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Leitura Apoio Grandes obras pedem atenção na segurança ao trabalhador

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34 • cipa caderno informativo de prevenção de acidentes • www.cipanet.com.br 
cipa matéria de capa
Grandes obras pedem 
atenção na segurança 
ao trabalhador 
O QUE TORNA UMA OBRA MAIS PERIGOSA É A COMPLEXIDADE DAS ATIVIDADES. 
OBRAS DE CONSTRUÇÃO PESADA TÊM OS MESMOS RISCOS QUE OBRAS DE MENOR 
PORTE, O QUE MUDA É A PROPORÇÃO DO RISCO
Por Sueli doS SantoS | redacao8@cipanet.com.br
fotos diVulGaÇÃo, MaRCoS GRutZMaCHeR e RoGÉRio FRanCo
www.cipanet.com.br • cipa caderno informativo de prevenção de acidentes • 35
cipa matéria de capa
36 • cipa caderno informativo de prevenção de acidentes • www.cipanet.com.br 
Historicamente a área de constru-
ção civil apresenta altos índices de 
acidente de trabalho durante a exe-
cução de uma obra. Nesse contexto, 
a gestão de segurança e saúde é fun-
damental para reduzir e até eliminar 
o número de acidentes. Para alguns, 
quando se pensa em grandes obras, 
as chamadas “obras de arte”, os ris-
cos, que já são grandes, aumentam 
na proporção da sua obra. Os sinais 
de alerta, relacionados ao trabalho, 
ficam por conta da terraplenagem, 
ruído, altura, eletricidade, levanta-
mento e transporte de cargas e de 
pessoal, além da operação de máqui-
nas e equipamentos.
O que torna uma obra mais pe-
rigosa é a complexidade das ativi-
dades, o tamanho das peças a serem 
construídas, transportadas e içadas, 
além das características do meio 
ambiente de trabalho local onde as 
obras são feitas. As obras de grande 
porte são aquelas consideradas de 
infraestrutura, que além de amplas 
dimensões, têm grande utilização 
de máquinas e equipamentos. É o 
que explica Gianfranco Pampalon, 
auditor fiscal do Ministério do Tra-
balho e Emprego/SRTE-SP. Ele ain-
da acrescenta que o diferencial das 
obras de construção pesada em re-
lação às obras de menor porte são a 
grande quantidade de equipamentos 
utilizados, o porte e tamanho destes 
equipamentos, e a necessidade de 
um número de trabalhadores muito 
maior. Obras de montagem indus-
trial, ferrovias, rodovias, usinas hi-
drelétricas e nucleares e pontes, por 
exemplo, que têm vários trabalhos 
sobrepostos e utilização intensa de 
máquinas e equipamentos pesados 
e peças de grande porte, apresentam 
maiores riscos, “mas de forma geral 
todas as obras de construção pesada 
têm vários riscos a serem controla-
dos”, reitera. 
“Conscientização 
dos trabalha- 
dores quanto 
aos riscos é 
fundamental.” 
Luciana Ferreira Leite
Para a engenheira de seguran-
ça do trabalho da Construtora San-
ta Bárbara, Luciana Ferreira Leite, 
os principais riscos de acidentes na 
construção de grandes empreendi-
mentos são queda para as ativida-
des em altura e choque elétrico para 
atividades com eletricidade, além 
de atropelamentos para funções em 
locais com movimentação de máqui-
nas, equipamentos e veículos.
Luísa Tânia Elesbão Rodrigues, 
auditora fiscal do trabalho do MTE-
SRTE/RS, afirma ser possível dizer 
que quanto maior a obra, maiores os 
riscos e, consequentemente, maior 
o número de empresas envolvidas 
“e, portanto, diferentes comandos, 
culturas e formas de atuação”, ra-
ciocina. Por outro lado, acrescenta: 
“se tivermos uma política de plane-
jamento e gestão de SST eficaz, o 
tamanho da obra por si só não im-
plicaria em maiores dificuldades de 
controle dos riscos.”
RiSCoS 
Os envolvidos na construção ci-
vil devem cumprir a NR-18 que tra-
ta das condições de Meio Ambiente 
de Trabalho na Indústria da Cons-
trução. A auditora gaúcha lembra 
que quando foi concebida, a norma 
tinha como foco as construções de 
edificações. “Hoje, na Comissão 
Permanente Nacional (CPN), existe 
essa compreensão e, nesse sentido, 
estamos elaborando itens de normas 
específicas para o segmento de gran-
des obras. Esse estudo já está dispo-
nível e pode ser acessado no site do 
CPN-NR-18: http://www.cpn-nr18.
com.br/”, diz. 
A NR-18 apresenta o mínimo 
exigido por lei para oferecer mais 
segurança aos trabalhadores. Mar-
cos Kodama, gerente corporativo de 
Saúde e Segurança do Trabalho da 
Construtora Camargo Corrêa, lem-
bra que em grandes projetos, as em-
presas costumam superar o exigido 
por ela, como, por exemplo, as áreas 
de vivência. Em relação ao controle 
de riscos, existe mais interação entre 
as áreas de engenharia, planejamento 
e de segurança e saúde no trabalho. 
Kodama lembra que a responsabili-
dade por identificar perigos e riscos 
nos projetos da Camargo Corrêa é de 
todos, sobretudo do Sesmt, CIPA e 
das áreas de produção.
Luciana Ferreira Leite, en-
genheira de segurança do 
trabalho
cipa matéria de capa
38 • cipa caderno informativo de prevenção de acidentes • www.cipanet.com.br 
Pampalon lembra que algumas 
alterações foram feitas na NR-18 
para reduzir os riscos de acidentes. 
“Serão incluídos alguns itens como 
a ampliação do PCMAT que deverá 
conter um Programa de Ações em 
Emergências (PAE) contemplando 
níveis de ação, responsabilidades 
na implantação e operacionalização; 
fluxo de informações e ações, intera-
ção com as comunidades do entorno 
da obra; interação com os demais ór-
gãos como defesa civil, engenharia 
de tráfego, concessionárias de ener-
gia elétrica, gás, entre outros, e a di-
vulgação e treinamento com simula-
ção de emergências, além de projeto 
das instalações elétricas provisórias 
do canteiro atendendo aos dispositi-
vos da NR-10”, elenca.
Além disso, em todas as ativi-
dades da construção pesada devem 
ser adotadas medidas preventivas de 
controle do risco de acidentes e de 
outros riscos adicionais, mediante 
técnicas de análise preliminar de ris-
co, de forma a garantir a segurança e 
a saúde no trabalho. 
Os riscos nas grandes obras são 
os mesmos da construção em ge-
ral, mas ampliados em função das 
dimensões, extensões, distâncias e 
equipamentos utilizados. Para Al-
berto Pereira, da consultoria APS, os 
riscos existem independentemente 
do tamanho da obra. “Pode ocorrer 
um acidente grave em uma obra de 
escavação com apenas cinco traba-
lhadores se todos os riscos não forem 
identificados e se não forem tomadas 
todas as medidas de controle”, afir-
ma. Para ele, o mais importante é ter 
um sistema de gestão que garanta o 
controle e gerencie todas as ativida-
des, pessoas, riscos.
Nesse sentido, ele diz que nas 
grandes corporações, poucas ado-
tam sistema integrado de gestão (se-
gurança, saúde ocupacional, meio 
ambiente e qualidade) nas obras de 
construção civil. “Em algumas, no-
ta-se um “clima” propício de segu-
rança sedimentado e em outras uma 
tímida tentativa, sempre por impo-
sição do cliente ou pelo tipo de con-
trato. É mister lembrar que em obras 
de construção civil, onde na maioria 
das vezes o histograma é curto, di-
ficilmente se consegue implementar 
uma “Cultura de Segurança”, anali-
sa. Ele acrescenta que em uma obra 
o cenário é alterado diariamente. “A 
cada dia temos uma nova situação, 
novos riscos, muito diferente da ro-
tina/produção onde as alterações de 
layout são raras e o planejamento 
das atividades pode ser feito a mé-
dio/longo prazo.”
O auditor fiscal do trabalho em 
São Paulo, Antonio Pereira do Nas-
cimento, diz que uma das grandes 
preocupações é o atendimento do 
cronograma da obra quando está 
atrasada. “Um volume maior de ho-
ras extras, prêmios para atendimen-
to da demanda, trabalhadores sem o 
preparo adequado sendo iniciados 
nos canteiros de obra e com isso 
acidentes de trabalho e doenças ocu-
pacionais acabam surgindo. A falta 
de planejamento é um dos pontos 
principais juntamente com a efetiva 
participação do Sesmt nos projetos 
construtivos da obra”, diz. 
Gianfranco Pampalon, au-
ditor fiscal do trabalho
“O que torna 
uma obra mais 
perigosa é a 
complexidade 
das atividades.” 
Gianfranco Pampalon
“Cronograma 
atrasado é ponto 
de preocupação 
em obra.” 
Antonio Pereira do 
Nascimento
Antonio Pereira do Nasci-
mento, auditor fiscal do 
trabalho 
104 • cipa caderno informativo de prevenção de acidentes • www.cipanet.com.br 
cipa 
vistas à produtividade e diminuiçãode gastos decorrentes da ausência de 
empregados acidentados e de possí-
veis ações regressivas por parte do 
Ministério da Previdência.”
Quanto às dificuldades de garan-
tir maior segurança nos canteiros de 
obras, o engenheiro fala que elas 
se apoiam na resistência de mudar 
a cultura, tanto de empregadores 
quanto de empregados. “Os primei-
ros devem entender a importância 
da prevenção e proteção de sua mão 
de obra e, os segundos, assimilarem 
a necessidade do uso de EPIs e de 
uma maior atenção nas condições 
de trabalho. 
Neste momento, em que o setor 
passa por um forte crescimento e con-
sequente contratação, a falta de expe-
riência é fator preponderante para a 
ocorrência de acidentes. De acordo 
com Ussan, a determinação da NR-
18 para que todo o trabalhador receba 
treinamento admissional de seis ho-
ras antes de iniciar suas atividades em 
uma empresa é fundamental. 
O diretor do Sindicato dos Tra-
balhadores na Indústria da Constru-
ção Civil de São Paulo (Sintracon), 
João Rodrigues de Araújo, reforça 
que este é um dos principais fatores 
para o crescimento do número de 
acidentes, pois as contratações, tanto 
na área de execução da obra quanto 
na de administração, ocorrem sem 
o mínimo conhecimento sobre SST. 
“São pessoas vindas de outros seto-
res e desconhecem os problemas dos 
canteiros. Os treinamentos têm se 
resumido a palestras de integração 
com foco maior no aspecto social e 
nas normas da empresa.” 
Para o diretor do Sintracon, ainda 
falta maior empenho do empresaria-
do em ações direcionadas à segu-
rança. Reconhece que há empresas 
comprometidas, mais ainda é um 
grupo pequeno, que calcula girar em 
torno de 2%, num universo de mais 
de 11 mil empresas.
Araújo considera essencial o 
Estado agilizar as fiscalizações 
para punir o mau empregador. Por 
sua vez, os trabalhadores precisam 
entender que a segurança é a parte 
mais importante a ser observada no 
ambiente de trabalho.
Já o auditor fiscal do trabalho da 
Superintendência Regional do Tra-
balho e Emprego do Estado de São 
Paulo (SRTE-SP) e coordenador do 
Programa Estadual da Construção 
de São Paulo, Antonio Pereira do 
Nascimento, vê como extremamente 
preocupante os últimos números re-
ferentes aos acidentes de trabalho na 
indústria da construção, pois acre-
ditava que com a evolução do seg-
mento e do envolvimento dos vários 
atores sociais no processo, a quanti-
dade não seria tão alarmante, apesar 
do crescimento do mercado.
As causas, em sua opinião, estão 
relacionadas ao maior número de 
obras, aos prazos curtos de entre-
ga, à falta de planejamento e ao não 
comprometimento com os aspectos 
básicos de segurança e saúde. 
Mas também confirma que há 
empresas, em vários segmentos da 
construção, realizando bons traba-
lhos em favor da segurança e saú-
de do trabalhador, contudo, não é 
a realidade do mercado de forma 
geral. Algo constatado nas fiscali-
zações. No Estado de São Paulo, 
elas têm se concentrado nos pontos 
João Rodrigues de Araújo, 
diretor do Sintracon-SP
 construção civil 
... os 
trabalhadores 
precisam 
entender que 
a segurança é 
a parte mais 
importante a 
ser observada 
no ambiente de 
trabalho.
Antonio Pereira do Nasci-
mento, auditor fiscal do 
trabalho da SRTE-SP
Layout_CIPA_372.indd 104 27/10/10 15:46
cipa matéria de capa
40 • cipa caderno informativo de prevenção de acidentes • www.cipanet.com.br 
GeStÃo
Para a coordenadora do curso de 
graduação em Engenharia de Produ-
ção Mecânica da Universidade Fede-
ral da Paraíba, professora Maria Ber-
nadete Fernandes Vieira de Melo, a 
Segurança e Saúde no Trabalho no 
setor de construção ainda se carac-
teriza como um dos setores de ati-
vidades mais críticos e com grandes 
problemas de acidentes de trabalho 
e doenças ocupacionais que geram 
perdas sociais e econômicas. “As 
elevadas cifras anuais de acidentes 
de trabalho, envolvendo os fatais e 
as doenças ocupacionais, impõem 
uma reflexão: esse chocante panora-
ma de segurança e saúde no trabalho 
é incompatível com as expectativas 
da globalização e do desenvolvimen-
to sustentável”, analisa.
Para ela, na concepção da maio-
ria dos responsáveis pelos proces-
sos produtivos, principalmente na 
indústria da construção, os proble-
mas de saúde são ocasionados pelo 
próprio trabalhador que descuida 
das normas de segurança. “Tal con-
cepção se baseia em responsabili-
zar o elo mais fraco, esquecendo os 
aspectos estruturais do processo de 
trabalho e de seus efeitos sobre o 
ser humano, a coletividade e o meio 
ambiente”, analisa.
Luísa Tânia, auditora fiscal do 
trabalho, diz que um dos desafios 
encontrados nos canteiros é a imple-
mentação de uma gestão eficaz das 
questões relacionadas à segurança 
no trabalho. Para ela, esse assunto 
deveria estar inserido no cronograma 
físico-financeiro da obra e não ape-
nas no planejamento do empreendi-
mento. “O que se vê com frequência 
é a falta de planejamento ou previsão 
do modo seguro de executar o ser-
viço ou etapa da obra”, afirma. Se-
gundo ela, pensar em gestão eficaz 
é contemplar aspectos como a diver-
sidade de serviços em execução de 
forma concomitante e por diversas 
empresas.
Hamilton Veiga, engenheiro de 
segurança da JMalucelli, constru-
tora especializada em construção 
pesada, especialmente hidrelétri-
cas, destaca que o setor de cons-
trução pesada realmente tem riscos 
maiores com uma extensa gama de 
possibilidades de acidentes, mas 
também é preciso levar em conta o 
fator humano. “É no fator humano 
que estão problemas de grau de ins-
trução, fator emocional, resistência 
ao uso de EPIs, desajustes de com-
portamento social etc.”, diz ele. No 
caso de construção de hidrelétricas, 
Veiga diz que o segmento está en-
quadrado no mais alto grau de risco 
de acidentes e doenças profissionais 
no trabalho e estão enquadradas na 
NR-4 que estão expostas a agentes 
físicos (ruídos, radiações não ioni-
zantes), químicos (poeira mineral, 
metálica etc.) e biológicos (exposi-
ção a agentes biológicos, riscos de 
lesão ou contaminação). 
A gestão das grandes obras se 
diferencia pela necessidade de infra-
estrutura e logística muito maiores. 
Alguns canteiros chegam a ser si-
milares a uma pequena cidade. Por 
exemplo, o canteiro de uma cons-
trução de hidrelétrica é similar ao 
de uma pequena cidade. É necessá-
ria uma estrutura de transporte para 
os trabalhadores, além de fornecer 
refeições, cuidar do tratamento de 
água e esgoto, oficinas de manuten-
ção mecânica, usinas de concreto e 
Luísa Tânia Elesbão Ro-
drigues, auditora fiscal do 
trabalho 
Construção de hidrelétricas tem alto risco de acidentes
cipa matéria de capa
www.cipanet.com.br • cipa caderno informativo de prevenção de acidentes • 41
asfalto, deslocamento e utilização 
de equipamentos grandes e pesados, 
além da área de vivência dos traba-
lhadores que podem ser enormes ou 
devem ser móveis para acompanhar 
a execução de uma obra de estrada, 
por exemplo. 
“O que se vê 
com frequência 
é a falta de 
planejamento 
ou previsão do 
modo seguro 
de executar o 
serviço ou etapa 
da obra.” 
Luísa Tânia Rodrigues
oRGaniZaÇÃo 
Planejamento é uma palavra 
fundamental em vários setores e 
na construção civil não poderia ser 
diferente, principalmente em obras 
como ferrovias, rodovias, hidre-
létricas etc. São obras que exigem 
logística, programação e criação de 
acessos e, muitas vezes, interação 
com as comunidades no entorno das 
obras. Gianfranco Pampalon lembra 
ainda que é preciso pensar no pos-
sível impacto ambiental que a obra 
vai ter. Ele cita como exemplo, a 
construção de uma usina nuclear, 
onde as comunidades próximas de-
vem ser treinadas para uma evacua-
ção em caso de emergência.
“Uma das características das 
obras de construção pesada é a utili-
zação de mão de obra local ou regio-
nal, pois a transferência destes traba-
lhadores tem um grande custo, além 
de que muitas prefeituras exigem 
que se contrate mão de obra local 
vislumbrando a melhoria de vida dos 
moradores da região”,afirma. Nesse 
quesito pode surgir outro problema: 
a qualificação da mão de obra. Esse 
é um problema que o Brasil enfren-
ta em vários setores e na construção 
civil não tem sido diferente. “As 
construtoras têm assumido para si a 
responsabilidade pela capacitação e 
qualificação destes profissionais que 
também devem operar equipamen-
tos pesados, caros e perigosos”, diz 
Pampalon.
Os riscos existentes em uma obra 
são resultado de algumas variáveis 
como método construtivo, equipa-
mentos utilizados, condições climá-
ticas, acesso, quantidade, volume e 
tamanho dos materiais utilizados, 
trabalhos sobrepostos, número de 
trabalhadores etc. 
A professora Maria Bernadete 
Fernandes diz que a solução para 
os problemas relacionados com as 
precárias condições de trabalho nos 
Maria Bernadete Fernan-
des, engenheira civil e de 
segurança do trabalho
cipa matéria de capa
42 • cipa caderno informativo de prevenção de acidentes • www.cipanet.com.br 
canteiros de obras existe e é viável, 
embora a insegurança ainda exista 
em algumas obras. “As empresas 
que implementam medidas de segu-
rança no processo produtivo, o fa-
zem de forma pontual, sem planeja-
mento, com a preocupação exclusiva 
de cumprir alguns itens da legislação 
vigente, as normas regulamentado-
ras, principalmente aquelas que são 
mais exigidas pelos auditores fiscais 
do MTE”. Para ela, isso acontece 
porque o modelo de segurança e saú-
de no trabalho (SST) vigente no Bra-
sil induz a esse comportamento. “A 
dificuldade não é de ordem técnica, 
e sim filosófica do modelo”, anali-
sa. Ela acrescenta ainda que “o em-
pregador tem a imagem da SST de 
um serviço desvinculado das ações 
do negócio da empresa, secundário, 
e que existe principalmente para o 
atendimento à legislação que obriga 
a prevenção de acidentes de traba-
lho, não agrega valor ao negócio e 
não contribui para a geração do lu-
cro”, afirma a professora.
 “Prevenir 
acidentes 
deve ser parte 
da cultura 
organizacional.” 
Maria Bernadete 
Fernandes
Riscos encontrados em canteiros de obras de grande porte
“TopTen” Riscos Relativos Desvios %
1
 Queda de pessoas e materiais
Construção e utilização de dispositivos inadequados para proteção contra quedas de pessoas, 
materiais e pequenos equipamentos. Destacam-se: os trabalhos em altura, andaimes e pontos 
de ancoragem, linha de vida, guarda-corpos, fechamento de aberturas de vãos, escadas, 
rampas, passarelas, andaimes e pontos de ancoragem.
22.319 23
2
Ordem, Arrumação e Limpeza
Condições inadequadas de coleta, armazenagem, segregação, destinação de resíduos de 
obra e de insumos gerais. Incluem-se neste tópico armazenamento, o uso e a disposição de 
produtos químicos.
 18.520 19
3
Falta de gerenciamento/sistema/procedimento
Indisponibilidade de procedimentos para o risco específico, assim como o descumprimento 
dos procedimentos existentes. Maior intensidade na Falta da Análise Preliminar de Risco (APR); 
descumprimento dos procedimentos de Permissão para Trabalhos Especiais (PTE); não atendi-
mento a plano de treinamento; descumprimento da NR-33 (Trabalhos em Espaço Confinado), 
assim com a não utilização de outras práticas, padrões e ferramentas definidas.
12.098 13
4
Sinalização e Isolamento
Sinalização inadequada ou inexistente pratica incorreta de etiquetagem e bloqueio de equi-
pamentos e falta de dispositivos para segregação e circulação segura de pessoas. Incluem-se 
as questões de modelos de placas, sinalização apropriada, etiquetas de bloqueio e tipos de 
bloqueio.
10.372 11
5
Equipamentos Móveis e Motorizados
Uso indevido de equipamentos, a improvisação e questões de manutenção inapropriada. 
Consideram-se ainda as condições de sinalização que envolve a movimentação. Sinalização 
viária, sinalização luminosa, sistemas de advertência, entre outros.
7273 8
6
Eletricidade
Descumprimento de normas na construção de dispositivos elétricos, incluindo-se a falta de 
definição de critérios de projeto, a falta de sinalização apropriada, falhas em dispositivos de 
bloqueio, improvisação de instalações e segregação apropriada para aproximação de pessoas.
7.272
8
7
Movimentação de cargas e materiais
Falta de critérios para o levantamento e a movimentação de cargas, incluindo os dispositivos 
inapropriados e sem condições de uso, a falta de sinalização e isolamento para a proteção das 
pessoas e a falta de planejamento nos casos de interfaces de diferentes trabalhos.
6.548 7
8
Equipamentos de Proteção Individual (EPI)
Condições inapropriadas, quanto à falta, o uso, as condições de conservação e reposição de equi-
pamentos de proteção pessoal de todos os tipos (mãos, pés, cabeça, visão, respiratório etc.). 
4.285 5
9
Proteção de máquinas/equipamentos e ferramentas
Falta ou improvisação de proteção de máquinas. Ainda o uso inapropriado de ferramentas 
manuais e elétricas, assim como equipamentos em mau estado de conservação. 
3.187 3
10
 Escavação, Fundação e Demolição
Falta de procedimentos claros de segurança para realização do trabalho seguro, condições 
físicas dos trabalhos como: escoramento apropriado, estoque de materiais em bordas de 
escavações e taludes, falta de escada ou rampa para acesso seguro, falta de sinalização e 
monitoramento ambiental. 
328 0
Subtotal 92.202
Outros 
Instalações da infraestrutura: oficinas, sanitários, vestiários, área de alimentação, acessibili-
dade às áreas de risco, transporte de pessoas, cujo índice de incidência não é significativo no 
tratamento estatístico.
3.290 3
Geral 95.492 100
Fonte: Trabalho desenvolvido pela APS Consultoria 
Dados atualizados – Dezembro de 2010
Dados registrados em obras de grande porte, que totalizam 95.492 desvios, agrupados em relação aos riscos 
típicos predominantes, denominados “TopTen de desvios de segurança”.
cipa matéria de capa
www.cipanet.com.br • cipa caderno informativo de prevenção de acidentes • 43
Para Mário Kodama, da Camar-
go Corrêa, a questão dos acidentes 
de trabalho na construção civil não 
mudou nos últimos anos quando se 
analisa, principalmente, a frequên-
cia deles que causaram morte ou 
invalidez permanente. “As causas 
dos acidentes são plurais e não di-
cotômicos como sempre se abor-
dou. A mudança no quadro envolve 
ações múltiplas da iniciativa pri-
vada, Estado e trabalhadores. Não 
existe solução simples para esta 
questão, independentemente do ta-
manho da obra”, acredita. Ele diz 
que no caso da Camargo Corrêa, há 
um sistema de gestão com políti-
cas bem definidas e voltadas para 
o resultado – ausência de doenças 
e acidentes do trabalho. Kodama 
diz que recentemente foi feita uma 
pesquisa de cultura de Saúde e Se-
gurança no Trabalho (SST), envol-
vendo 7 mil trabalhadores, realiza-
da por uma empresa independente 
que evidenciou um nível satisfató-
rio. “Dentre os aspectos positivos 
encontrados ficou demonstrado 
que os programas da empresa es-
tão interferindo positivamente na 
cultura de SST dos trabalhadores e 
vão além dos limites dos canteiros 
de obras”, revela.
Antônio Pereira, engenheiro de 
segurança e auditor fiscal do MTE-
SRTE/SP para a área de construção 
civil, diz que é fundamental a em-
presa ter uma política de segurança 
e saúde do trabalhador inserida em 
todos os processos construtivos. 
Além disso, segundo ele, é impor-
tante que exista, em todos os níveis 
hierárquicos, a efetiva participação 
dos gestores e o comprometimento 
de todos. “Não adianta se incorpo-
rar apenas papel e burocracia nas 
ações dos envolvidos, é preciso cada 
um zelar pelo seu setor com o com-
prometimento de todo o processo. 
Procedimentos, ordens de serviços, 
treinamentos, capacitações e laudos 
muitas vezes são esquecidos rapi-
damente quando se prioriza prazo e 
custo pela construtora”, afirma. 
Para Alberto Pereira, da APS, a 
diferença de gestão de segurança e 
saúde no trabalho entre grande obras 
Distribuição de EPI em obra da Fidens
cipa matéria de capa
44 • cipa caderno informativo de prevenção de acidentes • www.cipanet.com.bre obras de menor porte está no con-
trole, procedimentos bem definidos 
e incorporados, pessoas capacitadas 
para gerenciarem a SST e um bom 
gestor. “É preciso ter uma boa gestão 
de consequências (multas e reten-
ções) junto às contratadas em caso 
de descumprimentos de ações de 
segurança, acidentes e incidentes”, 
explica. 
MÃo de oBRa
Muitos dos trabalhadores que 
estão no canteiro das obras não têm 
vínculo direto com a construtora. 
Eles são de empresas terceirizadas e, 
nesse caso, o cuidado deve ser redo-
brado. Afinal, esse trabalhador vem 
com a bagagem de experiência e ví-
cio dos lugares de onde trabalhou. Na 
Fidens, por exemplo, o coordenador 
de segurança da empresa, Rubens de 
Azevedo Carvalho Neto, explica que 
o procedimento é que todos os fun-
cionários, terceirizados e até mesmo 
quarteirizados, passem por diversos 
treinamentos, iniciando pelo intro-
dutório, que acontece nos primeiros 
dias em que o profissional é contra-
tado na empresa. “Todos os tercei-
rizados são vistos e tratados como 
empregados da empresa, por isso, 
a política de SST tem que ser com-
pletamente entendida e praticada por 
todos”, diz. Além disso, a empresa 
faz o Diálogo Diário de Segurança, 
Saúde e Meio Ambiente (DDSMA) 
que, de acordo com Azevedo, trata 
de assuntos importantes inerentes às 
atividades desenvolvidas diariamen-
te nas obras e nos escritórios. 
Ao longo dos anos, os Equi-
pamentos de Proteção Individual 
(EPIs) vêm sofrendo grandes me-
lhorias, tanto no que diz respeito à 
qualidade no ato de proteger quanto 
no conforto para o usuário. Como o 
mercado a cada dia fica mais exigen-
te e dinâmico, as empresas que fabri-
cam esses equipamentos costumam, 
em conjunto com os profissionais de 
segurança das empresas, fazer estu-
dos in loco para levantar as neces-
sidades de proteção do colaborador 
de forma a sempre aprimorar, com 
melhores técnicas, os equipamentos 
já existentes.
Na JMalucelli, o trabalhador 
segue um roteiro. Hamilton Veiga 
explica que depois de apresentar a 
documentação no RH e fazer os exa-
mes médicos, o empregado passa por 
uma integração onde são abordados 
assuntos de forma generalizada so-
bre a administração (alojamentos, 
refeitório, área de lazer etc.), pro-
cedimentos dentro da obra, higiene, 
lixo, organização, limpeza e noções 
sobre segurança do trabalho na obra, 
riscos no ambiente de trabalho, nor-
mas e procedimentos de segurança 
em todo o segmento da obra, utili-
zação dos EPIs de acordo com cada 
função. “Esta integração gera um 
documento coletivo no qual todos os 
participantes assinam e em seguida 
todos os funcionários recebem os 
seus EPIs específicos para cada fun-
ção, os quais são anotados em ficha 
individual”, detalha.
A lista de EPIs necessários para 
o trabalho em uma obra é muito 
extensa. Eles variam com a função 
exercida de acordo com certas par-
ticularidades de uma obra que são 
definidas pelo Sesmt. Veiga destaca 
que é muito importante que o EPI 
tenha certificado de aprovação, as-
sim como a qualidade, durabilidade 
é o custo-benefício do equipamento. 
“Não se pode pensar em comprar 
produto barato se você está colocan-
do em risco a integridade física dos 
funcionários”, diz. 
Alberto Pereira, consultor 
da APS
“É preciso 
ter uma boa 
gestão de 
consequências 
(multas e 
retenções) junto 
às contratadas 
em caso de 
descumprimentos 
de ações de 
segurança, 
acidentes e 
incidentes.” 
Alberto Pereira
cipa matéria de capa
46 • cipa caderno informativo de prevenção de acidentes • www.cipanet.com.br 
“Fator humano 
também é 
importante.” 
Hamilton Veiga
Ele diz que todas as empresas 
terceirizadas e seus respectivos fun-
cionários, que trabalham com a JMa-
lucelli, devem seguir os padrões de 
segurança estabelecidos pela constru-
tora. “Para obter um padrão de com-
portamento de segurança do trabalho, 
todos têm que aceitar e seguir o esta-
belecido pela empresa, sem exceções. 
O controle e as orientações são feitas 
pelos técnicos em segurança do tra-
balho, mais o engenheiro de seguran-
ça do trabalho, por meio de Diálogo 
Diário de Segurança (DDS) antes do 
início da jornada diária de trabalho 
com assuntos variados abordando os 
riscos, acidentes e quase acidentes 
ocorridos, isto gera outro documento 
(coletivo) que é feito em cada frente 
de serviço, especificamente.”, diz.
No caso da Camargo Corrêa, a 
empresa opta por não ter contratos 
temporários e os terceiros represen-
tam a minoria da força de trabalho. 
Kodama explica que quem trabalha 
na empresa deve seguir seu sistema 
de gestão de saúde e segurança e os 
terceiros têm que se submeter a ele. 
“Desta forma, questões como a cons-
cientização para o uso de EPIs estão 
cobertas. Por outro lado, o controle 
de risco respeita a pirâmide de hierar-
quia de controle de riscos onde o EPI, 
apesar de importante, ocupa a última 
posição. A empresa incentiva a apli-
cação de medidas de engenharia para 
o controle do risco”, diz. 
Para Luciana, engenheira da Santa 
Bárbara, independente da utilização 
de proteções coletivas e individuais 
a “conscientização dos trabalhadores 
quanto aos riscos presentes em cada 
atividade é peça chave na diminuição 
dos acidentes e doenças relacionados 
ao trabalho e deve ser tratado como 
fator primordial nas ações propostas 
pelas empresas.”
“É preciso conscientizar para 
depois cobrar, não dá para exigir do 
trabalhador se ele não estiver cons-
cientizado”, diz a engenheira de se-
gurança Juliana de Araújo Torre. Ela 
defende que seja feito um trabalho de 
conscientização com o trabalhador. 
Muitas vezes, um trabalhador com 
muita experiência pode ter uma auto-
confiança exagerada e ser um pouco 
“relaxado” quanto ao uso de EPI, por 
exemplo. Juliana diz que esse traba-
lhador também precisa passar pela 
conscientização porque é uma forma 
até de reforçar o que ele já sabe. Julia-
na acrescenta ainda que é importante 
trabalhar a motivação do trabalhador 
na obra. “É como um pai e os filhos: 
ReCoMendaÇõeS paRa uM BoM deSeMpenHo 
eM SeGuRanÇa noS eMpReendiMentoS
• Antecipar a implementação da política de segurança definida para o 
empreendimento, dando total conhecimento aos participantes do modelo 
de gestão, práticas e padrões de trabalho a serem seguidos, para no mínimo 
promover a formação de um clima de segurança, uma vez que dificilmente será 
estabelecida uma cultura de segurança.
• Identificar as práticas e padrões de trabalho apropriados aos riscos, priorizando 
o conceito de que segurança é parte integrante do trabalho, não podendo ser 
tratada como uma questão paralela.
• Assegurar a implantação de ferramentas de observação do trabalho, que 
possibilitem abrangência aos quatro elementos da manifestação de eventos 
indesejáveis; equipamento/materiais, ambiente, sistemas e comportamento.
• Estabelecer a energia a ser aplicada nos programas utilizando como referência os 
dados estatísticos dos desvios de segurança.
• Fazer uma gestão de informações para que o banco de dados de registros seja 
efetivamente transformado em informações, aprendizado e valor.
Hamilton Veiga, enge-
nheiro de segurança do 
trabalho
Juliana de Araújo Torre, 
engenheira de segurança 
do trabalho
cipa matéria de capa
www.cipanet.com.br • cipa caderno informativo de prevenção de acidentes • 47
o que faz a coisa errada precisa ser 
corrigido e o que faz as coisas certas, 
precisa ser elogiado”, compara.
aÇõeS 
O planejamento da obra é crucial 
para a melhoria da segurança e dimi-
nuição dos riscos de acidentes. Co-
nhecer as características locais onde 
a obra será realizada é fundamental 
como: tipo de solo e terreno, condi-
ções meteorológicas, incidência de 
raios, mão de obra disponível, logís-
tica para transporte de equipamentos 
e pessoas, infraestrutura existente, 
interferências, costumes e hábitos 
locais e regionais etc.
Este planejamento deve ser re-
alizado por profissionais de vários 
ramos e especialidades para que se 
crie uma sinergia na implantação do 
sistema de gestão integradoda obra.
Um bom começo para isso é a 
implantação de um eficiente Progra-
ma de Condições e Meio Ambiente 
de Trabalho (PCMAT). O programa 
deve contemplar a identificação de 
riscos por fase de obra, criação e im-
plantação das medidas preventivas, 
como projeto de execução e espe-
cificação técnica dos equipamentos 
de proteção coletiva e individual e 
planejamento e dimensionamento do 
layout do canteiro. 
É fundamental que o departa-
mento de segurança do trabalho 
tenha estreito relacionamento com 
os departamentos de projeto e orça-
mento. Essa interação com o projeto 
executivo resultará em uma inter-
venção de forma planejada nas solu-
ções para prevenção de acidentes. As 
“É preciso 
conscientizar 
para depois 
cobrar, não dá 
para exigir do 
trabalhador se 
ele não estiver 
conscientizado.” 
Juliana de Araújo Torre
cipa matéria de capa
48 • cipa caderno informativo de prevenção de acidentes • www.cipanet.com.br 
normas europeias de segurança do 
trabalho exigem que toda obra tenha 
um responsável pelos projetos rela-
tivos à segurança do trabalho e um 
responsável pela sua implantação, 
que pode ser o mesmo profissional 
para os dois casos.
Cumprir as normas de segurança 
e saúde definidas pelo MTE, ainda 
não é suficiente para eliminar todos 
os riscos de acidentes na obra. Isto só 
irá ocorrer com a implantação de um 
sistema de gestão da segurança e saú-
de do trabalho com o envolvimento e 
engajamento de todos, inclusive das 
contratadas que devem ser considera-
das ¨parceiras¨ nesses objetivos, que 
são comuns, pois com a segurança do 
trabalho todos ganham.
A professora Maria Bernadete 
diz que na construção civil a segu-
rança e saúde no trabalho devem ser 
planejadas desde a etapa do projeto. 
“Isto significa ter um programa vol-
tado para a prevenção, da mesma 
forma que existem projetos para as 
diversas instalações que ocorrerão 
durante o processo construtivo. Tal 
programa realmente reduz as chan-
ces de ocorrência dos acidentes, pois 
trata da prevenção dos riscos e da 
informação e treinamento dos operá-
rios, promovendo a integração entre 
a segurança, o projeto e a execução 
da obra.” Segundo ela, esta integra-
ção da segurança representa uma 
importante estratégia da gestão na 
prevenção de riscos no trabalho e se 
baseia no princípio de que para que 
uma gestão seja eficaz ela deve es-
tar implantada em todos os níveis da 
empresa, onde cada pessoa em seu 
nível de responsabilidade e função 
aplica princípios preventivos a todas 
e a cada uma de suas ações.
A construtora Santa Bárbara, que 
está localizada em Minas Gerais e 
atua há mais de 43 anos no merca-
do nacional nos segmentos de edi-
ficações, infraestrutura, contratos 
industriais e óleo e gás, costuma 
trabalhar com mão de obra tercei-
rizada afinada com sua política de 
SST. Luciana Ferreira diz que todas 
as empresas terceirizadas participam 
de forma ativa do sistema de gestão 
da construtora. Para ela, um bom 
plano de trabalho para a CIPA pas-
sa necessariamente pela análise ini-
cial do que pode ser feito durante a 
gestão, para que serve a atuação da 
comissão, como a CIPA atuará para 
que os anseios de necessidades dos 
trabalhadores sejam alcançados. “O 
Sesmt deve acompanhar de perto, e 
de maneira efetiva, todas estas ações 
para uma gestão ainda mais eficiente 
atuando principalmente nas questões 
relacionadas à prevenção de aciden-
tes e na definição de ações de con-
trole, devendo incorporar todos os 
princípios e requisitos definidos no 
sistema”, afirma.
Fazer o controle da saúde e segu-
rança no trabalho no canteiro de uma 
grande obra não é fácil. É claro que 
existem desafios de ordem técnica e 
gerencial e não somente referentes 
ao controle de saúde e segurança no 
trabalho. A professora diz ser de co-
nhecimento geral que os acidentes 
pRinCipaiS etapaS de uM SiSteMa de GeStÃo de SeGuRanÇa
 
• Realizar diagnóstico inicial 
• Criar Comitê de gestão
• Elaborar política de SST
• Definir objetivos, indicadores e metas de desempenho em relação à saúde e 
segurança do trabalho
• Realizar levantamento atendendo a legislaçao pertinente, layout do canteiro etc.
• Realizar a identificação dos perigos e riscos significativos
• Elaborar procedimentos e formulários  para a gestão dos sitemas
• Elaborar plano de atendemento a emergências
• Elaborar programa de treinamento para todos os colaboradores
• Ajustar as atividades e ações não conformes com a adoção de medidas e ações 
corretivas e preventivas
“... a partir da 
identificação 
de um 
comportamento 
inseguro, os 
trabalhadores 
são estimulados 
também a fazer 
notificações 
desses desvios, 
por intermédio 
de cartões.” 
Marcos Kodama
cipa matéria de capa
50 • cipa caderno informativo de prevenção de acidentes • www.cipanet.com.br 
de trabalho são gerados por alguma 
disfunção ou causa que na quase 
totalidade dos casos, é passível de 
prevenção por meio de medidas que 
impeçam a ocorrência deste evento.
A NR-5 estabelece deveres e 
direitos das empresas e dos funcio-
nários. É nela que está a regulamen-
tação da Comissão Interna de Pre-
venção de Acidentes (CIPA) nas em-
presas. É nela que os trabalhadores 
podem participar mais ativamente 
sobre o controle de acidentes e do-
enças do trabalho já que participam 
dela representantes da empresa e dos 
trabalhadores. Os Serviços Especia-
lizados em Engenharia de Segurança 
e em Medicina do Trabalho (Sesmt) 
determina uma política de segurança 
do trabalho da empresa com base em 
um programa de prevenção de riscos 
ambientais (PPRA e PCMSO), que 
está registrado no MTE mais próxi-
mo da obra.
O Sesmt trabalha o tempo todo 
embasado no PPRA e PCMSO. “O 
programa é da empresa e deve ser 
seguido por todos os funcionários, 
desde o mais graduado até o mais 
simples do quadro funcional”, diz 
Veiga, engenheiro de segurança da 
JMalucelli.
Na Camargo Corrêa, Marcos 
Kodama explica que nos canteiros 
de obras da construtora, além dos re-
quisitos legais, são fornecidos servi-
ços como banco, correios, farmácia, 
transporte, salão de beleza, serviços 
odontológicos, lanchonete, telefones 
públicos e lan houses, sala de audio-
visual, sala de jogos, quadras polies-
portivas, academia de ginástica, salas 
de TV, programações de lazer e ar-
condicionado. “Os trabalhadores têm 
representação legal na CIPA, o progra-
ma verifica e identifica constantemen-
te as condições e os comportamentos 
inseguros”, afirma. Ele diz que a partir 
da identificação de um comportamen-
to inseguro, os trabalhadores são esti-
mulados também a fazer notificações 
desses desvios, por intermédio de 
cartões. “Os cartões possuem as co-
res vermelha, amarela e verde, o que 
evidenciam o nível de risco do desvio 
observado”, diz. 
Rubens, da Fidens, diz que, ape-
sar dos altos índices de acidentes 
ainda presentes no setor, o segmento 
vem melhorando seus índices grada-
tivamente. “O governo e as empre-
sas estão cada vez mais preocupados 
com treinamento e instrução de seus 
colaboradores e o mercado está em 
crescente expansão, isso gera maiores 
salários e, consequentemente, pesso-
as com mais instrução, que antes não 
procuravam as atividades civis e hoje 
estão migrando para a área”, analisa. 
O RH possui a matriz de treina-
mento por atividade dentro da em-
presa, de forma que os colaboradores 
passam por treinamentos de recicla-
gem durante vários períodos da obra. 
Ele diz que a CIPA, como em qual-
quer outra atividade laboral, deve ser 
ativa nos canteiros de construção ci-
vil. “Os componentes da CIPA devem 
trabalhar integrados com os Serviços 
Especializados em Engenharia de Se-
gurança, e em Medicina do Trabalho 
(Sesmt). Por isso, é importante com-
preender que somente trabalhando 
com a união entre CIPA e Sesmt a 
empresa terá condições de identificar 
e criar as medidas de controle dos ris-
cos das atividades desenvolvidas pe-
los colaboradores”, sentencia.
Em diversas empresas certifica-
das, como é o caso da Fidens que 
tem OSHAS 18001:2007, todo e 
qualquerfuncionário tem a liberda-
de e o comprometimento de parar 
uma atividade ou setor se o risco for 
eminente, e comunicar seu superior 
imediato o motivo de paralisação 
da tarefa por considerá-la insegura. 
“Atualmente, as empresas planejam 
as atividades levando em considera-
ção os seus riscos, utilizando diver-
sos programas e meios de estudo/
levantamento dos riscos inerentes à 
atividade”, diz Rubens. Segundo ele, 
Canteiro de obra da construtora Santa Bárbara
cipa matéria de capa
52 • cipa caderno informativo de prevenção de acidentes • www.cipanet.com.br 
na Fidens são usados alguns proce-
dimentos para minimizar ou mesmo 
neutralizar o risco. Entre eles estão a 
Análise Preliminar de Risco (APR) 
que acontece todos os dias, antes do 
início das atividades. Na análise, o 
encarregado da área avalia os riscos 
da atividade e os neutraliza antes do 
seu início. Outra atividade é o Re-
gistro de Incidente (RI). “É um do-
cumento de bolso entregue a todos 
os colaboradores com a descrição de 
várias situações de incidente, que po-
dem ser marcadas por ele caso identi-
fique alguma ocorrência no dia a dia, 
para que a causa possa ser eliminada 
pelo setor responsável”, explica.
deSaFioS
A professora Bernadete diz exis-
tir modelos de Sistema de Gestão 
da Segurança e Saúde no Trabalho 
(SGSST) que podem ser adaptados 
para qualquer empresa independen-
te do seu porte e do setor industrial 
no qual atua cujo objetivo principal 
é “fazer da prevenção de acidentes 
e doenças ocupacionais parte inte-
grante da cultura organizacional da 
empresa, contribuindo para minimi-
zar os riscos para os funcionários e 
terceiros e permitindo a melhoria do 
desempenho dos negócios.”
Na Santa Bárbara a identificação 
de risco e definição das medidas de 
controle é realizada pelo respon-
sável pelo processo, funcionários, 
membros da CIPA e representantes 
da área de segurança do trabalho 
(Sesmt). “Todos os funcionários são 
orientados durante os DDS´s (Diálo-
gos Diários de Segurança) a infor-
mar a qualquer membro da equipe de 
segurança, da produção ou mesmo 
da gerência sobre uma situação de 
risco que esteja presente na ativida-
de”, afirma. Ela explica ainda que a 
elaboração e a revisão são realizadas 
nas seguintes situações: no início de 
obra; na construção de novas áreas; 
em mudanças físicas ou reformas de 
áreas existentes; na introdução de 
novos processos; em mudanças sig-
nificativas nos processos existentes; 
na introdução de novas matérias-pri-
mas, materiais e componentes; quan-
do os controles implantados não se 
mostrarem eficazes; sempre que os 
resultados das auditorias internas ou 
externas demonstrarem a necessida-
de de uma avaliação. 
Na Camargo Corrêa, uma vez en-
contrado o risco, Kodama explica que 
é preciso entender o significado da 
ação mencionada. “Quando se trata 
de grave e iminente risco à vida qual-
quer membro da supervisão ou dos 
Serviços Especializados em Enge-
nharia de Segurança e em Medicina 
do Trabalho (Sesmt) podem paralisar 
as atividades. Qualquer profissional 
diante dessas situações deve informar 
à supervisão e ao Sesmt”, diz.
Luísa Tânia Elesbão Rodrigues, 
auditora fiscal do trabalho do MTE-
SRTE/RS, ressalta que em um em-
preendimento de grande porte é ne-
cessária uma única gerência no que 
diz respeito à SST. “Essa deve estar 
alinhada e consoante a gestão da 
Trabalhadores participam de DDS em uma obra Fidens
“O governo e as 
empresas estão 
cada vez mais 
preocupados 
com treinamento 
e instrução 
de seus 
colaboradores...” 
Rubens de Azevedo 
Carvalho Neto
cipa matéria de capa
www.cipanet.com.br • cipa caderno informativo de prevenção de acidentes • 53
execução da obra. Não há que se fa-
lar, por exemplo, em vários PCMAT, 
PPRA ou PCMSO, deve haver um 
único abrangente, inclusive no que 
diz respeito à atuação das contrata-
das, subcontratadas, SPE etc.”, diz 
ela. Outro grande desafio, segundo 
a auditora, é atender às especifici-
dades de cada empreendimento com 
projetos, memoriais descritivos e 
especificações técnicas compatíveis 
com os serviços, fases e etapas das 
obras, tendo em consideração os ris-
cos inerentes a esses. 
Para ela, a questão de SST não 
pode ser uma questão tratada à par-
te da gestão das empresas. “Eu diria 
que já faz parte até mesmo da vida 
contábil das empresas e, portanto, de 
sua sobrevivência, e isso fica muito 
claro com a implementação do FAP. 
Uma empresa que investe em gestão 
integrada de SST, certamente é uma 
empresa que otimiza recursos e, por-
tanto, reduz seus custos, aumentando 
sua competitividade mercadológi-
ca”, conclui a auditora.
Quando falamos em grandes 
obras, além da segurança dos traba-
lhadores envolvidos no projeto, há 
de se pensar também na população 
do entorno e no tráfego de pessoas 
e veículos. Em projetos de grande 
envergadura, as comunidades são 
atingidas direta ou indiretamente 
pelos programas de prevenção de 
doenças e acidentes. “A interação 
ocorre muitas vezes com a presen-
ça de representantes da comunidade 
no canteiro de obras, participando 
de palestras sobre álcool, doenças 
sexualmente transmissíveis, drogas, 
segurança no trânsito. O controle 
de endemias é outra forma de bene-
ficiar comunidades do entorno dos 
projetos”, diz Marcos Kodama, da 
Camargo Corrêa. 
Nas obras feitas pela Fidens, 
Rubens de Azevedo diz que ini-
cialmente é feito um levantamento 
por parte da empresa dos impac-
tos na vizinhança antes de iniciar 
qualquer obra, visando interferir o 
mínimo possível na rotina de seus 
moradores. “São implantadas, por 
exemplo, medidas de controle de 
poeiras nas vias, por meio da umi-
dificação com caminhões pipa; si-
nalização viária, informando a ve-
locidade máxima permitida na via 
e quais as interferências que serão 
realizadas; além de sinalização para 
orientar os usuários de vias rodo-
viárias sobre os perigos de movi-
mentação e manobra de máquinas e 
equipamentos”, relata.
A professora Margarete diz que 
o modelo brasileiro de segurança e 
saúde no trabalho é essencialmente 
legalista, funciona como um me-
canismo indutor de uma política 
de segurança e saúde no trabalho 
restrita, uma vez que não coloca a 
função segurança como parte inte-
grante do negócio da empresa e não 
contempla todo o ciclo do empre-
endimento, limitando-se a fase de 
execução. “A maioria dos respon-
sáveis pelas empresas construtoras 
desconhece os benefícios ou retorno 
para a empresa quando do investi-
mento em higiene e segurança no 
trabalho, por meio da implantação 
de um SGSST”, diz. Segundo ela, 
esse desconhecimento provoca nos 
empresários a falsa ideia de que esta 
é uma área muito mais assistencial 
do que técnica, sendo considerada 
como mais um “benefício” para os 
operários. “Dessa forma, mesmo 
que se faça planejamento para a se-
gurança no trabalho, será inútil uma 
vez que a alta gerência não está ade-
rindo à ideia”, conclui. cipa

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