resultados de acompanhamento especializado anterior. 4.3.2 Plano Individual de Atendimento – PIA O Plano Individual de Atendimento - PIA está previsto na Lei do SINASE, que es- tabelece a obrigatoriedade de sua elaboração na execução das medidas socioeducativas, definindo-o como “instrumento de previsão, registro e gestão das atividades a serem de- senvolvidas com o adolescente”35. Deverá ser elaborado pelo técnico de referência do Servi- ço de MSE em Meio Aberto. O PIA é um instrumento de planejamento que deve ser pactuado entre o técnico e o ado- lescente envolvendo a sua família e as demais políticas setoriais, conforme os objetivos e as metas consensuadas na sua elaboração. Deve ser utilizado como ferramenta para a conver- gência das ações intersetoriais, estabelecendo objetivos e metas a serem cumpridas pelo ado- lescente. Ressalta-se que os pais ou responsá- vel têm o dever de participar da elaboração e acompanhamento do PIA, sendo passíveis de responsabilização administrativa36. Conforme os incisos do artigo 54 da Lei nº 12.594/12, devem constar no PIA, no mínimo: 34 O programa de atendimento pode ser tanto de meio aberto quanto de meio fechado. 35 Ver Artigo 54 da Lei do SINASE. 36 Ver parágrafo único do Artigo 52 da Lei do SINASE. 60 I – os resultados da avaliação interdisci- plinar; II – os objetivos declarados pelo adolescente; III – a previsão de suas atividades de inte- gração social e/ou capacitação profissional; IV – atividades de integração e apoio à família; V – formas de participação da família para o efetivo cumprimento do plano individual; e VI – as medidas específicas de atenção à sua saúde. O PIA deve ser elaborado a partir das de- mandas do adolescente, considerando os con- textos social e familiar em que vive, o enfoque interdisciplinar e o incentivo ao protagonismo do adolescente. Deve constar a identificação do adolescente e sua família, sua história de vida e trajetória em outras instituições ou ser- viços de atendimento, atividades de participa- ção social, sua convivência comunitária, suas potencialidades, habilidades e aspirações. Entre os dados necessários para a rea- lização do PIA que devem ser levantados na etapa de acolhida inicial, ressaltam-se: O PIA é instrumento a ser preenchido gradualmente, com a finalidade de compre- ender, ao longo do acompanhamento, as cir- cunstâncias de vida do adolescente. Não se trata da aplicação de um questionário, mas de um mecanismo de registro e planejamento que procura abarcar a trajetória, as demandas e os interesses do adolescente com o objetivo de construir, a partir desse diálogo, propos- tas de projetos de vida que criem alternativas Dados de Identificação do adolescente: nome; idade; apelido; nome do pai, mãe ou responsável; endereço; composição familiar; telefone; e-mail; ou outras formas de contato; Escolaridade (série e escola em que estuda); Histórico educacional; Vida profissional (habilidade, experiência de trabalho, interesses profissionais e cursos que eventualmente já tenha feito); Saúde (estado geral de saúde: se possui alguma enfermidade; se usa algum medicamento, última visita média, se possui informações sobre DST e AIDS, se é ou foi usuário de drogas, entre outros); Vida sexual (se tem vida sexual ativa, se usa algum método contraceptivo); Histórico em relação à execução de medidas socioeducativas; Informações sobre atividades de cultura, esporte, lazer (o que gosta de fazer, se tem algum hobby, o que faz nas horas vagas, se já fez algum tipo de curso ou oficina para o desenvolvimento da expressão ou da criatividade, se existem grupos/equipamentos culturais em seu bairro); Informações processuais (sentença de aplicação da medida socioeducativa que passará a cumprir, ou decisão judicial com as informações necessárias, no caso de homologação, ou de progressão de medida; ato infracional praticado; informações sobre datas referentes ao processo, defensor, promotor e juiz responsáveis); Registro de Documentos do adolescente ou tomada de providências em caso de não possuir carteira de identidade, CPF, Carteira de Trabalho – quando couber – e outros referentes à sua identificação; Atuais perspectivas, projetos de vida e áreas de interesse. 61 para a ruptura com a prática do ato infracio- nal e que contribuam para a autonomia do adolescente. Se utilizado como questionário, o PIA poderá se tornar apenas o registro de informações superficiais e incompletas a res- peito do adolescente. Após a análise das informações iniciais que individualizam cada PIA, o técnico deve- rá, juntamente com o adolescente e sua famí- lia, estabelecer as ações e atividades a serem executadas não apenas no âmbito do Serviço de MSE em Meio Aberto, como também no âmbito dos outros serviços do SUAS e das de- mais políticas setoriais. O planejamento das ações e atividades do PIA deve promover interlocução com os serviços da rede socioassistencial e da rede intersetorial, cuja efetivação se dará por meio do estabelecimento prévio de fluxos e protocolos de atendimento, que definam pa- péis e assegurem o rápido encaminhamento e atendimento dos adolescentes, sempre que necessária a intervenção dos programas, ins- tituições e serviços que compõem a rede de atendimento socioeducativo. Como já destacado neste caderno, a atua- ção da Comissão Intersetorial de Acompanha- mento do SINASE, seja em âmbito Estadual, Distrital ou Municipal, é pressuposto para a articulação entre os serviços e programas das políticas setoriais e para a interlocução com os órgãos de defesa de direitos, já que é sua atri- buição pactuar os fluxos e protocolos. Os encaminhamentos realizados pela equipe de referência ou técnico do serviço para outras políticas setoriais e órgãos de defesa implicam no acompanhamento da efetivação dos atendimentos por parte des- ta equipe. Esse acompanhamento deverá ser devidamente registrado no PIA pelo técnico de referência, que deverá também anexar ao PIA as avaliações solicitadas aos outros profissionais envolvidos no atendimento so- cioeducativo, tanto do SUAS quanto da rede intersetorial. Os registros e os anexos devem ser utilizados para a avaliação do atendimen- to socioeducativo integrado e como subsídios para elaboração dos relatórios periódicos en- caminhados ao judiciário. Apesar da participação de profissionais dos outros serviços do SUAS e das políticas setoriais no atendimento socioeducativo, de- ve-se garantir a privacidade do adolescente, uma vez que apenas ele e seus pais ou respon- sável, o técnico de referência, o defensor e o Ministério Público poderão ter acesso às in- formações contidas no PIA37. O tempo de duração do atendimento ao adolescente no Serviço de MSE em Meio Aberto está condicionado aos prazos legais e à decisão judicial, no entanto, é indicado que o técnico planeje estratégias para o desligamento do ado- lescente. Ainda que tal planejamento não seja realizado na fase inicial de elaboração do PIA, poderá ser realizado no decorrer do cumpri- mento da medida socioeducativa. A equipe de referência do serviço deve se certificar de que o encerramento do cumprimento da medida so- cioeducativa seja compreendido pelo adolescen- te e por sua família, para que não haja equívocos a respeito da continuidade nos outros serviços do SUAS que por ventura estejam inseridos. É interessante, inclusive, que os ado- lescentes e suas famílias sejam motivados a permanecerem nos outros serviços do SUAS nos quais foram inseridos durante o acom- panhamento da medida socioeducativa em meio aberto, ampliando as possibilidades de proteção social, mesmo depois de cumprida a determinação judicial. 4.3.3 Planejamento de atividades de acom- panhamento individuais e coletivas O planejamento sistemático