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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA __________________________________________________________________________________________________________________________________ Disciplina: Sociologia Professor: Delque Pantoja INTRODUÇÃO A SOCIOLOGIA Como você se define enquanto pessoa? Como determinadas situações mudam e trazem desdobramento para a sua vida? É uma pessoa autônoma?Autônoma é uma forma de pensar e de agir frente às diversas situações enfrentada pelo individuo dentro do seu dia a dia. Vamos trabalhar com exemplos simples, para você entender; quando uma pessoa esta se sentindo ruim, o que deve-se fazer? Sempre tem alguém que indica um remédio, tem uma receita infalível. Esta forma de indicar o remédio para a pessoa, se for olhar no passado, era uma prática bem mais comum, mas hoje com maior possibilidade de aceso ao médico, ficou mas reduzida esse tipo indicação de ação, mas isso não quer dizer que ninguém o faça. Essa indicação do remédio por uma pessoa que não é médico= é uma espécie de senso comum. No caso tem que se consultar com o médico, por que ele é a pessoa especializada para tratar dessas questões de saúde. Então, o que seria um Senso Comum? Podemos dizer que são soluções simples do cotidiano, com pouca elaboração e sem nenhum conhecimento cientifico especifico e aprofundado. Doutor em filosofia, Rubens Alves um dos grandes intelectuais brasileiro, em seu livro Filosofia da Ciência, para ele o senso comum é aquilo que não é ciência. Em outras palavras, é compreender que a pessoa que indicou o remédio sem o mínimo de conhecimento na área da medicina não é algo cientifico, mas uma probabilidade que pode funcionar para o dia a dia das pessoas. Mas tem uma explicação lógica por que as pessoas indicam o remédio. Dentro do seu conviveu social elas passam a aprender com seus avos, seus pais e etc, assim elas são detentora de um conhecimento empírico, é por essa percepção que Rubens Alves afirma que a ciência, na verdade, é um refinamento ou melhoramento, do senso comum. O senso comum e a ciência nos apresentam respostas, soluções práticas para nossos problemas do dia a dia. Então, em que se constitui a diferença entre senso comum e ciência? É que a ciência tem um conhecimento mais elaborado, seus métodos de investigação. Ao percebe ou fazer uma analise do senso comum, não estou dizendo que ela esta errada e que devemos rejeitar. O que estou propondo de uma forma bem sucinta, é que você pode e deve ultrapassar a barreira do conhecimento comum, e nesta perspectiva sobre a sociedade. Outra questão que devemos entender ou desmistificar é o simbolismo dado ao termo cientista. Ratificando o pensamento de Rubens Alves quando ele explica que um cientista não é uma pessoa que pensa melhor ou analisa os fotos com Maior, clareza do que os outros. Para o autor a tarefa de refletir e de entender os porquês das coisas cabe a todos nós, para isso cai por terra à ideia de que não precisamos pensar, porque existem pessoas melhores para fazer isto, é furada. Quando buscamos um pouco mais do conhecimento elaborado e investigativo, começamos a refletir melhor sobre como funciona a sociedade, e entender com clareza as relações sociais dentro dela, entre outras coisas. Mas na prática o que isso trará para nós? Trará-lhe conhecimentos dos fatos e autonomia para CONCORDAR OU DISCORDAR POR SI PRÓPRIO sobre as questões sociais e seu papel em sociedade. Esta é a compreensão e a independência que você tenha: A DE REFLEXÃO. A partir dessa analise e dos argumentos apresentados o que é sociologia? É uma ciência ou senso comum? Sobre a sociologia o que é preciso conhecer para entender? A Sociologia é uma forma do conhecimento e saber científico. Mas a sociologia não foi e não é uma ciência redentora que vai Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Página 2 de 39 solucionar todos os males sociais, ela surge como mecanismos para fornecer um novo entendimento sobre a sociedade. É importante compreender o contexto no qual a sociologia nasceu suas contribuições para o entendimento dos fatos que dar referenciais para refletimos sobre as sociedades, temos que entender que antes de se tornar ciência, a sociologia era pensada em diferentes contextos históricos e em diferentes sociedades e como parte desse desenvolvimento chegou ao Brasil, suas características e fatores fundamentais para analisar as sociedades atuais. A sociologia enquanto ciência é considerada nova, ela surge no final do século XVIII e teve sua consolidação no inicio do século XIX, na busca por entender a sociedade e seus conflitos. Mas o objetivo de pensar sobre os problemas sociais, está no centro de sua finalidade desde a antiguidade, se estudamos sobre a Grécia Antiga, vamos ver que lá, já havia o desejo de se entender a sociedade. Uma analise do processo histórico do pensar Sociológico desde a Antiguidade. Na antiguidade, mas especificamente no século V a.c, encontramos uma corrente filosófica que é conhecida como sofistas, eles começam a dar atenção aos problemas sociais e políticos de sua época. Mas para tanto não são os gregos os fundadores da Sociologia. Já quando chegamos à filosofia clássica termos Platão (427-347 a.c) e Aristóteles (384 – 347 a. c) como os mais importantes filósofos da humanidade, com eles surgiram as primeiras analises dos trabalhos reflexível sobre a sociedade. Platão em sua obra A Republica, no seu segundo livro Sócrates começa seu discurso falando sobre a origem da sociedade, e esta é formada para satisfazer a necessidade da vida. Aristóteles já mencionava que o homem era um ser que, necessariamente, nasce para estar vivendo em conjunto, isto é, em sociedade. No seu livro chamado A Política, no qual consta um estudo dos diferentes sistemas de governo existentes, percebe-se o seu interesse em entender a sociedade. Com o fim da antiguidade, termos uma nova configuração no mundo, uma nova forma de governo, ou seja, a Idade Média, que vai do século V d. c ao século XV d.c, que se constitui um período de dez séculos ou mil anos, mas entre os anos de 476 a 1453, segundo os renascentistas (que vamos entende depois), um período que ficou conhecido como “período das trevas”, que era a forma que se ver o mundo. Para eles o que devia prevalecer era a fé, onde o campo místico e religioso trazia e oferecia todas as explicações viáveis para os acontecimentos do mundo. Na Europa Medieval, esse predomínio religioso foi da Igreja Católica. Dentro desse contexto histórico da Idade Média, se constituía um predomínio da fé, para os humanistas renascentistas, essa dominação pela fé traria um tipo de asfixiava às tentativas de explicações mais especulativas (cientifica) sobre a sociedade. Ao não comprimento de uma lei ou regra estabelecida socialmente se configuraria como pecado, assim, podemos entender a tamanha relação entre a vida cotidiana e o mundo sobrenatural. Quando buscamos analisar o “período das trevas” (Idade Média), na percepção dos renascentistas podemos ver pela sua ótica de mundo, “meio tenebroso”. Mais se olhamos com clareza, entenderemos que foi um período muito importante para a história da humanidade. A caminho da razão. A apresentação desse contexto histórico é para mostrar que nem sempre os seres humanos puderam contar com a ciência para entender o mundo, em especial o social, que é o objetivo de nossa compreensão. Assim, podemos entender que estudiosos no passado buscavam um entendimento, baseado em uma explicação a respeito da realidade que os indivíduos ficaram presos, na tradição, nos mitos antigose em explicações religiosas. A dominação, nas organizações sociais, baseados nos princípios religiosos, ou seja, na fé se estendeu até o século XV. Para tanto, com o século XIV começava a acontecer uma revolução cultural. Dava-se inicio ao Renascimento. Os renascentistas, baseados na percepção da filosofia grega que deram inicio ao questionamento do mundo de maneira reflexiva (como foi apresentado de forma sucinto anteriormente no texto), assim, eles rejeitavam todo e qualquer pensar sobre a cultura medieval, que está ligada diretamente aos valores da igreja, no caso, a Católica. Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Página 3 de 39 O pensamento renascentista proliferou-se por muitas partes da Europa e passaram a influenciar a arte, a ciência, a literatura e a filosofia, apresentando e defendendo o pensamento crítico. Nesse período se constitui um novo olhar de forma mais realista, e aparecem pensadores que passam a investigar a sociedade. Dentre eles Nicolau Maquiavel (1469- 1527), em que sua obra O Príncipe, faz uma espécie de manual de guerra para Lorenzo de Médici. Ali comenta como o governante pode manipular os meios para a finalidade de conquistar e manter o poder em suas mãos. Obras como esta dão um novo olhar para sociedade; através da razão os homens poderiam dominar a sociedade, longe das influências divinas. O Iluminismo “Esclarecimento [Aufklärung] é a saída do homem de sua menoridade da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento.” (KANT, 1783) No século XVIII, na Europa tem um momento que fica conhecido como Iluminismo, tem o seu inicio na Inglaterra e na França, mas com o decorrer do tempo espalhou-se dentro do continente europeu com ideias que valoriza a ciência e a racionalidade no entendimento da vida social que passou a ser mais forte ainda. No domínio da cultura, na Europa do século XVIII assistiu ao grande desenvolvimento da Filosofia das Luzes, as suas ideias tinham por base o racionalismo, isto é, a primazia da razão humana como fonte do conhecimento. A insatisfação generalizada que reinava na Europa, devida à opressão exercida pela política dos governos absolutistas, que era combatida pelo Iluminismo, com intensa produtividade de artistas, homens de ciência e filósofos e colaborou decisivamente para mudar as formas de pensar, sentir e agir das pessoas esse período. O absolutismo, que começou a surgir na Europa ainda no final da Idade Média, no século XV, em que o rei concentrava todo o poder em suas mãos e governava sendo considerado um representante divino na terra, uma voz de Deus, na qual até a igreja raramente se sujeitava. A principal característica das ideias iluministas se constituiu na explicação racional das questões que envolviam a sociedade, ou seja, seus conflitos sociais. Com o desenvolvimento desta corrente filosófica a sociedade passou a ser pensada por vários autores como: Voltaire (1694-1778), filósofo que defendia a razão e combatia o fanatismo religioso; Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), que estudou sobre as causas das desigualdades sociais e defendia a democracia; Montesquieu (1689-1755), que criticava o absolutismo, e defendia a criação de poderes separados (legislativo, judiciário e executivo), os quais dariam maior equilíbrio ao Estado, uma vez que não haveria centralidade de poder na mão do governante. Pois bem, o Iluminismo trás através de seus pensadores e suas teorias sobre a sociedade, neste período do surgimento é que se consolida toda preparação para uma ciência que viesse contribuir com a interpretação dos movimentos da sociedade. O Iluminismo combatia: O absolutismo Monárquico; O mercantilismo: a intervenção do estado na vida econômica; O argumento do direito divino dos reis; A participação da igreja na vida pública. As principais ideias defendidas pelo Iluminismo: A igualdade Jurídica; A tolerância religiosa ou filosófica; A liberdade pessoal e social; Direito a propriedade privada; Defesa do contrato como mediador das relações sociais. Depois de toda essa apresentação sobre o processo histórica desde a antiguidade até a era moderna, onde damos inicio a análise de duas grandes causas importantíssimas para o surgimento da Sociologia enquanto Ciência. Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Página 4 de 39 Essas duas grandes causas são: a Revolução Industrial em (1760), e a Revolução Francesa (1789). Revolução Industrial A Revolução Industrial se constitui como causa econômica, com grande expansão do comercio ultramarino (grande demanda de produtos). Dentro desse processo acontecem grandes transformações sociais. A expressão Revolução Industrial foi difundida a partir de 1845, por Friedrich ENGELS (1820-1895) um dos fundadores do socialismo científico, para designar o conjunto de transformações técnicas e econômicas que caracterizam a substituição de energia física pela energia mecânica, da ferramenta pela máquina e da manufatura pela fábrica no processo de produção capitalista. Até então um país como a Inglaterra que tinha sua produção na mão do artesão agora com as grandes navegações e suas demandas de produtos tem que buscar uma forma de produzir em alta escala, foi o grande precursor do capitalismo, ou seja, a passagem do capitalismo comercial para o capitalismo industrial. Escritores consagrados como Adam Smith, Karl Marx, Eric Hobsbawm entre outros exploram a importância da Revolução Industrial e o surgimento do capitalismo moderno. A Revolução Industrial acelerou o processo de migrações ou êxodo rural do campo para a cidade, o que intensificou o crescimento da população urbana e contribuiu para a formação de uma nova classe social, e esse novo fenômeno social trás, mão de obra abundante e barata, ou seja, a classe operária. A jornada de trabalho nas primeiras décadas de industrialização tinha uma duração de 14 a 16 horas diária. Os baixos salários, em consequência de abundância da mão de obra e da utilização das máquinas reduziram o preço da força de trabalho a níveis de mera substância. Causas gerais da Revolução Industrial Entre os diversos fatores que se encontram na origem do processo de industrialização, seis merecem destaque especial: O aparecimento das máquinas: Máquina a vapor (Thomas Newcomen –1712), Revolução Comercial: Criou condições para a Revolução Industrial; Acumulação de capitais: comércio, exploração colonial, tráfico negreiro, desenvolvimento manufatureiro, etc; Apropriação dos meios de produção pela burguesia: terras, manufaturas, fontes de energia; Expansão dos mercados: Expansão marítima e colonial, origens da globalização, difusão do trabalho assalariado; Formação da classe operária: êxodo rural, ruína dos artesãos independentes, divisão e especialização do trabalho. Aspectos sociais da Revolução Industrial: Consolidação da sociedade capitalista e da hegemonia burguesa. Burguesia: banqueiros, investidores, grandes industriais e comerciantes, latifundiários. Pequena burguesia: pequenos empresários e proprietários, profissionais liberais, funcionalismo publico, técnicos, gerentes. Proletariado: operariado, trabalhadores assalariados urbanos e do campo. Utilização das máquinas e novas fontes de energia; Revolução nos transportese nas comunicações. Revolução Francesa A Revolução Francesa (1789) se constitui como uma causa histórica política. Afinal foi com ela que a burguesia ascendente assumiu o poder político usando o povo, a nobreza e o claro Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Página 5 de 39 tentavam sabota qualquer tentativa de reforma, a pequena burguesia que participou ativamente da revolução entres eles, os pequenos comerciantes, os artesãos contra os reis franceses que foram guilhotinados, o disseminado os princípios da Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Podemos entender essa luta de duas classes ou sociedades antagônicas, de dois sistemas de Estado o Absolutismo e o Liberalismo. A sociedade francesa estava dividida em: Burguesia: As pessoas que moravam nos núcleos urbanos (burgos), eram identificadas como sendo os burgueses. Mas com o passar dos tempos, essa denominação ficou apenas para os que haviam enriquecido com o comércio, sobretudo os comerciantes e banqueiros. As principais causas da Revolução Francesa foram as seguintes A crise financeira sofrida pelo país antes da revolução (uma das principais causas); Os envolvimentos da França na Guerra de Independência dos Estados Unidos, além da participação e derrota na Guerra dos Sete Anos; O regime político do país, que era governado pelo absolutismo do rei; A ascensão da classe burguesa, que desejava mais liberdade em relação ao comércio e o fim dos altos impostos. O movimento cultural e intelectual iluminista, que buscava a reforma social e o fim dos pensamentos medievais. A Sociologia esboçou-se enquanto ciência no encalce do pensamento positivista, vinculada à ordem das Ciências Naturais, defendida por dois dos maiores pensadores: Auguste Comte e Êmille Durkheim. Tanto Comte quanto Durkheim, compartilhavam das mesmas preocupações sobre como resolver os graves problemas sociais, adquirido com advento dos meios de produção capitalista, que teve grande influência das duas revoluções burguesas, dessa forma ambos buscam o entendimento e a compreensão destes conflitos sociais surgido na sociedade como: a miséria, o desemprego, alcoolismo e as consequentes greves e rebeliões operárias. Buscava com essa nova ciência implantar uma nova educação, capaz de adequar devidamente os indivíduos à nova sociedade, com resgate de valores morais – como a solidariedade – e estabelecer relações estáveis entre as pessoas, independente da classe social e à qual se vinculem. Depois de todo esse processo histórico e já com o surgimento da sociologia em quanto ciência, e sua consolidação, assim, ocorrer sua inserção no pensamento intelectual da sociedade moderna em volta dos movimentos sociais organizados, esta ciência teve sua inserção de uma forma completa nas três correntes do pensamento filosófico centrais, que tem como finalidade analisar, compreender, explicar e dar respostas aos fenômenos (acontecimentos) sociais, políticos, econômicos e culturais. A partir da consolidação da sociedade capitalista nos séculos XVIII, XIX e XX as três correntes filosóficas buscam expor não dentro da mesma ótica, necessariamente, seja ela com a mesma analise ou com os mesmos princípios, mas, no entanto, em diferentes olhares e percepção da compreensão metodológica na construção e desenvolvimento dos conflitos e práticas sociais. Lembrete aos alunos PIA, fiquem atentos as essas observações e definições abaixo. O contexto histórico do surgimento da sociologia dentro de um processo de transformação, que se constitui em causas econômicas, causas históricas e conceitos entre outros, assim elencarei alguns. Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Página 6 de 39 Idade Moderna: transição do feudalismo para o capitalismo. Revolução industrial: é afirmação do modo de produção capitalista. Século XIX: Consolidação da burguesia e da sociedade capitalista. Urbanização: formação da classe operária, setores marginalizados. Iluminismo: racionalismo, desenvolvimento cientifico e tecnológico. Problemas sociais e criticas as contradições do sistema capitalista. Atenção: Iluminismo: movimento intelectual que surgiu e se desenvolveu na Europa no século XVIII, o Iluminismo teve significativa influência nas transformações políticas e econômicas ocorridas nesse período. Suas propostas mais relevantes foram a defesa da liberdade econômica e política e a valorização da ciência como principal meio de compreensão do mundo, deixando em segundo plano as explicações religiosas e superstições oriundas das tradições e do senso comum. Seus ideais serviram aos interesses da burguesia nascente contra a estrutura social do Estado absolutista. John Locke, Voltaire, Charles de Montesquieu, Jean-jacques Rousseau e Adam Smith são os representante mais importante do Iluminismo e tiveram um papel central na construção do pensamento social contemporâneo. Ciências Sociais: Área do conhecimento formada por três disciplinas, principalmente: Antropologia, Sociologia e Ciência Política. Em conjunto, elas buscam compreender a realidade e propor soluções para inúmeros conflitos sociais contemporâneos. Ainda que, na prática, a divisão entre as três ciências não seja rigorosa, por convenção a Antropologia prioriza os fenômenos culturais; a Ciência Política, as relações de poder e instituições políticas; e a Sociologia, a análise das relações e estruturas sociais. Sociologia e sua interpretação: Diferentemente dos modos de organização da vida social que a precederam, a sociedade contemporânea, devido ao papel exercido pelo conhecimento cientifico, tem sido capaz de produzir diferentes explicações sobre si mesmo. Muitas das reflexões construídas se devem a análises sociológicas da realidade social. Se pensar sobre a vida social é uma característica das sociedades humanas, com a Sociologia esse pensar adquire um rigor e uma perspectiva singulares, que se expressam na construção de diferentes métodos de análise da realidade social. Estuda as relações sociais e as formas de associação, considerando as interações que ocorrem na vida em sociedade. A Sociologia envolve, portanto, o estudo dos grupos e dos fatos sociais, a divisão da sociedade em classes e camadas, da mobilidade social, dos processos de cooperação, competição, conflito na sociedade etc. Sociedade - complexo de relações humanas, ou seja, um sistema de interação; Social - qualidade de interação, inter- relação e reciprocidade. Augusto Comte (1798 - 1857), Émile Durkheim (1858 - 1917), Karl Marx (1818 - 1883) e Mar Weber (1864 - 1920). Esses autores são considerados como os clássicos da Sociologia e propulsores dessa corrente que influenciaram e ainda influenciam na manutenção ou na mudança das relações sociais, consequentemente no modo de produção capitalista. É fundamental compreender estes autores para melhor analisar o contexto e momento histórico vivenciado, analisando quais foram os seus legados à sociologia, moderna e contemporânea. Vamos conhecer um pouco mais sobre os clássicos da Sociologia. Isidore Augusto Merie Xavier Comte (1798 - 1857), nascido em 19 de janeiro em Montpellier, Fraça, filósofo de família católica. Iniciou seus estudos no liceu de Montpellier. Mas tarde aos 16 anos ingressou na Escola Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Página 7 de 39 Politécnica de Paris. É considerado o pai da Sociologia. Foi ele quem pela primeira vez usou essa palavra, em 1839, em seu Curso de filosofia positiva, entendido por ele como “física social”. Para Comte, o conhecimento da sociedade visava ao restabelecimento de sua “ordem”. Para conhecera sociedade era preciso os mesmos procedimentos investigativos das ciências naturais, tais como a observação, experimentação e a comparação. Comte faz parte de um grupo de pensadores classificado como conservador, pois suas ideias propõem a estabilidade e desenvolvimento da sociedade capitalista. Segundo ele, a sociedade estava passando por um estado de “caos social” pós-revolucionários, seja porque as ideias religiosas não mais serviam de modelo de conduta para os homens e, portanto, não se prestava a reorganizar a sociedade. A sociologia de Comte pregava a necessidade de reconciliação entre a “ordem” e o “ progresso”, sendo a ordem existente o ponto de partida para a nova sociedade, já o progresso se apresentaria como consequência da ordem existente. Suas principais obras são, Política positiva ou tratado de sociologia instituindo a religião da humanidade e o catecismo positivista ou exposições sumárias. Comte desenvolveu a lei dos três estados: todas as ciências e o espírito humano como um todo se desenvolve por meio de três fases distintas: Teológica: A explicação sobre os acontecimentos e os fenômenos ocorre a partir da crença na intervenção de seres pessoais e sobrenaturais. O mundo torna-se compreensível somente através das ideias de deuses e espíritos. A mentalidade teológica também desempenhava o papel de coesão social, fundamentando a vida moral. Metafísica: Atribui forças para explicar os diferentes grupos de fenômenos em substituição às divindades da fase teológica. Fala-se em forças físicas, forças químicas, força vital. Diferença: metafísica coloca o abstrato no lugar do concreto e a argumentação no lugar da imaginação. Positiva: Caracteriza-se pela subordinação da imaginação e da argumentação à observação. A visão positiva dos fatos abandona a consideração das causas dos fenômenos e torna-se pesquisa de suas leis, entendidas como relações constantes entre fenômenos observáveis. Empregar o mesmo método para todos os campos científicos – convergências e homogeneidade de teorias. A previsibilidade científica permite o desenvolvimento da técnica. Para Conte a duas categorias centrais em sua Sociologia. A Estática e a Dinâmica social, a estática consiste no estudo do consenso social, ele faz uma comparação com um organismo vivo, se por um lado à estática se presta a fazer a analise da estrutura da sociedade, por outro, analisa aos elementos que determinam o consenso social, daquilo que faz os indivíduos uma coletividade e das instituições uma unidade. Já a Dinâmica é a descrição das etapas sucessivas percorridas pelo processo histórico das sociedades humanas, comandada por leis. Essa esta subordinada a Estática. Émille Durkheim (1858-1917) Contribuição: estabelecer a sociologia um objeto (Fato social) e um método (Funcionalista), em sua obra As regras do método sociológico Émile Durkheim (1858-1917), nasceu em Epinal, na Alsácia. Era descendente de uma família de rabinos. Iniciou seus estudos filosóficos na Escola Normal Superior de Paris, indo depois para a Alemanha. Lecionou Sociologia em Bordéus, primeira cátedra dessa ciência criada na França. Transferiu-se em 1902 para Sorbone, para onde levou inúmeros cientistas entre eles seu sobrinho Marcel Mauss, reunindo-os num grupo que ficou conhecido como a escola sociológica francesa. Suas principais obras foram: Da Divisão do Trabalho Social; As Regras do Método Sociológico; O Suicídio; Formas Elementares da Vida Religiosa; Educação e Sociologia; Durkheim delimitou claramente o objeto do estudo da sociologia, o Fato Social. Em seu livro “As regras do método sociológico”, Durkheim mostra que em todas as sociedades existe um grupo determinado de fenômenos que são exteriores ao individuo e exercem um poder coercitivo sobre o mesmo, a este ele denominou Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Página 8 de 39 de fato social, o FATO SOCIAL em Durkheim consiste na maneira de pensar, sentir e agir exteriores ao individuo dotadas de um poder de coerção reconhecida para a existência de alguma sanção determinada. Durkheim ao definir os fatos sociais, mostra consequentemente que o homem é mais que um formador da sociedade é um produto dela, ou seja, ao receber das instituições sociais uma série de princípios que nos é passado, em grande parte, através da educação, princípios morais, religiosos, éticos ou de comportamento, qualquer desvio a estes percebe uma grande repressão por parte da consciência pública, que segundo Durkheimt “reprimem todos os atos que a ofendam, através da vigilância que exercem sobre a conduta dos cidadãos e das penas especiais que dispões” (Durkheim, 1968, p. 390). Durkheim parte da ideia de que o indivíduo é produto da sociedade. Como cita Aron, “[…] o indivíduo nasce da sociedade, e não a sociedade nasce do indivíduo” (2003, p. 464). O indivíduo e a sociedade, para Durkheim, compõem uma inter-relação conjugada, onde uma parte pertence ao outro em harmonia constante. Na verdade, uma tensão entre indivíduo e sociedade seria um equívoco em termos, pois o indivíduo não existe em sua plenitude, ou seja, as ações sociais não dependem do indivíduo, mas sim, do coletivo. Fato social tem que ter três características: Coerção social; Exterioridade; Generalidade; Coerção social: A força que obriga o indivíduo a conduta e a formas de pensar específicas – manifestas em representações coletivas e regras de comportamento. Exemplos: modelos de relações familiares, religião, língua, códigos legais etc. Coerção social direta: direito, educação, família e religião; Coerção social indireta: língua, sistema econômico, desenvolvimento tecnológico. “A coerção social não exclui necessariamente a personalidade individual”. Exterioridade: Existem e atuam sobre os indivíduos independentemente de sua vontade ou de sua adesão consciente, ou seja, eles são exteriores aos indivíduos. As regras sociais, as crenças, os costumes, as leis e os valores já existem antes do nascimento das pessoas; são a elas impostos por mecanismos de coerção social, como a educação. Portanto, os fatos sociais são ao mesmo tempo coercitivos e dotados de existência exterior às consciências individuais. Uma conclusão lógica importante é que todo processo de socialização implica um alto grau de coerção (imposição). Generalidade: É social todo fato que é geral, que se repete em todos os indivíduos ou, pelo menos, na maioria deles. Os fatos sociais manifestam sua natureza coletiva ou um estado comum ao grupo, como as formas de habitação, de comunicação, os sentimentos e a moral. A generalidade distingue o essencial do fortuito e especifica a natureza sociológica dos fenômenos. Mas, um fato social é geral porque é coletivo, mas não pode ser considerado um fenômeno coletivo apenas por ser geral. Quando falamos em um fato coletivo, afirmamos que esse fato é independente de suas manifestações individuais. Dito de outro modo, um fato não é social por ser generalizado em uma dada coletividade, porém é geral para a coletividade por ser social. A Consciência Coletiva: É de certo modo a moral vigente da sociedade. A consciência coletiva manifesta-se nos sistemas jurídicos, nos códigos legais, na arte, na religião, nas crenças, nos modos de sentir, nas ações humanas. Existe difundida na sociedade e é interiorizada pelos indivíduos Para Durkheim, a sociedade è mais do que a soma dos indivíduos e o todo (a sociedade) prevalece sobre as partes (os indivíduos). Depois que Durkheim fala sobre a consciência coletiva ele cria o conceito de representações sociais que são estados de consciência coletiva Solidariedade orgânica emecânica: Durkheim enfatiza a respeito da consciência coletiva, as normas, um padrão que uma sociedade segue e desenvolve uma solidariedade social, onde se faz referência de dois tipos desta solidariedade: a solidariedade mecânica e a solidariedade orgânica. Assim a função da solidariedade é torna o indivíduo Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Página 9 de 39 integrante do todo, tirando lhe parte de seus movimentos. Assim ele distingue dois tipos de solidariedade, que correspondem a duas formas de organização social, diferenciando-se pelo fundamento da coesão social. O primeiro tipo de solidariedade se encontra nas sociedades antigas, pré- capitalistas, e pode ser chamada de solidariedade mecânica, que mantém unida devido aos seus membros possuírem características iguais. Ao contrário da solidariedade mecânica, a sociedade moderna, a partir da Europa industrializada do século XIX, caracteriza-se pela solidariedade orgânica. Trata-se de uma sociedade complexa fundamentada na divisão do trabalho, segundo o princípio da especialização, e seus laços resultam da diferenciação, ou se exprimem por seu intermédio. A solidariedade cria-se através de redes de relacionamento entre indivíduos e grupos, onde cada um deve respeitar as obrigações assumidas por contrato. Anomia: Carência de regulamentação social, ausência de regras sociais. Durkheim vai considerar o capitalismo perfeito, porque gera a produtividade, a divisão do trabalho, dependência dos indivíduos e solidariedade. E como explicar os suicídios, criminalidade, violência? A crise da sociedade é uma crise moral! Ou as normas estão falhando (fato patológico) ou há ausência de normas (anomia) Karl Heinrich Marx (1818 - 1883): Marx nasceu em tréves, sul da Prússia Ranânia, pertence hoje à Alemanha ocidental, descendente de judeus, tinha uma vida de classe média em virtude do seu pai que teve de mudar de nome por ser de origem judia, posteriormente se envolveu com os movimentos sociais organizados e abdicou de muitos saberes característicos da classe média. Em 1848, Marx foi convidado pelo movimento operário para expor suas ideais de como deve ser uma sociedade sem exploração, foi quando escreveu uma de suas obras o manifesto comunista, expulso pelo governo da Bélgica, Marx instalou-se definitivamente na Inglaterra. Sua vida foi constantemente em defesa da classe trabalhadora essa escolha fez com que passasse por momentos difíceis, encontrava-se na pobreza e com sua mulher doente, o grande companheiro que lhe prestou ajuda financeiro e intelectual foi F. Engels. Suas principais obras - Manifesto do partido comunista, A luta de classes em França e O Capital. Principais contribuições de Marx, Descrever o funcionamento do capitalismo a partir dos processos e conexões existentes entre as unidades sociais envolvidas (assalariados, detentor do capital, ‘mercado’, competição) e suas motivações. A principal característica da sua teoria (ex. teoria do conflito)? A luta de classes. Sendo as classes caracterizadas pela posse ou não dos meios de produção. O pensamento de Marx: Filosofia alemã Socialismo utópico francês Economia política clássica inglesa A luta de classes: Marx pretendendo caracterizar não apenas uma visão econômica da historia, mas também uma visão histórica da economia, a teoria marxista também procura explicar a evolução das relações econômicas nas sociedades humanas ao longo do processo histórico. Segundo a concepção marxista, uma permanente dialética das forças entre poderosos e fracos, opressores e oprimidos, a historia da humanidade seria construída por permanente luta de classes, como deixa bem claro a primeira frase do primeiro capitulo de sua obra O Manifesto comunista. “A historia de toda sociedade passada é a historia da luta de classes”. Para Engels a classe era “os produtos das relações econômicas de sua época”. Não importando a diversidade de classes, escravidão, servidão e capitalista, para ele seria as etapas de um processo único. A base da sociedade é a produção econômica. Devemos entender que na visão dele sobre a base econômica se ergue uma superestrutura, ou seja, um estado de ideias econômicas, sociais, políticas, morais, filosóficas e artísticas. No pensamento de Marx deveria ocorrer uma inversão da pirâmide social, para o Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Página 10 de 39 autor o poder deveria esta na mão da maioria, os proletários assim se constituíam a única forma de destruir a sociedade capitalista, e daí construir uma nova sociedade mais justa, o socialismo. Burguesia: detentora dos meios de produção Proletariado: Vendedor de sua própria força de trabalho Marx apresenta o Conceito de mais-valia: A mais-valia é constituída pela diferença entre o preço pelo qual o empresário compra a força de trabalho (6 horas) e o preço pelo qual ele vende o resultado (10 horas por exemplo). Desse modo, quanto menor o preço pago ao operário e quanto maior a duração da jornada de trabalho, tanto maior o lucro empresarial. Mais-valia absoluta e mais-valia relativa: A produção da mais-valia absoluta se realiza com o prolongamento da jornada de trabalho além do ponto em que o trabalhador produz apenas um equivalente ao valor de sua força de trabalho e com a apropriação pelo capital desse trabalho excedente. [...] [A mais- valia relativa] pressupõe que a jornada de trabalho já esteja dividida em duas partes: trabalho necessário e trabalho excedente. Para prolongar o trabalho excedente, encurta-se o trabalho necessário com métodos que permitem produzir-se em menos tempo o equivalente ao salário. A produção da mais valia absoluta gira exclusivamente em torno da duração da jornada de trabalho; a produção da mais-valia relativa revoluciona totalmente os processos técnicos de trabalho e as combinações sociais. (MARX, 2006b, p. 578 – meu grifo). O capitalismo e seu modo de produção: Tem seu início na Europa. Suas características aparecem desde a baixa idade média (do século XI ao XV) com a transferência do centro da vida econômica social e política dos feudos para a cidade. Com o absolutismo e com o mercantilismo o Estado passava a controlar a economia e a buscar colônias para adquirir metais (metalismo) através da exploração. Isso para garantir o enriquecimento da metrópole. Esse enriquecimento favorece a burguesia – classe que detém os meios de produção - que passa a contestar o poder do rei, resultando na crise do sistema absolutista. E com as revoluções burguesas, como a Revolução Francesa e a Revolução Inglesa, estava garantido o triunfo do capitalismo. É composto pelos meios de produção e as relações de produção. Meios de produção: Máquinas, ferramentas, tecnologia, força de trabalho. Relações de produção: Somente por meio delas se realiza a produção. Elas variaram de acordo com os meios de produção. São as próprias relações e organizações entre os homens. Alienação: Assim, quanto mais o mundo das coisas aumenta de valor, mais o mundo dos homens se desvaloriza. Ocorre então a alienação, já que todo trabalho é alienado, na medida em que se manifesta como produção de um objeto que é alheio ao sujeito criador. O raciocínio de Marx é muito simples: ao criar algo fora de si, o operário se nega no objeto criado. É o processo de objetificação. Por isso, o trabalho que é alienado (porque cria algo alheio ao sujeito criador) permanece alienado até que o valor nele incorporado pela força de trabalho seja apropriado integralmente pelo trabalhador. Materialismo Histórico: Na teoria marxista, o materialismo histórico pretende a explicação da história das sociedadeshumanas, em todas as épocas, através dos fatos materiais, essencialmente econômicos e técnicos. A sociedade é comparada a um edifício no qual as fundações, a infra-estrutura, seriam representadas pelas forças econômicas, enquanto o edifício em si, a superestrutura, representaria as ideias, costumes, instituições (políticas, religiosas, jurídicas, etc). A propósito, Marx escreveu, na obra A Miséria da filosofia (1847) na qual estabelece polêmica com Proudhon: As relações sociais são inteiramente interligadas às forças produtivas. Adquirindo novas forças produtivas, os homens modificam o Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Página 11 de 39 seu modo de produção, a maneira de ganhar a vida, modificam todas as relações sociais. O moinho a braço vos dará a sociedade com o suserano; o moinho a vapor, a sociedade com o capitalismo industrial. Tal afirmação, defendendo rigoroso determinismo econômico em todas as sociedades humanas, foi estabelecida por Marx e Engels dentro do permanente clima de polêmica que mantiveram com seus opositores, e atenuada com a afirmativa de que existe constante interação e interdependência entre os dois níveis que compõe a estrutura social: da mesma maneira pela qual a infra-estrutura atua sobre a superestrutura, sobre os reflexos desta, embora, em última instância, sejam os fatores econômicos as condições finalmente determinantes. Para entendemos o processo da interpretação dialética: Sua analisa parte da história como um movimento perpétuo e contínuo. (Heráclito). Assim se desenvolve um movimento consequente das próprias ações dos homens. Dessa forma se constitui uma reflexão crítica sobre a realidade. Marx explica que somente a dialética consegue apreender os movimentos do real. Dentro desse processo tem um papel central no pensamento na apreensão do real, esse pensamento está inserido no próprio real, entretanto os filósofos até hoje se preocuparam apenas em interpretar o mundo; trata-se, porém, de transformá-lo. Como se constitui a infra-estrutura na sociedade na visão de Marx: A essência do sistema do pensamento de Marx é caracterizado a partir do modo de produção capitalista. A alteridade da sociedade devemos entender a partir da análise das relações de produção. A relação que entendemos como valor de troca, tem como mecanismo em que todos os produtos são mercadorias. Características da Mercadoria: As mercadorias são produtos da relação humana entre o trabalho e o seu valor, a quantidade de trabalho. Unidade básica do MPC (modo de produção capitalista), pela qual se caracteriza o sistema capitalista. Valor de Uso: Utilidade da mercadoria (Qualitativo). Valor de Troca: usa-se a reprocidade, ou seja, a troca se realiza em um produto por outro, isso chamamos de mercadoria (Quantitativo). A troca: É a própria relação entre as mercadorias; assim o valor de uma mercadoria se apresenta em uma mercadoria diferente, ou seja, outra relação. O dinheiro em Marx, para ele, se configura em outra mercadoria qualquer. O dinheiro é tido como o equivalente universal de troca, com o advento do sistema capitalismo, passa ser o centro das relações sociais, ou seja, compra tudo que desejar. As transformações que a mercadoria causa: O trabalho é transformado em mercadoria. O individuo passa a ser mercadoria quando vende sua força de trabalho. Isto é, produzimos mercadorias e paradoxalmente somos mercadorias. Só nos comunicamos por intermédio dos produtos do trabalho, ou seja, por intermédio das mercadorias. Expressa toda a supremacia do Valor de Troca sobre o Valor de Uso. É a mercantilização de qualquer ou forma de relação social. O conflito da produção expresso na Superestrutura e o papel do Estado: O antagonismo entre as relações da burguesia verso proletariados se apresenta também na superestrutura. O Marx denomina de Lutas de Classes, que perpassa a dimensão de luta econômica e chega também na relação (luta) política entre as duas classes. Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Página 12 de 39 A luta de classes se constitui como uma animação, sem a compreensão do Estado. O Estado precisa ser entendido como um intermediador entre a superestrutura e o poder organizado de uma classe social, que detém os meios de produção, a Burguesia e o Estado que mantém uma relação de interesse. Estado e Sociedade: O Estado não está separado da sociedade. O Estado é produto das relações contraditórias apresentadas na própria sociedade. O Estado é a expressão máxima da relação de produção específico do capitalismo. O monopólio do aparelho estatal, diretamente ou por meio de grupos de interesses, é a condição básica do exercício da dominação. O poder político é em sua organização, o poder organizado de uma classe dominante, (a burguesia) para a opressão das outras classes sociais. Max Weber (1864-1920): Marx Weber nasceu na Alemanha, em 21 de abril de 1864. Doutorou-se em Direito em 1889. Lutou contra o pensamento conservador e marxista do seu tempo, defendeu um Estado Liberal, democrático e constitucional, que fosse capaz de barrar a ditadura burocrática alemã, que em sua época estava sob o controle dos monarcas. Defendeu uma sociologia compreensiva, pautando-se diretamente na matéria, na história e valores. Percebendo que as ações que o individuo desenvolve, um fator básico em virtude de ser único portador de conduta significativa, cada um possui uma especificidade. Assim Weber busca compreender a ação social do individuo, o valor que o ator atribui a sua conduta. A partir dessa visão Weber entende que pode compreender o individuo através dos valores adquiridos e das obras que o constituíram. Sociologia para Weber: A sociologia em Weber é uma ciência que tem como objetivo, a compreensão interpretativa da ação social, e esse último termo será reservado à ação cuja intenção fomentada pelos indivíduos envolvidos se refere à conduta de outros, orientando-se de acordo com ela. (Weber, 1987, p. 9). Características para se compreender Weber: Objetivo do Weber: compreender a singularidade do mundo ocidental. Metodologia: Compreensiva e explicativa. Objeto de Estudo: Ação social, seus contextos e efeitos. Problemática: racionalização do mundo e seus efeitos. Tipo Ideal: instrumento metodológico. O papel social: é aquilo que você faz dentro da sociedade em um determinado momento, isso é o papel social. O status social: é a sua realidade social naquele instante, naquele momento. Instituição Social: são aquelas organizações existentes na sociedade que tem como OBJETIVO EDUCAR o individuo para a VIDA SOCIAL. Então são as instituições sociais que regulam as ações sociais que dizem o que ou não ser feita. Weber vai analisar os sentidos das ações sociais e para ele pode interder melhor essas relações, vai caracterizar tipos ideais. O autor vai classificar categorizar as ações em tipos ideais. A sociologia é uma ciência compreensiva e explicativa, a sociologia compreende, interpreta, explica a causalidade. O conceito de ação social: A ação social é um sistema de objetivos mais adequados para uma transformação das sociedades. Só existe, uma ação social quando o indivíduo estabelece uma comunicação com os outros, sendo que tal indivíduo deseje ou não passar por aquela transformação. Um exemplo que Max Weber cita é que, quando se tem uma eleição, os eleitores definem seu voto a partir da Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Página 13 de 39 ação, opiniões dos outros que estão ao seu redor, ou seja, os indivíduos nãoconseguem ter suas próprias ações. Para Weber, a ação social. Muita atenção: Nos conceitos de ação social e definição de seus diferentes tipos, Weber não analisa as regras e normas sociais como exteriores aos indivíduos. Para ele as normas e regras sociais são o resultado do conjunto de ações individuais que se ligam a outros indivíduos formando uma teia de sentidos. Tipo Ideal Weberiano: O tipo ideal é obtido mediante o encadeamento de um conjunto de fenômenos isoladamente dados, que se ordenam segundo os pontos de unilateralmente acentuados, a fim de se formar um esquema homogêneo de pensamento. “um tipo ideal é a seleção arbitrária das características de um fenômeno a partir das inúmeras qualidades presentes na realidade, sem nenhuma tentativa de colocá-lo em uma relação superordenada”. Tipos de ação social: são 4 segundo Weber: Racional com relação ao objetivo: é a ação social determinada pelo cálculo racional que coloca fins e organiza os meios necessários. Ex.: a construção de uma ponte, a atuação no mercado de ações, a administração de uma empresa. Racional com relação a valores: É aquela definida pela crença consciente no valor de uma determinada conduta orientada por um princípio ético, estético, religioso ou na defesa da “honra”. Ex.: Ceder o lugar no ônibus a um idoso ou devolver o troco errado. Em ambos os casos a ação social é orientada pela sociedade baseados em valores. Ação tradicional: aquela determinada por um costume ou um hábito arraigado. Ex.: A tradição do kilt na Escócia (saias para homens), a troca de presentes no Natal e o chimarrão podem ser explicados na tradição por trás dessas práticas. A ação social, nesses casos, é baseada na tradição. Ação afetiva: é aquela definida pela reação emocional do sujeito quando submetido a determinadas circunstâncias. Ex.: a mãe que bate no filho por ele ter se comportado mal, o comportamento “diferente” de certas pessoas em festas e o cuidado dos pais por seus filhos. As três formas de legítimas de dominação: Retomando a questão do poder, para Weber, existe uma força que permite com que uns consigam se impor sobre os demais, sujeitando-os à sua vontade. Essa força está na fonte que legitima esse poder. Para distinguir e analisar essas fontes do poder na sociedade, Weber lança mão dos tipos ideais. O autor identifica três formas de dominação consideradas legítimas pelos sujeitos. Dominação Legal: Tipo de poder onde predominam normas impessoais e cargo. Um tipo de poder onde se predomina normas impessoais e hierárquicas. Normatização de uma ação. Ex. cargo público → juízes, policiais, prefeito. Dominação tradicional: A tradição é identificada por weber como uma fonte de poder. Nesses casos predominam características patriarcais e patrimonialista baseada na tradição. Assim, ela se sustenta nos costumes, nas relações sociais passada na tradição de um povo. Ex.: A tradição é uma das fontes de autoridade dos sacerdotes religiosos. Dominação Carisma: Predominam características místicas e de personalidade; há seguidores, devoção e respeito pela pessoa em si, não pelo cargo ocupado nem por alguma tradição que possa ampara-lo. ex.: líderes “populares” que, independentemente de cargos ou dinheiro são considerados autoridades e respeitados como tais. Líderes religiosos, políticos e artistas podem se valer do carisma como fonte de poder. Burocracia: A burocracia é uma forma de organização humana que se baseia na racionalidade, isto é, Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Página 14 de 39 na adequação dos meios aos objetivos (fins), para que se obtenha o máximo de eficiência possível para no alcance desses objetivos. Burocracia: tem a função de organizar racionalmente um espaço, um grupo, uma sociedade e um Estado. A burocracia é um instrumento de legitimação da autoridade, que queria buscar a perfeição no serviço prestado e exercido pelo burocrata. Racionalização: é o desenvolvimento da ciência, da tecnologia moderna e da burocracia. A burocracia organiza a vida econômica e social de acordo com os princípios de eficiência e na base do conhecimento técnico. Ex. na sociedade tradicional, a religião, e os costumes muito antigos definiam amplamente a atitude e os valores das pessoas. Já na sociedade moderna é marcada pela racionalização de mais e mais áreas da vida, política e religiosa. Principais características do tipo ideal de Burocracia (Max Weber): Finalidade: As burocracias são essencialmente sistemas de normas. A figura da autoridade é definida pela lei, que tem como objetivo a racionalidade das decisões em critérios impessoais. Impessoalidade: As pessoas são ocupantes de cargos ou posições formais. Alguns dos cargos são figuras de autoridade. A obediência é devido aos cargos, não aos ocupantes. Todas as pessoas seguem a lei. Profissionalismo: As burocracias são formadas por funcionários. Os funcionários são remunerados, obtento os meios para sua subsistência. As burocracias funcionam como sistemas de subsistência para os funcionários. Desencantamento do Mundo: Racionalização, Secularização e Desculturalização. Tudo o que é estamental, tudo que é sólido, se evapora, tudo que é sagrado é profanado... (Weber, ética Protestante e o Espírito do Capitalismo). E para tanto, são duas as forças que atuam neste processo de desencantamento do mundo. Uma delas é a própria religião que age num processo de “desmagificação” das vias de salvação; a outra é a ciência, uma força empírico- intelectual, que ao desencantar o mundo, o transforma num mero mecanismo causal. Assim, acontece o desencantamento do mundo todas as vezes em que os elementos mágicos do pensamento vão sendo desalojados do contexto religioso, e todas as vezes em que as ideias vão possuindo cada vez mais uma consistência sistemática e também naturalística, ou seja , científica. O Desencantamento do mundo: não é desencanto com outra pessoa, não é um estado de espírito. O desencantamento em sentido estrito se refere ao mundo da magia e quer dizer literalmente: tirar o feitiço, desfazer um sacrifício, escapar da praga rogada, derrubar um tabu, em quebrar o encanto. Tipos de Estado: O Estado Absolutista: Surgido em um período de confronto entre nobreza e clero – de um lado – e burguesia – de outro. A princípio a burguesia tentou estabelecer acordos políticos com os monarcas, que aproveitaram a disputa entre as camadas sociais para aumentar seu poder político. Surgiu um novo tipo de Estado, apoiado pela burguesia, que se estendeu por vastos territórios e centralizou as decisões políticas. O absolutismo teve em Thomas Hobbes (1588-1679) seu representante, cuja teoria procurava as origens do Estado e sua finalidade. Hobbes defendia um Estado soberano com representação máxima de uma sociedade civilizada e racional. No Absolutismo o poder político centralizou-se no interior do domínio nacional (ou territorial) e os parlamentos que surgiram nesse Estado funcionavam como órgãos consultivos, pois não eram permanentes e não tinham força perante o rei. Atenção: O Estado nunca interessou afastar a Igreja da vida política, pois o melhor seria submetê-la ao seu poderio e conservar sua função religiosa, que beneficiava o próprio Estado. Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Página 15 de 39 Estado Absolutista: surge em Portugal, no final do século XIV com a revolução de Avis. No reinado de Luis XIV (1638 - 1715) Ponto alto na França, no reinado do Rei Luis XIV (1638 - 1715). Frase que expressa o Absolutismo “O Estado sou eu”. Característica do Estado Absolutista: Controle econômico; Concessãode monopólios; Fixava o preço, tarifas; Administrava: as moedas, os metais preciosos; Acúmulos de bens → expressão máxima da riqueza de um país; Forma de administração do Estado: Centraliza e prática; Cuida do contingente militar, criando um exercito profissional; a) Impostos gerais→ que era para manter e sustentar o exercito. O Estado Absolutista colocou frente a frente: Os estamentos feudais dominante (nobreza e clero), e a burguesia→ classe em ascensão da época. Disputam interesses referentes: A justiça; Administração do patrimônio público; A administração econômica. O Estado Absolutista monárquico é o regime em que o monarca possui o poder absoluto, podendo decretar leis, criar e cobrar impostos, nomear funcionários, e manter um exercito permanente. O rei era a própria fonte do Direito, apoiado pela igreja e amparado pela teoria dos direitos divinos dos reis, segundo o qual os reis recebiam de Deus essa autoridade. O Estado Liberal: Estado liberal se encontra nos fundamentos da doutrina do direito natural, para a qual o Estado nasce de um contrato social estabelecido entre homens igualmente livres, com o único intuito da autopreservação e da garantia de seus direitos naturais. Eis os fundamentos do Estado liberal – a garantia das liberdades individuais advindas do estado natural concebida enquanto limites do poder concedido ao Estado. Ou seja, as liberdades individuais são elas próprias os limites do Estado liberal. O Estado liberal ergue-se sobre os pressupostos da limitação do poder estatal em contraposição ao poder estatal absoluto. O liberalismo parte de definições – de homem, sociedade e direitos individuais –, puramente gnosiológicas. No caso do progenitor do liberalismo político – o nominalista John Locke –, o homem emerge de uma concepção atomista psicológico-empírica de indivíduo, através da qual se afirma que as essências são todas de natureza nominal (LOCKE, 1999). O Estado que nasce a partir da pena de Hobbes tornou possível a unificação do poder, considerado absoluto justamente por ser superior a toda e qualquer forma de poder. Ou seja, o único capaz de produzir o direito, e, portanto, “[...] produzir normas vinculatórias para os membros da sociedade [...]” (BOBBIO, 1997, p.13) e para si próprio. Atenção: Estado soberano: e a forma constitutiva de poder que se estabelece não Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Página 16 de 39 reconhece e não pode reconhecer acima de si nenhuma forma superior de poder. Estado Liberal ou Liberalismo O Estado Liberal emergiu no século XVIII, reação ao Estado Absolutista. Valores primordiais do Estado Liberal: Individualismo; Liberdade; Propriedade privada; O Estado Liberal vem em oposição ao estado Absolutista, o Absolutismo se constitui em um Estado controlando tudo, já o Estado liberal prega uma Liberdade individual na sociedade, a burguesia precisava tirar da mão do rei o controle econômico, aja vista que neste período já estava se vivendo uma fase capitalista conhecida como capitalismo concorrencial. O Estado Liberal se dizia representante da sociedade, um papel de “Guardião da ordem”. O Estado Liberal não intervém nas relações entre indivíduos, mas cada individuo possa desenvolver suas atividades. Ele também estabelece a separação entre público e privado. A estrutura política do Estado Liberal: se fundamenta na ideia de Soberania Popular. EX.: Art. 1º da CF 88→ todo poder emana do povo, que exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, no termos da constituição. O Parlamento é a instituição central do Estado Liberal. Objetivo do Estado Liberal: A não intervenção do estado nas atividades econômica; Laissez – faire; laissez – passer ( deixai fazer, deixai passar), significa que a economia não deve se regulada pelo Estado, mas por si mesma, ou seja, pelo mercado. Essa regulamentação pelo mercado Adam Smith (1723 - 1790), vai chama de “a mão invisível”. Segundo Adam Smith, a plena liberdade para a produção e a circulação de mercadorias garantiria o pregresso das empresas e das nações, contribuindo até para a paz mundial. O pensamento liberal começaram a se arruinar no final do século XIX, e termina com a primeira guerra mundial (1914 - 1918), isso aconteceu por que a intensa concorrência entre empresas provocou o desaparecimento das pequenas firmas, que faliam ou eram compradas pelas maiores. A concentração ficou tão grande e o capital centralizou-se na mão tão poucos que a concorrência passou a ser entre países, e não mais só entre empresas. A “guerra” de mercado chegou a vias de foto, transformou-se numa guerra de verdade entre países. As crises econômicas tornaram-se frequente e a competição entre nações ficou ainda maior. A eclosão da primeira guerra teve origem nessas disputas entre nações europeias. O Estado Liberal-Democrático. As sociedades capitalistas, movidas pela burguesia revolucionaria, criaram o Estado Liberal Democrático, que entrou em prática em locais onde a burguesia se chocou com a nobreza e buscou apoio entre os operários e camponeses. O Estado de Bem-estar Social O Estado tem uma função interventiva e regulatória na área do Bem-estar Social. Tem ainda o objetivo de explicar como o poder de mobilização política contribuiu na constituição, a partir da referência teórica de Esping-Andersen, que enfatiza a interferência significativa dos mecanismos políticos e institucionais de representação para a construção de consensos na condução dos objetivos de bem-estar, emprego e crescimento (ESPING-ANDERSEN, 1995). O Estado de Bem-estar Social, visto que contemplam as distintas formas de articulação dos mecanismos de proteção social – Estado, mercado e família. O Estado do bem-estar social foi muito criticado por uma parcela da burguesia que afirmava que este não valia o quanto custava, pois os negócios ficavam comprometidos com tantos impostos e bloqueava-se o desenvolvimento econômico. Tentava resolver dois problemas: Os movimentos dos trabalhadores que exigiam melhores condições de vida. As necessidades do capital, que buscava alternativa para a construção de uma Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Página 17 de 39 nova ordem econômica mundial diante do bloco socialista. Características: É um sistema generalizado, que abrange o conjunto da população, seja qual for o seu estatuto de emprego ou o seu rendimento; É um sistema unificado e simples: uma quotização única abrange o conjunto dos ricos que podem causar privações do rendimento; É um sistema uniforme: as prestações são uniformes seja qual for o rendimento dos interessados; É um sistema centralizado: preconiza uma reforma administrativa e a criação de um serviço público único (ROSANVALLON, 1981, p.115). Intervenção na economia (regulando e subsidiando). Redistribuindo rendimento Finalidade Política: Era romper com o principio liberal. O capitalismo e o Estado Social propunham: Moradia digna, educação de qualidade, assistência à saúde, transporte coletivo, trabalho e Salário etc. O Estado direcionou suas propriedades para proporcionar trabalho para maior parte da população. Atenção: A brutal acumulação de riquezas impulsiona os conflitos entre as classes sociais, e o Estado vê-se obrigado a criar órgãos para atender as reivindicações populares, usando o que se chama de política de bem-estar social. Estado Neoliberal: Mas o que é neoliberalismo? Compreende a liberação e generalização das atividades econômicas, compreendendo a produção, distribuição, troca e consumo. A partir da décadade 1970, pós a crise do petróleo, houve nova necessidade de mudança na organização estatal, ou seja, no Estado. O capitalismo enfrentava vários desafios: As empresas Multinacionais (precisavam expandir-se); O desemprego crescente (nos EUA e nas maiorias dos países europeus); Os movimentos grevistas se intensificavam (em quase toda a Europa); Os países em desenvolvimentos (aumentavam seu endividamento). Os analistas tendo como referências os economistas: Friedriech Von Hayek (1899 - 1992) e Milton Friedman (1912 - 2006) atribuiu a crise aos gastos públicos as políticas sociais. As políticas sociais causaram: Déficits Orçamentários; Mais Impostos; Aumento da Inflação. OBS: Essas políticas sociais estavam comprometendo: A liberdade do mercado; A liberdade do individuo; →esses dois valores básicos do capitalismo. A política do Bem Estar dos cidadãos: Saúde; Educação pública; Previdência social; Seguro desemprego → deveria ficar por conta deles mesmo, já que gastam muito, os serviços públicos deveriam ser privatizados e pagos por quem o utiliza. Defendiam o “Estado Mínimo” → significava voltar ao que propunha o Liberalismo antigo, como o mínimo de intervenção estatal na vida das pessoas. Neste cenário e desça maneira aparece o Estado Neoliberal. A expressão maior desse modelo de Estado: Na Inglaterra com a Margareth Thatcher; Nos Estados Unidos com Ronald Reagan → mesmo no período desses dois governos o Estado não deixou de intervir na economia. Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Página 18 de 39 O Estado intervia: No orçamento Militar (que era altíssimo); Muitos gastos para amparar as grandes empresas; No sistema financeiro; Os setores atingidos pelas novas políticas: Assistência Social; Habitação; Transporte; Saúde Pública; Direitos trabalhistas; → Essa “NOVA” forma de liberalismo, atingiu diretamente os trabalhadores e os setores marginalizados da sociedade. Os neoliberais → diziam que era necessário ter mais rapidez para tomar decisões no mundo dos negócios, o capital privado precisava de mais espaço para crescer. Reforçavam os valores e o modo de vida capitalista: O individualismo; A livre iniciativa; O livre mercado; As empresas privadas; O poder do consumo; Com essas propostas, o que se viu foi a presença cada vez maior das grandes corporações produtivas e financeiras na definição dos atos do Estado, fazendo com que as questões políticas passassem a ser dominada pela economia. O que era público (comum a todos) passou a ser determinado pelo interesse privados, ou seja, por aquilo que é particular. Estado Socialista: A História das Ideias Socialistas possui alguns cortes de importância. O primeiro deles é entre os socialistas Utópicos e os socialistas Científicos, marcado pela introdução das ideias de Marx e Engels no universo das propostas de construção da nova sociedade. O avanço das ideias marxistas consegue dar maior homogeneidade ao movimento socialista internacional. Pela primeira vez, trabalhadores de países diferentes, quando pensavam em socialismo, estavam pensando numa mesma sociedade - aquela preconizada por Marx - e numa mesma maneira de chegar ao poder. Estado Comunista: As ideias básicas de Karl Marx estão expressas principalmente no livro O Capital e n'O Manifesto Comunista, obra que escreveu com Friedrich Engels, economista alemão. Marx acreditava que a única forma de alcançar uma sociedade feliz e harmoniosa seria com os trabalhadores no poder. Em parte, suas ideias eram uma reação às duras condições de vida dos trabalhadores no século XIX, na França, na Inglaterra e na Alemanha. Os trabalhadores das fábricas e das minas eram mal pagos e tinham de trabalhar muitas horas sob condições desumanas. Marx estava convencido que a vitória do comunismo era inevitável. Afirmava que a história segue certas leis imutáveis, à medida que avança de um estágio a outro. Cada estágio caracteriza-se por lutas que conduzem a um estágio superior de desenvolvimento. O comunismo, segundo Marx, é o último e mais alto estágio de desenvolvimento. Para Marx, a chave para a compreensão dos estágios do desenvolvimento é a relação entre as diferentes classes de indivíduos na produção de bens. Afirmava que o dono da riqueza é a classe dirigente porque usa o poder econômico e político para impor sua vontade ao povo. Para ele, a luta de classes é o meio pelo qual a história progride. Marx achava que a classe dirigente jamais iria abrir mão do poder por livre e espontânea vontade e que, assim, a luta e a violência eram inevitáveis. O Estado Anarquista: Foi à proposta revolucionária internacional mais importante do mundo durante a segunda metade do século XIX e início do século XX, quando foi substituído pelo marxismo (comunismo). O anarquismo prega o fim do Estado e de toda e qualquer forma de governo, que seriam as causas da existência dos males sociais, que Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Página 19 de 39 devem ser substituídos por uma sociedade em que os homens são livres, sem leis, polícia, tribunais ou forças armadas. A sociedade anarquista seria organizada de acordo com a necessidade das comunidades, cujas relações seriam voltadas ao autoabastecimento sem fins lucrativos e à base de trocas. A doutrina, que teve em Bakunin seu grande expoente teórico, organizou-se primeiramente na Rússia, expandindo-se depois para o resto da Europa e também para os Estados Unidos. O auge de sua propagação deu-se no final do século XIX, quando agregou-se ao movimento sindical, dando origem ao anarco sindicalismo, que pregava que os sindicatos eram os verdadeiros agentes das transformações sociais. Com o surgimento do marxismo, entretanto, uma proposta revolucionária mais adequada ao quadro social vigente no século XX, o anarquismo entrou em decadência. Sem, contudo, deixar de ter tido sua importância histórica, como no episódio em que os anarquistas italianos Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti foram executados por assassinato em 1921, nos EUA, mesmo com as inúmeras evidências e testemunhos que provavam sua inocência. Poder: Poder: “Poder significa a probabilidade de impor a própria vontade dentro de uma relação social, mesmo contra toda a resistência e qualquer que seja o fundamento dessa probabilidade”. A sociedade, para Weber, constitui, antes de qualquer coisa, um sistema de poder, não apenas nas relações entre classes, ou entre governantes e governados, mas igualmente nas relações cotidianas na família, na empresa, por exemplo. As pessoas se deparam a todo momento com o fato de que indivíduos ou conjunto de indivíduos têm maior ou menor possibilidade de impor a sua vontade a outros. Foucault trata principalmente do tema poder, que para ele não está localizado em uma instituição, e nem tampouco como algo que se cede, por contratos jurídicos ou políticos. O poder em Foucault reprime, mas também produz efeitos de saber e verdade. Trata-se (...) de captar o poder em suas extremidades, em suas últimas rami- ficações (...) captar o poder nas suas formas e instituições mais regionais e locais, principalmente no ponto em que ultrapassando as regras de direito que o organizam e delimitam (...) Em outras palavras, captar o poder na extremidade cada vez menos jurídica de seu exercício. (Foucault, 1979:182) Por exemplo, a ação de « vigiar », para Foucault, é uma clara demonstração da impotência do poder, pois, se ele tivesse a força que imagina ter, não seria preciso uma vigilância constante para manter assegurada sua hegemonia. As teorias sociológicas clássicassobre o Estado: Estado para Marx: Tendo escrito sobre as questões que envolvem o Estado num período em que o capitalismo ainda estava em formação, Marx, não formulou uma teoria especifica sobre o Estado e o Poder. Marx definiu o Estado como uma entidade abstrata, em contradição com a sociedade. Seria uma comunidade ilusória, que procuraria conciliar os interesses de todos, mas principalmente daqueles que dominavam a economicamente a sociedade. Na obra: A Ideologia Alemã de 1847, Marx identifica: A divisão do trabalho; A propriedade privada; → Esses dois são geradora das classes sociais, e como base para o surgimento do estado. O Estado seria a expressão Jurídica e política da sociedade burguesa. → Apenas garantiria as condições gerais da produção capitalista, não indeferia nas relações econômicas. Na obra: Manifesto Comunista 1848, Marx e Engel afirmavam: “os dirigentes do Estado moderno funcionam como um comitê executivo da classe dominante (Burguesia)”. Na obras: As lutas de classes na França de 1848, e o dezoito Brumário de Luis Bonaparte de 1852. Marx analisa a situação Histórica especifica: Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Página 20 de 39 “O Estado nasceu para refrear os antagonismos de classe, e, por isso o Estado da classe dominante”. Marx existem momentos em que a luta de classes é equilibrada e o Estado se apresentante com independência entre as classes em conflito, como se fosse um mediador. Analisando a burocracia do Estado, Marx afirma que o Estado pode estar acima da luta de classe, separado da sociedade, como s fosse autônomo. É nesse sentido que pode haver um poder que não seja exercido diretamente pela burguesia. Mas o Estado continua criando as condições necessárias para o desenvolvimento das relações capitalistas, principalmente o trabalho assalariado e a propriedade privada. Na obra: A Guerra Civil na França 1871, Max analisa a comuna de Paris e volta a olhar para o Estado. “O desaparecimento do Estado seria o resultado da transferência do poder para a federação de associações dos trabalhadores”. Para Marx o Estado é uma organização cujos interesses são os da classe dominante na sociedade capitalista. (Burguesia.) Estado para Durkheim: Ao analisar a política e o Estado de seu tempo, Durkheim teve como referência fundamental a sociedade francesa de sua época. Como sempre esteve preocupado com a coesão social. Para ele o Estado é fundamental numa sociedade que fica cada dia maior e mais complexa, devendo estar acima das organizações comunitárias. Durkheim dizia que o Estado “concentrava e expressava” a vida social. Sua função seria eminentemente moral. A moral é a comunhão de ideias e sentimentos: conjunto de regras, conjunto de normas, conjuntos de signos. A moral democrática: cabe ao Estado esclarecê- los e inculca-los em todas as crianças, via educação. Educação moral Laica: é uma educação com um pensar puramente racional. Escolas Públicas: seria a guardiãs por excelência de nosso padrão racional. A sociedade é o habitat dessa vida moral. Moral para Durkheim é um sistema de fatos realizados, ligados ao sistema total do mundo. O Estado deveria realizar e organizar o ideário do individuo e assegurar-lhe pleno desenvolvimento, aconteceria da seguinte forma: Pela educação pública voltada para uma formação moral sem fins conceituais ou religiosos. Para Durkheim o Estado não é antagônico ao individuo. Foi o Estado que emancipou o individuo dos grupos secundários como: família, igreja, corporações profissionais, dando-lhe um espaço maior, mais amplo para o desenvolvimento de sua liberdade. A relação entre Estado e individuo é importante para saber como os governantes se comunicam com os cidadãos, para esses acompanhe as ações do governo. A intermediação deve ser feita pelos carnais como: jornais, educação cívica, órgão secundários que estabeleçam a ponte entre governante e governado. Principalmente os grupos profissionais organizado, que são a base da representação política e da organização social. Para Durkheim o Estado é uma organização com conteúdo inerente, ou seja, do interesses coletivos. Estado para Weber: Cinquenta anos depois da publicação do manifesto comunista por Marx e Engel, num momento em que o capitalismo estava mais desenvolvido e burocratizado, Weber escreveu sobre as questões do Poder e Política. Weber questionava: como será possível o indivíduo manter sua independência diante dessa total burocratização da vida? Esse foi o tema central da sociologia política Weberiana. Weber manifestava uma preocupação especificas com as estruturas políticas: Alemã (preocupação especifica); Estados Unidos; Inglaterra Prof. Delque Pantoja – Sociologia – UniENEM/2017 Página 21 de 39 Rússia (mas, atento o que acontecia na Rússia, pós a revolução de 1905). Na Alemanha unificada Otto Von Bismarck, o Estado era fundamentado nos seguintes setores da sociedade. Exército; Os junkers (grandes proprietários de terras); Os grandes industriais; A elite do serviço público (alta burocracia). 1917, escrevendo sobre Bismarck dizia que tinha deixado uma nação sem educação e sem vontade política, acostumado a aceitar que o grande líder decidisse por ela. Weber ao analisar o Estado Alemão afirma que o verdadeiro poder estatal está nas mãos da burocracia militar e civil. O Estado para Weber, “é uma relação de homens dominando homens” mediante a violência → que é considerada legitima. O Estado é uma associação compulsória que organiza e dominação. OBS: para que essa relação exista, é necessários que os dominados obedeçam a autoridade do que detêm o poder. Os clássicos da sociologia contemporânea Norbert Elias: Sociólogo alemão, Norbert Elias nasceu em 1897, na então cidade alemã de Breslau (atual Wroclaw, Polónia), e veio a falecer em 1990, nos Países Baixos, onde passou a fase final da sua vida. Com formação de base nas áreas da medicina, filosofia, psicologia e sociologia, lecionou na Universidade de Heidelberg (1924-29) e na Universidade de Frankfurt (1939-33), onde teve Karl Mannheim por colega. De família judaica, teve de fugir da Alemanha nazista exilando-se em 1933 na França antes de se estabelecer na Inglaterra onde passará grande parte de sua carreira. Todavia, seus trabalhos em alemão tardaram a ser reconhecidos e ele viveu de forma precária em Londres antes de obter em 1954 um posto de professor na Universidade de Leicester. Suas obras focaram a relação entre poder, comportamento, emoção e conhecimento na História. Devido a circunstâncias históricas, Elias permaneceu durante um longo período como um autor marginal, tendo sido redescoberto por uma nova geração de teóricos nos anos 70, quando se tornou um dos mais influentes sociólogos de todos os tempos. Na teoria sociológica de Elias, porém, a relação entre o "indivíduo" e a "sociedade" é concebida de outro modo. Norbert Elias não aceita qualquer tipo de concepção social "totalizadora" - e nem mesmo "individualista" - dos processos sociais. Formulador da teoria do processo civilizador, na qual a “civilização” européia teria surgido pela interiorização das limitações e autocontrole dos impulsos, sob o efeito das transformações provocadas pela formação do Estado Moderno e da curialização das elites, ele vem trabalhar com um conceito de sociedade que é, na verdade, uma rede de relações; um todo relacional, ou seja, o social é concebido como um sistema de relações entre grupos e indivíduos interdependentes. Obras mais conhecida no Brasil: O Processo Civilizador. Os estabelecidos e os outsiders; Sociedade dos indivíduos; Sociedade da corte;
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