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INTRODUÇÃO-A-BIBLIOTECONOMIA-E-ARQUIVOLOGIA

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INTRODUÇÃO A BIBLIOTECONOMIA 
E ARQUIVOLOGIA 
 
 
1 
 
INTRODUÇÃO 
A sociedade pós-industrial com suas características, entre elas a 
globalização e as novas tecnologias, têm propiciado novas oportunidades 
para o profissional da informação e, naturalmente, para o bibliotecário das 
bibliotecas universitárias. 
Debatem-se os conceitos social e econômico da informação. 
Discutem-se os papéis sociais do bibliotecário: o de recuperador, preservador 
e disseminador da memória e do conhecimento; e o de facilitador do acesso à 
informação, centrado nas necessidades informacionais individualizadas. 
Colocam-se novas possibilidades de prestação de serviços informacionais. 
O campo de estudos na área de Biblioteconomia tem apresentado uma 
expansão contínua, estimulado num primeiro momento pelos países que 
enfrentaram problemas no controle de fluxo, de informações científicas e 
tecnológicas, iniciado no período de guerra, e recentemente pela 
necessidade, de como coletar, selecionar, sistematizar, controlar e 
disseminar o conhecimento, numa sociedade que gera, supervaloriza e 
descarta a informação num íntimo cada vez mais intensivo. 
O QUE É BIBLIOTECONOMIA 
 
Fonte: 1.bp.blogspot.com 
 
 
2 
 
Biblioteconomia é a ciência que estuda os aspectos da representação, 
da sistematização, do uso e da disseminação da informação através de 
serviços e produtos informacionais. Trata sobre a análise, planejamento, 
implementação, organização e a administração da informação em bibliotecas, 
bancos de dados, centros de documentação, sistemas de informação e sites, 
entre outros. 
O papel do profissional bibliotecário é de agente mediador entre a 
informação e quem a busca, de modo que o conhecimento chegue de forma 
rápida e satisfatória ao seu usuário. 
A Biblioteconomia é uma das profissões mais antigas da humanidade. 
Estima-se que talvez tenha se iniciado nos primórdios com as práticas 
estabelecidas pelos monges copistas. A Biblioteconomia no Brasil como 
curso de graduação é considerada como uma das ciências da informação, 
pelo seu caráter interdisciplinar e pelo seu objeto de estudo. 
As principais áreas de pesquisa em biblioteconomia são: 
representação temática, representação descritiva, linguagens documentárias, 
serviços de referência, marketing em unidades de informação, arquitetura de 
informação, usabilidade, catalogação, gestão de unidades de informação, 
infometria etc. 
O QUE FAZ ESTE PROFISSIONAL 
 
Fonte: www.brasilescola.com 
 
 
3 
 
O profissional de Biblioteconomia desenvolve atividades de 
organização, tratamento, análise e recuperação de informações em diversos 
níveis e suportes físicos, por meios manuais e automatizados, com vistas ao 
atendimento das necessidades informacionais de todos os segmentos da 
sociedade. 
A utilização de novas tecnologias da informação vem exigindo, desse 
profissional, novas habilidades e provocando mudanças no perfil tradicional. 
O profissional de Biblioteconomia, que tradicionalmente atua em bibliotecas, 
encontra novas frentes de trabalho em sistemas e redes de informação de 
setores públicos, empresariais e industriais, escritórios de assessoria e 
consultoria, organização de arquivos e de documentação particulares, ensino 
e pesquisa, podendo atuar como analista da informação, como gestor de 
serviços de informação e também na área de normalização." 
O BIBLIOTECÁRIO NA SOCIEDADE PÓS-INDUSTRIAL1 
 
Fonte: ayudafreelance.files.wordpress.com 
 
1 Texto adaptado de acordo com o original de SNBU2000 - XI Seminário Nacional de 
Bibliotecas Universitárias. O bibliotecário na sociedade pós-industrial. Autora: Profª Drª Kira 
Tarapanoff; Pesquisadora Senior Universidade de Brasília. 
 
 
 
4 
 
Nesta apostila levantamos algumas características e elementos 
constituintes da sociedade pós-industrial, apresentando alguns elementos 
para uma discussão de como estes fatores estão afetando o conhecimento 
teórico, os paradigmas e o mercado de trabalho do profissional bibliotecário, 
criando novas oportunidades e, desafiando-o a repensar a sua profissão e a 
assumir novos papéis. 
O conceito de sociedade pós-industrial diz respeito essencialmente às 
mudanças na estrutura social, às transformações que se produzem na vida 
econômica e na estrutura profissional, e pôr fim às novas relações que se 
estabelecem entre a teoria e a prática experimental, entre a ciência e a 
tecnologia. 
Embora esta nova sociedade 2 ainda esteja se formando e em 
evolução, alguns traços essenciais podem ser identificados: 
 A passagem da produção de bens para a economia de serviços; 
 A preeminência da classe dos profissionais e técnicos do 
conhecimento; 
 O caráter central do saber teórico, gerador da inovação e das 
ideias diretivas nas quais a coletividade se inspira; 
 A gestão do desenvolvimento técnico e o controle normativo da 
tecnologia; 
 A criação de uma nova tecnologia intelectual (De Masi, 1999, 
p.33); 
 O novo modo de desenvolvimento - o informacionalismo 
(conforme o cognomina Castells, ou pós-industrialismo como é chamado 
por muitos outros),) como um que altera, mas não substitui o modo 
predominante da produção (industrial ou agrícola); 
 A relação estrutural da globalização e da informacionalização a 
sistemas de redes e à flexibilidade (Castells, 1999, p.212-214). 
 
 
 
2 Nas diversas abordagens o conceito da nova sociedade identifica-se com o da 
sociedade pós-industrial, da informação, do conhecimento ou da aprendizagem. 
 
 
5 
 
 
Fonte: blogs.odiario.com/ 
Nesta nova sociedade, e devido à importância do saber teórico, dentre 
outras, as universidades, institutos de pesquisa e cultura fazem parte das 
instituições básicas que a constituem. O seu recurso fundamental é a 
inteligência, o conhecimento, a criatividade, a inovação, as informações. O 
setor econômico dominante inclui a produção de ideias e fornecimento de 
serviços: transporte, comércio, finanças, seguros, saúde, instrução, 
administração, pesquisa científica, cultura, lazer, e tudo o que constitui o 
setor terciário. 
Dentre as suas metodologias estão às teorias abstratas: modelos, 
simulações; análise de sistemas; pesquisa dos problemas; invenção; enfoque 
científico dos processos de previsão, de programação, de decisão; 
desregulação e descentralização. A sua relação com o tempo e o espaço é 
orientada para o futuro, inclui cenários e previsões em longo prazo; o ritmo de 
trabalho é escolhido e individualizado, baseado no próprio indivíduo; vida 
baseada no lazer; real time (tempo real), obtenção da informação imediata. A 
sua dimensão é transnacional, com conexões telemáticas e televisivas de 
todos os lugares. 
Muitos são os textos que tratam de aspectos específicos da sociedade 
pós-industrial, mas há apenas alguns, não muitos, que tentam descrever sua 
globalidade e compreender o seu sentido abrangente. Do ponto de vista 
sociológico destacam-se o livro de Bell – The Coming of Post-Industrial 
 
 
6 
 
Society, A Terceira Onda (The Third Wave) de Alvin Toffler, A sociedade pós-
industrial (La Société post-industrielle), de Alain Tourraine (De Masi, 1999), e 
A Sociedade em Rede (The rise of the network society) de Manuel Castells. 
Embora a expressão – sociedade pós-industrial - já tenha sido usada 
por Arthur J. Penty, socialista inglês, que em 1914 organizou uma ontologia 
intitulando-a Essays in Post-Industrialism e, em 1917, publicou em Londres 
um volume com o título Old Worlds for New: a study of the post-industrial 
state, à Bell é atribuída à invenção, ou pelo menos, difusão, desta expressão. 
Bell (1977), coloca que dentre as vantagens da sociedade pós-industrial 
estão à educação em massa, acesso às informações, lazer, invenção da 
natureza, redução da incerteza. 
Múltiplos e heterogêneos, complexos e interatuantes são oselementos 
que constituem a nova sociedade. Mas dentre os mais importantes estão 
seguramente à revolução tecnológica e informática, que graças sobretudo à 
telemática e ao fato de o trabalho se tornar uma atividade cada vez mais 
intelectual, pôde assim se desmassificar e se desconcentrar no território, até 
fazer coincidir o lugar de atividade com o de residência familiar (De Masi, 
1999, p.188). 
Enquanto que Bell e Toffler relacionam o advento da era pós-industrial 
a uma pluralidade de características, nenhuma prioritária e determinante, 
para Tourraine o cerne da nova sociedade se encontra na produção científica 
e o processo fundamental não é a produção dos bens, mas a programação 
da inovação3. 
Nesta sociedade a hegemonia é exercida não mais pelos proprietários 
dos meios de produção, e sim por aqueles que administram o conhecimento 
e que podem planejar a inovação. 
 
3 Na sociedade pós-industrial o computador pode fornecer infinitas respostas a 
infinitas perguntas – nós é que não sabemos interrogar. O centro do problema é a ciência e a 
profundidade da transformação do método científico, isto é, a passagem da descoberta para 
a invenção, da busca de soluções à busca de questões. Este novo método é possível, 
porque as informações já podem ser elaboradas ao infinito e porque entendeu-se que, ao 
contrário do que sustentava Taylor, não existe um único caminho melhor do que todos ((one 
best way) para resolver cada problema (De Masi, 2000, p.196, 197) 
 
 
7 
 
Para Castells o ponto inicial para se analisar a mudança da nova 
economia, sociedade e cultura é a revolução da tecnologia da informação. 
Esta tecnologia viabiliza uma estrutura social associada ao surgimento de um 
novo modo de desenvolvimento, o informacionalismo 4 . No novo modo 
informacional de desenvolvimento, a fonte de produtividade acha-se na 
tecnologia de geração de conhecimentos, de processamento da informação e 
de comunicação de símbolos. Na verdade, conhecimento e informação são 
elementos cruciais em todos os modos de desenvolvimento, visto que o 
processo produtivo sempre se baseia em algum grau de conhecimento e no 
processamento da informação. A estrutura da economia, sociedade e cultura 
informacional é a rede5 (Castells, 1999, p.35, 45). 
Conhecimento é visto como: um conjunto de declarações organizadas 
sobre fatos ou ideias, apresentando um julgamento ponderado ou resultado 
experimental que é transmitido a outros por intermédio de algum meio de 
comunicação, de alguma forma sistemática (Bell, 1973, p.175). 
Informação “são dados que foram organizados e comunicados (Porat, 
1977, p.2) 
O modus operandi da sociedade pós-industrial identifica-se ao da 
Sociedade da Informação, que refere-se a um modo de desenvolvimento 
social e econômico em que a aquisição, armazenamento, processamento, 
valorização, transmissão, distribuição e disseminação de informação 
conducente à criação de conhecimentos e à satisfação das necessidades dos 
cidadãos e das organizações, desempenham um papel central na atividade 
econômica, na criação de riqueza, na definição da qualidade de vida dos 
cidadãos e das suas práticas culturais (Livro Verde para a Sociedade da 
Informação em Portugal: http:///www.missao-si.mct.pt/livroverde/lvfinal.zip.) 
O Programa brasileiro para a Sociedade da Informação foi lançado no 
Brasil, no dia 15 de dezembro de 1999, com o os objetivos de: 
Articular, coordenar e fomentar o desenvolvimento e utilização segura 
de serviços avançados de computação, comunicação e informação e suas 
 
4 Informacionalismo – modo de desenvolvimento pós-industrial. 
5 A Empresa em rede concretiza a cultura da economia informacional/global: 
transforma sinais em commodities, processando conhecimentos (Castells, 1999, p. 192) 
http://www.missao-si.mct.pt/livroverde/lvfinal.zip
 
 
8 
 
aplicações na sociedade, mediante a pesquisa, desenvolvimento e ensino 
brasileiros, acelerando a oferta de novos serviços e aplicações na Internet, de 
forma a garantir vantagem competitiva e a facilitar a inserção da indústria e 
empresa brasileiras no mercado internacional; 
Fornecer, desta maneira, subsídios para a definição de uma estratégia 
para conceber e estimular a inserção adequada da sociedade brasileira na 
Sociedade da Informação (MCT, 1999). 
No momento, após a instalação do Grupo de Trabalho para 
implantação do programa, estão sendo criados vários GTs temáticos, para a 
elaboração do Livro Verde da Sociedade da Informação, dentre os quais o 
GT de Conteúdos e Identidade Cultural lançado em fevereiro de 2000, que 
merece a atenção e acompanhamento dos bibliotecários no Brasil. 
DESAFIOS PROFISSIONAIS DO BIBLIOTECÁRIO 
 
Fonte: www.bibliotecavirtual.celepar.pr.gov.br 
Essas colocações introdutórias nos levam a indagar sobre como os 
bibliotecários podem e devem atuar na nova sociedade, criar e administrar a 
informação e o conhecimento e planejar a inovação? 
 
 
9 
 
Tradicionalmente o papel do bibliotecário tem sido o de apoio a essas 
atividades. Qual deve ser o seu papel hoje - o de produtor, empresário, 
intermediário ou analista da informação e do conhecimento? Ou de todos 
estes juntos? Quais as suas principais responsabilidades sociais? 
Segundo Toffler na nova sociedade o produtor é ao mesmo tempo 
consumidor, e sugere um novo termo o prosumer. Esta analogia nos leva à 
constatação que o saber é cíclico e contínuo, recomeça quando acaba, 
necessitando sempre de novas informações para ser reativado e que todos 
os que produzem informação e conhecimento também os consomem. 
Podemos sugerir algumas linhas para discussão dos papéis e 
responsabilidades sociais do profissional da informação bibliotecário na 
sociedade pós-industrial: 
 
1. Preservar a informação (ser responsável pela memória e cultura 
da produção técnica e científica local e institucional); 
2. Organizar a informação para uso; 
3. Acessar a informação. Estabelecer conexão em redes, participar 
de consórcios e variadas formas de cooperação. Planejar a informação; 
4. Ser empreendedor; personalizar/customizar a informação. Ser 
consultor e information broker. Prestar os seus serviços de sua casa 
eletrônica (“electronic cottage”) 
5. Trabalhar a informação, agregar valor. Pesquisar a informação; 
6. Socializar a informação – preocupar-se com o acesso público à 
informação, a informação como um patrimônio público (public good); 
7. Educar para a utilização da informação e para a sociedade da 
informação; 
8. Valorizar o conceito econômico da informação, participar do e-
commerce, oferecendo serviços e produtos exclusivos; 
9. Criar, pesquisar e consumir informação. 
 
A essência das ciências que sustentam a profissão do bibliotecário, a 
Biblioteconomia e a Ciência da Informação e o seu objeto de trabalho – o 
ciclo informacional, não foram mudados. Embora a teoria seja a mesma, a 
 
 
10 
 
prática do bibliotecário, especialmente aquela que se baseia em todas as 
facilidades oferecidas pelas novas tecnologias e a globalização, bem como 
no método científico da invenção, lhe abre muitos caminhos, muitas novas 
possibilidades de prestar serviços informacionais e sugere uma nova forma 
de administrá-los. 
NOVOS/VELHOS PAPÉIS 
Preservar a informação (ser responsável pela memória e cultura da 
produção técnica e científica local e institucional) 
Um dos principais indicadores do desenvolvimento da sociedade da 
informação é a penetrabilidade das tecnologias de informação na vida diária 
das pessoas e no funcionamento e transformação da sociedade como um 
todo. No caso do Brasil, estima-se que durante o ano 2000 mais de 6 milhões 
de brasileiros serão usuários da Internet e que nos próximos cinco anos 
poderemos chegar a 30 milhões. Em termos numéricos, estas cifras projetam 
o Brasil como um dos grandes mercados nacionais da Internetem nível 
mundial, embora esta cifra seja extremamente modesta se comparada ao 
total de habitantes no Brasil (4% aproximadamente). 
Embora, também em termos relativos, o português tenha presença na 
Internet, os números, em termos absolutos, também são modestíssimos. 
Sete milhões de internautas utilizam a língua portuguesa na Internet. 
Esse número faz com que o português ocupe a sétima posição entre os 
idiomas mais utilizados na rede, segundo pesquisa publicada no site 
espanhol La Empresa.net. Em primeiro lugar, como já era esperado, 
encontra-se a língua inglesa, com mais de 147 milhões de usuários que 
utilizam esse idioma quando navegam pela Web. O japonês está em 
segundo, com cerca de 19 milhões de utilizadores. 
O primeiro ponto é, portanto, a preservação do idioma e da produção 
científica nacional tornando-a disponível ao mundo globalizado. 
 
 
11 
 
A sociedade da informação desenvolve-se também através da 
operação de conteúdos6 sobre a infraestrutura de conectividade. Portanto, o 
desenvolvimento da sociedade da informação no Brasil requer no futuro 
próximo um esforço nacional conjugado para aumentar, por um lado, a 
penetrabilidade da Internet pari passu com o uso adequado de tecnologias da 
informação (incluindo os softwares potentes e amigáveis, com 
ergonomicidade) e, por outro lado, o volume de conteúdos brasileiros. 
Partindo da constatação que a sociedade se organiza em torno de 
uma cultura, que é uma maneira de ver o mundo, através de um conjunto de 
ideias implícitas e explícitas. O conceito de identidade cultural impõe-se. 
Conteúdos informacionais 
Dentre os princípios gerais para uma política sobre conteúdos e 
identidade cultural, o GT Conteúdos e Identidade Cultural sugeriu em sua 
primeira proposta apresentada em 14 de março do ano 2000, as seguintes 
diretrizes para promoção de redes de conteúdos nacionais: 
1. Valorizar a produção e difusão de registros informacionais de 
todo tipo em língua portuguesa, como forma de promover o 
autoconhecimento e autoestima do povo brasileiro; 
2. Propiciar o registro das expressões culturais, artísticas, 
religiosas e científicas, em qualquer mídia, também em línguas indígenas, 
assim como nas dos povos africanos e de outras nacionalidades que 
contribuíram para a nossa formação social, visando preservar e manter 
vivas as origens da nação brasileira, em seus aspectos multiétnicos e 
multiculturais; 
 
6 Os recursos, produtos e serviços de informação são identificados na Internet com o nome 
genérico de conteúdos. Em resumo, conteúdo é tudo o que é operado na Internet. Uma das 
contribuições mais extraordinárias da Internet é permitir que qualquer usuário, em caráter individual ou 
institucional, possa a vir a ser produtor, intermediário e usuário de conteúdos. Os conteúdos são o meio 
e o fim da gestão da informação e do conhecimento na sociedade da informação. 
 
 
12 
 
3. Facultar a produção e o uso de conteúdos que reflitam os 
interesses de regiões menos desenvolvidas, de áreas periféricas e rurais, 
como forma de reduzir as disparidades regionais; 
4. Dar oportunidade às minorias étnicas, sociais e políticas para o 
registro e difusão de suas manifestações e ideias, como forma de diminuir 
as desigualdades sociais. 
Linhas de ação do Programa Sociedade da Informação no Brasil, 
relativas às Tecnologias da Informação aplicadas à cultura, são as seguintes: 
 Salvaguarda e valorização do patrimônio por meio da 
digitalização sistemática das obras e demais bens culturais, promovendo 
também a criação e desenvolvimento de bibliotecas virtuais, privilegiando 
a descentralização e dinamismo das comunidades capilarizadas pela 
telemática; 
 Promoção de iniciativas para a salvaguarda e a afirmação da 
cultura brasileira, como, por exemplo, a criação do “Museu de Todos os 
Museus” (digital) e de uma grande “Enciclopédia Multimídia do Brasil”; 
 Aproveitamento dos resultados já obtidos pelo GT de Museus 
Virtuais (http:www.lids.puc-rio.br/~pp/gtmv/principal/princip.htm) e pelo GT 
de Bibliotecas (http://www.cg.org.br/gt/gtbv/gtbv.htm) do Comitê Gestor da 
Internet Brasileira, no sentido de se criar uma plataforma inicial de 3 mil 
entidades, por meio da qual poderá ser capilarizado todo o território 
nacional; 
 Apoio e promoção de atividades e projetos visando a organizar, 
reforçar e circular a informação documental, tanto em sua vertente erudita 
quanto na popular; 
 Implementação de uma “midiateca virtual” suscetível de apoiar o 
ensino – desde a rede primária até a universidade – e a pesquisa, 
oferecendo recursos adaptados à resolução de problemas gerados em 
todos os setores da vida social e científica. 
http://www.cg.org.br/gt/gtbv/gtbv.htm
 
 
13 
 
HABILIDADES DO BIBLIOTECÁRIO 
 
Fonte: 2.bp.blogspot.com 
Cabe ressaltar que a questão dos conteúdos depende da capacidade de 
organização de nossas instituições e da parte de nossos profissionais, no 
tocante aos seus acervos informacionais. Os conteúdos estarão sempre 
sendo produzidos e armazenados de forma descentralizada e dispersa, 
exigindo esforço para atraí-los e incorporá-los como serviços e produtos 
mediados pela rede de acessos propostos pela sociedade da informação. 
Aos bibliotecários é atribuída tal responsabilidade exigindo domínio da 
localização, normalização, indexação, padrões, protocolos, utilização de 
tecnologias e modernos instrumentos como metadados e marcação de textos 
(Cunha, 1999, p.260). Destacam-se neste contexto tanto pelo domínio como 
pelas iniciativas de modernização os bibliotecários universitários e os 
especializados. 
 
 
14 
 
Organizar a informação para uso 
 
Fonte: www.unoeste.br 
Neste contexto o bibliotecário deve em primeiro lugar educar-se nas 
Tecnologias da Informação para ter acesso e participar no processo de 
informação globalizada, e em segundo instruir/educar usuários a utilizar a 
informação em meio digital e disponível nas redes. 
Acessar a informação. Conectar-se a redes, participar de 
consórcios e variadas formas de cooperação. Planejar a informação. 
De Masi (2000) faz a seguinte colocação - se perguntarmos a um grupo 
de pessoas que ciência do século XX mais contribuiu para o progresso 
humano, talvez ninguém, nem os entendidos em organização, indicassem a 
ciência organizacional. E no entanto, foi o desenvolvimento desta ciência que 
possibilitou o fortalecimento de cada atividade, cognitiva e operacional, a um 
nível desconhecido em todas as épocas anteriores da história, dentro e fora 
dos locais de trabalho. 
Milhões de homens e mulheres na prática cotidiana, milhares de 
especialistas em suas profissões, partindo das grandes descobertas de 
Taylor e Ford, revolucionaram o modo com que os seres humanos organizam 
seus próprios recursos e aumentam seu rendimento. 
 
 
15 
 
Foi o management, a gestão, que introduziu as novas tecnologias nos 
locais de trabalho, nas casas, nas diversões. Foi o management que criou as 
empresas rede, as multinacionais, os distritos industriais, a globalização da 
economia, dos gostos, do consumo. 
O conceito de gestão da informação envolve novas e velhas diretrizes 
conhecidas pelos bibliotecários. O seu principal objetivo é moldar (harness) 
os recursos informacionais da organização e as suas capacidades de 
informação para ensiná-la a aprender e adaptar-se às mudanças ambientais. 
A criação da informação, aquisição, armazenamento, análise e uso, provêm a 
estrutura intelectual que dá suporte ao crescimento e desenvolvimento de 
uma organização inteligente adaptada às exigências e novidades da 
ambiência. 
Conceitualmente a gestão da informação é um conjunto de seis 
processos distintos, mas inter-relacionados: identificação de necessidades 
informacionais, aquisição de informação, organização e armazenagem da 
informação, desenvolvimento de produtos informacionais e serviços,distribuição da informação, e uso da informação Este processo é cíclico e 
deve ser realimentado constantemente (Gestão ambiental em gestão da 
informação) ( Choo, 1998, p.198-199). 
Participação em redes 
A Ciência da Informação tem como objeto de estudo a própria 
informação, sua movimentação, recuperação e comunicação. Os 
pressupostos que norteiam o seu paradigma de propiciar o acesso a 
informação, são: 
 que a informação deve ser movimentada e comunicada; 
 a informação é algo que flui dentro de um sistema; 
 a informação é algo divisível dentro de unidades feitas em 
partes num sistema; 
 o processo é modelado em termos de fluxo da informação entre 
dois pontos através de um canal (Miksa, 1992); 
 
 
16 
 
 o processo pressupõe a existência de tecnologia apropriada, 
que hoje está nas redes. 
À medida que as redes passam a interligar todas as atividades 
humanas, o principal foco das organizações é redirecionado da maximização 
do valor da organização para a maximização do valor da rede. A 
sobrevivência da organização depende da sobrevivência da rede (Kelly, 
1999). 
A tipologia de redes sugere a existência de duas categorias de redes, 
vistas sob uma ótica funcional, ou seja redes físicas com função de conexão 
e redes com função de provisão de serviços de informação. 
Embora as bibliotecas e os bibliotecários brasileiros ainda não estejam 
totalmente preparados, é necessário que o país construa rapidamente uma 
ampla infraestrutura de serviços de informação em rede eletrônica que 
atenda às expectativas das unidades de informação na função de 
compartilhamento de recursos, e as expectativas dos usuários, na função de 
ampliação do acesso à informação (Carvalho, 1999, p.3). 
As redes bibliográficas, como hoje se conhece, se distinguem de suas 
predecessoras pela ênfase no uso de telecomunicações, capacidades 
computacionais e contato imediato entre os membros. As grandes redes hoje 
existentes fornecem processamento distribuído, treinamento, catalogação, 
empréstimo interbibliotecário, conversão retrospectiva, oferta compartilhada 
de bases de dados e equipamentos (Carvalho, 1999, p.31) 
COOPERAÇÃO; CONSÓRCIOS; BIBLIOTECAS HÍBRIDAS 
Dentre os arranjos organizacionais cooperativos estabelecidos pelas 
unidades de informação com o objetivo de compartilhar recursos, estão as 
redes bibliográficas e de informação, os consórcios, as cooperativas, as 
parcerias, a terceirização, os grupos de compras e as bibliotecas híbridas. 
 
 
17 
 
Em relação aos consórcios, há ampla difusão deste conceito nos 
Estados Unidos e na Europa 7 . No Brasil, podemos citar o exemplo do 
consórcio de bibliotecas de universidades e institutos de pesquisa do Estado 
de São Paulo que propõe facilitar o acesso à informação, aumentando o grau 
de satisfação dos usuários e minimizar custos de aquisição de periódicos 
científicos eletrônicos internacionais por meio de atividades cooperativas 
(Kryzanowski & Taruhiu, 1998). 
No caso das bibliotecas híbridas, o grande número de projetos de 
bibliotecas eletrônicas, digitais ou virtuais está produzindo uma gama 
extensiva de tecnologias alternativas. O desafio é reunir as tecnologias e os 
novos desenvolvimentos, mais os produtos e serviços eletrônicos já 
disponíveis nas bibliotecas e harmonizar com as funções históricas das 
bibliotecas físicas, criando bibliotecas híbridas acessíveis e organizadas8. 
Da habilidade gerencial dependem as mudanças. Sugere-se a adoção 
plena da gestão da informação, em especial no seu aspecto de organização 
voltada para o aprendizado, e em relação constante com o ambiente. Além 
de requererem uma nova postura de planejamento e gestão, os novos 
modelos de serviços baseados no acesso requerem, entre outros, a 
introdução de requisitos tecnológicos e técnicos e a participação em arranjos 
organizacionais cooperativos em rede. Sugere-se também que o bibliotecário 
preocupe-se em fazer estágios e identifique as melhores práticas 
internacionais para nivelar-se aos padrões mais modernos de conexão em 
redes. 
 
7 Na Inglaterra podem ser citados o Consortium of University and Research Libraries 
(CURL), um consórcio nacional que reúne as maiores e mais importantes bibliotecas 
universitárias de pesquisa; e o Consortium of Academic Libraries em Manchester (CALIM), integra as 
bibliotecas universitárias da cidade de Manchester. 
8 Mais informação sobre o conceito de aglomerações consultar o site : 
http://www.ukoln.ac.uk/dlis/models/clumps / 
Para mais informação sobre Bibliotecas Híbridas e Pesquisa consultar: 
http://www.ukoln.ac.uk/services/elib/background/pressreleases/summary2.html 
 
 
18 
 
INTELECTUAL DA INFORMAÇÃO 
Aquilo que chamamos de Revolução da Informação é, na realidade, 
uma revolução do conhecimento. A rotinização dos processos não foi 
possibilitada por máquinas. O computador é apenas o gatilho que a 
desencadeou. O software é a reorganização do trabalho tradicional, baseado 
em séculos de experiência, por meio da aplicação do conhecimento e, 
especialmente, da análise lógica e sistemática. A chave não é a eletrônica, 
mas sim a ciência cognitiva. 
A estrutura da sociedade pós-industrial, demanda profissionais liberais, 
técnicos, cientistas, profissionais da informação, gestores do conhecimento e 
da tecnoestrutura. Propicia a expansão das profissões ricas em informação, 
como os cargos de administradores, profissionais especializados e técnicos 
(Castells, 1999, p.227). 
Novas profissões tem aparecido no mercado como o webmaster, um 
especialista responsável pelo desenho e manutenção do site da empresa, 
que deve ter uma compreensão completa da cultura Web e que se preocupa 
com a forma de disseminação de informações da e sobre a empresa9. 
Algumas escolas, como a Coppe-UFRJ estão oferecendo cursos de 
graduação em profissões antes desatendidas, como as do engenheiro da 
informação, o de engenheiro de infraestrutura e meio ambiente e 
engenheiro de automação e controle. Disciplinas a serem cursadas para o 
engenheiro da informação, incluem empreendedorismo, teoria da 
aprendizagem e gestão do conhecimento, e ainda inteligência computacional, 
banco de dados, redes de computadores, multimídia, sistemas digitais e 
outras disciplinas, como interface homem-máquina. 
São os cidadãos que terão de decidir, em última análise, se estão 
dispostos a aprender novas profissões, a aceitar os desafios da nova 
 
9 Em geral, a maioria das empresas pede pelo menos dois Webmasters – um para as 
questões técnicas e outro para o conteúdo. O webmaster técnico é responsável pela 
administração e manutenção do sistema, enquanto que o webmaster do conteúdo é 
reponsável pela elaboração, entrega e atualização da informação do site (Cutler & Richard, 
1995, p.125). 
 
 
19 
 
sociedade assumindo os papéis e o comportamento que a mesma exige, 
descortina e oportunista. 
Que profissões podem surgir para o bibliotecário, que sejam de cunho 
de um intelectual da informação? Pela sua formação sugerimos que, uma das 
vertentes seja aquela relacionada à necessidades informacionais dos 
usuários e ao seu conhecimento de onde buscar estas informações. 
Customizar a informação 
A habilidade para discriminar e distinguir documentos relevantes, na 
massa de informação disponível nas redes digitais está se tornando cada vez 
mais difícil para os profissionais da informação. Há um excesso de oferta 
informacional. Há duas formas de lidar com a explosão da informação: filtrar 
a informação antes que ela atinja o usuário final; ou customizar a informação 
depois que ela chega. A função do bibliotecário está mais do lado da 
customização que é uma atividade centrada no usuário e sua demanda 
informacional (Berghel, Barleant, Foy and McGuire, 1999, p.505). 
Pelo seu treinamento e know-how de organizar o conhecimento dentrode sistemas e estruturas que facilitam o uso produtivo da informação e dos 
recursos informacionais o bibliotecário é considerado um especialista da 
informação (Choo, 1998, p.212). 
Algumas oportunidades para especialistas de informação (information 
workers), podem, dentre outras atividades, centrar-se na busca, reunião e 
interpretação da informação com valor agregado para as atividades de uma 
organização ou de um indivíduo, visando melhor posicionamento no mercado 
ou lucro. Neste contexto a busca informacional é um processo de construção 
do novos conhecimentos e entendimentos para adicional valor para as 
atividades de uma empresa, ou atividade de um indivíduo (Kuhlthau, 1999). 
Pode ainda o information broker especializar-se em selecionar 
informação personalizada para clientes/usuários com perfil de demanda 
específico para pesquisa e/ou especialidades em assuntos de ponta. Este 
tipo de atividade difere da tradicional disseminação seletiva da informação no 
sentido que busca informação em todos os suportes informacionais e não 
 
 
20 
 
apenas os bibliográficos, mas também notícias, gráficos, percentuais, 
indicadores, etc., todo o tipo de dados aos quais pode-se agregar valor para 
transformá-lo em informação e conhecimento para o cliente. 
O conhecimento de seu cliente é central para um bom serviço 
personalizado. Na abordagem de marketing, não é apenas preciso conhecer 
as necessidades informacionais, mas antecipar-se à elas, surpreender e 
encantar o seu usuário com informação bem selecionada e com valor 
agregado. 
Um instrumento que pode auxiliar o bibliotecário na busca e seleção de 
assuntos pertinentes são os softwares agentes, ou agentes informacionais 
inteligentes, robôs que filtram informação, relacionam pessoas com 
interesses similares, automatizam comportamento repetitivo e realizam, 
quando bem programados, inúmeros outros cruzamentos 
informacionais(Maes, Guttman & Moukas, 1999) 
Em estudo recente no Brasil, Baptista (1998) concluiu que a 
terceirização tem sido o elemento facilitador para atuação empresarial do 
especialista da informação. As habilidades necessárias identificadas foram: 
saber avaliar as necessidades do cliente, escrever relatórios, saber taxar e 
vender produtos, definir a estrutura de negócio, tomar pulso do mercado e 
desenvolver um programa de marketing. 
TELETRABALHO 
No contexto da sociedade pós-industrial, o local de trabalho não 
constitui mais uma variável independente do teorema organizacional e o 
horário rigidamente sincronizado não constitui mais uma exigência do 
trabalhador, principalmente do trabalho intelectual. Oportuniza-se o 
teletrabalho. 
O local típico de produção, da difusão da informação, inclui electronic 
cottage (a casa eletrônica), trabalho domiciliar on-line. O cidadão pode, de 
sua casa, servindo-se do telefone, do fax e do microprocessador, desenvolver 
um trabalho a pedido de uma empresa ou pessoa, utilizando os seus próprios 
recursos computacionais e capacidade de busca. 
 
 
21 
 
Inúmeros são os exemplos de teletrabalho na Rede (Internet) como o 
desenvolvimento do Linux que envolveu basicamente três características 
inerentes ao teletrabalho: cooperação, voluntariado e trabalho intelectual. No 
campo da ciência e tecnologia, as bibliotecas virtuais, laboratórios virtuais, 
pesquisas e desenvolvimento internacionais, entre outros, são alguns 
exemplos acadêmicos de teletrabalho. 
A atividade de informatin broker leva ao empreendedorismo da 
informação, para tal além de seu know how do ciclo informacional o 
bibliotecário necessitará de bons conhecimentos de máquina (novas 
tecnologias), utilização de softwares e conhecimento de uso e busca em 
fontes informacionais nacionais e internacionais (Internet, bancos e bases de 
dados). 
Além da disposição e disciplina para trabalhar num ambiente próprio e 
independente do contexto organizacional, o bibliotecário empreendedor deve 
ainda adquirir conhecimentos específicos de negócio, dentre eles saber 
vender e cobrar pelo seu produto e conhecer muito bem o mercado e o seu 
usuário da informação. 
Trabalhar a informação, agregar valor 
Agregar valor a produtos ou serviços significa imprimir aos mesmos uma 
diferenciação que os torna mais atraentes aos olhos dos consumidores, quer 
seja em termos de qualidade, rapidez, durabilidade, assistência ou preço. 
Podem ser identificadas seis categorias de atividades de valor agregado: 
facilidade de uso, redução de informação desnecessária (noise), qualidade, 
adaptabilidade (refere-se à habilidade do serviço oferecido ser compatível 
com as necessidades do usuário em seu ambiente de trabalho), economia de 
tempo e economia de custo (Taylor, 1986). 
No que se refere à informação, a agregação de valor excede os 
métodos tradicionais de consulta, pesquisa e disponibilização de informação 
aos usuários das também tradicionais bibliotecas. As atividades dos 
bibliotecários podem incluir: treinamento, consultoria e atendimento a 
consultas dos usuários sobre seleção de fontes de informação; 
 
 
22 
 
desenvolvimento de estratégias de pesquisa/busca; e avaliação da 
informação. 
Eles podem participar do planejamento e das atividades decisórias da 
organização, onde exerçam o processamento, reunião e coleta de 
informações ambientais pertinentes à organização (vigilância informacional) 
procurando desenvolver um entendimento íntimo de como a informação é 
usada. Devem buscar entender qual o impacto da informação adquirida no 
desenvolvimento do indivíduo e da organização (Choo, 1998, p.215)? 
A recuperação da informação 
Qualidade, valor agregado, precisão, rapidez, nada disto tem significado 
sem uma ciência ou disciplina de apoio chamada recuperação da informação. 
Esta surgiu com o advento da automação e das novas tecnologias. Esse 
novo conceito à Biblioteconomia passou também a ser central à Ciência da 
Informação. 
A recuperação da informação, cunhada por Calvin Mooers (1951), 
engloba os aspectos intelectuais da descrição de informações e suas 
especificidades para a busca, além de quaisquer sistemas, técnicas ou 
máquinas empregados para o desempenho da operação. 
As técnicas de recuperação permitem a normalização, a identificação do 
conteúdo, a relevância, a precisão e especificidade das informações que 
trata. É um trabalho de indexação de extrema importância para identificar 
assuntos de interesse. O seu conceito mais intrínseco é o da relevância, 
ligado à efetividade. A relevância indica relação (Saracevic, 1999, p.1059). 
Recuperação da informação e empreendedorismo 
Centrada na recuperação da informação, uma indústria de informação, 
on line, emergiu nos anos 70, crescendo passou a ser a aplicação mais 
disseminada de qualquer sistema informacional no mundo (Hahn, 1966). 
Na década de 80, a indústria comercial da informação baseada na 
recuperação da informação, tornou-se lucrativa obtendo grande sucesso. 
 
 
23 
 
Muitos pesquisadores em recuperação da informação tornaram-se 
empresários de recuperação da informação. Esses empresários 
desenvolveram uma variedade de procedimentos de recuperação da 
informação voltados para o mercado e baseados em algoritmos, aplicáveis à 
escala de grandes arquivos, múltiplas aplicações e/ou várias tecnologias 
avançadas. Tornou-se a indústria do conhecimento, no seu sentido mais puro 
(Saracevic, 1999, p. 1058). 
É preciso enfatizar, no entanto, que o World Wide Web 10, que emergiu 
na primeira metade dos anos 90 não se utiliza dos princípios científicos da 
recuperação da informação. A recuperação da informação da web, toda ela 
comercial, voltada para o lucro, que se propõe a fornecer, segundo a sua 
propaganda, mecanismos de busca para encontrar informações relevantes11 
para os usuários, sob demanda, está se desenvolvendo e prosperando fora 
da área. 
Principalmente de analista de conteúdos, indexador, selecionador de 
palavraschaves relevantes. Atualmente centenas de termos de indexação 
podem ser incluídos em diversos níveis de representação nos acervos 
digitalizados. Em alguns casos, com o auxílio de modernos programas de 
indexação, pode-se fazer a varredura de todas as palavras do texto, mas sem 
perder de vista a questão da relevância e da precisão. Mas a recuperação vai 
além dos dados textuais, hoje é possível recuperam imagens, vídeo, áudio, 
músicas inteiras podem ser recuperadas e ouvidas. 
Como se deve indexar a videoconferência? Como atribuir pontos de 
acesso temático a um documento/programa que é realizado ao vivo, via 
Internet? (Cunha, 1999, p.261) 
O que o bibliotecário pode fazer para organizar a informação na Rede? 
Quem assessorou os desenvolvedores do Yahoo? 
 
10 WWW – ou W3, aplicativo da Internet. É um sistema de menus e hipermídia. Em 
português denomina-se teia mundial (Cavalcanti, 1996, p.119-120). 
11 Os pioneiros da ciência da informação desenvolveram processos e sistemas de recuperação 
da informação, nos anos 50, e definiram como seu objetivo principal a recuperação da informação 
relevante . Questiona-se, no entanto, a relevância da recuperação na web , por esta não utilizar os 
princípios científicos da recuperação da informação (Saracevic, 1999, p.1058) 
 
 
24 
 
CARACTERÍSTICA DAS UNIDADES DE INFORMAÇÃO 
As unidades de informação 12 (bibliotecas, centros e sistemas de 
informação e de documentação) são organizações sociais sem fins lucrativos, 
cuja característica como unidade de negócio é a prestação de serviços, para 
os indivíduos e a sociedade, de forma tangível (produtos impressos), ou 
intangível (prestação de serviços personalizados, pessoais, e hoje, cada vez 
mais, de forma virtual – em linha, pela Internet). 
No entanto, em especial nas duas últimas décadas, as unidades de 
informação têm sofrido redução orçamentária, tanto no Brasil como no 
exterior, e têm sido submetidas à competição por recursos/insumos de toda a 
espécie, em especial por recursos financeiros (Young, 1994, p.110). A 
pergunta que as unidades informacionais têm se feito é: o que fazer quando 
as fontes tradicionais de fomento diminuem os seus repasses? Formas 
cooperativas para a maximização de recursos são estudadas, mas também 
aflora a possibilidade de cobrança da prestação diferenciada de serviços e 
produtos internacionais. E neste caso, deve-se cobrar por serviços 
informacionais? Como cobrar, quando cobrar, quanto cobrar? 
Informação como bem público 
Assuntos complexos como livre acesso à informação, barreiras para o 
livre acesso à informação pública, e cobrança direta por serviços 
bibliotecários com valor agregado têm provocado discussão e debate entre as 
profissionais da informação. O posicionamento tradicional é que os serviços 
bibliotecários são um bem público (domínio público) e que o acesso livre à 
informação é um direito fundamental de cada cidadão numa sociedade 
democrática. Este posicionamento esposa uma visível preocupação com a 
finalidade e a justiça social. 
 
12 Unidade de informação – instituições voltadas para a aquisição, processamento, 
armazenamento e disseminação de Informações. 
 
 
25 
 
A questão principal em debate é o foco na definição do que é bem 
público, em instituições de serviço (público). A importante distinção entre 
informação como bem público e informação como bem econômico 
(commodity), está na diferença entre a informação a serviço da equidade 
social e aquela que oferece um portfólio 13de serviços, representando vários 
graus de eficiência, a preço compatível de mercado competitivo. 
Aqueles que vêem a informação como um bem público enfatizam a 
natureza econômica única da informação. A informação tem características 
econômicas atípicas que a distinguem de ativos (commodities) mais 
tangíveis, a informação pode se expandir, é completa, capaz de ser 
substituída, transportável, difusa e pode ser compartilhada. Como um 
produto/mercadoria, a informação não se deprecia e é disponível livremente, 
tem um valor que cresce com a reutilização e a sua apresentação em outra 
forma (re-embalagem), e é extremamente difícil de controlar. Desta forma, o 
argumento do bem público, mantém que o acesso amplo à informação resulta 
num uso crescente que beneficia a sociedade como um todo, e não apenas 
partes desta sociedade (Young, 1994, p.108) 
 
13 Portfolio – seus componentes são os negócios e produtos que constituem a 
empresa. 
 
 
26 
 
Vamos preservar as bibliotecas 
 
Fonte: www.laverdadyotrasmentiras.com 
Argumenta-se também que a crença que toda a informação estará 
disponível para todos na Internet, de qualquer lugar, a qualquer momento, é 
baseada num pressuposto marxista equivocado a respeito da natureza 
humana. Nada é inteiramente livre e problemas de direitos autorais devem 
ser resolvidos, nos seus aspectos de o que pode ser digitalizado (o que é de 
domínio público) e quem pode ter acesso à esses materiais14. O problema de 
compatibilizar interesses conflitantes de propriedade intelectual de um lado, e 
o acesso livre e igual do outro, impõe restrições de onde se pode consultar os 
materiais produzidos. 
 
14 Segundo (GANDELMAN, 1997) “Os direitos autorais continuam a ter sua vigência 
no mundo on line da mesma maneira que no mundo físico. A transformação das obras 
intelectuais para bits em nada altera os direitos das obras originalmente fixadas em suportes 
físicos, como já referido anteriormente. ... O direito de reproduzir uma obra é exclusivo de 
seu titular, inclusive o direito de reproduzi-la eletronicamente em uns e zeros (para serem 
lidos por computadores). E se alguém armazena de forma permanente, no seu computador, 
material protegido pelo direito autoral, uma nova cópia é feita, necessitando a mesma, 
portanto, de uma autorização expressa do respectivo titular. 
 
 
27 
 
A biblioteca tradicional, a de quatro paredes, é a única que pode 
disponibilizar livremente os materiais com direitos de autor reservados. Neste 
argumento a biblioteca tradicional é vista como o único lugar no qual os 
leitores podem consultar livremente não somente os materiais com direitos 
autorais reservados, mas também bases de dados (site-licensed) que não 
podem ser utilizadas de qualquer lugar, por qualquer pessoa no espaço 
virtual. Enquanto a natureza humana não mudar e os direitos autorais do 
ciberespaço não estiverem resolvidos a biblioteca tradicional será o lugar 
onde qualquer cidadão poderá ter livre acesso à qualquer obra com copyright 
(Mann, 1999) 
Todas as habilidades tradicionais do bibliotecário centradas no ciclo 
informacional, mas em especial as centradas no usuário, na informação 
utilitária e na informação para a cidadania. 
EDUCAR PARA A UTILIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO E PARA A 
SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO 
Sociedade da Informação e cultura 
 
Não haverá sociedade da informação sem cultura informacional. 
Isto que chamamos sociedade da informação só existirá quando houver 
para ela uma cultura correspondente. A cultura informacional é mais que o 
conhecimento e a sensibilização da sociedade para o uso da informação, ou 
ainda a habilidade dos indivíduos ou grupos de fazer o melhor uso possível 
da informação. É também mais que o resultado mecânico de uma simples 
acumulação de tecnologias, tem ainda como componente a “alfabetização em 
informação” (Menou, 1996). 
 
 
28 
 
Educação para a sociedade da informação 
Educar a si próprios e educar aos outros para a sociedade da 
informação, é um dos grandes desafios para o profissional bibliotecário e um 
passo importante para a formação da cultura informacional na sociedade. 
Permitir a todos o acesso a informação é crucial para o desenvolvimento 
individual e coletivo do cidadão,e o caminho a ser percorrido para capacitar o 
cidadão ao uso crítico da informação é uma tarefa que as escolas, as 
universidades e todos os tipos de bibliotecas, públicas, universitárias e 
outras, devem assumir. Preparar os cidadãos para a sociedade da 
informação constitui tarefa prioritária para o governo, as organizações e seus 
profissionais. 
O governo propõe em sua área de atuação Governo e Cidadania 
aumentar a transparência das ações de governo, melhorando e ampliando a 
prestação de serviços diretamente ao cidadão (CCT, 1999, p.41). Outro 
projeto importante, o projeto Agência Cidadão, patrocinado pela Finep, se 
propõe a oferecer um serviço voltado para o cidadão, que pretende fornecer 
informações importantes e úteis para o seu dia-a-dia sobre documentos 
pessoais, educação, saúde, direitos, trabalho e mostrar como e onde fazer, 
para que serve, quanto custa, quando será, etc. 
Outro passo importante é a alfabetização em tecnologias da informação, 
e também a extensão à infoaprendizagem. A biblioteca do futuro, dentre 
outras atividades, deve propiciar a interface de treinamento entre o usuário e 
as ferramentas da meta-informação, e tornar-se ponto focal de uma 
comunidade (real e virtual) de conhecimento, centro cultural e ponto de 
referência para encontros de comunidades de cibernautas 15 (Allen & Retzlaff, 
1998). 
A tecnologia da informação pode ser usada como veículo para ajudar a 
eliminar desigualdades sociais e econômicas. As ferramentas das tecnologias 
da informação e suas aplicações podem oferecer oportunidades que 
 
15 Cibernauta – expressão nova que caracteriza os usuários dos serviços já 
existentes, como produto das tecnologias da comunicação e informação (Cavalcanti, 1996, 
p.106) 
 
 
29 
 
transcendem barreiras de raça, gênero, deficiência, idade, capacidade 
financeira e lugar. O acesso à tecnologia da informação em ambientes 
educacionais, é um pré-requisito para construir a base de habilidades que 
possibilitará aos nossos profissionais atuar de forma produtiva na sociedade 
da informação do novo século. 
VALORIZAR O CONCEITO ECONÔMICO DA INFORMAÇÃO, PARTICIPAR 
DO E-COMMERCE, OFERECENDO SERVIÇOS E PRODUTOS 
EXCLUSIVOS 
Escassez de recursos 
O outro lado da moeda é equilibrar o enfoque social com o enfoque 
econômico. A escassez de recursos é uma das vertentes que tem mudado a 
postura das unidades Informacionais em termos administrativos, 
organizacionais e como unidades de negócio, que vêem hoje, a informação 
oferecida como um bem econômico, que pode ser vendida em forma física ou 
na forma de comércio eletrônico e não apenas como um benefício cultural ou 
social, suprindo lacunas para o crescimento individual dos cidadãos, que, 
acredita-se, o mercado por si só nunca supriria de forma adequada. 
Comércio eletrônico 
O comércio eletrônico – ou seja, a emergência explosiva da Internet 
como importante (e, talvez, com o tempo, o mais importante) canal mundial 
de distribuição de bens, serviços e surpreendentemente, empregos na área 
administrativa e gerencial, inclusive oferece inúmeros serviços de 
infoempresários. É ela que está provocando transformações profundas na 
economia nos mercados e nas estruturas de indústrias inteiras; nos produtos, 
serviços e em seus fluxos; na segmentação, nos valores e no comportamento 
dos consumidores; nos mercados de trabalho e de emprego. Mas talvez seja 
ainda maior o impacto exercido sobre a sociedade, a política e, sobretudo, 
sobre a visão que temos do mundo e de nós mesmos. 
 
 
30 
 
O comércio eletrônico que mais cresce nos Estados Unidos ocupa uma 
área que, até agora, nem sequer era comércio propriamente dito: o de 
empregos para funcionários administrativos, gerentes e executivos. Quase 
metade das maiores empresas do mundo hoje contrata por meio de Web 
sites. E cerca de 2,5 milhões de administrativos e gerentes (dois terços dos 
quais não são engenheiros ou profissionais da área da informática) têm seus 
currículos na Internet e buscam emprego por meio dela. O resultado é um 
mercado de trabalho completamente novo. 
Isso ilustra outro efeito importante do comércio eletrônico. Canis de 
distribuição novos mudam a identidade dos clientes e compradores. Eles 
modificam não apenas a maneira como os fregueses compram, mas também 
o que compram. Transformam o comportamento dos consumidores, os 
padrões de poupança, a estrutura da indústrias, em suma, a economia por 
inteiro. 
O comércio eletrônico é visto como o produto mais visível do 
teletrabalho, pois é um novo raciocínio sobre trabalho e emprego na 
sociedade da informação. 
 
 
CRIAR, PESQUISAR E CONSUMIR INFORMAÇÃO 
Bibliotecário de apoio, intermediário, facilitador da informação? 
O bibliotecário e o especialista da informação, que trabalham em 
organizações e centros de informação, foram sempre vistos como parte do 
staff de apoio, trabalhando quietamente nos bastidos, à margem das funções 
mais importantes das organizações ou empresas. Mas o fato de que este 
profissional possui as habilidades que são muito necessárias para 
efetivamente adquirir, organizar e distribuir informação, as organizações 
(inteligentes) não podem se dar ao luxo de prescindir de sua contribuição e 
participação em atividades estratégicas (Choo, 1998, p.215). 
 
 
31 
 
Os bibliotecários, especialistas em informação, devem quebrar essas 
barreiras e refazer/inovar as suas funções na empresa, agir de forma mais 
agressiva antecipando-se às necessidades e fornecendo informações para a 
organização se conhecer melhor e à sua ambiência. Devem ser também os 
primeiros a fazerem uso de modernas tecnologias de informação e de 
software informacional que facilite a recuperação e disseminação da 
informação. A sua função globalizada é a de estabelecer conexões com 
aqueles que detêm a informação, e os que as querem (Davenport & Prusak, 
1993, p.408) 
Bibliotecário na organização inteligente 
 
A organização inteligente entende que a descoberta e o uso do 
conhecimento pode ser melhor atingidos se fizer uma parceria estratégica 
informacional entre aqueles na organização, que criam e usam a informação, 
os especialistas da informação e os especialistas em tecnologia 
informacional. Esta sinergia coletiva é necessária para tecer uma rede de 
informações estruturadas e não estruturadas, internas e externas, correntes e 
históricas, e informações orientadas para o futuro: para criar instrumentos e 
métodos para acessar e selecionar a melhor informação disponível; desenhar 
arquiteturas informacionais baseadas num entendimento profundo das 
necessidades informacionais e de comunicação de seus clientes; e integrar 
os processos informacionais da organização, formando uma plataforma para 
o aprendizado e desenvolvimento organizacional (Choo, 1998, p.217). 
Sair da posição de apoio e de intermediador da informação para a de 
criador, agregador de valor e consumidor da informação este é o passo a ser 
dado pelo bibliotecário. A melhor forma de fazê-lo é através da inovação e da 
educação continuada. 
 
 
32 
 
O bibliotecário inteligente 
As universidades devem assumir a responsabilidade pela formação, 
atualização e adaptação dos profissionais de biblioteconomia aos novos 
meios de tornar disponível a informação e aos novos ambientes 
organizacionais voltadas para o aprendizado, a criação de conhecimento e à 
inovação, onde esse deverá assumir papéis mais proativos. 
Cursos como por exemplo o de Inteligência Competitiva poderiam ser 
ministrados. 
Inteligência competitiva, pode ser entendida, como o resultado da 
análise de informações e dados coletados, que irá embasar decisões; ou 
estrutura de redes ativas baseada em fatores críticos de sucesso16 para a 
organização; ou ainda, Processo sistemático de coleta, tratamento, análise e 
disseminação da informação sobre atividades de concorrentes, tecnologiase 
tendências dos negócios, visando subsidiar a tomada de decisão e atingir as 
metas estratégicas da empresa (Gilda Massari Coleho, 2000). 
É feita a distinção entre dado (valor sem significado); informação (dado 
com significado) e conhecimento (informação estruturada e contextualizada). 
O conhecimento (ou inteligência) é o elemento habilitador da decisão. O 
processo de Inteligência Competitiva é que dá a visão geral consistente, a 
partir das informações. O conceito pode ser ilustrado como uma pirâmide em 
três camadas (da base para o topo): fontes, análise e sistema de inteligência 
(Fuld, 1995). 
 
16 Fatores Críticos de Sucesso - são aquelas características, condições, ou variáveis que 
quando adequadamente sustentadas, mantidas ou gerenciadas podem ter impacto significativo sobre o 
sucesso da posição competitividade de uma organização dentro de um segmento industrial específico 
(como dentro da indústria da informação) (Leidecker & Bruno, 1984). São variáveis que a gerência 
pode influenciar através de suas decisões e que podem afetar significativamente a posição competitiva 
da organização ou ainda de vários segmentos de uma indústria. O conceito de fatores críticos de 
sucesso pode ser aplicado a três níveis de análise : organizacional, específico daquele segmento (ramo 
industrial ou área de atuação), e ambiental econômico, sócio-político). Em número limitado de áreas 
nas quais os resultados, se forem satisfatórios, irão assegurar um desempenho competitivo de sucesso 
para a organização. Os FCS são os meios que garantem a realização dos objetivos da organização. 
 
 
 
33 
 
A Inteligência Competitiva, quando aplicada ao sistema administrativo, 
ou ao planejamento estratégico, ou ainda à coleta de informações para 
tomada de decisão empresarial, pode gerar uma série de produtos com 
sucessivo grau de valor agregado. Começa no nível mais baixo, com uma 
base de dados de informação bruta. A partir desta base de dados, boletins de 
notícias são produzidos e distribuídos aos indivíduos na organização. O 
próximo nível pode ser representado, por exemplo, pelos perfis da 
concorrência que são preparados de forma resumida ou detalhada. A seguir 
podem vir os relatórios de impacto estratégico, nos quais começa-se a 
agregar valor à informação. É neste nível que a inteligência realmente 
começa a ser formada porque o impacto potencial é determinado com base 
nas notícias. Mais valor ainda é agregado no nível seguinte que consiste 
numa análise mais minuciosa da situação. A hierarquia é encabeçada com 
resumos mensais de inteligência e resumos especiais direcionados para a 
alta gerência (Tyson, 1997) 
A Inteligência Competitiva se utiliza de um conjunto de medidas do 
planejamento estratégico que inclui a identificação de melhores práticas, 
análise de pontos fortes e fracos do mercado e estudo de tendências 
(oportunidades, ameaças). Utiliza-se de métodos como a informetria e a 
bibliometria, técnicas como a de Delphus, benchmarking, cenários, e outras, 
com o objetivo de assegurar um melhor posicionamento no ambiente. Nas 
indústrias e no setor produtivo este melhor posicionamento significará 
vantagem competitiva frente aos concorrentes. 
Em organizações não governamentais ou ainda, sem fins lucrativos, a 
inteligência competitiva assume um papel mais próximo à inteligência 
cooperativa, fazendo jus ao objetivo dessas organizações, qual seja, o 
desenvolvimento de trabalhos voltados para o bem público. Algumas destas 
entidades atuam nas áreas de informação e educação, outras são 
operacionais e se envolvem com projetos técnicos na área do 
desenvolvimento, sem nenhum objetivo de geração de lucros. As bibliotecas, 
que são tradicionalmente organizações sem fins lucrativos, se inserem nesta 
categoria e devem utilizar a inteligência competitiva e/ou cooperativa para se 
posicionarem com alguma vantagem no mercado, aproximando-se de forma 
 
 
34 
 
mais personalizada de seu cliente/usuário, ocupando um espaço, que está 
cada vez mais tomado por empresas privadas e comerciais. 
O que se espera hoje do bibliotecário é a criação e gerenciamento de 
informações e oferta de serviços e produtos com valor agregado e em tempo 
real. Suas atividades baseiam-se hoje em acervos fixos e dados, 
informações, sons e imagens contidos em bases de dados e nos estoques 
informacionais digitalizados e disponíveis em redes e na Internet. 
Habilidades que se esperam dele são: domínio das tecnologias de 
imagem, reconhecimento de caracteres óticos, linguagens Markup, 
catalogação e metadados, tecnologia de indexação e de bases de dados, 
desenho de interfaces com o usuário, programação, tecnologia de rede 
(web), e gerenciamento de projetos (Tennant, 1999, p.39). E também trabalho 
com a informação, interpretando dados, transformando-os em conhecimento 
com valor agregado para a tomada de decisões na organização, ou para 
atender necessidades informacionais de pesquisadores, e ainda de qualquer 
tipo de usuário. 
 
Espera-se também do bibliotecário uma atitude profissional proativa que 
o posicione com destaque, como especialista da informação que é, e como 
empresário, no contexto da Sociedade da Informação. Espera-se dele 
também uma atitude de vigilância com o bem (informacional) público e com o 
desenvolvimento e disseminação dos conteúdos informacionais através das 
redes. 
 
Percebe-se, na Sociedade da Informação, que a atividade informacional 
está presente em todos os ambientes organizacionais e não apenas nas 
bibliotecas, abrindo campo para inúmeras profissões da informação, mas com 
um core comum, o ciclo informacional. 
Finalizando, os perfis profissionais que podem ser detectados hoje, 
incluem muitas características do profissional tradicional, mas também muitos 
outras que emergem das inúmeras possibilidades que as modernas 
tecnologias, as redes, a web, e a Internet têm propiciado, em especial o que 
tange à recuperação da informação e ao atendimento personalizado aos 
 
 
35 
 
usuários, bem como as modernas teorias de gestão e trabalho com a 
informação. 
ARQUIVOLOGIA 
Desde o desenvolvimento da Arquivologia como disciplina, a partir da 
segunda metade do século XIX, talvez nada tenha sido tão revolucionário 
quanto o desenvolvimento da concepção teórica e dos desdobramentos 
práticos da gestão. 
A gestão de documentos é uma operação arquivística, "o processo de 
reduzir seletivamente a proporções manipuláveis a massa de documentos, 
que é característica da civilização moderna, de forma a conservar 
permanentemente os que têm um valor cultural futuro, sem menosprezar a 
integridade substantiva da massa documental para efeitos de pesquisa. 
Embora sua concepção teórica e prática tenha se desenvolvido após a 
Segunda Guerra Mundial, a partir dos E.U.A. e do Canadá, a gestão de 
documentos teve suas raízes no final do século XIX, em função dos 
problemas detectados nas administrações públicas destes dois países, 
referentes ao uso e guarda da documentação. 
Na primeira metade do século XX criaram-se comissões que visavam 
tornar mais eficiente o uso dos documentos por parte da administração 
pública. 
Vale ressaltar que durante esse período, as instituições arquivísticas 
(públicas) caracterizavam-se pela função de órgãos estritamente de apoio à 
pesquisa, comprometidas com a conservação e o acesso aos documentos 
considerados de valor histórico. 
Paralelamente iniciava-se a era da chamada administração "científica", 
que procurava mostrar aos administradores como racionalizar o processo 
administrativo, desenvolvendo suas atividades de forma menos dispendiosa, 
melhor e mais rápida. A palavra-chave das administrações dos países 
desenvolvidos - sobretudo gestão de documentos os E. U. A. - , passou a ser 
eficiência. 
 
 
36 
 
A aplicação dos princípios da administração científica para a solução 
dos problemasdocumentais gerou o conjunto de princípios da gestão de 
documentos, os quais resultam, sobretudo, na necessidade de se racionalizar 
e modernizar as administrações. Não se tratava de uma demanda setorizada, 
produzida a partir das próprias instituições arquivísticas. A gestão de 
documentos veio a contribuir para as funções arquivísticas sob diversos 
aspectos: 
 ao garantir que as políticas e atividades dos governos fossem 
documentadas adequadamente; 
 ao garantir a melhor organização desses documentos, caso tivessem 
valor permanente; 
 ao inibir a eliminação de documentos de valor permanente; 
 ao definir criteriosamente a parcela dos documentos que constituiriam o 
patrimônio arquivístico do país, ou seja, 5% da massa documental 
produzida (segundo a UNESCO). 
No VIII Congresso Internacional de Arquivos, realizado em Washington, 
em 1976, a gerou maior consciência em todo o governo, no caso norte-
americano, quanto ao significado dos documentos, qualquer que fosse o 
suporte, e as suas necessidades de conservação. 
As instituições arquivísticas públicas, particularmente os Arquivos 
Nacionais dos Estados Unidos e do Canadá, adquiriram uma nova feição, 
assumindo também a função de órgão de apoio à administração pública, com 
a competência de orientar programas de gestão de documentos nos diversos 
órgãos governamentais. 
 
 
37 
 
A INFORMAÇÃO ARQUIVÍSTICA 
 
Fonte: 2.bp.blogspot.com 
Considerando a literatura da área e as práticas desenvolvidas em 
alguns países, pode-se sugerir que as políticas arquivísticas têm como 
pressuposto: 
 
 o reconhecimento da informação governamental como um recurso 
fundamental para o Estado e a sociedade civil; 
 a informação governamental contempla a sociedade civil com o 
conhecimento do Estado e da própria sociedade civil - passado e 
presente; 
 a informação assegura transparência ao Estado, facilitando ao governo 
administrar suas diversas funções sociais; 
 o livre fluxo de informação entre Estado e sociedade civil é essencial 
para uma sociedade democrática: cabe, assim, ao governo minimizar a 
carga de demanda sobre a sociedade civil, diminuindo o custo de suas 
atividades de informação e maximizando a utilização da informação 
governamental; 
 os benefícios sociais derivados da informação governamental devem 
exceder os custos públicos da informação, ainda que tais benefícios não 
possam ser sempre quantificáveis; 
 
 
38 
 
 a gestão de documentos (correntes e intermediários) governamentais é 
essencial para assegurar transparência e, em conjunto com a 
administração dos arquivos permanentes, proteger os documentos 
históricos e assegurar direitos legais e financeiros ao Estado e à 
sociedade; 
 o intercâmbio transparente e eficiente da informação científica e 
tecnológica, estimula a excelência na pesquisa científica e o uso efetivo 
dos recursos públicos de apoio à pesquisa e ao desenvolvimento; 
 a tecnologia da informação não é um fim em si mesmo, trata-se de um 
conjunto de recursos que auxilia a efetividade e eficiência das ações do 
governo. 
 
ARTIGO PARA LEITURA 
 
 
 
 
 
 
Educação, trabalho e o delineamento de novos perfis profissionais: 
o bibliotecário em questão 
 
Maria da Conceição Calmon Arruda 
Mestre em ciência da informação, bibliotecária da Procuradoria-Geral da 
Câmara Municipal, 
E-mail: marruda@cmrj.gov.br. 
 
Regina Maria Marteleto 
Professora do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, 
Convênio CNPq/IBICT – UFRJ/ECO. 
E-mail: remartel@prolink.com.br 
 
mailto:marruda@cmrj.gov.br
mailto:remartel@prolink.com.br
 
 
39 
 
Donaldo Bello de Souza 
Professor da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de 
Janeiro - UERJ. 
 
Resumo 
O movimento de reestruturação da qualificação profissional não é exclusivo 
da área de informação, mas se insere nas transformações por que passa o 
mundo do trabalho. O texto contextualiza o cenário em que emerge a 
demanda por um trabalhador mais qualificado e mostra a discussão em torno 
das qualificações necessárias para que o bibliotecário interaja como sujeito 
frente aos novos requerimentos do mundo do trabalho. 
Palavras-chave: Bibliotecário; Qualificação profissional; Trabalho-Educação. 
 
Education, work and job skills: the librarian on focus 
Abstract 
The demand for new skills and qualifications is not exclusive information 
professionals. Thus the general context in which this happens is analysed and 
the new skills librarians are expected to develop are discussed. 
Keywords 
Librarian; Job skills; Education; Trainning. 
 
 
INTRODUÇÃO 
O atual estágio de desenvolvimento tecnológico, rico em possibilidades 
de armazenamento, acesso e disseminação de informações, traz novamente 
à pauta de discussão o papel do profissional da informação em relação ao 
aparato científico-tecnológico e sua afirmação como gestor da informação. 
Contudo, sob uma nova materialidade: a informação, no novo modelo 
econômico, é percebida como um valor, dada a possibilidade de vir a se 
transformar em conhecimento e em inovação tecnológica. Esta nova 
dimensão da informação, aliada ao desenvolvimento tecnológico, desvincula 
a informação de espaços restritos e de monopólios profissionais. 
 
 
40 
 
Neste novo cenário, a tecnologia possibilita autonomia ao usuário, 
demandando nova postura dos profissionais da informação, que passam a ter 
seu campo de atuação ampliado e redimensionado. Conjugado ainda aos 
novos modelos organizacionais e de gestão do trabalho, que privilegiam, 
entre outros fatores, as descrições de cargos genéricas e a flexibilidade 
funcional, faz com que a área de informação passe a congregar profissionais 
de outros campos de atuação, causando tensão e insegurança aos 
profissionais tradicionalmente vinculados a ela. 
Os espaços antes restritos em que estes profissionais atuavam perdem 
o monopólio sobre o gerenciamento da informação, o qual passa a ser 
efetuado de forma descentralizada e por profissionais oriundos de outras 
áreas do conhecimento. O acesso remoto possibilita a conexão com fontes 
de informação geograficamente distantes e a autonomia dos usuários, que 
passam a contar com formas alternativas de acesso. 
As mudanças em pauta suscitaram uma série de questões na área de 
informação tanto no que diz respeito ao "novo" perfil do profissional da 
informação, quanto à capacidade do setor acadêmico em fornecer uma 
resposta adequada ao mercado de trabalho na forma de cursos de formação 
profissional e de educação continuada. 
O objetivo deste artigo é mostrar que a demanda por um novo perfil 
profissional não é exclusiva da área de informação, mas se insere e se 
articula com as mudanças introduzidas no mundo do trabalho e na demanda 
do setor produtivo por um trabalhador mais qualificado. Para dar conta deste 
objetivo, estabelecemos a conexão com a área de Trabalho-Educação2 a fim 
de identificar e compreender os elementos e as materialidades que estão 
afetando o mundo do trabalho e contribuindo para a conformação de um novo 
modelo de qualificação profissional. 
Este artigo divide-se em seis partes: após a presente, de caráter 
introdutório, analisamos as mudanças no mundo do trabalho; na terceira 
estudamos a emergência de novos perfis profissionais; a quarta parte trata 
dos efeitos das mudanças no padrão de qualificação profissional na área de 
informação; a quinta mostra a discussão em torno das qualificações 
necessárias para que o bibliotecário interaja como sujeito diante dos novos 
http://www.scielo.br/#nt02
 
 
41 
 
requerimentos do mundo do trabalho; por fim, na conclusão, indicamos que 
as mudanças no perfil profissional não são exclusivas da área da informação, 
mas se articulam, como as demais profissões, com as transformações em 
curso no mundo do trabalho. 
 MUDANÇAS NO MUNDO DO TRABALHO 
A regulamentação do trabalhoassalariado, que teve início no século 
passado e alcançou seu apogeu no Estado Providência, está sendo 
desmontada sem que o modelo de compromisso social entre capital e 
trabalho tenha alcançado a totalidade dos países e o conjunto dos 
trabalhadores. O redimensionamento da relação capital/trabalho e a revisão 
dos direitos trabalhistas passam a ser parte integrante da estratégia adotada 
pelos países para superação da crise econômica e implementação do novo 
modelo econômico, produzindo modificações na organização do trabalho e a 
aparente subtração do trabalho, principalmente do trabalho assalariado, como 
forma de integração social, de mobilidade ascendente e de garantia de um 
futuro melhor para o indivíduo e sua família (Castel, 1998). 
Segundo Castel (1998), estaríamos diante não do desaparecimento do 
trabalho, mas de um movimento de crescente precarização do mesmo, 
manifesto pela diminuição da oferta do pleno emprego, pelo aumento de 
contratos de trabalho por tempo determinado, pela desabilitação de uma 
parcela da população para o emprego e pela crescente dificuldade de 
absorção dos jovens pelo mundo do trabalho. E, independentemente das 
materialidades dos países, em menor ou maior grau, identifica-se um 
movimento de uniformização na adoção de políticas trabalhistas 
desvinculadas das conquistas dos trabalhadores e do Estado Providência. 
Em sua crítica à tese da não-centralidade do trabalho na sociedade 
contemporânea (Offe, 1989a; Offe, 1989b; Habermas, 1987), Castel (1998) 
utiliza-se de dados que demonstram que o número de indivíduos vinculados a 
uma atividade formal não decresceu na França. Segundo o autor, o que se 
observa é o incremento do emprego precário e a intensificação do trabalho, 
este último caracterizado pelo aumento de tarefas, horas trabalhadas e pela 
imbricação do trabalho no tempo livre dos indivíduos. 
 
 
42 
 
"Inúmeras formas modernas de emprego pedem (...) uma 
disponibilidade constante e, a rigor, uma conversão total aos valores da 
empresa. O medo da dispensa acentua ainda mais essa pressão; o indivíduo 
é levado a pensar no trabalho fora da situação de trabalho e tenta garantir-se 
contra uma má avaliação superinvestindo no trabalho" (Castel, 1998 , p. 156). 
O emprego de meio período frutificou e deu origem a novos arranjos 
trabalhistas, como, por exemplo, o emprego de fim de semana, de meia 
semana, zero hora etc., dotando as organizações com um contigente de 
trabalhadores móvel e flexível. É importante ressaltar que não se identifica 
um consenso entre os autores sobre os efeitos da flexibilização para o 
trabalhador. 
Toffler (1980) percebe o emprego parcial como mutuamente benéfico 
para trabalhadores e empregadores, liberando os primeiros para o 
desenvolvimento de tarefas e atividades particulares e possibilitando aos 
empregadores as condições ideais para adequação da força de trabalho de 
acordo com as oscilações da economia globalizada e do mercado interno. 
Outros autores, Freeman (1995) e Harvey (1996), por exemplo, também 
identificam um diálogo entre trabalhadores e empregadores nos arranjos de 
trabalho parcial, mas alertam sobre a crescente terceirização da força de 
trabalho, sua exclusão dos benefícios oferecidos aos empregados centrais e 
sua descartabilidade. 
Castells (1996) chama a atenção para o risco de que, sem 
regulamentação, evolua para um patamar em que a flexibilização seja a 
regra, e não a exceção nas condições de trabalho, pois, apesar da 
mobilidade do capital e dos apelos da globalização, os dados analisados pelo 
autor sobre a mobilidade da força de trabalho indicam que o mercado de 
trabalho só se globaliza para um pequeno grupo da população mundial, 
altamente qualificado. 
Além disso, ao valorizar o trabalho qualificado, o novo modelo 
econômico expõe a fragilidade do trabalho não qualificado, cujo custo se 
torna muito alto para sua manutenção nas organizações, gerando uma 
demanda decrescente, pois: 
 
 
43 
 
"Quando governos e organizações não podem efetuar mudanças nos 
contratos de trabalho, como na União Européia, o custo do trabalho não 
qualificado torna-se muito alto com referência às commodities 
comercializadas com os países de industrialização recente. Segue-se o 
desemprego da força de trabalho não qualificada que era, comparativamente, 
muito dispendiosa, tendo em vista sua baixa qualificação" (Castells, 1996, p. 
237-238). 
Esse cenário é agravado pelo fato de a flexibilização da produção e as 
tecnologias de informação permitirem às organizações, além da redução de 
custo, a contratação de mão-de-obra qualificada em qualquer parte do 
planeta. As organizações podem utilizar – sem necessidade de deslocamento 
físico, nem perda de qualidade – os serviços de trabalhadores altamente 
especializados, locados em qualquer região do globo que possua uma 
infraestrutura de informação e comunicação adequada e um ambiente 
político-econômico receptivo. Fazem parte dessa nova força de trabalho: 
"(...) engenheiros e cientistas de computação [indianos] que recebem 
aproximadamente 20% do salário pago nos Estados Unidos para atividades 
similares. O mesmo ocorre no setor financeiro e no de negócios em 
Singapura, Hong Kong e Taipei" (Castells, op. cit., p. 238). 
Paralelamente a esse quadro de exclusão, centralização, desemprego, 
desabilitação e fragmentação presente no mundo do trabalho, ressurgem os 
modelos de valorização do ser humano que exaltam a importância de 
oferecer ao trabalhador saúde, educação, reconhecimento de seu 
desempenho (ascensão profissional, gratificação, prêmios), percebendo-o 
como um colaborador da organização. De acordo com Frigotto (1996) e 
Kuenzer (1995), esse cenário paradoxal só pode ser entendido a partir da 
compreensão de que essa valorização está ligada à própria fragilidade do 
modelo flexível, de sua dependência do envolvimento humano. 
"Se por um lado retomam-se os investimentos no homem', de modo a 
viabilizar a extração de mais-valia extraordinária através de novas 
estratégias, por outro lado, o princípio continua a ser a velha concepção 
taylorista de redução de tempos mortos (...) buscando novas formas de 
realização do taylorismo `casado' com a teoria das relações humanas que 
 
 
44 
 
gerou o comportamentalismo na década de 50 e que apenas se sofistica, a 
partir das determinações da modernidade, que contraditoriamente 
expressam, ao nível das ideias, um aparente maior respeito pelo homem, sua 
razão, seus sentimentos e seus direitos, a par da realização material de 
crescentes formas de exclusão do emprego, do consumo, da educação, da 
saúde, etc." (Kuenzer, 1995, p. 4). 
Ainda de acordo com Kuenzer, a organização flexível, para se 
concretizar, precisa contar com um núcleo central motivado, envolvido e 
disposto a internalizar os objetivos e as metas da organização. O capital 
humano passa a ser o fator diferencial de ganho, uma vez que o máximo de 
produtividade calcado em máquinas tem um. As organizações passam a 
preferir modelos e ferramentas organizacionais que privilegiem a integração 
funcional e organizacional, assim como trabalhadores aptos a articular seu 
conhecimento em função do novo padrão produtivo. 
O enfraquecimento dos sindicatos, aliado à retração do mercado de 
trabalho, permite às organizações maior autonomia no estabelecimento de 
um perfil profissional adequado aos seus interesses. O trabalhador, além de 
conviver com a precarização do emprego, com novos arranjos de trabalho, 
com o desemprego, tem de responder à exigência de maior qualificação. 
Ampliam-se os requisitos profissionais. Em adição às qualificações formais, 
são exigidas capacitações tácitas3 que permitam ao trabalhador atuar como 
agente integrador na dinâmica pesquisa-produção-vendas, o que leva a um 
novo perfil profissional que privilegia a criatividade, a interatividade, a 
flexibilidade e o aprendizado contínuo. 
 A

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