Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EXPRESSÃO PLÁSTICA Vanessa Guerini Scopell O processo criativo em design de interiores Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir a importância da criatividade em design de interiores. � Dominar técnicas de desenvolvimento da criatividade utilizando diversos instrumentos e materiais artísticos. � Desenvolver a percepção e a potencialidade criativas por meio de exercícios de composição nos quais fique evidenciado o caráter ar- quitetônico dos volumes. Introdução A criatividade é uma qualidade importante para o desenvolvimento das ideias no design de interiores. Esse aspecto, diferentemente do que muitos pensam, não tem a ver apenas com o talento. A criatividade pode ser amplificada por meio de algumas técnicas. O processo criativo no design requer testes e uma mente aberta. Ele está aliado a desenhos e croquis que vão evoluindo até a proposta final. Neste capítulo, você vai ver a importância da criatividade para o design de interiores, entendendo como é possível desenvolver essa característica. Além disso, você vai verificar como ocorre o processo criativo e a sua relevância para o surgimento de ideias. A criatividade no design de interiores Tanto nos projetos de interiores como nas propostas de arquitetura em outras áreas específicas, é fundamental a criação de ideias e proposições representadas U N I D A D E 4 por traços e posteriormente traduzidas em conceitos. Isso possibilita a execução do que foi pensado e resulta em projetos adequados a cada situação. A geração de ideias é uma fase importante do projeto de interiores. Ela compõe a etapa do processo criativo e depende muito da criatividade do designer. Assim, para a geração de ideias, a criatividade é um aspecto importante, pois colabora para a criação de propostas diferenciadas. A criatividade é uma qualidade que se caracteriza pela capacidade de criar, produzir ou inventar coisas novas, bem como pela capacidade de transformar situações e inovar no modo de agir. Cabral (2018, documento on-line) afirma que A criatividade pode receber várias definições a partir do ponto do vista com que é questionada. Sob o ponto de vista humano, a criatividade é uma quali- dade adquirida e iniciada na infância que busca em ideias a fonte para criar novas coisas. A criatividade é uma qualidade adquirida por pessoas curiosas que buscam inspiração em informações e têm a sensibilidade de percebê-las de forma diferente. Pessoas criativas possuem comportamentos diferentes: são curiosas ao extremo, são persistentes, são bem humoradas, são indepen- dentes em seus atos e responsáveis por tais, possuem rápida desenvoltura em atividades, fácil percepção, habilidade no aprendizado e ainda são grandes visionárias, já que conseguem prever as consequências possíveis de ocorrer em suas criações por erros ou imprevistos. Boden (1999, p. 81) acrescenta que a criatividade é a “combinação original de ideias conhecidas”. Assim, para gerar ideias com mais facilidade e agilidade, é necessário ter uma mente criativa e entender o conceito de criatividade, a fim de utilizar algumas ferramentas que a estimulem. Conforme Ostrawer (1987, p. 9): Criar é, basicamente, formar. É poder dar forma a algo novo. Em qualquer que seja o campo da atividade, trata-se, nesse “novo”, de novas coerências que se estabelecem para a mente humana, fenômenos relacionados de modo novo e compreendidos em termos novos. O ato criador abrange, portanto, a capacidade de compreender, e esta, por sua vez, a de relacionar, ordenar, configurar, significar. Desenvolver a criatividade é uma forma de contribuir para o processo criativo no design de interiores. Para Gomes (2001, p. 9), a criatividade, especificamente nessa área, pode ser compreendida como “[...] o conjunto de fatores e processos, atitudes e comportamentos que estão presentes no desenvolvimento do pensamento produtivo”. Löbach (2001, p. 139) explica que “[...] a criatividade do designer se manifesta quando, baseando-se em seus conhecimentos e experiências, ele for capaz de associar determinadas O processo criativo em design de interiores2 informações com um problema, estabelecendo novas relações entre elas”. Portanto, o autor defende a ideia de que a criatividade é um aspecto variável, passível de aprimoramento conforme o crescimento da experiência e o aumento do conhecimento do profissional. O processo criativo, ou seja, o ato de criar, segundo Almeida (2001), é a aplicação intencional da criatividade. Nesse processo, cada pessoa envolvida desenvolve a sua capacidade baseada nas experiências vivenciadas durante sua vida profissional ou pessoal. Essa relação que cada um estabelece com o que já vivenciou é que faz a diferença no momento da resolução do problema. De acordo com Kotler e Trias de Bes (2004), todo processo criativo, seja de design ou de arquitetura, começa pela busca de ideias. Segundo Trichez (2012, p. 29), “[...] ideia basicamente é a representação mental de algo concreto, abstrato ou quimérico; também é conhecimento, informação, noção; ou ainda intenção, plano, propósito, desígnio”. Uma técnica para a geração de ideias, conforme afirma Kilian (2005), é ter um comportamento criativo. Para o autor, isso inclui ser curioso, fazer especulações, criar suposições e hipóteses e ir ao encontro de um pensamento que não foi considerado. Para ter ideias originais, é necessário ser criativo. Para Goleman (2009), um feito criativo depende das características mentais do indivíduo e da decisão dele mesmo de mergulhar natural e espontaneamente no problema a ser resolvido. Uma pessoa que é criativa geralmente caminha no sentido contrário da maioria porque gosta do oposto e de descobrir ideias novas. Pode-se dizer que a geração de ideias é o centro do processo criativo, sendo uma de suas etapas. Baxter (1998) afirma que é nesse ponto que surgem as so- luções para o problema em questão. Existem várias técnicas que auxiliam nesse processo, estimulando a criatividade. A seguir, você vai conhecer algumas delas. Como desenvolver a criatividade A criatividade é uma qualidade fundamental para os projetos de interiores. Por meio de uma criatividade cada vez mais desenvolvida, é possível elaborar soluções mais adequadas e diferenciadas do que é convencional. Segundo Lawson (2011, p. 25), “[...] projetar é algo bastante complexo e sofisticado. Porém, não deve ser considerado o talento místico concedido apenas aos que têm poderes recônditos, mas uma habilidade que tem de ser aprendida e praticada, como se pratica um esporte ou se toca um instrumento musical”. Isso significa que, assim como projetar, ser criativo não depende de talento, e sim de prática. 3O processo criativo em design de interiores Assim, técnicas criativas podem ser desenvolvidas a fim de que uma maior quantidade de ideias seja gerada no momento da resolução dos problemas e do desenvolvimento das propostas. Trichez (2012) ressalta que a busca de soluções é uma fase importante do processo de criação da arquitetura. Segundo a autora, quanto mais ideias surgirem nessa fase, maiores serão as chances de se chegar a um produto final interessante. Para Baxter (1998, p. 4), “[...] de cada dez ideias resulta apenas um produto de sucesso. A criatividade deve ter, então, liberdade para gerar ideias em grande quantidade, para se aproveitar 10% delas”. Segundo Funk (2010, p. 64), no momento da geração de ideias, não importa se elas são boas ou ruins; o que vale é a quantidade: A capacidade criativa de uma pessoa é medida pela quantidade de ideias que foram rejeitadas. Apostar em apenas uma ideia pode ser arriscado, esta ideia pode ser boa ou não e o sucesso vai depender da sorte ou acaso. Quando se seleciona uma ideia entre dez, a probabilidade de dar certo é muito maior, ou seja, maiores são as chances para uma boa solução. Uma técnica para desenvolver a criatividade, gerar ideias e conceitos de projetos está ligada àsvivências dos projetistas. Isso significa que, quanto mais pesquisas, repertório e experiências diferentes forem adquiridas, mais soluções poderão ser geradas na hora da elaboração dos projetos. Gomes Filho (2006, p. 231) indica essa relação ao manifestar que “[...] essa qualidade é vinculada ao seu repertório cultural, técnico e de experiência profissional acumulada que, quanto mais extensa, pressupõe-se maior capacidade inventiva”. Esse processo cerebral que parte de associações e relações da vivência do profis- sional é também evidenciado por Bürdek (2006, p. 255), quando afirma que […] o design é uma atividade que é agregada a conceitos de criatividade, fantasia cerebral, senso de invenção e inovação técnica e que por isso gera uma expectativa de o processo de design ser uma espécie de ato cerebral. Um processo criativo ele é, sem dúvida. A configuração não se dá em um ambiente vazio, onde se brinca livremente com cores, formas e materiais. Cada objeto de design é o resultado de um processo de desenvolvimento, cujo andamento é determinado por condições e decisões — e não apenas por configuração. A utilização de técnicas e ferramentas para auxiliarem no processo criativo faz emergirem novas possibilidades. Segundo Kilian (2005, p. 98), a criati- vidade serve “[...] para buscar maneiras de fazer mais com menos, de reduzir custos, de simplificar processos e sistemas, de aumentar lucratividade, de encontrar novos usos para produtos, de encontrar novos segmentos de mercado, de desenvolver novos produtos e muito mais”. O processo criativo em design de interiores4 Para o especialista Guilford (1960), uma pessoa criativa apresenta três carac- terísticas. São elas: a fluência, entendida como a produção de uma quantidade de ideias dentro de um prazo; a flexibilidade, demonstrada pelos diferentes tipos de pensamento; e a originalidade, compreendida pela produção de ideias pouco comuns ou únicas. Buzan (2005) complementa que existem maneiras de atingir essas qualidades criativas. A seguir, você pode ver algumas técnicas que desenvolvem a criatividade de acordo com esse autor. � Ver as coisas de pontos de vista diferentes: segundo Buzan (2005), a maioria das pessoas vê as coisas de um único ponto vista, normalmente o próprio. O profissional criativo vê as coisas de um número infinito de ângulos e perspectivas. Essa habilidade é também essencial para ele pensar todas as necessidades do projeto em relação aos usuários diretos e indiretos, bem como ao sistema de fabricação, à disposição do produto no mercado, etc. � Estabelecer relações criativas: isso pode se dar por meio da percep- ção das novas relações das coisas, de maneiras até então inéditas, o que resulta na originalidade do projeto. A capacidade de relacionar é extremamente importante no design, agregando aspectos aos objetos e projetos, como a multifuncionalidade e a interatividade, por exemplo. � Inverter a ordem das atividades e elementos: a habilidade da inversão parte da interpretação oposta das coisas. Com isso, é possível encontrar resultados para projetos incomuns e inusitados. Além disso, Ching e Eckler (2014) ressalta que, para desenvolver a criativi- dade, é importante tentar visualizar as ideias, desenhos e propostas sob outro ponto de vista, como se fossem uma imagem espelhada. Segundo o autor, isso permite uma visão sem preconceitos e contribui para estimular o pensamento. Para Baxter (2011), a criatividade é o coração do design. Assim, ela é de suma importância para o desenvolvimento criativo do designer, que é calcado na escolha, na ação e na produção criativa, resultando, dessa forma, em inovação, isto é, na criação de novidades. Por isso, para desenvolver ideias e conceitos nos projetos, é preciso entender as técnicas que aprimoram a criatividade, pesquisar referências, bem como analisar projetos existentes e ideias já utilizadas a fim de desenvolver métodos que colaborem para a formação de ideias. Segundo Rohenkohl (2012), à medida que aumentam as experiências e o conhecimento do profissional, aumenta o poder da criatividade. Isso se deve ao fato de que a criatividade consiste nas associações das informações contidas no repertório cultural do indivíduo, gerando novas relações entre elas. Assim, 5O processo criativo em design de interiores a possibilidade de usar técnicas para estimular a criatividade que resulta na geração de ideias faz com que o designer tenha infinitas possibilidades para propor um projeto criativo e, portanto, original. Os processos criativos, conforme assinala Ostrower (1997, p. 55), são dotados de impulsos inconscientes e envolvem tudo aquilo que o homem sabe: “[...] os conhecimentos, as conjecturas, as propostas, as dúvidas, tudo o que ele pensa e imagina”. Isso acontece pois o ato de criar é um todo que integra as suas partes e só pode ser entendido globalmente. A criatividade pode ser estimulada por meio de algumas técnicas que funcionam como catalisadores do pensamento criativo. Entre elas, as mais utilizada são: brainstorming, mapa mental e solução criativa de problemas (SCP). A seguir, você pode conhecer melhor cada uma delas (VELLOZO, 2013). � Brainstorming: traduzido como “tempestade cerebral”, esse termo designa uma técnica inventada na década de 1940, por Osborn, cujo principal objetivo é estimular o livre fluxo de pensamento. Essa técnica é considerada uma sessão de “agitação” de ideias, segundo Baxter (1998). � Mapas mentais: são ferramentas para organizar o pensamento criadas por Tony Buzan na década de 1960. Os mapas mentais “são um método de armazenar, organizar e priorizar informações [...], usando Palavras-chave e Imagens-chave, que desencadeiam lembranças específicas e estimulam novas reflexões e ideias” (BUZAN, 2005, p. 10). Ainda conforme esse autor, um mapa mental pode ajudar na criatividade, em termos de ideias e soluções. � Solução criativa de problemas: foi proposta por Osborn e Parnes em 1955. Con- forme aponta Pearson (2011, p. 58), “[...] o objetivo da SCP é oferecer um método sistematizado, porém flexível, para a solução de problemas”. A SCP é um processo cíclico, ou seja, a criatividade é posta em movimento constante. A avaliação recon- figura o início de um novo processo, que nada mais é do que o desdobramento do processo anterior. O processo criativo Como você sabe, hoje ocorrem avanços acelerados e constantes da tecnologia de representação gráfica. Contudo, o desenho à mão livre, segundo Ching (2017), é o meio mais intuitivo para registrar graficamente observações, ideias e experiências. Segundo o autor, a “[...] natureza tátil e cinestésica do desenho à mão livre, como resposta direta aos sentidos, aguça nossa percepção no presente e nos permite coletar memórias visuais do passado” (CHING, 2017, O processo criativo em design de interiores6 p. 27). Dessa maneira, o desenho permite a fruição livre das ideias por meio da exploração de rascunhos e diagramas a fim de desenvolver os conceitos de cada proposta. O processo criativo ocorre por meio do pensamento e da reflexão sobre os diversos itens do projeto e da representação gráfica dele. Na medida em que referências são buscadas, projetos existentes são conhecidos e estudos são analisados, a criatividade se desenvolve. Para Ching e Juroszek (2012), é por meio da reflexão e da representação das ideias que as propostas vão ganhando vida. Segundo ele: Nas etapas de geração e desenvolvimento de um processo de projeto, o desenho tem natureza claramente especulativa. Os pensamentos vêm à mente conforme observamos um desenho em progresso, o que pode alterar nossas percepções e sugerir possibilidades ainda não concebidas. A ideia emergente no papel nos permite explorar caminhos que podem não ter sido previstos antes do início do desenho, mas que foram fruto de ideias surgidas ao longo do processo. Uma vez executado, cada desenho representa uma realidade única, que pode ser vista, avaliada, refinada e transformada. Mesmose eventualmente descartado, cada desenho terá estimulado a mente e posto em movimento a formação de outros conceitos (CHING; JUROSZEK, 2012, p. 288). Assim, para desenvolver a criatividade, é necessário fazer testes. Para visu- alizar o desenvolvimento das ideias criativas, é fundamental representar todo o processo no papel. Mesmo que muitas ideias sejam descartadas, a evolução do processo criativo e projetual permite entender as etapas e compreender de onde saiu a volumetria final: “Ainda que não sejam feitos para serem expostos ao público, os desenhos podem fornecer dados valiosos sobre o processo de criação do projetista” (CHING; JUROSZEK, 2012, p. 288). Para Ching e Juroszek (2012, p. 289), o desenho é um meio do processo de criação: Ele acontece porque a imaginação desencadeia, na mente, um conceito, que é visto como uma imagem fugaz e adimensional. No entanto, esta imagem não nasce totalmente formada e completa. Raramente existem na mente imagens totalmente acabadas nos mínimos detalhes, esperando, apenas, a transferência para a folha de papel. Elas se desenvolvem ao longo do tempo e passam por um número de transformações conforme testamos a ideia representada e buscamos a congruência entre a imagem mental e aquela que estamos dese- nhando. Se desenhamos cegamente, como se seguíssemos uma receita, nos limitamos apenas às imagens preconcebidas e perdemos oportunidades de fazer descobertas ao longo do caminho. 7O processo criativo em design de interiores O desenho possibilita que a mente trabalhe de maneira gráfica sem tentar produzir conscientemente uma obra de arte. Assim como o pensamento pode ser expresso em palavras, ideias podem tomar forma visual para serem estu- dadas, analisadas e elaboradas. Conforme Ching e Juroszek (2012), quando se pensa sobre um problema de projeto, as ideias vêm à mente de modo natural. Essas ideias muitas vezes não são de natureza verbal. O processo de criação envolve, inevitavelmente, a visualização dos possíveis resultados sob a forma de imagens visuais que ainda não estão claras ou completamente cristalizadas. Ainda segundo o autor: Começamos com pequenos croquis, já que eles permitem que várias possibili- dades possam ser exploradas. Às vezes, a solução emerge rapidamente. O mais comum, no entanto, é que sejam necessários muitos desenhos para revelar a melhor escolha ou o caminho a ser seguido. Tais desenhos nos motivam a olhar para estratégias alternativas de maneira fluente e flexível e a não definir uma solução de maneira muito rápida. Tendo natureza especulativa e, portanto, estando sujeitos à interpretação, eles nos ajudam a evitar a natureza inibidora de um desenho mais cuidadoso, que normalmente nos conduz ao fechamento prematuro do processo de projeto (CHING; JUROSZEK, 2012, p. 290). Para Ching e Juroszek (2012), o processo de projeto busca a percepção daquilo que não se conhece tão bem. Para isso, é necessário imaginar e aceitar ideias e soluções diversificadas. Trabalhar apenas com as soluções já conhe- cidas impede a plasticidade e a adaptabilidade dos pensamentos, bloqueando o desenvolvimento da criatividade. O processo criativo tem por intuito estimular e ampliar o pensamento do designer e não serve para meramente apresentar os resultados do processo. Conforme Ching e Juroszek (2012, p. 292): Cada desenho que produzimos ao longo do processo de projeto, seja a ideia que ele representa aceita ou rejeitada, ajuda-nos na compreensão de um pro- blema. Além disso, o ato de desenhar ideias sobre o papel tem o potencial de desencadear novas concepções e aprimorar o cruzamento fértil de várias ideias anteriores. Para desenhar, é necessário compreender o que deve ser representado. Porém, é difícil representar fielmente uma ideia. Assim, testá-la e exteriorizá-la conduz ao entendimento e serve como uma espécie de guia para a busca das ideias. O autor complementa: O processo criativo em design de interiores8 Devemos compreender que os desenhos de estudo são um processo de ten- tativa e erro, no qual a etapa mais importante é riscar os primeiros traços no papel, não importa o quão preliminares eles sejam. Devemos confiar na nossa intuição se desejamos avançar no processo de desenho (CHING; JUROSZEK, 2012, p. 290). A fluência no processo de criação equivale a ser capaz de gerar um amplo repertório de possibilidades e ideias. A fluência no processo de desenho significa usar a intuição ao colocar a caneta ou o lápis no papel, respondendo às concepções próprias com desenvoltura e graça. Em qualquer processo de criação, você deve estar preparado para aproveitar o inesperado. Desenhar permite explorar caminhos que não são previsíveis antes que o processo seja iniciado, mas que geram ideias ao longo do per- curso. Se você deixa a sua posição de autor e visualiza seus desenhos como um observador objetivo, possibilidades ainda não concebidas podem surgir. Essas novidades são produtos involuntários de uma visão interior. Ideias vêm naturalmente à mente quando você olha um desenho. Assim como uma ideia visual desencadeia outras, um desenho conduz a outro, sucessivamente. Ainda que não se prestem a um propósito imediato, os desenhos de estudo podem ser úteis para consultas futuras e para estimular novas maneiras de observação (CHING; JUROSZEK, 2012). Como você pode notar, a imaginação criativa serve para observar questões antigas por meio de novos ângulos. “Apoiar-se em hábitos e convenções pode impedir o fluxo das ideias durante o processo de projeto” (CHING; ECKLER, 2014, p. 211). Assim, é fundamental analisar as propostas e ideias de diversos modos. Isso permite a capacitação da mente criativa e do processo de projeto a fim de ver as oportunidades ocultas em cada caso. Perceber diferentes possibilidades requer um aguçado poder de visualiza- ção e a compreensão da flexibilidade que o desenho oferece. Portanto, você deve ser capaz de transformar os desenhos bidimensionais em um volume tridimensional. Quanto mais exercícios e testes de composição de volumes e de representação você executar, mais fácil será a percepção e a evolução do seu processo criativo. 9O processo criativo em design de interiores 1. A criatividade pode ser considerada uma qualidade e deve estar presente nas etapas projetuais, contribuindo para a resolução dos problemas. Sobre essa qualidade, assinale a alternativa correta. a) É uma habilidade exclusivamente nata, que pode ser compreendida como um talento. b) Pode ser entendida como um arranjo corriqueiro de ideias desconhecidas. c) Tem o intuito de ampliar os custos e complexificar os métodos e os sistemas. d) Tem como objetivo desenvolver as melhores técnicas para cada situação específica. e) Pode ser compreendida como atitudes que se manifestam a partir de pensamentos improdutivos. 2. Ser criativo facilita diversos processos das etapas projetuais do design de interiores. Sobre as contribuições da criatividade para a elaboração das ideias, assinale a alternativa correta. a) A criatividade colabora para a elaboração de projetos adequados para cada contexto específico. b) A criatividade auxilia no desenvolvimento de variadas propostas similares. c) A criatividade propicia a transformação de situações corriqueiras em ações conhecidas. d) A criatividade contribui para a geração e a reprodução de alternativas usuais. e) A criatividade favorece os pensamentos e as reflexões improdutivas. 3. A criatividade pode e deve estar em constante evolução, podendo ser desenvolvida a partir de diferentes técnicas. Sobre essas técnicas, assinale a alternativa correta. a) Para aprimorar e desenvolver a criatividade, é importante ter hábitos e ações criativas. b) Uma técnica importante para desenvolver a criatividade é ser apático e criar ilusões mentais. c) Para desenvolver a criatividade, é necessário seguir o fluxo dos pensamentos comuns. d) Um método que contribui para o desenvolvimento é ver os problemas sempresob uma mesma óptica. e) Para desenvolver a criatividade, é importante determinar desconexões entre os elementos e os objetos. 4. Algumas técnicas simplificadas podem estimular a criatividade; outras, mais elaboradas, funcionam como catalisadoras do processo criativo. Sobre essas técnicas mais complexas, assinale a alternativa correta. a) A técnica do brainstorming pode ser compreendida como um momento de reduzir a criação de ideias. b) O brainstorming é uma técnica que tem por objetivo estimular a interrupção do fluxo de pensamento. O processo criativo em design de interiores10 c) A técnica de mapas mentais é utilizada para a organização e a priorização das informações. d) Os mapas mentais são usados a partir de palavras- chave que restringem a criação de novas ideias. e) A técnica de solução criativa de problemas é um processo em que a criatividade aparece como um movimento intermitente. 5. O processo criativo ocorre por meio do pensamento e da reflexão sobre os diversos itens do projeto e da representação gráfica. Sobre o processo criativo, assinale a alternativa correta. a) No processo criativo, são priorizados e necessários os desenhos feitos por meio do computador. b) No processo criativo, os desenhos são muito mais importantes do que os diagramas. c) O processo criativo ocorre a partir da certeza sobre um item específico do projeto. d) No processo criativo, deve ser evitada a busca por referências e projetos já executados. e) O processo criativo tem como característica ser especulativo e investigativo. ALMEIDA, M. M. Da experiência ambiental ao projeto arquitetônico: um estudo sobre o caminho do conhecimento na arquitetura. 2001. 219 p. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2001. BAXTER, M. Projeto de produto: guia prático para o design de novos produtos. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1998. BODEN, M. A. Dimensões da criatividade. Porto Alegre: Artmed, 1999. BÜRDEK, B. E. História, teoria e prática do design de produtos. São Paulo: Edgard Blücher, 2006 BUZAN, T. O poder da inteligência criativa: 10 maneiras de ativar o seu gênio criativo. São Paulo: Cultrix, 2005. CABRAL, G. Criatividade. Mundo Educação, 2018. Disponível em: <https://mundoedu- cacao.bol.uol.com.br/psicologia/criatividade.htm>. Acesso em: 04 dez. 2018. CHING, F. D. K. Representação gráfica em arquitetura. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2017. CHING, F. D. K.; ECKLER, J. F. Introdução à arquitetura. Porto Alegre: Bookman, 2014. CHING, F. D. K.; JUROSZEK, S. P. Desenho para arquitetos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. 11O processo criativo em design de interiores FUNK, S. Ideia no processo criativo de embalagens. 2010, 292 p. Dissertação (Mestrado em Design) – Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010. GOLEMAN, D. Inteligência emocional. 13. ed. Camarate: Temas e Debates - Círculo de Leitores, 2009. GOMES FILHO, J. Design do objeto: bases conceituais. São Paulo: Escrituras, 2006. GOMES, L. V. N. Criatividade: projeto, desenho, produto. Santa Maria: sCHDs, 2001. GUILFORD, J. P. The structure of the intellect model: its use and implications. New York: Mack Graw Hill, 1960. KILIAN, A. P. V. O processo de geração de ideias fundamentado no pensamento late- ral: uma aplicação para mercados maduros. 2005. 176 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005. KOTLER, P.; TRIAS DE BES, F. Marketing lateral: uma abordagem revolucionária para criar oportunidades de mercados saturados. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. LAWSON, B. Como arquitetos e designers pensam. São Paulo: Oficina de Textos, 2011. LÖBACH, B. Design industrial: bases para a configuração dos produtos industriais. São Paulo: Edgard Blücher, 2001. OSTROWER, F. Criatividade e processos de criação. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1997. ROHENKOHL, R. A. S. Criatividade e design: uma análise da habilidade criativa no processo projetual. Unoesc & Ciência – ACSA, Joaçaba, v. 3, n. 1, p. 45-54, jan./jun. 2012. TRICHEZ, C. A ideia no processo criativo: uma aplicação no projeto de interiores. 2012. 149 p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2012. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/100497/313387. pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 04 dez. 2018. VELLOZO, D. P. M. O processo criativo entre estudantes e designers de interiores. In: CONGRESSO NACIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 13., Anais... Campinas, 2013. Dis- ponível em: <http://conic-semesp.org.br/anais/files/2013/trabalho-1000015940.pdf>. Acesso em: 04 dez. 2018. O processo criativo em design de interiores12 Conteúdo:
Compartilhar