verbo “apanhar” pode ter sentidos completamente diferentes. 
Por exemplo: “O menino desobediente apanhou do pai” usa o verbo em um sentido 
diferente da frase: “O menino apanhou do chão a carteira do pai”. 
No estudo da Bíblia, e esse é o tema desta disciplina, isto é muito importante. Há 
 
uma tendência de definir uma palavra de antemão e depois tentar impor esse sentido 
 
a todos os textos em que ela ocorre. A Melhor prática é observar o sentido que a 
palavra assume em função dos vários contextos em que essa palavra é usada, e só 
então definir o conceito geral do texto em questão. Uma comparação entre Tiago 
2:24 com Efésios 2:8�9 leva alguns a pensarem numa contradição. Quem estaria 
errado: Paulo ou Tiago? Martinho Lutero ficou do lado de Paulo, e considerou o 
escrito de Tiago como algo de pouco valor. Não precisamos ir a extremos como estes, 
basta reconhecermos que as palavras “fé” e “obras” estão sendo usadas em sentidos 
diferentes em cada um dos textos, pois se trata de épocas diferentes na vida de 
Abraão. Esta atribuição de significados não é arbitrária: é decorrente de uma análise 
cuidadosa dos contextos. 
 
 
 
 
 
4 O contexto é a garantia da verdade nas escrituras. “Um texto fora do 
contexto é um pretexto” diz o adágio dos estudos de exegese. Qualquer um pode 
ensinar o que quiser usando a Bíblia, se conseguir ignorar o contexto. Até o diabo fez 
isso, tirou o texto do contexto para tentar Jesus. Satanás citou parte do Salmo 91 
(verso 11 em parte e todo o verso 12) fora do contexto. Ele até omitiu uma parte de 
sua citação, a fim de favorecer seu argumento. De qualquer forma, o Salmo 91 fala de 
confiar em Deus e não de usar Deus. É Deus quem decide (verso 14), e não há como 
obrigar Deus a fazer de outra maneira. (Lucas 4:10�11). 
 
 
 
 
 
Muitos livros de “doutrina” ou de apologética (polêmica religiosa) têm essa 
tendência. No calor da disputa, quase ninguém se lembra de perguntar o que o texto 
significa no seu contexto, mas apenas se ele é conveniente para “dizer o que eu 
quero que ele diga”. O melhor modo de estudar as Escrituras é aprender a pensar de 
acordo com o contexto: é aprender a extrair a mensagem inteira de textos longos; é 
tambémler como leram os primeiros leitores. 
 
 
 
 
 
Lembro de uma historia que ouvi, se ela é verdade não posso afirmar, por isso a 
passo aos alunos da forma como a escutei. Um certo obreiro foi convidado a 
participar de um congresso. Ele viu nesse convite uma oportunidade de ganhar um 
dinheiro extra, e mandou imprimir mil camisetas com o logotipo e o lema do 
congresso. Arrumou uma mesinha na entrada do local de reuniões e colocou o filho 
como encarregado de vender as camisetas. No último dia de reuniões, foi verificar o 
Exclamou entusiasmada a platéia que 
continuou o pregador – E Ele diz, com 
 
resultado se seu negocio e viu com surpresa que só tinha vendido vinte camisetas, 
horrorizado comprovou que estava com um prejuízo de 980 camisetas. Como ele 
tinha o sermão de encerramento, subiu aquela noite no púlpito, e disse: 
 
 
 
 
 
“Amados irmãos, hoje eu tenho uma mensagem de Deus para vocês”. – Aleluia! 
 
lotava o recinto – “Deus falou comigo!” – 
 
voz clara e audível que eu deveria seguir a 
 
Bíblia e que eu deveria obedecer também o que ela diz. Então eu pergunte a Deus. O 
 
que eu devo fazer Senhor? Eu fiz a mesma pergunta de Paulo no Caminho de 
 
Damasco. Então o Senhor me respondeu: “Abra a Palavra e leia, leia e obedeça!”. 
 
 
 
 
 
“Irmãos, então, tomei a minha Bíblia e abri, a leitura que o Senhor me mostrou 
estava em Marcos 10:21. O Senhor me diz, pela sua Palavra: “Vai, vende tudo...”. 
 
“Agora eu tenho que obedecer e vocês têm que cumprir essa ordem do Senhor, 
 
eu estou com 980 camisetas ali na entrada, elas são abençoadas pelo Senhor, e Deus 
me diz: Vai vendo tudo, por isso eu não posso sair daqui até não ter vendido até a 
última delas. Irmãos... Está escrito, vai e vende tudo, eu tenho que obedecer”. 
 
 
 
 
 
Não sei se é verdade, mas essa história ou estória ilustra muito bem o que 
estamos querendo passar a nossos alunos, muitos textos das Escrituras são usados 
para afirmar as mais estranhas coisas, e mal usados para desculpas suspeitas, sem 
 
falar nas inumeráveis heresias que são o fruto de um punhado de textos fora do 
contexto. Portanto, se não pesquisarmos bem o contexto de uma passagem bíblica, 
corremos o perigo de ensina�la fora de seu sentido original, em interpretações que 
não passam de tentativas de achar um significado para ela. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No estudo do contexto há um fator importante a ser considerado, que é o estudo 
 
da palavra em se mesma. As palavras são comparadas a tijolos com os quais a 
comunicação seja ela falada ou escrita, é construída. O correto significado das 
palavras é a chave numa comunicação correta. Se você deseja se comunicar e se fazer 
entender, deve conseqüentemente empregar o correto uso das palavras, em especial 
 
com um significado apropriado. No estudo das Escrituras nada é tão importante como 
 
o estudo original das palavras. Depois de estudar o texto e seu contexto devemos 
 
fixar nossa atenção nas palavras. Vamos definir o estudo de palavras – É a atividade 
 
de descobrir o significado original de uma palavra no texto bíblico. Lembremos que as 
palavras transmitem idéias, expressam sentimentos, indicam ações e demonstram 
qualidades. Nosso alvo como teólogos será entender o significado que as palavras 
tinham para o autor bíblico que a empregou, e que conseqüentemente há de ser o 
significado dos primeiros leitores da obra. Devemos nos colocar como leitores na 
época em que autor usou a palavra para expressar suas idéias. Nos veremos porque. 
Um estudo cuidadoso é necessário, visto que as línguas se modificam de geração para 
geração, e não desejamos descobrir o que a palavra pode significar hoje, mas, sim, o 
que ela significou originalmente. 
 
 
 
 
 
Há palavras na Bíblia cujo significado bíblico difere do sentido moderno. É o caso 
 
da palavra “piedade” como é empregada no Novo Testamento. Conforme o uso dos 
autores do Novo Testamento “piedade” significa temor a Deus, respeito e reverência 
em relação a Deus. Ou seja, piedade é o que devemos ter em nosso relacionamento 
com Deus, um adjetivo derivado explica melhor este sentido: Piedoso. O sentido 
moderno da palavra “piedade” é completamente diferente, significando dó, pena, 
uma demonstração de compaixão. A palavra hebraica, empregada no Antigo 
Testamento também significa dó, pena e compaixão. Portanto, estamos também 
diante de um caso em que, pelo menos nas versões, há diferença de sentido das 
palavras de Testamento para Testamento. Se você consulta um dicionário verá a 
explicação dos dois sentidos, porém o mais conhecido é o sentido que expressa um 
sentimento de dó e pena por outros. No Novo Testamento não ocorre este uso, mas 
apenas aquele em que “piedade” é o modo certo de relacionar�se com Deus. Este 
exemplo ilustra a necessidade de fazer um bom estudo de palavras na pesquisa e 
relação entre Texto, Contexto e Palavra. 
 
 
 
 
 
O estudo de palavras também é importante pelo fato de nossas versões fazerem 
 
uso de termos que mudaram de sentido. A palavra “caridade” é um bom exemplo. 
 
Nas versões antigas (como ARC) este termo é o principal para designar o “amor” 
(ARA). De acordo com o dicionário, este último uso é o mais correto. Mas talvez a 
“caridade” seja entendida como amor a Deus em algumas regiões do Brasil, porém, 
em geral, o termo “caridade” é mais associado a atos de benevolência (dar esmolas) 
do que com a dedicação e amor a Deus. Os tradutores bíblicos, ao empregar a palavra 
“caridade” talvez desejassem imprimir um sentido mais nobre e elevado a esta 
palavra grega, pois geralmente se emprega em grego a palavra “ágape” em contraste 
com “fileo”. Portanto, as diferenças de sentido das palavras como usadas em 
 
versões bíblicas é um forte incentivo para o estudo das palavras. 
 
 
 
 
 
O estudo de palavras não é, porém, feito apenas para evitar usos seculares e 
errôneos de um termo. É bom lembrar que existem diferenças no sentido das 
palavras de contexto para contexto. A palavra “carne” é um exemplo deste tema. 
 
Esta palavra: “carne” pode significar literalmente a parte do corpo que está em 
contraste com os ossos (Lucas 24:39), onde Jesus mostra que mesmo após a 
ressurreição ele tem “carne” e ossos. Pode também significar o corpo todo 
(Colossenses 2:5 – “ausente quanto à carne...” Original grego) palavra que é traduzida 
corretamente como “corpo”. A palavra carne pode significar ser humano, como em 
João 1:14, onde se explica que o Verbo (Jesus) se fez carne (não só carne, mas 
também ossos, pele, sangue, etc), isto é, um ser humano. Pode também significar a 
descendência humana e mortal como em Romanos 1:3. Pode significar o lado exterior 
ou terreno da vida (Filipenses 3:3�4). Pode ser usada para designar o instrumento 
voluntário do pecado, ou a nossa natureza cheia de pecado (Romanos 7:5, 18, 25; 
Gálatas 5:13, 16�17; Judas 23). Notamos em especial que todos estes sentidos são 
bíblicos e corretos, mas o significado muda de acordo com o contexto. É possível 
indicar o sentido exato do termo em todos os contextos em que aparece. Aqueles 
que insistem em afirmar que uma palavra tem sempre o mesmo significado, sem ter 
 
feito antes uma boa pesquisa para chegar a essa conclusão, eles correm o risco de 
ensinar o erro e cair em contradição. Qual é então a regra? Há termos com um só 
significado, mas encontra�los depende da pesquisa. Da mesma forma, afirmar vários 
sentidos para um termo é algo que tem de ser provado. Mais uma vez o contexto é a 
chave para encontrar o exato sentido das palavras. O estudo de palavras para uma 
explicação correta da Bíblia é encontrar o sentido da palavra no texto e contexto que 
está sendo estudado e analisado. 
 
 
 
 
 
Algumas palavras bíblicas evocam significados próprios à luz de sua história. É o 
 
caso da palavra “ágape” (traduzida como: amor), que é

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