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Legislação Aduaneira - Livro-Texto Unidade IIII

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Unidade III
Unidade III
5 REGIMES ADUANEIROS
Caparroz (2016) acentua que, segundo o princípio da extrafiscalidade, que norteia todo o sistema 
tributário aduaneiro, o legislador pode oferecer aos agentes do comércio internacional opções 
diferenciadas, com a suspensão ou isenção dos tributos devidos, desde que atendidas certas condições.
Nesse sentido, em quase todos os países existem os regimes aduaneiros especiais, que oferecem 
alternativas aos regimes comuns de importação ou exportação, nos quais a regra geral prevê a incidência 
tributária e o pagamento dos valores dela decorrentes.
No Brasil, a legislação qualifica dois tipos de regime:
Aduaneiros 
especiais Áreas 
especiais
Figura 29 
Os regimes aduaneiros especiais em geral proporcionam benefícios à atividade econômica do país e 
atuam de modo a incentivar as exportações ou de permitir maior participação dos empresários nacionais 
no cenário globalizado.
Segundo Caparroz (2016), entre os principais efeitos positivos dos regimes aduaneiros, encontramos:
• melhorar a balança comercial, com maior ingresso de divisas, decorrentes do incremento das exportações;
• oferecer maior competitividade às empresas nacionais, mediante a diminuição dos custos 
incidentes nas operações de comércio exterior;
• permitir ao importador a manutenção de estoques estratégicos de mercadorias estrangeiras, nos 
quais o prazo de pagamento dos tributos incidentes fica diferido para o momento de sua efetiva 
utilização ou venda no mercado interno;
• promover as empresas e os produtos nacionais e a inserção do país no circuito internacional, 
possibilitando a realização de feiras e eventos, de natureza comercial, cultural, esportiva, 
técnica e científica.
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Contribuindo com o tema, Luz (2015) diz que existem três gêneros de regime aduaneiro aplicáveis 
aos bens comercializados com o exterior: o regime comum, os especiais e os aplicados em áreas 
especiais. A mercadoria que entra no país a título definitivo se submete ao regime comum de 
importação. Nessa situação, serão cobrados os tributos incidentes na importação, salvo nos casos 
de imunidade, isenção ou alíquota zero.
Os regimes aduaneiros especiais são aqueles em que, em regra, o crédito tributário tem 
sua exigibilidade suspensa. É o caso, por exemplo, do regime de admissão temporária, aplicável a 
bens que são importados para permanecer no Brasil por apenas um período. Nesses casos, não há 
cobrança dos tributos incidentes na importação, como ocorre na entrada dos carros de Fórmula 1 
para a corrida em São Paulo.
De acordo com Luz (2015), o Regulamento Aduaneiro (BRASIL, 2009c) trata das seguintes 
espécies de regime aduaneiro especial:
• trânsito aduaneiro;
• admissão temporária e admissão temporária para aperfeiçoamento ativo;
• drawback;
• entreposto aduaneiro;
• entreposto industrial sob controle informatizado (Recof);
• exportação temporária e exportação temporária para aperfeiçoamento passivo;
• depósito especial;
• depósito afiançado;
• loja franca;
• depósito alfandegado certificado;
• depósito franco;
• Repetro;
• Recom;
• Repex;
• Reporto.
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Os regimes aduaneiros aplicados em áreas especiais estão vinculados a determinadas 
regiões do País (BRASIL, 2009c). São eles:
• Zona Franca de Manaus (ZFM).
• Amazônia Ocidental.
• Áreas de livre comércio.
• Zonas de processamento de exportação (ZPE).
• Entreposto Internacional da ZFM.
Ainda de acordo com Luz (2015), a cada tipo de regime aduaneiro corresponde uma modalidade de 
despacho. As mercadorias submetidas ao regime aduaneiro comum sofrem o despacho para consumo; 
as submetidas ao regime aduaneiro especial, o despacho para admissão. Em relação aos regimes 
aduaneiros aplicados em áreas especiais, deve-se verificar se a mercadoria está entrando, por exemplo, 
na Zona Franca de Manaus ou dela saindo com destino ao restante do território nacional. Caso esteja 
entrando do exterior para a Zona Franca de Manaus, será despachada para consumo ou admissão. 
Saindo para o mercado interno do País, a mercadoria será submetida ao despacho de internação.
Apenas o regime de drawback é exceção à regra. Apesar de ser um regime aduaneiro especial, 
as mercadorias importadas sob esse regime são despachadas para consumo, visto que, em síntese, 
estão entrando a título definitivo para serem incorporadas a produtos que serão exportados.
 Lembrete
Comumente os regimes aduaneiros especiais contribuem no âmbito 
econômico do País, pois incentivam exportações. Assim, promovem maior 
participação dos empresários brasileiros no cenário globalizado.
5.1 Regimes aduaneiros especiais
De acordo com Caparroz (2016), os regimes aduaneiros especiais são exceções à regra geral dos 
procedimentos de importação e exportação, pois o crédito tributário decorrente das operações ficará 
suspenso até o advento de uma condição resolutiva (evento futuro que extingue o regime), cuja 
consequência será a transformação da suspensão dos tributos em isenção, quando obedecidos os prazos 
e condições, ou o pagamento dos tributos devidos, acrescidos de juros e multa, se for o caso, quando 
qualquer dos requisitos do regime escolhido for descumprido pelo beneficiário.
A multa, que poderá ser de mora ou de ofício, será calculada a partir da data de ingresso no 
regime ou do registro de exportação, sem prejuízo de outras penalidades específicas, em geral de 
cunho administrativo.
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Conforme Caparroz (2016), em regra, o prazo de suspensão das obrigações alcançadas pelos regimes 
aduaneiros especiais é de até um ano, prorrogável, a critério da autoridade competente, por período não 
superior, no total, a cinco anos, salvo nas seguintes situações:
• em casos excepcionais, por decisão fundamentada do Ministério da Fazenda;
• quando a mercadoria estiver vinculada a contrato de prestação de serviço, de interesse nacional, 
situação em que o prazo deverá acompanhar a duração do contrato, inclusive no caso de 
prorrogações.
Os regimes aduaneiros especiais têm três características principais:
Características 
dos regimes 
especiais
• Suspensão da exigibilidade dos tributos
• Constituição dos tributos suspensos em um termo de 
responsabilidade para possibilitar a execução em caso 
de inadimplemento das condições do regime
• Prazo máximo de suspensão
Figura 30 
Cada regime aduaneiro especial possui um motivo pelo qual os tributos deixam de ser cobrados, 
ficando com a exigibilidade suspensa. Vejamos, em linhas gerais, as justificativas dos principais regimes 
aduaneiros especiais.
5.1.1 Trânsito aduaneiro
Segundo Caparroz (2016), o regime especial de trânsito aduaneiro permite o transporte de 
mercadorias, sob controle fiscal, de um ponto a outro do território aduaneiro, com suspensão 
de tributos.
Luz (2015) diz que o trânsito aduaneiro possui sete modalidades definidas no Regulamento 
Aduaneiro (BRASIL, 2009c). Uma delas é o transporte de mercadoria procedente do exterior, do 
ponto de descarga até o ponto onde deva ocorrer outro despacho. É usado, por exemplo, quando a 
mercadoria chega ao Brasil pelo Porto do Rio de Janeiro. Contudo, sendo o importador uma pessoa 
jurídica sediada no Estado de Minas Gerais, ele solicita à Receita Federal que permita o transporte 
da mercadoria até um porto seco situado próximo a seu estabelecimento.A Receita Federal autoriza 
a viagem da mercadoria, mas não sem antes tomar algumas precauções – por exemplo, lacrar o 
caminhão ou as caixas para assegurar que a mercadoria não será violada. O regime é suspensivo 
porque os tributos não são cobrados no Porto do Rio de Janeiro, mas somente quando o importador 
registrar uma Declaração de Importação (DI) para consumo com a mercadoria já armazenada no 
porto seco. O objetivo do importador neste caso foi levar a mercadoria até um local próximo a ele, 
em vez de ter que ir ao Porto do Rio de Janeiro.
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De acordo com o art. 318 do Regulamento Aduaneiro, este regime possui sete modalidades:
1 – o transporte de mercadoria procedente do exterior, do ponto de descarga 
no território aduaneiro até o ponto onde deva ocorrer outro despacho;
2 – o transporte de mercadoria nacional ou nacionalizada, verificada 
ou despachada para exportação, do local de origem ao local de destino, 
para embarque ou para armazenamento em área alfandegada para 
posterior embarque;
3 – o transporte de mercadoria estrangeira despachada para reexportação, 
do local de origem ao local de destino, para embarque ou armazenamento 
em área alfandegada para posterior embarque;
4 – o transporte de mercadoria estrangeira de um recinto alfandegado 
situado na zona secundária a outro;
5 – a passagem, pelo território aduaneiro, de mercadoria procedente do 
exterior e a ele destinada;
6 – o transporte, pelo território aduaneiro, de mercadoria procedente do 
exterior, conduzida em veículo em viagem internacional até o ponto em que 
se verificar a descarga; e
7 – o transporte, pelo território aduaneiro, de mercadoria estrangeira, nacional 
ou nacionalizada, verificada ou despachada para reexportação ou para 
exportação e conduzida em veículo com destino ao exterior (BRASIL, 2009c).
Luz (2015) assinala que podemos resumi-las em quatro etapas:
Trânsito de 
importação
Trânsito de 
exportação Trânsito interno
Trânsito 
internacional
Figura 31 
Agora estudaremos cada uma delas.
No trânsito de importação, a mercadoria entra pela zona primária, mas o beneficiário solicita 
que ela seja levada para outro ponto no território nacional para que lá sofra o despacho aduaneiro. 
Pode ocorrer, por exemplo, nas importações realizadas por via marítima por empresas de Minas 
Gerais. Entrando pelo Porto do Rio de Janeiro, é transferida para um porto seco próximo ao 
estabelecimento da empresa. Durante o transporte, os tributos ficam com a exigibilidade suspensa.
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No trânsito de exportação, há a antecipação do despacho aduaneiro. Pode ocorrer, por 
exemplo, em determinada exportação da indústria brasileira para a Argentina. A indústria tem 
três alternativas para apresentar a mercadoria à Receita Federal: a primeira (e pior) é fazer o 
carregamento no seu caminhão e seguir para a fronteira. Lá chegando, descarrega a mercadoria 
para a Receita Federal proceder ao despacho. Em seguida, faz novo carregamento, para então 
transpor a fronteira. Na segunda alternativa, o exportador leva a mercadoria até um porto seco, 
onde o caminhão será descarregado para a conferência aduaneira. Caso a Aduana conclua pela 
regularidade da exportação, desembaraça a mercadoria para trânsito aduaneiro, lacrando o veículo 
e/ou os volumes dentro deste. Chegando à fronteira com a Argentina, a Receita Federal confere se 
o lacre está perfeito, se a carga não foi violada, se o veículo está íntegro e se o prazo concedido para 
o trânsito aduaneiro foi cumprido. Detectando-se a regularidade, é concluído o trânsito aduaneiro 
e se permite a transposição da fronteira. A terceira e melhor alternativa para o exportador brasileiro 
é, em vez de levar a mercadoria até a Receita Federal, chamá-la ao seu estabelecimento, para que 
neste local se proceda à conferência aduaneira. A vantagem dessa alternativa é que a mercadoria 
será carregada uma única vez no veículo. Da mesma forma que na alternativa anterior, o trânsito 
aduaneiro é concluído na fronteira, após a verificação da regularidade do transporte.
No trânsito interno, a mercadoria é transferida de um recinto alfandegado para outro. Isso 
é comum em relação às mercadorias importadas em consignação e submetidas ao regime de 
entreposto aduaneiro. Elas ficam depositadas no recinto alfandegado até que alguém se interesse 
em despachá-las para consumo. Considerando, por exemplo, que o agente de venda do exportador 
estrangeiro esteja situado na região Sul, as mercadorias que ele trouxer para tentar vender às 
empresas brasileiras ficam armazenadas em um porto seco próximo à sua sede. Caso o agente se 
mude para São Paulo, é interessante que as mercadorias entrepostadas sejam transferidas para um 
porto seco no mesmo Estado. Elas saem lacradas de um porto seco para o outro.
No trânsito internacional, a mercadoria vem do exterior e se destina também ao exterior. Ela 
está apenas de passagem pelo País. Essa modalidade de trânsito é muito usada pelos importadores 
paraguaios. As mercadorias que eles adquirem e que vêm por via marítima entram pelo porto de 
Paranaguá, no Paraná. Lá, elas sofrem o despacho para trânsito, são lacradas e é então autorizada 
a passagem até o Paraguai. O regime de trânsito é concluído na fronteira pela Aduana. O trânsito 
internacional também é conhecido como trânsito aduaneiro de passagem.
De acordo com o art. 326 do Regulamento Aduaneiro,
o trânsito na modalidade de passagem só poderá ser aplicado à mercadoria 
declarada para trânsito no conhecimento de carga correspondente, ou no 
manifesto ou declaração de efeito equivalente do veículo que a transportou 
até o local de origem (BRASIL, 2009c).
Por conveniência dos interessados (exportador ou importador), por restrições físicas impostas pela 
não existência de equipamentos, ou ainda por falta de espaço nos depósitos alfandegados de fronteira, as 
mercadorias podem ser movimentadas de um recinto alfandegado para outro, com suspensão do pagamento 
de tributos, sob controle aduaneiro, sendo para isso utilizado o regime aduaneiro especial de trânsito aduaneiro.
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O sistema Siscomex Trânsito não só serve para controlar o trânsito em si como também para atualizar 
a localização da mercadoria. Assim, se uma mercadoria ingressou no País pelo Porto de Paranaguá, ela 
será inserida no Siscomex Mantra daquele local (LUZ, 2015). Se o interessado providencia sua remoção 
para um porto seco em Curitiba, o sistema Siscomex Trânsito dará baixa no controle de presença de 
mercadorias de Paranaguá e inscreverá a mercadoria no sistema de Curitiba. Após tais medidas, a 
Declaração de Importação poderá ser formulada no novo local.
O regime especial de trânsito aduaneiro é o que permite o transporte de mercadorias, sob controle 
aduaneiro, de um ponto a outro do território aduaneiro, com suspensão de tributos (BRASIL, 1966a, art. 
73). A natureza jurídica desse regime é a suspensão das obrigações tributárias, geradas com a entrada e 
a saída de mercadoria em território nacional. Sua natureza econômica decorre do fato de a mercadoria 
transitar de um ponto a outro do território aduaneiro, sem integrar a riqueza nacional ou para ela 
contribuir, em virtude da suspensão da exigibilidade tributária por tempo determinado.
O regime subsiste do local de origem ao local de destino e desde o momento do desembaraço para 
trânsito aduaneiro pela repartição de origem até o momento em que a repartição de destino certifica a 
chegada da mercadoria, entendendo-se por:
• Local de origeme local de destino: aqueles que, sob controle aduaneiro, constituem, 
respectivamente, o ponto inicial e o ponto final do itinerário de trânsito.
• Repartição de origem e repartição de destino: aquelas que têm jurisdição sobre os locais de 
origem e de destino e onde se processam, respectivamente, o despacho para o trânsito aduaneiro 
e a conclusão da operação de trânsito aduaneiro.
O transporte de mercadorias em operação de trânsito aduaneiro pode ser efetuado por empresas 
transportadoras, previamente habilitadas, em caráter precário, pela Secretaria da Receita Federal. Essa 
habilitação pode ser:
• sub-regional, concedida por delegado ou inspetores;
• regional, conferida pelo superintendente regional da Receita Federal; e
• nacional, provida pelo coordenador geral do sistema aduaneiro.
Com base no art. 312 do Regulamento Aduaneiro, são beneficiários do regime:
• importador, no trânsito de mercadorias provenientes do exterior;
• exportador, no trânsito de mercadorias despachadas para exportação ou reexportação;
• depositante, no trânsito de mercadoria estrangeira de um recinto alfandegado de zona secundária a outro;
• representante, no Brasil, de importador ou exportador domiciliado no exterior, no trânsito de 
mercadoria procedente do exterior e a ele destinada; e
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• em qualquer caso, quando requerido pelo transportador habilitado ou agente de carga credenciado 
a efetuar operação de unitização ou desunitização de carga em recinto alfandegado (BRASIL, 2009c).
 Observação
A unitização de carga é o processo de agregar volumes fracionados 
em uma única unidade de carga, mantida inviolável ao longo de todo o 
percurso (origem/destino).
A desunitização é a ação de retirar a carga do contêiner ou outro 
equipamento equivalente.
O regime de trânsito aduaneiro se extingue na repartição aduaneira de destino, onde se verificam os 
documentos, os lacres aplicados e demais elementos de segurança, bem como a integridade da carga.
Nesse sentido, Luz (2015) diz que normalmente a Receita Federal toma algumas cautelas para permitir 
a saída da carga do recinto alfandegado. As cautelas fiscais podem ser tomadas sobre os volumes, os 
recipientes ou sobre o próprio veículo. O autor diz que podem ser de cinco tipos:
• lacração: para impossibilitar a abertura sem deixar vestígios;
• sinetagem: fixação de um símbolo no lacre para dificultar sua substituição;
• cintagem: aplicação de cintas nos volumes;
• marcação: colocação de etiquetas e marcas para facilitar o controle físico; e
• acompanhamento fiscal: controle do transporte por um veículo da Receita Federal.
O regime de trânsito aduaneiro está regulamentado pelos arts. 315 a 352 do Regulamento 
Aduaneiro (BRASIL, 2009c) e, em regra, pela Instrução Normativa SRF nº 241/2002 (BRASIL, 2002b).
 Saiba mais
Para aprofundar seus conhecimentos, leia:
BRASIL. Ministério da Fazenda. Trânsito Aduaneiro, 7. dez. 2014. Brasília, 
2014f. Disponível em: <https://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/
aduaneira/regimes-e-controles-especiais/regimes-aduaneiros-especiais/
transito-aduaneiro>. Acesso em: 22 set. 2017.
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5.1.2 Admissão temporária
De acordo com Caparroz (2016), a admissão temporária é o regime aduaneiro que permite a 
permanência no País de bens procedentes do exterior, por prazo determinado, com suspensão total 
do pagamento de tributos incidentes na importação, ou ainda com suspensão parcial, no caso de 
utilização econômica.
Como o próprio nome indica, na importação temporária, por costume denominada admissão 
temporária, a mercadoria estrangeira permanece no País por um período específico, para depois retornar 
ao exterior.
O art. 358 do RA dispõe que, para a concessão do regime, a autoridade aduaneira deverá observar o 
cumprimento cumulativo das seguintes condições:
1) importação em caráter temporário, comprovada esta condição por 
qualquer meio julgado idôneo;
2) importação sem cobertura cambial; e
3) adequação dos bens à finalidade para a qual foram importados 
(BRASIL, 2009c).
Em relação à primeira condição, ela decorre do próprio conceito de admissão temporária. 
Assim, mercadorias doadas ou compradas não podem ser admitidas temporariamente.
A segunda é redundante, pois operação com cobertura cambial significa operação de compra 
e o inciso I já a descarta. Ser importação em caráter temporário implica ser operação sem 
cobertura cambial.
A terceira condição impõe que a mercadoria tenha relação com a finalidade alegada. Se a 
admissão temporária está sendo requerida para bens que irão participar de um evento esportivo, 
os bens devem ser adequados a tal evento. Não pode ser concedida a admissão temporária para 
um bem incompatível com a finalidade alegada.
Para a aplicação do regime, o Regulamento Aduaneiro lista três condições:
Art. 363. A aplicação do regime de admissão temporária ficará condicionada à:
I – utilização dos bens dentro do prazo fixado e exclusivamente nos fins previstos;
II – constituição das obrigações fiscais em termo de responsabilidade; e
III – identificação dos bens (BRASIL, 2009c).
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Na admissão temporária para utilização econômica, a mercadoria entra no País, por um tempo 
específico, para ser aplicada com fim econômico, pagam-se os tributos proporcionalmente ao tempo de 
permanência e depois ela retorna.
Na admissão temporária para aperfeiçoamento ativo, a mercadoria entra no País, sem pagamento de 
tributos, para ser aperfeiçoada, isto é, para sofrer algum processo de industrialização, reparo, restauração 
e depois retorna (na mesma classificação fiscal).
No regime de drawback, uma mercadoria entra no País para ser empregada no processo de 
industrialização de outra, que será exportada. O tributo não será pago. A mercadoria exportada é outra. 
Caso contrário, estaríamos falando de admissão temporária para aperfeiçoamento ativo.
O regime de importação de petróleo bruto e seus derivados (Repex) permite a importação de 
petróleo bruto e seus derivados, com suspensão do pagamento de impostos, para posterior exportação, 
no mesmo estado em que foram importados.
Finalmente, a importação de insumos para industrialização sob encomenda (Recom) autoriza 
a importação, sem cobertura cambial, com suspensão do pagamento do imposto sobre produtos 
industrializados, de chassis, carrocerias, peças, partes, componentes e acessórios, além de insumos 
destinados à industrialização por encomenda de produtos classificados nas posições 8701 a 8705 da 
Nomenclatura Comum do Mercosul.
É o regime que promove a importação de bens que devam permanecer no País durante prazo 
fixado, com suspensão de tributos, retornando ao exterior, sem sofrer modificações que lhes 
confiram nova individualidade. Esse regime suspensivo tem como objetivo favorecer a importação 
de bens para atender a interesses nacionais de ordem econômica, científica, técnica, social, 
cultural etc.
São condições básicas para aplicação do regime:
• constituição das obrigações fiscais em termo de responsabilidade;
• utilização dos bens dentro do prazo fixado e exclusivamente nos 
fins previstos;
• identificação dos bens;
• importação com caráter de temporalidade;
• importação sem cobertura cambial; e
• adequação dos bens à finalidade para a qual foram importados 
(BRASIL, 2009c).
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Poderão ser admitidosno regime, entre outros, bens destinados a:
• exposições artísticas, culturais e científicas;
• exposições e feiras comerciais ou industriais;
• competições ou exibições desportivas;
• servir de modelo industrial; e
• testes, conserto, reparo ou restauração (BRASIL, 2009c).
Poderão ser admitidos ainda, entre outros:
• veículos de turistas estrangeiros;
• veículos de brasileiros radicados no exterior, que ingressem no País em 
caráter temporário;
• recipientes, envoltórios e embalagens;
• aparelhos para teste e controle;
• máquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos, para demonstração 
em estabelecimentos de ensino, pesquisa e médico-hospitalares;
• moldes, matrizes e chapas; e
• amostras com valor comercial (BRASIL, 2009c).
O secretário da Receita Federal tem autorização para fixar outros termos, limites e condições para a 
concessão do regime de admissão temporária, bem como definir sua aplicação a outros casos além dos 
previstos no Regulamento Aduaneiro.
Ao conceder o regime, a autoridade aduaneira fixa o prazo de permanência dos bens no País. Este 
prazo é de até um ano, contado da data do desembaraço aduaneiro da mercadoria, prorrogável, a juízo 
da autoridade aduaneira, por período não superior, no total, a cinco anos.
Extingue-se o regime com a adoção de uma das seguintes providências, que deve ser requerida pelo 
beneficiário, dentro do prazo para a permanência dos bens no País:
• reexportação;
• entrega à Fazenda Nacional, livres de quaisquer despesas, desde que a 
autoridade aduaneira concorde em recebê-los;
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• destruição, às expensas do interessado;
• transferência para outro regime especial; e
• despacho para consumo, se nacionalizados (BRASIL, 2009c).
De acordo com Caparroz (2016), a reexportação será obrigatória no prazo de trinta dias, contados 
da decisão que indeferir o pedido de prorrogação do regime de admissão temporária ou negar qualquer 
das providências anteriormente solicitadas pelo interessado.
Segundo Luz (2015), a Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003 (BRASIL, 2003d), criou uma nova 
forma de extinção para o regime de admissão temporária. Ela se baseia na lógica de que uma mercadoria 
que tenha vindo para ser consertada talvez não tenha conserto. Neste caso, a empresa brasileira, em 
decorrência de garantia, substitui a mercadoria por uma nova e a envia para o exterior no lugar da 
primeira. Então, esta exportação de produto equivalente extingue o regime de admissão temporária da 
primeira, conforme dispõe o art. 368 do RA:
Art. 368. Extingue ainda a aplicação do regime de admissão temporária a 
produto, parte, peça ou componente recebido do exterior, para substituição 
em decorrência de garantia ou para reparo, revisão, manutenção, renovação 
ou recondicionamento à exportação de produto equivalente àquele 
submetido ao regime (BRASIL, 2009c).
5.1.3 Admissão temporária para aperfeiçoamento ativo
Luz (2015) destaca que o regime de admissão temporária para aperfeiçoamento ativo é aplicável 
aos bens indicados nos incisos II e V do art. 5º, ou seja, relaciona-se com os bens que são importados 
para serem usados na industrialização própria ou de bens estrangeiros. Veja que o inciso V dispõe 
sobre quatro formas de industrialização: beneficiamento, montagem, recondicionamento (incluindo 
renovação, conserto, reparo ou restauração) e acondicionamento (incluindo recondicionamento). 
Ao analisarmos o Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados (Ripi) (BRASIL, 2010c), 
imposto para cuja incidência o conceito de industrialização é imprescindível, encontramos uma 
quinta forma de industrialização: a transformação. Para entendermos o porquê de a operação de 
transformação não ser permitida para produtos submetidos ao regime de admissão temporária, 
relatamos os seguintes conceitos:
Art. 4º. Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique a 
natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade 
do produto ou o aperfeiçoe para consumo, tal como (Lei nº 4.502, de 1964, 
art. 3º, parágrafo único, e Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, art. 46, 
parágrafo único):
I – a que, exercida sobre matérias-primas ou produtos intermediários, 
importe na obtenção de espécie nova (transformação);
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Unidade III
II – a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, 
alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do 
produto (beneficiamento);
III – a que consista na reunião de produtos, peças ou partes e de que 
resulte um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma 
classificação fiscal (montagem);
IV – a que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação 
da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a 
embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria 
(acondicionamento ou recondicionamento); ou
V – a que, exercida sobre produto usado ou parte remanescente de produto 
deteriorado ou inutilizado, renove ou restaure o produto para utilização 
(renovação ou recondicionamento) (BRASIL, 2009, grifo nosso).
O beneficiamento é a operação feita sobre o produto sem mudar sua classificação fiscal, somente 
melhorando-o. A transformação difere do beneficiamento por modificar a classificação fiscal da 
mercadoria. A montagem é a reunião de produtos para formar um novo. Recondicionar é consertar.
No tocante ao acondicionamento, o Regulamento do IPI define dois tipos de embalagem: a de 
apresentação e a de transporte. Resumidamente, a embalagem de transporte é aquela aposta apenas para 
facilitar o transporte, como caixas, sacolas, sacos plásticos, engradados e assemelhados. A embalagem de 
apresentação é aquela sem a qual a mercadoria não é vendida – por exemplo, a garrafa de refrigerante, 
a lata de cerveja e o frasco de xampu.
Luz (2015) aponta que é vital observar que o inciso IV é claro em definir que a colocação de 
embalagem de apresentação é considerada uma operação de industrialização, a qual recebe o nome 
de acondicionamento. O inciso é claro também ao excluir do conceito de industrialização a fixação de 
embalagem de transporte. Nesse contexto, se a colocação de embalagem de transporte fosse considerada 
uma industrialização, todos aqueles que fazem compras no supermercado seriam classificados como 
indústrias, ao empacotarem os produtos comprados. E, como tal, seriam contribuintes do IPI, devendo 
recolher este tributo.
Pode-se agora responder à questão: por que a transformação não está contemplada no inciso V 
do art. 5º da Instrução Normativa RFB nº 1.361/2013? Porque a transformação muda a classificação 
fiscal do produto (BRASIL, 2013a). Por exemplo, trabalha-se a madeira e faz-se um armário. O 
produto que saiu do processo industrial tem uma classificação fiscal distinta à do produto inicial. 
Ora, como se poderia conceder admissão temporária para um bem que seria transformado em 
outro? O que sairia depois não seria a mercadoria que entrou e, assim, a entrada da primeira 
não seria temporária. Enfim, não se concede admissão temporária para mercadoria que se destine 
a uma transformação.
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LEGISLAÇÃO ADUANEIRA
 Saiba mais
Leia o manual de admissão temporária e saiba os detalhes desse regime:
BRASIL. Ministério da Fazenda. Admissão Temporária. Brasília, 2014a. 
Disponível em: <https://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/
regimes-e-controles-especiais/regimes-aduaneiros-especiais/regime-de-
importacao-comum-para-bagagens-1>. Acesso em: 23 set. 2017.5.1.4 Drawback
Luz (2015) acentua que, conforme a legislação, o drawback é considerado um incentivo 
à exportação. Genericamente, ele consiste na desoneração dos tributos incidentes na 
aquisição de insumos (nacionais e estrangeiros) empregados na produção de bens a serem 
exportados. Tal sistemática barateia o produto final exportável, dando-lhe competitividade 
no mercado externo.
Por outro lado, Caparroz (2016) relata que o regime tem por objetivo incentivar as exportações, 
mediante o ingresso no território aduaneiro, de insumos ou produtos intermediários de procedência 
estrangeira, que serão utilizados na industrialização de bens posteriormente exportados.
Ao conceituar o drawback como um incentivo à exportação, a legislação, segundo Luz 
(2015), afasta dele a caracterização de benefício fiscal. Com isso, as importações para as quais 
se solicita a concessão do regime estão dispensadas do exame de similaridade e do transporte 
em navio de bandeira brasileira. Esse entendimento é ratificado pelo art. 79 da Portaria Secex 
nº 23/2011: “As importações cursadas ao amparo do regime [drawback] não estão sujeitas ao 
exame de similaridade e à obrigatoriedade de transporte em navio de bandeira brasileira” 
(BRASIL, 2011a).
Portanto, o drawback é o regime aduaneiro especial de incentivo à exportação e compreende a 
suspensão, isenção ou restituição de tributos incidentes na importação de mercadoria aplicada na 
industrialização de produtos para exportação ou a exportar.
 Lembrete
Entende-se por industrialização qualquer operação que modifique 
a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a 
finalidade do produto ou o aperfeiçoe para consumo, através de processos 
como transformação, beneficiamento, montagem, renovação ou 
recondicionamento, acondicionamento ou recondicionamento.
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Unidade III
No drawback ocorre a suspensão ou isenção dos seguintes tributos:
• Imposto de Importação (II).
• Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
• Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de 
Transportes Interestaduais e Intermunicipais e de Comunicação (ICMS).
• Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM).
• Além da dispensa do recolhimento de outras taxas que não correspondem à efetiva contraprestação 
de serviços, nos termos da legislação em vigor.
Segundo Caparroz (2016), o beneficiário do regime será a empresa brasileira habilitada a efetuar 
operações de comércio exterior, que, por meio do drawback, poderá adquirir mercadorias a preços 
internacionais (entenda-se: desonerada dos impostos incidentes na importação), o que enseja maior 
competitividade dos produtos finais.
Existem três modalidades. Vejamos a figura a seguir:
Restituição
Suspensão
Isenção
Drawback
Figura 32 
Agora examinemos o que significa cada uma dessas modalidades:
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LEGISLAÇÃO ADUANEIRA
Quadro 8 
Modalidade Significado
Suspensão
Suspensão dos tributos incidentes na importação de mercadoria a ser utilizada em processo de 
industrialização de produto a ser exportado. Tributos: Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos 
Industrializados, da Contribuição para o PIS/Pasep, da Contribuição para o PIS/Pasep-Importação e da 
Cofins-Importação, na importação, de forma combinada ou não com a aquisição no mercado interno, de 
mercadoria para emprego ou consumo na industrialização de produto a ser exportado.
Isenção
Isenção de tributos incidentes na importação de mercadoria: Imposto de Importação, Imposto sobre 
Produtos Industrializados, da Contribuição para o PIS/Pasep, da Contribuição para o PIS/Pasep-Importação 
e da Cofins-Importação, AFRMM. Em quantidade e qualidade equivalentes, destinada à reposição de 
mercadoria anteriormente importada, utilizada na industrialização de produto exportado. Esta modalidade 
também poderá ser concedida, desde que devidamente justificada, para importação de mercadoria 
equivalente, adequada à realidade tecnológica, com a mesma finalidade da originalmente importada, 
obedecidos os respectivos coeficientes técnicos de utilização, ficando o valor total da importação limitado 
ao valor da mercadoria substituída. É concedida pela Secex/Decex. 
Restituição
Restituição total ou parcial dos tributos que hajam sido pagos na importação da mercadoria exportada 
após beneficiamento, ou utilizada na fabricação, complementação ou acondicionamento de outra 
exportada. Tributos restituídos: Imposto de Importação e IPI. É concedida pela Secretaria da Receita Federal.
Adaptado de: Caparroz (2016, p. 852-853).
Segundo Luz (2015), com base na Lei nº 11.945/2009, art. 12, a modalidade chamada “suspensão” 
passou a ser conhecida como “drawback integrado suspensão” ou “drawback integrado”, e a amparar 
a aquisição, combinada ou não, de bens nacionais e importados, por parte não somente dos efetivos 
exportadores, mas também de fornecedores de produtos intermediários para aqueles.
Diferentemente dos demais regimes aduaneiros especiais, o prazo de suspensão dos tributos neste 
regime não se inicia no desembaraço aduaneiro (este termo inicial já foi analisado, por exemplo, no 
estudo dos regimes de trânsito aduaneiro e de admissão temporária). Como o regime de drawback é 
conferido pelo Decex, o prazo se inicia quando este órgão o concede, e não a partir de um ato 
aduaneiro. Concedido o regime, a empresa deve exportar os bens no prazo de um ano, admitida 
uma única prorrogação por igual período, salvo nos casos de aquisição de mercadorias destinadas à 
produção de bens de capital de longo ciclo de fabricação, quando o prazo máximo será de cinco anos.
O que acontece se a pessoa jurídica descumprir o regime suspensivo?
Assim dispõe o art. 176-A da Portaria Secex nº 23/2011:
Art. 176-A. Na hipótese da não realização da exportação efetiva da 
totalidade dos bens previstos no ato concessório, a empresa deverá adotar o 
procedimento indicado abaixo no prazo de 30 (trinta) dias, contados a partir 
da data limite para exportação:
I – em relação aos bens importados:
a) devolução ao exterior do bem não utilizado;
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b) destruição, sob controle aduaneiro, às expensas do interessado;
c) destinação para consumo dos bens remanescentes, com o pagamento dos 
tributos suspensos e dos acréscimos legais devidos; ou
d) entrega dos bens à Fazenda Nacional, livres de quaisquer despesas e ônus, 
desde que a autoridade aduaneira concorde em recebê-los.
II – em relação aos bens adquiridos no mercado interno, pagamento de 
tributos, destruição ou devolução ao fornecedor do bem, observada a 
legislação de cada tributo envolvido (BRASIL, 2011a).
De acordo com a Portaria Secex nº 23/2011 (BRASIL, 2011a), existem atualmente cinco operações 
especiais de drawback:
Drawback
Para embarcação
Para fornecimento 
no mercado interno
Genérico
Intermediário
Sem expectativa 
de pagamento
Figura 33 
Vejamos o que essas operações especiais destacam:
Quadro 9 
Operação Significado
Drawback para embarcação
Concedido nas modalidades suspensão e isenção. Caracteriza-se pela importação 
de mercadoria utilizada em processo de industrialização de embarcação, destinada 
ao mercado interno, conforme o disposto no § 2º do art. 1º da Lei nº 8.402/1992.
Drawback para fornecimento 
no mercado interno
Concedido na modalidade suspensão. Caracteriza-se pela importação de 
matérias-primas, produtos intermediários e componentes destinados à fabricação, 
no país, de máquinas e equipamentos a serem fornecidos,no mercado interno, em 
decorrência de licitação internacional, contra pagamento em moeda conversível 
proveniente de financiamento concedido por instituição financeira internacional, 
da qual o Brasil participe, ou por entidade governamental estrangeira, ou ainda 
pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, com 
recursos captados no exterior, de acordo com as disposições constantes do art. 5º 
da Lei nº 8.032/1990, com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº 10.184/2001.
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LEGISLAÇÃO ADUANEIRA
Drawback 
genérico
Concedido exclusivamente na modalidade suspensão. Caracteriza-se pela 
discriminação genérica da mercadoria nacional ou estrangeira a ser adquirida e 
o seu respectivo valor, dispensadas a classificação na Nomenclatura Comum do 
Mercosul – NCM e a quantidade.
Drawback sem expectativa 
de pagamento
Concedido exclusivamente na modalidade suspensão. Caracteriza-se pela não 
expectativa de pagamento, parcial ou total, da importação. É muito usado, por 
exemplo, nas importações de insumos enviados por empresas estrangeiras, que 
encomendam a produção de bens a indústrias brasileiras. Estas importam os insumos 
sem necessidade de pagar por eles ao estrangeiro, usam-nos na industrialização e 
exportam o produto final, descontando-se o valor dos insumos recebidos.
Drawback intermediário
Concedido nas modalidades suspensão e isenção. Caracteriza-se pela aquisição 
de mercadoria nacional ou estrangeira, por empresas denominadas fabricantes-
intermediários, destinada a processo de industrialização de produto intermediário 
a ser fornecido a empresas industriais-exportadoras, para emprego na 
industrialização de produto final destinado à exportação.
Adaptado de: Luz (2015, p. 412).
Para melhor entendimento desse regime, vamos destacar um exemplo de aplicação do regime na 
modalidade suspensão, isenção e restituição, segundo Caparroz (2016).
O primeiro exemplo é da operação drawback suspensão.
Suponhamos que a empresa brasileira X solicitou o regime de drawback para a importação de mil 
componentes eletrônicos (chips), que serão utilizados na fabricação de mil telefones celulares a serem 
exportados. Na operação, ficaram suspensos R$ 100,00 relativos aos tributos incidentes na importação 
(II, IPI e ICMS, por hipótese). Com a exportação dos produtos finais, extingue-se o regime suspensivo 
e o respectivo crédito tributário. Todavia, se o fabricante, por quaisquer motivos, resolver vender os 
celulares no mercado doméstico, deverá recolher, previamente, o valor dos tributos devidos, com os 
acréscimos legais (CAPARROZ, 2016). A figura a seguir ilustra os procedimentos:
Importação de mil componentes
Suspensão dos tributos incidentes
Fabricação de mil telefones celulares
Decisão sobre venda 
(total ou parcial) dos celulares 
fabricados no mercado interno
Exportação de mil 
telefones celulares
Pagamento dos tributos incidentes, 
com os acréscimos legais
Extinção do regime suspensivo 
e do crédito tributário
Extinção do regime
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Unidade III
Conforme Caparroz (2016), na hipótese de o beneficiário deixar de cumprir o compromisso previsto 
no ato concessório, as partes, as peças e os componentes admitidos no regime de drawback suspensão 
deverão ser objeto dos seguintes procedimentos, em até trinta dias do prazo fixado para exportação:
• devolução ao exterior;
• destruição, sob controle aduaneiro, às expensas do interessado;
• destinação para consumo das mercadorias remanescentes com o pagamento dos tributos 
suspensos e dos acréscimos legais devidos; ou
• entrega à Fazenda Nacional, livres de quaisquer despesas e ônus, desde que a autoridade aduaneira 
concorde em recebê-los.
Destacamos a seguir um exemplo na modalidade drawback isenção, que tem por objetivo a reposição 
de estoques, ou seja, a importação, em igual quantidade de insumos, matérias-primas ou produtos 
intermediários que foram empregados em mercadorias já exportadas.
Suponhamos que a empresa brasileira Y importa regularmente componentes eletrônicos (chips), 
com o pagamento de todos os tributos incidentes, para a fabricação de telefones celulares, que são 
vendidos no mercado doméstico. Excepcionalmente, recebeu uma proposta irrecusável do exterior para 
a venda de mil aparelhos, aceitando-a prontamente Por conta disso, solicitou à Secex o regime de 
drawback isenção, com o objetivo de importar outros mil componentes para reposição de estoques, sem 
o pagamento de II, IPI e ICMS. Autorizado o regime, foi-lhe concedido prazo para a realização das novas 
importações, mediante a efetiva comprovação da exportação dos celulares, já que os insumos utilizados 
não precisariam ser tributados (CAPARROZ, 2016). A figura a seguir ilustra os procedimentos:
Importação de mil componentes eletrônicos para a 
fabricação de celulares para o mercado doméstico
Fabricação de mil telefones celulares
Recebimento de proposta de venda para o exterior
Importação de novos mil componentes
Extinção do regime
Solicitação do regime drawback isenção 
para a reposição dos estoques
Ato concessório do regime
Exportação dos mil aparelhos
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LEGISLAÇÃO ADUANEIRA
Vejamos agora a modalidade drawback restituição, na qual o exportador solicita a devolução, em 
espécie, do valor dos tributos pagos relativos a insumos utilizados na fabricação de produtos já exportados.
 Observação
Como a restituição, é realizada por meio de crédito fiscal a ser utilizado 
em importações posteriores, e o regime deverá ser concedido pela Receita 
Federal do Brasil.
O regime será aplicado pela unidade aduaneira que jurisdicionar o domicílio do estabelecimento produtor.
Suponhamos que a empresa brasileira Z importa componentes eletrônicos (chips), com o pagamento 
de todos os tributos incidentes, para a fabricação de telefones celulares, que são vendidos no mercado 
doméstico. Entretanto, devido à constante evolução tecnológica, passará a produzir novos modelos, 
que não mais empregarão aquela geração de componentes. Com quinhentos itens antigos em estoque, 
recebe proposta para venda ao exterior do modelo defasado, advinda de um país com tecnologia 
ainda incipiente. Produz e exporta os aparelhos, razão pela qual solicita à RFB o regime de drawback 
restituição, no intuito de receber crédito tributário equivalente ao valor pago em relação aos itens 
antigos (CAPARROZ, 2016). Concedido o regime, poderá utilizar os créditos para compensação, até o 
limite do valor autorizado, com o Imposto de Importação e o IPI incidentes nas importações de novos 
artigos, conforme o esquema a seguir:
Recebimento de proposta de exportação com 
a utilização dos componentes em estoque
Exportação dos celulares e solicitação de drawback restituição
Deferimento do pedido pela Receita Federal do Brasil
Solicitação do regime drawback isenção
Direito a crédito fiscal, para utilização em operações 
posteriores ou efetiva devolução do montante
Possibilidade de compensação 
do crédito fiscal na importação 
de novos componentes
Devolução em dinheiro
Figura 36 
Exemplo de Aplicação
Faça uma pesquisa em sua região sobre as empresas que utilizam o regime aduaneiro drawback. 
Relacione os benefícios, as vantagens e, se houver, as desvantagens desse regime.
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5.1.5 Entreposto aduaneiro
Permite, na importação e na exportação, o depósito de mercadoria,em local determinado, com 
suspensão do pagamento de tributos e sob controle fiscal.
5.1.6 Entreposto aduaneiro na importação
Luz (2015) relata que o regime de entreposto aduaneiro na importação é aplicável às mercadorias 
que não serão usadas de imediato no Brasil. É muito aplicado para importações em consignação, como 
as de produtos que necessitam de rápida reposição. Por exemplo, na eventualidade de um equipamento 
hospitalar estragar, é recomendável que haja no Brasil um equipamento ou peças sobressalentes para 
que o hospital não pare. Da mesma forma, é medida de precaução a manutenção no Brasil de peças 
sobressalentes para reparo de aeronaves ou navios estrangeiros que aqui operam. Se tais bens não 
estiverem no Brasil quando forem demandados, o tempo de espera desde a aquisição no exterior até 
a efetiva chegada ao país será medido não somente em dias, mas também em vidas ou em milhões de 
reais. Mercadorias dessa natureza normalmente são importadas em consignação pelos agentes de venda 
dos fabricantes estrangeiros e ficam no Brasil à espera dos pedidos nacionais. Quando alguém no país 
necessita de tais bens, acerta, com o exportador estrangeiro ou com o agente de venda brasileiro, o 
preço, a forma de pagamento, o prazo, entre outras cláusulas comerciais. Para viabilizar as importações 
em consignação e reconhecendo que os bens não serão utilizados durante algum tempo, podendo até 
ser devolvidos ao exterior, o governo concede a suspensão dos tributos aduaneiros, os quais somente 
serão exigidos se houver o despacho para consumo.
Segundo Caparroz (2016), a base operacional do entreposto aduaneiro na importação são os 
recintos alfandegados.
 Observação
Recintos alfandegados são os portos, aeroportos, pontos de fronteira 
e demais locais de uso, público ou privado, nos quais as mercadorias 
ficam armazenadas.
O regime tem como base operacional a unidade de entreposto de uso público ou de uso privativo 
(se destinado unicamente ao uso do permissionário, sendo somente concedido na exportação e, 
exclusivamente, às empresas comerciais exportadoras), onde as mercadorias ficam depositadas, salvo 
na modalidade de entreposto extraordinário de exportação, na qual as mercadorias podem também ser 
embarcadas diretamente. Podem ser permissionárias de entreposto de uso público as empresas:
• de armazéns gerais;
• comerciais exportadoras;
• nacionais prestadoras de serviços de transporte internacional de carga.
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Quando o recinto alfandegado for credenciado para a realização de atividades de industrialização, 
receberá as seguintes denominações:
I – aeroporto industrial, se localizado em aeroporto;
II – plataforma portuária industrial, se localizado em porto organizado ou 
instalação portuária de uso público; ou
III – porto seco industrial, se localizado em porto seco (BRASIL, 2002b).
A admissão no regime será autorizada para a armazenagem dos bens conforme dispõe a lei:
I – aeroporto:
a) partes, peças e outros materiais de reposição, manutenção ou reparo de 
aeronaves, e de equipamentos e instrumentos de uso aeronáutico;
b) provisões de bordo de aeronaves utilizadas no transporte comercial 
internacional;
c) quaisquer outros importados e consignados a pessoa jurídica estabelecida 
no País, ou destinados a exportação, que atendam às condições para 
admissão no regime.
II – porto organizado, incluídas as instalações portuárias de uso público:
a) partes, peças e outros materiais de reposição, manutenção ou reparo de 
embarcações, e de equipamentos e instrumentos de uso náutico;
b) provisões de bordo de embarcações utilizadas no transporte comercial 
internacional;
c) bens destinados a manutenção, substituição ou reparo de cabos 
submarinos de comunicação; e
d) quaisquer outros importados e consignados a pessoa jurídica estabelecida 
no País ou destinados a exportação, que atendam às condições para 
admissão no regime.
III – porto seco:
a) partes, peças e outros materiais de reposição, manutenção ou reparo de 
aeronaves e embarcações;
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Unidade III
b) partes, peças e outros materiais de reposição, manutenção ou reparo 
de outros veículos, bem assim de máquinas, equipamentos, aparelhos 
e instrumentos;
c) quaisquer outros importados e consignados a pessoa física ou jurídica, 
domiciliada ou estabelecida no País, ou destinados a exportação, que 
atendam às condições para admissão no regime (BRASIL, 2002b).
A admissão no regime de entreposto aduaneiro não será autorizada quando se tratar de:
I – mercadoria cuja importação ou exportação esteja proibida;
II – bem usado, exceto para os bens referidos nas alíneas “a” do 
parágrafo anterior;
III – mercadoria importada com cobertura cambial, exceto quando destinada 
à exportação (BRASIL, 2002b).
As mercadorias armazenadas em recinto alfandegado de uso público sob o regime de entreposto 
aduaneiro na importação ou na exportação poderão ser objeto:
I – de etiquetagem e marcação, para atender a exigências do comprador 
estrangeiro;
II – de exposição, demonstração e teste de funcionamento;
III – das seguintes operações de industrialização:
a) acondicionamento ou recondicionamento;
b) montagem;
c) beneficiamento;
d) renovação ou recondicionamento das partes, peças e outros materiais 
referidos na alínea “a” dos incisos I, II e III do art. 16;
e) transformação, no caso de preparo de alimentos para consumo a bordo de 
aeronaves e embarcações utilizadas no transporte comercial internacional 
ou destinados à exportação (BRASIL, 2002b).
Segundo Luz (2015), o art. 19 da Instrução Normativa SRF nº 241/2002 (BRASIL, 2002b) dispõe 
que qualquer pessoa jurídica instalada no País pode solicitar o regime de entreposto aduaneiro; 
em relação às pessoas físicas, somente aquelas que forem representantes de venda do exportador 
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estrangeiro. Nesse caso, a mercadoria ficará obrigatoriamente armazenada em porto seco, 
proibindo-se a utilização dos demais recintos alfandegados.
Na vigência do regime, o beneficiário deve providenciar sua extinção, cabendo quatro possibilidades:
Art. 409. A mercadoria deverá ter uma das seguintes destinações, em até 
quarenta e cinco dias do término do prazo de vigência do regime, sob pena 
de ser considerada abandonada:
I – despacho para consumo;
II – reexportação;
III – exportação; ou
IV – transferência para outro regime aduaneiro especial ou aplicado em 
áreas especiais (BRASIL, 2002b).
5.1.7 Entreposto aduaneiro na exportação
Conforme destaca Luz (2015), além do Brasil, praticamente todos os países permitem a entrada 
de bens em consignação, o que acaba viabilizando a sistemática da consignação nas exportações 
brasileiras. A legislação nacional que trata das exportações em consignação é a Portaria Secex 
nº 23/2011 (BRASIL, 2011a).
Caparroz (2016) reforça que o regime especial permite o armazenamento de mercadorias 
destinadas à exportação, nas modalidades comuns (com suspensão do pagamento dos impostos 
federais) ou na extraordinária (em prol de empresas comerciais exportadoras, conhecidas como 
trading companies, com direito ao emprego dos benefícios fiscais de incentivo à exportação antes 
do embarque para o exterior).
Dependendo dos valores cobrados no exterior a título de armazenagem, Luz (2015) afirma que as 
exportações em consignação podem gerar custos altos. Por outro lado, há vantagem comparativa em 
relação aos concorrentes que não exportam em consignação, tendo em vista a rapidez na disponibilizaçãodo produto ao cliente estrangeiro.
Se a empresa brasileira possui clientes concentrados em uma região no exterior, a exportação em 
consignação vai gerar gastos com armazenagem, mas a concentração facilita a logística, possibilitando 
que uma quantidade pequena de bens possa atender à região, já que normalmente os pedidos pelos 
clientes não são feitos todos de uma só vez. Além disso, a concentração de todos os produtos em 
um único armazém confere ao exportador brasileiro condições de barganhar custos unitários de 
armazenagem menores.
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Outra é a situação quando a empresa brasileira possui clientes estabelecidos em várias regiões do 
mundo, como EUA, Europa e Japão. Neste caso, para atender a todos, não será possível manter no 
exterior a quantidade reduzida de bens mencionada no exemplo anterior. Além disso, com clientes 
espalhados pelo mundo, as exportações em consignação terão de ser espalhadas, o que diminui o poder 
de barganha com os vários depositários no exterior.
Segundo Luz (2015), no outro extremo, em vez de manter mercadorias armazenadas no exterior, a 
empresa brasileira poderia mantê-las no seu próprio estabelecimento, por exemplo, no interior de Goiás. 
No entanto, esta opção, apesar de ser a mais barata, pois não precisa pagar armazenagem a ninguém, é 
a pior em termos de tempo de colocação da mercadoria no cliente estrangeiro.
Já a situação intermediária é a utilização do regime de entreposto aduaneiro na exportação. Este 
regime permite a armazenagem de mercadoria no recinto alfandegado, e é lá onde será posteriormente 
conferida para embarque para o exterior. Em vez de ficar no exterior em consignação ou no estabelecimento 
do exportador em Goiás, a mercadoria pode ficar, por exemplo, em recinto alfandegado no Porto do Rio 
de Janeiro. Segundo Luz (2015), essa opção traz algumas vantagens:
I – economiza-se o tempo de viagem do estabelecimento do exportador em 
Goiás até o recinto alfandegado onde irá ocorrer a conferência aduaneira. 
Quando o exportador brasileiro receber o pedido do exterior, bastará a ele 
preencher os documentos da exportação e apresentar à Receita Federal a 
mercadoria que já se encontra no local da conferência;
II – caso a empresa possua poucas unidades disponíveis para venda, não 
terá de optar entre exportar em consignação para os EUA, para a Europa 
ou para o Japão. Seria possível que ela errasse na escolha do país de onde 
chegaria o próximo pedido da mercadoria. Se usar o regime de entreposto 
aduaneiro na exportação, as mercadorias ficam concentradas num ponto 
por onde obrigatoriamente elas devem passar, independentemente do 
destino no exterior; e
III – em vez de pagar armazenagem de poucas unidades a vários depositários 
no exterior, haverá o pagamento de armazenagem a um único depositário 
no Brasil, garantindo melhores condições na negociação com este.
O regime na exportação é conceituado no art. 410 do Regulamento Aduaneiro: “O regime especial 
de entreposto aduaneiro na exportação é o que permite a armazenagem de mercadoria destinada à 
exportação” (BRASIL, 2009c).
O regime comum tem o mesmo prazo do entreposto aduaneiro de importação, ou seja, um ano, 
prorrogável por até três anos.
Já no regime extraordinário, a empresa comercial exportadora tem um prazo menor para exportar, 
cento e oitenta dias, conforme previsto no inciso II do art. 414 do Regulamento Aduaneiro:
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Art. 414. A mercadoria poderá permanecer no regime de entreposto 
aduaneiro na exportação pelo prazo de:
I – um ano, prorrogável por período não superior, no total, a dois anos, na 
modalidade de regime comum;
II – 180 (cento e oitenta) dias, na modalidade de regime extraordinário.
§ 1º. Em situações especiais, na hipótese a que se refere o inciso I, poderá 
ser concedida nova prorrogação, respeitado o limite máximo de três anos 
(BRASIL, 2009c).
De acordo com Luz (2015), a forma de extinção do regime é, por excelência, a exportação.
Para considerar extinto o regime pela exportação, a data do embarque da mercadoria não é essencial. 
A Receita Federal considera a extinção quando o exportador registra a Declaração de Exportação, que é 
o início do despacho aduaneiro. Conforme Luz (2015), isso ocorre por dois motivos:
1) o beneficiário tem um determinado prazo para exportar. Portanto, ele 
pode usar até o último dia deste tentando encontrar um comprador e talvez 
então não consiga embarcar a mercadoria dentro daquele prazo; e
2) o exportador inicia o despacho aduaneiro, ao registrar a declaração de 
exportação, mas é a Receita Federal quem o conclui. Por isso, se a Receita 
Federal exigisse que o despacho estivesse concluído dentro do prazo do 
regime, a exigência recairia sobre si própria.
Assim, mesmo que a mercadoria embarque após o prazo, considerar-se-á que o regime foi cumprido. 
Essa é a lógica do art. 39, I, da Instrução Normativa SRF nº 241/2002:
Art. 39. No prazo estabelecido para a permanência da mercadoria no regime 
de entreposto aduaneiro na exportação, o beneficiário deverá:
I – dar início ao correspondente despacho aduaneiro de exportação;
II – na modalidade de regime comum, reintegrar a mercadoria ao estoque do 
estabelecimento de origem ou recolher os impostos suspensos; ou
III – na modalidade de regime extraordinário, recolher os impostos que 
deixaram de ser pagos em decorrência dos benefícios fiscais auferidos pelo 
produtor-vendedor, nos termos da legislação pertinente (BRASIL, 2002b).
Caso a mercadoria não seja exportada e considerando que, no regime comum, ela continua sendo de 
propriedade da empresa que a armazenou no recinto alfandegado, há a possibilidade de ser reintegrada 
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ao seu estoque. Isso não ocorre no regime extraordinário, visto que a mercadoria foi vendida para a 
empresa comercial exportadora, e não simplesmente armazenada.
No regime comum, se a mercadoria não for exportada nem reintegrada ao estoque, serão cobrados 
os tributos suspensos. No regime extraordinário, se ela não for exportada, deverão ser ressarcidos pela 
empresa comercial exportadora os benefícios fiscais fruídos pelo vendedor do bem.
5.1.8 Entreposto industrial sob controle informatizado (Recof)
O Recof permite importar, com suspensão do pagamento de tributos, mercadorias a serem submetidas 
à operação de industrialização de produtos destinados à exportação. Parte da mercadoria admitida no 
Recof, no estado ou incorporada ao produto resultante do processo de industrialização, poderá ser 
despachada para consumo.
O Recof é um regime aduaneiro especial, definido no art. 2º da Instrução Normativa RFB nº 1.291/2012:
Art. 2º. O RECOF permite à empresa beneficiária importar [com ou 
sem cobertura cambial – art. 3º], ou adquirir no mercado interno, 
com suspensão do pagamento de tributos, mercadorias a serem submetidas 
a operações de industrialização de produtos destinados à exportação ou 
ao mercado interno (BRASIL, 2012b, grifo nosso).
As mercadorias admitidas no regime poderão ter, ainda, uma das seguintes destinações:
Exportação Reexportação Destruição
Figura 37 
As mercadorias poderão ser importadas com ou sem cobertura cambial. Seu licenciamento, quando 
exigível, deverá ocorrer previamente à sua admissão no regime, dispensado esse procedimento por 
ocasião do despacho para consumo.
O prazo de suspensão do pagamento dos tributos incidentes na importação será de até um ano, 
prorrogável, no máximo, por mais um.
Poderão habilitar-se a operar no regime as empresas que atendamaos termos, aos limites e às 
condições estabelecidos pela RFB, em especial os relacionados com:
• mercadorias que poderão ser admitidas no regime;
• operações de industrialização autorizadas;
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• percentual de tolerância, para efeito de exclusão de responsabilidade tributária, no caso de perda 
inevitável no processo produtivo;
• percentual mínimo da produção destinada ao mercado externo;
• percentual máximo de mercadorias importadas destinadas ao mercado interno no estado em que 
foram importadas; e
• valor mínimo de exportações anuais.
A autorização para operar no Recof será concedida, pela SRF, a título precário, podendo 
ser cancelada ou suspensa a qualquer tempo, nos casos de descumprimento das condições 
estabelecidas ou de infringência de disposições legais ou regulamentares, sem prejuízo da aplicação 
de penalidades específicas.
O art. 424 do Regulamento Aduaneiro, com lastro no art. 90, § 3º, do Decreto-Lei nº 37/1966 (BRASIL, 
1966a), remeteu a aplicação do Recof para norma a ser editada pela Secretaria da Receita Federal do 
Brasil. Atualmente, a Instrução Normativa RFB nº 1.291/2012 (BRASIL, 2012b) dispõe sobre o Recof.
5.1.9 Regime Especial de Importação de Insumos (Recom)
Conforme Caparroz (2016), o Recom é aplicado exclusivamente aos produtos classificados nas 
posições 8701 a 8705 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), ou seja, tratores, automóveis, 
caminhões e assemelhados. Permite a importação, sem cobertura cambial, de chassis, carrocerias, peças, 
partes, componentes e acessórios, com suspensão do pagamento do IPI, PIS e Cofins vinculados.
O Imposto de Importação incidirá apenas sobre os insumos importados empregados na industrialização 
dos veículos supracitados.
No Recom, a importação dar-se-á com pagamento somente do imposto incidente sobre os 
insumos, e com suspensão do IPI, que será concedida pelo prazo improrrogável de um ano, contado do 
desembaraço aduaneiro, no curso do qual deverão ser realizadas a industrialização e a destinação dos 
produtos resultantes. Os estabelecimentos executores ficarão sujeitos ao recolhimento do IPI suspenso 
caso destinem os produtos recebidos com suspensão a fim diverso do previsto no regime aduaneiro.
Os produtos resultantes da industrialização por encomenda terão o seguinte tratamento tributário:
• quando destinados ao exterior, sem cobertura cambial:
— o Imposto de Importação incidente sobre os insumos poderá ser restituído, de acordo com a 
legislação do drawback restituição;
— resolve-se a suspensão do IPI incidente na importação e na aquisição no mercado interno, dos 
insumos neles empregados;
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• quando destinados ao mercado interno, serão remetidos, com suspensão do IPI, obrigatoriamente, 
por conta e ordem da pessoa jurídica encomendante, à empresa comercial atacadista que atenda 
aos requisitos previstos, entre os quais, que seja controlada, direta ou indiretamente, pela 
pessoa jurídica encomendante domiciliada no exterior, e esta referida empresa equipara-se a 
estabelecimento industrial.
A suspensão do IPI dar-se-á pelo prazo improrrogável de um ano, contado da saída do produto 
do estabelecimento executor, findo o qual, se não recolhido o imposto, o estabelecimento comercial 
atacadista responderá pelo pagamento do IPI devido, com os acréscimos legais. O IPI incidente sobre os 
produtos resultantes (veículos) será devido na saída do estabelecimento comercial atacadista equiparado 
a industrial, constituindo base de cálculo o respectivo preço da operação.
O regime somente se aplica aos casos em que os pagamentos decorrentes da exportação de serviços 
pelo executor representem ingresso de divisas, e o ingresso no regime especial depende de habilitação 
prévia perante a SRF.
5.1.10 Exportação temporária
A definição do regime se encontra no art. 431 do Regulamento Aduaneiro:
Art. 431. O regime aduaneiro especial de exportação temporária é o que permite 
a saída do país, com suspensão do pagamento do imposto de exportação, de 
mercadoria nacional ou nacionalizada, condicionada à reimportação em prazo 
determinado, no mesmo estado em que foi exportada (BRASIL, 2009c).
Luz (2015) assevera que no artigo transcrito nota-se que a mercadoria deve voltar no mesmo 
estado em que foi exportada. Nesse caso, não há analogia com o regime de admissão temporária, pois 
a mercadoria admitida temporariamente pode sofrer industrialização no País, exceto transformação. 
No caso de produtos submetidos ao regime de exportação temporária, não pode haver industrialização 
feita no exterior. Se a mercadoria saiu estragada, tem que voltar estragada. Se voltar em um estado 
diverso daquele em que saiu, terá sido descumprido o regime e caberá a cobrança de penalidades.
Qual é a alternativa para remeter ao exterior uma mercadoria que necessite de conserto? A 
resposta é a exportação temporária para aperfeiçoamento passivo, regime aduaneiro especial a 
ser analisado adiante.
Assim, considera-se exportação temporária a saída do País de mercadoria nacional ou nacionalizada 
condicionada à reimportação em prazo determinado, no mesmo estado ou após submetida a processo 
de conserto, reparo ou restauração. Na verdade, na sua origem internacional, a natureza do regime de 
exportação temporária não permite que a mercadoria seja submetida a processo de industrialização 
no exterior, o que está em conformidade com o referido artigo. Entretanto, novamente se destaca 
a criatividade brasileira: em vez de criar outro regime próprio, que seria mais complicado e 
problemático, resolveu incluir no regime de exportação temporária hipóteses de industrialização, 
como beneficiamento e transformação.
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Segundo o art. 370 do Regulamento Aduaneiro, são hipóteses naturais de aplicação do regime:
• mercadoria destinada a feiras;
• competições esportivas ou exposições no exterior;
• produtos manufaturados e acabados, inclusive para conserto, reparo ou restauração para seu uso 
ou funcionamento;
• animais reprodutores para cobertura em estação de monta, com retorno cheia, no caso de fêmea, 
ou com cria no pé, bem como animais para outras finalidades;
• veículos para uso de seu proprietário ou possuidor (BRASIL, 2009c).
Figura 38 
Segundo Luz (2015), o Regulamento Aduaneiro, no art. 432, dispõe que cabe à Receita 
Federal relacionar os bens aos quais pode ser aplicado o regime, além dos bens amparados em 
acordos internacionais.
No art. 2º da Instrução Normativa RFB nº 1.361/2013, foi definida a lista de bens passíveis de 
procedimentos diferenciados tanto na admissão temporária quanto na exportação temporária. Já no 
art. 36 foram listados os bens que se sujeitam ao procedimento normal de exportação temporária:
Art. 36. Poderão ser submetidos ao regime de exportação temporária os 
bens, inclusive semoventes, amparados por acordos internacionais e os 
destinados a:
I – eventos científicos, técnicos, políticos, educacionais, religiosos, artísticos, 
culturais, esportivos, comerciais ou industriais;
II – promoção comercial, inclusive amostras sem destinação comercial e 
mostruários de representantes comerciais;
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III – execução de contrato de arrendamento operacional, de aluguel, de 
empréstimo ou de prestação de serviços, no exterior;
IV – prestação de assistência técnica a produtos exportados, em virtude 
de termos de garantia;V – assistência e salvamento em situações de calamidade ou de 
acidentes de que decorra dano ou ameaça de dano à coletividade ou 
ao meio ambiente;
VI – homologação, ensaios, testes de funcionamento ou resistência, ou 
ainda a serem utilizados no desenvolvimento de produtos ou protótipos;
VII – substituição de outro bem ou produto nacional, ou suas partes e 
peças, anteriormente exportado definitivamente, que deva retornar ao 
País para reparo ou substituição, em virtude de defeito técnico que exija 
sua devolução;
VIII – acondicionamento e manuseio de outros bens exportados, desde 
que reutilizáveis; e
IX – pastoreio, adestramento, cobertura e cuidados da medicina veterinária.
§ 1º. O disposto no caput abrange:
I – bem nacional ou nacionalizado, para ser submetido à operação de 
transformação, elaboração, beneficiamento ou montagem, no exterior, 
e sua reimportação, na forma do bem resultante dessas operações, com 
pagamento do imposto incidente sobre o valor agregado;
II – bem nacional ou nacionalizado para ser submetido a processo de 
conserto, reparo ou restauração; e
III – bens ao amparo da Convenção de Istambul; e
IV – outros bens ou produtos manufaturados e acabados, autorizados, 
em cada caso, pelo responsável pela concessão do regime, de acordo 
com os procedimentos estabelecidos em ato normativo específico da 
Coana (BRASIL, 2013a).
Há algumas mercadorias cuja exportação definitiva é proibida, levando, por questão de segurança, 
à proibição da exportação temporária. No entanto, tal regra admite exceção. Tomemos o exemplo das 
obras de arte do período monárquico. Por força da Lei nº 4.845/1965 (BRASIL, 1965c), estes bens são 
proibidos de sair do País a título definitivo. Entretanto, o Ministério da Cultura costuma autorizar a 
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exportação temporária para exposições no exterior. Cumpre-se o disposto no Regulamento Aduaneiro: 
“Art. 433. Não será permitida a exportação temporária de mercadorias cuja exportação definitiva esteja 
proibida, exceto nos casos em que haja autorização do órgão competente” (BRASIL, 2009c).
Na reimportação de mercadoria exportada temporariamente para conserto, reparo, restauração, 
beneficiamento ou transformação, são exigíveis os tributos incidentes na importação dos materiais 
acaso empregados naqueles serviços.
O exportador pode requerer o regime de três formas:
1) levando a mercadoria à unidade aduaneira da zona primária (porto, 
aeroporto ou ponto de fronteira alfandegado) por onde a mercadoria 
deixará o País;
2) levando a mercadoria ao porto seco, recinto alfandegado na zona 
secundária, para que a Receita Federal conceda o regime de exportação 
temporária e, ato contínuo, o regime de trânsito aduaneiro até a unidade de 
zona primária por onde a mercadoria irá sair do País; e
3) solicitando à unidade de zona secundária que jurisdiciona o município onde 
o estabelecimento da pessoa jurídica está instalado. Neste caso, a Receita 
Federal procede à verificação no próprio estabelecimento do exportador 
ou em outro recinto não alfandegado, concedendo o regime de exportação 
temporária e, ato contínuo, o regime de trânsito aduaneiro (LUZ, 2015).
Esta é a disposição do art. 434 do Regulamento Aduaneiro:
Art. 434. A concessão do regime poderá ser requerida à unidade que 
jurisdiciona o exportador, o porto seco de armazenagem, ou o porto, 
aeroporto ou ponto de fronteira de saída das mercadorias.
Parágrafo único. A verificação da mercadoria poderá ser feita no 
estabelecimento do exportador ou em outros locais permitidos pela 
autoridade aduaneira (BRASIL, 2009c).
Conforme relata Luz (2015), o prazo de vigência do regime será de até um ano, prorrogável por 
período não superior no total a dois anos. A título excepcional, a critério do Ministro da Fazenda, o prazo 
poderá ser estendido por período superior a dois anos.
Quando o regime for aplicado a mercadoria vinculada a contrato de prestação de serviços por prazo 
certo, o prazo de vigência do regime será o previsto no contrato, prorrogável na mesma medida deste.
De forma análoga à que acontece na admissão temporária, a importação de produto equivalente 
extingue o regime de exportação temporária. Tal preceito decorre da Lei nº 10.833/2003, art. 60:
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Art. 60. Extinguem os regimes de admissão temporária, de admissão 
temporária para aperfeiçoamento ativo, de exportação temporária e de 
exportação temporária para aperfeiçoamento passivo, aplicados a produto, 
parte, peça ou componente recebido do exterior ou a ele enviado para 
substituição em decorrência de garantia ou, ainda, para reparo, revisão, 
manutenção, renovação ou recondicionamento, respectivamente, a 
exportação ou a importação de produto equivalente àquele submetido ao 
regime (BRASIL, 2003d).
5.1.11 Exportação temporária para aperfeiçoamento passivo
Pelo regime de exportação temporária para aperfeiçoamento passivo, Luz (2015) destaca que se 
permite a saída de mercadoria para industrialização no exterior, com suspensão do pagamento do 
Imposto de Exportação. Nisto difere do regime de exportação temporária simples, que não permite 
industrialização. Dispõe o Regulamento Aduaneiro:
Art. 449. O regime de exportação temporária para aperfeiçoamento 
passivo é o que permite a saída, do país, por tempo determinado, de 
mercadoria nacional ou nacionalizada, para ser submetida à operação de 
transformação, elaboração, beneficiamento ou montagem, no exterior, e a 
posterior reimportação, sob a forma do produto resultante, com pagamento 
dos tributos sobre o valor agregado.
§ 1º. O regime de que trata este artigo aplica-se, também, na saída do País 
de mercadoria nacional ou nacionalizada para ser submetida a processo de 
conserto, reparo ou restauração.
[...] (BRASIL, 2009c, grifo nosso).
Já Caparroz (2016) afirma que, da mesma forma que há correlação entre os regimes de admissão 
temporária e exportação temporária, podemos dizer que isso também ocorre entre a admissão temporária 
para aperfeiçoamento ativo e a exportação temporária para aperfeiçoamento passivo. Segundo o autor, 
na prática, o objetivo do regime é tributar apenas aquilo que foi acondicionado no exterior, e que, 
quando do retorno do produto, ingressará pela primeira vez no Brasil. 
O prazo para importação dos produtos resultantes da operação de aperfeiçoamento será fixado com 
base no período necessário à realização da respectiva operação e ao transporte das mercadorias.
No intuito de extinguir o regime, Caparroz (2016) relata que no prazo assinalado deverá ser adotada 
pelo beneficiário uma das seguintes providências:
• reimportação da mercadoria, inclusive sob a forma de produto resultante da operação autorizada 
(é o mais comum).
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LEGISLAÇÃO ADUANEIRA
• importação de produto equivalente, como contrapartida dos materiais enviados ao exterior em 
razão de garantia;
• conversão em exportação definitiva.
5.1.12 Regime especial de importação de bens destinados às atividades de pesquisa e 
de lavra das jazidas de petróleo e gás natural (Repetro)
O Repetro permite, conforme o caso, a aplicação aos bens destinados às atividades de pesquisa e de 
lavra das jazidas de petróleo e de gás, bem como às máquinas e aos equipamentos sobressalentes, às 
ferramentas e aos aparelhos e a outras partes e peças destinados a garantir a sua operacionalidade, dos 
seguintes tratamentos aduaneiros:
1) exportação ficta, sem que tenha ocorrido a saída do bem do território 
aduaneiro e posterior aplicação do regime aduaneiro

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