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Neurofisiologia 1 🧠 Neurofisiologia Introdução - Controle Integrado do Movimento Corporal Sistema total de controle motor Capítulo 1 Funções motoras da medula espinal - os reflexos espinais Organização da medula espinal para as funções motoras Os receptores sensoriais musculares e os principais reflexos integrados na medula MAIS / Reflexos não integrados na medula Reflexos Autonômicos ou Viscerais Reflexos dos Músculos Esqueléticos Controle do Movimento dos Músculos Viscerais Capítulo 2 Controle Cortical e do Tronco Cerebral da Função Motora Córtex Motor e Trato Corticoespinhal As 3 subáreas do córtex motor Áreas especializadas do córtex motor cerebral Transmissão de sinais do córtex motor para os músculos Trato corticoespinhal Núcleo Rubro - a via alternativa Excitação das áreas de controle motor da medula pelo córtex e pelo núcleo rubro Padrão de movimentos desencadeados pelos centros da medula O papel do tronco cerebral no controle da função motora Os núcleos reticulares pontino e bulbar e a sustentação do corpo contra a gravidade O sistema vestibular e a manutenção do equilíbrio Capítulo 3 Contribuições do cerebelo e dos núcleos da base para o controle motor global Cerebelo e suas funções motoras Circuitos Neurais do Cerebelo Vias eferentes e núcleos cerebelares profundos Unidade Funcional do Córtex Cerebelar Neurofisiologia 2 Introdução - Controle Integrado do Movimento Corporal A maioria dos movimentos corporais são respostas integradas e coordenadas que necessitam de sinais oriundos de diversas regiões do encéfalo. O movimento pode ser classificado em três categorias: Movimento reflexo (menos complexo; é integrado e processado principalmente na medula); Movimento voluntário (mais complexo; necessita de coordenação entre o córtex, o núcleo da base e o cerebelo; não necessita de estímulo para ocorrer; melhora com a prática e pode se tornar involuntário; é integrado no córtex cerebral); Movimento rítmico (combinação de movimentos reflexos e voluntários; complexidade intermediária; integrado na medula com a necessidade de sinais de início e fim vindo dos centros superiores; existem geradores centrais de padrões que sustentam um movimento rítmico). O SNC realiza o controle do movimento em três níveis: Medula espinal (integra reflexos espinais); Tronco encefálico e cerebelo (controlam reflexos posturais e os movimentos das mãos); Função do cerebelo no controle motor global Disfunções cerebelares Funções motoras dos Núcleos da Base Núcleos da base: a temporização e graduação dos movimentos Capítulo 4 O córtex cerebral e as funções intelectuais do cérebro - aprendizado e memória Anatomia Fisiológica do Córtex Funções de Áreas Corticais Específicas Áreas Associativas Hemisfério Dominante Função do Cérebro na Comunicação Função do Corpo Caloso e da Comissura Anterior Pensamento, Consciência e Memória Memórias Capítulo 5 O sistema límbico e o hipotálamo - Mecanismos comportamentais e motivacionais do sérebro Sistemas de Ativação e Motivação Controle da Atividade Cerebral Sistemas Neuro-humorais no Cérebro Humano Sistema Límbico Hipotálamo Capítulo 6 Estados da atividade cerebral Sono Teorias Básicas do Sono Ondas Cerebrais Diferentes Níveis de Atividade Cerebral no EEG Mudanças no EEG nos estágios de vigília e sono Epilepsia Comportamento psicótico e demência Esquizofrenia Depressão e Psicose Maníaco-Depressiva Doença de Alzheimer Capítulo 7 Núcleos da base Neurofisiologia 3 Córtex cerebral e núcleos da base (responsáveis pelos movimentos voluntários). Os fusos musculares, os órgãos tendinosos de Golgi e os receptores das cápsulas articulares fornecem informações para a medula, o tronco e o cerebelo. O controle dos movimentos voluntários pode ser dividido em três etapas: 1 tomada de decisão e planejamento; 2 iniciação do movimento; 3 execução. O córtex tem papel chave nas duas primeiras etapas. Sistema total de controle motor Nível Espinhal: na medula são programados padrões locais de movimento para todas as áreas musculares. A medula também é o local de padrões complexos de movimentos rítmicos. Todos os programas da medula podem ser postos em ação pelos níveis mais altos do controle motor ou podem ser inibidos, enquanto níveis mais altos assumem o controle. Nível Rombencefálico: a ponte e o bulbo exercem duas funções importantes para o controle motor geral do corpo: manutenção do tônus axial e modificação contínua dos graus de tônus nos diferentes músculos, em resposta às informações do sistema vestibular para manter o equilíbrio corporal. Nível do Córtex Motor: esse sistema fornece a maior parte dos sinais motores ativadores para a medula espinhal funcionar, exercendo comandos sequenciais e em paralelos que colocam em movimento vários padrões medulares de ação motora. Pode mudar as intensidades dos Neurofisiologia 4 diferentes padrões ou modificar sua programação ou outras características. Pode substituir os padrões medulares por ser um nível de controle mais alto. Os padrões desse nível são complexos. Cerebelo: funciona em todos os níveis de controle muscular. Com a medula, aumenta o reflexo de estiramento. No nível do tronco cerebral, contribui com os movimentos posturais do corpo, especialmente os rápidos necessários, pelo sistema de equilíbrio, não fragmentados e contínuos. No nível do córtex, opera associado às estruturas corticais, contribuindo com muitas funções motoras acessórias, especialmente fornecendo força motora extra para iniciar rapidamente a contração muscular e ativando os antagonistas no final para cessar o movimento. Funciona junto com o córtex no nível de programar as contrações necessárias para a progressão suave de movimentos rápidos. Sendo assim, o cerebelo funciona principalmente quando os movimentos musculares têm que ser rápidos. Núcleos da Base: suas funções mais importantes são de ajudar o córtex a executar padrões de movimento aprendidos, mas subconscientes e ajudar a planejar múltiplos padrões paralelos e sequenciais de movimento. Capítulo 1: Funções motoras da medula espinal - os reflexos espinais Sem os circuitos neuronais especiais da medula, mesmo os sistemas de controle motor mais complexos no encéfalo não poderiam gerar qualquer movimento muscular intencional. Por exemplo, não existe nenhum circuito neuronal, em qualquer parte do encéfalo, que gere o movimento alternado das pernas, necessário para o andar. De fato, os circuitos para esses movimentos estão na medula, e o encéfalo simplesmente envia sinais de comando para a medula espinal iniciar o processo de andar. Organização da medula espinal para as funções motoras A substância cinzenta da medula espinal é a área integrativa para os reflexos espinais. Os sinais sensoriais entram na medula pelas raízes sensoriais, também conhecidas por raízes posteriores ou dorsais. Após entrar na medula, cada sinal sensorial trafega por duas vias separadas: um ramo do nervo sensorial termina quase imediatamente na substância cinzenta da medula e provoca os reflexos espinais segmentares locais e outros efeitos locais; outro ramo transmite sinais para níveis superiores do sistema nervoso, isto é, para zonas superiores da própria medula, para o tronco cerebral, ou mesmo para o córtex cerebral,. Neurofisiologia 5 Interneurônios: estão em todas as áreas da substância cinzenta medular — nos cornos dorsais, nos cornos anteriores e nas áreas intermediárias entre eles. Além de fazerem inúmeras interconexões entre si, suas conexões com os neurônios motores anteriores são responsáveis pela maioria das funções integrativas da medula espinal. São poucos os sinais aferentes (provenientes dos nervos espinais ou do encéfalo) que terminam diretamente sobre os neurônios motores anteriores. A maior parte deles é transmitida primeiro para os interneurônios, onde são adequadamente processados. Células de Renshaw - Transmitem sinais inibitórios para os neurônios motores circundantes: a estimulaçãode cada neurônio motor tende a inibir os neurônios motores adjacentes (inibição lateral), o que suprime a tendência de espalhamento lateral dos sinais. Fibras proprioespinais - Fibras que trafegam de um segmento ao outro da medula: ascendentes e descendentes, são as vias utilizadas nos reflexos multissegmentares. Os neurônios motores anteriores, que deixam os cornos anteriores da substância cinzenta medular para inervar os músculos esqueléticos, se dividem em dois grupos: Neurônios motores Alfa: essas fibras se ramificam várias vezes após chegarem ao músculo e inervam as grandes fibras musculares esqueléticas; compõe, junto com as fibras musculares, a unidade motora. Neurônios motores Gama: inervam as fibras intrafusais (que, envolvidas por uma cápsula, constituem o centro dos fusos musculares proprioceptores, auxiliando no tônus muscular básico). Sempre que os sinais são transmitidos do córtex motor ou de qualquer outra área do encéfalo para os neurônios motores alfa, na maioria das vezes, os neurônios motores gama são estimulados simultaneamente - efeito chamado coativação dos neurônios motores alfa e gama. Neurofisiologia 6 As vias reflexas neurais podem ser classificadas de diferentes maneiras: Pela divisão eferente do sistema nervoso que controla a resposta, que divide em reflexos somáticos (reflexos que envolvem neurônios motores somáticos e músculos esqueléticos) e autônomos (respostas controladas pelos neurônios autônomos); Pelo local do SNC onde o reflexo é integrado, podendo ser medulares/espinais (podem ser modulados por sinais encefálicos, mas ocorrem sem estímulo encefálico) ou cranianos; Pela natureza do reflexo, que pode ser inato (geneticamente determinado) ou aprendido (reflexo ao qual fomos condicionados); Pelo número de neurônios e de sinapses envolvidos na via reflexa, sendo o mais simples o reflexo monossináptico (envolve apenas uma sinapse entre os dois neurônios da via – neurônio sensorial aferente e o neurônio motor somático eferente; a sinapse ocorre na medula) e o polissináptico (participação de três ou mais neurônios na via com no mínimo duas sinapses; podem ser divergentes permitindo que um estímulo atinja múltiplos alvos ou convergente integrando os sinais de múltiplas origens para modular a resposta). Os receptores sensoriais musculares e os principais reflexos integrados na medula O controle adequado da função muscular requer não apenas a excitação do músculo pelos neurônios motores anteriores da medula espinal, mas também o feedback contínuo da informação sensorial de cada músculo para a medula espinal, indicando o estado funcional do músculo a cada instante. Para informar o SNC quanto ao estado de atividade do músculo esquelético, este apresenta entre suas fibras proprioceptores (receptores sensoriais) que se dedicam ao sensoriamento e ao controle intrínseco do músculo. Há, também, proprioceptores nas cápsulas articulares e nos ligamentos. Estes transmitem enorme quantidade de informação não somente para a medula espinal, mas também para o cerebelo e mesmo para o córtex cerebral, auxiliando cada uma dessas regiões do sistema nervoso no controle da contração muscular. Por exemplo, o trato espinocerebelar dorsal conduz informação instantânea dos fusos musculares e dos órgãos tendinosos de Golgi diretamente para o cerebelo. Neurofisiologia 7 Três tipos de proprioceptores são encontrados no corpo: fusos musculares, órgãos tendinosos de Golgi e receptores articulares (dispostos nas cápsulas e nos ligamentos, ao redor das articulações, são estimulados por deformidades mecânicas). Fusos Musculares e o reflexo de estiramento São receptores de estiramento que enviam informações para o SNC sobre o comprimento do músculo/a velocidade de variação do seu comprimento; estruturas pequenas e alongadas dispostas entre as fibras contráteis extrafusais do músculo. Os fusos são, na verdade, cápsulas que contêm um grupo de pequenas fibras musculares conhecidas como fibras intrafusais, que se diferenciam das fibras extrafusais porque sua região central - que é a porção receptora -não é capaz de se contrair, já que não apresenta os elementos contráteis actina e miosina. Além disso, elas são envolvidas por terminações sensoriais relacionadas ao estiramento; e suas porções terminais, em contrário da receptora, são contráteis e inervadas pelo neurônio motor gama. O receptor do fuso muscular pode ser excitado de duas maneiras: Com o aumento do comprimento do músculo, ocorre o estiramento da região central do fuso e, portanto, excita o receptor. Mesmo que o comprimento do músculo não se altere, a contração das regiões terminais das fibras intrafusais do fuso provocam o estiramento da região central do fuso e, portanto, excitam o receptor. Reflexo do estiramento muscular: sempre que um músculo é rapidamente estendido, a excitação dos fusos causa a contração reflexa das fibras musculares esqueléticas grandes (extrafusais) do próprio músculo estirado e, também, dos músculos sinérgicos estreitamente relacionados. Por ser um movimento reflexo de via monossináptica, o sinal efetor chega ao músculo com o menor atraso possível. O reflexo de estiramento dinâmico inicial (que produz contração reflexa/redução da contração forte e instantânea) é seguido por um reflexo de estiramento estático, mais fraco, que continua por período prolongado Neurofisiologia 8 💡 O reflexo patelar pode ser induzido pela percussão do tendão patelar com martelo de reflexo; essa ação instantaneamente estira o músculo quadríceps e ativa o reflexo de estiramento dinâmico, que faz com que a perna “se lance” para frente. Quando grande quantidade de impulsos facilitatórios está sendo transmitida de regiões superiores do sistema nervoso central para a medula, os abalos musculares resultantes dos reflexos pesquisados são muito exagerados. Ao contrário, se os impulsos facilitatórios estão deprimidos ou abolidos, os abalos musculares estarão consideravelmente enfraquecidos ou ausentes. Esses reflexos são mais utilizados para a determinação da presença ou ausência de espasticidade muscular, causada por lesões das áreas motoras encefálicas ou por doenças que excitam a área facilitatória bulborreticular do tronco cerebral. Habitualmente, grandes lesões nas áreas motoras corticais, mas não nas áreas inferiores de controle motor (especialmente lesões provocadas por derrames ou tumores cerebrais), provocam reflexos de estiramento musculares muito exagerados, nos músculos do lado oposto do corpo. Função do fuso muscular na atividade motora voluntária: a coativação dos neurônios motores alfa e gama faz com que tanto as fibras musculoesqueléticas extrafusais como as fibras musculoesqueléticas intrafusais do fuso muscular se contraiam ao mesmo tempo. Isso é importante porque impede que o reflexo de estiramento se oponha à contração muscular normal, já que durante a contração muscular voluntária não haverá deformação da porção receptora do fuso muscular. Além disso, mantém a função de amortecimento do fuso muscular. Reflexo de estiramento Neurofisiologia 9 Órgãos Tendinosos de Golgi e o impedimento da contração excessiva pelo reflexo tendinoso Localizados nos tendões musculares, transmitem informações sobre a tensão do músculo (refletida no tendão) ou a velocidade de alteração da tensão do músculo, principalmente em contrações isométricas (aquelas onde o músculo desenvolve tensão, porém não há alteração em seu comprimento externo). 💡 Assim, a principal diferença entre a excitação do órgão tendinoso de Golgi e a do fuso muscular é que o fuso detecta o comprimento do músculo e as alterações no comprimento do músculo, enquanto o órgão tendinoso detecta a tensão do músculo refletida no próprio tendão. A coativação dos neurônios motores alfa e gama impede que o reflexo de estiramento atrapalhe a contração voluntária normal. O músculo em repouso apresenta sua região central estirada o suficiente para ativar fibrassensoriais; essas, por sua vez, enviam potenciais de ação para o SNC, garantindo atividade tônica mesmo em repouso (tônus muscular). Neurofisiologia 10 O estímulo aferente desses órgãos estimula os interneurônios inibitórios da medula; estes, em seguida, inibem os neurônios motores alfa, diminuindo a contração muscular; com isso, impede- se a contração excessiva e a consequente lesão muscular. O reflexo tendinoso é inteiramente inibitório, impedindo o desenvolvimento de tensão excessiva no músculo. Quando a tensão no músculo (e portanto no tendão) aumenta extrema e rapidamente, dá-se o que chamamos de reflexo de alongamento para prevenir o rompimento muscular ou a separação do tendão do osso. Além disso, o reflexo tendinoso age em inibição das fibras muito tensionadas, enquanto as que estão sob menor tensão continuam sendo estimuladas - o que ajuda a distribuir a carga a todas as fibras do músculo. Neurofisiologia 11 O reflexo flexor/à dor e o reflexo extensor cruzado Se alguma parte do corpo, exceto os membros, é estimulada dolorosamente, essa parte de modo semelhante será afastada do estímulo, mas o reflexo pode não se restringir aos músculos flexores, embora seja basicamente o mesmo tipo de reflexo. As vias que provocam o reflexo flexor não passam diretamente para os neurônios motores anteriores, mas primeiro passam pelo conjunto de interneurônios da medula espinal e apenas de forma secundária, para os neurônios motores. 1 circuitos divergentes para propagar o reflexo aos músculos necessários para a retirada; 2 circuitos para a inibição dos músculos antagonistas, chamados circuitos de inibição recíproca; 3 circuitos que promovem a pós-descarga, com duração de muitas frações de segundo, após o estimulo ter terminado. Logicamente, o padrão de retirada do reflexo flexor depende do nervo sensorial que é estimulado. Neurofisiologia 12 Aproximadamente, 0,2 a 0,5 segundo após o estímulo provocar reflexo flexor no membro, o membro oposto começa a se estender. Esse reflexo é chamado reflexo extensor cruzado. MAIS / Reflexos não integrados na medula Todos os reflexos neurais se iniciam a partir da percepção de um estímulo, quando este ativa um receptor sensorial. Em seguida, este receptor envia a informação (na forma de potenciais de ação e através dos neurônios sensoriais) para o SNC, centro integrador responsável por avaliar as informações sensitivas e selecionar uma resposta motora apropriada. Uma característica chave de vias reflexas é a retroalimentação negativa, que é homeostática, uma vez que a resposta desativa o estímulo inicial para que não tenha mais resposta. Os sinais de retroalimentação provenientes dos receptores nos músculos e nas articulações mantém o SNC continuamente informado das mudanças de posição do corpo. Alguns reflexos têm componente antecipatório que permite que o corpo antecipe um estímulo e inicie uma resposta. Neurônios sensoriais levam sinais dos proprioceptores para o SNC. O SNC integra o sinal de entrada usando redes e vias de interneurônios excitatórios e inibitórios. Nos reflexos, a informação sensorial é integrada e gera resposta inconscientemente, embora algumas informações sensoriais possam ser percebidas, permitindo que estímulos conscientes modulem o reflexo. Os neurônios motores somáticos conduzem os sinais de saída. Reflexos Autonômicos ou Viscerais Neurofisiologia 13 A maioria dos reflexos espinais são modulados por sinais encefálicos baseados em respostas aprendidas. O treinamento no uso do banheiro é um exemplo de reflexo aprendido que o SNC usa para modular o reflexo medular da micção. Um tipo importante de reflexo autonômico é a conversão de estímulos emocionais em respostas viscerais, como o “frio na barriga”. Os reflexos autonômicos são todos polissinápticos, ocorrendo no mínimo uma sinapse no SNC entre o neurônio sensorial e o neurônio autonômico préganglionar e uma sinapse adicional no gânglio, entre os neurônios pré-ganglionar e pós-ganglionar. Muitos desses reflexos são caracterizados pela atividade tônica, uma sequência contínua de potenciais de ação que geram atividade contínua no órgão efetor. Reflexos dos Músculos Esqueléticos Os processos reflexos de músculos esqueléticos estão envolvidos em quase tudo o que fazemos. Os receptores que detectam as modificações nos movimentos das articulações, na tensão muscular e no comprimento do músculo geram informações para o SNC, que pode responder de dois modos: 1 enviando estímulos excitatórios para os neurônios motores somáticos, de modo a produzir contração; 2 enviando estímulos inibitórios aos neurônios motores somáticos para que haja relaxamento, sendo esse relaxamento um resultado da ausência de sinal excitatório para o neurônio motor somático (e não da presença de um estímulo inibitório, de fato). Os efetores são fibras musculares esqueléticas contráteis que se contraem pelo potencial de ação nos neurônios motores somáticos. Controle do Movimento dos Músculos Viscerais O movimento produzido pela contração dos músculos liso e cardíaco é muito diferente daquele que é produzido pelos músculos esqueléticos, porque eles não estão presos a ossos. Nos órgãos internos, geralmente a contração muda a forma do órgão, estreitando o seu lúmen ou o comprimento de um tubo. A contração do músculo visceral frequentemente é controlada reflexamente pelo sistema nervoso autônomo, mas alguns tipos de músculos liso e o músculo cardíaco são capazes de gerar seus próprios potenciais de ação. Capítulo 2: Controle Cortical e do Tronco Cerebral da Função Motora Córtex Motor e Trato Corticoespinhal As 3 subáreas do córtex motor O córtex motor é dividido em três subáreas, cada uma com sua própria representação topográfica de grupos musculares e de funções motoras específicas. São elas: Neurofisiologia 14 Córtex Motor Primário Situa-se na primeira convolução dos lobos frontais, anterior ao sulco central. Começa na fissura cerebral lateral, estende-se para cima até a parte mais alta do hemisfério cerebral e mergulha na profundidade da fissura longitudinal. O córtex motor primário apresenta uma organização topográfica que mostra os graus de representação das diferentes áreas musculares, sendo que mais da metade dele relaciona-se com o controle dos músculos das mãos e dos músculos da fala 🖖🗣. Área Pré-Motora: situa-se anteriormente ao córtex motor primário, estendendo-se para baixo na fissura de Sylvius e para cima na fissura longitudinal, onde tem contato com a área motora suplementar, que tem funções semelhantes. A organização topográfica dessa área é praticamente a mesma do córtex primário. Os sinais neurais gerados nessa área causam padrões muito mais complexos de movimento do que os gerados pelo córtex motor primário. 💡 Abriga os neurônios-espelho, que ficam ativos quando a pessoa executa tarefa motora específica ou quando observa uma tarefa motora executada por outros. Área Motora Suplementar: apresenta organização topográfica diferente do córtex motor primário e da área pré-motora. Situa-se principalmente na fissura longitudinal, mas se estende até o córtex frontal superior. As contrações desencadeadas pela estimulação dessa são bilaterais. Essa área geralmente atua junto com a pré-motora. Áreas especializadas do córtex motor cerebral Regiões responsáveis pelo controle de funções motoras específicas Neurofisiologia 15 Área de Broca: é uma área pré-motora responsável pela formação das palavras. Localiza-se imediatamente anterior ao córtex motor primário e acima da fissura lateral cerebral. A sua lesão não impede a pessoa de vocalizar, mas torna impossível para o indivíduo pronunciar palavras inteiras/expressões vocais isoladas sem coordenação, como a fala ocasional de palavras simples (exemplo: “sim” ou “não”). Campo dos Movimentos Oculares “Voluntários”: na área pré-motora imediatamente acima da área de Broca, fica o local para o controle dos movimentos oculares voluntários.A lesão dessa área impede o indivíduo de movimentar voluntariamente os olhos em direção aos diferentes objetos. Em lugar disso, os olhos tendem a travar involuntariamente sobre objetos específicos, efeito controlado por sinais do córtex visual occipital. Essa área também controla o movimento das pálpebras, como o ato de piscar. Área de Rotação da Cabeça: pouco acima da área dos movimentos oculares voluntários, na área de associação mista, a estimulação elétrica desencadeia a rotação da cabeça. Essa área se associa estreitamente ao campo de movimentos oculares; ela direciona a cabeça em direção a diferentes objetos. Área para Habilidades Manuais: situa-se na área pré-motora imediatamente anterior à área do córtex motor primário relacionada às mãos e aos dedos. Lesões nessa área resultam em apraxia motora. 💡 Apraxia é uma condição neurológica em que a pessoa é incapaz de realizar voluntariamente movimentos motores, mesmo que seus músculos estejam normais e ela saiba como fazer o movimento. Transmissão de sinais do córtex motor para os músculos Os sinais são transmitidos diretamente do córtex para a medula pelo trato corticoespinal e de modo indireto por múltiplas vias acessórias, que passam pelos núcleos da base, pelo tronco cerebral e pelo cerebelo. Córtex motor → Trato corticoespinhal → Medula Córtex motor → Vias acessórias Núcleos da base, tronco cerebral e cerebelo) → Medula Neurofisiologia 16 A função do córtex motor é controlada por sinais neurais do sistema somatossensorial e também de outros sistemas sensoriais. Uma vez recebida a informação, o córtex motor opera em associação com os núcleos da base e com o cerebelo para dar seguimento apropriado ao curso da ação motora. 💡 O sistema somatossensorial é o responsável pelas experiências detectadas por órgãos sensoriais não especiais (ou seja, que não correspondem a um dos cinco sentidos). Enquanto, os receptores sensoriais dos sentidos especiais (visão, audição, gustação, olfação / equilíbrio) estão restritos à cabeça, os do sentido somático estão espalhados pelo corpo todo. Trato corticoespinhal É a via de saída mais importante do córtex motor. Passa pelo ramo posterior da cápsula interna (entre caudado e putâmen) e desce pelo tronco, formando as pirâmides bulbares. A maior parte das fibras cruza na parte inferior do bulbo e desce pelos tratos corticoespinhais laterais para terminar principalmente nos interneurônios da substância cinzenta da medula. Algumas das fibras não cruzam no bulbo e formam os tratos corticoespinhais ventrais, mas, geralmente, acabam cruzando depois. Tratos corticoespinhal lateral → As fibras cruzam na altura do Bulbo; Trato corticoespinhal ventral → As fibras descem ipsilaterais à região do córtex da qual se originam, cruzando apenas no segmento medular correspondente Núcleo Rubro - a via alternativa Neurofisiologia 17 Compondo o sistema extrapiramidal (que agrupa todas as partes do cérebro e do tronco cerebral que contribuem para o controle motor, mas que não fazem parte do sistema corticoespinal- piramidal direto), o núcleo rubro localiza-se no mesencéfalo e recebe muitas fibras diretas do córtex motor primário pelo trato corticorrubral, bem como fibras colaterais do trato corticoespinal quando este atravessa o mesencéfalo. Essas fibras fazem sinapse com a parte magnocelular do núcleo rubro, que contém grandes neurônios; estes dão origem, então, ao trato rubroespinal, que cruza para o lado oposto na parte inferior do tronco cerebral e segue trajeto adjacente e anterior ao trato corticoespinhal laterl. A maioria das suas fibras termina nos interneurônios da substância cinzenta, mas algumas terminam diretamente nos neurônios motores do corno anterior. O núcleo rubro também tem conexões estreitas com o cerebelo, semelhantes às conexões entre o córtex motor e o cerebelo. A parte magnocelular do núcleo rubro tem representação somatográfica de todos os músculos do corpo (pouco precisa, se comparada à somatografia do córtex). Portanto, a estimulação de ponto único nessa parte do núcleo rubro causa contração de músculo isolado ou de pequeno grupo de músculos. 💡 A via corticorrubroespinhal serve como rota acessória e "reserva" para a transmissão de sinais relativamente discretos do córtex motor para a medula. Quando as fibras corticoespinais são destruídas, mas a via corticorrubroespinal fica intacta, ainda podem ocorrer alguns movimentos discretos - exceto os movimentos de controle fino dos dedos e das mãos, que ficam consideravelmente comprometidos. 💡 Sistema motor lateral da medula → trato corticoespinal lateral e trato corticorrubroespinal. Neurofisiologia 18 Excitação das áreas de controle motor da medula pelo córtex e pelo núcleo rubro As células no córtex motor (assim como nos córtex somatossensorial e visual) são organizadas em colunas verticais de milhares de neurônios, funcionando cada uma delas como uma unidade que estimula músculos sinérgicos ou individuais. Os neurônios de cada coluna funcionam como um sistema de processamento integrativo, que usa informações de várias aferências para determinar uma resposta de saída. Além disso, as células de uma mesma coluna podem funcionar como um sistema de amplificação, que dá força a um movimento ao estimular grande número de fibras piramidais - o que é importante, uma vez que a estimulação de uma só célula piramidal quase nunca consegue excitar um músculo. Cada coluna tem seis camadas de células distintas, como ocorre em quase todo o córtex cerebral. 💡 Todas as células piramidais que dão origem às fibras corticoespinais se situam na quinta camada de células da superfície cor tical. Os neurônios piramidais transmitem sinais dinâmicos e estáticos, para o desenvolvimento da força inicial (dinâmicos) e para a manutenção da força de contração (estáticos). Quando os sinais neurais do córtex motor causam contração muscular, sinais somatossensoriais percorrem de volta todo o caminho até o córtex motor, em um sistema de feedback positivo que aumenta a força da contração muscular (se as fibras fusimotoras musculares nos fusos se contraírem mais que as grandes fibras musculoesqueléticas, as partes centrais dos fusos ficarão estiradas e, portanto, excitadas; sinais desses fusos então retornam rapidamente às células piramidais, no córtex motor, para advertir que as grandes fibras musculares não se contraíram o suficiente; as células piramidais excitam ainda mais o músculo, ajudando sua contração a alcançar a contração dos fusos musculares). A maioria desses sinais somatossensoriais se origina em 1 fusos musculares; 2 órgãos tendinosos dos tendões musculares; ou 3 re ceptores táteis da pele que recobre os músculos. Neurofisiologia 19 Padrão de movimentos desencadeados pelos centros da medula Como já vimos, a medula espinal é capaz de integrar movimentos reflexos específicos em resposta à estimulação sensorial ou à sinais cerebrais. Em razão disso, quando o sinal cerebral excita um músculo, não é necessário transmitir um sinal inverso para relaxar o músculo antagonista (via de regra), pois esse relaxamento é obtido pelo circuito de inervação recíproca da medula, que coordena a função dos pares de músculos antagonistas. Também são reflexos medulares aqueles que produzem o andar, a marcha, o ato de coçar e os mecanismos posturais (ativados por sinais de comando de estruturas cerebrais). Por fim, outros mecanismos reflexos medulares, como o de retirada, o de andar, o da marcha, o de coçar e os mecanismos posturais, podem ser ativados por sinais de “comando” de estruturas cerebrais. 💡 Lesão do córtex motor primário ou do trato corticoespinal: o sistema de controle motor pode ser lesado por exemplo, por um AVE (ruptura de vaso que sangra no cérebro ou por trombose de uma das artérias principais que irrigam o cérebro); esta lesão causa variáveis graus de paralisia dos músculos representados. Se o núcleo caudado e as áreas pré-motoras e suplementares não foremlesadas, ainda poderão ocorrer movimentos posturais grosseiros e fixação de extremidades, mas há perda do controle voluntário de movimentos discretos dos segmentos distais das extremidades. Perde-se a capacidade de controle sobre os movimentos finos. 💡 Espasticidade Muscular: o córtex motor primário normalmente exerce efeito estimulador tônico e contínuo sobre os neurônios motores da medula espinal; quando esse efeito estimulador é removido, ocorre hipotonia. caracteriza-se pelo aumento do tônus muscular. O estado de espasticidade muscular se caracteriza por hipertonia e hiperreflexia e resulta da lesão de vias acessórias (ou seja, das partes não piramidais do córtex motor), que são responsáveis por inibir os núcleos motores vestibulares e reticulares do tronco cerebral. Quando esses núcleos perdem seu estado de inibição (i. e., são “desinibidos”), ficam espontaneamente ativos e causam tônus espástico excessivo nos músculos envolvidos O papel do tronco cerebral no controle da função motora Formado por bulbo, ponte e mesencéfalo, o tronco cerebral funciona, em parte, como uma extensão da medula na cavidade craniana, pois apresenta núcleos motores e sensoriais que realizam funções de aferência e eferência para a face e a cabeça. Além disso, é responsável por funções especiais de controle - da respiração, do sistema cardiovascular, dos movimentos estereotipados, do equilíbrio, de parte da função gastrointestinal e dos movimentos oculares - e serve de estação de passagem para os sinais que advêm dos centros neurais superiores. Os núcleos reticulares pontino e bulbar e a sustentação do corpo contra a gravidade Os núcleos reticulares se dividem em dois grupos, núcleos pontinos 1 e núcleos bulbares 2, e funcionam de maneira antagônica entre si. Ou seja, enquanto os núcleos reticulares pontinos excitam os músculos antigravitários, os bulbares coordenam seu relaxamento. Núcleos pontinos → Excitação dos músculos antigravitários; Neurofisiologia 20 Núcleos reticulares bulbares → Relaxamento dos músculos antigravitários Sistema Reticular Pontino: transmite sinais excitatórios descendentes para a medula pelo trato reticuloespinal pontino (na coluna anterior). As fibras dessa via terminam nos neurônios motores anteriores mediais, responsáveis pela excitação dos músculos axiais do corpo (ou seja, da musculatura que sustenta o corpo contra a gravidade). Esses núcleos apresentam alto grau de excitabilidade natural e recebem fortes sinais excitatórios dos núcleos vestibulares, bem como dos núcleos profundos do cerebelo. Neurofisiologia 21 💡 Os núcleos e tratos vestibulares funcionam em associação com os núcleos reticulares pontinos para coordenar a contração dos músculos antigravitários. Isso ocorre para promover o equilíbrio, já que as respostas motoras dos músculos da postura devem estar de acordo com os sinais eferentes do sistema vestibular. A transmissão de sinal excitatório se dá através dos tratos vestibuloespinais lateral/medial (nas colunas anteriores) Sistema Reticular Bulbar: os núcleos reticulares bulbares transmitem sinais inibitórios para os neurônios motores anteriores antigravitários pelo trato reticuloespinhal bulbar (na coluna lateral); recebe aferências do trato corticoespinal, do trato rubroespinal e de outras vias motoras. O sistema inibitório reticular bulbar normalmente é ativado para contrabalancear os sinais excitatórios do sistema reticular pontino, impedindo que os músculos fiquem anormalmente tensos. Em outras ocasiões, a excitação do sistema bulbar pode inibir músculos antigravitários para permitir que haja atividade motora especial. Neurofisiologia 22 💡 Rigidez de descerebração: quando o tronco cerebral de animal é seccionado abaixo do nível médio do mesencéfalo, mas seus sistemas reticulares da ponte e do bulbo, bem como o sistema vestibular são deixados intactos, desenvolve-se a patologia chamada rigidez de descerebração - que acomete os músculo santigravitários. Isso ocorre pois, na ausência de aferência do córtex/núcleos rubros/núcleos da base para os núcleos reticulares bulbares, esses sistema inibidor fica sem função. O sistema vestibular e a manutenção do equilíbrio O sistema vestibular é o órgão sensorial para detecção das sensações do equilíbrio, constituindo- se de um labirinto membranoso (parte funcional do sistema) que, por sua vez, é abrigado por um labirinto ósseo na parte petrosa do osso temporal. O labirinto membranoso é composto pela cóclea (que tem pouca relação com o equilíbrio), três canais semicirculares e duas grandes câmaras, o utrículo e o sáculo. Máculas Localizadas na superfície interna de cada utrículo e sáculo, são órgãos sensoriais para detecção da orientação da cabeça com relação à gravidade. A mácula do utrículo se situa no plano horizontal e determina a orientação da cabeça em posição ereta, enquanto a do sáculo localiza-se no plano vertical e sinaliza a orientação da cabeça em decúbito. Utrículo → Mácula em plano horizontal → Orientação da cabeça em posição ereta; Sáculo → Mácula em plano vertical → Orientação da cabeça com corpo em decúbito; As máculas são cobertas por camadas gelatinosas, onde ficam cristais de carbonato de cálcio, as estatocônias. Esses cristais apresentam gravidade específica (maior que a do líquido e dos Neurofisiologia 23 tecidos circundantes), de modo que o seu peso curva os cílios das células ciliadas na direção da tração gravitacional. Essas células que projetam cílios para cima da camada gelatinosa têm suas bases e lados em contato e sinapse com as terminações do nervo vestibular. Função do Utrículo e do Sáculo na Manutenção do Equilíbrio Estático: a orientação diferente das máculas nos utrículos e sáculos é essencial para que células ciliadas distintas sejam estimuladas. Os padrões de estimulação dessas células noticia ao SNC a posição da cabeça em relação a gravidade. Células Ciliadas e a sensibilidade direcional As células ciliadas apresentam vários pequenos cílios (de 50 a 70 chamados estereocílios e um grande e único cílio chamado de cinocílio - todos esses conectados entre si. O cinocílio sempre se dispõe em um dos lados da célula. Devido a essas conexões, quando o cinocílio se curva para um lado, os filamentos puxam os esterocílios no mesmo sentido, afastando-os do corpo celular. Essa tração abre vários canais na membrana celular neuronal, que são capazes de conduzir grande número de íons positivos para dentro da célula, acarretando a despolarização da membrana do receptor, o que aumenta o tráfego de impulsos pelo nervo vestibular. Inversamente, a deformação do conjunto de cílios na direção oposta reduz a tensão nas fixações, fechando os canais e gerando hiperpolarização, o que pode inibir o tráfego de impulsos até reduzi-lo a zero. Portanto, à medida que muda a orientação da cabeça no espaço e o peso das estatocônias distorce os cílios, são transmitidos sinais apropriados para o sistema nervoso central controlar o equilíbrio. Detecção de Aceleração Linear pelas Máculas do Utrículo e do Sáculo: as máculas não operam para a detecção de velocidade linear, mas sim para manter o equilíbrio mesmo durante a aceleração linear. Canais Semicirculares Responsáveis por sensorear a posição rotacional da cabeça, os três canais semicirculares de cada órgão vestibular (anterior, posterior e lateral) ficam dispostos em ângulos retos entre si, de modo que representem todas os três planos do espaço. Cada um dos ductos semicirculares tem um alargamento em uma de suas extremidades, chamado ampola. O fluxo de líquido (endolinfa) ao longo desses canais e de suas respectivas ampolas excita o órgão sensorial destas, a crista ampular. Neurofisiologia 24 A crista ampular é uma massa de células ciliadas que apresenta, em sua superfície um tecido gelatinoso frouxo que recebe o nome de cúpula ampular. Na cúpula, protam-se centenas de cílios das células ciliadas localizadas na crista ampular. Os cinocílios dessas célulasciliadas são todos orientados na mesma direção da cúpula, e a deformação da cúpula nessa direção causa despolarização das células ciliadas, enquanto a deformação na direção oposta hiperpolariza as células. Em seguida, pelas células ciliadas, são enviados sinais apropriados por meio do nervo vestibular para notificar o sistema nervoso central sobre a alteração da rotação da cabeça e da velocidade da alteração em cada um dos três planos do espaço. Detecção da rotação da cabeça pelos ductos semicirculares: no início da rotação, os canais semicirculares começam a girar, enquanto a endolinfa fica inerte, causando fluxo relativo do líquido. Esse movimento deforma os cinocílios e estereocílios, provocando despolarização da membrana do receptor e aumento da frequência de impulsos que transitam pelo nervo vestibular. No intervalo entre o início e o fim do movimento, a endolinfa começa a se movimentar tão rapidamente quanto o próprio canal, o que permite que os cílios das células da cúpula voltem à posição de repouso, cessando o estímulo ao nervo vestibular. No final do movimento, o canal semicircular para, mas a endolinfa continua girando por algum tempo, causando a deformidade da cúpula na direção contrária (o que, novamente, produz aumento dos impulsos em trânsito pelo nervo vestibular) até que ambos parem e os cílios das células cupulares voltem à posição de repouso. Função preditiva do sistema de canais semicirculares na manutenção do equilíbrio: tudo os canais semicirculares detectam é se a cabeça do indivíduo está começando ou parando de girar em uma direção ou em outra; portanto, os canais semicirculares são responsáveis por manter o equilíbrio durante movimentos rotacionais constantes. Esse mecanismo é capaz de predizer se o desequilíbrio vai ou não ocorrer, permitindo que os centros de equilíbrio façam ajustes preventivos. Para isso, os canais semicirculares ligam-se especialmente aos lobos floculonodulares do cerebelo. Capítulo 3: Contribuições do cerebelo e dos núcleos da base para o controle motor global Cerebelo e suas funções motoras O cerebelo funciona em associação com outros sistemas de controle motor e desempenha papéis importantes na manutenção do ritmo das atividades motoras (controlando o início e o fim dos movimentos a partir de sistemas excitatórios e inibitórios) e da progressão homogênea e rápida de um movimento muscular para o seguinte. Sua principal função é de monitorar e corrigir os movimentos corporais enquanto estes estão sendo executados, de modo que fiquem de acordo com os programas motores elaborados. Ou seja, o cerebelo compara os movimentos reais com os movimentos que foram originalmente programados pelo sistema motor e, se houver discrepância entre as informações, ele envia sinais corretivos. Além disso, auxilia o córtex no planejamento do movimento sequencial, enquanto ajuda o movimento que ainda está sendo executado. Neurofisiologia 25 O cerebelo é dividido em três lobos (anterior, posterior e floculonodular) por duas fissuras profundas. Os lobos anterior e posterior estão organizados em diferentes zonas a partir de linhas paralelas ao eixo longitudinal: Vermis: relacionada ao núcleo fastígio, é responsável pelo controle dos movimentos do corpo axial, do pescoço, dos ombros e dos quadris; apresenta representação topográfica das diferentes pares do corpo. Zona intermediária: relacionada ao núcleo interpósito, controla as contrações musculares de músculos agonistas e antagonistas; Zona lateral: relacionada ao núcleo denteado, opera junto com o córtex no planejamento global dos movimentos sequenciais; apresenta representação topográfica das diferentes partes do corpo. Circuitos Neurais do Cerebelo Vias aferentes do encéfalo (do encéfalo ao cerebelo): a via corticopontocerebelar se origina nos córtices motor, pré-motor e somatossensorial do cérebro e se dirige ao cerebelo; do tronco encefálico, originam-se os tratos olivocerebelar, reticulocerebelar e vestibulocerebelar. Vias Aferentes da Periferia: Trato espinocerebelar dorsal: traz ao cerebelo informações referentes à atividade de contração muscular, ao grau de tensão sobre os tendões musculares, às posições e velocidades de movimento das diferentes partes do corpo e às forças que agem sobre a superfície do corpo; Neurofisiologia 26 Trato espinocerebelar ventral: informa ao cerebelo quais sinais motores chegaram aos cornos anteriores da medula – cópia de eferência. Vias eferentes e núcleos cerebelares profundos Em cada hemisfério cerebelar estão três núcleos cerebelares profundos – denteado, interpósito e fastígio. Todos os núcleos profundos recebem sinais do córtex e dos tratos sensoriais profundos aferentes. Sempre que um sinal chega ele é enviado em duas direções: para o núcleo profundo e para a área correspondente do córtex cerebelar que recobre o núcleo profundo. A via que se inicia no vermis passa pelos núcleos fastígios e segue para o tronco levando informações de equilíbrio e postura; A via que se origina na zona intermediária e passa pelos núcleos interpósito, ventrolateral e ventroanterior do tálamo, córtex, estruturas da linha média do tálamo, núcleos da base, núcleo rubro e formação reticular do tronco ajuda a coordenar as contrações recíprocas de músculos agonistas e antagonistas; A via que começa na zona lateral passa para o núcleo denteado e para os núcleos ventrolateral e ventroanterior do tálamo para chegar ao córtex, e desempenha papel na coordenação das atividades motoras sequenciais. 💡 Vermis → Fastígio (equilíbrio e postura) | Zona intermediária → Interpósito (coordena contrações recíprocas de músculos agonistas e antagonistas) | Zona lateral → Denteado (atividades motoras sequenciais) Unidade Funcional do Córtex Cerebelar Neurofisiologia 27 A unidade funcional do córtex cerebelar consiste da conexão entre uma célula de Purkinje e outra célula nuclear profunda. A saída das unidades funcionais se dá pela célula nuclear profunda, que está continuamente sob influências excitatórias e inibitórias de fibras aferentes. As aferências para o cerebelo são de dois tipos de fibras: Trepadoras: originadas na oliva inferior do bulbo, trazem às células nucleares profundas um sinal excitatório que resulta em um potencial de ação peculiar nas células de Purkinje, chamado de espícula complexa – prolongado, se inicia com um grande potencial de ação que é seguido por potenciais em ponta secundários mais fracos. Musgosas: para que sejam capazes de excitar a célula de Purkinje, é necessário que muitas fibras musgosas sejam estimuladas simultaneamente; a ativação da célula de Purkinje pelas fibras musgosas resulta em um potencial de ação de curta duração e muito mais fraco, chamado de espícula simples. Tanto as células de Purkinje quanto as nucleares profundas disparam continuamente potenciais de ação, mas suas atividades podem ser moduladas tanto positiva quando negativamente. A estimulação direta das células nucleares profundas pelos dois tipos de fibras (musgosas e trepadoras) provoca excitação; as células de Purkinje, por outro lado, são responsáveis por inibir estes núcleos profundos. Normalmente, o balanço entre esses dois efeitos é levemente favorável à excitação. Quando um movimento rápido está prestes a ser executado, o sinal iniciador do córtex motor/do tronco aumenta a excitação das células nucleares; essas, na sequência, são inibidas pelos sinais que advêm das células de Purkinje, de modo que se garanta o amortecimento do movimento, impedindo que este ultrapasse a dimensão programada. Essa característica de inibição das células de Purkinje é responsável pelo sinal de desligar para os músculos agonistas ao término do movimento. Neurofisiologia 28 💡 O grau em que o cerebelo sustenta o início e o fim das contrações e a temporização precisam ser aprendidos. Esse aprendizado se dá por alteração na sensibilidade das fibras trepadoras e nas células de Purkinje. Função docerebelo no controle motor global O sistema nervoso usa o cerebelo para controlar as funções motoras em três níveis: Vestibulocerebelo – Controle do equilíbrio e dos movimentos posturais: consiste principalmente nos lobos floculonodulares. Esse nível é importante para controlar o balanço entre as contrações musculares de agonistas e antagonistas da coluna, quadris e ombros durante alterações rápida das posições corporais. O vestibulocerebelo tem a função de calcular antecipadamente, com base nas informações trazidas da periferia sobre rapidez e direção das partes do corpo em movimento, onde as diferentes partes estarão durante os próximos milissegundos, por isso o cerebelo é capaz de trabalhar na progressão para o próximo movimento, ou seja, realizar correções antecipatórias. Espinocerebelo – Controle dos movimentos distais das extremidades: consiste na maior parte do vermis do cerebelo posterior e anterior mais as zonas intermediárias adjacentes. A zona intermediária recebe dois tipos de informação quando um movimento é realizado, são eles: informação do córtex motor cerebral e do núcleo rubro dizendo ao cerebelo qual é o plano sequencial (trato espinocerebelar ventral) e informações de feedback das partes periféricas do corpo (trato espinocerebelar dorsal), dizendo quais movimentos reais estão acontecendo. Depois de comparar as duas informações, as células nucleares profundas do núcleo interpósito enviam sinais de saída corretivos de volta ao córtex e para a porção magnocelular do núcleo rubro. Essa parte do sistema de controle motor cerebelar proporciona movimentos coordenados e homogêneos dos músculos agonistas e antagonistas das extremidades distais para realizar movimentos padronizados agudos com finalidade. 💡 O que acontece se o cerebelo não puder exercer sua função? Quase todos os movimentos do corpo são pendulares, e por isso apresentam tendência a passar do alvo. Nesse contexto, o cerebelo é capaz de controlar o movimento precisamente para que ele pare no ponto pretendido, sendo essa função parte do que chamamos de sistema de amortecimento. Na ausência do cerebelo, o telencéfalo assume essa função, mas não com a mesma precisão - necessitando de vários ciclos para se fixar no ponto pretendido. Movimentos balísticos é como chamamos os movimentos rápidos que são pré-planejados e colocados em execução para percorrer uma distância específica e depois parar. Na ausência do cerebelo, ocorrem três alterações principais desses movimentos: adquirem ritmo lento e não apresentam o surto de início que o cerebelo, geralmente, produz; a força desenvolvida é fraca; ocorre demora para interromper os movimentos, permitindo, em geral, que eles passem bem além do alvo pretendido. Cerebrocerebelo – Planejar, sequenciar e temporizar os movimentos: formado pelas grandes zonas laterais dos hemisférios cerebelares. É responsável pela coordenação dos movimentos complexos intencionais das mãos, dedos e pés e do aparelho fonador. O planejamento dos Neurofisiologia 29 movimentos sequenciais exige que haja comunicação entre as zonas laterais e as partes pré- motora e sensorial do córtex; isso garante que a pessoa seja capaz de progredir homogeneamente de um movimento para o seguinte. A temporização adequada da sucessão de movimentos garante que a pessoa saiba quando precisa começar a próxima fase do movimento sequencial. Esse nível também ajuda a temporizar eventos que não os movimentos do corpo, como as velocidades de progressão dos fenômenos auditivos e visuais. 💡 Quando observamos o tráfego para decidir o melhor momento de se atravessar a rua, o cerebrocerebelo tem papel importante pois analisa e temporiza os movimentos externos (estímulos visuais), estimando em sequência se podemos, ou não, chegar ao outro lado da rua seguros. Disfunções cerebelares As lesões cerebelares produzem sinais e sintomas ipsilaterais, isto é, correspondem ao mesmo lado em que ocorreu a lesão. As lesões no vérmis associam-se a manifestações no tronco e as dos hemisférios cerebelares nos membros. Síndrome do vestibulocerebelo (arquicerebelo): seu sintoma é caracterizado por perda de equilíbrio. O paciente não consegue ficar em pé, entretanto deitado consegue coordenar os movimentos de forma praticamente normal. Síndrome do espinocerebelo (paleocerebelo): esta síndrome está ligada ao alcoolismo crônico. Ocorre como consequência da degeneração do córtex do lobo anterior. O paciente perde o equilíbrio, necessitando andar com a base alargada – ataxia dos membros inferiores. Síndrome do cerebrocerebelo (neocerebelo): essa síndrome tem como sintoma fundamental a incoordenação motora (ataxia), que pode ser testada por vários sinais, alguns descrevemos a seguir: Dismetria: os movimentos são executados de forma defeituosa; no momento em que visam atingir um alvo, a pessoa com a síndrome não consegue atingi-lo, pois o erro está relacionado a “medida de movimentos” utilizados para tal execução. Uma forma de se verificar esse sinal, é pedir ao paciente para tentar colocar o dedo na ponta do nariz, começando o movimento com os braços esticados. Decomposição: em pessoas sem lesões cerebelares os movimentos complexos normalmente são realizados por várias articulações ao mesmo tempo. No doente neocerebelar esses movimentos são decompostos, ou seja, realizados em etapas por cada uma das articulações. Disdiadococinesia: é a dificuldade de fazer movimentos rápidos e alternados. Para verificar a existência desse sinal, pode-se pedir ao paciente para, por exemplo, tocar rapidamente e de forma alternada a ponta do dedo polegar com os dedos médio e indicador. Rechaço: verifica-se o sinal desta síndrome mandando o paciente forçar a flexão do antebraço contra a resistência que o aplicador do teste faz em seu pulso. No paciente com a síndrome neocerebelar, os músculos extensores (que são coordenados pelo cerebelo) custam a agir e o movimento gerado pode ser muito violento, levando o paciente, na maioria dos casos, a dar um forte tapa em seu próprio rosto. Neurofisiologia 30 Tremor: tremor característico, o qual se acentua no fim do movimento, quando a pessoa está próxima de atingir o seu objetivo/alvo. Nistagmo: a ocorrência é devido à falta de coordenação dos músculos extrínsecos do globo ocular. O nistagmo é caracterizado pelo movimento oscilatório rítmico dos bulbos oculares, podendo ser vertical, horizontal ou rotatório, que ocorre especialmente em lesões do cerebelo e do sistema vestibular. Para verificar a existência do nistagmo de origem cerebelar, pede-se ao paciente, sem mexer a cabeça, para acompanhar com os olhos o dedo do examinador até o limite do movimento ocular. Na pessoa que não possui a síndrome pode ocorrer um pequeno nistagmo, diferente do doente neocerebelar, que se caracteriza por ser muito intenso e persistente, surgindo quando o olho desvia-se para o lado do cerebelo que foi lesionado (devido a ipsilateralidade). Funções motoras dos Núcleos da Base Os núcleos da base constituem um sistema motor acessório e funcional estreitamente associado ao córtex cerebral e ao sistema de controle motor corticoespinhal. De cada lado do encéfalo, os núcleos da base consistem em: núcleo caudado, putâmen, globo pálido, substância negra e núcleo subtalâmico. Quase todas as fibras nervosas motoras e sensoriais que ligam o córtex à medula atravessam a cápsula interna, espaço que fica ente o núcleo caudado e o putâmen. Os núcleos da base apresentam um circuito neuronal complexo e com inúmeras interconexões. Circuitos do Putâmen – Padrões de atividades motoras: funciona associado ao sistema corticoespinhal para controlar padrões complexos de atividades motoras. Os circuitos do putâmen têm seus aferentes principalmente das partes do cérebro adjacentes ao córtex motor primário (pré-motor e suplementar, principalmente). Depois, suas eferências voltam principalmente para o córtex motor primário. Funcionando em associação com esse circuitoprimário, existem circuitos subsidiários que passam do putâmen pelo globo pálido externo, ao subtálamo e à substância negra, finalmente, retornando ao córtex motor por meio do tálamo. Neurofisiologia 31 Circuitos do Caudado – Controle cognitivo de sequências de padrões motores: a maior parte das ações motoras ocorre como consequência de pensamentos (controle cognitivo da atividade motora). O controle cognitivo da atividade motora determina, subconscientemente, quais padrões de movimento serão usados juntos para atingir um objetivo. O núcleo caudado recebe muitos aferentes das áreas de associação. Quando os sinais chegam ao núcleo caudado, eles são transmitidos para o globo pálido interno e para os núcleos de retransmissão do tálamo para só depois voltarem às áreas motoras pré-frontais, pré-motoras e suplementares (não costuma chegar diretamente ao córtex motor primário). Neurofisiologia 32 Núcleos da base: a temporização e graduação dos movimentos O cérebro é capaz de controlar os movimentos ao determinar com que rapidez o mesmo será realizado (temporização) e determinar suas dimensões (graduação). Pacientes com lesões graves nos núcleos da base, perdem essas funções. A área cortical parietal posterior é o local das coordenadas espaciais para o controle motor de todas as partes do corpo e atua intimamente relacionada com os núcleos da base. 💡 Lesões no córtex parietal posterior lateral produzem incapacidade de perceber de modo acurado os objetos pelos mecanismos sensoriais que funcionam normalmente, resultando em agnosia. Nesses casos, a pessoa também sofre de síndrome da negligência pessoal, porque ela irá negligenciar a existência do hemicorpo contralateral à lesão. Funções dos neurotransmissores específicos dos núcleos da base: o neurotransmissor GABA sempre funciona como agente inibitório. Portanto, os neurônios gabaérgicos nas alças de feedback do córtex pelos gânglios da base e de volta ao córtex tornam o feedback negativo. A dopamina também funciona como neurotransmissor inibitório na maior parte. Esses neurotransmissores são responsáveis pela estabilidade dos sistemas de controle motor. Neurofisiologia 33 💡 Lesões nesse circuito resultam em padrões de movimentos intensamente anormais, como a coreia (movimentos rápidos e abruptos) no caso do putâmen; o hemibalismo (movimentos súbitos e em bloco) em lesões de subtálamo; atetose (movimentos de contorção espontâneos) por lesões no globo pálido. 💡 Síndromes Clínicas Decorrentes de Lesão dos Núcleos da Base Doença de Parkinson: também conhecida como paralisia agitante. Decorre da destruição generalizada de parte da substância negra que envia fibras nervosas secretoras de dopamina para os núcleos caudado e putâmen. A doença caracteriza-se por hipertonia, tremor involuntário das áreas envolvidas, acinesia (dificuldade de iniciar movimentos), instabilidade postural e também pode afetar a fala, a marcha e a deglutição. Doença de Huntington: é uma doença autossômica dominante caracterizada por iniciar os sintomas entre 3040 anos de idade. Afetados apresentam movimentos rápidos em músculos individuais e, depois, movimentos graves progressivos de distorção do corpo inteiro. Também há desenvolvimento de demência. Capítulo 4: O córtex cerebral e as funções intelectuais do cérebro - aprendizado e memória Anatomia Fisiológica do Córtex A parte funcional do cérebro corresponde ao delgado estrato de neurônios que recobre a superfície de todas as suas circunvoluções. Este estrato, por sua vez, é formado por camadas sucessivas com diferentes tipos de neurônios. A maior parte desses neurônios é de três tipos: 1 granulares/estrelados (apresentam axônios curtos, funcionando principalmente como interneurônios; podem ser excitatórios ou inibitórios), 2 fusifomes e 3 piramidais. Neurofisiologia 34 As células fusiformes e piramidais dão origem a quase todas as fibras que saem do córtex, sendo que as piramidais são maiores e mais numerosas que as fusiformes. Muitas áreas do córtex se conectam com partes específicas do tálamo, uma vez que eles operam em íntima associação. Quando o tálamo é lesado (lesando, conjuntamente, o córtex), a perda de função cerebral é muito maior do que quando essa lesão ocorre direta e exclusivamente no córtex, pois a excitação talâmica do córtex é necessária para quase toda atividade cortical. Assim, quando as conexões talâmicas são interrompidas, as funções da área cortical correspondente ficam quase completamente perdidas. Por essa razão, o tálamo e o córtex juntos são, algumas vezes, chamados sistema talamocortical. 💡 Tudo o que percebemos como sentido, menos alguns cheiros, passa pelo tálamo! Quase todas as vias dos receptores sensoriais e dos órgãos sensoriais para o córtex passam pelo tálamo, sendo exceção algumas vias sensoriais do olfato. Funções de Áreas Corticais Específicas As áreas motoras primárias mantêm conexões diretas com grupos musculares específicos, com objetivo de causar movimentos musculares isolados. As áreas sensoriais primárias detectam sensações específicas transmitidas dos órgãos sensoriais periféricos diretamente para o cérebro. As áreas secundárias integram e dão significado aos sinais recebidos das áreas primárias. As áreas secundárias motoras (motora suplementar e pré-motora) funcionam junto com o córtex motor primário e os núcleos da base para fornecer padrões e atividade motora. As áreas sensoriais secundárias analisam os significados dos sinais sensoriais específicos. Áreas Associativas São áreas do córtex cerebral que não se encaixam nas categorias motoras/sensoriais primárias/secundárias., pois recebem e analisam sinais simultâneos de múltiplas regiões. Neurofisiologia 35 Área Associativa Parieto-Occipitotemporal: fica no grande espaço parieto-occipital, limitado à frente pelo córtex somatossensorial, abaixo pelo córtex visual e ao lado pelo córtex auditivo. Análise das Coordenadas Espaciais: essa área recebe informações sensoriais visuais no córtex occipital e informações somatossensoriais do córtex parietal, permitindo que ela calcule as coordenadas visuais/auditivas do corpo e de tudo aquilo que o circunda. Área de Wernicke: é a principal área envolvida na compreensão da linguagem. É a região mais importante de todo o cérebro que está envolvida com a função intelectual superior, já que quase toda essa função é baseada na linguagem. Neurofisiologia 36 💡 Função interpretativa abrangente da área de Wernicke: as áreas associativas somática, visual e auditiva se juntam na parte posterior do lobo temporal superior. Esse local de confluência é particularmente desenvolvido no lado dominante do cérebro e tem o papel mais importante, que é o de participar da mais abrangente função superior, a inteligência. Lesões nessa área impossibilitam a pessoa de agrupar as palavras em pensamentos coerentes. A ativação da área de Wernicke também é necessária para a interpretação de padrões complicados de memória de várias modalidades sensoriais. Área do Giro Angular - Processamento inicial da leitura: situada atrás da área de compreensão da linguagem (área de Wernicke), já que fornece a esta última informação visual na forma de palavras lidas. Desse modo, essa área é necessária para dar significado às palavras percebidas visualmente. Em sua ausência, a pessoa pode ainda ter excelente compreensão da linguagem pela audição, mas não pela leitura. 💡 O giro angular e a interpretação da informação visual para a formação de palavras e a leitura: lesões do giro angular estão associadas à dislexia ou ao que chamamos de cegueira de palavras, caso em que a pessoa é capaz de ver as palavras e até mesmo saber que são palavras, mas impossibilitada de lê-las e apreender destas o significado. Área para a Nomeação de Objetos: os nomes dos objetos são aprendidos principalmente pela audição, enquanto a natureza física destes é aprendida pela visão. Os nomes são essenciais para a compreensão das línguasvisual e auditiva. Área Associativa Pré-Frontal: funciona em íntima associação com o córtex motor para planejar padrões complexos/sequências de movimentos. Essa área também é essencial para executar os demais processos mentais, já que é capaz de planejar tanto atividades motoras quanto não motoras. Área de Broca: é responsável pelo planejamento dos padrões motores necessários à fala; atuando, portanto, em íntima associação com a área de Wernicke. Área Associativa Límbica: responsável, primariamente, pelo comportamento, pelas emoções e pela motivação. Área para Reconhecimento de Faces: lesões nessa área resultam em prosopagnosia, que é a incapacidade de reconhecer faces. Essa área é contígua com a região do córtex visual e com o sistema límbico, que está envolvido com as emoções e com o controle da resposta comportamental ao ambiente. Neurofisiologia 37 Hemisfério Dominante As funções interpretativas gerais da área de Wernicke e do giro angular, bem como as funções das áreas de fala e do controle motor são geralmente muito mais desenvolvidas em um hemisfério cerebral do que em outro, por isso esse hemisfério que apresenta essa função é chamado de dominante. Em 95% das pessoas, o hemisfério dominante é o esquerdo. Isso ocorre, porque o lado esquerdo costuma ser maior que o direito e, por isso, passa a ser usado mais vezes - criando uma tendência de direcionar o aprendizado para essa área. Assim, a área de Wernicke do hemisfério dominante está intimamente associada às áreas auditivas primária e secundária do lobo temporal, e área pré-motora da fala (área de Broca), também costuma se localizar nesse lado do cérebro. 💡 O córtex parieto-occipitotemporal no hemisfério não dominante pode ser dominante para outros tipos de inteligência, uma vez que o conceito de hemisfério dominante refere-se às funções intelectuais baseadas na linguagem. Neurofisiologia 38 As áreas pré-frontais têm funções intelectuais próprias menos definidas do que a da área de Wernicke. Lesões nessas áreas resultam em: perda da capacidade de resolver problemas complexos, de encadear tarefas sequenciais e de multitarefas; perda de ambições e agressividade; respostas sociais inapropriadas; incapacidade de acompanhar longas linhas de raciocínio; humor bipolar; realização de padrões motores usuais sem propósito. Diminuição da agressividade e resposta social inadequada: essas duas características provavelmente resultam de perda das partes ventrais dos lobos frontais na face inferior do cérebro - pois, além de compor as áreas pré-frontais, essa área faz parte do córtex associativo límbico. Incapacidade de progredir em direção a uma meta ou de elaborar pensamentos sequenciais: o córtex pré-frontal é essencial na elaboração de pensamentos coerentes organizados em sequência lógica. Lesões resultam em pessoas que se distraem facilmente de seu tema central de pensamento. Elaboração do pensamento, prognósticos e desempenho das funções superiores pelas áreas pré-frontais – Memória de trabalho: a elaboração de pensamentos está sendo associada às áreas pré-frontais. Essa área é capaz de manter presentes simultaneamente diversos fragmentos de informação sequencialmente apresentados, e levar ao resgate das informações instantaneamente, assim que ela for necessária para o pensamento subsequente, no que é chamado de memória de trabalho. Combinando todos os fragmentos de memória de trabalho, temos a capacidade de fazer prognósticos, planejar o futuro, retardar a ação em resposta a sinais sensoriais, considerar as consequências de ações motoras antes de executá-las, resolver problemas complicados, correlacionar todas as vias de informações e controlas nossas atividades de acordo com a moral. Função do Cérebro na Comunicação Existem dois aspectos da comunicação, sendo o primeiro sensorial (aferente da linguagem), envolvendo os ouvidos e olhos e o segundo o motor eferente da linguagem), envolvendo a vocalização e seu controle. Aspectos Sensoriais da Comunicação: depende das áreas associativas auditivas e visuais para que haja compreensão a palavra falada e lida 💡 Afasia de Wernicke: incapacidade de interpretar o pensamento que é expresso. Afasia Global: ocorre quando a área de Wernicke é amplamente lesada, deixando a pessoa totalmente incapacitada para a compreensão da linguagem ou comunicação. Afasia Receptiva Visual Cegueira de Palavras ou Dislexia): incapacidade de entender a palavra escrita. Afasia Receptiva Auditiva: incapacidade de entender a palavra falada. Aspectos Motores da Comunicação: os processos mentais da fala envolvem dois estágios: formação dos pensamentos que serão expressos com escolha das palavras usadas e o controle motor da vocalização. O primeiro estágio é função da área de Wernicke, enquanto o segundo, da área de Broca. Neurofisiologia 39 💡 Afasia Motora: resulta de danos na área da fala de Broca, localizada na região pré-frontal e pré-motora, normalmente, no hemisfério esquerdo, dominante Função do Corpo Caloso e da Comissura Anterior As fibras do corpo caloso formam abundantes conexões neurais bidirecionais entre as áreas corticais homólogas dos dois hemisférios cerebrais (com exceção das porções anteriores dos lobos temporais - o que inclui a amígdala - que são interconectadas por fibras que passam pela comissura anterior). Desse modo, a comissura anterior e o corpo caloso são essenciais para que informações armazenada no córtex de um hemisfério possam ser acessadas pelas áreas corticais correspondentes do hemisfério oposto. A secção do corpo caloso resulta em duas porções conscientes completamente diferentes no cérebro. Por exemplo: apenas o lado do hemisfério dominante (que abriga, portanto, a área de Wernicke - dedicada à compreensão da linguagem e à inteligência) seria capaz de entender tanto a palavra escrita quando a falada; o outro hemisfério só seria capaz de entender a palavra escrita. As duas metades do cérebro têm capacidade independente de conscientizar, armazenar memórias, comunicar-se e controlar as atividades motoras, sendo que, em casos de secção de corpo caloso, os hemisférios não conseguem agir de forma cooperativa a nível subconsciente superficial. Um exemplo disso é quando se dá um comando escrito para o lado não dominante do cérebro e recebemos uma resposta falada - o que necessita da função da área de Wernicke e das áreas motoras da fala do hemisfério dominante. Quando questionado o motivo dessa resposta, a pessoa é incapaz de explicar. Pensamento, Consciência e Memória A destruição de grandes porções do córtex não impede a pessoa de ter pensamentos, mas reduz a profundidade dos mesmos e também o grau de consciência do ambiente. Cada pensamento envolve simultaneamente diversas porções do córtex, do tálamo, do sistema límbico e da formação reticular do tronco. A teoria holística do pensamento acredita que ele resulte de um padrão de estimulação de diversas partes do sistema nervoso ao mesmo tempo. Neurofisiologia 40 💡 O tipo de padrão de pensamento que requer grande participação do córtex cerebral é o da visão, porque a perda do córtex visual causa incapacidade completa de se perceber formas ou cores. Memórias São armazenadas no cérebro pela variação da sensibilidade básica da transmissão sináptica, entre neurônios, como resultado de atividade neural prévia. As vias novas ou facilitadas são chamadas de traços de memória e são importantes, porque, uma vez estabelecidas, podem ser ativadas pelos processos mentais para reproduzir as memórias já armazenadas. Esses traços de memória podem ocorrer em qualquer nível do sistema nervoso. Diferente do que imaginamos, a maior parte das nossas memórias são negativas, ou seja, são informações às quais nosso cérebro se habituou por não considerar relevantes. É muito importante que o cérebro seja capaz de ignorar informações sem consequências por inibição das vias sinápticas (memória de habituação) - pois, se lembrássemos de tudo,nossa memória seria facilmente excedida. É muito importante também que o cérebro tenha a capacidade de guardar as informações que causam consequências importantes como dor e prazer; isso é a memória positiva, que resulta da facilitação das vias sinápticas e o processo se chama sensibilização da memória. As memórias podem ser divididas em: Memórias a Curto Prazo: duram no máximo alguns minutos. Só dura enquanto a pessoa continuar pensando nos números ou fatos. Memórias a Prazo Intermediário: duram no máximo por semanas. Serão perdidas se os traços de memória não forem ativados o suficiente para se tornarem permanentes. Esse tipo de memória pode resultar de alterações temporais químicas ou físicas nos terminais pré- sinápticos quanto nas membranas pós-sinápticas. Memória Baseada em Mudanças Químicas: quando o terminal sensorial é estimulado repetidamente sem que haja simultânea estimulação por parte do terminal facilitador, a transmissão do sinal começa intensa - mas se torna cada vez menos com a estimulação repetida, até a transmissão quase desaparecer no fenômeno de habituação. Esse é o tipo de memória negativa que faz o circuito neuronal perder sua resposta a eventos repetidos que são insignificantes. No entanto, se um estímulo nocivo excitar o terminal facilitador no mesmo momento em que o terminal sensorial for estimulado, a facilitação da transmissão se tornará cada vez mais forte. Sendo assim, o estímulo nocivo faz com que as vias de memória pelo terminal sensorial fiquem facilitadas. É importante salientar que mesmo depois da habituação ocorrer a via pode ser reconvertida em via facilitada com alguns estímulos nocivos. Neurofisiologia 41 Memórias a Longo Prazo: podem durar por uma vida inteira. Acredita-se que elas resultem de alterações estruturais reais, em vez de somente químicas nas sinapses e que realcem ou suprimam a condução dos sinais. O verdadeiro desenvolvimento da memória a longo prazo depende da reestruturação física das próprias sinapses de forma que mude sua sensibilidade para transmitir os sinais neurais; as mudanças mais importantes são: 1 aumento dos locais onde os neurotransmissores são liberados, 2 aumento do número de vesículas de neurotransmissores, 3 aumento do número de terminais pré-sinápticos e 4 mudanças nas estruturas das espinhas dendríticas que permitem a transmissão de sinais mais fortes. 💡 Habituação: o efeito de habituação no terminal sensorial resulta do fechamento progressivo de canais de cálcio na membrana terminal, resultando em liberação muito menor de neurotransmissores pelo terminal sensorial. Facilitação: o estímulo do terminal facilitador ao mesmo tempo em que o terminal sensorial é estimulado leva a um aumento prolongado da sensibilidade excitatória do terminal sensorial (pela ativação prolongada dos canais de cálcio devido a falta de condutância do potássio para fora), e isso estabelece o traço de memória. Consolidação da Memória: é o processo de conversão da memória a curto prazo para a memória a longo prazo. A consolidação é a ocorrência de alterações químicas, físicas e anatômicas nas sinapses que são responsáveis pela memória a longo prazo. A consolidação e o tempo necessário para que ela ocorra pode ser explicado pelo fenômeno de repetição da memória a curto prazo, que nada mais é do que a repetição da mesma informação várias vezes na mente acelera e potencializa o grau de transferência da memória a curto prazo para a memória a longo prazo, acelerando a consolidação. Uma das características mais importantes da consolidação é que novas memórias são codificadas em diferentes classes de informação. Durante a consolidação, as novas memórias são guardadas em associação direta com outras memórias do mesmo tipo. 💡 O número de neurônios e suas conectividades mudam significativamente durante o aprendizado baseado no princípio de “uso ou perda”. As memórias também podem ser classificadas segundo o tipo de informação que é armazenada. Uma dessas classificações divide as memórias em: Memória Declarativa: significa basicamente memória dos vários detalhes de pensamento integrado, como memória de experiência importante que inclui memória do ambiente, das Neurofisiologia 42 relações temporais, de causas da experiência, do significado da experiência e das deduções que ficaram na mente do indivíduo. Memória de Habilidades: é associada a atividades motoras do corpo da pessoa. Papel do Hipocampo no Processo de Memorização: o hipocampo é a porção mais medial do córtex do lobo temporal. É essencial para que haja o armazenamento de formas verbais e simbólicas de memórias na memória a longo prazo ou até mesmo na memória intermediária. Lesões no hipocampo incapacitam as pessoas de estabelecer novas memórias a longo prazo, o que é conhecido como amnésia anterógrada. Quando ocorre amnésia retrógrada, o grau de amnésia para eventos recentes tende a ser muito maior do que para eventos do passado, porque as memórias distantes foram repetidas tantas vezes que os traços de memória ficaram profundamente entranhados e elementos dessas memórias são armazenados em áreas muito disseminas do cérebro. Lesões hipocampais podem ter uma combinação de amnésias retrógrada e anterógrada. Entretanto, lesões talâmicas podem levar especificamente à anmnésia retrógrada sem causar a anterógrada; acredita-se que o motivo seja a função do tálamo em ajudar a achar a memória armazenada. Pessoas com lesões hipocâmpicas não têm dificuldades de aprender habilidades motoras que não envolvam verbalização ou formas simbólicas de inteligência, porque esse tipo de aprendizado depende da repetição física e não da repetição simbólica na mente. Capítulo 5: O sistema límbico e o hipotálamo - Mecanismos comportamentais e motivacionais do sérebro Sistemas de Ativação e Motivação Sem que o tronco encefálico emita transmissão contínua de sinais nervosos para o prosencéfalo, este último fica inutilizável. Os sinais neurais do tronco ativam os hemisférios cerebrais de duas maneiras: 1 estimulam diretamente o nível basal da atividade neuronal em grandes áreas do cérebro; 2 ativam sistemas neurohormonais que liberam substâncias neurotransmissoras específicas. Hipocampo Neurofisiologia 43 Controle da Atividade Cerebral Área Reticular Excitatória do Tronco Cerebral: também conhecida como área facilitadora bulborreticular, situa-se na substância reticular da ponte e do mesencéfalo. A grande maioria dos sinais passa primeiro pelo tálamo, que funciona como o centro distribuidor/de controle da atividade em regiões específicas do córtex; esses sinais são de dois tipos: potenciais de ação dos neurônios grandes da área reticular do tronco que são transmitidos rapidamente e excitam o prosencéfalo por apenas milissegundos; sinais excitatórios oriundos dos pequenos neurônios da área reticular que apresentam condução lenta e podem se prolongar progressivamente por minutos. O nível de atividade da área excitatória no tronco e o nível de atividade do encéfalo são determinados pelo número e pelo tipo de sinais sensoriais vindos da periferia. A importância dos sinais para a atividade cortical é demonstrada pelo efeito de se seccionar o tronco acima do ponto de entrada do quinto nervo craniano na ponte (fazendo com que se percam os sinais sensoriais), que é a diminuição da atividade na área excitatória cerebral e, portanto, da atividade cerebral em si. A área excitatória bulborreticular recebe sinais de feeback positivo do córtex cerebral, permitindo que o nível de excitabilidade cortical seja mantido ou até mesmo aumentado. Área Reticular Inibitória no Tronco Cerebral Inferior: situada medial e ventralmente no bulbo. Essa área pode inibir a área reticular excitatória e diminuir a atividade nas porções prosencefálicas; ela faz isso ao excitar neurônios serotoninérgicos. Controle Neuro-hormonal da Atividade Cerebral: a secreção de agentes hormonais neurotransmissores excitatórios
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