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Movimento Harmônico Simples Introdução Há, na Natureza, um tipo de movimento muito importante: o movimento periódico, cuja propriedade principal é que ele se repete em intervalos de tempo iguais. Por exemplo, o movimento dos átomos e moléculas em uma rede que constitui um corpo sólido, e o movimento dos planetas e satélites, para citarmos apenas dois deles, em situações muito diferentes. Um oscilador harmônico simples é uma partícula que se move ao longo de uma reta sob ação de uma força 𝑓 dada por: �⃗�(𝑡) = −𝑘�⃗�(𝑡) 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 (1) Em que �⃗�(𝑡) é o deslocamento da partícula relativo à sua posição de equilíbrio. Para simplificação de problemas, atribuímos à posição de equilíbrio da mola a origem do sistema de coordenadas, assim, o deslocamento 𝑥(𝑡) também corresponde a posição vetorial da partícula. O sinal negativo indica que a força se opõe ao deslocamento. Essa força é conhecida como força restauradora, e é condição necessária ao movimento harmônico. A seguir, estudaremos as principais grandezas que caracterizam em sua completude um movimento harmônico simples (MHS). Objetivos A partir de instrumentos, ferramentas e material disponibilizado pelo laboratório de física experimental da Universidade Federal de Minas Gerais, iremos realizar a montagem de um simples experimento, no qual seremos capazes de realizar uma análise sobre os principais princípios básicos que regem o MHS, e uma dedução com rigorosidade matemática para o valor das grandezas associadas ao experimento. Materiais Para a montagem e coleta de dados do sistema massa-mola (um dos sistemas MHS mais populares) será necessário: 01 Sensor de força, calibrado 01 Suporte vertical para montagem do sistema massa-mola 01 régua milimetrada (afixada ao suporte, para medir o deslocamento da partícula ao longo do eixo) 01 massa de aproximadamente 200 𝑔𝑟 01 mola de constante de força desconhecida Além de um computador com software de aquisição de dados (foi utilizado o Data Studio) Métodos Imagem 01 A montagem do experimento é de acordo com a imagem 01, onde o sensor de força é o gancho que mantém o sistema massa-mola verticalmente suspenso. Ao liberarmos o peso, a partir da posição 𝑥 = 0, ele é deslocado verticalmente de 𝑥 e fica submetido à força restauradora −𝑘𝑥. Assim, de acordo com a 2ª lei de Newton, temos: 𝐹𝑟⃗⃗⃗⃗ = 𝑚 ∙ �⃗� = 𝑚 ∙ 𝑑2�⃗� 𝑑𝑡2 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 (2) 𝑒 𝑚 ∙ 𝑑2�⃗� 𝑑𝑡2 + 𝑘𝑥 = 0 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 (3) Dividindo a equação por 𝑚, e substituindo 𝑘 𝑚 = 𝜔2, chegamos à equação diferencial na forma padrão, dada por (4); 𝑑2�⃗� 𝑑𝑡2 + 𝜔2 ∙ 𝑥 = 0 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 (4) Cuja solução é, após a resolução da equação diferencial ordinária de segunda ordem, e simplificação dela através da relação de Euler: 𝑥(𝑡) = 𝐴 ∙ cos(𝜔𝑡 + 𝜙) 𝑜𝑛𝑑𝑒, 𝜔 = √ 𝑘 𝑚 Dessa forma, um gráfico característico do sistema em MHS é mostrado na imagem (2): Imagem 02 Na imagem, ilustramos visualmente o significado de algumas grandezas físicas importantes: a amplitude do movimento, ou seja, o deslocamento máximo da partícula em relação a sua posição inicial (A, em amarelo); e o período, similarmente, o menor intervalo de tempo que o sistema precisa para recomeçar um novo ciclo (T, em roxo). O período se relaciona à grandeza 𝜔 de acordo com (5): 𝜔 = 2𝜋 𝑇 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 (5) Já a constante de fase (𝜙) é a grandeza que caracteriza o instante inicial de observação do movimento. Dois sistemas com todas as propriedades de mesmo valor, diferindo apenas na constante de fase, apresentam gráficos semelhantes, mas transladados horizontalmente. Após a montagem do equipamento, uma força inicial é impressa, e o sistema é posto em movimento. O sistema de aquisição de dados então, fornece os seguintes dados: Imagem 03 Resultados O software Data Studio captura informações da força ao longo do tempo, e informa os dados relativos à variação desta força, de acordo com a relação (6). 𝐹(𝑡) = −𝐹𝑚𝑎𝑥 cos(𝜔𝑡 + 𝜙) 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 (6) 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝐹𝑚𝑎𝑥 = 𝑚𝜔 2𝐴 A partir da análise dos dados capturados, o sistema nos oferece os seguintes dados: { 𝐹𝑚𝑎𝑥 = 619 ± 1 𝑚𝑁 𝑇 = 0,41 𝑠 ϕ = 0,29 𝑟𝑎𝑑 Não atribuiremos ao período (𝑇) e à constante de fase (𝜙) as incertezas apresentadas pelo software de aquisição de dados, uma vez que estas são desprezíveis quando comparadas com o valor apresentado pelos algarismos não- duvidosos. Sabendo-se o valor do período 𝑇, através da relação (5) somos capazes de encontrar o valor da velocidade angular 𝜔, dada por: 𝜔 = 2𝜋 𝑟𝑎𝑑 𝑇 = 2𝜋 𝑟𝑎𝑑 0,41 𝑠 = 15,32 𝑟𝑎𝑑/𝑠 Podemos então, através de (6), encontrar a amplitude do movimento, a partir dos demais dados. 𝐹𝑚𝑎𝑥 = 𝑚𝜔 2𝐴 . : 𝐴 = 𝐹𝑚𝑎𝑥 𝑚𝜔2 𝐴 = 0,62 𝑁 205,7 × 10−3𝑘𝑔 ∙ (15,32 𝑟𝑎𝑑 𝑠 ) 2 = 13 𝑚𝑚 Assim, definimos completamente o movimento do sistema massa-mola: 𝑥(𝑡) = 13 cos(15,32𝑡 + 0,29) 𝑚𝑚 Podemos também, com esse experimento, deduzir a constante de mola, que inicialmente era de valor desconhecido. Como já mencionado anteriormente: 𝑤2 = 𝑘 𝑚 . : 𝑘 = 𝜔2𝑚 Logo: 𝑘 = (15,32 𝑟𝑎𝑑 𝑠 ) 2 ∙ 0,2057 𝑘𝑔 = 48,28 𝑁/𝑚 Para encontrarmos a incerteza associada a grandeza 𝑘, utilizaremos a expressão de incerteza padrão combinada dada por: 𝑢𝑐 2(𝑦) = ∑ ( 𝜕𝑓 𝜕𝑥𝑖 ) 2 ∙ 𝑢2(𝑥𝑖) 𝑛 𝑖=1 Δ𝑘2 = (𝜔2)2 ∙ Δ𝑚2 . : Δ𝑘 = 𝜔2Δ𝑚 = 0,02 𝑁/𝑚 Assim, 𝑘 = 48,28 ± 0,02 𝑁/𝑚 Conclusão A partir das ferramentas propiciadas pelo cálculo diferencial e integral básico, sabemos que a partir da função da posição de uma partícula, somos capazes de encontrar as funções da velocidade e da aceleração por diferenciação. Afinal: 𝑎(𝑡) = 𝑑2𝑥(𝑡) 𝑑𝑡2 𝑒 𝑣(𝑡) = 𝑑𝑥(𝑡) 𝑑𝑡 Dessa forma, a partir de um simples experimento, fomos capazes de realizar uma descrição completa das grandezas que caracterizam um sistema MHS, a priori 𝜔, 𝜙, 𝑇, 𝐴 e nesse caso específico, achamos o valor da constante de mola 𝑘. 𝑘 = 48,28 ± 0,02 𝑁/𝑚 Ademais, encontramos funções que podem nos informar todo e qualquer dado que queiramos, dependente do tempo.
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