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Filoso�a da linguagem Aula 10: Questão linguística como meio da consciência e da autocompreensão Apresentação Nesta última aula, determinaremos a linguagem como o ponto central das discussões relativas ao sujeito que vive em sociedade, examinando de que forma, por meio da comunicação, ele consegue nela se inserir. A�nal, ele compartilha experiências e conhecimentos, tornando-se um ser social graças às diversas linguagens que lhe são possíveis. Identi�caremos ainda como a questão linguística estudada a fundo – não somente enquanto objeto da própria Linguística, e sim como um ponto de intercessão entre as várias ciências da comunicação – auxilia tanto na compreensão de si mesmo quanto na de variados grupos sociais. Por �m, também analisaremos as comunicações em ambientes educativos – em especial a escola e a universidade, locais nos quais se estuda a língua como forma de aprimoramento intelectual, crescimento cientí�co e sobrevivência social, proporcionando, portanto, uma interação. Objetivos Identi�car na linguagem a autocompreensão para questões subjetivas e sociais; Relacionar o aprendizado de língua com a capacidade de interação entre grupos; Esclarecer a exposição da linguagem em ambientes educacionais de forma mais democrática. Primeiras palavras Durante todo o curso de Filoso�a da linguagem, você percebeu que há diversos pontos de vista e paradigmas acerca da arte de se comunicar por meio da escrita ou da fala. Vimos que muitos �lósofos consideravam a linguagem uma representação do mundo em que vivemos. Outros, por sua vez, acreditavam que ela nasce e se desenvolve dentro do ato de comunicação, evoluindo e ganhando novos contornos à medida que praticarmos ou vivermos a língua. Independentemente do modelo linguístico que adotarmos como verdade, nesta aula veremos como, em nosso cotidiano, as diferentes formas de aplicação do uso da linguagem, funcionando como ferramentas para nosso progresso – ou não. A linguagem como forma de autocompreensão Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Você já parou para pensar que a linguagem pode servir como forma de conhecer a si mesmo? Isso foi preconizado pelo próprio Sigmund Freud quando ele trouxe a ciência psicanalítica à tona, no �nal do século XIX, apontando tanto ela quanto os atos de fala como o mecanismo central do processo de tratamento de pacientes com patologias psíquicas. Se falarmos sobre nossos problemas, teremos de escrever nossos anseios e ler sobre assuntos variados. Quando vivemos e praticamos a linguagem de forma plena, estamos, portanto, diante de um universo de possibilidades – e isso nos ajuda a conhecer nossa intimidade e nossos pensamentos. Comunicação Se for plena e clara, ela nos dá condições de ser mais bem compreendidos, facilitando os relacionamentos com diferentes grupos. Escrita e leitura Fornecem um material epistemológico capaz de nos ensinar diversas formas de enxergar o mundo e suas questões. Dessa forma, uma pessoa em contato intenso com as variadas formas de linguagem terá uma vida com mais possibilidades do que aquela que possui um acesso restrito à informação. Exemplo O hábito da leitura é um ato por meio do qual um indivíduo se coloca em contato com realidades outras. Isso auxilia – e muito! – em casos de depressão ou tristeza profunda, situações em que é muito normal achar que se está sozinho no mundo, sem a compreensão de ninguém nem a possibilidade de ajuda. Quando nos habituamos a estar em contato com outras linguagens por meio da conversa e da leitura, podemos encontrar casos muito análogos, extremamente parecidos ou até mesmo mais graves que possuam uma solução. Assim, estamos mais preparados e com mais experiência cientí�ca para lidar com situações novas que se apresentem – exatamente porque usamos a linguagem a nosso favor. Também não é novidade no mundo cientí�co que o talking cure adotado pela Psicanálise é um dos métodos mais precisos para a resolução de diversos problemas psíquicos, sociais e até mesmo �siológicos. A revista Superinteressante, em outubro de 2016, trouxe um dado que corrobora o que estamos dizendo. A reportagem assinada por Denize Guedes descrevia as agruras de Anna O., a primeira paciente tratada por Freud: "Anna O. sofria de alucinações histéricas, sonambulismo e se recusava a beber água. Já levava seis semanas ingerindo somente a água de frutas quando os sintomas começaram a desaparecer – sempre após falar em voz alta sobre o que a atormentava. “Depois de ter desabafado energicamente a raiva que ficara dentro dela, pediu para beber e bebeu sem inibição uma grande quantidade de água, acordando da hipnose com o copo nos lábios. Com isso, o distúrbio desapareceu para sempre”. " - (GUEDES, 2016) A matéria da revista ainda faz menção ao crescente número de pessoas que procura um terapeuta pro�ssional (psicólogo, psicanalista, etc.) para simplesmente falar de suas experiências traumáticas ou conversar: “Se antes ir a psicólogos era coisa de ‘problemáticos’, hoje [em dia] falar da expe¬riência parece ser um bom jeito de engatar conversas”, pontua Denize Guedes (2016). Segundo Freud, quando falamos de vivências, questões, problemas e traumas, conseguimos escutar e interpretar aquilo que até então vivia escondido em algum lugar de nossa mente. Ao interpretarmos, estaremos mais aptos a conhecer as verdades ocultas de cada caso. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Mas por que estamos abordando esse assunto nesta aula? Pretendemos dimensionar a importância da linguagem para o autoconhecimento, mostrando como ela é útil não somente aos campos das letras, mas também se con�gura em um objeto multidisciplinar de pesquisa. A linguagem como forma de inserção social Você já se sentiu deslocado em um grupo conversando sobre determinado assunto? Isso às vezes se deve ao fato de alguém não dominar determinado tema que, naquele instante, esteja sendo abordado. Mas você já se sentiu um peixe fora d’água mesmo dominando-o, embora, ainda assim, não se sentisse em casa com a linguagem utilizada para falar dele? Isso tem uma razão: ou o grupo possui um jargão bem próprio e você não faz parte dele, ou suas capacidades linguísticas estão bastante engessadas. Um dos estudiosos mais brilhantes da linguagem em sociedade, o norte-americano William Labov dividiu as variações linguísticas em três grandes tipos: Variações geográ�cas Variações sociais Variações diafásicas 1 Voltemos à situação hipotética acima: se você estiver envolto por pessoas que fazem parte de um grupo pro�ssional (médicos, advogados, pro�ssionais da informática etc.), realmente será mais difícil interagir com ele. No entanto, na maior parte dos casos, esse tipo de situação ocorre por falta de domínio de uma variante linguística. Há duas opções possíveis: Um grupo fala muito bem a língua e você não pode participar do diálogo graças ao desconhecimento de muitas palavras usadas no diálogo; Você conhece muito bem a norma culta, mas não está familiarizado com as formas mais populares do seu uso. Imagine o diálogo hipotético: - Filho, mamãe quer saber se está tudo bem com você. - Ih! Véio, sussa total, tranks, de boas. - Como é??? - Têga, véio, se liga! Aparentemente, a mãe não conseguiu estabelecer uma conversa com o �lho por ela desconhecer completamente a variante popular (ou a linguagem de determinado grupo) utilizada pelo jovem. Vejamos outra conversa em que acontece justamente o contrário: - Pai, já decidiu se vamos viajar no feriado? - Estou matutando aqui com meus botões. - Botões? Que botões, véio? Tô falando da viagem! - Eu sei, só estou conjecturando, não se deve ser incauto... - Putz, desisto! Agora a ausência de compreensão se deve à falta de domínio da norma culta da língua por parte do �lho, que desconhece tanto gírias como matutar com meus botões quanto palavras como incauto e conjecturar. Comentário Reforçamos a necessidade de você estudar com a�nco a sua língua materna para nãopassar por situações desconfortáveis em sua vida pessoal e pro�ssional. Mas não seja um bitolado, achando que o universo gira em torno da norma culta. Se você tentar falar de forma erudita por todo o lado, correrá um sério risco de ser tachado como chato, pedante e coisas piores. O grande segredo da inserção social em grupos diversos está no domínio das variantes linguísticas disponíveis em nosso universo comunicativo: aliás, dominar algo constitui um grau de expectativa avançada; su�ciente já seria respeitar essas variações, considerando-as uma comunicação plena, além de, com o ouvido treinado, aprender aos poucos a forma ideal de se comunicar com variados grupos. O pensador da linguagem, Jean Piaget a�rmava que a “constante interação entre o sujeito e o mundo exterior é o processo pelo qual se dá o desenvolvimento intelectual humano”. (PIAGET, 1978, p. 59) Já para Bakhtin: "A verdadeira substância da linguagem não é constituída por um sistema abstrato de formas linguísticas, nem pela enunciação monológica isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo fenômeno social da interação verbal realizada pela enunciação ou pelas enunciações. A interação constitui, assim, a realidade fundamental da linguagem. " - (BAKHTIN, 1988, p. 123) Aproveitemos o ensejo para abordar a linguagem dentro dos ambientes educacionais, pois é dentro de escolas e universidades que são forjados os caracteres de seus futuros utentes nos âmbitos acadêmico e pro�ssional. Nos processos de aprendizagem Você já deve ter ouvido de alguns amigos seus a seguinte frase: “Não suporto português. Acho difícil, não entendo nada”. Na maioria dos casos, isso deve-se ao método adotado para o ensino da língua nas escolas, privilegiando a gramática normativa prescritiva em detrimento de outros pontos de vista. Muitos desses pro�ssionais já carregam o ideário normativo como a única forma de ensino em sala de aula, esquecendo-se de que a percepção mais importante na abordagem da aprendizagem refere- se à capacidade de linguagem que os alunos possuem. Em artigo intitulado O preconceito linguístico proveniente das páginas de O Globo: uma visão positivista e superada do ensino de língua nas escolas, o professor Guilherme Cardozo explica como a visão unívoca do ensino de língua portuguesa nas escolas afeta o conhecimento posterior do aluno e a sua capacidade como falante pleno, frisando o fato de que as mídias – em especial, a impressa – colocam-se de forma contrária ao tratamento das variações como algo permitido: "Podemos contemplar como o jornal [O Globo] trata da questão social em seu discurso. Para ele, a inclusão dos valores desprestigiados em setores tradicionais da sociedade – como a escola – é inviável. A única maneira de haver uma inclusão real desses menos favorecidos na sociedade é através da língua padrão, ou seja, os valores das minorias são os valores que devem permear o ensino de língua, e é baseado nesse ponto de vista que o jornal constrói o seu discurso e seus movimentos argumentativos. " - (CARDOZO, 2014, p. 77) Obviamente, jornais mais destacados, como O Globo, Jornal do Brasil, Folha de São Paulo e Correio Brasiliense, valem-se naturalmente da norma culta da língua portuguesa para a veiculação de seus textos, pois eles possuem um público-alvo. Da mesma forma, há veículos impressos com uma linguagem mais simples e reduzida para se encaixar nas expectativas de outros públicos, cujo conhecimento linguístico é mais reduzido. No entanto, não seria ideal que qualquer um de seus falantes pudesse dominar inteiramente todas as variantes linguísticas, podendo escolher, dessa forma, entre ler algo mais complexo ou mais simplório? É aí que entra o papel da escola e da universidade no tratamento com a linguagem. Apesar de seu Parâmetro Curricular Nacional instituir – pelo menos teoricamente – que outras variantes de língua existentes nos grupos sociais devem ser prestigiadas e estudadas em sala de aula, a educação positivista brasileira claramente relega tais tipos a um segundo posto, privilegiando o estudo da norma culta. Até aí não há nenhum problema. A grande questão é quanto ao tratamento das diversas linguagens dentro do ambiente de ensino. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Exemplo Se você, um potencial futuro professor, ao escutar de um aluno a frase “Nós vai pegar os lanche”, peremptoriamente apontar para esse falante e dizer “Você falou errado”, há uma grande chance de ele nunca mais se pronunciar em suas aulas. A�nal, ele vai pensar que a linguagem considerada certa na sala de aula não tem absolutamente nada a ver com a que ele vive em seus grupos sociais. Adotado pelo Ministério da Educação (MEC) em 2013, o livro didático Por uma vida melhor foi objeto de inúmeras críticas pela mídia. Mesmo assim, ele contém uma abordagem interessantíssima das variações em sala de aula, incentivando o professor a colocar em prática a sua capacidade de falante pleno, compreendendo e respeitando as diferenças: Fonte: BRASIL, 2013. Falamos anteriormente de variação diafásica como aquela que nos torna capaz de mudar nosso tipo de linguagem de acordo com as situações (contextos) de fala. É exatamente isso que este livro do MEC propõe: aqueles que a ensinam podem legitimar os diversos conhecimentos presentes na relação de aprendizagem a �m de que o aluno não se sinta um estrangeiro em relação à própria língua. Ou pior: alguém totalmente desinteressado no aprendizado de uma que não é a sua. Na universidade, tal processo não deve ser diferente. Teoricamente, os ingressantes no meio universitário possuem avançadas capacidades linguísticas e intelectuais, estando muito mais aptos a conhecer aspectos mais prolixos da língua materna. No entanto, sabemos que, devido à educação de�citária no Brasil, muitos alunos que entram nas faculdades (inclusive na de Letras) têm um raso conhecimento linguístico, deixando a tarefa da alfabetização funcional para o professor universitário. Essa tarefa, assim, torna-se mais árdua, e é momento de se colocar em prática toda aquela teoria sociolinguística aprendida nas aulas de graduação e pós-graduação. Deve-se compreender, ensinar e viver a língua como: Fator social; Instrumento de inserção e libertação; Fonte de interação e comunicação plenas. Respeitar esses itens é o segredo para estabelecer uma relação menos formal e mais funcional no concernente ao ensino de língua. É importante destacar a di�culdade de separar seu ensino das práticas políticas e das ideologias, ambos constantemente presentes em âmbito acadêmico ou escolar. De acordo com Guilherme Cardozo... "Percebemos que o preconceito linguístico está intimamente atrelado ao fator social, segundo o qual aqueles que detêm o poder de manipular decisões, seja por meio da comunicação, seja através de políticas, não admitem mudança no enquadre. E ainda que, por trás do discurso anti-ideológico da instituição contra aqueles que combatem o preconceito linguístico, há outro de natureza política. " - (CARDOZO, 2014, p. 78) No universo pro�ssional A capacidade comunicativa é demonstrada também em nossas práticas pro�ssionais, ambientes em que somos testados muitas vezes por conta do nosso modo de falar. Desde uma entrevista de emprego, em que a capacidade de expressão e uma boa escrita (sim, meus amigos, muitas entrevistas hoje em dia pedem para você escrever um texto, uma redação ou algo do tipo) são fatores primordiais na escolha de alguém para um cargo, até a atuação no mercado de trabalho, no qual a linguagem usada no tratamento com seus pares vai de�nir que tipo de pro�ssional você é e que prestígio assumirá perante eles. Exemplo No mundo jurídico, é usada uma linguagem mais técnica e rebuscada, havendo o predomínio de alguns latinismos (especialmente na escrita). Além disso, a utilização de pronomes de tratamento, como Vossa Excelência, é preponderante para a a�rmação de um advogado, magistrado, promotor, defensor ou operador do Direito diantede seus pares. É o momento em que se deve saber muito bem qual será a mais adequada àquela situação: diante de um magistrado, em uma audiência, é cabível proferir frases como “Data vênia, Excelência, considero mister que seja repisado aos presentes seu decisum a priori”. Tal sentença, cujo uso é bastante comum no universo jurídico, irá gerar, porém, uma total incompreensão em um contexto coloquial. Possuir uma capacidade linguística diferenciada não lhe confere o direito de usar isso como arma de segregação! Há casos em que o uso de uma linguagem rebuscada demais soa antiético, como, por exemplo, um advogado que tenta convencer uma pessoa simples a contratar seus serviços para a resolução de um problema. Exemplo “Minha distinta senhora, o preço que cobro é alto devido à alta complexidade da lide. Seu problema só pode ser resolvido com uma análise profícua e denodada do litígio, o qual está imerso em situação jurídica de reparo prolixo, haja vista que o fumus boni iuris é de improvável instrução probatória.” O caso acima também poderia ser reproduzido em outras situações. Uma consulta médica constitui um momento em que, na maioria das vezes, há um pro�ssional da Medicina diante de um paciente leigo no assunto. Não há a menor necessidade de se usar uma linguagem carregada de jargões ou termos inócuos com pessoas alheias ao universo médico. A linguagem representa poder. Exemplo “É claro que você porta uma androcefalite extensional aguda de grau dois, e isso requer um androcefalograma para precisar se o óculo globular se manifesta.” Em muitos casos, o paciente não aceita ser tachado de ignorante. Por isso, ele poderá até responder com a maior calma: “Entendi, doutor”. Obviamente, ele o faz sem compreender uma vírgula do que foi dito. Entendemos, portanto, que a linguagem está intimamente atrelada a aspectos éticos, especialmente quando ela for aplicada na realidade pro�ssional, pois nem sempre lidamos com pessoas que estejam habituadas com o linguajar utilizado. Da mesma forma, poderíamos colocar – por que não? – o professor nessa situação a �m de corroborar o que foi dito anteriormente acerca do papel político-social da língua. Você está, nesse momento, estudando a �loso�a da linguagem já pensando na formatura em seu curso universitário. Dessa forma, certamente possui um conhecimento linguístico que poucos falantes do nosso idioma detêm. Isso não deve fazer de você um pro�ssional indiferente às di�culdades linguísticas que seus futuros alunos certamente terão. Todo esse entendimento técnico deve estar aliado ao conhecimento �losó�co da língua e da linguagem, fazendo de você um pro�ssional diferenciado, entendedor das diversas formas de comunicação possíveis e formador de cidadãos conscientes de que seus conhecimentos são válidos. Entretanto, aprender a norma culta signi�ca possuir um instrumento que permite alçar voos mais altos em uma sociedade que exige cada vez mais de todos nós. Como diz o economista Samy Dana ao descrever o pensamento de Roberto Solow, prêmio Nobel em 1987, no âmbito econômico: "Seguindo essa linha de raciocínio, a teoria do economista acaba tornando a educação um dos principais pilares da economia. Isso porque indivíduos com acesso à educação proporcionam as melhores ideias, promovendo inovação tecnológica. Assim sendo, de acordo com o modelo de Solow, o incentivo à criatividade humana torna-se o instrumento mais influente na economia. " - (DANA, 2017) Atividade 1. A linguagem como forma de autocompreensão é um conceito que vem crescendo atualmente, pois as pessoas percebem que, falando de suas experiências vividas, seus problemas e suas questões, conseguem auxiliar os outros e a si mesmo. Sigmund Freud fundamentava sua ciência psicanalítica no procedimento talking cure, colocando como ponto central a conversação. Sobre a função subjetiva da linguagem, assinale a alternativa correta: a) Segundo pesquisadores, para a maioria das pessoas, ir a psicólogos era coisa de problemáticos; no entanto, atualmente, falar da expe¬riência parece ser um bom jeito de engatar conversas, fazer amigos, o que fez com que o preconceito com as terapias diminuísse. b) No Brasil, por ser um país com um povo muito tímido, pouco falante, esses procedimentos terapêuticos que exploram a fala não deram certo. c) O Brasil, país sistematicamente de cultura europeia, não se adaptou a práticas como Psicanálise, terapia de casal e psicologia para crianças devido a seu extremo conservadorismo. d) Em recentes pesquisas, comprovou-se que as terapias não fornecem nenhuma espécie de ajuda aos pacientes, sendo a linguagem um objeto específico somente da Linguística. e) Nenhuma das respostas acima. 2. Algumas ciências se valem da linguagem para alcançar melhores resultados em seus objetos de estudo. Esse fator ocorre não somente nas ciências linguísticas, mas também nas médicas, jurídicas etc. Isso comprova: a) O caráter extremamente limitado da linguagem no que diz respeito aos estudos científicos. b) Que a linguagem não é objeto de estudo multidisciplinar, sendo objeto apenas da Linguística e de áreas afins, como a Linguística Aplicada. c) Que cada ciência deve possuir um objeto de estudo próprio, sem qualquer intercessão. d) Que o Direito e a Medicina têm os mesmos objetos de estudo da Linguística. e) O caráter interdisciplinar da linguagem, objeto de estudo de várias ciências e instrumento de procedimentos variados, não somente no campo de Letras. 3. Sobre as características da linguagem, pode-se a�rmar que: I. É objeto de estudo somente da Linguística, não possuindo qualquer intercessão com outras ciências ou artes. II. É meio de interação social. Por intermédio dela, podemos aumentar nossa rede de amigos, fazer contatos pro�ssionais, mas também é possível, por seu mau uso ou uso restrito, perder muitas oportunidades no mercado. III. A linguagem é forma de autocompreensão, mas também é valiosa para a interação social, especialmente quando o falante souber se valer das variações diafásicas da língua, o que lhe permite ingressar nos diversos mundos linguísticos existentes nos contextos sociais. Estão corretas as alternativas: a) I e II b) II e III c) I e III d) III e) Nenhuma das opções acima 4. Uma forma de ser um bom falante não é somente utilizar a norma culta da língua, mas saber que tipo de variação linguística se deve aplicar em diversos contextos sociais, inclusive uma norma mais popular ou coloquial da língua. Essa variante, segundo W. Labov, chama-se: a) Variante diastrática b) Variante diafísica c) Variante diatópica d) Variante diafásica e) Nenhuma das alternativas 5. Sobre o ensino de língua nas escolas, o modelo atual encontra muitos problemas por uma série de causas. Uma delas é: a) A valorização de variações populares nas escolas. b) O reconhecimento das diversas linguagens produzidas em âmbito escolar. c) O desprezo à norma culta da língua. d) A adoção do modelo normativo tradicional como única forma de ensino da língua, prescindindo das outras abordagens linguísticas. e) Nenhuma das respostas acima. 6. A linguagem pode ser usada como forma de segregação entre pessoas de grupos diferentes, principalmente quando: a) A variação diafásica é usada para inclusão do receptor. b) O jargão profissional é usado mesmo que o receptor da mensagem não pertença ao grupo. c) Não há linguagem utilizada. d) Palavrões são usados. e) Não é respeitada a norma culta da língua portuguesa. Notas Variações diafásicas 1 Propositais, tais variações são usadas pelos falantes do idioma em diversos contextos linguísticos. Pessoas capazes de se valer das variações diafásicas são aquelas que conhecem bem sua língua materna a ponto de, conforme frisa o gramático Evanildo Bechara (2008), serem “poliglotas dentro da própria língua”. Referências BAKHTIN, M. Marxismo e �loso�a da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1988. BECHARA, E. A sabedoria do equilíbrio. In: O Estado de S. Paulo. 6 abr. 2008. Disponível em: //academia.org.br/noticias/sabedoria-do-equilibrio-por-mestre-bechara. Acesso em: 28 maio 2019. BRASIL. Por uma vida melhor. 2013. Disponível em: //www.bibliotecadigital.abong.org.br/bitstream/handle/11465 /1631/139.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 28 maio 2019. CARDOZO, G. L. O preconceito linguístico proveniente das páginas de O Globo: uma visão positivista e superada do ensino de língua nas escolas. In: Áquila. n. 10. 2014. Disponível em: //ojs.uva.br/index.php?journal=revista-aquila&page=article&op=view& path%5B%5D=181. Acesso em: 28 maio 2019. DANA, S. A importância da educação para o desenvolvimento econômico. In: G1. 23 nov. 2017. Disponível em: //g1.globo.com /economia/blog/samy-dana/post/importancia-da-educacao-para-o-crescimento-economico.html. Acesso em: 28 maio 2019. GUEDES, D. Psicólogos: a cura pela palavra. In: Superinteressante. 31 out. 2016. Disponível em: https://super.abril.com.br/saude /psicologos-a-cura-pela-palavra/. Acesso em: 28 maio 2019. PIAGET, J. A formação do símbolo na criança. São Paulo: Zaher, 1978. Próxima aula Explore mais Veja este vídeo para entender como a comunicação é importante em ambientes pro�ssionais.
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