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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA Eduardo Lopes da Motta Matrícula: 20181302007 PROTOTIPAÇÃO COM PROCESSOS CONTÍNUOS AVALIAÇÃO 1 – ENGENHARIA DE PROCESSOS Rio de Janeiro Março 2021 2 INTRODUÇÃO As embalagens possuem a função básica de conter e proteger o produto, estender seu prazo de validade, viabilizar o transporte e comunicar-se com o consumidor (ABRE, 2018). Nos produtos lácteos, além das funções citadas, as embalagens devem conter informações nutricionais e serão escolhidas de acordo com as propriedades, condições de processamento, parâmetros de armazenamento e manuseio, além do formato final para seu uso (Karaman et al., 2015). As características físico-químicas dos materiais das embalagens, tais quais toxicidade, durabilidade, permeabilidade, compatibilidade, e os custos serão determinantes na escolha da embalagem ideal. Nas indústrias de laticínios, os tipos mais utilizados são: pote, caixa de cartão, garrafa flexível, lata, frasco, bandeja, sachê flexível, sistema skin pack e stand up pouche (EUROMONITOR, 2018). Dentre os diversos métodos existentes para a criação de uma embalagem, faz-se necessário observar aquele que melhor se encaixa na indústria em estudo, sem deixar de lado aspectos ambientais tais quais facilidade de degradação dos materiais, prolongamento de ciclo de vida das embalagens e parâmetros ecológicos do projeto. Embora o fator ambiental seja de extrema relevância, não se pode negligenciar os aspectos sustentáveis em outros âmbitos como o social e o econômico. Dados apontam que o custo de embalagem implica entre 4 a 35% do orçamento, dependendo da natureza do produto, da característica da embalagem, entre outros (MOURA & BANZATO, 1997). O processo produtivo e a logística normalmente são responsáveis pela maior parte do custo, ficando o material com uma parcela menor, juntamente com mão-de-obra e equipamentos (LEE & LYE, 2003). Desta forma há de se garantir a sustentabilidade econômica, considerando a viabilidade financeira de produção que deve contribuir para as questões sociais e ambientais, sem se sobrepor às mesmas (PEREIRA & DA SILVA, 2010). Não menos importante, o terceiro pilar para o desenvolvimento sustentável é o social, que pode ser alcançado com melhorias na educação, capacitação, saúde e coesão social através da solidariedade, cooperação e tolerância às diversidades (UNEP, 2010). A sustentabilidade social se refere também as condições de trabalho humanas que respeitam os princípios de justiça e responsabilidade sobre a futura e atual disponibilidade do espaço ambiental (MANZINI, 2008). Assim é necessário pensar sobre design de embalagens visando a sustentabilidade em sua totalidade, usando-se métodos projetuais que considerem as questões econômicas, ambientais e sociais para a criação de novas soluções. MÉTODOS DE DESIGN DE EMBALAGENS Diversos autores desenvolveram métodos e processos para a criação de embalagens citando etapas que deveriam ser seguidas desde o primeiro trabalho em 1976 publicado por Bergmiller. O que se observa desde então é uma dinâmica mudança que ocorrem nesses processos que acompanham o complexo desenvolvimento tecnológico cada vez mais rápido que a criação de metodologias para tal. Os métodos propostos por Dupuis e Silva (2008), Gurgel (2007) e Mestriner (2001) dão grande ênfase às questões técnicas e funcionais, bem como logística, 3 produção e mercadológica como comportamento do consumidor, posicionamento do mercado e atratividade, custos, viabilidade financeira e valor. Apesar de alguns abordarem as questões ambientais, nenhum inclui a sustentabilidade no macroestrutura projetual ou mesmo em ferramentas e procedimentos metodológicos no design de embalagem. Desta forma, na minha opinião, os desenvolvedores que negligenciam os conceitos de sustentabilidade em pleno século XXI estão fadados a reprovação do projeto pela diretoria e por isso essa abordagem se faz necessária no lançamento de um novo produto. A partir do ano 2000 as questões de sustentabilidade, principalmente ambiental, foram inseridas nos projetos de embalagem, publicadas pelos autores Brod Junior (2004), Bucci e Forcellini (2007), Sampaio (2008), Boylston (2008) e Merino et al. (2009). As figuras abaixo são os modelos de desenvolvimento de embalagens propostos por cada autor e as etapas serão descritas no próximo tópico do trabalho, fazendo uma compilação para o melhor desenvolvimento do projeto. Sistema discreto padronizado de produção repetitivo em lote - Figura 1 – Método Brod Junior (2004) Figura 2 - Método Bucci e Forcellini (2007) 4 Figura 3 - Método Sampaio (2008) Figura 4 - Método Boylston (2009) Figura 5 - Método Merino et al. (2009) ETAPAS PARA A CRIAÇÃO DE EMBALAGEM COM SUSTENTABILIDADE 1) Necessidade - entrada da necessidade inicial ou da identificação de oportunidade para o desenvolvimento de embalagem a partir do planejamento estratégico da empresa e recebimento do briefing com as informações iniciais a respeito do negócio, produto, objetivos, entre outras; CONSIDERAÇÕES: alinhamento das expectativas com a diretoria evitando frustrações por problemas na comunicação. 2) Planejamento Interno - definição da equipe de projeto, organização do cronograma, orçamentos iniciais e formulação do contrato; CONSIDERAÇÕES: definindo o orçamento inicial, o planejamento é feito com a verba disponibilizada, evitando surpresas ao longo do processo. O tempo de execução no cronograma a ser cumprido evita insatisfações posteriores com a alta cúpula da indústria. 3) Problematização – identificação do problema e dos fatores envolvidos no projeto; CONSIDERAÇÕES: identificação de possíveis contratempos e antecipação de outros custos ou tempos de execução. 4) Coleta de dados - busca de informações complementares ao briefing técnicas, mercadológicas, ambientais, sociais, econômicas, por meio de check lists, 2 dados de pesquisa de mercado, entre outros, e realização do estudo de campo (pesquisa no ponto de venda); CONSIDERAÇÕES: sustentabilidade do processo e identificação do público alvo, bem como clientes, fornecedores e outros que possam atrasar o processo 5) Análises - análises do produto-sistema de embalagens similares no mercado; CONSIDERAÇÕES: identificação de possíveis falhas nas embalagens dos concorrentes e sugestões de correção e ou melhorias. 6) Estratégia - síntese dos dados coletados, determinação das necessidades e requisitos para o projeto, hierarquização dos requisitos, re- equacionamento de fatores, definição de diretrizes de projeto e apresentação da estratégia para o cliente; CONSIDERAÇÕES: alinhamento com a diretoria das principais diretrizes do projeto. 7) Conceito - desenvolvimento do conceito para a embalagem, utilizando técnicas como cenários e painéis de estilo visual; CONSIDERAÇÕES: prototipagem conceitual para validar a idéia ou a função. 8) Alternativas - geração de alternativas para o problema, análise e seleção das melhores propostas; 9) Estrutura - desenvolvimento estrutural da alternativa selecionada; CONSIDERAÇÕES: protótipo de baixa fidelidade. 10) Visual - desenvolvimento gráfico-visual da alternativa selecionada; CONSIDERAÇÕES: protótipo de média fidelidade. 11) Modelos - construção dos primeiros modelos para análise e correções no projeto estrutural e gráfico, execução de testes e montagem do planograma; CONSIDERAÇÕES: nesta etapa devem ser consideradas as leis de rotulagem e embalagem definidas pelos órgãos reguladores. Testes microbiológicos devem ser realizados com o intuito de definir o tempo de validade. 12) Apresentação - apresentaçãofinal da solução para obtenção de aprovação; 3 13) Protótipos - desenvolvimento dos protótipos finais; CONSIDERAÇÕES: protótipo de alta fidelidade, 99% parecido com o produto final a ser lançado. 14) Especificações - especificações para a produção, desenhos de execução, arquivos finais e informações técnicas; 15) Implementação - produção de lote piloto, testes de mercado e revisão para produção final; CONSIDERAÇÕES: importante obter feedback do fornecedor, dos possíveis clientes e dos profissionais antes da produção final, para evitar o uso desnecessário de capital na produção final. 16) Acompanhamento - execução de um guia da embalagem, acompanhamento da produção final e verificação constante da embalagem operando no mercado. CONSIDERAÇÕES: o pós-venda e o SAC devem trabalhar fornecendo informações sobre possíveis defeitos nas embalagens ou na qualidade do produto de forma a possibilitar a melhoria contínua na produção. CONSIDERAÇÕES FINAIS O impacto ambiental causado pelas embalagens é quase sempre o aspecto mais relevante abordado na produção e desenvolvimento de novas embalagens, principalmente em função do rápido descarte, não reutilização ou não reciclagem por indisponibilidade tecnológica ou inviabilidade econômica. A complexidade de informações e relações dificultam a execução de projetos comprometidos com a sustentabilidade ambiental, econômica e social ao não considerar a relação do produto ou embalagem com as interações entre eles, entre as pessoas e os territórios. O maior desafio atual é prover soluções sustentáveis e economicamente viáveis, pensando em projetos sistêmicos, considerando as relações envolvidas no desenvolvimento de novos produtos, propondo diretrizes e ferramentas que facilitem esse processo e adotem uma postura coerente com as necessidades do mundo contemporâneo. 4 REFERÊNCIAS ABRE. Embalagem. Disponível em: http://www.abre.org.br/setor/apresentacao-do- setor/a-embalagem/. Acesso em: 08 mar. 2021. BOYLSTON, S. Designing Sustainable Packaging. London: Laurence King, 2009. BROD JR, M. Desenho de embalagem: projeto mediado por parâmetros ecológicos. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2004. BUCCI, D. Z.; FORCELLINI, F. A. Sustainable packaging design model. Complex Systems Concurrent Engineerign. Springer London, 2007, part 6, p.363-370. EUROMONITOR. Disponível em: www.euromonitor.com. Acesso em: 06 mar. 2021. GURGEL, F. A. Administração da embalagem. São Paulo: Thomson Learning, 2007. KARAMAN, A.D.; OZER, B.; PASCALL, M.A.; ALVAREZ, V. Recent advances in dairy packaging. Food Reviews International, 31, p 295-318, 2015. LEE, S.G., LYE, S. W. Design for manual packaging. International Journal of Physical Distribution & Logistics Management vol. 33 n. 2. Singapura: 2003, p. 163- 189. MANZINI, E. Design para a inovação social e sustentabilidade: comunidades criativas, organizações colaborativas e novas redes projetuais. Rio de Janeiro: E-papers, 2008. MERINO, G.; CARVALHO, L. R.; MERINO, E. Guia de Orientação para o Desenvolvimento de Embalagens. Revista D (Uniritter), v. 2, p.124, 2009. MESTRINER, F. Design de embalagem: curso básico. São Paulo: Makron Books, 2001. MOURA, R. A.; BANZATO, J. M. Embalagem, unitilizaçao e conteinerizaçao. 2. ed., rev. e ampl. São Paulo, SP: IMAM, 1997. 5 PEREIRA, Priscila Zavadil; DA SILVA, Régio Pierre. Design de Embalagem e Sustentabilidade: uma análise sobre os métodos projetuais. Design & Tecnologia, v. 1, n. 2, p. 29-43, 2010. SAMPAIO, C. P. Diretrizes para o design de embalagens em papelão ondulado movimentadas entre empresas com base em sistemas produto-serviço. Dissertação (Mestrado em Design) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2008. UNEP – United Nations Environment Programme. Definição de sustentabilidade social. Disponível em: <http://www.unep.org/ourplanet/imgversn/154/salim.html>. Acesso em 03 mar. 2021.
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