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Vitoria de Oliveira Matrícula: 201804123 Patologia veterinária Reconhecer as estruturas (macroscópicas e microscópicas) e as funções do fígado Macroscópicas: O fígado é marrom-avermelhado, com superfície lisa, friável e recoberto por cápsula de tecido conjuntivo. É dividido em lobos, por fissuras particularmente profundas em cães, gatos e suínos, pouco profundas em equinos e quase ausentes em bovinos. Em fetos e recém- nascidos, o fígado é relativamente maior que no adulto, provavelmente devido à sua função hematopoiética nessa fase do desenvolvimento. O fígado apresenta dupla circulação aferente: pela veia porta e pela artéria hepática; esses vasos penetram no fígado junto à fissura portal, em uma estrutura referida como porta hepática, e se distribuem pelos lobos hepáticos. A veia porta é responsável por 75% do sangue que chega ao fígado vindo dos pré-estômagos e estômago glandular, intestinos, baço e pâncreas. A artéria hepática contribui com 25 a 30% do sangue aferente, penetra o fígado e se distribui pelos lobos paralelamente à veia porta. Vários ligamentos mantêm o fígado em sua posição. O ligamento falciforme fixa a linha média do fígado à linha média do abdome; na margem livre do ligamento falciforme, encontra-se a veia umbilical, que, após o nascimento, transforma-se no ligamento redondo; os ligamentos triangulares localizam-se à direita e à esquerda dos lobos hepáticos, fixando-os ao diafragma; o ligamento coronário une o fígado ao diafragma e está conectado, em ambos os lados, aos ligamentos triangulares; os ligamentos hepato-duodenal e gastro-hepático são partes do omento menor e conectam o duodeno e o estômago ao hilo hepático. Em espécies sem vesícula biliar (equídeos, girafas, ratos, elefantes), o ducto hepático comum (DHC) é formado na parte ventral da fissura portal pela união dos ductos hepáticos direito e esquerdo. Microscópicas: Projeções de tecido conjuntivo (septos interlobulares) partem da cápsula e dividem o fígado em pequenas porções de tamanho e forma aproximadamente iguais, denominadas lóbulos hepáticos, que é uma estrutura hexagonal com aproximadamente 1,5 mm de largura e pouco mais que isso de altura, com o ápice ligeiramente convexo. A quantidade de lóbulos contidos em um fígado varia entre as espécies. No centro do lóbulo há uma veia centrolobular para onde convergem as placas de hepatócitos; no ângulo do hexágono localizam-se os espaços porta, onde se podem observar três (tríade portal) tipos de estruturas tubulares: ramos da veia porta, ramos da artéria hepática e ductos revestidos por epitélio cúbico ou colunar simples. Vasos linfáticos também podem ocasionalmente ser observados no espaçoporta. Nervos são ocasionalmente observados. O sangue portal venoso e o sangue da artéria hepática misturam-se nos sinusoides e convergem para as veias centrolobulares e daí para veias de calibre progressivamente maior, culminando na veia hepática, o vaso eferente do fígado. Quando considerado como uma glândula secretora de bile, o fígado é subdividido em ácinos. O ácino é centrado nos ramos distributivos dos vasos das áreas portais (zona 1). A zona 1 situa-se mais próximo do suprimento de sangue, e a zona 3 é que fica mais afastada desse suprimento, próximo da veia centrolobular. A zona 2 está entre as zonas 1 e 3. Cada veia centrolobular recebe sangue de vários ácinos. As superfícies dos hepatócitos que estão voltadas para o lúmen dos sinusoides contêm abundantes microvilosidades, que aumentam a área de superfície do hepatócito, facilitando a captação de substâncias oriundas do plasma e a secreção de produtos do metabolismo hepático. Os canalículos biliares originam-se da união da membrana plasmática de dois hepatócitos adjacentes, que formam um lúmen para a secreção da bile. O espaço entre os hepatócitos e as células endoteliais é denominado espaço de Disse, nele os constituintes do plasma entram em contato com a superfície luminal (rica em microvilosidades. Células hepáticas estrelares são encontradas no espaço de Disse, projetando-se entre hepatócitos, e são responsáveis pelo armazenamento de vitamina A no citoplasma. O lúmen dos sinusoides contém macrófagos denominados células de Kupffer, que são membros do sistema fagocítico mononuclear. A vesícula biliar é uma bolsa muscular revestida por epitélio. O epitélio de revestimento da vesícula biliar é simples, colunar alto, com núcleos localizados na base e microvilosidades no ápice. O epitélio repousa sobre uma membrana basal e, abaixo dela, há uma submucosa formada por tecido conjuntivo frouxo com vasos sanguíneos e linfáticos. Abaixo da submucosa está a capa de tecido muscular e, mais externamente, uma adventícia de tecido conjuntivo. Funções do fígado Metabolismo da bilirrubina: A excreção da bile é a principal função exócrina do fígado. A bile é composta de água, colesterol, ácidos biliares, bilirrubina, íons inorgânicos e outros constituintes. Os propósitos do organismo para a síntese da bile são: excretar vários produtos de desgaste do organismo, tais como excesso de colesterol, bilirrubina e substâncias tóxicas metabolizadas pelo fígado, facilitar a digestão por meio dos ácidos biliares e fornecer tampões para neutralizar o pH do quimo . Metabolismo dos ácidos biliares: São produzidos no fígado pela oxidação do colesterol, conjugados aos aminoácidos (taurina ou glicina), a sulfatos ou a um glicuronídio. Os principais ácidos biliares são ácido cólico, ácido quenodeoxicólico, ácido glicocólico e ácido taurocólico. Ácidos biliares são substâncias anfotéricas que atuam como detergentes; estes, por sua vez, facilitam a excreção de colesterol e fosfolipídio do fígado pela bile e a absorção de lipídios e substâncias lipossolúveis (vitamina A, D, E e K) do intestino. Metabolismo das gorduras: A maioria dos ácidos graxos de cadeia curta é incorporada em fosfolipídios ou triglicerídeos pelo epitélio intestinal e transportada para o fígado pelo sangue portal. Os ácidos graxos liberados do tecido adiposo chegam ao fígado ligados à albumina. A principal função do fígado no metabolismo das gorduras é esterificar os ácidos graxos em triglicerídeos para exportá-los para outros tecidos. Os triglicerídios são empacotados junto com proteína, carboidratos e colesterol no retículo endoplasmático rugoso do hepatócito na forma de lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL), as quais contêm principalmente triglicerídios, e lipoproteínas de alta densidade (HDL), as quais contêm principalmente fosfolipídio. As VLDL e HDL são liberadas nos sinusoides hepáticos. Quando as VLDL alcançam a circulação sistêmica, são captadas pelo tecido adiposo, ou as lipases endoteliais que alteram sua composição, removendo os triglicerídios e formando lipoproteínas de densidade intermediária (IDL) e lipoproteínas de baixa densidade (LDL), que retornam por endocitose ao hepatócito, no qual seus constituintes são catabolizados e reciclados. Além de formar as lipoproteínas para exportação, o fígado pode oxidar os ácidos graxos livres nas mitocôndrias para obtenção de energia. Metabolismo dos carboidratos: O fígado é responsável pela síntese, armazenamento e liberação da glicose. Monossacarídios absorvidos do trato gastrintestinal são levados pelo sangue portal até o fígado, no qual a maioria da glicose é fosforilada em glicose-6-fosfato pela enzima hexoquinase. O restante da glicose é liberado para a circulação sistêmica. Outros monossacarídios (frutose, galactose) são fosforilados e convertidos no fígado em glicose-6-- fosfato. A maioria da glicose-6-fosfato é convertida em glicogênio e armazenada, e uma pequena porcentagem é oxidada para formar trifosfato de adenosina,embora a principal fonte de trifosfato de adenosina no fígado seja a oxidação de aminoácidos e ácidos graxos. Neutralização de substâncias tóxicas: O fígado processa uma série de reações enzimáticas que alteram a atividade e as propriedades físicas de vários compostos endógenos e exógenos, um processo conhecido como biotransformação. Substratos submetidos à biotransformação são geralmente hidrofóbicos e necessitam ser convertidos em compostos hidrossolúveis para serem eliminados do organismo pela bile ou pela urina. Inicialmente (fase 1), grupos polares são adicionados ao composto ou grupos polares preexistentes no composto são expostos por oxidação, hidroxilação ou redução. Na fase 2, o produto da fase 1 é conjugado a glicuronato ou sulfato. Exemplos de substâncias endógenas biotransformação no fígado incluem amônia, bilirrubina e hormônios esteroides (estrógenos, cortisol, aldosterona). Além disso, o processo de biotransformação hepática envolve substâncias exógenas, como drogas terapêuticas, toxinas de plantas, inseticidas e mercaptanos. Metabolismo das proteínas: O fígado sintetiza cerca de 90% das proteínas plasmáticas e é o único local de síntese de albumina e fibrinogênio. São ainda sintetizados no fígado outros fatores de coagulação e da fibrinólise, proteínas de transporte, e proteínas reagentes da fase aguda. O fígado realiza ainda a transaminação, isto é, a transferência reversível de um grupo amina de um aminoácido para um α-cetoácido, um novo aminoácido e um novo cetoácido. A desaminação dos aminoácidos é um passo necessário para que possam ser usados como energia ou convertidos em gordura ou carboidratos. A maior parte da desaminação ocorre no fígado, e a amônia é um subproduto dessa reação. O fígado é responsável pela conversão de amônia livre em ureia, a principal forma de excreção do grupo amina em mamíferos. A ureia é formada pela condensação irreversível de duas moléculas de amônia com dióxido de carbono. A reação ocorre na mitocôndria do hepatócito via ciclo de Krebs, e a ureia neoformada é liberada do hepatócito para o sinusoide e transportada ao rim como nitrogênio ureico sanguíneo para excreção. Função imune: As células de Kupffer perfazem a maior parte do SFM. Células de Kupffer respondem à opsonina e sintetizam um vasto espectro de mediadores inflamatórios, incluindo interleucinas, fator de necrose tumoral e eicosanoides. As células de Kupffer funcionam principalmente na fagocitose e são estrategicamente localizadas ao longo dos sinusoides, nos quais participam da limpeza de antígenos do sangue portal antes que estes entrem em contato com o hepatócito. As células de Kupffer também participam da limpeza do sangue que chega pela artéria hepática, removendo produtos de degradação da fibrina, ativadores do plasminogênio tecidual e outras partículas. Conhecer as vias de lesão hepática e os principais mecanismos de defesa do fígado Vias de lesão hepática Não lesões: Não lesões são estruturas normais que, por serem pouco conhecidas ou semelhantes a lesões, são ocasionalmente interpretadas como tais. Lesões sem significado clínico: São as que não se traduzem em manifestações clínicas e, portanto, não podem ser associadas às causas da morte do animal. Vias de lesão hepática Telangiectasia: É uma dilatação cavernosa dos sinusoides em áreas onde hepatócitos foram perdidos. Macroscopicamente, aparecem como áreas deprimidas, vermelhas ou vermelho-azuladas, arredondadas, de contornos irregulares e distribuídas aleatoriamente pelo parênquima hepático tanto na superfície capsular como no interior do parênquima. Histologicamente, há ectasia dos sinusoides e perda de hepatócitos; a lesão é, por vezes, associada à fibrose focal. Ocorre com frequência em bovinos, espécie em que consiste, provavelmente, na lesão hepática mais comum e aparentemente sem significado clínico. No entanto, é uma causa frequente de condenação (por motivos estéticos) do fígado de bovinos em abatedouros. Cistos biliares congênitos: São encontrados ocasionalmente como achado incidental no fígado de todas as espécies. Podem ser solitários ou múltiplos. Apresentam uma parede de tecido conjuntivo delgada, são revestidos por epitélio do tipo biliar e contêm líquido claro, razão pela qual são também referidos como cistos serosos. A origem provável da maioria dessas alterações congênitas é o desenvolvimento anormal dos ductos biliares intra-hepáticos. Esses cistos congênitos devem ser diferenciados de cistos parasitários, como cisto hidático e Cysticercus tenuicollis. Nódulos de tecido pancreático ectópico: Ocorrem ocasionalmente no duodeno, estômago, baço, vesícula biliar e mesentério do cão e do gato. Lipidose de tensão: Identifica-se por áreas focais bem demarcadas, pálidas ou amareladas, de forma geométrica, localizadas próximo às bordas do fígado ou em qualquer local do órgão onde existam ligamentos de tecido conjuntivo ou aderências fibrosas. Essas áreas têm bordas retas e se estendem para o parênquima em uma profundidade semelhante à sua largura. São comuns em equinos, aparecem com menor frequência em bovinos e raramente em outras espécies. Acredita-se que a tensão exercida pelos ligamentos ou aderências sobre o fígado induza hipóxia local e degeneração hepatocelular. Microscopicamente, os hepatócitos da área focal pálida observada na macroscópica apresentam lipidose hepatocelular, mas há manutenção da arquitetura lobular. Manchas leitosas na cápsula hepática: Em de suínos são áreas de cicatriz fibrosa deixadas pela migração de Ascaris suum, as larvas, ao migrarem pelo parênquima, deixam trajetos de necrose tecidual que induzem inflamação e, finalmente, cicatrização. O tecido fibroso espesso tem um aspecto macroscópico opaco e brancacento, semelhante a uma mancha de leite. Fibrose capsular: Ocorre na superfície diafragmática do fígado de equinos sob duas formas: como placas grandes de tecido conjuntivo, ocupando 20 cm ou mais da superfície do órgão, ou como franjas finas e longas (1 a 5 mm) de tecido conjuntivo aderidas à cápsula. Essas lesões provavelmente resultam da cura, com cicatriz de peritonites assépticas, e têm sido também associadas à migração de larvas de Strongylus edentatus. Fibrose capsular hepática pode ser observada, ocasionalmente, também em bovinos. Acentuação do padrão lobular: Um grau moderado de acentuação do padrão reticular é observado frequentemente no fígado de gatos e equinos, sem associação com lesões necróticas. O exame histológico do fígado, nesses casos, revela apenas congestão centrolobular e discreta vacuolização (lipidose) dos hepatócitos. Anomalias da vesícula biliar: Como vesículas bi ou trilobadas e vesículas extremamente tortuosas ou inseridas no parênquima, são achados de necropsia relativamente comuns em gatos e não associados a sinais clínicos. Hiperplasia nodular benigna do fígado: Consiste em nódulos de hepatócitos bem delimitados, de tamanhos variáveis, em geral múltiplos, distribuídos aleatoriamente pelo parênquima hepático e que não interferem na função do órgão. A lesão ocorre com alta frequência em cães e é rara em outras espécies, embora tenha sido relatada em suínos. Macroscopicamente, nódulos hiperplásicos aparecem salientes na cápsula ou podem estar incluídos no parênquima hepático. São, em geral, esféricos ou ovoides e não têm cápsula fibrosa definida que os delimite. São pequenos (2 mm de diâmetro) ou podem alcançar até 3 cm de diâmetro. Ao exame histológico, os nódulos de hiperplasia hepática consistem em hepatócitos de aspecto normal ou vacuolizados (lipidose), aumentados de volume e dispostosem placas de uma a duas células de espessura. A organização lobular é parcialmente mantida, o que serve para diferenciar a hiperplasia nodular do adenoma hepatocelular. Alterações Post mortem no fígado: Antes de coagular, o sangue se distribui pelo organismo, sob a ação da gravidade ou da pressão dos órgãos gastrintestinais, expandidos por gases produzidos pelas bactérias saprófitas. A pressão exercida pelas costelas no fígado comprimido contra a caixa torácica pelas vísceras gastrintestinais distendidas deixa áreas paralelas mais pálidas na superfície hepática de onde o sangue foi expulso pela pressão. A embebição por hemoglobina é a impregnação dos tecidos com esse pigmento sanguíneo que resulta da lise eritrocitária post mortem e que torna as áreas afetadas vermelho escuras. A pseudomelanose é uma alteração da cor dos tecidos em contato com os intestinos. Coloração amarela ou esverdeada, devida à embebição biliar, ocorre nas porções do fígado e em outros tecidos adjacentes à vesícula biliar. Conhecer os diferentes padrões de degeneração e necrose hepatocelular (aleatória, zonal e maciça). Embora o fígado esteja sujeito a uma grande variedade de diferentes lesões, a degeneração e/ou necrose celular daí resultante ocorre em um de três padrões morfológicos: Degeneração hepatocelular e/ou necrose aleatória: É caracterizada pela presença de necrose em células isoladas por todo o fígado ou de áreas multifocais de hepatócitos necróticos. Essas áreas são distribuídas aleatoriamente por todo o fígado; não há localização previsível no lóbulo. Esse padrão é típico de muitos agentes infecciosos, incluindo vírus, bactérias e certos protozoários. As lesões podem ser grosseiramente óbvias como também discretas, pálidas; ou, menos frequentemente, na forma de focos vermelho escuros que são claramente delineados a partir do parênquima adjacente. O tamanho de tais focos é variável. Os hepatócitos em áreas afetadas ou são degenerados ou necrosados por causa dos efeitos lesivos dos agentes infecciosos e dependendo da fase do processo. Degeneração e/ou Necrose Hepatocelular Zonal: Como é chamada de forma mais simples, alteração zonal, afeta os hepatócitos em áreas definidas do lóbulo hepático. As zonas são: centrolobular (periacinar), mediozonal (entre as áreas centrolobular e periportal) ou periportal (centroacinar). A alteração zonal extensa no fígado, independentemente da localização no lóbulo, produz tipicamente fígado pálido e ligeiramente aumentado, com bordos arredondados, mais friável, e caracteristicamente apresenta acentuação do padrão lobular nas superfícies capsular e de corte do órgão. Os hepatócitos degenerados incham e, quando a maioria dos hepatócitos em uma zona é afetada, aquela porção do lóbulo se torna pálida. Por outro lado, uma vez que os hepatócitos em uma determinada zona do lóbulo tenham sofrido necrose, isso resulta em dilatação e congestão dos sinusoides de forma que a zona afetada se torna vermelha. A alteração zonal é dividida em formas especificas: Degeneração celular paracentral (periacinar): Envolve uma cunha ao redor da veia central porque somente a periferia de um ácino está afetada, refletindo tipicamente a ação de uma toxina de ação direta que requer bioativação, ou de uma anemia aguda ou grave. Como vários ácinos beiram com uma única veia central (vênula hepática terminal), as alterações induzidas pela hipóxia podem não estar presentes igualmente em todos os ácinos e, portanto, os hepatócitos na periferia de um ácino podem sofrer alterações mais graves do que aqueles em ácinos adjacentes. Degeneração e necrose mediozonais: São lesões incomuns em animais domésticos, mas têm sido relatadas em suínos e equinos com aflatoxicose, e em felinos expostos ao hexaclorofeno. Degeneração e a necrose centrolobulares: São muito comuns, uma vez que essa porção do lóbulo recebe o sangue menos oxigenado — sendo, portanto, suscetível à hipóxia — e tem a maior atividade enzimática (oxidases de função mista) capaz de ativar compostos em formas tóxicas. A necrose centrolobular pode resultar de uma anemia grave e aguda ou insuficiência cardíaca direita. De modo semelhante, a congestão passiva do fígado resulta em hipóxia, como resultado de estase do sangue, e produz atrofia dos hepatócitos centrolobulares. Necrose em ponte: É o resultado da confluência das áreas de necrose. As pontes podem ligar as áreas centrolobulares (ponte central) ou áreas centrolobulares às áreas periportais. Degeneração e necrose periportais: São também incomuns, mas podem ocorrer após exposição a toxinas, como o fósforo, que não requerem metabolismo por oxidases de função mista (mais ativas nos hepatócitos centrolobulares) para causar lesão. Alguns desses compostos podem ser metabolizados em intermediários lesados pelas enzimas citoplasmáticas encontradas nos hepatócitos periportais. Alternativamente, algumas dessas toxinas podem não exigir metabolismo algum e produzem lesão nos primeiros hepatócitos que encontram à medida que fluem das áreas portais. Degeneração e/ou necrose maciça: Não é necessariamente, como o nome pode sugerir, necrose de todo o fígado, mas na verdade o termo descreve a necrose de um lobo hepático inteiro ou de lóbulos contíguos. Todos os hepatócitos dos lóbulos afetados são necróticos. A aparência macroscópica do fígado varia com a maturidade da lesão. Se, nos casos agudos, a maior parte do parênquima for afetada, o fígado pode inicialmente estar discretamente aumentado de tamanho com a superfície externa lisa e o parênquima escuro em razão da congestão extensa. Em um primeiro momento, os hepatócitos necróticos sofrem lise e o estroma residual torna-se condensado. A regeneração não ocorre porque virtualmente todos os hepatócitos no lóbulo estão afetados. Microscopicamente, as áreas afetadas consistem em espaços preenchidos por sangue com estroma de tecido conjuntivo desprovido de hepatócitos. Posteriormente, no curso do processo, as células estreladas ou outras células produtoras de matriz extracelular das áreas portal e centrolobular, que podem sobreviver ou migrar para o local da lesão, contribuem com novo colágeno. O resultado final é o colapso do lóbulo e a reposição do parênquima hepático perdido por uma cicatriz que consiste em estroma condensado constituído por quantidades e tipos variáveis de colágeno. Macroscopicamente, o fígado pode ser menor que o normal e apresentar a cápsula enrugada. O envolvimento parcial do fígado caracteriza-se por áreas deprimidas de necrose do parênquima e congestão vascular espalhadas por todo o órgão. Conhecer as possíveis respostas do fígado à agressão: regeneração, fibrose, hiperplasia biliar, cirrose e insuficiência hepática e suas manifestações clínicas* *Distúrbios do fluxo biliar (colestase e icterícia), encefalopatia hepática, alterações hemostáticas e hemodinâmicas (hemorragia, hipoproteinemia e edema) e manifestações cutâneas (fotossensibilização). Resposta do fígado à agressão : Após necrose de hepatócitos pode ocorrer regeneração do parenquima ou substituição do parenquima perdido por fibrose ou hiperplasia biliar (essas reações não são excludentes). O resultado de um insulto hepático depende da natureza e duração da lesão e da sobrevivència do paciente. Regeneração hepatocelular: O figado tem grande capacidade regenerativa em resposta á perda de células por diferentes tipos de agressões. Apos a retirada cirúrgica de 70% de seu parênquima, o figado pode se regenerar quanto ao volume e funcionamento originais em um periodo de 6 semanas. Como em qualquer órgão, a regeneração é um processo fisiológico estimulado pela necessidade de maior quantidadede tecido funcional e é encerrada quando essa demanda é alcançada. O sucesso da regeneração hepática depende de as áreas afetadas apresentarem adequado suprimento sanguineo, drenagem livre de bile e manutenção do arcabouço original de reticulina (colágeno tipo III). Necrose hepática extensa geralmente é seguida por regeneração do parenquima sem fibrose, desde que o arcabouço de reticulina da porção afetada permaneça intacto e que não ocorra colapso, como na necrose hepática massiva. No entanto, na necrose massiva ou quando a lesão for repetitiva, as áreas afetadas irão colapsar após a remoção dos hepatócitos necróticos, resultando em cicatriz (fibrose) pós-necrótica. Se a integridade estrutural do figado for danificada durante a agressão celular, a regeneração poderá ser desordenada. Embora a massa hepática possa retornar ao seu tamanho normal, as relações estruturais da arquitetura hepática não serão restauradas, e ocorrerá regeneração nodular do parénquima com distorção da arquitetura normal do figado. Fibrose: É a consequência da maioria das lesões hepáticas crônicas. É uma resposta curativa à lesão, caracterizada pelo aumento da deposição de matriz extracelular ou pela formação de uma cicatriz subsequente a uma lesão crónica. O acúmulo progressivo de matriz extracelular no figado ocorre em consequância de dano celular repetido, por ação de drogas ou substâncias tóxicas, agentes infecciosos ou causas metabólicas e auto-imunes, Independentemente da causa. A fibrose hepática é caracterizada pelo aumento dos constituintes da matriz extracelular, os quais, coletivamente, irão formar a cicatriz hepática. Essa cicatriz decorre principalmente do aumento na quantidade de colágeno tipo I, embora colágenos dos tipos III e IV também sejam produzidos em menor proporção. O padrão da fibrose varia com o tipo de insulto hepático. Fibrose centrolobular geralmente está associada à insuficiéncia cardiaca congestiva direita ou á lesão tóxica cronica, pois a região centrolobular é o local de metaboliamo da maioria das drogas. O uso repetitivo de drogas, como dimetilnitrosamina e tetracloreto de carbono, pode causar fibrose, que se estende da região centrolobular até os espaços-porta, formando septos que podem se estender pelo parênquima hepático e também alcançar outras áreas centrolobulares. A perda dos cordões de hepatócitos nas áreas afetadas promove o colapso e a condensação da matriz extracelular residual. A insuficiência hepática evidente, decorrente cardiaca, é ocorrencia rara em cães e gatos. Fibrose periportal resulta de lesão inflamatória crônica ou lesão causada por um pequeno grupo de toxinas que afetam os hepatócitos periportais diretamente. Fibrose em ponte é aplicado quando a fibrose se estende de um espaço-porta ao Centro do lobulo (fibrose centroportal) ou do centro de um lóbulo a outro centro lobular (fibrose centrocentral). Fibrose portal também chamada fibrose biliar, está associada à inflamação cronica da região portal e geralmente é observada em cães com hepatite crônica, em gatos com colangio- hepatite cronica e em bovinos com fasciolose hepática. Ela está centrada nos ductos biliares dos espaços-porta e ocorre tanto pelos ductos biliares reativos como pela proliferação de Ito ativadas na região periductular. Fibrose pós-necrótica é a fibrose secundária a grandea areas de necrose massiva. Hiperplasia de ductos biliares: É uma resposta inespecifica a vários tipos de lesão hepática. Pode ocorrer rapidamente, em particular nos animais jovens, mas, na maioria das vezes, é observada em lesões hepáticas de longa duração, principalmente após doenças que causam obstrução fisica do fluxo normal de bile ou como resposta a determinadas toxinas. Pode ser uma tentativa de regeneração do parenquima quando os hepatócitos perderam a capacidade de realizar essa função. Em animais domésticos, a proliferação de ductos biliares é encontrada em várias formas subagudas ou cronicas de lesão hepática, como na aflatoxicose em várias espécies, intoxicação por alcaloides pirrolizidinicos em herbiveros, a infecção pelo trematódeo Fasciola hepatica em ruminantes e ao redor de abscessos e cistos parasitários (principalmente cisto hidático) em várias espécies. Cirrose: É um processo difuso caracterizado por fibrose e convesão da arquitetura normal do figado em lobulos estruturalmente anormais. É uma lesão cronica e irreversivel e constitui o desenlace de varias afecções hepaticas, em razão disso, uma expressão figado de estágio terminal é alternativamente usada para designar essa condição. Na cirrose, a aquitetura do figado é alterada por perda do parênquima hepatico, condensação do tecido conjutivo fibroso preexistente (fibrose passiva), proliferação de tecido conjuntivo fibroso (fibrose) e regenaração hepatocelular em nódulos entre os feixes fíbrosos. Esses nódulos de regenaração hepatocelular são caracteristicos da cirrose e resultam de uma tentativa de organismo de reparar a função dos hepatócitos perdidos. No entanto, os nódulos regenerativos não tem comumicação anatomica com as vias excretoras e a vasculatura. hepaticas, e por isso, essa tentativa é fracassada. A retração do tecido fibroso e a proliferação do nódulos regenerativos dão ao fígado um aspecto nodular, em que os nódulos de regeneração do parênquima são separadas por bandas de tecido fibroso que aparece como depressões na superfice hepatica. As causas de cirose são numerosas. Por se tratar de uma lesão crônica, com efeitos temporalmente muito afastados das causas, estas são dificeis ou impossíveis de detectar quando o diagnóstico é feito. Insultos tóxico crônicos resultam da ingestão contimuada de hepatotoxinas (p. Ex., Herbívoros que ingerem plantas tóxicas que contem alcaloides pirrolizidinicos e cães que receber tratamento prolongado com drogas anticonvulcivantes). Obstrução biliar extra-hepática e colestase provocam intensa fibrose, que primariamente afeta as tríades portais, estendendo-se mais tarde para o parênquima hepático. Hepatites cronicas (ou crónico-ativas) que se seguem a doenças infecciosas, como a leptospirose, podem resultar em cirrose. Cirrose biliar, resulta de inflamações crônicas do trato biliar (colangitos); um exemplo desse ultimo tipo é a infecção por Fasciola hepatica em ruminantes. Cirrose (ou fibrose) cardiaca é a congestão crónica que resulta em extensa fibrose ao redor da veia centrolobular. Cirrose hepática pode ocorrer em cães de varias raças com distúrbios hereditários do metabolismo do cobre. Várias outras doenças ainda não bem definidas podem provocar lesão hepatocelular e fibrose progressivas, resultando em cirrose. A hepatite lobular dissecante é um tipo especifico de cirrose, de causa desconhecida, que afeta principalmente cães jovens. Os figados afetados nessa condição são pequenos e tem a superficie lisa, ao contrário dos figados multinodulares discrito anteriores. Nesses casos, o tecido conjuntivo isola pequenos agrupamentos de hepatócitos. Aspecto semelhante ocorre nos figados cirróticos de bovinos afetados pela intoxicação por Senecio spp. em que a regeneração nodular geralmente não é um aspecto notável da cirrose. Anomailias vasculares frequentemente são associadas as lesão de cirrose. As principais são as derivações portossistemicas adquiridas. Essas alterações podem ser intra e extra-hepaticas e desviam o sangue do figado. Consequentemente, o figado com cirrose não realiza as funções normais, e os animais afetados invariavemente demonstram sinais clinicos de insuficiencia hepatica. Insuficiência Hepática O termo insuficiência hepática implica prejuízo na função hepática normal em consequência de lesão hepática aguda ou crônica; entretanto, as funções hepáticas não costumam ser perdidastodas ao mesmo tempo. O fígado tem reserva funcional e capacidade regenerativa consideráveis. Em animais saudáveis, mais de dois terços do parênquima hepático podem ser removidos sem prejuízo significativo da função hepática. Esse processo de remoção tecidual pode ser repetido diversas vezes, particularmente em animais mais jovens, e o bom funcionamento ainda é conservado. Os sinais clínicos de perturbação hepática são semelhantes independentemente de suas causas. Eles se manifestam, entretanto, somente quando consideráveis reserva e capacidade regenerativa estiverem esgotadas ou quando o fluxo biliar estiver obstruído. Somente as lesões que afetam a maioria do parênquima hepático provavelmente produzirão sinais de insuficiência hepática. As possíveis consequências da disfunção hepática e da insuficiência incluem: Encefalopatia hepática: É resultante de uma lesão hepática grave que impede a metabolização da amônia, que pernanece em níveis elevados no sangue, causando sintomatologia nervosa (hiperexcitabilidade, convulsões, alterações psíquicas, andar a esmo...). Patogenia: retenção de amônia injúria tóxica para o cérebro edema (sangue) intramielínico Distúrbios do fluxo biliar com uma resultante hiperbilirrubinemia : COLESTASE E ICTERÍCIA: Colestase ou bilestase é o acúmulo de bile dentro do fígado. Icterícia é o excesso de bilirrubina no sangue, que leva ao tingimento de mucosas e órgãos de amarelo * Metabolismo da bilirrubina: * A hiperbilirrubinemia (excesso de bilirrubina no sangue) pode ocorrer pelos seguintes fatores: - Superprodução de bilirrubina por hemólise intravascular severa (o fígado não consegue remover toda a bilirrubina do plasma e também não consegue excretar toda bilirrubina conjugada pela bile produzida). - Doença hepática que leva a uma diminuiçao na absorção, conjugação ou secreção da bilirrubina pelos hepatócitos. - Redução no fluxo biliar (colestase), por obstrução dos ductos biliares (colestase extra - hepática. Ex.: colélitos - cálculos, tumores, parasitas) ou redução do fluxo biliar dentro dos canalículos biliares (colestase intra-hepática). Ex: insultos tóx icos, infecciosos ou isquêmicos que levam a disfunção dos hepatócitos. Uma variedade de distúrbios metabólicos: HEMORRAGIA E EDEMA: A drástica redução dos fatores de coagulação produzidos pelo fígado lesado levam a quadros de hemorragia difusa. A redução de síntese proteíca pelos hepatócitos resulta em edemas generalizados. Alterações vasculares e hemodinâmicas, tais como desvio de sangue portal para a circulação sistêmica sem passar pelos hepatócitos: A lesão hepática crônica é tipicamente acompanhada por extensa fibrose hepática difusa, a qual aumenta a resistência para o sangue fluir através do fígado. Este, por sua vez, eleva a pressão no interior da veia portal (hipertensão portal). Com o tempo, abrem-se canais vasculares colaterais a fim de permitir que o sangue na veia porta desvie do fígado anormal (anastomose vascular portossistêmica adquirida, que conecta a veia porta e seus afluentes à circulação venosa sistêmica). O desvio do sangue da veia porta diretamente para a veia central pode também ocorrer no interior dos septos fibrosos formados no fígado. Além disso, a hipertensão no interior da vasculatura hepática causa transudação de fluido (transudato modificado) para a cavidade peritonial ocasionando ascite em várias espécies, exceto na maioria dos equinos. A transudação de fluido na cavidade peritonial pode ser aumentada pela hipoalbuminemia porque há uma diminuição na pressão osmótica do coloide no plasma. A hipoalbuminemia e a pressão osmótica coloidal plasmática reduzida podem surgir como consequências da acelerada perda de albumina para o lúmen dos intestinos em decorrência da hipertensão portal ou por causa da redução na síntese de albumina e outras proteínas plasmáticas pelo fígado lesado. A ascite associada à fibrose hepática na doença hepática crônica (fígado em estágio terminal) ou a outras causas de hipertensão portal, como insuficiência cardíaca direita, ocorre mais comumente nos caninos e nos felinos, ocasionalmente nos ovinos, e raramente nos equinos e bovinos. Manifestações cutâneas, como a necrose epidérmica em cães e a fotossensibilização em herbívoros: FOTOSSENSIBILIZAÇÃO: sensibilidade cutânea aos raios ultra-violeta do sol. Pode ser: Primária (ingestão de plantas que contém agentes fotodinâmicos pré-formados. Ex.: Fagopyrum esculentum - “trigo morisco”). Secundária (pode ser do tipo hepatógena, pois o fígado quando lesado pela planta Lantana camara ou pelo fungo Phitomyces chartarum, torna-se ineficiente na eliminação da filoeritrina pela bile, sendo que esta substância vai para o sangue causando então a fotodermatite). Manifestações imunológicas: A insuficiência hepática crônica leva a prejuízo da função imunológica hepática normal. Como consequência, o paciente acometido frequentemente desenvolve endotoxemia e maior risco de infecção sistêmica. Na maioria dos casos, esse distúrbio manifesta-se como uma redução da filtração de sangue pelas células de Kupffer, que é preliminarmente um resultado da derivação do sangue portal em vez da redução da atividade fagocitária das células de Kupffer. Alterações e Doenças do fígado e da Vesícula Biliar Derivações arterioportais: São comunicações diretas entre ramos da artéria hepática e da veia porta, como consequência ocorre mistura de sangue arterial de alta pressão com sangue venoso, o resultado dessa mistura é hipertensão na veia porta com formação de derivações porto sistêmicas adquiridas, ascite e sinais de insuficiência cardíaca nos animais afetados. São pouco frequentes, mas são relatadas em cães e gatos, estas podem ocorrer em qualquer local do parênquima hepático e envolver vários lobos. Macroscopicamente: podem ser vistos nos vasos dilatação, tortuosidades, espessamento da íntima por deposição de elastina, proliferação de células musculares lisas, hiperplasia da camada média, degeneração, mineralização, trombose e pulso sob a cápsula de um lobo hepático atrófico. As alterações incluem hiperplasia e anastomose de arteríolas e vênulas, além de, atrofia do parênquima hepático. Derivações portossistêmicas adquiridas: Ocorrem devido à hipotensão portal secundária e doenças hepáticas crônicas. São comunicações entre o sistema porta e a circulação sistêmica, onde o sangue da veia porta é desviado dos hepatócitos, comprometendo a funcionalidade do fígado, são múltiplas, tortuosas. Como forma de adaptação são formadas novas comunicações que tendem a se desenvolver entre as veias mesentéricas e veia cava caudal. Derivações portossistémicas congênitas (shunts): São canais vasculares que comunicam o sangue da circulação porta com a circulação sistêmica, desviando o sangue do fígado. Podem ser intra ou extra hepática. Constituem-se de apenas um ou ocasionalmente dois canais, que comunicam as duas circulações. Ocorrem em cães, gatos e raramente em demais espécies e possui manifestação clinica bastante grave, pois há exclusão do fígado do percurso da circulação sanguínea impedindo que o fígado realize suas funções. Consequências são hipotrofia hepática, deficiência no desenvolvimento, distúrbios neurológicos (encefalopatia hepática), depressão, convulsões, aumento dos níveis de amônia no sangue, arteríolas do espaço-porta são tortuosas e ramos da veia porta encontram-se colapsados. Congestão aguda: Ocorre em cães em casos de choque por diversas causas, o fígado em casos como este fica tumefeito e escuro e deixa fluir grande quantidade de sangue na superfície de corte. Na microscopia os sinusóides estão ingurgitados de sangue e dilatados. Na macroscópia há acentuação do padrão lobular por áreas vermelhas (estase sanguínea) intercaladas com áreas mais claras correspondentes aos hepatócitos periportais. Na Insuficiência cardíaca a direita > congestão aguda hepática > sangue no centro do lóbulo > estase centrolobular > anoxia > lipidose > atrofia hepatocelular > perda de tecido hepático do centro do lóbulo. Congestão crônica: Aumento na quantia de tecido conjuntivo fibroso, preenchendo espaços deixados pela perda do tecido hepático. O fígado assume formato reticulado bem marcado, com zonas de contraste centrolobulares de congestão, perca de tecido hepático, lipidose e fibrose. Este é o aspecto chamado de fígado em noz-moscada, este está aumentado de volume, azulado, com bordas arredondadas e com cápsula espessa. A causa principal é Insuficiência cardíaca Crônica direita. Hemossiderose: É o deposito excessivo de hemossiderina, a hemossiderina é um pigmento marrom que se acumula preferencialmente em células do sistema fagocítico mononuclear. O depósito desta em locais anormais está diretamente associado a hemorragia, congestão e hemólise excessiva com a reutilização do ferro, no caso da hemossiderose essa deposição é observada apenas na microscopia no interior das células de kupffer ou no citoplasma dos hepatócitos. É uma alteração normal no fígado de recém nascidos quando há substituição da hemoglobina fetal para adulta. Esta ocorrência não gera prejuízo a função hepática. Lipidose hepática (esteatose): Acúmulo de triglicerídeos e outros metabólitos lipídicos dentro das células hepáticas, pode ocorrer como resultado de 5 mecanismos: 1) Liberação excessiva de ácidos graxos livres provenientes do intestino ou do tecido adiposo. 2) Diminuição da beta oxidação de ácidos graxos em corpos cetônicos e em outras substâncias devido a lesão mitocondrial (toxinas, hipóxia) 3) síntese prejudicada de apoproteína (intoxicação por CCl4, aflatoxicose) 4) Combinação prejudicada de triglicerídeos e proteínas para a formação de lipoproteínas. 5) Liberação prejudicada de lipoproteínas de hepatócito. Patogênese se baseia na via bioquímica de formação e metabolismo de ácidos graxos: ácidos graxos livres obtidos da dieta > quilomícron carreia os lipídeos da dieta > fígado, musculo, tecido adiposo > lipaselipoprotéica age sobre quilomícron > liberação de ácidos graxos livre > triglicerídeos > colesterol, fosfolipídios ou corpos cetônicos > alterações bioquímicas > acúmulo de triglicerídeos no fígado > Lipidose hepática. As enfermidades mais comuns são deficiência de proteínas e calorias na dieta, doenças hereditárias, envenenamento, diminuição da oxidação de ácidos graxos, lipidose hepática, síndrome da vaca obesa, cetose em vacas leiteiras. Cetose bovina: A cetose é frequente em vacas leiteras em lactação com pouca alimentação ou alimentação insuficiente devido ao deslocamento de abomaso é associada a lipidose hepática, pois est associada a mobilização de triglicerídeos durante as fases finais da gestação ou durante a lactação. Alimentação insuficiente > balanço energético negativo > mobilização de triglicerídeos de reserva > aumento de ácidos graxos no fígado > aumento da produção de corpos cetônicos > acumulo de corpos cetônicos (Cetose). Cetose ovina (toxemia da prenhez): é uma condição semelhante a cetose bovina, porém com taxa de mortalidade mais elevada, esta condição está presente no final da gestação, obesidade ou gestação de fetos múltiplos de ovelhas criadas intensivamente, podendo ser associada a quedas na alimentação, estresse e nas condições climáticas. Fome > hipoglicemia > balanço energético negativo > mobilização de triglicerídeos de reserva > aumento de ácidos graxos no fígado > aumento da produção de corpos cetônicos > acumulo de corpos cetônicos (Cetose). Lipidose felina: Ocorre principalmente em fêmeas obesas estressadas nutricionalmente, sinais vomito, fraqueza, perda de peso, icterícia, lipidose hepática e hepatomegalia, ocorre encefalopatia salivação e depressão. Mortalidade alta, mas a maioria dos animais respondem bem ao tratamento. Tem patogênese multifatorial. Aumento da mobilização de ácidos graxos não esterificados > alteração na liberação e formação do VLDL > comprometimento na beta oxidação de ácidos graxos > acumulo de ácidos graxos no hepatócito > lipidose hepática > problemas secundários diabetes mellitus, pancreatite aguda e demais inflamações. Diabetes mellitus: Deficiência de insulina ou de receptores > falta de captação de glicose > mobilização de reservas (tec. Adiposo) > aumento de ácidos graxo no fígado > lipidose hepática + Diabetes mellitus > hipoproteinemia > lipidose centrolobular. Degeneração Glicogênica: Vacuolização citoplasmática abundante do epitélio tubular da medula externa e córtex interno é vista em cães e gatos com diabetes melito. Glicogênio pode ser demonstrado como o composto acumulando dentro das células da alça ascendente. Tratamento com insulina diminui a deposição. Acredita-se que esta alteração não compromete a função renal. Amiloidose: Ocorre em muitas espécies domésticas, é definida como resposta a injurias causando deposição de proteínas no fígado, causam aumento do volume do fígado e este apresenta cor pálida. Na microscopia o amiloide hepático aparece como um material eosinófilico amorfo depositado no espaço de Disse nos sinusóides, nas tríades portais e na parede dos vasos sanguíneos. Amiloidose secundária ou reativa é mais comum e ocorre como uma consequência de inflamação prolongada como infecções ou destruição tecidual crônica. Hepatose diabética: É conhecida também como necrose hepática nutricional, ocorre em suínos de crescimento rápido com 2 a 16 semanas de idade. É um de vários distúrbios causados pela deficiência de vitamina E e selênio. A macroscopia é possível ver lesões que incluem edema subcutâneo, transudato nas cavidades serosas e necrose hepatocelular hemorrágica. Tem-se tornado um acontecimento raro em suínos por conta do balanceamento de rações de excelente qualidade. Deficiência de vitamina E e selênio > formações de radicais livres > instabilidade das membranas celulares > necrose hemorrágica hepatocelular. Conhecer as doenças infecciosas e tóxicas do fígado de importância em medicina veterinária: Alterções toxicas: Intoxicação por cobre: Ocorre principalmente em ovinos (maior avidez hepática em estocar cobre), mas também afeta bovinos, suínos e cães (hereditária). Pode aparecer de duas formas: Aguda (gastrenterite); Crônica: • Primária (dieta com excesso de cobre. Ex.: rações mal formuladas, uso de rações de bovinos para ovinos, pastagens contaminadas com fertilizantes a base de cobre...) • Secundária (forma fitógena - animais que consomem pastagens de Trevo, que tem pobre afinidade em absorver o molibdênio do solo, causando intoxicação mesmo com concentrações normais de cobre; A forma hepatógena ocorre em animais que tem fibrose hepática induzida por plantas que contém alcalóides pirrolizidínicos, tais como, Senecio sp. e Echium sp., que induzem a fibrose hepática e com isso os poucos hepatócitos íntegros acabam acumulando cobre em excesso e apresentando dificuldade em excretá-lo pela bile, desencadeando um quadro tóxico). Macroscopicamente há icterícia, fígado amarelado e friável e com aumento do padrão lobular (necrose), rins enegrecidos(acúmulo de hemoglobina e cobre), hemoglobinúria. Microscopicamente há necrose de hepatócitos centro-lobulares, fibrose e presença de macrófagos com citoplasma repleto de pigmento marrom granular (cobre). Patogenia: hepatócitos com excesso de cobre -> estresse (tosquia) -> ruptura de hepatócitos (necrose) -> cobre no sangue -> hemólise intravascular -> icterícia, hemoglbinúria, morte. Aflatoxicose: É a intoxicação causada pela aflatoxina produzida pelo fungo Aspergilus flavus, que prolifera-se em cereais mal estocados (milho, amendoim). As espécies mais afetadas são os suínos, cães, equinos, bovinos e aves. Geralmente o curso da doença é crônico. Macroscopicamente há edema da vesícula biliar e o fígado está mais pálido (degeneração) e firme (fibrose). Microscopicamente há degeneração gordurosa, necrose centro-lobular, proliferação de ductos, fibrose, nódulos de regeneração de hepatócitos. Pode haver também o desenvolvimento de neoplasias hepáticas (carcinoma hepatocelular, colangiocarcinoma). Ferro: Intoxicação pode ocorrer em leitões que recebem aplicação parenteral de ferro para prevenir anemia, animais mais sensíveis podem apresentar quadro de intoxicação. É descrita também relacionada a suplementação por ferro em potros , e ingestão acidental de materiais que contém ferro por cães, como em esponjas de aço ( bombril) . Esporidesmina: A fotossensibilização observada nos pastos de Brachiaria spp. no Brasil está relacionada com a toxina esporidesmina, um metabólito do fungo Pithomyces chartarum produzido durante a esporulação do fungo. Essa toxina é hepatotóxica e causa necrose hepática e acúmulo de substâncias fotossensíveis, provocando o quadro de fotossensibilização hepatógena. A esporidesmina afeta primariamente o sistema biliar, causando uma colangite obstrutiva, com extensa necrose na adventícia dos ductos com fibroplasia ativa e cicatrização. Ocorre proliferação de tecido conjuntivo e de ductos biliares próximo ao espaço-porta. Hepatites parasitárias: Vários Parasitos podem causar lesões hepáticas, principalmente nematódeos (Ascaris suum, Calodium hepaticum), trematódeos (Fasciola hepatica, Platynosomum illiciens) e cestódeos. Formas larvais de vários cestódeos instalam-se no fígado. Embora muitas vezes não induzam inflamação (hepatite) serão considerados, principalmente pela sua importância em Saúde Pública. Nematódeos Ascariose: Hepatite pode resultar da migração de estágios larvais de Ascaris suum pelo fígado de suínos, com indução de fibrose capsular ( manchas de leite), achado frequente no abate de suínos, o qual evidencia a ocorrência da ascariose suína na propriedade. Essa observação é importante pois a ascariose acarreta prejuízos significativos para o produtor, pela perda em eficiência alimentar. Quando do achado das “manchas de leite” no fígado ao abate geralmente não se encontram mais os vermes adultos no intestino . Capilariose hepática: Causada por Calodium hepaticum. O verme adulto apresenta 2 a 10 cm e é muito delgado . Parasita vários hospedeiros, principalmente roedores selvagens, ratos e camundongos, mas pode infectar cães e gatos, canídeos selvagens, suínos, ungulados. A infecção ocorre por ingestão dos ovos infectantes, há eclosão das larvas no intestino, que migram pelo sistema porta ao fígado, onde atingem a forma adulta. Há ovopostura no parênquima hepático e os aglomerados de ovos incitam a formação de granulomas. Cães e gatos infectados geralmente apresentam doença subclínica, mas em infecções mais graves pode haver anorexia, vômitos, diarreia e dor abdominal. Na necrópsia são encontrados focos e linhas amarelados e tortuosos de trajetos irregulares e distribuição aleatória. No exame histológico são identificados os ovos de Capillaria (parede espessa em duas camadas e bioperculados, característicos) associados a infiltrado inflamatório misto contendo eosinófilos e cortes transversais de vermes adultos. O diagnóstico se baseia nos achados de necrópsia e no exame histológico , uma vez que a doença geralmente é subclínica e não há eliminação de ovos nas fezes. Trematódeos Fascíola hepática: Denominado “baratinha do fígado ”. Ocorre em áreas alagadiças de regiões de clima mais frio, relacionada à presença de seu HI, um molusco aquático , caramujo do gênero Lymnaea. A doença é clinicamente inespecífica, com perda de peso, sinais de hipoproteinemia, incluindo edema submandibular. Na necrópsia de bovinos afetados encontram- se fascíolas adultas em ductos biliares, colangite e pericolangite, caracterizados por ductos biliares com parede espessa e rija, às vezes mineralizadas. Ovinos podem morrer devido a fasciolose aguda, com lesões decorrentes da migração de formas imaturas pelo parênquima hepático. Na necrópsia desses casos são encontrados líquido avermelhado na cavidade abdominal, peri-hepatite fibrinosa e tratos hemorrágicos tortuosos pelo parênquima hepático Platynosomum illiciens (Platynosomum fastosum ) Trematódeo parasito do fígado e de ductos biliares de gatos, Ocasionalmente são encontrados vermes também na vesícula biliar e até em ductos pancreáticos. Ocorre em climas quentes, no Brasil é encontrado principalmente na Região Amazônica, e é um verme frequente em felinos da América Central. O ciclo inclui três HI, que são moluscos ( 1º. HI), crustáceos (2º. HI ) e lagartixas, sapos, salamandras e, provavelmente, algum artrópode (3º. HI). A infecção dos felinos se deve à ingestão do 3º. HI. Muitas vezes a infecção é subclínica, mas distúrbios digestivos podem ocorrer, com diarreia, vômito, inapetência, e infecções maciças podem causar anorexia, icterícia e morte. O fígado parasitado pode ficar aumentado e friável na fase aguda. P. illiciens induz inflamação catarral eosinofílica nas vias biliares, que geralmente não é acentuada. Os ductos ficam dilatados, facilmente visíveis na necrópsia, e suas paredes podem ficar espessas e rijas na fase crônica. Cestódeos: No fígado o mais importante é o desenvolvimento de larvas de E chinococcus granulosus, a hidatidose, mais frequente em ovinos, principalmente no Rio Grande do Sul, em propriedades com cães próximos aos ovinos. Na necrópsia ou no abate são observadas estruturas císticas no fígado, que podem ocorrer também nos pulmões. Deve ser feito diagnóstico diferencial de cistos congênitos; em ovinos os cistos hidáticos apresentam pequenos nódulos relativamente translúcidos no interior, os protoescóleces, denominados areia hidátide Hepatites bacterianas Leptospirose: Doença importante em cães, é causada por Leptospira sorovar icterohaemorragiae, que tem como reservatório os ratos de esgoto (Rattus norvegicus). Provoca necrose de hepatócitos e nefrite, com insuficiência hepática e insuficiência renal aguda. Os sinais clínicos mais comuns são febre, icterícia, hemorragias disseminadas e urina escura. Na necrópsia se observam hemorragiasem pulmões e serosas, fígado amarelado e com evidenciação do padrão lobular, rins e urina escuros. Ao exame histológico se observam dissociação e necrose de hepatócitos e nefrite intersticial linfoplasmocítica. Em cães ocorre também doença pelo sorovar L. canicola, do qual o cão é o reservatório mais importante e que tem efeitos semelhantes, mas as alterações renais tendem a ser mais evidentes. Em bovinos e equinos a leptospirose é causada por sorovares que têm essas espécies como reservatórios. A doença nessas espécies geralmente se caracteriza por doença reprodutiva, com abortos, mas em bovinos ocasionalmente há doença com hemólise, hemorragias, lesões em rins e fígado, principalmente em animais jovens e que são mantidos em ambientes favoráveis ao agente, como áreas alagadiças. Hemoglobinúria bacilar/Hepatite necrótica: É uma doença de bovinos, causada por Clostridium haemolyticum (=Clostridium novyi tipo D); Hepatite necrótica é causada por Clostridium novyi tipo B e ocorre em ovinos. A bactéria se aloja no fígado sob a forma de esporos, mais especificamente nas células de Kupffer. Em ambiente hepático com baixo teor de O2, os clostrídios passam à fase proliferativa, com produção de toxinas, situação que ocorre quando há lesão hepática, principalmente na infecção por Fascíola hepática, de forma que essas doenças clostridiais geralmente são importantes apenas nas regiões endêmicas para a Fasciolose. As toxinas produzidas pelos clostrídios induzem necrose hepática e graves. Os animais afetados apresentam febre, hemoglobinúria, icterícia, anemia e morte em um a quatro dias. O quadro clínico é muito semelhante ao da Tristeza parasitária, que deve ser considerada no diagnóstico diferencial. Na necrópsia se observam icterícia, extensas áreas de necrose no fígado , que são bem delimitadas, mais firmes que o parênquima normal, amareladas a acinzentadas, além de rins e urina escuros. Abscessos hepáticos: São mais frequentes nos bovinos, relacionados principalmente às bactérias piogênicas Trueperella pyogenes, Fusobacterium necrophorum, Streptococcus sp. E Staphylococc us sp. Ocorrem em animais jovens, relacionados a infecção umbilical e embolização pela veia umbilical. Em outras espécies pode também ocorrer pela veia umbilical. Bovinos confinados apresentam abscessos hepáticos com frequência significativa, detectados ao abate, relacionados a rumenite química por mudança de dieta com inclusão de concentrado rico em amido, sem adaptação adequada. Nesse caso há alteração da mucosa ruminal permitindo a penetração de bactérias e sua drenagem para o fígado pelo sistema porta. Em caso de perfuração do retículo (reticulo peritonite traumática) e metrite pode haver também embolia séptica para o fígado. Ao exame macroscópico o abscesso é uma coleção de exsudato purulento, com aspecto cremoso a pastoso, brancacento, amarelado a acinzentado, envolto por cápsula de tecido conjuntivo fibroso de espessura variável. Uma complicação importante é a ruptura do abscesso para dentro de veia cava ou veia hepática, com formação de trombo flebite de veia cava ou hepática, tromboembolismo pulmonar e/ou a endocardite valvular séptica ( lado direito ). Pode haver também ruptura de abscesso para a cavidade abdominal, causando peritonite fibrinopurulenta. Hepatites virais: Peritonite infecciosa felina: Doença grave de felinos causada pelo Coronavírus felino e que se manifesta principalmente antes de dois anos de idade. Há duas formas clínicas predominantes, uma forma denominada efusiva e uma não efusiva. Na primeira há aumento de volume abdominal, febre, anorexia e apatia e, na necrópsia, achado de peritonite e/ou pleurite difusas com quantidade variável de exsudato amarelado com filamentos de fibrina. A forma não efusiva cursa com emagrecimento e apatia e, na necrópsia, são observados nódulos brancacentos ou branco-acinzentados na superfície do fígado, nos rins (principalmente ao longo dos vasos na cortical) , na parede do intestino , sendo mais comuns nos rins, ao longo dos vasos da superfície cortical. Histologicamente esses nódulos correspondem a granulomas e/ou piogranulomas, com origem imunomediada. Muitas vezes ocorre também meningite piogranulomatosa; quando ocorre, os animais têm, clinicamente, também manifestação neurológica. Hepatite por Herpesvírus: Infecção transplacentária por Herpesvírus ou no canal do parto ocorre em diversas espécies mamíferas e pode causar doença fatal em animais recém- nascidos, com necrose multifocal no fígado e em outros tecidos, associada ou não a hemorragia. O Herpesvírus canino tipo I causa doença em filhotes de até 14 dias de idade, com alterações macroscópicas mais frequentes em rins e pulmões, caracterizados principalmente por hemorragias multifocais associadas a necrose, mas pode haver lesões similares também no fígado. Corpúsculos de inclusão intranucleares eosinofílicos são formados, mas são observados em frequência relativamente baixa ao exame histológico. O diagnóstico por ser também concluído pelo uso de imuno-histoquímica, com marcação anti-Herpesvírus. Hepatite infecciosa canina (HIC): Doença de caninos jovens de até dois anos, é causada por Adenovírus canino I, que tem afinidade por endotélio e hepatócitos. Quanto à patogenia, ocorre necrose de hepatócitos associada a hemorragias disseminadas. O quadro clínico se caracteriza principalmente por hemorragias, pois, além da lesão endotelial - relacionada à afinidade do vírus por células endoteliais, a necrose significativa de hepatócitos resulta em deficiência de fatores de coagulação. Icterícia não é sinal clínico frequente e, quando presente, geralmente não é acentuada. Manifestações clínicas neurológicas, como convulsões, são comuns na forma aguda da doença, e são relacionadas a hemorragias no SNC. Na necrópsia, além de hemorragias, frequentes em serosas de estômago , intestino , base encefálica, pulmões, rins, fígado , é importante a observação de edema na parede da vesícula biliar, uma lesão característica da HIC. A cavidade abdominal frequentemente contém líquido sanguinolento e quantidade variável de filamentos de fibrina, estes podem ser observados sobre o fígado e entre lobos hepáticos. O diagnóstico é concluído pelos achados histológicos, nos quais predominam necrose de hepatócitos, hemorragia e grandes corpúsculos de inclusão intranucleares anfofílicos em hepatócitos e em células endoteliais de capilares dos glomérulos e de vasos do SNC. Geralmente não há infiltrado inflamatório significativo. Animais que sobrevivem à fase aguda podem apresentar alterações oculares relacionadas a deposição de imunocomplexos (Hipersensibilidade tipo III), com uveíte e opacidade de córnea, razão por que a Hepatite infecciosa canina é também conhecida como “Doença dos olhos azuis”. Conhecer as doenças proliferativas do fígado: -hiperplasia nodular hepatocelular, adenomas e carcinomasde hepatócitos e dos ductos biliares, neoplasias vasculares e carcinomas metastáticos. Lesões tumoriformes: A hiperplasia nodular do fígado (frequente em cães maduros e velhos) e os cistos hepáticos em várias espécies são lesões que podem ser confundidas com tumores verdadeiros. . Alterações proliferativas: As neoplasias primárias mais comuns do fígado se originam de hepatócitos (adenoma hepatocelular, carcinoma hepatocelular), das células dos ductos biliares (colangioma/cistadenomas biliares, colangiocarcinoma) ou de células mesenquimais (hemangiossarcoma e outros sarcomas). Células neuroendócrinas localizadas nos ductos biliares podem dar origem aos carcinoides hepáticos, mas esses tumores são bastante raros. Adenoma hepatocelular: Tumores benignos de hepatócitos são menos comuns que seus correspondentes malignos e devem ser diferenciados de hiperplasia nodular. Esse tipo de neoplasia não produz sinais clínicos, pois seu tamanho (2 a 8 cm de diâmetro) e sua forma de crescimento (expansão simétrica) não causam suficiente dano ao parênquima hepático. São massas esféricas, marrom amareladas ou marrom escuras. Na microscopia, pode-se observar condensação do tecido conjuntivo circunjacente à massa, mas não há propriamente uma cápsula fibrosa. Os hepatócitos que compõem o tumor são bem diferenciados e podem estar vacuolizados (esteatose ou infiltração glicogênica). Nos nódulos que compõem o adenoma hepatocelular, não se observam as veias centrolobulares, e pode haver falta de uma ou mais tríades portais; isso ajuda na diferenciação de lesões hiperplásicas, pois esses aspectos anatômicos são preservados na hiperplasia nodular do fígado. Carcinoma hepatocelular: São tumores derivados da transformação maligna de hepatócitos. A faixa etária mais afetada é de 10 a 11 anos; não há predisposição de raça, mas, segundo alguns relatos, machos são afetados mais frequentemente. Os sinais clínicos descritos em cães são inespecíficos e incluem anorexia, vômito, ascite, letargia e fraqueza. Raramente são relatadas convulsões, que podem ser atribuídas à encefalopatia ou à hipoglicemia causada por substâncias semelhantes à insulina secretadas pelo tumor. As atividades séricas da alanina aminotransferase (ALT) e da aspartato aminotransferase (AST) estão elevadas, embora, com base nesses dados, não seja possível distinguir entre neoplasias e outras afecções com destruição do parênquima hepático. Há três formas, não mutuamente excludentes, de apresentação macroscópica do carcinoma hepatocelular: massiva, nodular e difusa. Carcinoma hepatocelular massivo é a forma de apresentação mais comum caracteriza-se pelo aparecimento de um tumor grande que envolve um único lobo ou lobos adjacentes do fígado. Por motivos não bem esclarecidos, o lobo hepático mais frequentemente afetado é o esquerdo. Carcinomas hepatocelulares nodulares consistem em nódulos de distribuição aleatória que geralmente afetam vários lóbulos. A forma difusa é observada como múltiplos nódulos pequenos que infiltram difusamente todo o parênquima hepático. As formas de apresentação com múltiplos nódulos podem ser causadas por metástases intra-hepáticas ou por múltiplos pontos de transformação maligna, embora seja impossível distinguir entre essas duas possibilidades morfologicamente. O tamanho e a cor do carcinoma hepatocelular são bastante variáveis. O carcinoma hepatocelular cresce por extensão direta para o restante do fígado, omento e peritônio. Metástases ocorrem em 25 a 61% dos casos de carcinomas hepatocelulares. A etiologia é desconhecida, embora exista a possibilidade da associação a infecções por vírus, como ocorre em pessoas infectadas pelos vírus da hepatite B e C e em marmotas infectadas por vírus da família Hepadnaviridae, ou à ingestão de substâncias tóxicas. Neoplasia Biliar: Colangioma/cistadenoma biliar: São tumores benignos derivados do epitélio dos ductos biliares. São relatados com uma incidência baixa em cães, e, em alguns levantamentos de tumores hepáticos, nem foram mencionados. São geralmente silenciosos clinicamente. Aparecem macroscopicamente como massas solitárias, bem circunscritas, císticas ou sólidas; os tumores formados por múltiplos pequenos cistos são denominados cistadenomas biliares. Histologicamente, são formados por células epiteliais que se arranjam em estruturas semelhantes a túbulos ou glândulas, com moderada quantidade de tecido conjuntivo entre essas estruturas. Pode haver alguma dificuldade em diferenciar cistos biliares de cistadenomas biliares, mas os cistos biliares consistem, geralmente, em um único cisto e apresentam mínimo estroma conjuntivo, ao passo que os cistadenomas biliares são formados por múltiplos cistos e têm uma quantidade maior, ainda que moderada, de estroma. A etiologia desses tumores também é desconhecida. Como colangiomas foram induzidos em cães pela administração de nitrosamina, existe a possibilidade da participação de carcinógenos ambientais nesse e em outros tumores hepáticos. Colangiocarcinoma: É considerado uma neoplasia pouco comum. Quanto à faixa etária de maior incidência, 65% dos cães com colangiocarcinoma estão acima dos 10 anos. Os sinais clínicos são inespecíficos e, muitas vezes, são os mesmos descritos para o carcinoma hepatocelular, o que torna bastante difícil o diagnóstico clínico. A palpação pode-se notar massa hepática ou hepatomegalia; há letargia, anorexia, vômito, perda de peso e dispneia; icterícia ocorre em cerca de 10 a 40% de cães com colangiocarcinoma e a fosfatase alcalina está elevada na maioria dos casos; a atividade sérica da AST e da ALT pode ou não estar elevada. Macroscopicamente aparece com um padrão massivo, que oblitera todo um lobo e pode se estender para lobos adjacentes, ou com um padrão multinodular, caracterizado por múltiplos nódulos de 0,5 a 5 cm de diâmetro. Não se sabe se os múltiplos nódulos resultam de metástases intra-hepáticas ou se resultam de lesões primárias em múltiplos cistos. As porções do tumor salientes na cápsula têm um aspecto umbilicado característico. A superfície de corte é branca ou branco-acinzentada e bem delineada do parênquima hepático adjacente. Os tumores são firmes devido à abundância de tecido conjuntivo e podem ser císticos. Os tumores em que predominam as áreas císticas são designados como cistadenocarcinomas biliares. A etiologia permanece ainda desconhecida, mas o colangiocarcinoma já foi associado ao parasitismo por Clonorchis sinensis no cão e no gato e Platynosomum fastosum no gato e há a possibilidade de que carcinógenos químicos (identificados experimentalmente) possam estar relacionados com a ocorrência espontânea dos tumores. Hemangiossarcoma: Hemangiossarcomas primários são descritos no fígado de várias espécies, principalmente em cães. Dados epidemiológicos sobre essa neoplasia em cães são, por vezes, difíceis de avaliar devido à dificuldade em estabelecer o local primário do hemangiossarcoma quando a neoplasia ocorre em vários órgãos. Cães acima dos 10 anos de idade constituem a faixa etária mais afetada, e há indicações de que o Pastor Alemão seja a raça mais propensa, quando se consideram os hemangiossarcomas em qualquer uma das localizações anatômicas. Os sinais clínicos são inespecíficos e incluem depressão, anorexia e aumento de volume do abdome. Hemangiossarcomas do baço e do fígado podem romper e sangrar. Dependendo da intensidade da hemorragia, ocorrem vários graus de anemia ou mesmo hemoperitônio com choque e morte súbita. Macroscopicamente são tumores escuros, muitas vezes formando cavidades císticas que contêm grande quantidade de sangue. Os tumores podem ocorrer como massas solitárias ou múltiplas, e seu tamanhovaria de 1 a 10 cm de diâmetro. Tumores secundários: Tumores secundários do fígado incluem tumores multicêntricos e tumores metastáticos. Tumores multicêntricos são parte da manifestação de condições neoplásicas que afetam múltiplos órgãos, mas cujo local primário do tumor nunca é definido. Por outro lado, tumores metastáticos são primários de outro local anatômico definido e que metastatizam para outros órgãos, incluindo o fígado. Referências Bibliograficas: Texto: McGAVIN, M.D; ZACHARY, J.F. Bases da patologia em veterinária. Elsevier. 5° ed., 2017. SANTOS, R.L.; ALESSI, A.C. Patologia Veterinária. Rio de Janeiro: Roca, 2° ed., 2016. Imagens: Google imagens McGAVIN, M.D; ZACHARY, J.F. Bases da patologia em veterinária. Elsevier. 5° ed., 2017. SANTOS, R.L.; ALESSI, A.C. Patologia Veterinária. Rio de Janeiro: Roca, 2° ed., 2016.
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