Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Disciplina: Instrumentação em Higiene Ocupacional Aula 3– Instrumentação em Vibração e Frio Autor: Miguel Cabral Professor: Marcílio Lima Você verá por aqui .... ... agentes físico, mais precisamente o frio e a vibração. Os instrumentos utilizados em frio, efeito sobre a saúde pela exposição ao frio, sintomas da exposição, avaliação do ambiente. Veremos também os limites de tolerância ao frio e avaliação da exposição ocupacional ao frio. Por fim estudaremos a vibração, outro agente físico pertinente para formação do Técnico em Segurança do Trabalho. Objetivos Estudar o frio e a vibração, classificados como agente físico; Compreender os conceitos básicos para entendimento dos agentes em estudo.. Para começo de conversa... ... Existem diversas atividades laborais que expõem os empregados aos danos causados pelo frio e expostos a vibração excessiva. Embora praticamente inevitável e algumas vezes até necessária, a vibração pode causar problemas de saúde para quem sofre seus efeitos. Estes problemas podem ir desde a sensação de enjoo, quando se viaja de navio ou avião, até a trepidação incômoda de britadeiras a ar comprimido. No ambiente industrial é frequente a simultaneidade entre ruído e vibrações 1. INSTRUMENTAÇÃO EM FRIO Diversas atividades laborais expõem os trabalhadores aos danos causados pelo frio. Destacamos atividades realizadas em câmaras frigoríficas, trabalhos de embalagem de carnes e demais alimentos, operação portuária, nas quais se manuseiam as cargas congeladas e outros. Figura 1: trabalho em câmara frigorífica Fonte: http://www.negociosdefamilia.com.br/2011/08/uma-boa-noticia-faz-bem- ser-bom-e.html O trabalho em ambientes extremamente frios se constitui num risco potencial à saúde dos trabalhadores, podendo causar desconforto, doenças ocupacionais, acidentes e até mesmo morte, quando o trabalhador fica preso acidentalmente em ambientes frios ou imerso em água gelada. Os trabalhadores devem estar protegidos contra a exposição ao frio de modo que a temperatura central do corpo não caia abaixo de 36°C. As lesões mais graves causadas pelo frio decorrem da perda excessiva de calor do corpo e diminuição da temperatura no centro do corpo, o que chamamos de hipotermia. A hipotermia e outras lesões causadas pelo frio podem ser evitadas se forem adotadas práticas adequadas para o trabalho nesta situação. Roupas de frio, inclusive proteção para a cabeça, luvas mitenes e botas isolantes, devem ser usadas por pessoas expostas ao frio. 2. EFEITOS À SAÚDE PELA EXPOSIÇÃO À FRIO O estresse é um conjunto de reações orgânicas a fatores de ordens diversas (físico, químico, emocional, infeccioso, etc.) capazes de perturbar o equilíbrio do organismo (homeostase). O frio é um dos agentes físicos capazes de causar estresse ao organismo humano. Uma grande diversidade de ocupações pode levar a exposições ocupacionais ao frio, tais como trabalho a céu aberto em regiões frias, trabalho em câmaras frias ou navios frigorificados, trabalho de embalagem e armazenagem de carne, frutas, sorvetes, pesca, mergulho e muitas outras ocupações profissionais. Ulcerações e hipotermia não se constituem problemas muito sérios para os trabalhadores, porém, eles existem e os cuidados devem ser observados. Os fatores que mais contribuem para a hipotermia e as ulcerações causadas pelo frio é a exposição ao vento e à umidade. Condições de saúde podem piorar os efeitos do frio, como alergias, problemas vasculares, fumo, bebidas alcoólicas e utilização de certos medicamentos. A ocorrência de acidentes por queda tem maior probabilidade de acontecer em ambientes frios. A umidade causa efeito prejudicial ao corpo em ambientes frios em razão da perda de calor. A água é 25 a 30 vezes mais condutiva de calor que o ar, significando que o trabalhador em tempo úmido pode perder de 25 a 30 vezes mais calor do corpo do que se tivesse seco. O vento também é um fator importante, que aumenta a suscetibilidade do indivíduo à hipotermia devido à sua capacidade de causar perda de calor por convecção e evaporação. 3. SINTOMAS DA EXPOSIÇÃO As doenças e ferimentos causados pelo frio ocorrem quando a perda de calor do corpo excede a produção do calor. As lesões produzidas pela ação do frio afetam principalmente as extremidades e áreas salientes do corpo, como pés, mãos, face e outras. As principais doenças dermatológicas causadas pelo frio são ulcerações, frostbite, fenômeno de Raynaud, pé de imersão e urticária pelo frio, e enregelamento dos membros. • Ulcerações: ocorrem quando a temperatura do tecido cai abaixo do ponto de congelamento e resulta em danos ao tecido. Os sintomas incluem as mudanças de cor da pele para o branco ou amarelo acinzentado, surgimento de dores e, posteriormente, bolhas. Normalmente, as pessoas acometidas por estas lesões não sentem os efeitos, até que alguém as chame a atenção pela palidez de sua pele. Geralmente, estas ulcerações ocorrem quando o rosto ou as extremidades são expostos ao vento frio. Figura 2: ulcerações causadas pelo frio Fonte: http://www.esportedeaventura.com/blog/dicas/frostbite-ulceracao-pelo-frio/ •Frostbite: corresponde a lesões que atingem predominantemente as extremidades, devido à intensa vasoconstrição periférica e à deposição de microcristais nos tecidos quando a região exposta entra em contato com temperaturas abaixo de - 2°C Figura 3: frostbite Fonte: http://www.esportedeaventura.com/blog/dicas/frostbite-ulceracao-pelo-frio/ •Fenômeno de Raynaud: é um dano causado pelo frio, mas pode estar associado a outras patologias como esclerose sistêmica. O fenômeno de Raynaud também pode ocorrer pela exposição à vibração, em operadores de marteletes pneumáticos, lixadeiras e outros. Figura 4: fenômeno de Raynaud Fonte: http://geriderme.blogspot.com.br/2012/09/doenca-ou-fenomeno-de-raynaud.html •Pé de imersão: ocorre em trabalhadores com os pés expostos à água fria ou ambientes úmidos, sem a proteção adequada, por longos períodos. Figura 5: pé de imersão Fonte: http://vilamulher.terra.com.br/dicas-para-cuidados-com-os-pes-que-voce-nao-pode- ignorar-9-4542203-103439-pfi-robsonfg.php •Hipotermia: em ambientes frios, a temperatura interna do corpo geralmente não cai mais do que 1°C a 2°C abaixo da temperatura normal de 37°C em virtude da facilidade do corpo de se adaptar. No entanto, no frio intenso sem a proteção adequada, o corpo é incapaz de compensar a perda de calor, e sua temperatura interna diminui. A sensação de frio, seguida de dor nas partes expostas do corpo, é o primeiro sinal de estresse pelo frio. Quando a temperatura do corpo cai abaixo de 35°C, ocorrem fortes tremores e isto deve ser considerado como aviso de perigo para os trabalhadores. Situação pior ocorre quando o corpo fica imerso em água fria. Conforme o frio aumenta ou o período de exposição se prolonga, a sensação de frio e dor tende a diminuir por causa da perda de sensibilidade que o frio causa. Em seguida, o trabalhador sente fraqueza muscular e adormecimento. Isto é chamado de hipotermia e normalmente ocorre quando a temperatura central do corpo cai abaixo de 33°C. Outros sintomas de hipotermia incluem a percepção reduzida e pupilas dilatadas. Quando a temperatura do corpo atinge 27°C, o trabalhador entra em coma. A atividade do coração pára ao redor de 20°C e, a cerebral, a 17°C. A vítima de hipotermia deve ser aquecida imediatamente, sendo removida para ambientes quentes ou por meio de cobertores. O reaquecimento em água a 40-42°C é recomendado em casos onde a hipotermia ocorre após o corpo ter sido imerso em água fria 4. .AVALIAÇÃO AMBIENTAL A gravidade da exposição ocupacional ao frio deve levar em consideração a temperatura do ar e a velocidade do vento e da atividadefísica. A velocidade do ar proporciona um agravamento significativo na exposição a baixas temperaturas (Tabela 3). A combinação entre a velocidade do ar e a temperatura de bulbo seco é denominada de temperatura equivalente. Quanto maior for a velocidade do vento e menor a temperatura do local de trabalho, maior deverá ser o isolamento da roupa protetora, e menor o tempo no qual o trabalhador pode ficar exposto. A temperatura do ar é medida com um termômetro de bulbo seco comum em graus célsius com graduação negativa suficiente para a temperatura utilizada (preferencialmente -50°C). A velocidade do vento deve ser medida por meio de anemômetros, que devem medir na escala de quilômetro por hora (km/h). Os exemplos a seguir demonstram uma forma prática de verificar a velocidade do vento, sem muita precisão, quando não contamos com um anemômetro: • 8 km/h: movimenta uma bandeirola; • 16 km/h: a bandeirola fica totalmente estendida; • 24 km/h: levanta uma folha de jornal; • 32 km/h: uma ventania. A atividade física não é fácil de ser medida. É medida pelo calor produzido pelo corpo (taxa metabólica). Existem tabelas que mostram as taxas de metabolismo para uma infinidade de atividades. A produção do calor é medida em quilocalorias (kcal) por hora. O local de trabalho deve ser monitorado da seguinte forma: a) todo local de trabalho com temperatura ambiente inferior a 16°C deverá dispor de termômetro adequado para permitir total cumprimento dos limites estabelecidos; b) sempre que a temperatura do ar no local de trabalho cair abaixo de -1°C a temperatura deve ser medida e registrada a cada quatro horas; c) sempre que a velocidade do vento exceder a 2 m/s em ambientes fechados, deve ser medida e registrada a cada quatro horas; d) em situações de trabalho a céu aberto, a velocidade do vento deve ser medida e registrada juntamente à temperatura do ar quando esta for inferior a - 1°C; e) em todas as situações que forem necessárias, a medição de movimentação do ar e a temperatura equivalente de resfriamento (TER) devem ser obtidas por meio da Tabela 3, e registrada com outros dados sempre que a resultante for inferior a -7°C Tabela 1: Poder de resfriamento do vento sobre o corpo exposto, expresso como temperatura equivalente. 5. LIMITES DE TOLERÂNCIA Os limites de tolerância aqui citados são propostos pela ACGIH, Threshold Limit Values (TLVs), de 1999, com o sentido de proteger os trabalhadores dos efeitos da exposição ocupacional ao frio e definir parâmetros para esta exposição, sob os quais a maioria dos trabalhadores possa estar protegida dos efeitos adversos à saúde. 1- Para trabalhos de precisão com as mãos descobertas por períodos superiores à faixa de 10 a 20 minutos em um ambiente com temperatura inferior a 16°C, devem ser adotadas medidas para manter as mãos dos trabalhadores aquecidas. Isto pode ser feito por meio de jatos de ar quente ou placas de contato aquecidas; 2- Em temperaturas inferiores a -1°C, as partes metálicas e de controle manual devem ser cobertas com material isolante térmico; 3- O uso de luvas se faz necessário sempre que a temperatura cair abaixo de 16°C para atividades sedentárias; 4°C para trabalho leve; -7°C para trabalho moderado, quando não for necessária destreza manual; 4- Para temperaturas inferiores a 2°C, é necessário que os trabalhadores que entram em água ou tenham suas vestimentas molhadas por conta da atividade, troquem as mesmas de imediato, além de tomarem-se os cuidados necessários para a não ocorrência de hipotermia; 5- Deve-se utilizar luvas anticontato quando as mãos estão ao alcance de superfícies frias (temperaturas inferiores a -7°C); 6- Se a temperatura for inferior a -17,5°C, as mãos devem ser protegidas com mitenes. O controle de máquinas e ferramentas deve ser projetado para permitir sua manipulação sem necessidade de remover os mitenes; 7- Quando o trabalho é realizado em ambientes com temperaturas abaixo de 4°C, deve ser fornecida proteção adicional de corpo inteiro. Os trabalhadores devem utilizar roupa protetora adequada para o nível de frio e atividade exercida; 8- Não deve ser permitida a exposição continuada de qualquer parte da pele do trabalhador quando a velocidade e a temperatura resultarem em uma temperatura equivalente de -32°C; 9- Se o trabalho é realizado a temperaturas abaixo de -7°C e o ambiente externo também apresenta baixas temperaturas, é necessária a disponibilização de microambientes aquecidos, como sala de repouso, cabines, barracas ou outros para a recuperação térmica destes trabalhadores. Os trabalhadores devem ser incentivados para a utilização destes locais a intervalos regulares, com a frequência variando conforme a temperatura de exposição ocupacional. O começo de tremores, congelamento ou queimaduras por frio, sensação de fadiga excessiva, irritabilidade ou euforia são indicadores que o trabalhador deva retornar ao abrigo. Ao adentrar no abrigo, deve se remover a camada externa da roupa e afrouxar o restante da vestimenta para permitir a evaporação do suor, ou ainda oferecer vestimentas secas quando as mesmas apresentarem umidade. Desidratação ou perda de fluidos do corpo ocorrem sempre nos ambientes frios e podem aumentar a suscetibilidade do trabalhador a danos à saúde causados pelo frio; 10- Dotar os locais de repouso de salas especiais para secagem das vestimentas, sempre que a atividade resultar em encharcamento ou umedecimento das mesmas; 11- Se as roupas disponíveis não forem suficientes para a proteção contra hipotermia ou enregelamento, o trabalho deve ser interrompido até que as roupas sejam providenciadas ou que o ambiente seja melhorado nas suas temperaturas. Tabela 2: Regime de trabalho/descanso 6. AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO FRIO A avaliação da exposição dos trabalhadores ao frio deve considerar três fatores principais: • Temperatura do ar – Que é medida em graus Celsius com um termômetro de bulbo seco comum, com graduação negativa até – 50°C (preferencialmente); Figura 6: termômetro de bulbo seco comum com escala negativa Fonte: http://refrigere.no.comunidades.net/index.php?pagina=1682701894 • Velocidade do vento – Deve ser medida através de um anemômetro na escala de quilômetros por hora (km/h); Figura 7: anemômetro Fonte: http://www.kuantokusta.pt/4/112820/Termometro-com-anemometro-st618 • Atividade física – A atividade realizada pelo trabalhador é medida pelo calor produzido pelo corpo (taxa metabólica) em quilocalorias por hora (kcal/h). Existem tabelas que mostram o gasto calórico para várias atividades. Quanto menor for a temperatura no local de trabalho e maior a velocidade do vento, maior deve ser o isolamento da roupa de proteção e menor o tempo de exposição do trabalhador ao frio. 7. RECOMENDAÇÕES a) Evitar o trabalho solitário em ambientes frios. O trabalhador deve estar em constante observação ou trabalhar em duplas; b) evitar sobrecarga de trabalho de forma a evitar sudorese intensa que possa causar umedecimento da vestimenta. Quando da realização de trabalho intenso, devem-se adotar períodos de descanso em abrigos aquecidos, com troca por vestimenta seca, sempre que necessário; c) devem ser oferecidas bebidas doces e sopas quentes no ambiente de trabalho para aumentar as calorias e o volume de líquidos. O café deve ser limitado devido ao seu efeito diurético e sobre a circulação sanguínea; d) quando o trabalho a ser realizado for leve e a roupa puder ficar molhada com o trabalho realizado, a parte externa desta roupa deve ser de material impermeável; e) quando o trabalho é intenso, a parte externa da roupa deve ser de material repelente a água, devendo ser trocada sempre que se molhe. A parte externa da roupa deve permitir evaporação de forma a diminuir a umidificação causada pelasudorese; f) quando o trabalho é realizado em ambientes frios e com temperaturas normais ou quentes, antes de adentrar ao ambiente frio o trabalhador deve se certificar de que sua roupa não esteja molhada. Se estiver úmida ou molhada deverá ser trocada por uma seca; g) os trabalhadores deverão trocar de meia ou palmilhas removíveis sempre que as mesmas estiverem umedecidas; i) se as roupas oferecidas aos trabalhadores não forem suficientes para prevenir a hipotermia ou enregelamento, o trabalho deve ser modificado ou interrompido até que roupas adequadas sejam providenciadas; j) evitar o umedecimento de partes do corpo ou vestimentas com gasolina, álcool e outros solventes devido ao risco adicional de danos pelo frio em extremidades; k) não exigir trabalho integral de recém-contratados em ambientes frios. Isto deve ser feito aos poucos até que haja a ambientação com as condições de trabalho e das vestimentas; l) o local de trabalho deve ser planejado de forma que o trabalhador não passe longos períodos parados. Local frio não pode ser utilizado como área de repouso. Não deve existir no ambiente assentos metálicos de cadeiras desprotegidos; m) antes de assumir os seus postos de trabalho, todos devem ser treinados nos procedimentos de segurança e saúde no trabalho, incluindo o seguinte programa: 1- procedimento adequado de reaquecimento e tratamento de primeiros socorros; 2- uso adequado de vestimentas; 3- hábitos adequados de alimentação e ingestão de líquidos; 4- reconhecimento de iminente enregelamento; 5- reconhecimento e sinais de hipotermia iminente ou resfriamento excessivo do corpo; 6- práticas de trabalho seguro; n) trabalhadores em tratamento médico ou tomando medicação que possa interferir na regulação da temperatura do centro do corpo devem ser excluídos do trabalho exposto ao frio a temperaturas abaixo de -1°C; o) trabalhos rotineiros a temperaturas inferiores a -24°C com velocidade do vento menor que 8 km/h ou temperaturas inferiores a -18°C e velocidade do vento superior a 8 km/h, devem ser realizados por trabalhadores com recomendação médica que os declare aptos para tais exposições; p) deve sofrer redução dos limites de exposição ocupacional ao frio quando os trabalhadores estão expostos à vibração ou a substâncias tóxicas; q) os túneis de congelamento só podem ter o sistema de ventilação ligados quando não tiver a presença de trabalhadores no local; r) as portas de câmaras frigorificadas ou outras dependências refrigeradas onde haja trabalhadores operando devem ser dotadas de sistema que permita a abertura das portas internamente, caso os trabalhadores ficarem involuntariamente presos; s) pessoas idosas, que tenham problemas circulatórios ou sejam alcoólatras, devem ser excluídas no exame médico admissional para trabalhos em ambientes extremamente frios; t) roupas de proteção: são necessárias para a execução de trabalho realizado a uma temperatura de 4°C ou abaixo. As vestimentas devem ser selecionadas de acordo com a intensidade do frio, o tipo de atividade e o plano de trabalho. Devem ser usadas roupas compostas de camadas múltiplas, o que proporciona maior proteção que o uso de uma única peça grossa. A camada de ar existente na roupa fornece isolamento maior do que ela própria. Em condições extremamente frias, nas quais usa-se proteção para a face, a proteção dos olhos deve estar separada dos canais de respiração (nariz e boca), de maneira a evitar que a umidade exalada embace os óculos. Para o trabalho realizado em condições úmidas, a camada externa da roupa deve ser a repelente à água. Se a área de trabalho não puder ser protegida contra o vento, deve-se usar uma roupa de couro ou de lã grossa facilmente removível. Em condições extremamente frias, devem ser fornecidas vestimentas de proteção aquecidas. As roupas devem ser conservadas secas e limpas, visto que a sujeira enche as células de ar nas fibras das roupas, destruindo a sua capacidade de circulação do ar. Enquanto o trabalhador estiver descansando em uma área aquecida, a perspiração deve ser feita abrindo-se os fechos do pescoço, cintura, mangas e tornozelo. Se não for necessária destreza manual, devem ser usadas luvas em temperaturas abaixo de 4°C para a realização de trabalho leve, e em temperaturas abaixo de -7°C para a realização de trabalho moderado. Para trabalho realizado em temperaturas abaixo de -17°C, devem-se usar mitenes. 8. INSTRUMENTAÇÃO EM VIBRAÇÃO Vibração é o movimento periódico, ou aleatório, de um elemento estrutural ou peça de uma máquina. É um movimento repetitivo a partir de uma posição de repouso. Embora praticamente inevitável e algumas vezes até necessária, ela pode causar problemas de saúde para quem sofre seus efeitos. Estes problemas podem ir desde a sensação de enjôo, quando se viaja de navio ou avião, até a trepidação incômoda de britadeiras a ar comprimido. No ambiente industrial é freqüente a simultaneidade entre ruído e vibrações. No entanto, os efeitos que estes dois agentes podem causar aos trabalhadores são diferentes: ruído desenvolve a sua ação fundamentalmente em relação a um órgão, a orelha. as vibrações afetam zonas mais extensas do corpo, inclusivamente órgãos internos como o cérebro, o fígado e o coração. Na realidade, as vibrações transmitem-se ao organismo segundo três eixos espaciais (x, y, z), com características físicas diferentes, e cujo efeito combinado é igual ao somatório dos efeitos parciais, tendo ainda em conta as partes do corpo a elas sujeitas. Um corpo está em vibração quando descreve um movimento oscilatório em torno de um ponto fixo. O número de vezes em que o ciclo completo do movimento se repete durante o período de um segundo é chamado de freqüência e, é medido em ciclos por segundo ou Hertz [Hz]. Ao contrário de outros agentes, onde o trabalhador é sujeito passivo, expondo-se aos riscos, no caso das vibrações, deve haver, caracteristicamente, o contato entre o trabalhador e o equipamento ou máquina que transmita a vibração. A vibração consiste em movimento inerente aos corpos dotados de massa e elasticidade. O corpo humano possui uma vibração natural. Se uma freqüência externa coincide com a freqüência natural do sistema, ocorre a ressonância, que implica em amplificação do movimento. A energia vibratória é absorvida pelo corpo, como conseqüência da atenuação promovida pelos tecidos e órgãos. O corpo humano possui diferentes freqüências de ressonância. O corpo humano reage às vibrações de formas diferentes. A sensibilidade às vibrações longitudinais (ao longo do eixo z, da coluna vertebral) é distinta da sensibilidade transversal (eixos x ou y, ao longo dos braços ou através do tórax). Em cada direção, a sensibilidade também varia com a frequência, eis que, para determinada frequência, a aceleração tolerável é diferente daquela em outra frequência. No campo tecnológico, as aplicações de vibrações na engenharia são de grande importância nos tempos atuais. Projetos de máquinas, fundações, estruturas, motores, turbinas, sistemas de controle e outros, exigem que questões relacionadas a vibrações sejam levadas em conta. A vibração pode ser utilizada com proveito em várias aplicações industriais, testes de materiais, processos de usinagem e soldagem. Nas aplicações industriais destacam-se as esteiras transportadoras, as peneiras, os compactadores, os misturadores, as máquinas de lavar, que utilizam a vibração em seu princípio de funcionamento. Em muitos sistemas de engenharia, o ser humano atua como parte integrante do mesmo. A transmissão de vibração para o ser humano resulta em desconforto e perda de eficiência, podendo constituir um risco em potencial para os trabalhadores, uma vez que as vibrações podem desencadear perturbações neurológicas ou musculares, vasculares e lesões ósteo- articulares,no caso das vibrações transmitidas ao sistema mão-braço e patologias na região lombar e lesões da coluna vertebral, para o caso das vibrações transmitidas a todo o organismo. 9. LEGISLAÇÃO PERTINENTE A Portaria nº 3.214/78 do MTE – NR-15 – anexo nº 8: item 1: “As atividades e operações que exponham os trabalhadores, sem a proteção adequada, às vibrações localizadas, ou de corpo inteiro, serão caracterizadas como insalubres, através de perícia realizada no local de trabalho" item 2: "A perícia, visando à comprovação ou não da exposição deve tomar por base os limites de tolerância definidos pela Organização Internacional para a Normalização – ISO em suas normas ISO 2631 e ISO/DIS 5349 ou suas substitutas". •ISO 2631 – vibração transmitida para corpo inteiro (versão mais recente 1999) •ISO 5349 – vibrações localizadas (mãos e braços) A ACGIH faz referências a limites admissíveis para tempo de exposição a vibrações localizadas podendo ser utilizados como critério de avaliação já que a ISO 5349 é muito superficial, isto é, não há um limite estabelecido e sim umas probabilidades de ocorrência de determinadas lesões. Segundo NR-15 a exposição a vibrações acima do LT é considerada insalubre de grau médio, isto é, deve-se conceder ao empregado um adicional de 20% do salário mínimo aos seus proventos. 10. LIMITE DE TOLERÂNCIA A avaliação das vibrações de mãos e braços deve ser realizada com base nos critérios da ISO 5349 de 1986. A mensuração deve ser realizada para cada eixo (x, y e z), por meio da aceleração ponderada, rms, correspondente ao eixo dominante. Tabela 3: limites para exposição da mão em qualquer das direções x,y ou z Duração Total da Exposição Diária: tempo total que a vibração entra na mão por dia, seja continuamente, seja intermitentemente. Aceleração dominante: usualmente, um dos eixos é dominante sobre os demais. Se um ou mais eixos de vibração exceder a exposição total diária, então o LT estará excedido. 11. TIPOS DE VIBRAÇÕES VIBRAÇÃO DE CORPO INTEIRO: é de baixa frequência e alta amplitude, situa-se na faixa de 1 a 80 Hz, mais especificamente 1 a 20 Hz. Estas vibrações são específicas para atividades de transporte e são afetas à norma ISO 2631. São transmitidas ao corpo do trabalhador, na posição sentado, em pé ou deitado; por exemplo, as vibrações a que estão expostas os motoristas de caminhão, operadores de tratores, máquinas agrícolas, etc. VIBRAÇÕES DE EXTREMIDADES: também conhecidas como segmentais, localizadas ou de mãos e braços, são as mais estudadas, situam-se na faixa de 6,3 a 1250 Hz, ocorrendo nos trabalhos com ferramentas manuais e normatizadas pela ISO 5349. Figura 8: vibrações do corpo inteiro Fonte: http://www.vendrame.com.br/novo/artigos/vibracoes_ocupacionais.pdf Na avaliação ocupacional da vibração, vários fatores influenciam na caracterização do risco, entre os quais se destacam: amplitude da vibração, sua frequência, sua direção e o tempo de exposição do trabalhador. 12. .AVALIAÇÃO DAS VIBRAÇÕES. Sendo os fenômenos ruído e vibrações essencialmente semelhantes, os aparelhos para medição são muito parecidos, mudando, apenas, a escala de medição (que poderá indicar aceleração, velocidade ou deslocamento do movimento) e o tipo de transdutor (elemento que transforma o sinal mecânico em elétrico ou vice-versa), substituindo-se o microfone do medidor de pressão sonora por um acelerômetro. A avaliação é QUANTITATIVA, utilizando o Transdutor Piezoelétrico para medição de aceleração absoluta. O Laudo Técnico deve constar com pelo menos: a. o critério adotado; b. o instrumental utilizado; c. a metodologia de avaliação; d. a descrição das condições de trabalho e o tempo de exposição às vibrações; e. o resultado da avaliação quantitativa; f. as medidas para eliminação e/ou neutralização da insalubridade, quando houver. De uma forma geral, a vibração deve ser captada na superfície estrutural que suporta o corpo humano, o mais próximo possível do ponto que atinge a pessoa exposta à vibração. Preferencialmente a vibração deve ser medida nas três direções ortogonais. A vibração pode ser caracterizada pelo deslocamento, velocidade ou aceleração, ou ainda, em decibels; no entanto, a aceleração tem sido extensivamente utilizada como unidade em vibrações. 13. MEDIÇÃO DA VIBRAÇÃO No que diz respeito à vibração de corpo inteiro, a norma ISO 2631 determina que as medições sejam realizadas de acordo com as indicações da Figura 09. Por outro lado, quando se trata de vibrações de extremidade a indicação é feita de acordo com o que é mostrado na Figura 10. Figura 09:direções de medição de vibração do corpo humano,segundo a ISSO 2631 Fonte: http://www.vendrame.com.br/novo/artigos/vibracoes_ocupacionais.pdf Figura 10:direção de medição de vibração da mão,segundo a ISO 5349 Fonte: http://www.vendrame.com.br/novo/artigos/vibracoes_ocupacionais.pdf A medição da vibração é feita por meio de instrumentos ligados a um transdutor de aceleração, denominado de acelerômetro. O acelerômetro é o elemento que capta o movimento vibratório transformando-o em um sinal elétrico proporcional à aceleração. Figura 11:acelerômetro piezoelétrico Fonte: http://portuguese.alibaba.com/product-gs/piezoelectric-accelerometer-model-7100a- 505916866.html Figura 12:montagem dos acelerômetros – a)vibração de corpo inteiro b)vibração de mão e braço Fonte:www.ufpa.br/gva/Arquivos%20PDF/I_WORKSHOP_TUCURUI/Workshop_Tucurui/Palestras/03_P0 1_Vibracoes_e_o_Corpo_Humano_uma_avaliacao_ocupacional.pdf 13.1. EFEITOS DAS VIBRAÇÕES SOBRE O ORGANISMO As vibrações afetam diferentes regiões do organismo, dependendo da aceleração e comprimento de onda. As operações e atividades que geram vibrações podem afetar a saúde do trabalhador, causando diversas doenças: alterações neurovasculares nas mãos, problemas nas articulações das mãos e braços, osteoporose (perda de substância óssea), lesões na coluna vertebral, dores lombares, etc. Por exemplo, o sistema tórax-abdômen é muito sensível nas frequências entre 3 Hz e 6 Hz; o globo ocular, a frequências entre 60 e 90 Hz; as mandíbulas e lábios, a frequências entre 200 e 300 Hz. Em geral, as faixas de interesse vão desde 0,1 a 1.000 Hz e desde 0,1 a 100 m/s2 de aceleração rms. Exposições a vibrações menores que 16 Hz, de alta energia (níveis de 140 dB ou mais), causam, por ação mecânica, um afundamento do tórax, dando a sensação de constrição no peito, e tosse. Freqüências entre 3 Hz e 6 Hz, o efeito pode ser ainda mais acentuado. Experiências com animais, nessa faixa de frequência, não demonstram, oscilações de grande amplitude, para provocar deslocamentos significativos de segmentos corporais, havendo, também, alterações de motricidade da musculatura lisa. Em trabalhos com martelo vibratório, os efeitos localizam-se, principalmente, nos membros superiores: cotovelos, articulações, mãos e dedos. Os problemas provocados pelo martelete podem ser do tipo: •ósteo-articular, tais como a artrose do cotovelo, necrose dos ossos dos dedos, deslocamentos anatômicos, entre outros; •problemas musculares ou agioneurológico, onde encontram-se problemas como a doença de Raynaud (dedos brancos e insensíveis); •problemas nervosos, alterando a sensibilidade táctil. Nos últimos anos, diversos pesquisadores têm reunido dados sobre os efeitos fisiológicos e psicológicos das vibrações, como perda de equilíbrio, falta de concentração e visão turva, diminuindo a acuidade visual. As vibrações podem afetar o conforto, reduzir o rendimento do trabalho e causar desordens das funções fisiológicas, dando lugar ao desenvolvimento de doenças quando a exposição é intensa. 14. MEDIDAS DE CONTROLE 14.1. CONTROLE NA FONTE A primeira providência em relação às vibrações é tentarreduzi-las junto à fonte, e geralmente é eficiente, mas algumas vezes pode não ser exequível ou pode ser uma modificação onerosa. 14..2.CONTROLE NA TRAJETÓRIA(MEIO DE PROPAGAÇÃO) ISOLAR A FONTE: quando não for possível eliminar a fonte, esta pode ser isolada, para que o trabalhador não entre em contato direto com ela. CONTROLE DA TRANSMISSÃO: suprimir meio transmissor; realizar montagens anti-vibratórias: introdução de elementos resilientes, tais como, molas ou apoios em borracha (fibra de vidro ou cortiça) que reduzem a transmissão de energia vibratória; tratamento amortecedor dos elementos estruturais que compõem o percurso de transmissão, de modo a absorver parte da energia vibratória produzida. REDUÇÃO DA AMPLITUDE DAS VIBRAÇÕES 14..3.CONTROLE DA VIBRAÇÃO DO RECEPTOR Se as providências anteriores não forem suficientes, pode-se proteger o trabalhador individual com certos equipamentos, no entanto esta medida é mais usual como reforço as duas anteriores. • ferramentas com características anti-vibratórias; • luvas ainti-vibração: eficientes em vibrações de alta frequência e • botas com solado em material absorvente; • práticas adequadas de trabalho: instruções e procedimentos; • programa de supervisão médica específico (PCMSO); • pausas de 10 minutos a cada hora contínua de exposição. Resumo Se faz necessário o profissional da área de segurança do trabalho ter conhecimento no processo de instrumentação de Higiene ocupacional, logo Através desta aula é adquirido as técnicas de como se avaliar trabalhos que tenham agentes químicos, desde uma análise de risco até sua medição no ambiente ocupacional através de equipamentos específicos. RESUMO Nesta aula verificou-se quais são os efeitos a saúde pela exposição a frio, como são os sintomas deste risco físico, sendo analisado o tipo de avaliação ambiental caracterizando as principais recomendações de trabalho no frio, como também o processo de avaliação ambiental das vibrações, caracterizando os tipos de vibração e os efeitos das mesmas sobre o organismo. Atividade Avaliativa 1- Cite efeito à saúde pela exposição ao frio. 2- Quais os principais sintomas em uma atividade laboral com a presença do risco físico frio? 3- Como ocorre o tipo de avaliação ambiental nos ambientais ocupacionais com frio? 4- Quais as principais recomendações de trabalho no frio? 5- Como ocorre o processo de avaliação ambiental das vibrações? 6- Quais os principais sintomas das vibrações no organismo REFERÊNCIAS ATLAS. Segurança e Medicina do Trabalho, 19a. edição. São Paulo, 1990. Série: Manuais de Legislação, ATLAS, 16, p. 64-8. ARAÚJO, Giovanni Moaraes de. Normas Regulamentadoras Comentadas – Rio de Janeiro, Ed.Autor – Giovanni Moraes, 2005, 1689 p. 5ª edição ISO 2631-3. Mechanical vibration – Evaluation of human exposure to whole- body vibration - Part 3: Evaluation of exposure to whole-body z-axis vertical vibration in the frequency range 0,1 to 0,63 Hz. Segurança e Saúde no Trabalho Portuário, Fundacentro, 1998 Sites com acesso em 12/01/2013: http://www.negociosdefamilia.com.br/2011/08/uma-boa-noticia-faz-bem-ser- bom-e.html Fonte: http://www.esportedeaventura.com/blog/dicas/frostbite-ulceracao-pelo- frio/ Fonte: http://www.esportedeaventura.com/blog/dicas/frostbite-ulceracao-pelo- frio/ Fonte: http://geriderme.blogspot.com.br/2012/09/doenca-ou-fenomeno-de- raynaud.html Fonte: http://vilamulher.terra.com.br/dicas-para-cuidados-com-os-pes-que- voce-nao-pode-ignorar-9-4542203-103439-pfi-robsonfg.php Fonte: http://refrigere.no.comunidades.net/index.php?pagina=1682701894 onte: http://www.kuantokusta.pt/4/112820/Termometro-com-anemometro-st618 Fonte: http://www.vendrame.com.br/novo/artigos/vibracoes_ocupacionais.pdf Fonte: http://www.vendrame.com.br/novo/artigos/vibracoes_ocupacionais.pdf Fonte: http://www.vendrame.com.br/novo/artigos/vibracoes_ocupacionais.pdf Fonte: http://portuguese.alibaba.com/product-gs/piezoelectric-accelerometer- model-7100a-505916866.html Fonte:www.ufpa.br/gva/Arquivos%20PDF/I_WORKSHOP_TUCURUI/Workshop _Tucurui/Palestras/03_P01_Vibracoes_e_o_Corpo_Humano_uma_avaliacao_o cupacional.pdf
Compartilhar