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1 Aula 2. FV. Licenciatura em Ensino de Biologia. Docente dr. Balduíno Aleixo & Monitor: Octávio Pio 1. Fotoautotrofia Fotoautotrofia – é o mecanismo de realização da fotossíntese na presença de CO2, água, luz e clorofila, produzindo hidratos de carbono com libertação de oxigénio; isto é, o processo de transformação da energia luminosa em energia química armazenada nas ligações de carbono. Luz 6CO2 + 12H2O (CH2O)n + 6O2 Clorofila Estas reacções bioquímicas resultam da absorção de energia solar (luminosa) e a sua utilização para a síntese de compostos orgânicos ricos em energia. Por outras palavras é um processo de transformação de energia solar em energia química. 1.1. Estrutura do cloroplasto O cloroplasto é um organelo presente nas plantas e outros organismos fotossíntetizadores. Possui clorofila, pigmento responsável pela sua cor verde. Delimitados por duas membranas lipoprotéicas: Membrana externa lisa, permeável a iões e pequenas moléculas. Membrana interna é composta por várias dobras (vesículas) formando os tilacoides, grana e as lamelas, envolvidos por uma porção aquosa, estroma. Figura1: Estututs dos Cloroplastos Estroma – fase aquosa com a maioria das enzimas das reacções de assimilação de carbono. Membranas tilacóides estão embebidos os complexos com pigmentos fotossintetizadores e transportadores de electrões que promovem as reacções luminosas (fotossistemas – FSI e FSII), transportadores de electrões que unem os fotossistemas e a e ATP sintase. 2 Aula 2. FV. Licenciatura em Ensino de Biologia. Docente dr. Balduíno Aleixo & Monitor: Octávio Pio Figura 2: Estroma e o Lúmen A membrana interna circunda um espaço denominado estroma, que é o local das reacções de fase escura da fotossíntese. No estroma existem estruturas membranosas denominadas tilacóides, que são discos ou sacos achatados. Os sacos tilacóides são “empilhados” e formam um granum. Grana diferentes são conectados por regiões de membrana tilacóide, denominadas lamelas do estroma. As membranas tilacóides separam o espaço tilacóides do espaço estromal. Desse modo, os cloroplastos apresentam três membranas diferentes (membranas externa, interna e tilacóide) e três espaços separados (espaços intermembrana, estromal e tilacóide). 1.2. Energia Solar ou Radiante A luz é uma forma de radiação electromagnética que se propaga em uma velocidade de 3.10 8 m/s ou 3.10 5 km/s, no vácuo. O sol erradia energia mas a atmosfera da terra é transparente a apenas parte do infravermelho e do ultravioleta e toda luz visível (380nm a 750nm). A radiação fotossinteticamente activa (RFA) esta compreendida no espectro da luz visível (400 a 700nm), radiação esta, utilizada para as reacções fotoquímicas da fotossíntese. A luz é emitida na forma de discretas unidades de energia, designadas de fotões ou quanta, a energia carregada por um fotão pode ser chamada de quantum. A energia de em quantum (E = h * c/ λ ) é directamente proporcional a frequência de onda (v = c/ λ ) e inversamente proporcional (E a 1/ λ ) ao seu comprimento de onda. 1.2.1. Onda e Frequência Uma onda é caracterizada por um comprimento de onda e uma frequência. Comprimento de onda (λ): é a distância entre cristas de onda sucessivas. Frequência (v): é o número de cristas de onda num determinado tempo. O total de energia de fotões (E= N * h * v) absorvido por um mol de um composto é chamado de Einstein, e se refere a quantidade de energia necessária para iniciar uma reacção. Legenda das abreviaturas: N = numero de avogadro que equivale a 6,023.10 23 átomos (ou moléculas por mol). 3 Aula 2. FV. Licenciatura em Ensino de Biologia. Docente dr. Balduíno Aleixo & Monitor: Octávio Pio h = constante de plank que equivale a 1,584.10 -37 . v = frequência da radiação em ondas ou ciclos por segundo. c = é a velocidade da luz no vácuo (3.10 8 m.s -1 ). λ = Comprimento de onda em metros em manómetros. Figura 3: Espectro da radiação electromagnética A tabela abaixo apresenta a relação inversa entre a quantidade de energia e o comprimento de onda. Ilustra também as principais radiações (cores) e níveis de energia. Tabela 1: a relação inversa entre a quantidade de energia e o comprimento de onda. Ilustra também as principais radiações (cores) e níveis de energia. A eficiência da fotossíntese depende da capacidade de absorver determinadas comprimentos de onda de espectros de luz visível por parte de pigmentos fotossintéticos. 4 Aula 2. FV. Licenciatura em Ensino de Biologia. Docente dr. Balduíno Aleixo & Monitor: Octávio Pio 1.3. Pigmentos fotossintéticos Pigmentos são compostos orgânicos capazes de absorver a radiação solar visível ou radiação fotossínteticamente activa (RFA). Esses compostos são localizados no interior dos cloroplastos, especificamente, nos tilacóides e lamelas. As principais classes são: principais: as clorofilas, os carotenóides e as ficobilinas. A clorofila a é de ocorrência universal (pigmento apresionador), para os organismos que realizam o processo fotossintético. Os carotenoides a clorofila b e as ficobilinas são designados de pigmentos acessórios. a) Clorofilas – são os mais importantes pigmentos para absorção de luz para a fotossíntese nos vegetais. A molécula da clorofila contém uma cabeça porifirínica e uma cauda de fitol (álcool). O núcleo porfirínico polar (solúvel em água) é composto de uma anel tetrapirólico e um átomo de magnésio central. A região polar (anel de porfirina + átomo de magnésio Mg 2+ ) tem afinidade pela água (parte hidrofílica). A região não polar (fitol) fica localizada na região hidrofóbica da camada do lípido, não solúvel em água. A clorofila a é verde azulada (C55H72N4O5Mg) e a clorofila b é verde amarelada (C55H70N4O6Mg). A clorofila a difere da clorofila b por apresentar um grupo aldeído no lugar do radical metil na região da cabeça. A clorofila a e b Existem em plantas superiores numa relação de 3:1. A clorofila c encontra-se em Chromophytae (a + c) ao passo que a clorofila d encontram-se em Rhodophytae (a + d). 5 Aula 2. FV. Licenciatura em Ensino de Biologia. Docente dr. Balduíno Aleixo & Monitor: Octávio Pio b) Carotenóides – são pigmentos alaranjados ou amarelados, constituídas de longas cadeias de carbono derivados do iosopreno, são representados pelos carotenos (hidrocarbonetos) e carotenóis (álcoois), como o luteol e o violaxantol (xantofilas). c) Ficobilinas - são pigmentos vermelhos e encontram-se nas Ficoeritrina (algas marinhas vermelhas) e Ficocianina (algas azuis). Possuem na sua estrutura as porfirinas mas não possuem a cauda de fitol e nem o magnésio. Os pigmentos fotossintéticos possuem espectro de absorção diferente o que confere exploração e eficiência distintas do espectro de da emissão da luz solar. Relação pigmento e luz absorvida A clorofila a absorve a luz no comprimento de onda de 700nm no máximo e o tipo mas comum é o P700 que se encontra no fotossistema 1 e o outro é o P680 que se encontra o fotossistema 2, absorvendo no máximo de luz no comprimento de onda de 680nm. 1.4. Fotossistemas FSI e FSI Fotossistema – é um sistema de diferentes pigmentos com a função de captar a luz a variados comprimentos de onda e transporta-los de um pigmento para o outro ate ao centro de reacção. 6 Aula 2. FV. Licenciatura em Ensino de Biologia. Docente dr. Balduíno Aleixo & Monitor: Octávio Pio No cloroplasto, as moléculas de pigmento (clorofilas a e b e carotenoides) estão inseridas nos tilacoides em unidades isoladas de organização, chamadas fotossistemas. Cada fotossistema inclui um conjunto de cerca de 250 a 400 moléculas de pigmentos e consiste em dois componentes estreitamente ligados: o complexo antena e o centro de reação. O complexo antena é constituído por moléculas de pigmento, que coletam a energia luminosa e a “afunilam”ou a canalizam para o centro de reação. O centro de reação é constituído por um complexo de proteínas e moléculas de clorofila que possibilitam que a energia luminosa seja convertida em energia química. Dentro dos fotossistemas, as moléculas de clorofila estão ligadas a específicas proteínas de membrana ligadas à clorofila e mantidas no local para permitir uma eficiente captura de energia luminosa. Todos os pigmentos dentro do fotossistema são capazes de absorver fótons, mas apenas um par especial de moléculas de clorofila a por centro de reação pode de fato usar a energia na reação fotoquímica. Esse par especial de moléculas de clorofila a está situado no núcleo do centro de reação do fotossistema. As outras moléculas de pigmento, chamadas pigmentos da antena por fazerem parte da rede coletora de luz, estão presentes no complexo antena. Além da clorofila, os pigmentos carotenoides, em quantidade variável, estão também presentes no complexo antena. Transferência de energia durante a fotossíntese O diagrama mostra parte do complexo antena, o qual está localizado na membrana do tilacoide. A energia luminosa absorvida por uma molécula de pigmento em qualquer lugar do complexo antena passa, por transferência de energia por ressonância, de uma molécula de pigmento para outra até atingir uma das duas moléculas de clorofila especiais no centro de reação. Quando esta molécula de clorofila a absorve a energia, um de seus elétrons é elevado a um nível maior de energia e é transferido para uma molécula receptora de elétrons. 7 Aula 2. FV. Licenciatura em Ensino de Biologia. Docente dr. Balduíno Aleixo & Monitor: Octávio Pio A energia luminosa absorvida por uma molécula de pigmento em qualquer lugar no complexo antena ou complexo de coleta de luz é transferida para uma outra molécula de pigmento, e assim por diante, até atingir o centro de reação, que tem seu par especial de moléculas de clorofila a; essa passagem de energia se dá por meio do processo de transferência de energia por ressonância. Quando uma das duas moléculas de clorofila a do centro de reação absorve a energia, um de seus elétrons é elevado para um nível maior de energia e é transferido para uma molécula receptora de elétrons para iniciar o fluxo eletrônico. A molécula de clorofila assume então um estado oxidado (deficiente em elétrons ou de carga positiva), e a molécula aceptora de elétrons torna-se reduzida (rica em elétrons ou de carga negativa). Os dois tipos diferentes de fotossistemas, o fotossistema I e o fotossistema II, são ligados por uma cadeia transportadora de elétrons. Os fotossistemas foram numerados segundo a ordem de sua descoberta. No fotossistema I, o par de moléculas especiais de clorofila a do centro de reação é conhecido como P700. A letra “P” diz respeito a pigmento e o subscrito “700” designa o pico ótimo de absorção em nanômetros. O centro de reação do fotossistema II também contém um par de moléculas especiais de clorofila a. Seu pico ótimo de absorção é de 680 nanômetros e, portanto, é chamada P680. Em geral, o fotossistema I e o fotossistema II trabalham juntos, simultânea e continuamente. Embora, por conveniência, geralmente seja mostrado que os dois fotossistemas ocorrem mais ou menos lado a lado na mesma membrana do tilacoide, como na Figura 7.12, os fotossistemas I e II estão espacialmente separados. O fotossistema II está localizado principalmente nos tilacoides dos grana (grânulos), e o fotossistema I, quase inteiramente nos tilacoides do estroma e nas margens ou porções externas dos tilacoides dos grana. Além disso, como veremos, o fotossistema I pode operar independentemente. 1.4.1. Excitação do centro de reacção A clorofila excitada é extremamente instável e ela pode retornar para o estado fundamental através dos seguintes processos: 8 Aula 2. FV. Licenciatura em Ensino de Biologia. Docente dr. Balduíno Aleixo & Monitor: Octávio Pio a) Fluorescência – Neste processo, a molécula de clorofila re-emite um fóton de luz e retorna para o seu estado fundamental. Neste caso, ocorre também perda de energia na forma de calor e o comprimento de onda fluorescente é sempre maior do que o da luz absorvida. b) A molécula pode converter a energia na forma de calor, sem nenhuma emissão de fótons. c) Transferência de energia – Neste caso, a molécula excitada transfere sua energia para outra molécula por ressonância induzida. Ou pode ocorrer uma: d) Reação Fotoquímica – Neste processo a energia do estado excitado é usada para impulsionar uma transferência de elétrons. Quando o pigmento fotossintético recebe a luz, transporta-a até ao centro de reacção e, este excita-se; e, como forma de utilização de energia recebida, forma-se um outro nível de energia (electrões). A energia esta praticamente situada entre os dois níveis. O fenómeno de fluorescência verifica-se só quando existe um aceitador de electrões liberados pelo centro de reacção. Nota: Numa célula de cloroplasto normal sem efeitos negativos não se verifica o fenómeno de fluorescência. Exemplo de composição de um fotossistema FS I absorve luz de comprimento de onda mais longo que 680 e esta relacionado com a redução de: FS II absorve luz de comprimento de onda mais curto que 680 e esta relacionado com a fotólise de água e libertação de oxigénio. 1.5. Fotofosforilação acíclica 1.5.1. A oxidação da água para oxigênio por fotossistema II 9 Aula 2. FV. Licenciatura em Ensino de Biologia. Docente dr. Balduíno Aleixo & Monitor: Octávio Pio No fotossistema II, a energia luminosa é absorvida, direta ou indiretamente, por moléculas P680 no centro de reação via transferência de energia por ressonância a partir de uma ou mais moléculas da antena. Quando uma molécula do P680 é excitada, seu elétron energizado é transferido para uma molécula receptora primária, que transfere seu elétron extra para uma molécula receptora secundária. A feofitina, uma molécula de clorofila a modificada, em que o átomo de magnésio central foi substituído por dois prótons, atua como aceptor inicial de elétrons. Em seguida, a feofitina transfere o elétron para PQA, uma plastoquinona, que está firmemente ligada ao centro de reação. Em seguida, a PQA transfere dois elétrons para a PQB, outra plastoquinona, que simultaneamente capta dois prótons do estroma, tornando-se assim, reduzida a plastoquinol, PQBH2. O plastoquinol então se junta ao conjunto de moléculas de plastoquinol móveis no interior da porção lipídica da membrana do tilacoide. O plastoquinol pode, nessa etapa, transferir dois elétrons e dois prótons (H+) ao complexo do citocromo b6/f e, assim, é oxidado de volta a PQB. Fluxo não cíclico de elétrons e fotofosforilação. O esquema acima em zigue-zague (chamado esquema Z) mostra a via de transferência de elétrons da H2O para o NADP+, que ocorre durante o fluxo não cíclico de elétrons, bem como as relações energéticas. Para aumentar a energia dos elétrons derivados da H2O por fotólise para o nível de energia necessário para reduzir o NADP+ a NADPH, cada elétron deve ser energizado duas vezes 10 Aula 2. FV. Licenciatura em Ensino de Biologia. Docente dr. Balduíno Aleixo & Monitor: Octávio Pio (setas laranjas espessas) pelos fótons absorvidos nos fotossistemas I e II. Depois de cada passo de excitação, os elétrons com maior energia deslocam-se para níveis de energia menor pelo esquema Z, via a cadeia transportadora de elétrons (indicada pelas setas pretas). Os prótons são bombeados através da membrana do tilacoide para dentro do lúmen (interior) do tilacoide durante a reação de quebra da água (fotólise da água) e durante a transferência de elétrons pelo complexo citocromo b6/f, produzindo o gradiente de prótons que é essencial para a formação de ATP. A formação de ATP pelo fluxo não cíclico de elétrons é chamada fotofosforilação não cíclica. O fotossistema II tem a capacidadesingular de extrair elétrons da água e de utilizá-los para repor aqueles perdidos pelo P680 (agora P680+) em plastoquinona. Esse processo é realizado no complexo de produção de oxigênio, uma montagem de proteínas e íons manganês (Mn2+) que catalisam a clivagem a oxidação da água. Os oxigênios de duas moléculas de água ligam-se a um grupo de quatro átomos de manganês, que servem para reunir os quatro elétrons liberados quando as duas moléculas de água são oxidadas. Uma vez liberados os quatro elétrons das duas moléculas de água, ocorre produção de oxigênio. Assim, com a absorção de quatro fótons, as duas moléculas de água são clivadas, produzindo quatro elétrons, quatro prótons e gás oxigênio: Essa quebra oxidativa da molécula de água, dependente de luz, é chamada fotólise da água. O complexo de produção de oxigênio está localizado no lado de dentro da membrana do tilacoide, e os prótons são liberados para dentro do lúmen do tilacoide e não diretamente para o estroma do cloroplasto. Assim, a fotólise das moléculas de água contribui para a geração de um gradiente de prótons através da membrana do tilacoide – o único meio pelo qual o ATP é gerado durante a fotossíntese. 1.5.2. O complexo do citocromo b6/f liga os fotossistemas II e I O plastoquinol (PQBH2) móvel, que é encontrado na porção lipídica interna da membrana tilacoide (Figura 7.12), doa dois elétrons provenientes do fotossistema II, um de cada vez, ao complexo do citocromo b6/f. À medida que cada PQBH2 é oxidado de volta à PQB, ele libera dois prótons no lúmen do tilacoide por meio do completo do citocromo b6/f. Nessa etapa, a PQB retorna ao reservatório do plastoquinona, onde pode aceitar mais elétrons do fotossistema II e mais prótons do estroma. Em seguida, o citocromo f reduzido do complexo doa elétrons à plastocianina, uma pequena proteína hidrossolúvel contendo cobre, que é encontrada no 11 Aula 2. FV. Licenciatura em Ensino de Biologia. Docente dr. Balduíno Aleixo & Monitor: Octávio Pio lúmen. À semelhança do plastoquinol, a plastocianina é um carreador de elétrons móvel. Transfere um elétron de cada vez entre o complexo do citocromo b6/f e P700 do fotossistema I. Transferência de elétrons e prótons durante a fotossíntese. Durante as reações luminosas, os elétrons movem-se da água (à esquerda, abaixo) pelo fotossistema II, seguindo pela cadeia intermediária de carregadores de elétrons, pelo fotossistema I e, finalmente, para o NADP+. No fotossistema I, o NADP+ é reduzido a NADPH no estroma por meio da ação da ferredoxina (Fd) e da flavoproteína ferredoxina-NADP+ redutase (FNR). O plastoquinol (PQBH2) transfere elétrons do fotossistema II para o complexo do citocromo b6/f, e, por sua vez, a plastocianina transfere elétrons do complexo do citocromo b6/f para o fotossistema I. Ocorre liberação de prótons no lúmen durante a oxidação da água, que são bombeados no lúmen por meio da ação do complexo do citocromo b6/f. Esses prótons, que contribuem para um gradiente eletroquímico de prótons, devem difundir-se para o complexo da ATP sintase. Nesse complexo, difundem-se ao longo de um gradiente de potencial eletroquímico, que é utilizado para sintetizar ATP. 1.5.3. Sintetizado do ATP pelo complexo de ATP sintase Os prótons liberados no lúmen do tilacoide durante a oxidação da água e o bombeamento de prótons através da membrana tilacoide para dentro do lúmen por meio do complexo do citocromo b6/f juntos geram um gradiente de prótons eletroquímico, que aciona a síntese de ATP. Os complexos ATP sintase, inseridos na membrana do tilacoide, provêm um canal através do qual os prótons podem fluir a favor do gradiente de volta para o estroma. Com isso, é formado um gradiente de energia potencial que impulsiona a síntese de ATP a partir do ADP e Pi. Esse processo é inteiramente análogo à síntese de ATP impulsionada por prótons na mitocôndria, mas aqui é chamado fotofosforilação para enfatizar que a luz fornece a energia para 12 Aula 2. FV. Licenciatura em Ensino de Biologia. Docente dr. Balduíno Aleixo & Monitor: Octávio Pio estabelecer o gradiente de prótons. Portanto, cloroplastos e mitocôndrias geram ATP pelo mesmo mecanismo básico: o acoplamento quimiosmótico. Além disso, as bactérias também geram ATP por acoplamento quimiosmótico, o que não é surpreendente, tendo em vista que os cloroplastos e as mitocôndrias derivam de bactérias que eram de vida livre. 1.5.4. O NADP+ é reduzido a NADPH no fotossistema I No fotossistema I, a energia luminosa excita as moléculas da antena que passam a energia para as moléculas P700 do centro de reação. Quando uma molécula P700 é excitada, seu elétron energizado é passado para uma molécula receptora primária chamada A0, que supostamente é uma clorofila especial com função similar à da feofitina do fotossistema II. Os elétrons são então passados através de uma cadeia de transportadores, incluindo filoquinona (A1), e proteínas ferroenxofre, como a ferredoxina. A ferredoxina (Fd), uma proteína de ferro-enxofre móvel, é encontrada no estroma dos cloroplastos. Trata-se do aceptor final de elétrons do fotossistema I, e os elétrons são transferidos da ferrodoxina para o NADP+. Essa transferência é catalisada pela ferredoxina-NADP+ redutase (FNR), uma proteína de membrana periférica encontrada no lado do estroma da membrana do tilacoide. Isso resulta na redução do NADP+ a NADPH e na oxidação da molécula P700. Os elétrons removidos da molécula P700 são substituídos pelos elétrons provenientes da cadeia de transporte de elétrons do fotossistema II e são carreados até P700 pela plastocianina. Assim, na luz, os elétrons fluem continuamente da água através dos fotossistemas II e I para o NADP+, resultando na oxidação da água (H2O) a oxigênio (O2) e na redução do NADP+ a NADPH. Esse fluxo de elétrons unidirecional da água para o NADP+ é chamado fluxo não cíclico de elétrons, e a produção de ATP que ocorre é chamada fotofosforilação não cíclica. Na medida em que o fotossistema II supre elétrons para o fotossistema I, para a eficiência da fotossíntese, as taxas de distribuição de fótons para os dois centros de reação devem ser iguais. Quando as condições de luz favorecem um ou outro fotossistema, a energia excedente é redistribuída entre eles, resultando em um balanço igual de energia nos dois centros de reação. 1.6. A fotofosforilação cíclica gera apenas ATP Como mencionado anteriormente, o fotossistema I pode trabalhar independentemente do fotossistema II. Nesse processo, chamado fluxo cíclico de elétrons, os elétrons energizados são transferidos das moléculas P700 para o A0. Entretanto, os elétrons, em vez de descerem para o NADP1, são desviados para um receptor da cadeia transportadora de elétrons, entre os fotossistemas I 13 Aula 2. FV. Licenciatura em Ensino de Biologia. Docente dr. Balduíno Aleixo & Monitor: Octávio Pio e II. Os elétrons então descem através dessa cadeia de volta para o centro de reação do fotossistema I, impulsionando o transporte de prótons através da membrana do tilacoide e assim promovendo a geração de ATP. Uma vez que esse processo envolve um fluxo cíclico de elétrons, ele é chamado fotofosforilação cíclica. Acredita-se que os primeiros organismos fotossintetizantes tinham apenas um sistema como o fotossistema I, e algumas bactérias fotossintetizantes sobreviventes também só apresentam um fotossistema I. Com apenas o fotossistema I, a fotofosforilação cíclica constitui a única via possível de fluxo de elétrons, visto que, na ausência de um fotossistema II, nenhuma água ou sulfeto de hidrogênio é clivado para fornecer os elétrons necessários na produção de NADPH. Por conseguinte, o único produto da fotofosforilação cíclica é o ATP. Os organismos com apenas o fotossistema I produzem NADPH de outras fontes de elétrons de alta energia e não utilizam a luz na sua produção. Fluxo cíclico de elétrons.O fluxo cíclico de elétrons envolve apenas o fotossistema I. O ATP é produzido a partir do ADP pelo mesmo mecanismo quimiosmótico da fotofosforilação, mas o oxigênio não é liberado e o NADP+ não é reduzido. A formação de ATP pelo fluxo cíclico de elétrons é chamada fotofosforilação cíclica. 14 Aula 2. FV. Licenciatura em Ensino de Biologia. Docente dr. Balduíno Aleixo & Monitor: Octávio Pio Como foi visto, a energia total capturada do fluxo não cíclico de elétrons (com base na passagem de 6 pares de elétrons da H2O para o NADP+) é de 6 ATP e 6 NADPH. Entretanto, as reações de fixação de carbono que são encontradas necessitam de mais ATP que NADPH – na razão de cerca de 3:2. A fotofosforilação cíclica, fornecendo ATP extra, é necessária para suprir as necessidades do ciclo de Calvin, bem como para promover outros processos que requerem energia dentro do cloroplasto. 1.7. Fotofosforilação. Hipótese de Mitchell Hipótese de Acoplamento Quimiostático (Quimiosmótico) A hipótese de Mitchell parte do principio de que: a) A membrana dos tilacóides é impermeável a protões H+ e que para a passagem desses protões através da membrana precisam ou tem de existir um transportador. b) Que esses elementos transportadores de electrões devem possuir posições assimétricas dentro da membrana. c) Formação de um gradiente de protões no interior da membrana dos tilacóides (grande concentração de protões no interior) d) Os protões são utilizados na formação de ATP, que ocorre num elemento especial designado ATP . sintetase ou factor copulativo é uma enzima e) Os protões saem do interior da membrana através da ATP-sintetase por um processo osmótico. f) É nos tilacóides dos cloroplastos onde ocorre a fotofosforilação (Formação do ATP). 15 Aula 2. FV. Licenciatura em Ensino de Biologia. Docente dr. Balduíno Aleixo & Monitor: Octávio Pio O processo da fotossíntese não só ocorre nas plantas mas tambem em algumas algas ou bacterias. Este processo ocorre de forma geral nas folhas, a fotofosforilacao ocorre na membrana dos tilacoides constituídos por fosfolípidos, proteinas entre outras. A membrana delimita o espaço e encarrega-se pela permeabilidade selectiva dos iões H+. O espaço interno dos tilacoides é ácido com pH = 5 e o espaço externo é básico com pH = 8. Os iões H+ exitêntes no interior dos tilacoides sao produzidos pela fotólise da àgua e nela existem proteínas com função enzimática denominadas ATP sintetazes ou có-factor copulativo, nestas enzimas existes orificios de onde escapam iões H+. Existem bombas de iões H+ que bombeiam iões H+ para o interior da membrana (contragradiente electroquimico). O excesso de luz pode inibir a fotossíntese O excesso de luz pode inibir a fotossíntese através de dois processos: Foto-inibição (reversível) e Foto-oxidação (irreversível). A foto-inibição envolve danos aos centros de reacção, especialmente FSII, quando eles são sobreexcitados. O que acontece no FSII é que perda da proteína envolvida na transferência de electrões entre P680 e PQ. Esta proteína pode ser recuperada posteriormente. Foto-oxidação é um processo irreversível e envolve directamente os pigmentos receptores de luz. Quando estes absorvem muita luz, ficam muito tempo excitados e interagem com o CO2 produzindo radicais livres, como superóxido (O2 - ), o qual pode destruir os pigmentos. Há algumas defesas bioquímicas, como a enzima superóxido dismutase (SOD) que destrói os radicais livres, mas essas defesas são insuficientes se a exposição à alta luminosidade é prolongada. Há também alterações fisiológicas as quais reduzem os riscos de danos em alta luminosidade. Os cloroplastos podem mover-se de um lado ao outro da célula (ciclose); a orientação da folha pode alterar ao ponto delas ficarem alinhadas paralelamente à incidência dos raios solares e, assim, absorver menos luz. Plantas que crescem em ambientes com muita luz têm frequentemente características estruturais e químicas que reduzem a quantidade de luz que alcança o cloroplasto. As folhas podem ter superfície brilhante ou reflectiva ou apresentarem cutícula mais espessa. As células da epiderme podem conter antocianina, que absorve comprimentos de onda curtos (menos danosos). No geral, as reacções de luz são componentes eficientes do maquinário bioquímico. Nestas reacções, até 20% da luz absorvida pode ser convertida em ATP.
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