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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS UNVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica – Turma 2013 Título: A LEITURA PARA ALUNOS DA EJA: Com foco para a formação do leitor - 6° ao 9° ano do Ensino Fundamental Autor: Mariam Fouani Disciplina/Área: Língua Portuguesa Escola de Implementação do Projeto e sua localização: CEEBJA Mandaguaçu Município da escola: Mandaguaçu Núcleo Regional de Educação: Maringá Professor Orientador: Roselene de Fátima Coito Instituição de Ensino Superior: Universidade Estadual de Maringá Relação Interdisciplinar: Resumo: O presente trabalho tem como título “A LEITURA PARA ALUNOS DA EJA: Com foco para a formação do leitor - 6° ao 9° ano do Ensino Fundamental”, visto que são alunos que, na maioria, ficaram muito tempo fora da escola por diversos motivos e somente agora retornaram. Pretende-se então, com este estudo, melhorar os conhecimentos referentes ao processo de ensino- aprendizagem no que tange à leitura, visto que a leitura é o ponto de partida para outros entendimentos, pois sem uma boa leitura não há interpretação, e sem interpretação não existe nem êxito escolar e nem leitor proficiente. Palavras-chave: Jovens e Adultos; Formação; Leitor. Formato do Material Didático: Sequência didática Público: Alunos do 6° ao 9° ano do ensino fundamental da EJA. 2 MATERIAL DIDÁTICO DA LEITURA PARA ALUNOS DA EJA: Com foco para a formação do leitor - 6° ao 9° ano do Ensino Fundamental APRESENTAÇÃO O trabalho que será apresentado tem como finalidade desenvolver o material que será utilizado na produção didático-pedagógica na leitura para os alunos da EJA, com foco para formação do leitor do 6° ao 9° ano do ensino fundamental. Tendo como objetivos, além de proporcionar aos alunos de EJA atividades que estimulem a compreensão leitora por meio de estratégias de leitura, amenizar as dificuldades que os alunos da EJA encontram na leitura; orientar o aluno de como a leitura está associada às outras áreas de ensino; utilizar várias estratégias de leitura que possibilitem ao educando a compreensão, interpretação e reflexão sobre os temas lidos; propiciar momentos de leitura em que o aluno seja capaz de pensar criticamente e, destacar a importância da leitura e seus possíveis desdobramentos na escrita. Por ser um tema que contém certa relevância, a leitura para os alunos da EJA configura-se com um problema de grande repercussão para a vida escolar deste estudante, pois pelo fato desses alunos serem alfabetizados não significa que eles tenham contato e experiência com a leitura, entretanto. A leitura pensada neste projeto, refere-se aos textos literários disponíveis em contos pré-selecionados. E os questionamentos são: Existe a compreensão quando o aluno lê um texto? Quais as dificuldades na interpretação da leitura que este aluno tem? Por que, muitos dos alunos de EJA leem, mas não compreendem? Questões como as expostas acima configuram a problematização deste trabalho, que se volta para a questão da leitura para este público específico e para as estratégias que podem amenizar o problema. Cabe ressaltar que existe uma procura muito grande por parte de jovens e adultos com relação ao retorno aos estudos, visto que houve uma evasão escolar muito grande há tempos atrás, provocada por diversos problemas, uns relacionados ao trabalho, outros às questões financeiras, alguns por questões familiares, enfim, 3 por questões variadas, porém, com esta mudança no contexto social atual, esses alunos estão retomando seus estudos devido às exigências impostas pelo mercado de trabalho, e mesmo tendo que enfrentar algumas dificuldades, acreditamos que esses alunos podem vencer os obstáculos encontrados e alcançar um nível de leitura satisfatório. Assim, este trabalho será direcionado aos alunos que estão há muito tempo fora da escola e que precisam ter contato e compreensão da leitura de textos literários, os quais poderão proporcionar atividades que possam estimular a compreensão leitora por meio de estratégias de leitura. Vale lembrar que estes alunos, trazem consigo uma bagagem muito grande de vida. Para isso, faz-se necessário uma leitura contextualizada e diferenciada para que possam fazer uma conexão com sua vivência diária e que assim agucem sua curiosidade. No que tange à interpretação de texto, os alunos da EJA enfrentam algumas dificuldades como, por exemplo, a seleção vocabular, sintaxe, utilização de metáforas, desconhecimento de termos técnicos, falta ou excesso de imagens, textos fragmentados que comprometem a compreensão do texto, entre outros. E com relação ao texto literário, devido à sua complexidade composicional, acreditamos ser o de maior valia para o pleno desenvolvimento da leitura e, consequentemente, da escrita. Este estudo apresenta uma proposta que pode servir como base de estudos para profissionais da área. Serão discutidos conceitos referentes à leitura para o ensino supletivo, com foco para estudantes do 6° ao 9° ano do ensino fundamental. A escolha do tema – leitura – foi de agrado, visto que a mesma leva o aluno fazer uma abstração entre o real e o imaginário, pois pode ser através da leitura que o indivíduo sente-se vivo e consegue enxergar emoções que nem sempre conseguem ver no dia a dia. Pretende-se então, com este estudo, melhorar os conhecimentos referentes ao processo de ensino-aprendizagem no que tange à leitura, visto que a leitura é o ponto de partida para outros entendimentos, pois sem uma boa leitura não há interpretação, e sem interpretação não existe êxito escolar. Um indivíduo que lê, consegue desenvolver de forma mais ágil seu intelecto, pode ser mais criativo, crítico, desenvolve seu lado social e político, mantém-se atualizado, ajuda na definição de ideias, enriquece o vocabulário, imaginação e a forma de expressar-se, 4 ou seja, a leitura preenche lacunas do nosso conhecimento. Segundo Orlandi (2001a, p.9), “a leitura, portanto, não é uma questão de tudo ou nada, é uma questão de natureza, de condições, de modos de relação, de trabalho, de produção de sentidos, em uma palavra: historicidade”. Cabe ressaltar também a questão da leitura enquanto discurso que compõem a história de leitura dos sujeitos. Ora, não é possível ancorar a leitura apenas a um tipo de discurso (científico, filosófico, jornalístico etc.) ou gênero de discurso (por exemplo, instrução técnica, carta, receita, história em quadrinhos). Somos frequentemente alvos de diversos deles em nosso cotidiano, os quais conduzem a relação entre o discurso, o texto e o objetivo que nos levam até ele, na medida em que compõem o conjunto de leitura de cada leitor (ORLANDI 2001a). Desta forma, entendemos que a prática de leitura se constitui na sociedade por uma relação histórica entre os sujeitos e os sentidos, em um espaço constituído entre o discurso e o texto, onde jogam diferentes gestos de interpretação. Assim, a leitura pode ser vista como um: trabalho simbólico no espaço aberto de significação que aparece quando há textualização do discurso. Há, pois, muitas versões de leitura possíveis. São vários os efeitos-leitor produzidos a partir de um texto, são diferentes possibilidades de leitura que não se alternam (ORLANDI, 2001b, p. 71). Com foco na perspectiva de enfrentamento dos problemas cotidianos relacionados à leitura para alunos da EJA, entendendo que são alunos que estão há muitotempo fora do ambiente escolar, o objetivo é desenvolver um trabalho voltado para esta realidade. A TRAJETÓRIA DO ENSINO SUPLETIVO Como o público alvo deste estudo é o ensino supletivo, mais conhecido com EJA, se faz necessário saber um pouco mais sobre esta modalidade de ensino. A EJA não é recente no Brasil. Conforme Santos: Pode-se afirmar que, desde a chegada dos portugueses ao Brasil, o ensino 5 do ler e escrever aos adultos indígenas, ao lado da catequese constituiu-se de uma ação prioritária no interior do processo de colonização (SANTOS, 2008 p. 1). De acordo com Paiva (1973), a EJA no Brasil tem sua trajetória desde a catequização dos indígenas, alfabetização e transmissão da língua portuguesa no Brasil. Já no início da industrialização no Brasil, a EJA passa por algumas transformações, como podemos ver em Lopes: Com a vinda de D. João VI para o Brasil, em janeiro de 1808, retoma-se o processo de desenvolvimento industrial a partir da permissão de abertura de novas fábricas, inaugurando-se dessa forma uma nova era para o setor de aprendizagem profissional. [...] A solução encontrada na época foi a aprendizagem compulsória, que consistia em ensinar ofícios às crianças e aos jovens, que na sociedade não tivessem outra opção, como era o caso dos órfãos e desvalidos, que eram encaminhados pelos juízes e pela Santa Casa de Misericórdia aos arsenais militares e da marinha [...] (LOPES, 2000 p. 207). No entanto, neste período este sistema de ensino era restrito para as mulheres, porém, após muitas mudanças, em 1988 com a Constituição Brasileira a educação passou a ser obrigatória para todos os cidadãos conforme o artigo: “ensino fundamental obrigatório e gratuito, inclusive sua oferta garantida para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria”. (Constituição Federal de 1988 – Artigo 208). A partir da década de 1960, a alfabetização de jovens e adultos, foi composta de vários movimentos que visavam a educação e cultura popular, nas quais citam-se: MEB (Movimento de Educação de Base); MCP (Movimento de Cultura Popular); CPC (Centro Popular de Cultura) e CEPLAR (Campanha de Educação Popular). Neste período de golpe militar muitos movimentos foram extintos devido a questões políticas. Durante o regime militar surge o MOBRAL. Mas logo após a queda do regime militar o MOBRAL foi substituído pela Fundação EDUCAR. A Fundação EDUCAR surgiu em 1985, como substituta do MOBRAL. O estatuto, porém só foi estabelecido pelo Decreto nº 92.374, de 6 de fevereiro de 1986, onde todos os bens do MOBRAL foram transferidos para a EDUCAR. As diferenças mais marcantes entre o MOBRAL e a EDUCAR foram: A EDUCAR estava dentro das competências do MEC; 6 Promovia a execução dos programas de alfabetização por meio do “apoio financeiro e técnico às ações de outros níveis de governo, de organizações não governamentais e de empresas” (Parecer CNE/CEB n.º 11/2000) e; Tinha como especialidade à “educação básica”. A EDUCAR foi extinta em 1990 pelo então governo Collor. (BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CEB n.º 11/2000. Brasília, 2000). Com a LDB 9394/96, a nomenclatura Ensino Supletivo passa para EJA.Com o Parecer CEB/CNE 11/2000 que baseou a Resolução do CNE de Diretrizes Curriculares para a EJA, são enfatizadas as mudanças da nomenclatura de ensino supletivo para EJA, o direito público subjetivo dos cidadãos à educação, as funções: reparadora; equalizadora e qualificadora, assim como distingue a EJA da aceleração de estudos, concebe a necessidade de contextualização do currículo e dos procedimentos pedagógicos e aconselha a formação específica dos educadores (PAIVA, 1983). Entretanto, a EJA ganhou notoriedade e mais espaço quando Paulo Freire e outros estudiosos passaram a discutir a importância deste sistema de ensino. Em decorrência disso, a EJA começa a definir sua identidade com o objetivo de erradicar o analfabetismo. Este material didático baseia-se nos conceitos de tipologia textual e gêneros textuais, para tal, faz-se necessário a compreensão de ambos. TIPOLOGIA TEXTUAL De acordo com Marcuschi, a tipologia textual designa uma espécie de sequência definida pela natureza linguística de sua composição (Marcuschi, 2002 p. 22). Os tipos de tipologia textual são a narração, argumentação, exposição, descrição e injunção. Já Travaglia (1991), descreve tipologia textual como aquilo que pode instaurar um modo de interação, interlocução que podem variar de acordo com as perspectivas. 7 Kaufman e Rodrigues (1995) complementam dizendo que: Há a preocupação em estabelecer tipologias de texto. Em geral, a necessidade de estabelecer tipologias claras e concisas estabelece, fundamentalmente, à intenção de facilitar a produção e a interpretação de todos os textos que circulam em um determinado ambiente social. Existe consenso em classificar e designar esses textos a partir de certas características comuns, as quais justificam incluí-las em uma mesma categoria. Cada uma destas características admite variedades: destacamos como critérios pertinentes as funções da linguagem e as tramas que predominam na construção dos textos (KAUFMAN e RODRIGUES 1995 p. 11 e 12). GÊNEROS TEXTUAIS Gênero Textual para Marcuschi pode ser definido como uma noção vaga para os textos materializados encontrados no dia-a-dia e que apresentam características sócio-comunicativas definidas pelos conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica. De acordo com Travaglia (1991), o gênero textual se caracteriza por exercer uma função social específica. Para ele, estas funções sociais são pressentidas e vivenciadas pelos usuários. Isso equivale dizer que, intuitivamente, sabemos que gênero usar em momentos específicos de interação, de acordo com a função social dele. Quando vamos escrever um e-mail, sabemos que ele pode apresentar características que farão com que ele “funcione” de maneira diferente. Assim, escrever um e-mail para um amigo não é o mesmo que escrever um e-mail para uma universidade, pedindo informações sobre um concurso público, por exemplo. Para Nicola (1991): São textos que se realizam por uma (ou mais de uma) razão determinada em uma situação comunicativa (um contexto) para promover uma interação específica. Trata-se de unidades definidas por seus conteúdos, suas propriedades funcionais, estilo e composição organizados em razão do objetivo que cumprem na situação comunicativa (NICOLA, 1991 p. 71). 8 NARRATIVA Entende-se como narrativa: [...] discurso capaz de evocar, através da sucessão de fatos, um mundo dado como real ou imaginário, situado num tempo e num espaço determinados. Na narrativa distingue-se a narração (construção verbal ou visual que fala do mundo) da diegese (mundo narrado, ou seja, ações, personagens, tempos). Como uma imagem, a narrativa põe diante de nossos olhos, nos apresenta, um mundo (SODRÉ, 1988 p.75). De acordo com Cardoso na narrativa: Dependendo de como se dá o modo da narrativa, os textos literários são classificáveis em gêneros distintos, tais como a epopéia, o romance e o drama. Esses tipos textuais apresentam uma estrutura particular, isto é, os fatos de que se constitui uma narrativa são apresentados numa certa organização (seqüência), localizam-se num espaço e numa época identificáveis no texto e deles participam os personagens (CARDOSO, 2001 p. 35). CONTO O conto pode ser entendido como uma narrativa única que gira ao redor de uma só célula de ação, externa (com deslocamento espaço-temporal) ou interna (espaço-tempo mental ou psicológico); ou seja, todos os elementos do enredo convergem para um mesmo e único ponto. O conto pode enfatizar o desenrolar da ação; pode enfatizar o desenvolvimento das personagens;pode enfatizar o cenário ou clima onde se desenrola a ação; ou pode enfatizar uma emoção, um conceito ou ideia. PROPOSTA DO MATERIAL DIDÁTICO A unidade temática é a narrativa e para ilustrar foram utilizados os seguintes tipos de textos: 9 Música narrativa; Poema narrativo; Crônica; Contos literários; Leitura de telas; OBJETIVOS DO MATERIAL DIDÁTICO Apresentar a narrativa; Apresentar os gêneros textuais narrativos; Mostrar como esses gêneros fazem parte do dia-a-dia; Aproximar o autor/leitor através de estratégias de leitura; Promover a compreensão linguística e compreensão do tema; 10 MATERIAL DIDÁTICO Esta primeira etapa será um momento de discussão; tem como objetivo a sondagem para levantamento das opiniões dos alunos sobre leitura, provocar um debate em sala, seguindo as questões abaixo: 1. Para você, o que significa ler? 2. Costuma fazer leitura? Com que frequência? De que tipo de texto? 3. Você compreende todos os textos que lê? Por que você acha que isso acontece? 4. Para que lemos? 5. Que outros tipos de leitura, além do texto escrito, costumamos fazer diariamente? 6. Para você, qual função da escola a respeito disso? Professor: Mediar a discussão para esclarecer que a leitura, além de prazer, aquisição de informações e outras hipóteses levantadas neste primeiro momento, é formadora do discurso e que percebam como as estratégias de leitura são importantes para ajudar o leitor na compreensão dos textos. Na sequência, serão apresentados aos alunos três textos de gêneros textuais diferentes, porém todos narrativos. Os mesmos receberão uma cópia de cada texto. 11 PRIMEIRO TEXTO: POEMA NARRATIVO JOSÉ E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama, protesta? e agora, José? Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho, já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode, a noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio, o riso não veio, não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, e agora, José? E agora, José? Sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca, sua lavra de ouro, seu terno de vidro, sua incoerência, seu ódio - e agora? Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, 12 Minas não há mais. José, e agora? Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse a valsa vienense, se você dormisse, se você cansasse, se você morresse… Mas você não morre, você é duro, José! Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José! José, pra onde? (Carlos Drummond de Andrade) Fonte: José de Nicola/Ulisses Infante. Português – Palavras e Ideias. 7ª série. 1991. Editora Scipione. P. 42 e 43. QUESTIONAMENTO a) Você acha que José é uma pessoa específica? b) Quem é ele? c) Quem José do poema representa? d) Como você o descreveria? e) Qual é o tema do poema? f) Qual parte do poema chamou mais a atenção? g) Dê sua opinião a respeito do nome “José” escolhido pelo autor. 13 Professor: Comente a estrutura do texto em verso. Explore a temática do poema e quem José representa. Sugestão: A leitura deste poema poderá ser feita pelo professor em voz alta, para que os alunos percebam a entonação de voz e a dramaticidade do tema. SEGUNDO TEXTO: CRÔNICA “TELEVISÃO PARA DOIS” Ao chegar ele via uma luz que se coava por baixo da porta para o corredor às escuras. Era enfiar a chave na fechadura e a luz se apagava. Na sala, punha a mão na televisão, só para se certificar: quente, como desconfiava. Às vezes ainda pressentia movimento na cozinha: - Etelvina, é você? A preta aparecia, esfregando os olhos: - Ouvi o senhor chegar... Quer um cafezinho? Um dia ele abriu o jogo: - Se você quiser ver televisão quando eu não estou em casa, pode ver à vontade. - Não precisa não, doutor. Não gosto de televisão. - E eu muito menos. Solteirão, morando sozinho, pouco parava em casa. A pobre da cozinheira metida lá no seu quarto o dia inteiro, sozinha também, sem ter muito que fazer... Mas a verdade é que ele curtia o seu futebolzinho aos domingos, o noticiário 14 todas as noites e mesmo um ou outro capítulo da novela, “só para fazer sono”, como costumava dizer: - Tenho horror de televisão. Um dia Etelvina acabou concordando: - Já que o senhor não se incomoda... Não sabia que ia se arrepender tão cedo: ao chegar da rua, a luz azulada sob a porta já não se apagava quando introduzia a chave na fechadura. A princípio ela ainda se erguia da ponta do sofá onde ousava se sentar muito erecta: - Quer que eu desligue, doutor? Com o tempo, ela foi deixando de se incomodar quando o patrão entrava, mal percebia a sua chegada. E ele ia se refugiar no quarto, a que se reduzira seu espaço útil dentro de casa. Se precisava vir até a sala para apanhar um livro, mal ousava acender a luz: - Com licença... Nem ao menos tinha mais liberdade de circular pelo apartamento em trajes menores, que era o que lhe restava de comodidade, na solidão em que vivia: a cozinheira lá na sala a noite toda, olhos pregados na televisão. Pouco a pouco ela se punha cada vez mais à vontade, já derreada no sofá, e se dando mesmo ao direito de só servir o jantar depois da novela das oito. Às vezes ele vinha para casa mais cedo, especialmente para ver determinado programa que lhe haviam recomendado, ficava sem jeito de estar ali olhando ao lado dela, sentados os dois como amiguinhos. Muito menos ousaria perturbá-la, mudando o canal, se o que lhe interessava estivesse sendo mostrado em outra estação. A solução do problema lhe surgiu um dia, quando alguém, muito espantado que ele não tivesse televisão em cores, sugeriu-lhe que comprasse uma. - Etelvina, pode levar essa televisão lá para o seu quarto, que hoje vai chegar outra para mim. - Não precisava, doutor – disse ela, mostrando os dentes, toda feliz. Ele passou a ver tranquilamente o que quisesse na sua sala, em cores e, o que era melhor, de cuecas – quando não inteiramente nu, se bem o desejasse. Até que uma noite teve a surpresa de ver luz por debaixo da porta, ao chegar. Nem bem entrara e já não havia ninguém na sala, como antes – a televisão ainda quente. Foi à cozinha a pretexto de beber um copo d´água, esticou um olho lá para o quarto na área: a luz azulada, a preta entretida com a televisão certamente recém- ligada. - Não pensa que me engana, minha velha – resmungou ele. 15 Aquilo se repetiu algumas vezes, antes que ele resolvesse acabar com o abuso: afinal, ela já tinha a dela, que diabo. Entrou uma noite de supetão e flagrou a cozinheira às gargalhadas com um programa humorístico. -Qual é, Etelvina? A sua quebrou? Ela não teve jeito senão confessar, com um sorriso encabulado: - Colorido é tão mais bonito... Desde então a dúvida se instalou no seu espírito: não sabe se despede a empregada, se lhe confia o novo aparelho e traz de volta para a sala o antigo, se deixa que ela assista a seu lado aos programas em cores. O que significa praticamente casar-se com ela, pois, segundo a mais nova concepção de casamento, a verdadeira felicidade conjugal consiste em ver televisão a dois. FONTE: Fernando Sabino. In. Para gostar deler, vol 13. São Paulo. Ática, 1994. Sugestão: Poderá ser feita uma leitura teatralizada: alunos representando o narrador e os personagens, para que percebam as vozes do discurso. Explorar a estrutura da crônica e o tema a hierarquia social. TERCEIRO TEXTO: MÚSICA “EDUARDO E MÔNICA” Quem um dia irá dizer Que existe razão Nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer Que não existe razão? 16 Eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantar: Ficou deitado e viu que horas eram Enquanto Mônica tomava um conhaque, No outro canto da cidade, Como eles disseram Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer Foi um carinha do cursinho do Eduardo que disse: -Tem uma festa legal, e a gente quer se divertir. Festa estranha, com gente esquisita: - Eu não estou legal. Não aguento mais birita. E a Mônica riu, e quis saber um pouco mais Sobre o boyzinho que tentava impressionar E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa: - É quase duas, eu vou me ferrar. Eduardo e Mônica trocaram telefone Depois telefonaram e decidiram se encontrar. O Eduardo sugeriu uma lanchonete Mas a Mônica queria ver o filme do Godard. Se encontraram então no parque da cidade: A Mônica de moto e o Eduardo de camelo. O Eduardo achou estranho, e melhor não comentar Mas a menina tinha tinta no cabelo. Eduardo e Mônica eram nada parecidos Ela era de Leão e ele tinha dezesseis. Ela fazia Medicina e falava alemão E ele ainda nas aulinhas de inglês. Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus, De Van Gogh e dos Mutantes, De Caetano e de Rimbaud E o Eduardo gostava de novela E jogava futebol-de-botão com seu avô. Ela falava coisas sobre o Planalto Central, Também magia e meditação. E o Eduardo ainda estava No esquema “escola-cinema-clube-televisão”. E, mesmo com tudo diferente, Veio mesmo, de repente, Uma vontade de se ver E os dois se encontravam todo dia E a vontade crescia, Como tinha de ser. Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia, Teatro, artesanato, e foram viajar. A Mônica explicava pro Eduardo Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar. 17 Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer E decidiu trabalhar; E ela se formou no mesmo mês Que ele passou no vestibular. E os dois comemoraram juntos E também brigaram juntos, muitas vezes depois. E todo mundo diz que ele completa ela e vice-versa, Que nem feijão com arroz. Construíram uma casa há uns dois anos atrás, Mais ou menos quando os gêmeos vieram Batalharam grana, seguraram legal A barra mais pesada que tiveram. Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília E a nossa amizade dá saudade no verão. Só que nessas férias, não vão viajar Porque o filhinho do Eduardo Tá de recuperação. E quem um dia irá dizer Que existe razão Nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer Que não existe razão? Renato Russo. In Legião Urbana, Dois. EMI-ODEON, 1996. FONTE: FRASCOLLA, Ana. Lendo e interferindo: 7ª série. São Paulo. Moderna, 1999. p. 52, 53 e 54. QUESTIONAMENTO: a) Quem são as pessoas que “vivem” essa história? b) Compare as características, gostos e hábitos de cada pessoa do texto. c) Qual o tema principal da canção? d) Grife no texto as expressões informais. e) Para você “existe razão nas coisas feitas pelo coração”? Comente. 18 Professor: Para ouvir a música acesse o site vagalume. Antes de ouvi-la, perguntar quem já conhecia a canção e a banda. Após escutar a música, fazer oralmente uma breve interpretação seguindo o questionamento. Comentar com os alunos as personalidades mencionadas no texto (Godard, Bandeira, Bauhaus, Van Gogh, Mutantes, Caetano, Rimbaud). Discuta com os alunos a diferença de idade entre o Eduardo e a Mônica; a visão que a sociedade tem diante desse tipo de relacionamento. A leitura desses textos tem como objetivo ilustrar a presença da narrativa em nosso cotidiano. Professor: Explicar aos alunos a diferença entre tipologia textual e gêneros literários. Apresentar as características que fazem um texto ser considerado literário ou não- literário. 19 DEFINIÇÃO DE TIPOLOGIA TEXTUAL TIPOLOGIA TEXTUAL Há a preocupação em estabelecer tipologias de texto. Em geral, a necessidade de estabelecer tipologias claras e concisas estabelece, fundamentalmente, intenção de facilitar a produção e a interpretação de todos os textos que circulam em um determinado ambiente social. Existe consenso em classificar e designar esses textos a partir de certas características comuns, as quais justificam incluí-las em uma mesma categoria. Cada uma destas características admite variedades: destacamos como critérios pertinentes as funções da linguagem e as tramas que predominam na construção dos textos. FONTE: KAUFMAN, A. M. RODRIGUES, M. H. Escola, leitura e produção de textos. Trad. Inajara Rodrigues. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995 p. 11 e 12. GÊNERO LITERÁRIO “A literatura é a arte que se manifesta pela palavra, seja ela falada ou escrita. Quanto à forma, o texto pode apresentar-se em prosa ou verso. Quanto ao conteúdo, estrutura e, segundo os clássicos, conforme a “maneira da imitação”, podemos enquadrar as obras literárias em três gêneros: o lírico, quando um “eu” nos passa uma emoção, um estado; o dramático, quando ‘atores, num espaço especial, apresentam, por meio de palavras e gestos, um acontecimento’; o épico, quando temos um narrador (este último gênero inclui todas as manifestações narrativas, desde o poema épico até o romance, a novela, o conto). Essa divisão tradicional em três gêneros literários originou-se na Grécia clássica, com Aristóteles, quando a poesia era a forma predominante da literatura”. FONTE: NICOLA, José. Língua, literatura & redação. Volume 1. Editora Scipione: São Paulo. 1991. p.70. 20 APRESENTAÇÃO DO GÊNERO CONTO Este momento do trabalho tem como objetivo analisar o conhecimento prévio dos alunos sobre o gênero conto. Começaremos oralmente com o segundo questionamento: 1. O que é conto para você? 2. Já leu, ouviu contos? Em quais circunstâncias? 3. Você se lembra de algum conto que marcou um momento de sua vida? Relate. Professor: Espera-se que os alunos lembrem-se de histórias que marcaram a infância: Contos de fadas, assombração. Pela presença de estudantes adultos, é provável que alguns lembrem de causos contados pelos antigos. GÊNEROS TEXTUAIS “São textos que se realizam por uma (ou mais de uma) razão determinada em uma situação comunicativa (um contexto) para promover uma interação específica. Trata-se de unidades definidas por seus conteúdos, suas propriedades funcionais, estilo e composição organizados em razão do objetivo que cumprem na situação comunicativa”. FONTE: NICOLA, José. Língua, literatura & redação. Volume 1. Editora Scipione: São Paulo. 1991. p.71. “Narrar é contar uma história, um caso; é situar acontecimentos e personagens no 21 tempo e no espaço, relatar o que ocorreu ou o que poderia ter ocorrido; é repartir com o outro as histórias de nossa história”. (FRASCOLLA, Anna. Lendo e Interferindo: 7ª série. São Paulo: Moderna, 1999). GÊNERO NARRATIVO Gênero narrativo: “O gênero narrativo é visto como uma variante do gênero épico, enquadrando, neste caso, as narrativas em prosa. Dependendo da estrutura, da forma e da extensão, as principais manifestações narrativas são o romance, a novela, o conto, a crônica e a fábula”. FONTE: NICOLA, José. Língua, literatura & redação. Volume 1. Editora Scipione: São Paulo. 1991. p.73. O CONTO É uma obra de ficção que cria um universo de seres e acontecimentos, de fantasia ou imaginação. O conto apresenta um narrador, personagens, ponto de vista e enredo. Há várias fases do conto.A primeira fase é a oral a qual não é possível precisar o seu início: o conto se origina num tempo em que nem se quer existia a escrita; as histórias eram narradas oralmente ao redor de fogueiras das habitações dos povos primitivos. Por isso o suspense, o fantástico que o caracterizou. A primeira fase escrita iniciou-se com os egípcios, depois a Bíblia com vários episódios com a estrutura do conto. Por volta do século XIX o conto “decola” através da imprensa escrita, toma força e se moderniza. FONTE: http://tp.wikpedia.org/wiki/Conto. Acesso em 16/09 de 2013. O conto também é caracterizado como narrativa curta que procura registrar http://tp.wikpedia.org/wiki/Conto.%20Acesso%20em%2016/09 22 um conflito do qual um número reduzido de personagens participa. Com a introdução muito próxima do desfecho, o conto apresenta uma só unidade de ação, num espaço limitado. Esta ação costuma ter uma intensa carga dramática em um único local. É característica do contista evitar divagações ou descrições exageradas, para narrar apenas o essencial. FONTE: ABAURRE, M. L. PONTARA, M. N. Português – Volume Único. 1. ed. São Paulo: Moderna. 1999. (p. 79). ATIVIDADE Faremos uma atividade para vivenciarmos a experiência da oralidade, que propicia aos ouvintes uma “viagem” na imaginação e no tempo, visto que na atualidade não há a prática da reunião para contação de história. Os alunos pesquisarão causos, faremos uma “roda para contação de causos”. Como todos os alunos são adultos e o período de aula noturno, iremos a uma praça pública da cidade, onde todos poderão contar e ouvir histórias, e assim sentir um pouco dessa prática tão antiga e prazerosa. Professor: Dependendo do número de alunos na turma, a pesquisa poderá ser feita em duplas ou pequenos grupos. O grupo escolhe quem irá contar a história para a turma. Essa atividade pode ser realizada na quadra do pátio da escola. Também é interessante o professor levar causos para aqueles alunos que se intimidarem ou não conhecerem um causo. 23 Finalizando este momento de apresentação do gênero conto, iniciaremos as atividades com os textos escolhidos. PRIMEIRO TEXTO “O RETRATO” (Artur Azevedo) LEVANTAMENTO DAS HIPÓTESES a) O que sugere o título? b) Sobre o que você imagina que irá ler no texto? VAMOS LER UMA PARTE DO TEXTO (Até o 7° parágrafo) O meu querido amigo Emílio Rouède, que há dias faleceu, foi um homem espirituoso, que forneceria matéria para muitos contos ligeiros. Em vez de inventar uma anedota, vou contar-vos uma historieta em que ele figurou, e que tem, por conseguinte, o mérito de ser autêntica. A coisa passou-se há um quarto de século pouco mais ou menos. Emílio Rouède tinha se casado havia poucos meses, e estava estabelecido com fotografia na Rua dos Ourives, numa casa que foi demolida quando se tratou de construir a Avenida Central. Um dia Mme. Rouède, que era uma linda senhora, saiu sozinha à rua, e foi acompanhada por um impertinente que, vendo-a sorrir, supôs que ela sorrisse não dele mas para ele. Ela entendeu que o mais prudente era voltar para casa, e assim fez; o conquistador, porém, continuou a segui-la imperturbavelmente. Chegando à porta da casa, a moça olhou para trás, a fim de verificar se 24 continuava a perseguição, e esse movimento animou o homenzinho, ao que parece: quando ela entrou, ele entrou também; ela subiu a escada, ele também subiu. Emilio Rouède estava no atelier, de blusa, a trabalhar, e, ouvindo os passos de sua esposa, foi esperá-la no topo da escada. FONTE: Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bi000100.pdf. Acesso em: 12/08/2013. a) O que pode ter acontecido com esses personagens? b) Continue o conto usando sua criatividade e imaginação dando um desfecho para essa situação. VAMOS LER O TEXTO NA ÍNTEGRA O sujeito, quando reparou que havia ali um homem, não teve mais tempo de fugir. Mme. Rouède apresentou-o ao marido: - Aqui tens este senhor que me tem acompanhado por toda parte, e entrou comigo. Não sei o que pretende. - Sei eu, acudiu prontamente o fotógrafo. - Pretende tirar o retrato; não pode ser outra coisa. E voltando-se para o desconhecido, perguntou-lhe olhando por cima dos óculos, segundo o seu costume. - Busto ou corpo inteiro? O pobre diabo, que não sabia mais de que freguesia era, gaguejou: - Busto... busto... - Faça favor. E levou uma hora a tirar-lhe o retrato que foi pago, ficando o retratado de ir buscá-lo daí a três ou quatro dias. Este queria apenas meia dúzia, mas Emílio Rouêde convenceu-o de que devia encomendar duas dúzias e meia. Quando o freguês saiu, Emílio Rouède disse à esposa, que ria a bandeiras http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bi000100.pdf 25 despregadas: - Tenho pena de não ser dentista, em vez de fotógrafo! Escusado é dizer que os retratos ficaram na fotografia. FONTE: Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bi000100.pdf. Acesso em: 12/08/2013 a) A conclusão dessa história te surpreendeu? Por quê? b) Quais os termos usados pelo narrador para se referir ao homem que perseguia Mme. Rouêde? c) Qual o sentido dessas palavras nesse contexto? d) O que você achou da atitude do marido em relação ao “sujeito”? e) “-Tenho pena de não ser dentista, em vez de fotógrafo!” Qual a intenção de Emilio Rouêde ao dizer isso? BIOGRAFIA DO AUTOR ARTUR AZEVEDO Artur Azevedo, jornalista e teatrólogo, nasceu em São Luís, MA, em 7 de julho de 1855, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 22 de outubro de 1908. Figurou ao lado do irmão Aluísio de Azevedo, no grupo fundador da Academia Brasileira de Letras, onde criou a Cadeira nº 29, que tem como patrono Martins Pena. Aos oito anos Artur já demonstrava pendor para o teatro, brincando com adaptações de textos de autores como Joaquim Manuel de Macedo, e pouco depois passou a escrever as peças que representava. Ao mesmo tempo lançava as primeiras comédias nos teatros de São Luís. Aos quinze anos escreveu a peça Amor por anexins, que teve grande êxito, com mais de mil representações no século passado. Ao incompatibilizar-se com a administração provincial, concorreu a um concurso aberto, em São Luís, para o preenchimento de vagas de amanuense da Fazenda. Obtida a classificação, transferiu-se para o Rio de Janeiro, no ano de 1873 e obteve emprego no Ministério http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bi000100.pdf 26 da Agricultura. A princípio, dedicou-se também ao magistério, ensinando Português no Colégio Pinheiro. Mas foi no jornalismo que ele pôde desenvolver atividades que o projetaram como um dos maiores contistas e teatrólogos brasileiros. Fundou publicações literárias, como A Gazetinha, Vida Moderna e O Álbum. Colaborou em A Estação, ao lado de Machado de Assis, e no jornal Novidades, onde seus companheiros eram Alcindo Guanabara, Moreira Sampaio, Olavo Bilac e Coelho Neto. Foi um dos grandes defensores da abolição da escravatura, em seus ardorosos artigos de jornal, em cenas de revistas dramáticas e em peças dramáticas, como O Liberato e A família Salazar, esta escrita em colaboração com Urbano Duarte, proibida pela censura imperial e publicada mais tarde em volume, com o título de O escravocrata. Escreveu mais de quatro mil artigos sobre eventos artísticos, principalmente sobre teatro, nas seções que manteve, sucessivamente, em O País ("A Palestra"), no Diário de Notícias ("De Palanque"), em A Notícia (o folhetim "O Teatro"). Multiplicava-se em pseudônimos: Elói o herói, Gavroche, Petrônio, Cosimo, Juvenal, Dorante, Frivolino, Batista o trocista, e outros. A partir de 1879 dirigiu, com Lopes Cardoso, a Revista do Teatro. Por cerca de três décadas sustentou a campanha vitoriosa para a construção do Teatro Municipal,a cuja inauguração não pôde assistir. Embora escrevendo contos desde 1871, só em 1889 animou-se a reunir alguns deles no volume Contos possíveis, dedicado a Machado de Assis, seu companheiro na secretaria da Viação e um de seus mais severos críticos. Em 1894, publicou o segundo livro de histórias curtas, Contos fora de moda, e mais dois volumes, Contos cariocas e Vida alheia, constituídos de histórias deixadas por Artur de Azevedo nos vários jornais em que colaborara. No conto e no teatro, Artur Azevedo foi um descobridor do cotidiano da vida carioca e observador dos hábitos da capital. Os namoros, as infidelidades conjugais, as relações de família ou de amizade, as cerimônias festivas ou fúnebres, tudo o que se passava nas ruas ou nas casas forneceu assunto para as histórias. No teatro foi o continuador de Martins Pena e de França Júnior. Nelas teremos sempre um documentário sobre a evolução da então capital brasileira. Teve em vida cerca de uma centena de peças de vários gêneros e mais trinta traduções e adaptações livres de peças francesas encenadas em palcos nacionais e portugueses. 27 Outra atividade a que se dedicou foi a poesia. É um poeta lírico, sentimental, e seus sonetos estão perfeitamente dentro da tradição amorosa dos sonetos brasileiros. FONTE: http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=259&sid=281 ESTUDO DO VACUBULÁRIO Grife no texto todas as palavras desconhecidas e procure no dicionário os significados. ELEMENTOS DA NARRATIVA 1. Narrador: Quem conta a história. Atenção: Não confunda o narrador com o autor da história. O autor é um escritor, com uma biografia civil, um ser humano como qualquer outro de nós, cujo ofício é contar histórias. O narrador é o contador de histórias. 2. Foco narrativo: O narrador pode optar pela primeira pessoa (nesse caso é uma personagem que participa da narrativa ou a personagem central, que conta sua própria história) ou pela terceira pessoa (alguém que observa os fatos e está fora da história). 3. Enredo: É o conjunto encadeado de fatos, organizado de acordo com a vontade do escritor. Todo enredo supõe um conflito. 4. Personagens: São seres ficcionais que vivem os fatos. Lembre-se: qualquer tipo de ser – gente, bicho, criaturas inanimadas – pode ser personagem de uma narrativa. 5. Espaço: É o lugar onde acontecem os fatos narrados. Em algumas narrativas o espaço não é mencionado, pois não tem importância fundamental. Em outros casos, o espaço é muito importante e o escritor dedica a ele extensos trechos da obra. 6. Tempo: É o momento em que ocorrem os fatos narrados. O tempo pode ser http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=259&sid=281 28 cronológico ou psicológico. 7. Clímax: É o momento de tensão máxima da história, o momento decisivo. FONTE: Faraco e Moura - Língua e Literatura. 19. ed. Volume 1 – 2° grau. Ática: São Paulo. 2006 p. 150. a) Quem são as personagens participantes desse conto? b) Descreva cada um dos personagens. c) Em quais lugares os fatos acontecem? d) Quais são as marcas de tempo encontradas no texto? Anote-as. FOCO NARRATIVO 1) Primeira pessoa: O narrador é uma personagem secundária ou o personagem central contando sua própria história. 2) Terceira pessoa: O narrador observa as ações das personagens, acompanha-as, penetrando ou não no mundo interior das mesmas. Quando o narrador conhece tudo sobre a personagem, inclusive emoções e pensamentos, ele é chamado de narrador onisciente. FONTE: Faraco e Moura - Língua e Literatura. 19. ed. Volume 1 – 2° grau. Ática: São Paulo. 2006 p. 148. a) Em “O Retrato” o narrador é ativo, participante ou um observador que conta algo ocorrido com outros? E que diferença isso faz na interpretação do texto? b) Copie do texto um trecho que indique a presença do narrador. 29 Analisando o conto “O Retrato”, encontre os seguintes elementos e escreva-os: Situação inicial Ruptura da situação inicial Conflito Clímax Desfecho DISCURSOS É a maneira como o narrador dá informações ao seu leitor. Existem três tipos de discurso à disposição de um narrador e é muito frequente encontrarmos mais de um deles utilizados em um mesmo texto. Vejamos os tipos de diálogos: 1. Direto: Quando temos, em um texto, a apresentação da própria fala das personagens. Isso ocorre sempre que encontramos, em um texto, a transcrição de um diálogo (marcada formalmente pelo uso de aspas ou travessões). 2. Indireto: Neste caso, em lugar de a fala das personagens ser apresentada tal qual ocorreu em um diálogo, o narrador assume a responsabilidade de produzi-la. 3. Indireto livre: O que ocorre, neste caso, é que o narrador insere falas/pensamentos da personagem em meio à sua própria fala, causando uma certa confusão em relação a quem seria responsável pelo que foi dito (ele ou a personagem). FONTE: ABAURRE, M. L. PONTARA, M. N. Português – Volume Único. 1. ed. São Paulo: Moderna. 1999. (p. 229 e 230). a) Retire do texto “O Retrato” dois trechos que apresentem discurso direto. b) Retire do texto dois trechos que apresentem discurso indireto. 30 c) Tente descrever cada personagem observando a fala de cada um. d) Qual a importância desses discursos na constituição da história? Nesse texto notamos a presença de quatro vozes ou 4 discursos: a do narrador, Emilio Rouêde, Mme Rouêde e a do “sujeito”. Diante disso, a proposta é identificar quem fala nos seguintes trechos: 1) – Busto ou corpo inteiro? 2) – Aqui tens este senhor que me tem acompanhado por toda parte, e entrou consigo. Não sei o que pretende. 3) – Tenho pena de não ser dentista, em vez de fotógrafo! 4) – O sujeito, quando reparou que havia ali um homem, não teve mais tempo de fugir. 5) – Busto... busto... 6) Ela entendeu que o mais prudente era voltar para casa, e assim fez; 7) – Faça favor. ESTRATÉGIAS DE LEIRUTA (TEXTO: O RETRATO) Escreva no quadro o título do conto para levantamento de hipóteses. Na sequência, entregar para cada aluno uma cópia do fragmento do texto até o 7° parágrafo. A primeira leitura será silenciosa, seguida de uma leitura oral pelo professor. Peça para que os alunos escrevam um desfecho para o texto. Em seguida cada aluno lê sua produção para toda turma. Entregar aos alunos o final do texto original, fazer a leitura do texto completo comparando-o com os desfechos produzidos. Chamar atenção para a época em que o texto foi produzido e a presença de vocabulários desconhecidos ou em desuso. Comentar a biografia do autor. Explicar os elementos da narrativa e os tipos de discurso fazendo inferências no texto através dos questionamentos e exercícios. 31 Professor: Esta atividade será desenvolvida com o texto fragmentado para depois utilizar o texto na íntegra. Sugestão: Os questionamentos poderão ser feitos oralmente e as questões de vocabulário e linguagem escritas. SEGUNDO TEXTO “UMA VELA PARA DARIO” (Dalton Trevisan) Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo. Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque. Ele reclinou-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou feio e bolhas de espuma surgiram no canto da boca. Cada pessoaque chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram despertadas e de pijama acudiram à janela. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o 32 guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado. A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo. Um grupo o arrastou para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protestou o motorista: quem pagaria a corrida? Concordaram chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado à parede – não tinha os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata. Alguém informou da farmácia na outra rua. Não carregaram Dario além da esquina; a farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, muito pesado. Foi largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse um gesto para espantá-las. Ocupado o café próximo pelas pessoas que vieram apreciar o incidente e, agora, comendo e bebendo, gozavam as delícias da noite. Dario ficou torto como o deixaram, no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso. Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome, idade; sinal de nascença. O endereço na carteira era de outra cidade. Registrou-se correria de mais de duzentos curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro investiu a multidão. Várias pessoas tropeçaram no corpo de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes. O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo — os bolsos vazios. Restava a aliança de ouro na mão esquerda, que ele próprio – quando vivo – só podia destacar umedecida com sabonete. Ficou decidido que o caso era com o rabecão. A última boca repetiu — Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar. Dario levara duas horas para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto. Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem a boca, onde a espuma tinha desaparecido. Apenas um homem morto e a multidão se espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos. Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela 33 chuva. Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas depois, lá estava Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha queimado até a metade e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a cair. (TREVISAN, 1979) FONTE: Livro: Vinte contos menores. Ed. Record. Rio de Janeiro. 1979 (pg. 20) LEVANTAMENTO DE HIPÓTESES a) O que esse título sugere? b) Para você, o que uma vela representa? c) Sobre o que você acha que o texto irá tratar? d) Quem você acha que é Dario? VAMOS LER O TEXTO a) Esse conto chama a atenção do leitor? b) O conto é interessante? Por quê? c) Quais características do texto confirmam tratar-se de um conto? d) Quem é o autor desse conto? Já ouviu falar sobre ele? BIOGRAFIA DE DALTON TREVISAN Dalton Trevisan nasceu em Curitiba em 14 de junho de 1925. Entrou na literatura em 1945, quando ainda cursava Direito na Faculdade de Direito da Paraná. Produz contos curtos,com linguagem concisa. Seu estilo é direto e ágil e suas narrativas apresentam os dramas de pessoas que se movem entre as expectativas 34 de felicidade e realização que aprenderam a alimentar a realidade crua e desumana. As relações humanas que apresenta comprovam que a realidade é degradada e cruel: as pessoas se maltratam e se ferem em vez de manterem vínculos de carinho e respeito. Algumas de suas obras: Cemitério dos elefantes; O vampiro de Curitiba; Desastres do amor; Mistérios de Curitiba; Em busca de Curitiba Perdida, etc. FONTE: revistaescola.abril.com.br (acesso em 24/09/2013) ELEMENTOS DA NARRATIVA a) Qual o fato principal da história? b) Pelas informações do texto, descreva o personagem Dario. c) Quem são os demais personagens do texto? Como você os descreveria? d) Onde ocorreram os fatos narrados? e) Qual o tempo aproximado da duração dos fatos narrados na história? f) Qual o momento mais tenso do texto? g) Que tipo de narrador temos nesse conto? Copie um trecho do texto que comprove sua resposta. h) Que tipo de discurso predomina no texto? E o que isso significa para a interpretação do texto? i) Compare a estrutura desse conto com a do conto “O Retrato”. ANALISANDO O TEXTO a) Observamos no conto que somente o personagem Dario tem nome, os outros não; tampouco a cidade tem nome. Ou seja, as informações contidas no texto são imprecisas. Qual a sua opinião sobre isso? Essa falta de informação foi proposital pelo autor? Por que você acha isso? O que nos revela essa imprecisão de informações? 35 b) No decorrer da história os pertences de Dario vão desaparecendo, ele foi pisoteado e não lhe prestaram socorro. Essas atitudes das personagens ocorrem só na ficção? Comente. c) Que características você atribuiria pra as pessoas que roubaram os objetos pessoais de Dario? d) Quais atitudes as pessoas deveriam ter com Dario? e) Como você explica o fato de que um menino negro e descalço veio com uma vela e acendeu ao lado do cadáver? f) No texto há um outro momento em que alguém pratica um ato de solidariedade com Dario. Identifique e copie esse trecho. g) Em que parágrafo é mais marcante o contraste entre o sofrimento de Dario e o bem estar das pessoas? ATIVIDADE Faremos uma atividade para representar o conto “Uma vela para Dario”. Dividam-se em grupos. Conversem e escolham um ponto do conto que tenha sido mais marcante para vocês. Usem a criatividade e escolham uma maneira para representar o conto e expor para o grande grupo. ESTRATÉGIAS DE LEITURA (TEXTO: UMA VELA PARA DARIO) Entregar para cada aluno uma cópia do texto. Antes de leitura fazer o levantamento de hipóteses oralmente a partir do título. A primeira leitura será silenciosa, seguida de uma leitura oral feita pelo professor. 36 Fazer o questionamento e comentar a biografia do autor após a leitura. As questões referentes aos elementos da narrativa e análise do texto serão respondidas no caderno e discutidas na sequência. Para a realização da atividade final, os alunos se dividirão em grupos, conversarão e escolherão um ponto do texto para ser representado. Essa representação poderá ser uma dramatização, pintura de tela, desenho, leitura dramática, ou outra forma a critério dos alunos, mas previamente combinada com o professor. “UMA IMAGEM VALE MAIS QUE MIL PALAVRAS” Como discutimos no início de nosso trabalho, fazemos leitura a todo momento, em diversas situações. A leitura vai muito além das palavras. De acordo com Paulo Freire: “a criança lê uma imagem antes mesmo de falar”. Uma das mais antigas formas de relação do homem com o mundo é a imagem. É um ato natural de todo ser humano. A história da humanidade era transmitida através de imagens. O homem primitivo registrava seu cotidiano nas paredes das cavernas; era a forma de registrar algo para um grupo ou para o futuro. É uma forma de comunicação, de expressão. Toda imagem tem uma mensagem. Está presente no cinema, televisão, fotografia, vídeo, outdoor, esculturas, telas, enfim, inúmeras formas. A leitura de uma imagem é silenciosa, imóvel, propicia a leitura de contemplação e percepção. Segundo o dicionário, contemplar é: Observar; mirar;ver; meditar; agraciar; premiar. FONTE: BUENO, Silveira. Mini dicionário da língua portuguesa. São Paulo: FTD, 2000. 37 Contemplar é um ler. “Embora toda imagem incorpore uma maneira de ver, nossa percepção ou apreciação de uma imagem depende também de nosso próprio modo de ver”. FONTE: BERGER, John. Modos de ver/ John Berger; tradução de Lucia Olinto. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. Artemídia. QUESTIONAMENTO a) O que é arte para você? b) Costuma ver, admirar, observar imagens? Assistiremos a um dos vídeos da série “Obra Revelada”, com o convidado Carlos Reichenbach, roteirista, diretor de cinema e de fotografia. (FONTE: http://abr.io/obra-revelada) ATIVIDADE Diante do texto exposto e do vídeo assistido faremos uma atividade de leitura de imagens. Cada grupo recebe uma cópia da tela: Observem, analisem a imagem representada na tela. Façam uma leitura de contemplação. Discutam entre os membros do grupo as impressões adquiridas. Apresentem para a turma a leitura sobre a tela que o grupo fez. http://abr.io/obra-revelada 38 Professor: Explique aos alunos a questão da simbologia e leitura de imagens. Comente sobre as diferentes formas de expressão da arte. Que se costuma observar a beleza, materiais do que é feito, o contexto da produção daquela obra. A série “Obra Revelada” é um programa que associa pessoas (comunidades) às obras. Os mesmos apresentam sua impressão sobre uma determinada obra de arte (tela, escultura, construções...). Neste programa que assistiremos, Carlos Reichenbach apresenta uma obra de arte do artista plático Rodolpho Tanamati Neto, obra que retrata a cidade de São Paulo. Apresente para os alunos a atividade. Divida a turma em pequenos grupos e entregue uma imagem para cada um. Cada grupo deverá apresentar a leitura adquirida sobre a tela. Sugestão: Essa atividade pode ser realizada com telas com mesmo tema 39 ou do mesmo artista. Após a contemplação e exposição das sensações diante das telas, dividir a turma em grupos e pedir para que façam uma pesquisa sobre cada artista plástico (vida, obras e técnicas de pintura). Outra atividade também que pode ser feita é discutir com a turma as cores usadas nas telas, os traços de pintura e os temas abordados pelos artistas e o porquê eles acham que eles fizeram representação desses temas. TELAS PARA ATIVIDADE GUIDO VIARO “PAISAGEM” – 1948 Fonte: http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=154&evento=1 http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=154&evento=1 40 ALFREDO ANDERSEN “PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA” FONTE: http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=16&evento=1 GUIDO VIARO “LAVADEIRAS” - 1944 FONTE: http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=156&evento=1 http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=16&evento=1 http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=156&evento=1 41 GUILHERME MATTER “PLANTAÇÃO DE TRIGO” FONTE: http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=161&evento=1 JOHANN MORITZ RUGENDAS “RODA DE CAPOEIRA”- 1835 FONTE: http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=322&evento=1 http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=161&evento=1 http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=322&evento=1 42 LEONARDO DA VINCI “A ÚLTIMA CEIA” - 1495-97 FONTE: http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=75&evento=1 PAUL GARFUNKEL “MERCADO DE PARANAGUÁ” - 1979 FONTE: http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=280&evento=1 http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=75&evento=1 http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=280&evento=1 43 PAUL GARFUNKEL “FESTA DE POLACOS” - 1957 FONTE: http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=298&evento=1 PORTINARI “CAFÉ” - 1935 FONTE: http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=44&evento=1 http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=298&evento=1 http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=44&evento=1 44 TARSILA DO AMARAL “O ABAPORU” - 1928 FONTE: http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=337&evento=1 TARSILA DO AMARAL “O PESCADOR” - 1925 FONTE: http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=339&evento=1 http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=337&evento=1 http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=339&evento=1 45 KURT BOIGER “PAISAGEM” - 1948 FONTE: http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=167&evento=1 http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=167&evento=1 46 REFERÊNCIAS ABAURRE, M. 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