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O papel dos precursores da Sociologia na consolidação da disciplina

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04/03/2021 O papel dos precursores da Sociologia na consolidação da disciplina
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O papel dos precursores da
Sociologia na consolidação
da disciplina
AUTORIA
Ma. Solange Santos de Araujo 
Me. Josimar Priori 
Esp. Fúlvio Branco Godinho de Castro 
Ma. Daiany Cris Silva
04/03/2021 O papel dos precursores da Sociologia na consolidação da disciplina
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As ciências sociais podem ser consideradas um campo de estudos emergente do
processo de formação da sociedade capitalista, representada, aqui, pela Sociologia.
Assim, apresentaremos diferentes posicionamentos teóricos e metodológicos que
expressam as contradições desse sistema social.
Desde o seu nascimento, a Sociologia debate-se entre tendências
teóricas, entre perspectivas produzidas por diferentes visões de
mundo. Essa diversidade fruti�ca da própria diferenciação interna,
das tensões e das contradições que determinam a formação social
capitalista (MARTINS, 2008, p. 1).
Portanto, cabe a nós situar essa ciência em seu contexto histórico,
preferencialmente, referenciado pelo capitalismo.
Para isso, torna-se necessário apresentar os princípios lógicos de formação do
pensamento dos precursores da Sociologia, que, como referenciais teóricos,
possuem um papel fundamental na consolidação da disciplina e geram
repercussões no fazer sociológico até os dias atuais.
Auguste Comte, Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx são considerados como
autores basilares para a disciplina de Sociologia, atuando como referências
fundamentais para o desenvolvimento desta. Primordialmente, podemos destacar
três elaborações teóricas provenientes deles: o método funcionalista de Durkheim,
que é inspirado pelo positivismo de Comte; o método dialético de Marx; o método
compreensivo de Weber. Ressalta-se, ainda, que aprender as metodologias clássicas
nos permite dimensionar a diversidade de perspectivas do conhecimento
sociológico e compreender as ciências sociais não como um conhecimento
universal, e sim como uma produção cientí�ca que apresenta possibilidades de
leitura e apreensão da realidade social.
A construção da Ciência
Sociológica por Auguste Comte
A Revolução Industrial é resultado da solidi�cação da ciência e das inovações
tecnológicas na Europa Ocidental. Esse movimento de transformação social
impulsionou a formação de uma nova estrutura econômica e de estrati�cação
social, a qual consolidou o que conhecemos atualmente como sistema capitalista.
Diante de tantas mudanças nos âmbitos político e econômico, a sociedade
ocidental enfrentou uma série de problemas sociais.
Veja só! Com a Revolução Industrial, surgiram fábricas que abrigavam um modelo
de trabalho de produção em série extremamente especializado. Assim, com a
adesão de máquinas, cada vez menos trabalhadores eram necessários no processo
de produção, ocasionando desemprego e miséria entre os que não possuíam poder
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econômico e que dependiam do trabalho assalariado. Somando-se a isso, é de
extrema importância entender que, como a mão de obra é considerada uma
mercadoria, os trabalhadores vendiam suas forças de trabalho para os donos das
fábricas (capitalistas/burgueses), e estes tentavam pagar o menos possível,
resultando em baixos salários.
O desemprego, a fome e os problemas estruturais na organização das cidades se
multiplicaram nesse período, e, diante de tantos problemas sociais, um cientista, o
�lósofo francês Auguste Comte (1798-1857), decidiu que a ciência poderia atuar
como uma forma de intervenção social. Pioneiro da ciência positiva, Comte, buscou
entender a sociedade capitalista, analisando o funcionamento desta e a forma com
que as relações sociais se estabeleciam nesse sistema. O objetivo do autor foi,
primordialmente, encontrar os motivos da existência de con�itos e desordem social,
ou seja, estabelecer a ordem para atingir o progresso.
Para alcançar o objetivo de compreender a ordem estabelecida na sociedade e as
relações sociais, Comte desenvolve a ciência positiva, uma teoria do conhecimento
que considera que “[...] os procedimentos da ciência natural são diretamente
aplicáveis ao mundo social com objetivo de estabelecer leis invariantes ou
generalizações semelhantes a leis sobre fenômenos.” (WACQUANT, 1996, p. 597). De
acordo com Comte, “[...] o genuíno espírito positivo consiste em ver para prever, em
estudar o que é, a �m de concluir o que será, segundo o dogma geral da
invariabilidade das leis naturais.” (COMTE, 1978, p. 131).
A ciência positiva buscou replicar os métodos e as técnicas das ciências naturais
para a investigação dos fenômenos sociais, campo de estudos que Comte intitulou,
inicialmente, de física social e que, posteriormente, foi desenvolvido como
Sociologia. Com o intuito de prever os acontecimentos da sociedade e de possibilitar
uma intervenção nos processos sociais, para que estes fossem ordeiros e
harmoniosos, o �lósofo positivista buscou diminuir os con�itos e os problemas
sociais. Atualmente, sabemos que a vida em sociedade não é previsível e passível de
controle igual a um experimento de laboratório; no entanto, durante o processo de
consolidação da disciplina, Comte acreditou nessa possibilidade.
O progresso social, que só seria alcançado por meio da ciência, foi um dos principais
norteadores da teoria de Auguste Comte. Para apresentar esse preceito, o autor
desenvolve a “lei dos três estados”, que se con�gura em estágios de evolução das
concepções intelectuais humanas.
O primeiro, menos evoluído intelectualmente, é o estado teológico, baseado em
crendices populares e em crenças de religiões politeístas e monoteístas, além de ser
constituído por explicações de mundo que, segundo o �lósofo, seriam fruto da
imaginação e das �cções coletivas. O segundo estado seria o metafísico, de
evolução intermediária e transitória. De acordo com Comte (1978), tanto no estado
teológico quanto no estado metafísico, existe a busca de uma explicação para a
natureza da vida e para a origem de todas as coisas, porém, neste último:
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[...] em vez de empregar para isso os agentes sobrenaturais
propriamente ditos, substitui-os cada vez mais por entidades ou
abstrações personi�cadas, cujo uso, verdadeiramente característico,
amiúde permitiu designá-la sob a denominação de Ontologia.
(COMTE, 1978, p. 123).
O terceiro estágio, mais evoluído intelectualmente, foi denominado de estado
positivo e necessitou do processo de desenvolvimento intelectual dos estados
teológico e metafísico. Segundo Comte (1978), o estado positivo subordina a
imaginação e as conceituações abstratas sobre a realidade social, a observação e a
investigação empírica dos fenômenos sociais. Além disso, constitui-se como uma
concepção de mundo baseada no estudo social e permite “[...] perceber as
verdadeiras relações de cada parte com o todo, de modo a oferecer constantemente
um largo destino às mais eminentes pesquisas, evitando, entretanto, toda
especulação pueril.” (COMTE, 1978, p. 146).
Portanto, a Sociologia comporia, para Comte, a superioridade intelectual no
pensamento humano, ou seja, o estado positivo, em que a compreensão dos
processos sociais e a formulação de iniciativas que cooperam para o ordenamento
social são possíveis. 
A teoria positivista de Auguste Comte
LEI DOS 3 ESTADOS
1) Teológico
Nesta concepção, as ideias utilizadas para a explicação do mundo real são baseadasno sobrenatural. Segundo Comte, o primeiro estado (teológico) tem relação com a
inteligência humana.
2) Metafísico
Na segunda concepção, há presença das ideias naturais, porém as ideias baseadas
no sobrenatural ainda são usadas para explicar as coisas do mundo (é uma
concepção intermediária). Segundo Comte, o segundo estado (metafísico) tem
como função servir de transição entre o primeiro e o último.
3) Positivista
Neste momento, são as leis gerais de ordem positiva que explicam os fatos. Segundo
Comte, o terceiro (positivista) é o estado físico e de�nitivo do ser humano.
Fonte: REALE, G. História da Filoso�a. v. 3. São Paulo: Paulus, 1991. p. 118.
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Para a ciência positivista, seria possível dominar e controlar a realidade social por
meio do conhecimento e do entendimento das relações sociais instituídas na
sociedade capitalista, o que possibilitaria mapear suas problemáticas e instaurar a
disciplina e a ordem social, garantindo o progresso da civilização moderna. Em
termos positivistas, “o progresso é regulado pela ordem” (MARTINS, 2008, p. 3), o que
signi�ca que a Sociologia, por investigar de maneira aprofundada os processos
sociais, poderia dar instrumentos para o entendimento da realidade social vigente.

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