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Morfologia e Classificação dos Quelicerados

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Figura 1: Morfologia externa de uma aranha-
do-mar, em vista dorsal (Dunlop & Arango, 2005). 
Universidade Católica de Brasília – Curso de Ciências Biológicas – Zoologia II 
 
 
Filo Arthropoda: Subfilo Chelicerata 1 
 
Os Chelicerata, também chamados de Cheliceriformes, são artrópodes que não apresentam antenas ou 
mandíbulas. Possuem apêndices não encontrados nos outros subfilos: um par de quelíceras e um par de pedipalpos. 
São conhecidas quase 106.000 espécies de quelicerados atuais (Brazil & Porto, 2016), reunidas em três classes: 
Pycnogonida, Xiphosura e Arachnida. Uma outra classe, já extinta, é Eurypterida, com 300 espécies fósseis descritas. 
As quelíceras correspondem ao primeiro par de apêndices cefálicos, tendo como função na alimentação. 
Atualmente, se acredita que sejam homólogas à primeira antena dos mandibulados. Os pedipalpos, equivalentes ao 
segundo par de apêndices cefálicos, apresentam funções diversas (alimentação, defesa, reprodução...). 
Possuem dois tagmata: (1) o cefalotórax (também chamado de prossoma ou pressoma), formado pela fusão 
dos segmentos cefálicos e torácicos e (2) o abdome, também chamado de opistossoma. O cefalotórax, às vezes 
recoberto por uma carapaça em forma de escudo, possui quatro pares de patas locomotoras, mas pode existir um 
quinto par de patas nos picnogonidos. O abdome apresenta apêndices apenas nos xifosuros. 
Atualmente, são reconhecidas três classes: Pycnogonida, Xiphosura e Arachnida. Uma classe fóssil importante é 
a Eurypterida. 
Os Xiphosura, os Eurypterida e os Arachnida têm um escudo recobrindo o cefalotórax e os gonóporos estão 
localizados no abdome (1º ou 2º segmento). Acredita-se que estes caracteres sejam sinapomórficos, razão pela qual 
eles são reunidos no grupo Euchelicerata. 
Ao contrário, os Pycnogonida não têm carapaça no cefalotórax (Figura 1), que é onde estão os gonóporos. Por 
isso, se acredita que tenha uma posição mais basal dentro dos Chelicerata. 
 
 
 
Classe Pycnogonida 
 
Os membros da Classe Pycnogonida (às vezes chamada de 
Pantopoda) são conhecidos como “aranhas-do-mar”. Conhecem-se 
1.334 espécies marinhas (Brazil & Porto, 2016), geralmente com 
tamanho entre 1 e 10 mm (alguns chegam a 6 cm). Em geral, vivem 
sobre um substrato (rochas, algas, pilares de cais...). 
O abdome (opistossoma) é muito reduzido, sendo portador 
da abertura anal (Figura 1). 
Apresentam o cefalotórax (prossoma) estreito e não 
recoberto por uma carapaça em forma de escudo. Apenas este 
tagma possui apêndices, sendo encontrados quatro pares de patas 
locomotoras longas (Figuras 1 e 2A); algumas espécies possuem 
cinco ou seis pares de patas. 
No cefalotórax podem ser encontrados quatro olhos 
simples, situados em pequena protuberância, chamada de 
tubérculo ocular (Figuras 1 e 2B). Como nos demais quelicerados, estão presentes um par de quelíceras (chamada 
quelífora, neste grupo) e um par de pedipalpos (chamados palpos). 
Na extremidade do cefalotórax, acha-se uma probóscide, utilizada na captura de alimento. Muitas espécies são 
carnívoras, alimentando-se de hidróides, anêmonas, briozoários e esponjas. 
 
 
1 Roteiro de aula, elaborado pela Profa. Lourdes Elmoor Loureiro (agosto 2016). 
Chelicerata - 2 de 11 
Figura 3: Classe Xiphosura – morfologia externa, em 
vista latero-dorsal (de Storer et al., 1986) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São dióicos. Durante a reprodução, o macho se coloca abaixo da fêmea e recebe os óvulos, fecundando-os à 
medida que são liberados. Os ovos são acumulados na extremidade do primeiro par de patas do macho, que produz um 
a espécie de cimento que mantêm os ovos unidos (Figura 2B). Os ovos são incubados até a eclosão. 
Na maioria dos picnogonidos, a eclosão do ovo libera uma larva, conhecida como protoninfo, semelhante ao 
adulto, mas com menor número de patas. Através de mudas sucessivas, a larva vai adquirindo a forma e número de 
apêndices dos adultos. 
 
 
 
 
Classe Xiphosura 2 
 
Os xifosuros são conhecidos como límulos ou 
caranguejos-ferradura. São quelicerados marinhos, mas não 
encontrados no Atlântico Sul. Vivem em águas rasas, sobre 
fundo macio. 
Atualmente, existem somente quatro espécies. O 
corpo apresenta dois tagmata (Figuras 3 e 4): cefalotórax 
(prossoma) e abdome (opistossoma), ambos não 
segmentados. No abdome, se articula um segmento em 
forma de espinho, conhecido como telson. Contudo, não é 
considerado um telson verdadeiro, já que não carrega a 
abertura anal (Figura 3). 
O cefalotórax é recoberto dorsalmente por uma carapaça. No lado dorsal, observa-se um par de olhos 
compostos (é o único grupo de quelicerados com olhos compostos). No lado ventral (Figura 4), são observados: 
 um par de quelíceras pequenas e queladas (isto é, com pinça); 
 um par de pedipalpos quelados, que só é diferenciados das patas nos machos adultos, que os utilizam para 
segurar a fêmea na cópula. 
 quatro pares de patas torácicas locomotoras (unirremes), três com quelas e a última modificada, com aspecto 
birreme por possuir um processo chamado flabelo, que serve para limpar as brânquias e remover lodo durante 
escavação. 
 um par de quilários, que são apêndices com pelos e espinhos, semelhantes às coxas das patas anteriores; sua 
função ainda é incerta, sendo possível que atue na manipulação de alimento. 
O abdome apresenta, no lado ventral, seis pares de apêndices achatados: o primeiro par serve de opérculo 
genital e os cinco restantes são branquiais, pois possuem, em seu lado interno, brânquias lamelares. O movimento das 
patas promove o fluxo de água (Figura 4), permitindo a oxigenação do sangue nas suas lamelas. 
 
2 Em algumas classificações, se considera a Classe Merostomata, com duas subclasses: Xiphosura e Eurypterida (por exemplo, 
Brazil & Porto, 2016). Contudo, parece que os Eurypterida são mais próximos dos Arachnida do que dos Xiphosura, tornando a 
Classe Merostomata um grupo artificial. A tendência atual, portanto, é tratá-los como classes separadas. 
Figura 2: Morfologia externa da aranha-do-mar. A, vista dorsal; B, detalhe da porção 
anterior, com massa de ovos nas patas (de Barnes, 1984). 
A B 
Chelicerata - 3 de 11 
Figura 6: Eurypterida em 
vista dorsal (A) e ventral (B) 
(mod. de Ruppert & Barnes, 1996) 
Figura 5: Corte sagital de um límulo (de Ruppert & Barnes, 1996) 
São animais onívoros, que se alimentam de moluscos, 
vermes, algas e outros organismos. Os apêndices quelados são 
usados para capturar o alimento e levá-lo até a boca, que é ventral 
(Figura 5). O ânus está localizado imediatamente antes da articulação 
do telson. 
Na época reprodutiva, as fêmeas vão às praias, cavam ninhos 
e colocam os ovos; os machos, que as acompanham, fecundam os 
ovos antes que elas cubram o ninho com areia. Após a eclosão do 
ovo, as larvas (conhecidas como “trilobitas” por sua forma) são 
levadas pela maré alta para o mar. 
 
 
 
 
Classe Eurypterida 
Os euripterídeos (ou euriptéridos) foram importantes 
predadores marinhos nos períodos Ordoviciano ao Permiano. 
Possuíam entre 10 cm e 3 m de comprimento. 
São conhecidos como escorpiões-do-mar, havendo cerca 
de 300 espécies fósseis conhecidas. 
Habitavam os mares litorâneos, embora ocorressem 
também em ambientes estuarinos e límnicos. Acredita-se que 
tenham feito incursões na terra. 
 Um escudo dorsal recobria o cefalotórax, onde estavam 
presentes um par de olhos dorsais laterais, um par de quelíceras 
e cinco pares de patas; o último par era achatado e natatório 
(Figura 6). 
O abdome segmentado era dividido em duas partes: pré-
abdome e pós-abdome (como nos escorpiões atuais). No pré-
abdome se encontravam brânquias lamelares cobertas por 
placas protetoras (acredita-se que sejam precursoras dos atuais 
pulmões foliáceos (ver explicaçãona seção dos Arachnida). 
 
 
 
 
Figura 4: Morfologia externa do límulo, 
em vistas ventral e dorsal combinadas. 
As setas indicam o fluxo de água 
(modificado de Ruppert & Barnes, 1996) 
Chelicerata - 4 de 11 
Classe Arachnida 
Os aracnídeos mais conhecidos são as aranhas, escorpiões e os carrapatos (ácaros), que correspondem às três 
ordens com maior número de espécies. Existem 104.644 espécies (Brazil & Porto, 2016), sendo animais tipicamente 
terrestres, embora alguns tenham adquirido hábito aquático. 
O corpo é divido, usualmente, em cefalotórax (prossoma) e abdome (opistossoma). O cefalotórax não é 
segmentado, sendo recoberto por um escudo. No entanto, existem variações da morfologia do abdome: 
 Nas aranhas, tanto o cefalotórax quanto o abdome não são segmentados; estas partes são bem separadas, com 
uma constrição entre elas (Figura 7A-B). 
 Nos opiliões, o cefalotórax e o abdome não são muito bem separados, não havendo contrição entre eles; o 
abdome é segmentado. 
 Nos escorpiões, o cefalotórax não é separado do opistossoma por constrição; o abdome é segmentado e 
subdividido em duas partes: mesossoma (pré-abdome) e metassoma (pós-abdome) (Figura 7C). 
 Nos ácaros, o cefalotórax e o abdome estão fundidos, não apresentando qualquer segmentação. No entnato, pode 
haver sulcos transversais no lado dorsal (parecendo dividir o corpo em regiões) (Figura 7D). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 7: Morfologia externa de três ordens dos aracnídeos. A e B - Ordem Araneae, vistas dorsal e 
ventral, respectivamente; C - Ordem Scorpionida; D - Ordem Acarina. (de Barnes, 1984) 
Chelicerata - 5 de 11 
Figura 10: Sistema digestório (fonte: http://www.findaspider.org.au) 
Figura 9: Estrutura de uma aranha, vista com o lado esquerdo do corpo removido 
(de Hickman et al,, 2004) 
O prossoma apresenta um par de quelíceras, um par de pedipalpos e quatro pares de patas locomotoras. Não 
existem apêndices no abdome. 
O tamanho e forma das quelíceras e pedipalpos são muito variáveis (figura 7). Nos escorpiões, por exemplo, 
os pedipalpos são muito longos e apresentam uma pinça na 
extremidade. Já nos ácaros, quelíceras e pedipalpos são 
muito reduzidos e colocados em uma projeção do 
cefalotórax, conhecida como capítulo. Na base dos 
pedipalpos podem ser encontradas lâminas mastigadoras. 
Cada pata locomotora apresenta sete segmentos: 
coxa, trocânter, fêmur, patela, tíbia, metatarso e tarso (ver 
Figura 8). Os pedipalpos têm apenas seis segmentos, 
semelhantes aos das patas, mas falta a patela. 
 
 
 
 
 
 
Antes de passar para o 
estudo dos diversos 
sistema e órgãos, 
observe a Figura 9. 
 
 
 
 
Nutrição 
A maioria dos aracnídeos é carnívora e a digestão ocorre parcialmente fora do corpo (digestão extra-oral), o que 
reduz o tempo de manuseio da presa, além de permitir o consumo de presas maiores do que os próprios predadores. 
As aranhas injetam veneno nas presas (insetos, frequentemente) através de suas quelíceras. Este veneno 
contém enzimas proteolíticas, que começam a digerir a presa. Após algum tempo, por ação da faringe muscular da 
aranha, o conteúdo da presa é sugado. No intestino e seus cecos se completa a digestão. Escorpiões usam o veneno 
de glândulas localizadas no pós-abdome, inoculado pelo aguilhão para paralisar e iniciar a digestão da presa. Os 
pseudoescorpiões têm glândulas de veneno nos pedipalpos. 
Opiliões, solífugos e escorpiões-vinagre (Uropygi) não têm glândula de veneno; capturam suas presas com os 
pedipalpos e usam as quelíceras para fragmentá-las. Neste caso, as enzimas digestivas são lançadas nos pedaços de 
alimento ainda fora da boca. 
O tubo digestório, como em 
qualquer outro artrópode, é 
subdividido em três regiões: (1) 
intestino anterior, que compreende 
boca, esôfago e estômago sugador; 
(2) intestino médio ou mesêntero, que 
corresponde ao intestino e cecos (na 
parte abdominal, os cecos atuam 
como glândula digestiva ou “fígado”), 
onde ocorre a fase final da digestão e 
absorção do alimento; (3) intestino 
posterior representado por um curto 
reto e saco estercoral. 
 
Figura 8: Segmentos das 
patas de uma aranha 
(de Bellman, 1994) 
Chelicerata - 6 de 11 
Figura 11: Sistemas respiratórios de uma 
aranha (mod. Opell, 1998). 
Figura 10: Secção esquemática através de um 
pulmão foliáceo ou filotraquéia. (de Barnes, 1984) 
Trocas Gasosas 
As trocas gasosas ocorrem por meio de traqueias 
e/ou de pulmões foliáceos (Figura 11). As traqueias não 
são homólogas àquelas encontradas nos insetos. 
Os pulmões foliáceos, também chamados de 
filotraquéias, são exclusivos dos quelicerados e não 
ocorrem em outro grupo de animais. 
Um pulmão foliáceo é uma câmara aberta para o 
exterior através do estigma (espiráculo ou abertura 
respiratória); no interior da câmara, encontram-se lamelas, 
por dentro das quais passam o sangue (Figura 12). O ar é 
bombeado para o átrio do pulmão foliáceo e passa, 
externamente, por entre as lamelas; como as paredes das 
lamelas são permeáveis, o sangue é oxigenado. 
Nas aranhas, existem um ou dois pares de pulmões 
foliáceos, cujos estigmas estão localizados nos sulcos 
interpulmonares (figura 7), no lado ventral do opistossoma. Um 
sistema de traqueias também pode estar presente. 
Nos escorpiões, são quatro pares de pulmões foliáceos e 
os estigmas encontram-se no pré-abdome. (figura 7) 
Na maioria dos ácaros, a respiração é cutânea; quando 
os pulmões foliáceos estão presentes, são um par. 
Nas ordens Uropygi, Amblypygi, Palpigradi e Schizomida 
existem dois pares de filotraquéias. 
Nas ordens Pseudoscorpiones, Solifugae, Opiliones e 
Ricinulei existem apenas traqueias. 
 
 
Circulação 
O sistema circulatório segue o plano geral dos artrópodes: existe um coração dorsal, tubular e localizado no 
interior do pericárdio; o coração apresenta óstios; de cada extremidade do coração parte um vaso sanguíneo, a aorta 
anterior ou cefálica e a aorta posterior ou abdominal (Figura 9 e 13). Dependendo do tamanho dos animais, as aortas 
podem ser mais ou menos ramificadas. 
O número de óstios é variável: nos escorpiões apresentam sete pares de óstios (condição mais primitiva); nas 
aranhas são três ou quatro pares de óstios. 
Nos ácaros, o sistema circulatório é muito reduzido. Na maioria das espécies, não há coração e a circulação 
restringe-se ao conjunto de lacunas. Em algumas, ao contrário, se observa um coração com dois pares de óstios e 
apenas uma aorta (Obenchain & Oliver Jr, 1976). 
O sangue apresenta hemocianina dissolvida no plasma. A circulação do sangue segue o padrão básico dos 
artrópodes. 
 
 
Figura 13: Com base no que já foi estudado para 
os artrópodes em geral, coloque a legenda nos 
órgãos do sistema circulatório desta aranha. 
Usando setas, represente a circulação do sangue 
(não esqueça de diferenciar o sangue venoso do 
arterial). 
 
 
Chelicerata - 7 de 11 
Figura 15: Olhos. A - diagrama de um olho direto; B - diagrama de um 
olho indireto, com tapetum. (mod. Brusca & Brusca, 2007) 
Figura 14: Esquema de glândula coxal 
Excreção 
O principal produto de excreção é a guanina, embora o ácido úrico também possa ser excretado. A excreção é 
feita pelos túbulos de Malpighi, pelas glândulas coxais e pelos nefrócitos. Estas três alternativas estão presentes em 
todos os grupos, à exceção dos Palpigradi e Opiliones, em que faltam os túbulos de Malpighi. 
Os túbulos de Malpighi, semelhante aos dos insetos, mas se originam do intestino médio; depositam os 
excretas coletados no limite com o intestino posterior. Nas aranhas existem um ou dois pares; nos escorpiões são dois 
pares. 
As glândulas coxais se abrem para o exterior do corpo, como 
indica o nome, junto às coxas dos aracnídeos. São estruturas derivadas 
de nefrídios e parecem ser homólogas às glândulas presentes nos 
crustáceos. Coletam os excretas por difusão, no sáculo e os liberam para 
o exterior pelo poroexcretor. Além da exceção, as glândulas coxais 
participam da osmorregulação dos animais. 
Estão presentes até quatro pares de glândulas coxais. Nas 
aranhas, são dois pares, com aberturas no 1º e 3º par de patas; nos 
escorpiões, existe apenas um par, no 3º par de patas. 
Os nefrócitos são células presentes nas lacunas do corpo, que 
fagocitam os excretas e os degradam intra-celularmente. 
 
 
Sistema Nervoso 
No cérebro, o lobo mediano (deutocérebro) é ausente. A estrutura primitiva é a “ganglionar em escada de corda”, 
mas existe grande tendência à fusão dos gânglios. 
Nos escorpiões, o grupo mais primitivo dos aracnídeos, há fusão apenas dos gânglios ventrais da região do 
prossoma. Nas aranhas, a fusão dos gânglios ventrais alcança os do prossoma e alguns do opistossoma. Já nos 
ácaros, há fusão de todos os gânglios ventrais, de modo que o sistema nervoso forma um anel em torno do esôfago. 
 
Órgãos de Sentido 
Por toda a superfície dos aracnídeos, em especial nos apêndices, encontramos cerdas, que são pêlos com 
células sensoriais na base. Sua função é o tato. Existem cerdas mais finas e longas, conhecidas como tricobótrios, 
que percebem movimentos sutis e pequenos deslocamentos de ar. 
Na superfície da cutícula, encontram-se ranhuras, recobertas por uma membrana delgada. Estas ranhuras, 
conhecidas como órgão sensorial em fenda, parecem ser propriorreceptores, capazes de perceber as variações na 
tensão do exoesqueleto. Parecem que percebem, também, vibrações sonoras. 
Nos escorpiões, existe um par de pentes (figura 7C) localizados no lado ventral entre o pré- e o pós-abdome. 
Sua função é tátil e quimiorreceptora. 
Os aracnídeos apresentam olhos com lente simples (Figura 15). Existem dois tipos de olhos: os olhos diretos e 
os olhos indiretos. Estes olhos diferenciam-se, sobretudo, no direcionamento das células fotorreceptoras ou retinianas. 
 Nos olhos diretos, estas células 
estão voltadas na direção da luz. 
Nos olhos indiretos, a porção 
sensorial das células retinianas 
(rabdomas) está voltada na direção de 
uma camada refletora (tapetum) e, 
portanto, na direção oposta da luz 
incidente; a luz percebida pelas células 
retinianas é a luz refletida pelo tapetum 
(Figura 15B). Nos olhos indiretos, o 
tapetum concentra os raios luminosos, de 
modo que são os mais adequados à 
condição de pouca luz. 
Chelicerata - 8 de 11 
Figura 16: Pedipalpo de aranha 
macho (mod. Pechmann et al., 2010) 
O número e o tipo de olhos presentes em cada ordem é variável (para mais detalhes, ver a descrição das ordens 
na página 10): 
- Nas aranhas - geralmente quatro pares de olhos, sendo um par de olhos diretos (olhos principais) e três pares de 
olhos indiretos (olhos secundários). Nas aranhas com três pares de olhos, todos são indiretos. 
- Nos escorpiões, estão presentes um par de olhos medianos, além de dois a cinco pares de olhos laterais, todos 
diretos. 
- Nos ácaros, os olhos podem ser ausentes ou estarem presentes em número de um ou dois pares. 
- Nos pseudoescorpiões, os olhos são indiretos, em número de um ou dois pares. 
- Nos opiliões e demais grupos, está presente um par de olhos diretos. 
 
Reprodução 
Os aracnídeos são dióicos e a transferência indireta de espermatozoides é muito frequente. 
Nas aranhas, os pedipalpos funcionam como órgãos copuladores. Os 
pedipalpos do macho têm uma dilatação na extremidade, que é conhecida como 
bulbo (Figura 16). 
No período reprodutivo, o macho tece uma pequena teia, onde ejacula seu 
esperma; ele leva seus pedipalpos até a teia espermática e enche o bulbo com os 
espermatozoides. Durante a cópula, o macho insere a extremidade do bulbo de 
seus pedipalpos, conhecida como êmbolo, nas aberturas copulatórias da fêmea 
(não no poro genital) e transfere os espermatozoides, que são, então, depositados 
nos receptáculos seminais ou espermatecas da fêmea. Os ovos são fecundados 
na vagina, liberados através do poro genital e envoltos por uma espécie de casulo 
de seda (a ooteca), tecido pelas fiandeiras. 
Os escorpiões se utilizam de espermatóforos (pacotes de 
espermatozóides), que são deixados, ao acaso, sobre o solo ou colocados em 
um aparato especial, composto de pedúnculo e uma alavanca para sua 
introdução na fêmea (Figura 17). Neste caso, o macho coloca seu espermatóforo 
em tal aparato e, por movimentos atrativos de corte, conduz a fêmea até o local 
onde este se encontra; ao passar por sobre o espermatóforo, a fêmea esbarra na 
alavanca e o espermatóforo é introduzido em sua abertura genital. 
Os pseudoescorpiões e ambliígios também se utilizam de 
espermatóforos. Os Ricinulei se utilizam da terceira pata para inseminar a fêmea. 
Os opiliões e a maioria dos ácaros possuem transmissão direta dos espermatozóides através de um pênis. 
Algumas espécies de ácaros possuem espermatóforos. 
 
Os aparelhos reprodutores de machos e 
fêmeas são muito parecidos. Em geral, apresentam 
um par de gônadas (ovários ou testículos), um par de 
dutos (ovidutos ou dutos espermáticos) que se unem 
e se abrem em um único poro ventral (Figura 18). Nas 
fêmeas, ainda, existe um par de espermatecas e um par 
de aberturas copulatórias. 
As aranhas e a maioria dos aracnídeos são 
ovíparas. Os escorpiões podem ser ovovivíparos ou 
vivíparos. Alguns ácaros são ovovivíparos. 
 
 
Desenvolvimento 
O desenvolvimento é direto. Nos ácaros, contudo, após a eclosão do ovo, o jovem (às vezes chamado “larva”) 
apresenta apenas três pares de patas; após a primeira muda, adquire o quarto par de patas. 
 
Figura 17: Espermatóforo de 
escorpião (de Ruppert & Barnes, 1996) 
Figura 18: Aparelho 
reprodutor de aranha 
fêmea. 
(de Barnes, 1984) 
 
Chelicerata - 9 de 11 
Figura 20: Estrutura do fio de seda 
(Chen-Pan Liao) 
Seda e Teia 
Todas as aranhas apresentam fiandeiras (três ou quatro pares). Cada fiandeira é uma protuberância, em cuja 
extremidade se abre uma glândula sericígena, que produz a seda. Ver figuras 9 e 19. Em cada fiandeira existem 
diversas bobinas, por onde saem os fios da seda, que são tecidos por um fuso, tornando-o mais espesso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A seda é de natureza protéica, sendo liberada na forma líquida. O endurecimento da seda não está relacionado 
ao contato com o ar, mas à polimerização provocada pelo estiramento do líquido. O fio primário de seda é composto, 
principalmente, de glicina e alanina, em quantidades variáveis nas porções cristalina e amorfa. Na porção cristalina, que 
é responsável pela resistência do fio, predomina alanina. A porção amorfa é responsável pela elasticidade do fio, tendo 
predomínio de glicina. 
Todas as aranhas tecem seda com função reprodutiva: fêmeas produzem ooteca e machos as teias 
espermáticas. Contudo, nem todas as aranhas constroem a teia para a captura de alimento. 
Embora a teia mais conhecida seja do tipo orbicular (Figura 21A), esta não é a mais comum entre as aranhas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 21: alguns tipos de teia: A. orbicular; B. em lençol; C. em bolas (aranhas boleadeiras). 
(fonte: Australian Museum) 
A B C 
Figura 19: fiandeiras 
(mod. Australian Museum) 
Chelicerata - 10 de 11 
 
Figura 22: Algumas ordens de Arachnida (Storer et al., 1986) 
 Classificação e Filogenia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Existem 11 ordens de aracnídeos (número de espécies descritas segundo Zhang, 2011): 
Ordem Araneae - aranhas (43.579 espécies, destas 1.106 fósseis) 
Prossoma com carapaça única. Opistossoma não segmentado (exceto nas mais primitivas). Quelíceras de tamanho moderado, 
com garras. Pedipalpos da fêmea não diferenciados das patas; no macho é modificado em órgão copulatório. Com glândulas 
fiandeiras. Com 4 pares de olhos. Comprimento entre 0,05 a 9,0 cm. Habitats variados. 
Ordem Scorpiones ou Scorpionida - Escorpiões verdadeiros (2.068 espécies, destas 121 fósseis) 
Tem o corpo dividido em prossoma, mesossoma e metassoma (aguilhão no último segmento). Quelíceras pequenase 
pedipalpos muito grandes, com pinça. Um par de olhos medianos e 2 a 5 pares de olhos laterais. A maioria entre 3,0 e 9,0 cm 
de comprimento. Abdômen segmentado. Vivem debaixo de pedras, troncos etc., sendo geralmente noturnos. 
Ordem Acarina - Ácaros (37.665 espécies, destas 144 fósseis) 
Corpo sem divisões, com um único escudo dorsal (às vezes secundariamente dividido por um sulco). Peças bucais pequenas, 
localizadas em uma projeção (capítulo). Com 0, 1 ou 2 pares de olhos. Comprimento médio 0,1 cm, embora existam espécies 
muito maiores (os carrapatos, por exemplo). Parasitas ou de vida livre, estes em vários ambientes: solo, água doce, vegetação... 
Ordem Opiliones - Opiliões (6.519 espécies, destas 35 fósseis) 
Prossoma e opistossoma unidos, sem constrição. Opistossoma segmentado. Patas muito longas. Um par de olhos. Possuem 
glândulas repugnatórias. Entre 0,5 e 1,0 cm de comprimento. Vivem em ambientes úmidos, no solo e em troncos de árvores, 
por exemplo. 
Ordem Pseudoscorpiones ou Pseudoscorpionida - Pseudo-escorpiões (3.494 espécies, destas 40 fósseis) 
Semelhantes aos escorpiões verdadeiros, mas sem o metassoma e o aguilhão. Com 0,1 ou 2 pares de olhos laterais. 
Comprimento até 0,8 cm. Vivem no folhiço, no solo, debaixo de pedras ou na vegetação. 
Ordem Solifugae ou Solpulgida - Solpugídeos (1.116 espécies, destas 5 fósseis) 
Prossoma dividido em duas partes. Abdômen segmentado. Quelíceras com pinças articuladas. Pedipalpos semelhantes às 
patas. Um par de olhos. Até 7,0 cm de comprimento. Hábitos diurnos; vive sob pedras e em fendas. 
Ordem Amblipygi - amblipígios (170 espécies, destas 9 fósseis) 
Quelíceras semelhantes às das aranhas e pedipalpos grandes e raptoriais. Sem flagelo, embora a forma se pareça com a dos 
Uropygi. Um par de olhos medianos e 3 pares laterais. Entre 0,4 e 0,5 cm de comprimento. 
Ordem Uropygi ou Thelyphonida - Escorpiões-vinagre (119 espécies, destas 9 fósseis) 
Prossoma com carapaça única. Opistossoma segmentado, com flagelo. Quelíceras não muito grandes, pedipalpos fortes, com 
pinças. Um par de olhos anteriores e 3 a 4 pares laterais. Possuem glândula repugnatória no opistossoma. Até 6,5 cm de 
comprimento. Vivem em ambientes úmidos, debaixo de pedras ou folhas. 
Ordem Schizomida (264 espécies, destas 4 fósseis) 
Semelhante aos Uropygi, mas o prossoma apresenta 3 placas. Flagelo curto. Possuem glândula repugnatória no opistossoma. 
Sem olhos. Menor do que 1 cm. 
Ordem Palpigradi (86 espécies, destas uma fóssil) 
Prossoma com carapaça dividida. Opistossoma com longo flagelo segmentado. Quelíceras grandes e pedipalpos não 
diferenciados das patas. Sem olhos. Com cerca de 0,3 cm de comprimento. 
Ordem Ricinulei (73 espécies, destas 15 fósseis) 
Com capuz recobrindo a boca e as quelíceras. Pedipalpos menores do que as patas e com pequena pinça. sem olhos. 
Comprimento entre 0,5 e 1,0 cm. Vivem no folhiço ou em cavernas. 
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Figura 23: Relações filogenéticas dos Chelicerata 
(recorte da árvore apresentada por Giribet & Edgecombe, 2012) 
Não existe consenso sobre a filogenia interna dos Arachnida, no entanto algumas relações têm sido 
recuperadas com frequência nas análises. Um recorte da árvore apresentada por Giribet & Edgecombe (2012) para os 
artrópodes, permite identificar alguns pontos de consenso: (1) Scorpiones + Opiliones; (2) Pseudoscorpiones + 
Solifugae; (3) o grupo Tetrapulmonata, formado por Araneae, Amblypigi, Uropygi e Schizomida. Ver figura 22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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