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17
CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL 
LIDIA CAMARGO CRELIER
OS DESAFIOS DO SERVIÇO SOCIAL FRENTE AO ADOLECENTE EM CONFLITO COM A LEI E A FAMILIA
PARAUAPEBAS
2017
LIDIA CAMARGO CRELIER
OS DESAFIOS DO SERVIÇO SOCIAL FRENTE AO ADOLECENTE EM CONFLITO COM A LEI E A FAMILIA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a UNOPAR- Universidade Norte do Paraná, como requisito final para obtenção do título Bacharel Serviço Social.
Professor Supervisor: I
PARAUAPEBAS
2017
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus que permitiu que este momento fosse vivido por mim, trazendo alegria aos meus pais e a todos que contribuíram para a realização deste trabalho
Agradeço ao bom Deus, pela minha vida, a vida dos meus pais, familiares e amigos.
A esta instituição UNOPAR pelo excelente ambiente oferecido aos seus alunos e os profissionais qualificados que disponibiliza para nos ensinar
Agradeço aos meus pais, filhos e marido pelo amor, carinho, paciência no decorrer desse período .	
Agradeço aos meus amigos, por confiarem em mim e estarem do meu lado em todos os momentos da vida
CRELIER, Camargo Lídia. Os Desafios do Serviço Social Frente ao Adolescente em Conflito com a Lei e a Família. 2017, 48p. Monografia (Bacharel Serviço Social). Universidade Norte do Paraná – UNOPAR, Parauapebas, 2017.
RESUMO
A presente pesquisa tem como tema “Os Desafios do Serviço Social Frente ao Adolescente em Conflito com a Lei e a Família”. Com o objetivo de compreender a importância da dinâmica familiar no processo de reintegração social dos adolescentes quem cumprem medida socioeducativa de internação, contendo como objetivo específicos contextualizar o impacto do trabalho desenvolvido pelo serviço social no processo de reintegração social do adolescente em cumprimento de medida socioeducativa; analisar a eficácia da medida socioeducativa de internação, e identificar os desafios e conquistas do serviço social junto essa demanda. O estudo tem caráter bibliográfico e descritivo, através da qual se buscou analisar, em livros, artigos publicados na internet, revistas pertinentes ao tema, para que se possa demonstrar uma visão atual do tema estudado e traz uma proposta à reflexão acerca da importância do fortalecimento dos vínculos familiares para dinâmica de reintegração do adolescente em cumprimento de medida socioeducativa. E, tendo alguns autores tomados como referência para elaboração da pesquisa foram: João Saraiva(2009), Mario Volpi(2011), Mauricio Jesus(2006),Wilson Liberati (2000), Silvio Kaloustian(2011), dentre outros referências. Assim, as pesquisas apontam as diversas facetas do processo de ressocialização dos adolescentes em conflito com a lei, onde a intervenção do serviço social é de grande relevância para o fortalecimento de vínculos familiares..
Palavras-chave: Adolescente, Medidas Socioeducativas, Ato Infracional. Familia
.
CRELIER, Camargo Lídia. Os Desafios do Serviço Social Frente ao Adolescente em Conflito com a Lei e a Família. 2017, 49p. Monografia (Bacharel Serviço Social). Universidade Norte do Paraná – UNOPAR, Parauapebas, 2017.
ABSTRACT
The present research has as theme "The Adolescent in Conflict with the Law: Family and Social Reintegration. In order to understand the importance of the family dynamics in the process of social reintegration of adolescents who fulfill a socioeducative measure of hospitalization, with the specific objective of contextualizing the impact of the work developed by the social service in the process of social reintegration of the adolescent in compliance with socio - educational measure; analyze the effectiveness of the socio-educational measure of hospitalization, and identify the challenges and achievements of social service with this demand. The study has a bibliographic and descriptive character, through which it was sought to analyze, in books, articles published on the Internet, journals pertinent to the theme, in order to be able to demonstrate a current view of the subject studied and propose a reflection on the importance of strengthening of the family ties for dynamics of reintegration of the adolescent in fulfillment of socio-educational measure. And, some authors have taken as reference for the elaboration of the research were: Mario Saraiva (2009), Mario Volpi (2011), Mauricio Jesus (2006), Wilson Liberati (2000), Silvio Kaloustian (2011), among other references. Thus, the surveys point out the different facets of the process of resocialization of adolescents in conflict with the law, where social service intervention is of great relevance for the strengthening of family ties ..
Keywords: Adolescent, Socio-Educational Measures, Infraction. Family
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	9
1 ADOLESCENTE E A NATUREZA DO ATO INFRACIONAL	12
1.1 Concepção de Criança e Adolescente	12
1.2 A Família como Agente Socializador	16
1.3	A Natureza do Ato Infracional	22
2.	EVOLUÇÃO DOS DIREITOS DAS CRIANÇAS E DOS ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI E AS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS	27
2.1 Aspectos Históricos do Sistema Normativo do Brasil	27
2.2 Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE: Avanços e Desafios	32
3.	O SERVIÇO SOCIAL E A MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO: AVANÇOS E DESAFIOS	35
3.1 Breve Histórico das Medidas Socioeducativas	35
3.1 Papel do Serviço Social no Processo Ressocialização do Adolescente Infrator	42
CONSIDERAÇÕES FINAIS	47
REFERENCIAS	49
UNIVERSIDADE PITÁGORAS UNOPAR
_________________________________________________
INTRODUÇÃO
O adolescente em conflito com a lei e a vulnerabilidade social da sua família tem sido amplamente discutido no cenário atual. Assim o presente estudo propõe-se o tema “Adolescente em Conflito com a Lei: A família como fator importante no processo de reintegração”
No Brasil, a população infanto-juvenil é vista como um dos segmentos populacionais mais prejudicados pelos problemas socioeconômicos (Cruz-Neto e Moreira, 1998). E, aonde essa “desigualdade econômica e social” brasileira vem provocando impactos significativos e assim dificultando o pleno crescimento e o desenvolvimento de milhões de adolescentes, que se veem privados de oportunidades de inclusão social em seu contexto comunitário, vivendo em moradias inadequadas e à mercê de diversas problemáticas, como: restrições severas ao consumo de bens e serviços; estigmas e preconceitos; falta de qualidade no ensino; relações familiares e interpessoais fragilizadas; e violência em todas as esferas de convivência (Assis e Constantino, 2005, p. 82).
Diante da conjuntura atual crianças e adolescentes são cidadãos brasileiros mais favoráveis à violação de direitos pela família, sociedade e estado. No “Brasil, esse público representa a parcela mais exposta à violência física, sexual, moral o que se contrapõe as normas institucionais” (Volpi, 2011, p. 8). Essa realidade pode atingir de maneira pertinente os adolescentes em conflito com a lei.
Straus (1994) define o adolescente em conflito com a lei como uma pessoa com uma deficiência em habilidades sociais e em resoluções de problemas, bem como pessoas que sofrem de sentimentos de inferioridade, mantendo-se fiéis a um sistema de padrões de comportamento bastante divergente do adotado pelos cidadãos que respeitam a lei. 
Em vista disso, convém ressaltar que a constituição de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente elevam às crianças e adolescentes a condição de sujeito de direito, e a proteção integral, por constituírem um grupo de indivíduos em fase de desenvolvimento físico, psicológico e moral, e por esses motivos são merecedores de cuidado total.
A presente pesquisa objetiva analisar a questão que envolve “O Adolescente em Conflito com a Lei: A família como fator importante no processo de reintegração”. Para tanto, aborda-se o principio legal, institucional e familiar dos adolescentes, que necessitam de um conjunto de ações direcionada para seu reingresso na sociedade. Vale ressaltar, a importância da família no contexto da medida socioeducativa de internação, notadamenteo fortalecimento dos vínculos familiares.
Nesse sentido, o estudo objetiva discorrer sobre o adolescente em conflito com a lei e seu processo de ressocialização, oferecendo entendimento e contribuição na área social, diante de um tema bastante discutido na mídia e na sociedade. A partir desse aspecto, procura-se responder ao seguinte problema: O adolescente em conflito com a lei, em comprimento de medida socioeducativa de internação, em que os vínculos familiares foram rompidos dificultam o processo de ressocialização? 
O objetivo que motivou esse estudo trata-se de que o adolescente em conflito com a lei e a vulnerabilidade social da sua família tem sido amplamente discutido no cenário atual, e sendo de grande relevância analisar a dinâmica familiar no processo de reintegração em adolescentes que cumprem medida socioeducativa de internação. Sendo assim, os objetivos específicos visaram conhecer o processo do trabalho do Assistente Social junto ao adolescente em cumprimento de medida sócio educativa no seu processo de ressocialização, verificar os desafios enfrentados pelo serviço social no processo de ressocialização do adolescente. Nessa perspectiva indagou-se, se há eficácia no trabalho desenvolvido com as famílias, tendo em vista a reintegração dos laços familiares, e se a aplicação das ações socioeducativas, respondem acerca do processo de ressocialização do adolescente em conflito com a lei.
 Os trabalhos de Saraiva (2009), Volpi (2011), Liberate (2000), Kaloustian (2011), Jesus (2006) deram suporte imprescindível a esse estudo, oferecendo caráter reflexivo das situações histórico sociais, as condições objetivas e subjetivas da realidade social. Assim, como a construção e atribuições sobre os aspectos e relações conceituais das medidas socioeducativa e do trabalho, partindo do protagonista em questão, o próprio adolescente em conflito com a lei.
A fim de alcançar os objetivos proposto, o presente estudo exigiu uma pesquisa bibliográfica desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. A pesquisa bibliográfica com base na leitura de diversos autores que permitiram a analises e reflexões acerca do tema. Para Gil (2006,p.44) a pesquisa bibliográfica é um meio de informação teórica, embasamento, criação de conhecimento necessário e básico para realização de estudos monográficos. 
Esse tipo de pesquisa permite ao pesquisador “[...] a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Esta vantagem se torna particularmente importante quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo espaço” (GIL, 1996, p. 50).
 Visando facilitar a analise, dividiu-se o estudo em três capítulos: no primeiro capítulo, “O Adolescente e a natureza do ato infracional”, conceituou-se os termos criança e adolescência conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente, apresentando diversos fatores preponderantes para o tratamento desse público em desenvolvimento, bem como o conceito de família, ressaltando sua importância no processo de ressocialização dos adolescentes que cumprem medidas sócio educativa de internação, e por fim aborda de forma geral a definição do ato infracional caracterizado de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente.
O segundo capitulo, dispõe sobre a evolução dos direitos da criança e do adolescente em conflito com a lei e as medidas sócio educativas, e o histórico da legislação de atenção aos direitos das crianças e dos adolescentes, e em sequencia faz uma analise das medidas socioeducativas no intuito de responsabilizar o adolescente pelo cometimento do ato infracional e proporcionar orientação e acompanhamento a estes.
No terceiro capitulo, trata-se da questão do Adolescente em Conflito com a Lei e a família como fator importante no processo de reintegração desse adolescente.
 
 
 1 ADOLESCENTE E A NATUREZA DO ATO INFRACIONAL
Neste capitulo, serão abordadas algumas considerações importantes para conceituação dos termos da criança e do adolescente. Identificando aspectos fundamentais para o seu desenvolvimento. Em seguida, realizou-se um breve relato sobre família, conceituando-a e apresentando os diversos arranjos existentes, bem como apresentando fatores que interferem no desenvolvimento saudável dos adolescentes. E, por último, a natureza do ato infracional.
1.1 Concepção de Criança e Adolescente
Conforme preceitua o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA,1990), em seu artigo 2°, considera-se criança a pessoa com idade inferior a doze anos e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade, culturalmente no Brasil se considera adolescente a partir dos 13 anos. Outra diferença entre a lei e cultura é o Estatuto da Juventude, LEI Nº 12.852, que considera jovem a pessoa até vinte nove anos de idade, mas que culturalmente no Brasil se considera até vinte quatro anos de idade. Para a prática de todos os atos da vida civil, como a assinatura de contratos, é considerado capaz o adolescente. (Lei 8.069/90, 1990).
Eisenstein, define a adolescência, como;
Adolescência é o período de transição entre a infância e a vida adulta, caracterizado pelos impulsos do desenvolvimento físico, mental, emocional, sexual e social e pelos esforços do indivíduo em alcançar os objetivos relacionados às expectativas culturais da sociedade em que vive. A adolescência se inicia com as mudanças corporais da puberdade e termina quando o indivíduo consolida seu crescimento e sua personalidade, obtendo progressivamente sua independência econômica, além da integração em seu grupo social. (EISENSTEIN, 2005, p.30)
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), não se pode definir com exatidão o início e o fim da adolescência, ela varia de pessoa para pessoa, porém, na maioria dos indivíduos, ela ocorre entre 10 e 20 anos de idade. 
O autor, faz um destaque aos limites cronológicos estabelecido na legislação para o período da adolescência,
[...] a Organização Mundial da Saúde (OMS) entre 10 e 19 anos (adolescents) e pela Organização das Nações Unidas (ONU) entre 15 e 24 anos (youth), critério este usado principalmente para fins estatísticos e políticos. Usa-se também o termo jovens adultos para englobar a faixa etária de 20 a 24 anos de idade (young adults). Atualmente usa-se, mais por conveniência, agrupar ambos os critérios e denominar adolescência e juventude ou adolescentes e jovens (adolescents and youth) em programas comunitários, englobando assim os estudantes universitários e também os jovens que ingressam nas forças armadas ou participam de projetos de suporte social denominado de protagonismo juvenil. Nas normas e políticas de saúde do Ministério de Saúde do Brasil, os limites da faixa etária de interesse são as idades de 10 a 24 anos.
E, nessa perspectiva, Jesus afirma que:
A adolescência é um “processo de transição durante o qual o corpo de criança se transforma gradualmente em um corpo adulto. Essa mudança age diretamente nos interesses pessoais e na forma como o indivíduo vai se relacionar com a sociedade”. (JESUS, 2006 p.27).
As mudanças pela qual passa o adolescente são vista pela sociedade de forma negativa, como momento de crise, de irresponsabilidade, contudo, esse nada mais é que um período de muitas expectativas, no qual são depositadas responsabilidades, independências, e escolhas, tanto no qual que diz respeito à vida pessoal quanto à vida profissional. Desse modo, devido a essas transformações, “a criança e o adolescente encontram-se precocemente diante dos desafios do amadurecimento e esta pressão pode ter impacto negativo sobre o seu desenvolvimento moral, cognitivo e afetivo” (FERREIRA, 2010).
Cabe ressaltar que o adolescente é o indivíduo que se encontra em “fase peculiar de transição biopsicossocial, ou seja, período caracterizado por transformações biológicas em busca de uma definição de seu papel social, determinado pelos padrões culturais de seu meio” (JESUS,2006). 
Assim acentuam essa fase as escolhas, mudanças físicas, bem como a confirmação de identidade,fatores típicos deste período de desenvolvimento. Em conformidade com as ideias do autor em epigrafe, afirma-se que:
Nesta etapa da vida passa-se por alterações físicas, psíquicas e sociais, características desta fase. As alterações físicas são praticamente iguais para os grupos de adolescentes do sexo feminino e masculino, já as alterações da cultura em que está inserido. Portanto, podemos afirmar que o adolescente é aquele indivíduo que está em transformação, ou seja, passou da fase infantil para a adolescente e prepara-se para a fase adulta, de amadurecimento, de aumento de responsabilidade e desafios (GEORGES, 2008, p.17).
Todavia, essa é uma fase em que ocorre um desenvolvimento psíquico, físico e também de confirmação de busca da identidade social, assim, diante desses fatores que envolvem a adolescência, será necessário um conjunto de ações direcionadas para o pleno desenvolvimento dos adolescentes. Em decorrência desse processo, surgem também nessa fase muitas curiosidades, ansiedades e mudanças nos mais diferentes aspectos. Nesse contexto, a autora dividiu a adolescência em três fases:
· A pré-puberdade, quando o desenvolvimento físico se acelera e busca maior proximidade com os adultos. O lado emocional é muito confuso, com oscilações de sentimentos como ódio e amor, na busca de identificar-se: 
· A puberdade, que se inicia por volta dos treze anos, é marcada pela maturidade dos órgãos reprodutores:
· A pós-puberdade, entre os quinze e vinte anos, fase em que deve demostrar responsabilidade diante das cobranças do meio social, como a escolha profissional, estruturarem as relações com sexo oposto e a formação da identidade, necessitando cada vez menos da ajuda intelectual dos adultos (D`ANDREA, 2001, P.6).
Para tanto, na fase da pré-puberdade o adolescente deve dispor de um espaço seguro e sem impedimentos, para materializar essa transformação cognitiva. Logo, na puberdade devem permear orientações no âmbito familiar, pois é o momento da maturidade dos órgãos reprodutores cujo o corpo passa por transformações. A pós-puberdade é uma fase marcada por responsabilidades, oportunidades, enfim fase em que estabelece a afirmação da sua própria identidade, necessitando auxilio das pessoas que estão no espaço no qual este se insere.
Sabe-se que a adolescência é uma fase do ciclo vital marcada por intensas mudanças que geram transformações nos jovens e na sua família. No que se refere aos adolescentes, estes vivenciam a emergência da sexualidade e a busca por uma maior autonomia dos pais. Quanto à família, percebem-se, geralmente, transformações na sua estrutura e no seu funcionamento, ocorrendo uma renegociação dos papéis e da autoridade parental.
Outro aspecto importante relacionado a esse público em questão concerne os casos de pessoas que crescem em situação de vulnerabilidade pessoal e social, sendo que os riscos te terem conflitos internos são mais comuns. 
Concerne dizer que a família é peça fundamental, pois é a primeira entidade socializadora, ou seja, caracterizadora desse segmento social, sob o qual têm influências diretas nas suas peculiaridades, seja no âmbito intrafamiliar, quanto no externo. Nesse segmento observa-se que:
A ausência dos meios de controle social informal, como a própria família ou escola, e também a falta de intervenção estatal, através de políticas assistenciais, criam situações determinantes na formação do caráter desse público em questão, que em sua falta podem levar a esses adolescentes a terem atitudes consideradas desviantes pela sociedade (JESUS, 2006, p.30).
Considerando as diferenças sociais, culturais e econômicas, percebe-se que a fase da “adolescência” é composta como um período de turbulências, e também marcada pela violência estatal, social e familiar, na qual gera determinantes cruciais para a formação da identidade e o seu papel sociedade. 
Nessa concepção, em primeiro lugar os adolescentes estão buscando a definição de sua identidade, de padrões estabelecidos na sociedade em que vivemos. Por essa razão, esse público pode passar por conflitos sejam eles com a escola, família, sociedade e são marcadas por dificuldades e desafios que podem levá-los ao conflito com a lei. 
Assim, para entender melhor as modificações e transformações pelas quais passam os adolescentes, é necessário inicialmente conhecer o contexto familiar em que este público está inserido, pois, segundo o autor a participação da instituição família é imprescindível para que possa ocorrer um desenvolvimento sadio do adolescente em formação. 
A seguir, será feita uma análise das transformações ocorridas na dinâmica familiar, ressaltando as relações de afetividade, identificando fatores positivos e negativos, para a vida do adolescente.
1.2 A Família como Agente Socializador
Observou-se no item acima, que o período da adolescência estende-se da infância até a vida adulta, não pode ser compreendido apenas pelo seu início ou termino cronológicos. Assim, marcam essa fase, diversos fatores dentre esses: biológicos, psicológicos, sociais e familiares. Para tanto, buscamos compreender aspectos familiares, utilizados como instrumentos para uma relação mais harmoniosa, distanciado dos possíveis conflitos existentes no seio familiar.
Na atual sociedade, a família é o primeiro agente socializador da criança e do adolescente. As características da família têm influência direta nas características do adolescente, em nível interno ou no relacionamento com o meio externo. A sociedade idealiza um modelo de família, mas as famílias vão estabelecendo, um modo de viver no cotidiano.
A família é a base da sociedade, uma vez que aquela constitui a célula fundamental do meio social. (VENOSA, 2004, p. 38). Entretanto, ultimamente, retrata–se o aspecto da entidade familiar, confirmada na Constituição Federal, em seu art. 226 para designar também a união estável e a comunidade formada por qualquer dos pais. Neste âmbito, a família é uma instituição indispensável ao meio social organizado, pois enfraquecida a família, debilitada estará a sociedade. Mas, observa-se em meio às pesquisas em livros que o perfil atual da família vem se modificando, em virtude das constantes alterações ocorridas na sociedade, as quais são responsáveis por muitos problemas, e com isso impactando diretamente os jovens e adolescentes brasileiros. 
Na contemporaneidade, a configuração familiar sofreu algumas modificações na sua estrutura, e apesar de ser bastante divulgada na mídia que a instituição familiar encontra-se fragilizadas, em crise ou degradação, ela ainda é a base de sustentação para os jovens e crianças. É importante apresentar que a família como organismo natural não acaba que, como organismo jurídico, requer uma nova representação. 
De acordo com Vitale; 
Na atualidade, a família deixa de ser aquela constituída unicamente por casamento por casamento formal. Hoje, diversifica-se e abrange as unidades familiares formadas pelo casamento civil ou religioso, seja pela união estável, seja por grupos formados por pais ascendentes e seus filhos, netos ou sobrinhos, seja por mãe solteira, sejam pela união de homossexuais mesmo que reconhecida em lei. Acaba, assim, qualquer discriminação relacionada à estrutura das famílias e se estabelece a igualdade entre os filhos legítimos, naturais ou adotivos. (2011, p.64).
	
Nesse sentido, são construídas novas concepções na atualidade sobre o contexto familiar, baseadas mais no afeto do que nas relações de consanguinidade, parentesco ou provindas, no casamento. Assim, seja qual for a sua configuração, as estruturas familiares reproduzem as dinâmicas sócio-históricas existentes. Dessa forma, a família se caracteriza como:
Uma instituição onde acontecem os primeiros ensinamentos da criança, seus valores e princípios para a sua formação. Sendo assim, a família a principal responsável pela alimentação e pela proteção da criança, da infância à adolescência. A inicialização da cultura, nos valores e nas normas de sua sociedade começa na família (CARVALHO, 1997, p.62).
Assim, para um desenvolvimentocompleto e harmonioso de sua personalidade, a criança deve crescer num ambiente, numa atmosfera de felicidade, amor e compreensão. Portanto, todas as instituições da sociedade devem respeitar e apoiar os esforços dos pais e de todos os demais responsáveis para alimentar e cuidar, de seus filhos em um ambiente familiar e equilibrado.
Nessa perspectiva, a Constituição de 1988 acrescenta que a família tem a primazia em assegurar à criança e ao adolescente seus direitos, definidos no artigo 277, assim explicitados:
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e o adolescente, com absoluta prioridade à vida, à saúde, à alimentação, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de coloca-las a salvo de toda forma de negligencia, discriminação, violência e opressão (BRASIL, 1998).
 Nessa concepção, a família, a sociedade e o Estado tem responsabilidade com respeito à garantia dos direitos da criança e do adolescente, para o seu desenvolvimento, em busca da conquista de sua cidadania plena, sem ação contraria ou conflituosa.
Conforme as ideias de Mioto (1997, p.12), as mudanças na configuração das famílias brasileiras têm sido compreendidas como decorrentes de uma multiplicidade de aspectos, como:
A transformação e liberalização dos hábitos e costumes principalmente aqueles relacionados à sexualidade e a nova posição da mulher na sociedade; O desenvolvimento técnico – cientifico, com a inserção dos anticoncepcionais e o avanço dos meios comunicativos em massa; O modelo de desenvolvimento econômico adotado pelo Brasil que teve como consequência o empobrecimento acelerado das famílias na década de 80, a migração exacerbada do campo para a cidade e um grande contingente de mulheres e crianças no mercado de trabalho. Deve-se ressaltar também a perda gradativa da eficiência do setor público na prestação de serviços que contribui ainda mais para a deterioração das condições de vida da população.
Observa que as mudanças ocorridas com a família possibilitaram uma convivência maior entre as gerações, devido ao “aumento da expectativa de vida; as transformações ocorridas na relação homem/mulher, assim como a reprodução e cuidado dos filhos, que deixavam de ser a razão de viver das mulheres para assegurar mais uma etapa da vida (MIOTO, 1997).
Contudo, diante dessas mudanças ocorridas na família, altera-se o modelo tradicionalista diante da contemporaneidade, em que hoje há uma diversidade nos arranjos familiares existentes na sociedade brasileira. Segundo Mioto (1997, p.120) diz que:
A família pode ser definida como núcleo de pessoas que convivem em determinado lugar, diante de um lapso de tempo mais ou menos longo e que acham unidas (ou não) por laços consanguíneos. Ele tem como tarefa primordial o cuidado e proteção de seus membros, e se encontra dialeticamente articulado com a estrutura social na qual está inserido.
Com isso, a família é um núcleo ou associação de pessoas que escolhem conviver por razões afetivas devem assumir compromisso mutuo principalmente a criança e o adolescente. Nesse sentido, Szymanski (2002, p.1) caracteriza os tipos de composição familiar:
a) Família nuclear em que é formada por pai, mãe e filhos biológicos, ou seja, é a família formada por apenas duas gerações;
b) Famílias extensas: formadas por pai, mãe, filhos e avós, isto é, família formada por três ou quatro gerações:
c) Famílias adotivas temporais: correspondem às famílias nucleares extensas ou qualquer outra, que adquire uma característica nova ao acolher um novo membro, mas temporariamente;
d) Famílias adotivas: formada por pessoas que, por diversos motivos, acolhem novos membros, geralmente crianças que podem ser multiculturais ou bi-raciais;
e) Casais: as compostas apenas pelo casal, sem filhos;
f) Famílias monoparentais: as chefiadas pelo pai ou pela mãe;
g) Casais homossexuais, com ou sem crianças: formadas por pessoas do mesmo sexo vivendo maritalmente, possuindo ou não crianças;
h) Famílias reconstruídas após o divórcio: formada apenas por pessoas (apenas um ou um casal) que já foram casadas, que podem ou não ter crianças;
i) Várias pessoas vivendo juntas, sem laços legais, mas com forte compromisso mutuo: formadas por pessoas que moram juntas mesmo sem ter consanguinidade, são ligadas fortemente por laços afetivos.
O ambiente ideal para o desenvolvimento equilibrado da criança e do adolescente é o seio da família. Seja ela natural, consanguínea, seja, na falta dela, a família substituta, que é uma formula legal de manifestar nobreza, altruística, e eficaz para a formação domestica da pessoa em desenvolvimento.
As mudanças na composição familiar, sua visibilidade e o aceite da sociedade (como, por exemplo, a legislação da união entre homossexuais) “ exigem em que leve em conta o reflexo daquela sociedade mais ampla, nas formas de se viver em família e nas interpessoais”. (SZYMANSKI, 2002, p.10).
Portanto, independente do arranjo familiar, a família tem que ser um espaço indispensável para garantia da sobrevivência de desenvolvimento e proteção integral dos filhos e demais membros, independentemente da forma também como vem se estruturando. Ela desempenha um papel decisivo na educação formal e informal, humanitária, e onde se aprofundam laços de solidariedade. É também em seu interior que se constroem as marcas entra as gerações e são observados valores culturais. 
Kaloustian (2011, p.12) relata que:
A família, enquanto forma especifica de agregação, tem uma dinâmica de vida própria, afetada pelo processo de desenvolvimento socioeconômico e pelo impacto da ação do Estado através de suas políticas econômicas sociais. Por essa razão, ela demanda políticas e programas próprios, que deem conta de suas especificidades, qual seja divisão sexual do trabalho, o trabalho produtivo, improdutivo e reprodutivo, a família enquanto unidade de renda e consumo de forma de prestação de serviços em seu espaço peculiar que é o doméstico.
Então, “fica explicito, assim, que as trocas afetivas na família imprimem marcas que as pessoas carregam a vida toda, definindo direções no modo de agir com as pessoas” (Mioto, 2001, p.76). Esse ser interage com as pessoas significativas, apreende a maneira de conviver, prolongando-se por muitos anos e, frequentemente, proteja-se nas famílias que se formam posteriormente, por isso, a fragilização dos laços familiares atinge importantes raízes da vida dos indivíduos sociais, como afirma Bock (2002, p.207): 
A família reproduz, em seu interior, a cultura que a criança internalizará. É importante considerar aqui o poder que a família e os adultos têm no controle da criança, pois ela depende deles para a sua sobrevivência física e psíquica.
	Desse modo, a maneira de cuidar e do modo de ser uns com os outros membros da família, será internalizada pela criança em desenvolvimento, essas experiências vivenciadas no dia a dia são interpretadas no contexto de sentimentos a disposições afetivas.
	Nessa perspectiva, destaca-se a importância da família na fase da adolescência, sendo que é nela que o indivíduo forma sua personalidade, essa fase pode ser marcada por conflitos com eles mesmo. Observa-se que os adolescentes sofrem violência até mesmo antes de entrar no mundo do crime, e com isso eles deixam de ter referencias na família e vão, em busca de uma base, através do convívio social, sendo que neste momento pode ser crucial para sua vida, pois podem adquirir valores negativos, que se tornam instrumentos facilitadores para a prática do ato infracional.
Vasconcellos, 2002, diz ainda que a família entendida como uma instituição de controle social e lócus de socialização tem sido um foco privilegiado de estudos, tanto no que tange às suas novas configurações, quanto por sua importância no desenvolvimento humano, inclusive do adolescente. 
Nesse contexto, quando os adolescentes não encontraram nenhum suporte e passam por problemas familiares, ficam sem esperanças, acabam sem direção e entram em conflito com a lei. Entretanto, não se pode esquecer deque “ o adolescente em conflito com a lei antes de tudo, é um adolescente que precisa ser compreendido e este passa por momento de vida em que há muitas contradições, rebeldias, conflitos”. E esses momentos vão de encontro com a concepção histórica da sociedade que os estigmatiza e se refere a eles como delinquentes, pivetes, pequenos predadores, bandidos (VOLPI, p.7).
	 Vale ressaltar, que se vive em uma sociedade seletiva, que dita normas, padrões e exclui aquelas pessoas que não se enquadram dentro dos paradigmas sociais. Nesse sentido cabe aos profissionais voltados a atender estes adolescentes, caracteriza-los como realmente são, adolescentes, pois a pratica do ato infracional não é incorporada como inerente a sua identidade, mas, sim como uma circunstância que pode ser modificada. Diante do exposto, será caracterizada no próximo tópico a natureza do ato infracional, responsabilizando os adolescentes em conflito com a lei, por sua conduta.
Segundo Minuchin (1982), a família é um sistema aberto em transformação, isto é, constantemente recebe e envia inputs do meio extrafamiliar e se adapta às diferentes exigências dos estádios de desenvolvimento que enfrenta. Também compreende um todo relacional inserida sempre em um contexto social mais amplo, mas contendo subsistemas (pai-mãe, pais-adolescente, adolescente-irmãos) nos quais o adolescente exerce influência e é influenciado no contexto que é inserido.
Os autores apontam que diante das relações estabelecidas dentro da família provocam fortes influencias nas condutas sociais futuras dos jovens e adultos. Nesse sentido, é que a literatura tem sugerido que a família pode se constituir como um importante fator de risco ou proteção para os jovens e de forma especifica aos adolescentes em conflito com a lei, dependendo de suas características, sua dinâmica e seu funcionamento (Feijó e Assis, 2004; Nardi e Dell'Aglio, 2012). 
Por vezes, as famílias desses adolescentes vivenciam uma situação de vulnerabilidade social, onde muitas acabam fragilizadas e perdendo sua capacidade de oferecer proteção, suporte afetivo e regulação social adequada (Nardi e Dell'aglio, 2012). E, como expõe a autora, que, maior parte dos adolescentes infratores são oriundos de famílias em situação de vulnerabilidades, como o exemplo dos “meninos de rua”, onde a maioria deles não saiu de casa para fugir da pobreza, mas para escapar de um cotidiano de brutalidade, típico de famílias em colapso. São pais sem profissão definida, “quebrados” pelo alcoolismo, que educam seus filhos através de uma cartilha de violências, espancamentos e estupros. Apesar das agressões sofridas nas ruas, estes jovens preferem habitá–las a ter que suportar a violência em seus lares. (VENOSA, 2004, p. 38).
Em termos gerais, as famílias de jovens envolvidos em infrações tendem a ser caracterizadas como potenciais fatores de risco, revelando extremo grau de fragilidade, por várias situações: precária situação socioeconômica; deficiente supervisão por separação dos pais; ausência da mãe do lar devido ao trabalho ou distanciamento da figura paterna; mortes e doenças rotineiras na família; relacionamentos marcados por agressões físicas e emocionais, precário diálogo intrafamiliar e dificuldades em impor disciplina (Assis e Constantino, 2005).
1.3 A Natureza do Ato Infracional
Conforme o item acima, pode-se perceber que a família é a primeira instituição socializadora, é nela que se inserem valores imprescindíveis par a formação de seus filhos. Porém, quando essas famílias se encontram vulneráveis, fragilizadas e não oportunizam nenhum tipo de referência aos adolescentes, eles procuram outros meios para suprir essa grande perda e com isso acabam tendo uma conduta desviante, que leva a prática de ato infracional.
O ECA estabelece em seu art.103 que, quando uma criança ou um adolescente pratica uma conduta descrita na legislação penal como crime ou contravenção, dá-se o nome de ato infracional, sendo considerado como um ato condenável, de desrespeito ás leis, à ordem pública, aos direitos dos cidadãos ou patrimônio, cometido por criança ou adolescente. 
Vanim (200, p.705) compreende que:
A utilização da termologia ato infracional, em relação ao adolescente infrator é uma forma de diferenciar que esse agente não pode ser punido como fosse um adulto, muito embora o ato corresponda a um fato típico descrito na lei penal e considerado crime. O critério da inimputabilidade penal aos menores de 18 anos baseia-se no entendimento que, embora esses não tenham responsabilidade penal, tem responsabilidade estatutária.
Dessa forma, conforme o ECA (artigo 103º), o ato infracional é a conduta descrita como crime ou contravenção penal. Quando um adolescente comete um ato infracional ele está sujeito às medidas protetivas e socioeducativas contidas no referido estatuto. Essas medidas são caracterizadas como dispositivos jurídicos, estabelecidos por representante do Ministério Público ou Poder Judiciário. Além disso, as medidas se baseiam na natureza do ato infracional, nas circunstâncias, na personalidade e na situação social e familiar do adolescente (Brasil, 1990; Santos, 2007). 
Afirma Simas Filho, que:
conduta do adolescente, quando revestida de ilicitude, repercute obrigatoriamente no contexto social em que vive. A despeito de sua maior incidência nos dias atuais, sobretudo nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, tal fato não constitui ocorrência apenas deste século, mas é nesta quadra da história da humanidade, que o mesmo assume proporções alarmantes, principalmente nos grandes centros urbanos, não só pelas dificuldades de sobrevivência, como também, pela ausência do Estado nas áreas da educação, saúde, habitação e assistência social. A realidade do Brasil configura–se da mesma forma, nas favelas periféricas, fruto de uma migração desordenada, contribuindo para a precariedade da vida de seus habitantes, aumentando significativamente a delinqüência juvenil. O adolescente que não tem lar, cujos pais são ausentes, que não possui atendimento específico às suas mínimas necessidades; as portas se abrem às mais negras perspectivas. (SIMAS FILHO, 1992, p. 40)
Ao estabelecer diretrizes e princípios para o processo de execução das medidas socioeducativas (BRASIL, 2006), compromete-se com a inclusão social do adolescente em conflito com a lei, observados os direitos que são garantidos a estes sujeitos, os quais se encontram em situação peculiar de desenvolvimento e gozam de absoluta prioridade na efetivação de seus direitos fundamentais (BRASIL, 2009).
Baseado nas ideias de Volpi (2011) é importante destacar que o cometimento do ato infracional por criança e adolescente pode ser entendido a partir de vários aspectos da problemática social, as condições de saúde física e emocional, conflitos referentes à condição da pessoa em desenvolvimento e, ainda, aspectos de estrutura de personalidade devem ser considerados e analisados individualmente. Nesse Contexto, Minayo (1988, p.44) destaca:
O envolvimento de adolescente com a prática de atos infracionais está relacionado às causas sociais e econômicas, em que péssimas condições de moradia, desemprego, condições precárias de vida, baixa escolaridade, falta de recursos financeiros seriam as causas de comportamentos desviantes.
Desse modo, o adolescente em conflito com a lei origina-se na maioria dos casos da parcela mais pobre da classe trabalhadora. Essa classe desenvolve meios para sua sobrevivência marcadas pelas precárias condições de vida, ou seja, muitas vezes não possui o básico para sua subsistência, gerando diversas expressões da questão social. Assim, esses problemas gerados no âmbito social, econômico e familiar se tornam fatores condizentes com um desvio de conduta, levando os adolescentes à prática do ato infracional.
Notoriamente, esse contexto social em que o adolescente está inserido, passa a ser um facilitador para o jovem adentrar no mundo infracional de maneira abusiva. Observa-se que o adolescente motiva-se pela rebeldia contra sua própria condição sociale familiar. Diante do ato infracional, o adolescente busca superar essas carências através do crime e do destaque que dele pode advir.
O ECA dispõe diversos artigos com a finalidade de regular a prática do ato infracional, sendo elas: das garantias individuais, processuais e das medidas socioeducativas, sendo que verificada essa prática, é de responsabilidade da autoridade competente aplicar ao adolescente uma das seguintes medidas:
É verificado a prática do ato infracional, que consiste na autoridade competente aplicar aos adolescentes as seguintes medidas: I - advertência; II – obrigação de reparar o dano; III – prestação de serviços à comunidade; IV – liberdade assistida; V – internação em regime de semi-liberdade; VI – internação em estabelecimento educacional; VII – qualquer uma das prevista no art. 101, I a VI. 1° A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstancias e a gravidade da infração. 2° Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de serviço forçado. 3° Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberam tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições (BRASIL, 1990).
Todavia, o que difere o procedimento aplicado aos adolescentes em caso de ocorrência do ato infracional são as medidas de intervenções previstas na garantia dos direitos que serão denominadas medidas de proteção ou medidas socioeducativas na qual são diferenciadas, pois a primeira pode ser aplicada a qualquer criança e adolescente em situação de risco ou violação de direito, enquanto a medida socioeducativa é aplicada ao adolescente em decorrência do cometimento do ato infracional.
Portanto, é notório diante do conteúdo exposto que a conduta desviante, que ocasiona ato infracional pelos adolescentes, não é incorporada inerente a sua identidade, mas vista como circunstancias de vida, seja ela no âmbito social, econômico, político ou cultural, pode ser modificado através das instâncias responsáveis pelo pleno desenvolvimento desse público em questão, a família, o Estado e a sociedade.
Contudo, a criança e os adolescentes não eram reconhecidos como sujeitos de direitos, historicamente o tratamento dado a esse público e questão, sobretudo os que transgridem as leis, foi marcado pela indiferença, com práticas regressivas e meramente punitivas. Período marcado por um longo percurso, este por sua vez, encerra-se com a promulgação da lei Federal n° 8.069/90 o Estatuto da Criança e do Adolescente como cidadão de direitos, essa lei assume a criança e o adolescente como cidadãos de direitos, cabendo-lhe proteção integral. Sendo assim, essa temática embasa suporte teórico para abordar o resgate histórico do sistema normativo no Brasil.
O ECA representou um marco histórico na luta pela garantia dos direitos da criança e do adolescente, substituindo o Código dos Menores, filiado a doutrina da Situação Irregular, que passou a adotar a Doutrina da Proteção Integral implica sobre tudo:
Conforme preconiza, o ECA que adotou a Doutrina da Proteção Integral à Criança e ao Adolescente, conforme dispõe seu art. 1: “Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. A proteção é considerada integral porque:
[...] estabelece que toda criança ou adolescente são merecedores de direitos próprios e especiais que, em face de sua condição de pessoas em processo de desenvolvimento, exigem uma proteção especializada, diferenciada e integral. A Doutrina da Proteção Integral implica, sobretudo: 1) a infância e a adolescência admitidos enquanto prioridade imediata e absoluta, estando a exigir uma consideração especial, e isto significa que a sua proteção deve sobrepor-se às medidas de ajustes econômicos, tudo com o objetivo de serem resguardados os seus direitos fundamentais; 2) o princípio do melhor interesse da criança, isto não de uma forma fantasiosa ou sonhadora, mas considerando que cabe à família, portanto aos pais ou responsáveis, garantir-lhe proteção e cuidados especiais; ressalta-se o papel importante da comunidade, na sua efetiva intervenção/responsabilização com os infantes e adolescentes, daí decorre a criação dos Conselhos tutelares e, ainda, a atuação do poder público com a criação de meios/instrumentos que assegurem os direitos proclamados; 3) reconhece a família como o grupo social primário e ambiente ‘natural’ para o crescimento e bem estar de seus membros, especificamente das crianças, ressaltando o direito de receber a proteção e a assistência necessárias a fim de poder assumir plenamente suas responsabilidades dentro da comunidade.(BRASIL, 2004)
Dessa forma, com a doutrina da Proteção Especial, as crianças passam a ser conceituadas de maneira afirmativa como sujeito de direito. Para (SARAIVA, 2009) não se admite conceito como “menores” considerando a carga discriminatória encerrada nessa expressão, na medida em que o ordenamento propõe uma normativa apta a contemplar toda população infanto- juvenil, agora em uma nova condição, não mais objeto do processo, mas sim sujeito do processo, protagonista da sua própria história.
Essa perspectiva significou o ingresso e reconhecimento da criança e do adolescente no Estado Democrático de direito, em igualdade com o cidadão adulto, ressalvada as peculiaridades de sua idade e capacidade, além dos direitos especiais em desenvolvimento. Segundo Volpi (2011, p.14)
O Estatuto da Criança e do Adolescente consolida e reconhece a existência de um novo sujeito politico e social – a criança e o adolescente – detentor de atenção prioritária, independente de sua condição social ou econômica, etnia, religião e cultura.
Portanto, criança e adolescente ganham a condição de sujeitos de direitos e deve gozar da proteção integral. Assim, é de responsabilidade do Estado, da sociedade e da família garantir o desenvolvimento total da criança e do adolescente. A condição de sujeito dos referido acima demanda a participação nas decisões de interesse e no respeito a sua autonomia no contexto do cumprimento de normas legais, quando estes adolescentes entram em descumprimento com a lei e praticam ato infracional, onde passam a ser responsabilizados pelo sua conduta.
2. EVOLUÇÃO DOS DIREITOS DAS CRIANÇAS E DOS ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI E AS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
O debate sobre adolescente em conflito com a lei tem sido um tema de grande repercussão na sociedade, que apresenta variados aspectos, abrangendo fatores sociais, econômicos, políticos e culturais. Em contra partida fenômenos como violência sexual e física, maus tratos, uso abusivo de drogas, relações intrafamiliar conflituosas, torturas, prisões arbitrarias tem feito parte das questões condizentes com o desvio de conduta, levando seus praticantes ao cumprimento de medidas socioeducativa. 
Nessa perspectiva o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA foi um marco que contempla a proteção integral dos jovens fundamentado em leis essenciais para o pleno desenvolvimento. Para compreensão dessa temática abordam-se dois tópicos: o primeiro estuda aspectos históricos do sistema normativo no Brasil, pontuando desde o período da indiferença até a proteção integral a crianças e adolescentes, e posteriormente contextualiza a questão das medidas socioeducativas: divididas em privativas ou não de liberdade.
 2.1 Aspectos Históricos do Sistema Normativo do Brasil
Observou-se no item acima a natureza do ato infracional, sendo aplicado a criança ou adolescente que pratica conduta descrita na legislação penal como crime, destacou-se também que o cometimento do ato infracional, pode ser entendido por diversos aspectos, sociais, familiares, econômicos ou de conflito pela condição de pessoa em desenvolvimento.
Para tanto, busca-se compreender a evolução ao longo dos tempos quando esses aspectos citados ainda não eram relevantes, pois quando a criança ou adolescente praticavam atos consideráveis indesejáveis pela sociedade, ou ate mesmo quando eram abandonados e encontravam-se vulneráveis pelo fato da sua família não as necessidadesbásicas para sua sobrevivência, eram penalizados, estigmatizados como “menor problema social” ou “menor em situação irregular”, sendo objetos manipulados pelo Estado.
Desde o inicio da colonização no Brasil existem leis para controlar as disfunções sociais. Observa-se que desde o século XIX, crianças e adolescentes envolvidas em prática vêm sendo pauta de discursões públicas no geral. “Em 1983 o código penal do império recomendava internação em casa de correção, os menores de 14 anos que tivessem cometido com discernimento atos indesejados pela sociedade (RIZZINI, 1993)”. Assim o código estabelecia quais os casos que os menores de 14 anos seriam jugados criminosos. Contudo, também aponta que, quando comprovado o discernimento do “menor” este deveria ser recolhido para casa de correção, porém o recolhido não poderia passar da idade de 17 anos.
Em 1924 surgiu o primeiro juizado de menores do Brasil, no Distrito Federal, tendo como titular o magistrado José Candido Mello Mattos, orientado por uma serie de leis, politicas e instituições que consolidaram a doutrina da situação irregular no trato com crianças e adolescentes. Assim como posteriores mudanças em direção a doutrina da proteção integral. (JESUS, 2006).
De acordo com Carvalho (1977), o código de menores também conhecido como Código Mello Mattos, acolheu os mais importantes princípios modificando em muitos aspectos a situação de crianças e adolescentes abandonados e delinquentes dentre os quais podemos destacar:
1)Institui um juízo privativo de menores; 2) elevou a idade da irresponsabilidade criminal do menor para 14 anos; 3) institui processo especial para menores infratores de 14 a 18 anos; 4) estendeu a competência do juízo de menores a matéria civil e administrativa ; 5) autorizou a intervenção do Juiz de menores para suspender, inibir ou restringir o poder familiar com imposição de normas e condições aos pais e tutores; 6) regulou o trabalho dos menores; 7) criou o centro de observação dos menores; 8 - criou o centro de observações dos menores; 9 - criou um esboço de Polícia Especial de Menores dentro da competência dos comissários de vigilância; 10 - procurou criar um grande corpo de assistentes sociais sob a dominação de "delegados de assistência e proteção" aos menores, com a participação popular, como comissários voluntários e como membros do Conselho de Assistência e Proteção aos Menores. (Carvalho,1977,p.20)
Ressalta-se com isso que o código de menores fez modificações e substituições acerca da culpabilidade, penalidade e poder familiar, passando a assumir a assistência ao menor, sobretudo no âmbito educacional, abandonando assim a prática repressiva e punitiva e também no que se refere as questões relativa a infância devem ser tratadas fora do âmbito criminal.
Compreende-se perante esse contexto do sistema normativo do Brasil, que o primeiro código de menores é um marco na evolução dos direitos da criança e do adolescente, todavia, quando se remete a prática encontra-se empecilhos e não o sucesso esperado, tendo em vista que muitas propostas mencionadas não foram materializadas.
Nessa lógica, no Governo de Getúlio Vargas, para atendimento desta clientela, em 1942, por meio do decreto-lei 3.799/41 foi criado o serviço de assistência ao menor (SAM), e toda uma infraestrutura de atendimento as crianças que se encontravam nesse órgão. Segundo Saraiva (2009, p.44):
O SAM tratava-se de uma órgão do ministério da justiça como um equivalente do sistema penitenciário para a população menor de idade. Sua orientação era correcional-repressiva. O sistema previa atendimento diferente para o adolescente autor de ato infracional e para o menor carente e abandonado. E, seu sistema baseava-se em internatos (reformatório e casa de correção) para adolescentes autores de ato infracional e de patronatos agrícolas e escolas de aprendizagem de ofícios urbanos para os menores carentes e abandonados.
Partindo dessa premissa, o SAM tinha por finalidade sistematizar e orientar os serviços de assistência aos menores desvalidos e delinquentes, este por sua vez, estudava as causas do abandono e da delinquência infantil para se promover a publicação de resultados periodicamente. (SARAIVA, 2009). Porém, na prática, o SAM se firmou apenas como internação, sem ao menos saber direcionar os internados e também buscar medida preventiva para esse público.
Assim, deflagrada a ineficiência do SAM, em 1964 através da lei 4.513/64, que estabelecia a Politica Nacional do Bem Estar do Menor (PNBEM) criou-se uma gestão centralizadora e vertical, tendo como órgão gestor nacional dessa nova politica, a Fundação Nacional de Bem Estar do Menor (FUNABEM), e as Fundações Estaduais de Bem Estar do Menor (FEBEMs), os órgãos executores estaduais.
A partir da década de 70, em 1979 paralelamente aos movimentos sociais emergentes na cena da politica de atenção aos direitos, qualidade de atendimento e participação nas decisões das politicas sociais surge o novo Código de Menores, que cria a figura do menor em “situação irregular”, que abrange desde o abandono ate o autor de infração penal. (PEREIRA, 1996).
Segundo Faleiros (1995), o novo Código adota a Doutrina da Situação Irregular, ou seja, o “menor” era considerado em situação irregular sempre que estivesse fora dos padrões sociais estabelecidos, sendo atribuído a ele um tratamento indiferenciado (não importando se fosse pobre, abandonado, infrator ou carente), com caráter punitivo e extremamente arbitrário. 
 Assim, essa nova ordem legislativa era movida pela doutrina da situação irregular e tinha por destinatários apenas crianças e jovens considerados com o perfil de “situação irregular”, onde se incluíam aqueles menores em estado de necessidade em razão da manifesta incapacidade dos pais para mantê-los, colocando-os na condição de objeto potencial de intervenção do sistema de justiça, os Juizados de Menores.
Dessa forma, fica notório que esse novo Código de Menores foi marcado por uma politica que se caracterizou de forma assistencialista, fundada na proteção do menor, um sistema em que ele era tido como um objeto tutelado pelo Estado, enquanto a “situação irregular” não diferenciava infratores, órfãos e abandonados.
Em 1988, é introduzida uma nova Constituição Federal que comtempla a proteção integral da criança e do adolescente sob os artigos 227 e 228 que tratam dos deveres da família, da sociedade e do estado de assegurar, com prioridade absoluta, os direitos das crianças e do adolescente, propondo, assim a elaboração de uma nova legislação para infância, assumindo a criança e o adolescente como cidadãos de direitos. Inaugura-se a Constituição de 1988, legitimada pela consolidação de uma legislação especial, em 13 de julho de 1990 através da promulgação da Lei Federal 8.069/90, o ECA. Segundo Saraiva (2009, p.85), explica que:
 O Estatuto da Criança e do Adolescente se assenta no princípio de que todas as crianças e adolescentes, sem distinção, desfrutam dos mesmos direitos e sujeitam-se a obrigações compatíveis com a peculiar condição de desenvolvimento que desfrutam, rompendo, definitivamente, com a ideia até então vigente de que os Juizados de Menores seriam uma justiça para os pobres, na medida em que na doutrina da situação irregular se constatava que para os bens nascidos, a legislação baseada naquele primado lhes era absolutamente indiferente. (SARAIVA, 2009 p. 85).
Assim, com promulgação do ECA onde expressava a quebra de um padrão nas políticas públicas voltadas para a infância e a adolescência brasileiras que tinha, no mínimo, um século de duração, e assim passando a adotar a Doutrina da Proteção Integral, também chamada Doutrina das Nações Unidas Para a Proteção dos Direitos da Infância, o Estatuto rompeu com a tradição do “menor”, expressa no Código de Menores de 1927, e com a Doutrina da Situação Irregular, consubstanciada no Código de 1979 e na Política Nacional do Bem-Estar do Menor. 
Lei nº 8.069/90 está dividida em duas partes: a parte geral e a especial. A primeira trata dos princípios norteadores, comoo da proteção integral da criança e do adolescente, dos direitos fundamentais e da prevenção. A parte especial, que inclui a política de atendimento, as medidas de proteção, a prática do ato infracional, as medidas pertinentes aos pais ou responsáveis, o conselho tutelar, o acesso à justiça, a apuração de infração administrativa, os crimes e as infrações administrativas. (Cury, 2003, p.18)
Ainda conforme o autor, a referida Lei era dotada de caráter especial, pelo fato de acolher em seus artigos uma gama de princípios, visando à proteção dos direitos infanto-juvenis; como também assegurando todas as garantias inerentes aos mesmos, em virtude da prática de ato infracional. 
Cury (2003, p. 16) diz ainda que ”são especiais e específicos, pela condição de pessoas em desenvolvimento”. Deste modo, o Estatuto da Criança e do Adolescente revolucionou o direito juvenil, inovando e adotando a doutrina de proteção integral.
Neves de Jesus (2006, p. 69), faz uma diz que crianças e adolescentes são seres em desenvolvimento. No entanto, é notável a diferença entre o discernimento de um garoto de cinco anos do de outro com 15 anos, e assim diz que à criança são aplicadas as medidas protetivas arroladas pelo artigo 101 do Estatuto que variam desde o encaminhamento aos pais ou responsável mediante termo, incluindo a matrícula em estabelecimento oficial de ensino e tratamento de saúde até mesmo o encaminhamento para abrigos ou colocação em família substituta.
2.2 Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE: Avanços e Desafios
A Lei nº 12.594/2012 que instituiu o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE é composta de 90 (noventa) artigos e está em vigor desde 18 de abril de 2012, regulamentando a execução das medidas socioeducativas aplicadas aos adolescentes autores de ato infracional. (BRASIL, 2013)
Assim, o SINASE se deu através da Resolução do CONANDA n.º 119, de 11 de dezembro de 2006 onde conceituou o Sistema da seguinte forma: 
[...] Artigo 2° - O Sinase constitui-se de uma política pública destinada à inclusão do adolescente em conflito com a lei que se correlaciona e demanda iniciativas dos diferentes campos das políticas públicas e sociais. Artigo 3° - O Sinase é um conjunto ordenado de princípios, regras e critérios, de caráter jurídico, político, pedagógico, financeiro e administrativo, que envolve desde o processo de apuração de ato infracional até a execução de medidas socioeducativas. Artigo 4° - O Sinase inclui os sistemas nacional, estaduais, distrital e municipais, bem como todas as políticas, planos e programas específicos de atenção ao adolescente em conflito com a lei. (CONANDA, 2006).Essa apresentação, em 2006, se deu em conjunto pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República e pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – CONANDA, após diversas avaliações por membros das diversas áreas do governo, da sociedade, bem como de discussões tidas por operadores do Sistema de Garantia de Direitos. 
Assim, o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo/SINASE é definido como o conjunto ordenado de princípios, regras e critérios de caráter jurídico, político, pedagógico, financeiro e administrativo que envolvem o processo de apuração de ato infracional e de execução de medida socioeducativa, incluindo-se nele, por adesão, o Sistema nos níveis estaduais, distrital e municipais, bem como todos os planos, políticas e programas específicos de atenção ao adolescente em conflito com a lei. Para Ramidoff (2012) o SINASA categoricamente tem por finalidade ordenar cada uma das atribuições legais que se destinem a efetivação das determinações judiciais relativas a responsabilização diferenciada do adolescente a quem se atribua a pratica de ação conflitante com a lei. 
Portanto, o SINASE nada mais é do que um documento que procura garantir de forma efetiva e eficaz a ação educativa no que se refere ao atendimento do adolescente em cumprimento de medida socioeducativa. (VERONESE; LIMA, 2009, p. 38)
Assim, competência estabelecida no SINASA, sob forma exclusiva ou concorrente pela lei nº 12.594/2012, refere-se a deveres legais destinados a União, Estado, Distrito Federal e Município, em virtude mesmo de funções, atividades e atribuições que desenvolverão para implementação dos programas, planos e sistemas socioeducativos.
O SINASA tem por função deliberativa constituir a atividade decisória a ser levada a termo pelo CONANDA – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, na formulação das politicas públicas destinadas a efetivação dos direitos individuais, bem como assegurar as garantias fundamentais afetas a criança e ao adolescente em especial em conflito com a lei.
A aplicação das medidas socioeducativas é o momento de provocar no adolescente a transformação e a responsabilidade de ser o ator principal da sua própria história, dispondo do apoio do Estado, da Sociedade e da família. Foi assim que o ECA uniu todas as esferas, agindo como um componente em um cenário em transição. Sabendo-se que a lei precisa e um período de adaptação, fato que se agrava quando se falava em desvio infanto juvenil.
Cabe ao estado criar mecanismos e estratégias que possam encaminhar esse jovem na prática de ações que não prejudiquem o coletivo e o individual, possibilitando escolhas de melhor qualidade, acesso a cultura e ao lazer. 
As instituições de proteção ao adolescente em conflito com a lei tem o dever de propiciar e direcionar o adolescente a reeducação e a ressocialização a sociedade e a sua família. Esse ambiente deve reforçar a ação desenvolvida, proporcionar meios para que o adolescente possa tomar consciência, e buscar mudança da sua realidade para evitar um possível retorno a prática do ato infracional.
Portanto, o processo educacional desenvolvido nas instituições deve ser direcionado para esta formação acima citada, na qual os adolescentes serão os próprios atores de transformação. E assim esta formação o ajudará a se sensibilizar a mudanças de atitudes para construção de um projeto de vida com dignidade e direito de todos.
3. O SERVIÇO SOCIAL E A MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO: AVANÇOS E DESAFIOS
Considerando as configurações atuais da sociedade, o Assistente Social encontra-se inserido em diversos campos de trabalho, sendo a execução de medidas socioeducativas um desses campos. Dessa forma, a reflexão que aqui se apresenta vai abordar e discutir algumas informações sobre esta realidade, enfocando o trabalho do Assistente Social na medida de internação.
3.1 Breve Histórico das Medidas Socioeducativas
O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei nº 8.069, de 13 de junho de 1990), em seu artigo 103, considera ato infracional a conduta caracterizada como crime ou contravenção penal, e no artigo 104, reitera o artigo 228 da Constituição Federal de 1988, considerando que são penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas de legislação especial. (BRASIL, 2014). 
Conforme o item acima, trajetória histórica do sistema normativo no Brasil, o ECA foi um grande marco no que contempla a proteção integral a crianças e adolescentes, pois a partir da Constituição Federal, esta lei especial conseguiu escrever uma grande conquista na legislação “conceber crianças e adolescentes como pessoas em desenvolvimento, sujeito de direitos e destinatários da proteção integral” (Volpi, 2011)
Porém, ate que essa conquista fosse efetivada, o tratamento dado a esse público era desumano, com práticas repressivas e meramente punitivas. A sociedade contemporânea, por sua vez reconhece a criança e o adolescente, atenção prioritária independente da sua condição social. 
Liberat, diz ainda que a aplicação das medias socioeducativas refere-se, 
os métodos para a aplicação das medidas socioeducativas são “pedagógicos, sociais, psicológicos e psiquiátricos, visando, sobretudo, à integração do adolescente em sua própria família e na comunidade, incentivando-o a reconstruir os valores violados” (2013, p. 116).Ainda referente a aplicação das medidas socioeducativas, Mário Volpi, narra que as medidas socioeducativas;
(...) comportam aspectos de natureza coercitiva, vez que são punitivas aos infratores, e aspectos educativos, no sentido da proteção integral e oportunização e do acesso à formação e informação, sendo que, em cada medida, esses elementos apresentam graduação, de acordo com a gravidade do delito cometido e/ou sua reiteração (2011, p. 20).
Portanto a aplicação das medidas socioeducativa tem que ter caráter pedagógico, que possa propiciar ao adolescente uma reflexão de mudança, ou seja, um novo olhar para realidade, a fim que possa ter uma reintegração social e sendo eles mesmos os próprios sujeitos atores da transformação.
Conforme Aguinsky e Capitão (2008) afirma que a mudança de paradigma que o ECA provocou ao abordar o ato infracional e as Medidas Socioeducativas onde passaram a ser compreendidas na perspectiva da garantia de direitos: 
(...) O ECA colocou em xeque a histórica dicotomia de pressupostos retributivos e tutelares em torno dos quais, longamente, organizaram-se as disputas teóricas e políticas sobre socioeducação. As transformações introduzidas pelo Estatuto são sintetizadas por uma ideia de justiça convergente com um modelo de justiça e garantias para adolescentes em conflito com a lei (AGUINSKY; CAPITÃO, 2008, p. 259).
Assim, de acordo com o ECA as medidas socioeducativas são divididas em 06 (seis), sendo cada medida aplicada conforme a gravidade do ato infracional dentre elas: medida de advertência, da obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade; liberdade assistida essas medidas são fundamentalmente educativas, o regime de semiliberdade e a medida de internação por restringirem a liberdade são os instrumentos menos adequados para se mudar a consciência, porém também são caracterizados como medida socioeducativa. 
A primeira das medidas é a advertência. Assim como as demais resulta de ato infracional como resposta, impondo ao adolescente a pretensão estatal socioeducativa na forma de admoestação verbal reduzida a termo e assinada. A advertência também pode ser aplicada aos pais ou responsáveis e as entidades de apoio ao juízo da infância ou juventude.
A medida de advertência é recomendada para os adolescentes que não têm antecedentes criminais ou para aqueles cometem atos infracionais considerados leves, quanto à sua natureza ou consequências. (LIBERATTI, 2003, p. 10). 
Para Jesus (2006, p.83)
A advertência constitui uma medida admoestatória, informativa, formativa e imediata, sendo executada pelo Juiz da Infância e Juventude. A coerção manifesta-se no seu caráter intimidatório, devendo envolver os responsáveis num procedimento ritualístico.
 
De acordo com o parágrafo único do artigo 114 do ECA, a advertência poderá ser aplicada sempre que houver provas da materialidade e indícios suficientes de autoria. A intervenção não se resume na reprovação da conduta manifestada pela imposição da medida socioeducativa, manifestada pela imposição da medida socioeducativa, mas impõe conteúdo capaz de propiciar ao jovem enfrentar os desafios cotidianos sem a utilização de recursos que importem a violação dos direitos de outrem.
Nesse segmento, o adolescente precisa se convencer, ainda que durante o curso da medida, que a prestação jurisdicional é adequada. Se a injustiça da medida for invencível, esta não surtirá efeito. É importante ressaltar que a principal relação da medida socioeducativa não se dá com a gravidade do ato infracional, mas com seu poder de intervenção na realidade do adolescente. 
A segunda medida socioeducativa, seguindo a ordem do artigo 112 do ECA, é a obrigação de reparar o dano, prevista no artigo 116. Havendo a possibilidade, o adolescente restitui a coisa, promover o ressarcimento, ou, por outra forma, compensar o prejuízo da vítima, e para desta forma conscientizar o adolescente da responsabilidade para com seus atos.
Dessa forma nos termos do Art. 116 do Estatuto da Criança e do Adolescente: 
 Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima. Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser substituída por outra adequada. (BRASIL, 1990).
Conforme Jesus (2006, p.86):
A restituição da coisa devera ser aplicada quando o ato infracional resultar na posse por parte do adolescente de coisa alheia móvel. Não sendo possível a restituição, cabe o ressarcimento do dano pelo adolescente, de modo isolado ou solidariamente, com seus responsáveis na forma do artigo 932, inciso I e II, do código civil de 2002. 
Diante do que foi exposto, deve-se levar em consideração o aspecto pedagógico, de a medida lembrar de que paralelamente ao direito da vitima de ser ressarcida há necessidade de agir sobre o adolescente, cujo objetivo da medida é de fazer o causador do dano reconhecer o erro e repará-lo. Na impossibilidade de reparação pelo adolescente, outra medida deve levá-lo a reconhecer o erro, sem prejuízo do direito de indenização a vitima. 
Dessa forma, é relevante que o responsável pela reparação deva ser o adolescente, pois a Finalidade da medida, conforme diz Liberati é:
[...] é fazer com que o adolescente infrator se sinta responsável pelo ato que cometeu e intensifique os cuidados necessários, para não causar prejuízo a outrem. Por isto, há entendimento de que essa medida tem caráter personalíssimo e intransferível, devendo o adolescente ser o responsável exclusivo pela reparação do dano. (LIBERATI, 2014, P.105)
A prestação de serviço a comunidade, assim como as duas medidas que a antecedem, visam o exercício da autocritica por parte do adolescente em conflito com a lei. Embora traga consigo uma ideia de punição mais severa tem a vantagem de envolver o adolescente com o meio social ao mesmo tempo em que ele compensa a conduta desviante pode entender o valor da organização da comunidade, que passa a ter um traço do seu esforço. 
Dessa forma, dispõe o artigo 117 do ECA, caracteriza-se “na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais”. (BRASIL, 1990)
E com isso percebe-se que a sujeição de adolescente a prestação de serviços a comunidade, volta-se para uma atividade amplamente educativa, que sujeita o adolescente a tomada de coincidência de valores norteados por aspectos mais expressivos dessa prática social. Segundo Sposato:
Percebe-se que essa medida possui um forte apelo comunitário e educativo tanto para o jovem infrator quanto para a comunidade, que por sua vez poderá responsabilizar-se pelo desenvolvimento integral desse adolescente. Se bem executada, a medida proporciona ao jovem a experiência da vida comunitária, de valores sociais e compromisso social, de modo que possa descobrir outras possibilidades de convivência, pertinência social e reconhecimento que não a prática de infrações. (Sposato, 2015, p57)
Por fim, a boa aplicação da medida de prestação de serviço comunitários está vinculada a fiscalização e monitoramento do Juiz e ao comprometimento da entidade beneficiada pela tarefa e que será mais eficaz se houver o acompanhamento do adolescente pelo órgão executor, o apoio da entidade que o recebe e a utilidade e significância do trabalho desenvolvido.
Conforme o artigo 118, “A liberdade assistida será adotada sempre que se Afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente” (BRASIL, 1990).
Dessa forma a medida liberdade assistida visa acompanhar a vida social do adolescente por meio da pessoa, de um orientador, que tem a responsabilidade de conduzi-lo nos moldes no artigo 119 do ECA;
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da autoridade competente, a realização dos seguintesencargos, entre outros: I - promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social; II - supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula; III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho; IV - apresentar relatório do caso. (BRASIL, 1990).
Diante desse contexto, a medida socioeducativa é caracterizada por ser a medida mais eficaz para um adolescente em conflito com a lei, pois em seu protocolo de execução haverá uma equipe interprofissional composta por assistentes sociais e psicólogos que ajudarão o adolescente. O grande “desafio” desta medida é o seu custo, por este motivo o Estado não se vê motivado a investir nessa medida sócioeducativa. Frete ao exposto, “um dos pontos positivos da liberdade assistida é o acompanhamento personalizado a partir do conhecimento da realidade do adolescente.” (JESUS, 2006, p.92).
Assim, os adolescentes que cumpram essa medida devem dispor de um acompanhamento que possa mostrar a realidade que o cerca e que fica na responsabilidade do juízo garantir as devidas informações desse adolescente. 
Contudo, a semiliberdade é uma medida que não priva totalmente o adolescente do direito de ir e vir, assim como a internação constitui-se uma medida com aspectos educativos que se baseiam na oportunidade de acesso a serviços da vida cotidiana, o ECA dispõe no, artigo 120 que “pode ser determinada desde o inicio, ou como forma de transição para o meio aberto, possibilita a realização de atividades externas, independente da autorização judicial”
Nesse regime o adolescente vai conservar sua vida social durante o dia (trabalho e estudo) e a noite se recolherá na instituição. O recolhimento a noite na instituição é o que caracteriza uma medida coercitiva. Isso porque afasta o adolescente do convívio familiar, privando-o de sua liberdade, ainda que de forma parcial.
Desse modo, o regime de semiliberdade deve manter uma ampla relação com os serviços e programas sociais no âmbito externo a unidade de moradia. E, por ultimo a medida de internação, a qual deve ser destinada aos adolescentes que cometem ato infracional grave. 
Dentre as medidas socioeducativas, a internação como o próprio caput do artigo 121 define, constitui medida privativa de liberdade e, é a que mais apresenta caráter de ato sancionatório, e sua utilização, embora esteja vinculada a critérios e princípios, é emblema de repressão e confinamento
Dentre as medidas socioeducativas, a internação é a que mais apresenta caráter de ato sancionatório e é também aquela que priva da liberdade os adolescentes em conflito com a lei, e sua utilização, embora esteja vinculada a critérios e princípios, é emblema de repressão e confinamento.
Segundo Jesus (2006), “A medida de internação se divide em quatro espécies: provisória; em função de doença ou deficiência mental; internação por descumprimento de outra medida e a internação de mérito decorrente de sentença”
Ainda conforme o autor acima citado a internação provisória, prevista no artigo 108 do Estatuto, é de natureza cautelar. Antecede a sentença visando assegurar a presença do adolescente enquanto se processa o feito. Não é, portanto, medida socioeducativa, mas de custodia cautelar.
Destaca o artigo 112, em seu paragrafo 3º do ECA, que os adolescentes com deficiência ou doença mental deverão receber tratamento individual ou especializado, em local adequado as suas condições. O não oferecimento ou a oferta irregular poderá dar o ensejo a propositura de ação civil pública que consiste em fiscalizar os atos oriundos do poder publico, que violam direitos difusos, coletivos e individuais por qualquer cidadão, sendo a condição de eleitor o único requisito para ingressar com a ação sem custos processuais.
As outras duas espécies de internação são decorrente da prática do ato infracional: um se dá pelo descumprimento de medida diversa da internação, ou seja, o adolescente deixa de cumprir uma medida mais branda e, como sanção pode ser internado por até 3 (três) meses. A outra é a internação propriamente dita, concedida coo resposta ideal para determinado ato infracional, objeto de pesquisa desse estudo.
Para Volpi (2011, p.27)
O estatuto estabelece o principio de que todo adolescente a quem for atribuída uma medida socioeducativa não deve ser privado de liberdade se houver outra medida adequada (ECA, Art 122 & 2º) e nos casos previstos no artigo 122. Portanto, falar de internação significa referir-se a um programa da privação da liberdade, o qual por definição implica, contenção do adolescente autor de ato infracional num sistema de segurança eficaz.
Desse modo, a medida socioeducativa de internação restringe a liberdade, isso deve significar apenas a limitação plena do direito de ir e vir, e não de outros direitos constitucionais, condição para sua inclusão na perspectiva cidadã. “Sobre o que rege o artigo 123 traz alguns critérios que a internação deve ser cumprida em entidade exclusiva para adolescente obedecida critérios de idade, compleição física e gravidade da infração”, sendo que o processo educacional deve ser voltado para a formação da cidadania. (VOLPI, 2011, p.28).
3.1 Papel do Serviço Social no Processo Ressocialização do Adolescente Infrator
Diante da atual realidade vivenciada pelo adolescente em conflito com a lei é plausível afirmar que são os mais diversos e citados caminhos possíveis de responsabilização do jovem, e atuação do Serviço Social frente a esta realidade é de grande relevância, pois objetiva garantir a eficácia do seu processo de ressocialização e fortalecimento de vínculos familiares, em conformidade doutrina de proteção integral de forma crítica, perceptível na contemporaneidade, superando a visão da opinião pública cujas críticas são pautadas em uma visão de impunidade e superproteção tardia.
Segundo Ramidoff pontua que:
O adolescente deve ser alvo de um conjunto de ações socioeducativas que contribua na sua formação, de modo que venha a ser um cidadão autônomo e solidário, capaz de se relacionar melhor consigo mesmo, com os outros e com tudo que integra a sua circunstância e sem reincidir na prática de atos infracionais. Ele deve desenvolver a capacidade de tomar decisões fundamentais, com critérios para avaliar situações relacionadas ao interesse próprio e ao bem comum, aprendendo com a experiência acumulada individual e social, potencializando sua competência pessoal, relacional, cognitiva e produtiva. (RAMIDOFF, 2006, p. 51).
Essa utopia busca a plena reinserção do adolescente ao seu convívio social refletindo suas atitudes em busca de transformação e conquista de sua cidadania, exercendo seus deveres e emancipando seus direitos.
Assim, no processo de intervenção do jovem em cumprimento de medidas socioeducativas, é necessário uma ação que contemple tanto o aspecto jurídico quanto o educativo na medida socioeducativa de internação exigem dos atores sociais deste sistema uma sintonia permanente com a realidade. Desta forma, torna-se necessária a reflexão sobre a prática socioeducativa no sentido de dimensionar com o adolescente o impacto do ato praticado, tanto na vida da vítima como em sua própria vida. 
Como afirma Athayde (2005, p. 145), se o objetivo é afastar o jovem do crime, seria preciso: 
· oferecer oportunidades para a mudança; 
· estimular o jovem a se desenvolver, como pessoa; 
· fortalecer a sua autoestima; e 
· separar o futuro do passado, ao invés de amarrá-los um no outro”
Salienta-se que em razão da complexidade desse contexto social do adolescente em conflito com a lei, é que o Assistente Social deve se inserir no seu processo de ressocialização, considerando que o referido profissional é habilitado para intervir e poder analisar criticamente a singularidade destes adolescentes, intervindo através das mediações sociais em suas particularidades. Exigindo assim, muita competência e postura ética

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