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MARCÍLIO FERREIRA 
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SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO .................................................................................................. 4 
1. CONSTITUIÇÃO: CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO E ELEMENTOS. ........... 6 
1.1. Noções Introdutórias .................................................................... 6 
1.2. Classificação ................................................................................ 8 
1.3. Elementos da Constituição ......................................................... 18 
Exercícios ................................................................................................. 20 
2. APLICABILIDADE E EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS ...... 22 
2.1. Noções introdutórias .................................................................. 22 
2.2. Classificação da eficácia das normas constitucionais................. 24 
2.3. Outras classificações doutrinárias .............................................. 27 
Exercícios ................................................................................................. 27 
3. HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS................................ 31 
3.1. Constituição de 1824 .................................................................. 31 
3.2. Constituição de 1891 .................................................................. 33 
3.3. Constituição de 1934 .................................................................. 33 
3.4. Constituição de 1937 ............................................................................. 34 
3.5. Constituição de 1946 ............................................................................. 35 
3.6. Constituição de 1967 e a E.C 01/69 ...................................................... 35 
3.7. Constituição de 1988 ............................................................................. 37 
Exercícios ................................................................................................. 38 
4. NEOCONSTITUCIONALISMO .................................................................... 41 
4.1. Rematerialização das Constituições ...................................................... 45 
4.2. Pós-positivismo ..................................................................................... 45 
4.3. Constitucionalismo Global ..................................................................... 46 
4.4. Ativismo Judicial .................................................................................... 47 
4.5. Transconstitucionalismo ........................................................................ 47 
4.6. Patriotismo Constitucional ..................................................................... 48 
Exercícios ................................................................................................. 50 
5. PODER CONSTITUINTE ............................................................................ 53 
5.1 Origem 53 
5.2. Noções Introdutórias ............................................................................. 53 
5.3. Poder constituinte originário .................................................................. 54 
5.3.2 Titularidade ......................................................................................... 54 
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5.4 Poder constituinte derivado .................................................................... 57 
5.4.1 Noções Introdutórias ........................................................................... 58 
5.4.2 Características .................................................................................... 58 
5.4.3. Espécies ............................................................................................. 58 
5.4.3.1 Poder Constituinte Derivado Reformador ...................................... 58 
5.4.3.2 Poder Constituinte Derivado Revisor ............................................. 64 
5.4.3.3 Poder Constituinte Derivado Decorrente ....................................... 64 
5.5. Poder Constituinte Difuso ...................................................................... 67 
5.6. Poder Constituinte Supranacional ......................................................... 67 
Exercícios ................................................................................................. 68 
6. EFEITOS DA NOVA CONSTITUIÇÃO E DE REFORMAS CONSTITUCIONAIS EM 
RELAÇÃO À ORDEM JURÍDICA ANTERIOR ................................................. 71 
6.1 Noções Introdutórias .............................................................................. 72 
6.2. Vacatio Constitutionis ............................................................................ 72 
6.3. Revogação ............................................................................................ 73 
6.4. Teorias doutrinárias acerca da não aplicação da norma infraconstitucional conflitante 
com a nova constituição ............................................................................... 73 
6.5. Recepção .............................................................................................. 74 
6.6. Repristinação ........................................................................................ 76 
6.7. Efeito Repristinatório ............................................................................. 77 
6.8. Constitucionalidade Superveniente ....................................................... 79 
6.9. Desconstitucionalização ........................................................................ 79 
6.10. Efeitos retroativos das normas ............................................................ 81 
Exercícios ................................................................................................. 85 
7. HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL ........................................................ 90 
7.1. Noções introdutórias ............................................................................. 90 
7.2. Teorias quanto a interpretação constitucional ....................................... 90 
7.3. Métodos interpretativos tipicamente constitucionais .............................. 91 
7.3. Princípios da interpretação Constitucional: ............................................ 93 
7.4. Princípio da interpretação conforme a Constituição ............................... 95 
Exercícios ................................................................................................. 96 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
 
Como bem se sabe, o estudo muda de acordo com as necessidades do aluno. 
O estudo direcionado para concursos públicos é diferente do estudo direcionado à graduação 
ou ao exercício profissional, por exemplo. Assim, a finalidade deste livro é trazer ao leitor de 
maneira sistêmica e dinâmica um conteúdo de qualidade, capaz de proporcionar êxito ao leitor 
a qualquer situação a que este se proponha. 
Esta obra tem o objetivo de demonstrar, de maneira direta, todos os pontos do Direito Constitu-
cional, com enfoque para o estudo de concurso público direcionado para carreiras de Tribunais, 
sem esquecer de nenhum ponto desta extensa matéria. 
É importante ressaltar a importância do Direito Constitucional para o estudo de provas de con-
curso públicos, uma vez que além da grande relevância da disciplina no que diz respeito ao 
que é cobrado nas provas, deve-se ressaltar que o Direito Constitucional é o ramo do Direito 
que serve como basede todo o ordenamento jurídico. 
Dessa forma, fica registrado a grande relevância dessa matéria para todo o universo jurídico 
em geral, pois como bem se sabe, qualquer matéria/norma em desacordo com a Constituição 
fere todo o ordenamento jurídico. 
Diante do exposto, ressaltamos a importância de se ter um estudo de qualidade para alcançar 
com sucesso todas as metas estabelecidas. Desse modo, sugerimos alguns passos para facili-
tar o estudo e torná-lo mais agradável: 
1. Tornar o estudo algo prazeroso. Para isso é importante fazer do estudo um hábito. O es-
tudo deve ser rotina, a qual deve ser prazerosa. Para isso é de grande relevância ter metas 
objetivos, se esforçar para cumpri-las com fé e determinação. 
2. “Remoer” a matéria. Sabemos que o Direito Constitucional é uma disciplina extensa. As-
sim, para obter êxito na apreensão do seu conteúdo é necessário que haja repetição no estudo 
da matéria, até este se consolidar na memória. Não pense que ler várias vezes o mesmo as-
sunto é perda de tempo. A leitura repetida representa sabedoria. Lembre-se, remoer uma ma-
téria não é o mesmo que decorá-la. 
3. Fazer resumos. Os resumos são grandes aliados para quem estuda para concursos públi-
cos. Você deve descobrir qual forma de resumir a matéria sem que esta perca a sua essência 
e importância você aluno se identifica mais. Há resumos em textos corridos, mapas mentais, 
esquemas, tópicos, dentre outros. Sugerimos que teste suas limitações e descubra qual méto-
do de resumir o conteúdo é o ideal para você! Esta técnica irá lhe ajudar na fixação da matéria 
bem como nas futuras revisões. 
4. A importância da jurisprudência no estudo do Direito Constitucional. É notável hoje a 
importância das decisões dos Tribunais Superiores para o Direito, em especial o Direito Consti-
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tucional. As decisões do Supremo Tribunal Federal são dignas da notoriedade que estão tendo, 
pois diariamente vimos o Direito se lapidando por meio dessas decisões. Com isso observa-se 
uma grande cobrança em provas de concursos acerca dos entendimentos dos tribunais superi-
ores. Portanto, mantenha-se sempre atualizado em relação aos novos entendimentos destes 
Tribunais, pois corriqueiramente são cobrados em provas. 
5. Ler a Constituição. É de extrema importância a leitura da Constituição Federal, pois de na-
da adianta estudar toda a matéria se você não souber o seu conteúdo literal. Relevante se faz 
lembrar que muitas vezes o seu conteúdo literal é cobrado em questões de provas, portanto se 
você conhecer o texto constitucional literal, você saberá como resolver tais questões. 
6. Estar sempre atualizado. Como bem se sabe, o Direito Constitucional está em constante 
evolução e, por essa razão devemos sempre acompanhá-lo a fim de estarmos sempre ade-
quado ao que a nossa Lei Maior nos propõe. 
7. Revisar a matéria. É bastante relevante que faça sempre revisões periódicas, pois estas 
irão ajudá-lo tanto na fixação do conteúdo quanto na descoberta dos seus pontos fracos. Em 
vista disso, sugerimos que faça da revisão um hábito, lembrando que os resumos anteriormen-
te citados poderão lhe ajudar nesta etapa de revisão. 
8. Não tenha pressa. Saiba que aprender o conteúdo com qualidade requer tempo e dedica-
ção. A ânsia de aprender tudo ao mesmo tempo gera desconforto e angústia, o que irá atrapa-
lhar o seu estudo. Sendo assim, comece num ritmo leve, confortável para você e esteja consci-
ente de que no tempo certo, tudo irá se consolidar. 
9. Descanse. Saiba a hora de fazer pausas nos estudos. Respire, beba uma água, se alongue. 
Manter o corpo e a mente saudáveis é fundamental para um estudo de qualidade. Saiba tam-
bém a hora de retomar os estudos, pois para alcançar o êxito é necessário disciplina e com-
prometimento. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. CONSTITUIÇÃO: CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO E ELEMENTOS. 
 
1.1. Noções Introdutórias 
O Direito Constitucional é uma divisão do Direito Público que surgiu com a intenção de limitar o 
poder político estatal e, ao mesmo tempo, garantir as liberdades individuais contra a arbitrarie-
dade das autoridades públicas. 
Este ramo do direito se diferencia dos demais no sentido de que este estuda sistematicamente 
normas originárias, dotadas de supremacia e capazes de estruturar o Estado (característica 
exclusiva do Direito Constitucional). 
Desse modo, o Direito Constitucional é compreendido como o conjunto de normas e princípios 
que organizam o Estado em sua estrutura e funcionamento. 
Assim, o Direito Constitucional possui como objeto de estudo as constituições, que consagram 
em seus textos direitos e garantias fundamentais, organização dos poderes e estruturação do 
Estado. 
Dessa forma, é necessário compreender o que é uma Constituição. 
Constituição nada mais é do que um conjunto de normas supremas, que podem ser escritas ou 
não, e que são responsáveis por inaugurar, estruturar e administrar um Estado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A despeito do conceito dado acima, é importante conhecer os diversos sentidos diferentes que 
outros autores atribuíram como conceito de constituição. Iremos nos ater aos principais concei-
tos cobrados em concursos públicos. 
 
ATENÇÃO! 
Com a Emenda Constitucional 45/2004, o § 3º do artigo 5º da Constituição 
Federal, passou a tratar como normas constitucionais os tratados internacio-
nais que versem sobre direitos humanos que são recepcionados com o 
mesmo quórum de Emendas Constitucionais (votação em cada Casa do 
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos membros). Sendo 
assim, normas constitucionais não são apenas aquelas descritas na 
Constituição. 
A doutrina nomeia essa somatória como “BLOCO DE CONSTITUCIONALI-
DADE”. 
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1.1.1. Constituição sociológica 
Defensor desta concepção: Ferdinand Lassalle. 
Sustentava que a constituição possuía o caráter sociológico baseado nos fatores reais do po-
der. Para ele, os fatores reais do poder baseavam-se na força atuante de todas as leis da soci-
edade, de maneira que representasse o poder social efetivo. 
Assim, qualquer constituição que não atendesse a esses fatores reais, não passaria de uma 
simples folha de papel, sendo caracterizada como ilegítima. 
1.1.2. Constituição jurídica 
Defensor desta concepção: Hans Kelsen. 
Kelsen analisou a constituição nos sentidos lógico-jurídico, jurídico-positivo, formal e material. 
Para ele, toda atividade do Estado, é um serviço de criação de normas jurídicas. Com funda-
mento no dever-ser, a vontade racional do homem prevalecia em relação às leis naturais. Foi 
nesse sentido que Kelsen entendeu que a Constituição não possui qualquer fundamento socio-
lógico, filosófico ou político. 
Do ponto de vista lógico-jurídico, a constituição significa a norma fundamental hipotética, ou 
seja, uma norma presumida, pressuposta. 
Já o sentido jurídico-positivo é compreendido através da hierarquia dos diferentes níveis da 
criação do direito. É o conjunto de normas que regulamenta a produção de outras normas. É a 
norma positiva suprema. É no sentido jurídico-positivo que é possível observar a pirâmide jurí-
dica criada por Kelsen, onde a Constituição ocupa o ápice. 
O sentido formal é caracterizado por um documento solene que reúne um conjunto de normas 
jurídicas as quais só podem ser alteradas mediante certas especificações, de maneira que vi-
sam dificultar o processo reformador. 
Por fim, a constituição emsentido material é formada por normas que estabelecem a criação 
de normas jurídicas gerais. 
1.1.3. Constituição política 
Defensor desta concepção: Carl Schimitt. 
Para Carl Schimitt, a constituição é o resultado de uma decisão política fundamental de um po-
vo, que incide sobre a forma de governo, o regime político adotado, a organização dos pode-
res, abrangência dos direitos fundamentais, etc. 
Schimitt faz a distinção entre constituição e leis constitucionais. 
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Assim, entende-se por constituição o conjunto de regras que se relacionam a uma decisão polí-
tica fundamental, ou seja, à democracia, direitos fundamentais, organização do poder e órgãos 
do Estado. Já as leis constitucionais são as demais normas inseridas no texto constitucional 
que não consideram nenhuma decisão política fundamental. 
1.1.4. Constituição culturalista 
Defensores desta concepção: Grimm, Michele Ainis, Stein. 
Como o próprio nome já diz, a constituição culturalista é considerada como produto de um fato 
cultural. É assim identificada, pois é vista como um conjunto de normas fundamentais vinculada 
à cultura. 
Sendo assim, é possível falar em uma constituição cultural, onde as normas previstas na cons-
tituição versam sobre educação, desporto, ensino, as quais objetivam resguardar, em sentido 
amplo, o direito à cultura. 
1.2. Classificação 
Quanto à classificação das constituições, não há que se falar em critérios certos ou errados, 
pois a sua tipologia não é igual na doutrina. Isso se dá porque a matéria pode ser analisada de 
diferentes pontos de vista, por diversos autores. O importante é que as diversas perspectivas 
diferentes partam de uma premissa verdadeira. 
Por essa razão, iremos nos ater às classificações mais cobradas em provas e concursos públi-
cos. 
1.2.1. Quanto à origem 
 
a) Constituições outorgadas 
Constituições outorgadas são aquelas impostas de maneira unilateral ao povo por quem exerce 
um poder político sem o apoio popular. Esse poder político pode ser exercido tanto por uma 
pessoa (imperador, rei, presidente, ditador, líder carismático, etc.), quanto por um grupo que 
exerce o poder sem a adesão popular. 
Exemplos de constituições outorgadas são a Constituição de 1824 (imperial), Constituição de 
1937 (era Vargas) e a Constituição de 1967 (regime militar). 
b) Constituições promulgadas 
Também conhecidas como constituições democráticas, populares ou votadas, são aquelas de-
rivadas de participação popular. Por meio do direito ao voto, a população possui a liberdade de 
escolher os representantes que irão compor a Assembleia Nacional Constituinte, que cumpri-
rão desígnio de elaborar uma Constituição que atenda os interesses da população. 
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Foram promulgadas as constituições de 1891, 1934, 1946 e a atual Constituição Federal de 
1988. 
c) Constituições cesaristas 
Constituições cesaristas ou bonapartistas são aquelas produzidas por um ditador ou algum 
grupo detentor de poder, que posteriormente é submetida aos mecanismos de participação 
popular, conhecidos como plebiscito e referendo. 
Não é admitida como outorgada uma vez que não admite consulta popular, tampouco configura 
como promulgada, já que a participação popular é secundária e, por muitas vezes, considerada 
como uma falsa participação. 
São exemplos de constituições cesaristas as Cartas plebiscitárias do Chile sob o crédito de 
Pinochet, as Constituições da era napoleônica, bem como a Constituição francesa. 
d) Constituições pactuadas 
Pactuadas os dualistas são as constituições surgidas através do pacto entre a organização na-
cional e o soberano. Nesse modelo de constituição, o poder constituinte originário poderá con-
centrar-se nas mãos de mais de um dos titulares do poder. Por essa razão este arquétipo difi-
cilmente será considerado um possível modelo moderno de constituição, pois elimina a ideia de 
unidade do poder constituinte. 
Exemplos de constituições pactuadas são as constituições monárquicas da Idade Média, onde 
era evidente o equilíbrio entre o princípio democrático e o princípio monárquico, uma vez que o 
poder estatal aparecia dividido entre as ordens privilegiadas e o Rei. Outro exemplo clássico de 
constituição pactuada é a Magna Carta que os barões compeliram João Sem Terra a jurar, em 
1215, na Inglaterra. 
e) Constituições históricas 
Constituições históricas ou histórico-costumeiras são aquelas derivadas dos usos e costumes, 
tradição, geografia, religião, relações políticas e econômicas. Na constituição histórica é muito 
difícil detectar o titular do poder constituinte. A comunidade que é responsável pela criação 
desta constituição, com base num longo processo de sedimentação consuetudinária. 
A Constituição inglesa é o maior exemplo de constituição histórica. 
 
 
 
 
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1.2.2. Quanto à alterabilidade 
 
a) Constituições rígidas 
São constituições rígidas aquelas que se submetem a um processo de alteração solene, espe-
cífico e severo, diferente do processo de alteração das demais leis. O órgão responsável em 
rever a constituição é o poder constituinte reformador. 
Importante saber que a supremacia sobre os demais atos normativos federais, estaduais e mu-
nicipais são resultados da rigidez da Constituição, de maneira que invalida qualquer ato que 
ofenda os seus preceitos. 
Com exceção da Constituição de 1824 (semiflexível), todas as constituições brasileiras foram 
rígidas, assim como a atual constituição, que prevê um rito mais dificultoso no processo de al-
teração do texto constitucional (artigo 60, CF/88) e na criação de emendas constitucionais (ar-
tigo 60, § 2º, CF/88). 
b) Constituições superrígidas 
Também conhecidas como hiper-rígidas, são aquelas que possuem o processo de alteração 
bastante rigoroso, além de existir normas em seu conteúdo que são imutáveis. 
Para alguns doutrinadores, a Constituição Federal de 1988 seria considerada como super-
rígida, pois alé, de o seu processo de alteração ser dificultoso, veda a alteração de determina-
das normas (artigo 60 § 4º, CF/88), as chamadas cláusulas pétreas. 
No entanto, esta classificação não foi aceita pelo Supremo Tribunal Federal, que vem permitin-
do a alteração de assuntos catalogados no artigo 60 § 4º da Constituição Federal, desde que a 
alteração não revogue direitos. 
c) Constituições flexíveis 
Ao contrário das constituições rígidas, as flexíveis, também chamadas de fluida, moldável ou 
plástica, são aquelas que podem ser alteradas a qualquer momento, sem a necessidade de um 
procedimento solene, formal, complexo, demorado e dificultoso, utilizando do mesmo procedi-
mento para a alteração de leis ordinárias. 
O próprio legislativo é competente para expandir, modificar ou comprimir o seu conteúdo, da 
mesma maneira que sua promulgação ou abolição é feita pelo procedimento legislativo comum. 
Nesse caso, observa-se que a constituição flexível possui um alto grau de vulnerabilidade em 
relação à sua estabilidade, uma vez que suas normas sendo facilmente mudadas inexiste hie-
rarquia entre a constituição flexível e a legislação infraconstitucional. 
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São exemplos de constituições flexíveis as Constituições da Finlândia, Inglaterra, África do Sul 
e Nova Zelândia. 
d) Constituições transitoriamente flexíveisSão aquelas constituições que são passíveis de reforma tendo como parâmetro o rito das leis 
comuns, no entanto, poderá sofrer alterações apenas por tempo determinado. Ultrapassado o 
tempo previamente estabelecido, o seu texto passa a ser considerado rígido, ou seja, passa-se 
a exigir solenidades específicas no seu processo de alteração. 
Durante o período em que é permitida a alteração do texto constitucional, este será feito por 
meio do mesmo rito que é capaz de alterar as leis ordinárias, sendo o órgão competente para 
operar a reforma, o legislativo ordinário. 
São exemplos de constituições transitoriamente flexíveis a Carta irlandesa de 1937, que, du-
rante os três primeiros anos de vigência, verificou uma flexibilidade provisória, e a Constituição 
de Baden de 1947. 
e) Constituições semirrígidas 
Também conhecida como semiflexível, é aquela que possui uma parte rígida e o seu processo 
de alteração é idêntico ao de uma constituição rígida, e a outra parte é flexível, onde o a seu 
modelo de alteração é semelhante ao processo de alteração de leis ordinárias. Por acolher ca-
racterísticas de constituições rígidas e flexíveis ao mesmo tempo, são consideradas constitui-
ções mistas. 
A Constituição brasileira de 1824 e a irlandesa de 1922 são claros exemplos dessa modalidade 
de classificação. 
f) Constituições fixas 
Constituições fixas são aquelas que apenas podem ser alteradas pelo mesmo poder igual 
àquele que a criou. Ou seja, o poder constituinte originário é o único competente para modificar 
a Constituição. Essa modalidade de classificação é conhecida também constituição silenciosa, 
pois em seu texto não há de forma expressa o rito que deve seguir para alterar a constituição. 
São exemplos dessa modalidade a Constituição da Espanha de 1876 e o Estatuto do Reino da 
Sardenha, de 1848, que mais tarde se tornou a Constituição italiana. 
g) Constituições imutáveis 
Por fim, as constituições imutáveis são aquelas que pretendem ser eternas. Também conheci-
das como permanentes, intocáveis ou graníticas, recebem essa classificação, pois pensava-se 
que em momento algum haveria órgão competente para alterá-las, tampouco para revogá-las. 
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A Carta Espanhola de 1976 e as constituições dos sistemas consuetudinários dos povos primi-
tivos são grandes exemplos de constituições imutáveis. 
1.2.3. Quando ao conteúdo 
 
a) Constituição material 
Constituição material é aquela que em seu texto encontra-se normas fundamentais e estrutu-
rais do Estado, separação dos poderes, definição d regime político, estruturação dos órgãos de 
governo e delimitação dos direitos fundamentais. 
A Constituição do Império do Brasil de 1824 é um exemplo de constituição material, pois em 
seu conteúdo podia notar que com exceção da matéria que tratasse essencialmente de direito 
constitucional, poderia ser modificado pelas legislaturas ordinárias sem as formalidades que 
eram previstas nos artigos 173 ao 177 daquela carta. 
b) Constituição formal 
Já a constituição formal é aquela que leva em consideração o seu processo de elaboração, não 
importando o seu conteúdo. Sendo assim, toda a matéria que esteja em texto, ainda que não 
seja essencialmente constitucional, possui caráter constitucional, tendo em vista o seu proces-
so solene de elaboração. 
A Constituição brasileira de 1988 é substancialmente formal. 
1.2.4. Quanto à extensão 
a) Constituição sintética 
Conhecida também como constituição concisa, breve, sumária, sucinta ou básica, é aquela em 
que o seu conteúdo é apresentado de maneira enxuta, evidenciando matérias fundamentais 
em modestos números de artigos. 
A constituição sintética limita-se em apresentar princípios sem discorrer sobre estes, permitindo 
assim certa plasticidade para se adequar às mudanças sociais. 
O maior exemplo de constituição sintética é a Carta norte-americana de 1787, a qual possui 
apenas 7 artigos. 
b) Constituição analítica 
Diferente da constituição sintética, a constituição analítica, conhecida também como ampla, 
extensa, larga, prolixa, longa, desenvolvida, volumosa ou inchada, é a que versa de maneira 
detalhada e meticulosa sobre diversos temas, que inclusive poderiam ser matérias a serem 
tratadas por leis infraconstitucionais. 
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No Brasil, as constituições com exceção da Constituição de 1824, todas foram analíticas, inclu-
sive a atual Constituição de 1988. Outro exemplo de constituição analítica é a Constituição por-
tuguesa de 1976. 
1.2.5. Quanto à forma 
a) Constituição escrita 
Constituição escrita ou instrumental é aquela cujas normas encontram-se reunidas em um do-
cumento solene, de maneira esquematizada e codificada. 
São consideradas constituições legais, pois possuem caráter coercitivo no que diz respeito à 
produção de efeitos estabilizadores e racionalizadores de determinada sociedade. É conside-
rada a lei maior de um povo. 
A tradição atual de termos hoje constituições escritas advém das treze colônias inglesas da 
América do Norte, no ano de 1776. Em 1787, foi aprovada a Constituição dos Estados Unidos, 
pela Convenção da Filadélfia. A partir de então a maioria das constituições em todo o mundo 
classificam-se como constituições escritas. 
b) Constituição costumeira 
Chamada também de constituição não escrita ou consuetudinária, a constituição costumeira é 
aquela que se configura pela prática reiterada de costumes, tradições e hábitos que, tendo em 
vista sua relevância, são elevados ao nível constitucional, assumindo grande significância no 
meio local. 
Como as normas costumeiras são produzidas de maneira informal pela comunidade, pode-se 
dizer que estas surgem de maneira informal, uma vez que não há um órgão competente consti-
tuído para este fim. 
O maior exemplo de constituição costumeira é a Constituição da Inglaterra. No entanto, mesmo 
a Inglaterra sendo um país onde a sua constituição é sedimentada como uma norma costumei-
ra e não escrita, é de importante relevância lembrar que esta estabelece princípios constitucio-
nais em textos escritos, como é o caso dos tratados de união, as leis expressas do Parlamento 
e os acordos solenes, por exemplo. 
1.2.6. Quanto ao modo de elaboração 
a) Constituição dogmática 
As constituições dogmáticas ou sistemáticas são exclusivamente escritas e elaboradas uma 
única vez pelo poder constituinte originário. Nela encontram-se os valores predominantes da 
época da sua instituição. 
Até hoje, todas as constituições brasileiras foram dogmáticas. 
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b) Constituição histórica 
A constituição histórica se assemelha à constituição consuetudinária, pois esta é formulada no 
decorrer do tempo, levando em consideração os hábitos e costumes tradicionais de uma socie-
dade. 
A Constituição inglesa é um exemplo de constituição histórica. 
1.2.7. Quanto à sistemática 
a) Constituição reduzida 
Também conhecida como constituição codificada, unitária ou unitextual, é aquela que seu con-
teúdo é reunido em um só texto, de maneira sistematizada e exaustiva. 
Todas as constituições brasileiras foram consideradas constituições reduzidas, inclusive a atual 
Constituição de 1988. 
 
 
 
 
 
 
 
 
b) Constituição variada 
Ao contrário da constituição reduzida, a constituição variada ou não codificada é aquela que as 
normas jurídicas encontram-se espalhadas em diversos textos legais. Por não estarem reuni-
das em um único texto, são consideradas constituições escritas não formais,ou constituições 
legais. 
São exemplos de constituição variada a Constituição da França de 1875 e a Constituição da 
Bélgica de 1830. 
 
 
 
IMPORTANTE! 
Embora a nossa constituição seja classificada como constituição reduzida e, 
por meio da regra do que chamamos de “bloco de constitucionalidade” prevista 
no artigo 5º § 3º, CF/88, que permite a constitucionalização de tratados inter-
nacionais que versem sobre direitos humanos admitidos à Constituição com o 
quórum necessário de emendas constitucionais, estes tratados não são inseri-
dos ao corpo do texto constitucional, embora possuam status constitucional. 
Para fins de provas de concurso público, a Constituição Federal de 1988 é 
considerada reduzida. 
 
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1.2.8. Quanto à dogmática/ideologia 
a) Constituição ortodoxa 
Considera-se constituição ortodoxa aquela que é formada única e exclusivamente por uma ide-
ologia. 
Grande exemplo de constituição ortodoxa são as constituições soviéticas de 1923, 1936 e 
1977. 
b) Constituição eclética 
Constituição eclética ou compromissória é aquela que é constituída por várias ideologias que 
se agregam. 
A doutrina vem considerando a Constituição brasileira vigente como constituição compromissó-
ria por esta conseguir conciliar interesses opostos em torno de entendimentos constitucionais 
harmonizantes. 
Exemplos: Constituição brasileira de 1988 e Constituição portuguesa de 1976. 
1.2.9. Quanto à correspondência com a realidade (essência) 
Segundo Karl Loeweinstein, a classificação ontológica das constituições subdivide-se em nor-
mativas, nominais e semânticas. 
a) Constituição normativa 
Constituição normativa é aquela que está em perfeito acordo com a realidade social. É conso-
nante ao sistema jurídico vigente, bem como com o processo político. Por essa razão, Loe-
weinstein compara o texto constitucional normativo a uma roupa de bom caimento e que veste 
bem. 
b) Constituição nominal 
Chamada também de nominalista ou nominativa, é a constituição que possui um caráter pros-
pectivo, de cunho educativo, voltada para uma visão futurista da sociedade. Na constituição 
nominal, a prática do processo político não se enquadra às suas normas. 
Loeweinstein compara a constituição nominal à uma roupa nova guardada esperando que o 
corpo esteja preparado para utilizá-la. 
A Constituição brasileira de 1988 é considerada uma constituição nominal. 
 
 
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c) Constituição semântica 
Constituição semântica é considerada como um documento formal que tem o objetivo de favo-
recer os detentores do poder que estabelecem maneiras de coagir os governados para conti-
nuarem no poder. 
A comparação feita por Loeweinstein é a de que a constituição semântica é como uma roupa 
que não veste bem, mas é capaz de esconder todos os defeitos e dissimular as imperfeições 
do corpo. 
Nesta ocasião, o questionamento levantado é: em qual classificação quanto à essência a 
Constituição brasileira de 1988 se enquadra? 
Pois bem. A atual Carta brasileira, segundo Bulos, é nominal, enquanto que as Constituições 
de 1824, 1891, 1934 e 1946 foram nominais e os Textos de 1937, 1967 e a Emenda Constitu-
cional n. 1/69 foram constituições semânticas. 
O que se espera é que um dia a Constituição Federal brasileira seja normativa, de maneira que 
leve em consideração os fatores de desenvolvimento da sociedade, em concordância com a 
vida. 
1.2.10. Quanto ao sistema 
a) Constituição principiológica 
É aquela constituição em que há a prevalência de princípios, apesar destes serem normas ge-
rais abstratas e que, em muitos sistemas jurídicos exercem função apenas supletiva, informati-
va e interpretativa. 
A Constituição brasileira é considerada principiológica. 
b) Constituição preceitual 
Na constituição preceitual há a prevalência de normas constitucionais individualizadas, com 
pouco grau de subjetividade. 
Exemplo: Constituição mexicana. 
 
1.2.11. Quanto à função 
a) Constituição provisória 
Constituição provisória, pré-constituição ou Constituição revolucionária é o conjunto de normas 
que possuem a finalidade de estabelecer o regime de criação e aprovação da Constituição 
formal futura. É considerada como fruto da evolução. 
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b) Constituição definitiva 
Conhecida também como constituição de duração indefinida para o futuro, esta procura ser o 
produto finalizado do processo constituinte. É a constituição permanentemente elaborada. 
 
1.2.12. Quanto à origem de sua decretação 
a) Constituição heterônoma 
Chamada também de heteroconstituição, é aquela que foi decretada fora do Estado por outro 
Estado. Apesar de incomum, existem países que tiveram suas constituições decretadas por 
outros Estados, como é o caso dos países da Commonwealth. 
As constituições da Nova Zelândia, Austrália e Canadá são exemplos de constituições decreta-
das pelo Parlamento britânico. 
b) Constituição autônoma 
Constituição autônoma ou autoconstituição é aquela que é elaborada dentro do próprio Estado. 
Exemplo: Constituição Federal brasileira de 1988. 
Dessa forma, abaixo encontra-se um quadro resumo das constituições. 
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES 
Quanto à origem Outorgada, promulgada, cesarista, 
pactuada, histórica. 
Quanto à alterabilidade Rígida, super-rígida, flexível, transitori-
amente flexível, semirrígida, fixa, imu-
tável. 
Quanto ao conteúdo Material, formal. 
Quanto à extensão Sintética, analítica. 
Quanto à forma Escrita, costumeira. 
Quanto ao modo de elaboração Dogmática, histórica. 
Quanto à sistemática Reduzida, variada. 
Quanto à dogmática Ortodoxa, eclética. 
Quanto à correspondência com a 
realidade 
Normativa, nominal, semântica. 
Quanto ao sistema Principiológica, preceitual. 
Quanto à função Provisória, definitiva. 
Quanto à origem de decretação Heterônoma, aoutônoma. 
 
Assim, após a extensa classificação das constituições, a Constituição Federal de 1988 classifi-
ca-se como: promulgada, rígida, formal, analítica, escrita, dogmática, reduzida, eclética, nomi-
nal, principiológica e autônoma. 
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CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
Quanto à origem Promulgada. 
Quanto à alterabilidade Rígida. 
Quanto ao conteúdo Formal. 
Quanto à extensão Analítica. 
Quanto à forma Escrita. 
Quanto ao modo de elaboração Dogmática. 
Quanto à sistemática Reduzida. 
Quanto à dogmática Eclética. 
Quanto à correspondência com a 
realidade 
Nominal. 
Quanto ao sistema Principiológica. 
Quanto à função Definitiva. 
Quanto à origem de decretação Autônoma. 
 
1.3. Elementos da Constituição 
Os elementos são indispensáveis para a organização dos textos constitucionais. Assim, os 
elementos que aqui serão elencados são itens essenciais para a garantia das liberdades públi-
cas e organização do Estado. 
Por tratar de diversas matérias, a constituição é considerada como polifacética. Por essa razão 
(possuir várias faces), as constituições consagram matérias sobre os órgãos do Estado, liber-
dades públicas e estruturação do poder. 
Na Constituição brasileira, encontra-se os elementos: 
1.3.1. Elementos orgânicos 
Elementos orgânicos ou dogmáticos são aqueles que organizam o Estado e a estruturação do 
poder. Fixa o sistema de competência dos órgãos, autoridade públicas e instituições. Os ele-
mentos orgânicossão atribuídos também às normas de tributação e orçamento. 
1.3.2. Elementos limitativos 
Responsáveis por conter/limitar os abusos do poder estatal, com a finalidade de evitar o arbítrio 
por parte das autoridades, bem como o descumprimento aos direitos e garantias fundamentais. 
1.3.3. Elementos socioideológicos 
Caracterizam os fins sociais e econômicos do Estado, objetivando uma sociedade justa, com 
uma distribuição de renda equilibrada. Pressupõem uma ideologia, no sentido de que represen-
tam o comprometimento entre o Estado individual e o Estado social. Estado intervencionista, 
que objetiva o bem estar social. 
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1.3.4. Elementos de estabilização constitucional 
Objetivam expelir os conflitos constitucionais, a defesa do Estado, das instituições democráti-
cas e da própria Constituição. 
1.3.5. Elementos formais de aplicabilidade 
Diz respeito às normas de aplicação da Constituição, como por exemplo o procedimento formal 
para promulgação, vigência e aplicação das normas constitucionais, assim como o grau de efi-
ciência dos princípios definidores dos direitos e garantias fundamentais. 
Por dizerem como os dispositivos constitucionais devem ser aplicados, as normas referentes 
ao processo legislativo também são consideradas elementos formais de aplicabilidade consti-
tucional. 
1.3.6. Elementos de transição constitucional 
Centralizam-se nos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Tais normas 
são efetivas durante certo período de tempo. Após cumprir sua finalidade, findam-se comple-
tamente. 
Para fins de fixação da matéria, observe a seguir alguns exemplos de elementos constitucio-
nais presentes na Constituição Federal de 1988. 
QUADRO EXEMPLIFICATIVO DOS ELEMENTOS DA COSTITUIÇÃO FE-
DERAL DE 1988 
Elementos orgânicos Título III – Da Organização do Estado 
(art. 18 a 43); Título IV – Da organiza-
ção dos Poderes (art. 44 a 135); Título 
V – Das Forças Armadas e da Segu-
rança Pública (art. 142 a 144); Título 
VI – Da tributação e do Orçamento 
(art. 145 a 169). 
Elementos limitativos Título II – Dos Direitos e Garantias 
Fundamentais (art. 5º, I a LXXVIII; art. 
14 a 17). 
Elementos socioideológicos Título II, Capítulo II – Dos Direitos So-
ciais (art. 6º a 11); Título VII – Da Or-
dem Econômica e Financeira (art. 170 
a 192); Título VIII – Da Ordem Social 
(art. 193 a 232). 
Elementos de estabilização consti-
tucional 
Título III, Capítulo VI – Da Intervenção 
Federal (art. 34 a 36); Título IV Da 
Organização dos Poderes (arts. 51, I; 
52, X; 60, 85 e 86; 97; 102, I, a, e III; 
103; 136 a 141). 
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Elementos formais de aplicabilida-
de 
Preâmbulo da Constituição; art. 5º, 
§1º; arts. 59 a 69). 
Elementos de transição constituci-
onal 
Artigos 1º a 75 do ADCT. 
 
EXERCÍCIOS 
 
1. (CESPE – 2019 – TJ-SC - Juiz Substituto) A respeito das constituições classificadas como 
semânticas, assinale a opção correta. 
 
A) São aquelas que se estruturam a partir da generalização congruente de expectativas de 
comportamento. 
B) São aquelas cujas normas dominam o processo político; e nelas ocorrem adaptação e sub-
missão do poder político à constituição escrita. 
C) Funcionam como pressupostos da autonomia do direito; e nelas a normatividade serve es-
sencialmente à formação da constituição como instância reflexiva do sistema jurídico. 
D) São aquelas cujas normas são instrumentos para a estabilização e perpetuação do controle 
do poder político pelos detentores do poder fático. 
E) São aquelas cujo sentido das normas se reflete na realidade constitucional. 
 
2. (CONSULPLAN – 2018 - TJ-MG – Titular de Serviços de Notas e de Registros) A atual 
Constituição da República Federativa do Brasil pode ser classificada como: 
 
A) Escrita, outorgada e liberal. 
B) Escrita, semântica e sintética. 
C) Normativa, sintética e cesarista. 
D) Promulgada, dogmática e analítica. 
 
3. (VUNESP – 2018 – TJ-SP - Titular de Serviços de Notas e de Registros) A respeito das 
Constituições brasileiras, é correto afirmar: 
 
A) A Constituição Federal de 1937 é classificada como semântica, pois atuou como simples 
instrumento de estabilização do Poder, sem o escopo de organizá-lo ou limitá-lo. 
B) A Constituição Federal de 1946 é classificada como dirigente, pois associada a determinada 
corrente ideológica. 
C) A Constituição Federal de 1824 previa normas de organização social. 
D) A Constituição Federal de 1934 não seguiu o modelo de constituição política, econômica e 
social. 
 
4. (CESPE – 2013 – BACEN – Procurador) A respeito do conceito, dos elementos e das clas-
sificações das constituições, assinale a opção correta. 
 
A) No que se refere ao modo de elaboração, a constituição dogmática espelha os dogmas e 
princípios fundamentais adotados pelo Estado e não será escrita. 
B) Quanto à estabilidade, a constituição flexível não se compatibiliza com a forma escrita, ainda 
que seu eventual texto admitisse livre alteração de conteúdo por meio de processo legislativo 
ordinário. 
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C) Os direitos e garantias fundamentais previstos na CF são considerados elementos socioide-
ológicos. 
D) No sentido político, segundo Carl Schimitt, a constituição é a soma dos fatores reais do po-
der que formam e regem determinado Estado. 
E) Quanto aos elementos, o ADCT configura exemplo de elemento formal de aplicabilidade da 
CF. 
 
5. (CESPE – 2019 – MP-PI – Promotor de Justiça Substituto) De acordo com a doutrina, o 
documento escrito estabelecido de forma solene pelo poder constituinte eleito pelo voto popu-
lar, modificável somente por processos e formalidades especiais nele mesmo contidos, e que 
contém o modo de existir do Estado é classificado como constituição: 
 
A) Formal. 
B) Material. 
C) Outorgada. 
D) Histórica. 
E) Flexível. 
 
6. (VUNESP – 2018 – FAPESP – Procurador) No tocante ao tema conceito de constituição, 
existem pensadores e doutrinadores que formularam concepções de constituição segundo 
seus diferentes sentidos. Consequentemente, é correto afirmar que Ferdinand Lassale, Carl 
Schmitt e Hans Kelsen estão ligados às concepções de constituição, respectivamente, nos sen-
tidos: 
 
A) Substancial, material e formal. 
B) Sociológico, político e jurídico. 
C) Pluralista, social e transcendental. 
D) Pactual, contratualista e compromissório. 
E) Ideológico, garantista e positivista. 
 
7. (VUNESP – 2018 – CÂMARA DE CAMPO LIMPO PAULISTA – SP – Procurador Jurídico) 
As constituições que resultam dos trabalhos de um órgão constituinte sistematizador das ideias 
e princípios fundamentais da teoria política e do direito dominante naquele momento são de-
nominadas constituições: 
 
A) Dogmáticas. 
B) Pactuadas. 
C) Democráticas. 
D) Semânticas. 
E) Ecléticas. 
 
8. (CESPE – TRT 10ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Acerca de constituição e de direitos e garan-
tias, julgue os itens a seguir à luz da norma constitucional e da interpretação doutrinária sobre 
a matéria. 
Conceitua-se a Constituição, quanto ao aspecto material, como conjunto de normas pertinentes 
à organização do poder, à atribuição da competência, ao exercício da autoridade, à forma de 
governo e aos direitos individuais e sociais da pessoa humana. 
 
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A) Certo. 
B) Errado. 
 
9. (VUNESP – 2013 – TJ-SP – Advogado) Considerando a doutrina do direito constitucional 
prevalente a respeito das classificaçõesdas constituições, tendo em vista seus variados aspec-
tos, assinale a alternativa que apresenta classificações corretas referentes à Constituição Fe-
deral brasileira vigente. 
 
A) Constituição rígida e ideológica. 
B) Constituição analítica e formal. 
C) Constituição garantia e histórica. 
D) Constituição finalística e substancial. 
E) Constituição dualista e super-rígida. 
 
10. (CESPE – 2013 – BACEN – Procurador do BACEN) A respeito do conceito, dos ele-
mentos e das classificações das constituições, assinale a opção correta: 
 
A) No que se refere ao modo de elaboração, a constituição dogmática espelha os dogmas e 
princípios fundamentais adotados pelo Estado e não será escrita. 
B) Quanto à estabilidade, a constituição flexível não se compatibiliza cm a forma escrita, ainda 
que seu eventual texto admitisse livre alteração do conteúdo por meio de processo legislativo 
ordinário. 
C) Os direitos e garantias fundamentais previstos na CF são considerados elementos socioide-
ológicos. 
D) No sentido político, segundo Carls Schimitt, a constituição é a soma dos fatores reais do po-
der que formam e regem determinado Estado. 
E) Quanto aos elementos, o ADCT configura exemplo de elemento 
 
GABARITO 
QUESTÃO RESPOSTA QUESTÃO RESPOSTA 
1 D 6 B 
2 D 7 A 
3 A 8 A 
4 E 9 B 
5 A 10 E 
 
2. APLICABILIDADE E EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 
 
2.1. Noções introdutórias 
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Ao discorrer acerca da aplicabilidade e a eficácia da norma constitucional, objetiva-se entender 
o alcance da produção de efeitos e regras que as compõem. 
 
Inicialmente, é importante compreender que toda norma constitucional produz efeitos, com 
isso, não existe norma constitucional sem efeitos. Para facilitar a compreensão, podemos dizer 
que a norma constitucional seria a ação e os efeitos seriam a reação que tal norma produz, 
portanto, toda ação, obrigatoriamente, possui uma reação, assim como uma norma possui efei-
tos. 
 
O efeito ainda se subdividem em: efeito social e efeito jurídico. Dependendo da norma, ela 
poderá produzir apenas efeito jurídico, ou efeito jurídico e social, mas de forma alguma a 
norma terá apenas efeito de caráter social. 
 
Explico, que dentro de um sistema normativo, o que prevalece é o caráter jurídico das normas, 
diferentemente das regras de caráter social, as quais são encontradas em ambientes de con-
vivência (como por exemplo, ambientes de trabalho, lares, clubes esportivos). Estas normas 
são estabelecidas em ambientes sociais, elaboradas com o intuito de melhorar ou possibilitar o 
convívio social e não possuem força normativa, portanto, não detém cunho jurídico. 
 
Assim, veja, somente as regras de cunho jurídico podem obrigar o indivíduo a realizar ou não 
algo, diferentemente das regras que têm caráter social, as quais as pessoas aderem por livre e 
espontânea vontade. Por isso, dentro do universo jurídico, uma norma que possui somente efi-
cácia social não é válida, pois vivemos em um Estado democrático de direito, legalista, que 
adota a teoria normativa de Hans Kelsen. 
 
Por fim, concluímos que as normas jurídicas obrigatoriamente possuem efeito jurídico, deven-
do, dessa maneira, serem seguidas. Por outro lado, não podemos esquecer que ela também 
possui efeito social. 
 
Ao se falar em eficácia social da norma, entende-se que a mesma está diretamente relaciona-
da com o que é aceito socialmente, ou seja, o que de fato é aplicável aos casos concretos, 
possuindo a capacidade real de regular ou modificar as relações sociais. Por outro lado, quan-
do se fala em eficácia jurídica, a aceitação social é irrelevante, uma vez que a norma deve ser 
aplicada independentemente de consentimento social. 
 
As normas constitucionais possuem dois efeitos jurídicos mínimos, são eles: efeito revogador e 
efeito inibidor: 
 
O Efeito revogador (efeito positivo), REVOGA, via de regra, todas as normas que entrem em 
conflito com a Constituição, uma vez que é impossível que duas normas regulem de forma con-
traria sobre a mesma matéria. Desta forma, não se permite que sejam recepcionadas normas 
legisladas anteriormente que sejam incompatíveis com a norma constitucional vigente. Portan-
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to, a norma antiga é automaticamente revogada pela Constituição superveniente, pois, caso 
continue a vigorar, estará configurado o que chamamos de conflito de normas. 
 
Já o Efeito Inibidor (efeito negativo), é a aptidão de impedir que sejam editadas normas que 
contrariem o previsto na norma constitucional, ou seja, as normas que virão futuramente ne-
cessitam, obrigatoriamente, estar de acordo com as novas regras estabelecidas na Constitui-
ção Federal. 
 
No país, o sistema normativo é constitucional, ou seja, baseado na Constituição Federal. 
Portanto, para que uma norma seja válida no sistema jurídico, esta necessita estar de acordo 
não só com o sistema normativo, mas também com as regras constitucionais. 
 
No entanto, em nosso sistema normativo é possível que uma norma nasça violando a Consti-
tuição Federal, porém quando isso ocorre, os efeitos jurídicos são ruins para o sistema norma-
tivo, por isso a norma é declarada inconstitucional e deve ser desentranhada o mais rápido 
possível do ordenamento jurídico. 
 
2.2. Classificação da eficácia das normas constitucionais 
Em relação a classificação da eficácia das normas constitucionais, o STF, em seara jurispru-
dencial adota a classificação de JOSÉ AFONSO DA SILVA, o qual, separa a eficácia das nor-
mas entre: plena, contida e limitada. Vejamos. 
 
2.2.1. Normas constitucionais de Eficácia PLENA 
São aquelas que possuem aplicabilidade imediata, direta e integral, sendo assim, não ne-
cessitam de regulamentação legal posterior para assegurar a produção dos seus efeitos, de 
maneira que nada a limita ou restringe. 
Palavras-chave: Imediata, direta, integral, independentes, completas, autoaplicáveis. 
Exemplos de norma de Eficácia Plena: os seguintes artigos da Constituição Federal de 1988: 
art. 1º; art. 2º; art. 14; art. 15; art. 45; art. 132. 
 
2.2.2. Normas constitucionais de Eficácia CONTIDA 
São aquelas que, apesar de possuírem capacidade de produzir seus efeitos desde a promul-
gação, podem sofrer restrições futuras realizadas por outras normas, como leis, regulamentos 
constitucionais, etc. 
Podem ser identificadas por meio de expressões como: exceto, na forma da lei ou regulamen-
to, salvo. Funciona como se fosse uma espécie de campo que restringe sua aplicação, ou de 
bloqueio para delimitar sua atuação. 
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Palavras-Chave: Aplicação imediata, direta, não integral. 
Exemplo de norma constitucional de Eficácia Contida: art. 5º, VIII, CF. “Salvo se a invocar 
para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternati-
va”. Temos outros artigos da Constituição Federal que podemos citar como exemplo, como: art. 
5º, incisos VII, XXV; art. 37, I. 
 
 
 
 
 
EXCEÇÕES: é dito que é norma de Eficácia Limitada pela doutrina minoritária, pois há neces-
sidade de lei que complemente o necessário para sua aplicação. É classificada como norma 
constitucional de eficácia plena pelo doutrinador Pedro Lenza e pelo entendimento do STF, 
com a justificativa de que quando não há lei que contenha ou limite seus efeitos, ela terá plena 
eficácia até que haja dispositivo legal que a limite. 
 
2.2.3. Normas de Eficácia LIMITADA 
Possuem aplicabilidade diferida para um momento futuro, ou seja,dependem da edição de 
uma norma infraconstitucional superveniente para que adquira aptidão para produzir os seus 
efeitos principais. Apesar disso, essas normas possuem efeitos secundários: revogador e inibi-
dor (tratados anteriormente). 
Essas normas criam direitos subjetivos negativos, por isso, os cidadãos possuem capacidade 
de exigir que o poder público não aja em desacordo com disposto nelas. 
Palavras-chave: Aplicabilidade indireta, mediata, não integral. Conforme a lei, na forma da lei, 
de acordo com a lei complementar. 
 
 
 
 
 
 
 
PARA SABER MAIS 
Atributos decorrentes da eficácia limitada das normas constitucionais: 
a) Eficácia conformadora: exige que o poder público (todos os três poderes) 
atue em conformidade com a norma constitucional. 
b) Eficácia interpretativa: orienta a interpretação das demais normas constituci-
onais. 
c) Eficácia redutora da discricionariedade: diminui a margem de discricionarie-
dade da atuação do poder público em relação ao conteúdo disposto na norma. 
d) Eficácia invalidatória: serve como parâmetro para recepção de normas infra-
constitucionais ou para declaração de inconstitucionalidade de normas anteriores à 
Constituição. 
IMPORTANTE 
O artigo, 5º XIII, CF/88 é em REGRA norma de eficácia contida! 
 
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As normas de eficácia limitada se dividem ainda entre: normas de eficácia limitada ins-
titutiva e normas de eficácia programática. Vejamos: 
2.2.4. Normas de eficácia limitada institutiva (organizativa) 
São normas que possibilitam a instituição de órgãos ou entidades, que viabilizem o cumprimen-
to de programas ligados as diretrizes gerais da administração pública. 
Podem ser impositivas ou facultativas. 
a) São impositivas quando o texto normativo constitucional traz expressões como 
“a lei deverá”, “a lei “disporá”. Portanto, deixam claro que é necessária a atuação legislativa 
para o preenchimento das lacunas que impossibilitam a norma de ser aplicada. 
b) Já as facultativas não impõem um dever ao legislador para que regulamente a 
matéria disciplinada, sendo assim, facultam edição da norma. É caracterizado por expressões 
como “a lei poderá”. 
Exemplos de normas de eficácia limitada institutiva: artigos 18, § 2º, 33, 109, VI da Consti-
tuição Federal. 
2.2.5. Normas de eficácia limitada programática (analíticas e dirigentes) 
São aquelas que estabelecem uma política para ser executada no futuro por meio de princípios 
programáticos a serem cumpridos pelos seus órgãos. Exemplo: artigos 196, 205, 227, da 
Constituição Federal. 
Classificação da eficácia das normas constitucionais 
 
Eficácia plena 
 
Eficácia contida 
 
Eficácia limitada 
 
- Aplicabilidade ime-
diata, direta e integral. 
- Não necessitam de 
regulamentação legal 
posterior para garantir 
sua aplicação e não 
podem ser restringidas 
- Aplicação imediata, 
direta, não integral 
- Podem sofrer restri-
ções futuras realizadas 
por outras normas 
 
- Aplicabilidade indireta, 
mediata, não integral 
- Dependem da edição 
de uma norma infra-
constitucional superve-
niente para que adquira 
aptidão para produzir os 
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 seus efeitos principais. 
- Ainda assim possui 
efeitos secundários: 
revogador e inibidor 
- Se dividem ainda en-
tre: normas de eficácia 
limitada institutiva e 
normas de eficácia pro-
gramática 
 
 
2.3. Outras classificações doutrinárias 
A doutrina ainda acolhe mais duas classificações de eficácia das normas constitucionais, são 
elas: normas de eficácia absoluta ou total e normas de eficácia exaurida ou esvaída. Vejamos: 
Eficácia absoluta ou total: normas intangíveis, não podem ser contrariadas ou modificadas 
pelo poder constituinte derivado reformador. 
Norma de eficácia exaurida ou esvaída: são normas que já extinguiram a produção dos seus 
efeitos, ou seja, tem aplicabilidade esgotada. Vale ressaltar que algumas normas produzem 
efeitos por um determinado período ou são criadas para serem utilizadas uma única vez, temos 
como exemplo a maioria das normas do ADCT. 
 
EXERCÍCIOS 
1. (VUNESP - 2019 - TJ-SP - Administrador Judiciário) A doutrina define normas programá-
ticas como aquelas que: 
 
A) dependem de regulamentação pelo legislador infraconstitucional e também de condições 
materiais. 
B) instituem a possibilidade de que órgãos ou instituições sejam criados por outra lei. 
C) permanecem aplicáveis enquanto não editada qualquer norma que restrinja a sua eficácia. 
D) podem ser reduzidas com base no princípio da proporcionalidade. 
E) nascem plenas, completas, produzindo todos os efeitos desejados. 
 
2. (CESPE - 2018 - MPE-PI - Analista Ministerial - Área Processual) A eficácia de uma nor-
ma constitucional pode ser considerada não só do ponto de vista jurídico, mas também do so-
cial, ocorrendo essa eficácia social a partir do respeito à legislação pela população. 
 
A) Certo 
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https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/vunesp-2019-tj-sp-administrador-judiciario
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/cespe-2018-mpe-pi-analista-ministerial-area-processual
 
 
 
 
 
 
 
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B) Errado 
 
3. (FGV - 2018 - AL-RO - Consultor Legislativo - Assessoramento Legislativo) De acordo 
com o Art. 121, caput, da Constituição da República, “lei complementar disporá sobre a organi-
zação e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais." 
 
Considerando a aplicabilidade das normas constitucionais, é correto afirmar que desse preceito 
se extrai uma norma de eficácia: 
 
A) limitada e de princípio programático. 
B) contida e aplicabilidade imediata. 
C) limitada e de princípio institutivo. 
D) direta e aplicabilidade imediata. 
E) difusa e aplicabilidade direta. 
 
4. (CESPE - 2018 - PC-MA - Conhecimentos Específicos - Escrivão de Polícia) O art. 5º, 
inciso XIII, da Constituição Federal de 1988 (CF) assegura ser livre o exercício de qualquer 
trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. 
Com base nisso, o Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil estabelece que, para exercer a 
advocacia, é necessária a aprovação no exame de ordem. A norma constitucional mencionada, 
portanto, é de eficácia: 
 
A) contida. 
B) programática. 
C) plena. 
D) limitada. 
E) diferida. 
 
5. (FGV - 2018 - TJ-SC - Analista Administrativo FGV - EnfermeiroFGV) De acordo com o 
art. 5º, XXXII, da Constituição da República, “o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do 
consumidor". 
 
Considerando a aplicabilidade das normas constitucionais, a norma constitucional que se extrai 
do referido preceito tem: 
 
A) eficácia limitada de princípio consumerista; 
B) eficácia limitada de princípio institutivo; 
C) natureza programática; 
D) eficácia contida; 
E) eficácia plena. 
 
6. (VUNESP - 2017 - Prefeitura de São José dos Campos - SP – Procurador) Analise os 
dispositivos constitucionais a seguir reproduzidos e assinale a alternativa que os classifica, 
respectiva e corretamente, considerando a eficácia das normas constitucionais. 
“A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios far-se-ão por lei esta-
dual, dentro do período determinado por lei complementar federal, e dependerão de consulta 
prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos 
Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei" (art. 18 § 4º). 
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“Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos ur-
banos" (art. 230 § 2º). 
 
A) Limitada e plena. 
B) Contida e limitada. 
C) Plena e contida. 
D) Limitada e contida. 
E) Limitada e limitada. 
 
7. (FCC - 2018 - TRT - 2ª REGIÃO (SP) - Técnico Judiciário - Área Administrativa) Conside-
rando a classificação das normas constitucionais quanto à sua aplicabilidade e eficácia, 
 
A) todas as normas de direitos e garantias fundamentais previstas na Constituição Federal têm 
eficácia plena, já que são normas de aplicação imediata segundo o texto constitucional. 
B) na ausência de norma regulamentadora de norma constitucional de eficácia contida poderá 
ser impetrado habeas data, desde que para assegurar a aplicação de direitos e liberdades 
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. 
C) caracteriza norma de eficácia limitada aquela segundo a qual o direito de greve será exerci-
do pelos servidores públicos nos termos e nos limites definidos em lei específica. 
D) caracteriza norma programática aquela segundo a qual é livre o exercício de qualquer traba-
lho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. 
E) na ausência de norma regulamentadora que torne inviável o exercício dos direitos previstos 
em normas constitucionais de eficácia limitada, poderá ser impetrado mandado de segurança. 
 
 
8. (CESPE - 2018 - PGM - JOÃO PESSOA - PB - Procurador do Município) A Constituição 
Federal de 1988 (CF) prevê que a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de 
municípios serão feitos por lei estadual, dentro do período determinado por lei complementar 
federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos municípios 
envolvidos, após a divulgação dos estudos de viabilidade municipal, apresentados e publicados 
na forma da lei. Conforme o entendimento do STF e a classificação tradicional da aplicabilidade 
das normas constitucionais, tal previsão constitui norma de eficácia: 
 
A) plena, pois de aplicabilidade imediata. 
B) plena, embora de aplicabilidade diferida. 
C) limitada, pois de aplicabilidade mediata. 
D) contida, pois de aplicabilidade mediata. 
 
9. (FCC - 2018 - CL-DF - Procurador Legislativo) Considere as seguintes normas constituci-
onais: 
 
1a norma:Art. 5º −XIII − é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas 
as qualificações profissionais que a lei estabelecer; 
 
2a norma: Art. 7º − São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem 
à melhoria de sua condição social: XI − participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da 
remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em 
lei; 
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3a norma:Art. 37º − A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da Uni-
ão, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: VII − o direito de 
greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; 
 
Considerando a classificação das normas constitucionais, quanto à sua eficácia, em normas de 
eficácia plena, contida e limitada, os dispositivos acima transcritos constituem exemplos, res-
pectivamente, de normas de eficácia: 
 
A) contida − limitada − limitada. 
B) contida − contida − limitada. 
C) limitada − contida − contida. 
D) plena − contida − contida. 
E) plena − limitada − limitada. 
 
10. (FCC - 2017 - DPE-RS - Analista – Administração) É considerada de eficácia limitada, na 
medida em que dependente de regulamentação para a produção de efeitos, a norma constitu-
cional segundo a qual: 
 
A) a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. 
B) a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. 
C) é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações pro-
fissionais que a lei estabelecer. 
D) são brasileiros naturalizados os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasilei-
ra, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na 
República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, 
pela nacionalidade brasileira. 
E) são direitos dos trabalhadores a participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re-
muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em 
lei. 
 
 
GABARITO 
QUESTÃO RESPOSTA QUESTÃO RESPOSTA 
1 A 6 A 
2 CERTO 7 C 
3 C 8 C 
4 A 9 A 
5 C 10 E 
 
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3. HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 
No decorrer da história das constituições brasileiras, estas fizeram parte de uma evolução his-
tórica bastante distinta. Desde a Constituição Imperial de 1824 até a atual Constituição Federal 
de 1988, o Brasil passou por grandes transformações, as quais refletem até hoje na própria 
construção do Estado. 
Antes de discorrer acerca deste tema, observe abaixo a natureza jurídica das constituições 
brasileiras abaixo: 
HISTÓRICO DAS CONTRUÇÕES BRASILEIRAS 
1824 Outorgada 
1891 Promulgada 
1934 Promulgada 
1937 Outorgada 
1946 Promulgada 
1967 e E. C. 1/69 
Promulgada e Outorgada pelos mili-
tares 
1988 Promulgada 
 
3.1. Constituição de 1824 
A Constituição de 1824, conhecida como Constituição Imperial foi outorgada em 25 de março 
1824, por D. Pedro I, que dissolveu a Assembleia Constituinte em 1823 e, com a intenção de 
instituir um Estado unitário, concentrar todo o poder político em suas mãos e estabelecer a 
forma monárquica de Estado, impôs o seu projeto, o qual tornou a primeira Constituição do 
Brasil. 
Importante lembrar que, embora o Projeto de D. Pedro I tenha sido lido e aprovado por algu-
mas Câmaras Municipais de confiança dele, os historiadores consideram esta Carta como uma 
imposição do imperador. 
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Instituiu quatro funções do poder político: funções legislativa, executiva, judiciária e moderado-
ra. 
a) Função legislativa 
Atribuída à uma Assembleia Geral, era formada por uma Câmara de Deputados temporária e 
eletiva e, pelo Senado, que era formado por meio de eleição provincial, sendo que os seus 
membros eram escolhidos pelo Imperador, por meio de lista tríplice, com mandato vitalício. 
b) Função executiva 
Era comandada pelo Monarca, o qual era assessorado por Ministros de Estado. Cabia ao Mo-
narca examinar os projetos legislativos, os quais eram submetidos a ele para sancionar ou ve-
tar tal proposta, sendo que sua decisão era tácita. 
 
 
c) Função judiciária 
Desempenhada por juízes, contando com a participação de jurados. No Brasil Império, o Tribu-
nal do Júri possuía competência tanto penal quanto cível. Era conferida aos juízes a vitalicie-
dade, no entanto, não lhes garantia a inamovibilidade. O órgão de cúpula do Poder Judiciário 
era conhecido como 
Supremo Tribunal de Justiça, e era composto por juízes togados, resultantes de relações pro-
vinciais. 
d) Função moderadora 
A função moderadora foi concedida exclusivamente ao Monarca, o qual, por meio desta pode-
ria interferir livremente no exercício das demais funções do poder político. O Poder Moderador 
estava acima dos demais Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo. 
As provínciaspassaram a ser dirigidas por presidentes escolhidos pelo Imperador, e as elei-
ções eram indiretas e censitárias. Por eleição censitária entende-se que só podia votar quem 
obedecesse a determinados critérios econômico-financeiros estabelecidos na Constituição. Os 
mesmos critérios serviam para aqueles cidadãos que quisessem se eleger. 
 
 
 
 
CURIOSIDADE 
A constituição de 1824 foi apelidada de “Constituição da mandioca”, pois 
levava em consideração a fortuna de uma sociedade agrária e rural, em que 
a farinha de mandioca era a moeda usada para calcular o capital dos produ-
tores rurais. 
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Com duração de 65 anos de vigência, a Constituição Imperial de 1824 é considerada a mais 
longa de toda a história do país, até então. 
3.2. Constituição de 1891 
Conhecida como “Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil”, foi promulgada em 
24 de fevereiro de 1891. 
Concebeu a forma de governo republicana, o sistema de governo presidencialista, a forma 
federativa de Estado com observância da separação de competências entre a União e os Es-
tados-membros, deixando de lado a ideia de Estado unitário. 
Na Constituição de 1891 houve outras diversas inovações, dentre elas a criação do sufrágio 
com menos limitações, instituição d habeas corpus, separação da Igreja e Estado, não mais 
sendo considerada como oficial a religião católica. 
Foram responsáveis por aprovar a Constituição de 1891 o chefe de governo provisório da épo-
ca, Marechal Deodoro da Fonseca e o seu vice, Senador Rui Barbosa, que foi o Relator do pro-
jeto. 
A repartição dos Poderes seguiu a linda doutrinária de Montesquieu, onde era concebida a re-
partição dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. 
A função do Poder Executivo era exercida pelo Presidente da República, que era eleito por 
meio do sufrágio universal, e, votação direta e popular. 
Já o Poder Legislativo era exercido pelo Congresso Nacional, consagrado pela Câmara de De-
putados e pelo Senado Federal. 
Por fim o Poder Judiciário organizou-se, no âmbito da União com juízes federais e tribunais 
federais enquanto que nos Estados-membros, estruturou-se com juízes e tribunais locais. 
 
3.3. Constituição de 1934 
Conhecida como “Segunda República”, a Constituição da República dos Estados Unidos do 
Brasil foi promulgada em 16 de julho de 1934. 
Em 1933, quando o país era presidido por Getúlio Vargas, foi instalada uma nova Assembleia 
Constituinte, responsável por inaugurar um novo Estado, com a Constituição de 1934. 
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A partir da quebra do pensamento liberal do Estado, a Constituição de 1934 preocupou-se em 
se comprometer com as questões sociais demonstradas pela grande discrepância entre os 
setores produtivos. 
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA CONSTITUIÇÃO DE 1934 
Implementou o voto secreto, a Justiça Eleitoral e a Justiça do Trabalho. 
Garantiu o direito ao voto obrigatório feminino, com exceção apenas se não 
exercesse função pública remunerada. 
Criação do Mandado de Segurança e da Ação Popular. 
Constitucionalização dos direitos sociais. 
Institucionalização do Ministério Público, Tribunal de Contas e Conselhos 
Técnicos. 
Tornou o processo de revisão constitucional mais dificultoso e facilitou a pro-
positura de emendas à Constituição. 
 
3.4. Constituição de 1937 
 
Em 10 de novembro 1937 foi outorgada a Constituição do Estado Novo pelo Presidente Getú-
lio Vargas. Este dissolveu o Congresso Nacional, e outorgou a nova Carta Constitucional sem 
qualquer consulta prévia. 
Esta Constituição ficou conhecida também como Constituição Polaca, uma vez que Vargas 
descrente com a democracia, se inspirou na Carta ditatorial da Polônia de 1935. Esta constitui-
ção aboliu os partidos políticos e concentrou todo o poder do Estado nas mãos do Chefe do 
Poder Executivo. 
PRINCIPAIS CARACTERÍSITICAS DA CONSTITUIÇÃO DE 1937 
Extinção da independência dos Poderes Legislativo e Judiciário. 
Instituição da pena de morte no país. 
Redução dos direitos e garantias individuais, bem como a desconstitucionali-
zação do Mandado de Segurança e da Ação Popular. 
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Extinção da liberdade partidária e da liberdade de imprensa. 
Retirou a Justiça Federal de primeira instância. 
 
3.5. Constituição de 1946 
 
Promulgada em 18 de setembro de 1946, esta constituição foi marcada pelo processo de re-
constitucionalização e redemocratização do país, antecipada da queda de Vargas. 
Dentre as características principais da Constituição de 1946 estão a institucionalização da Jus-
tiça do Trabalho e o Tribunal Federal de Recursos, independência dos Poderes Legislativo e 
Judiciário, a restituição dos direitos individuais, a extinção da pena de morte, o fim da censura, 
reconstitucionalização do Mandado de Segurança e da Ação Popular, direito de greve e livre 
associação sindical, pluralidade partidária, dentre outros. 
3.6. Constituição de 1967 e a E.C 01/69 
 
Em 24 de janeiro de 1967 foi promulgada a “Constituição do Brasil”. No posto da Presidência 
do país, o Marechal Castelo Branco queria dar ao Brasil uma constituição que representasse 
os ideais da Revolução. 
Assim, em 07 de dezembro de 1966 editou o Ato Institucional n. 4, o qual convocava o Con-
gresso Nacional para uma reunião extraordinária, que ocorreria no lapso temporal de 12 de 
dezembro de 1966 a 24 de janeiro de 1967. 
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA CONSTITUIÇÃO DE 1967 
Outorgou amplos poderes à União e ao Presidente da República em detri-
mento dos demais poderes. 
Interviu na autonomia dos Municípios, dizimando as hipóteses de eleição di-
reta e popular para prefeitos. 
Suspendeu direitos individuais e políticos. 
Alterou bruscamente o sistema tributário nacional e a discriminação de ren-
da. 
Preocupou-se, sobretudo com a segurança nacional. 
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Ampliou a técnica de federalismo cooperativo, onde permitia a participação 
de uma entidade na receita da outra, com notável centralização. 
 
A Constituição de 1966 foi emendada por diversos Atos Institucionais (AIs), que ficaram mar-
cados como instrumentos de legitimação das ações políticas dos limitares. 
Assim, em 17 de outubro de 1969 foi outorgada a Emenda Constitucional n. 1. Logo após a 
morte do Presidente Costa e Silva que pretendia trazer de volta prerrogativas democráticas 
revogando o AI-5, os Ministros do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, uniram-se e deram 
uma nova redação para a Carta de 1967. 
Alguns estudiosos entendem que a E.C. n. 1/69 foi uma nova constituição. No entanto, a dou-
trina majoritária entende que apesar de desmedida a E.C. n. 1/69, esta não foi capaz de inau-
gurar um novo Estado, por não cumprir requisitos necessários para isso. Assim entende BU-
LOS, 2014, p. 499. 
“Para nós, a descomensurada Emenda Constitucional n. 1/69, que abarcou o Texto de 1967 
quase por inteiro, não foi suficiente para dar ao Brasil a sua “sétima Constituição”. 
Importante saber que, embora esta Constituição tenha sido nomeada de Constituição da Re-
pública Federativa do Brasil, é certo que esta foi outorgada pelo Regime Militar, abolindo direi-
tos e garantias dos cidadãos. 
 
 
 
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA EMENDA CONSTITUCIONAL N. 
1/69 
Suspensão de reuniões de caráter político. 
Eliminação de imunidades parlamentares

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