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EXPRESSÃO PLÁSTICA Vanessa Guerini Scopell Expressões plásticas bi e tridimensional Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar materiais, técnicas e suportes relacionados com os aspectos inerentes à expressão plástica na sua vertente bidimensional. � Relembrar materiais, técnicas e suportes relacionados com os aspectos inerentes à expressão plástica na sua vertente tridimensional. � Aplicar a bidimensionalidade e a tridimensionalidade ao design de interiores. Introdução Na arquitetura, as formas e os volumes das edificações, antes de saírem do papel, são compostos por pontos, linhas e planos. Esses elementos de estruturação espacial e expressão plástica são a base para a concepção dos projetos, juntamente à ação de desenhar, que permite ao arquiteto demonstrar as suas ideias. Tanto os desenhos de duas dimensões como os de três dimensões têm suas funções no design de interiores, podendo ser usados para representar diferentes situações e ideias. Neste capítulo, você vai estudar os conceitos de bidimensionalidade e tridimensionalidade. Vai verificar as diferenças entre eles e ver exemplos de aplicações dessas tipologias gráficas nos projetos de interiores. Desenhos bidimensionais Os projetos de design de interiores estão sempre vinculados a propostas que são demonstradas e representadas graficamente por meio de desenhos. Para o arquiteto Lúcio Costa, o processo projetual e criativo é de extrema importância para a expressão da arte plástica. Essa representação de ideias e intenções é de Expressões plásticas bi e tridimensional2 grande valia para a solução de problemas específicos, que serão resolvidos a partir de soluções plásticas condizentes com a realidade de cada caso, com o objetivo de cada ambiente e com a intenção de uso de cada material. Nesse sentido, você pode considerar que a intenção plástica de cada projeto ou obra de interiores é que de fato diferencia uma boa arquitetura de uma construção qualquer. A plástica refere-se tanto à compreensão das formas arquitetônicas, que surgem por meio de pontos, linhas e planos, como às expressões de intenções demonstradas pelos meios de representação que ressaltam traços, cores, texturas e materiais. Isso se dá por meio das demons- trações bidimensionais, que podem ser transformadas em representações de três dimensões. Sempre que você elabora um projeto, traça ou esboça alguma ideia, o conteúdo visual dessa comunicação é composto por uma série de elementos. Tanto o ponto como a linha e o plano são aspectos conceituais que você consegue visualizar em sua mente e, a partir disso, iniciar um desenho. Para Ching (2013), é possível perceber um ponto no encontro de duas retas, em uma reta marcando o contorno de um plano, em um plano delimitando um volume ou em um volume de um objeto que ocupa espaço. “Cada elemento é primeiramente considerado como conceitual e, a seguir, como um elemento visual no vocabulário do projeto de arquitetura. Como elementos conceituais, o ponto, a reta, o plano e o volume não são visíveis, exceto em nossas mentes. Embora eles não existam de fato, sua presença é sentida por nós” (CHING, 2013, p. 16). Esses elementos constituem a substância básica daquilo que se vê. São muitos os pontos de vista a partir dos quais se pode analisar qualquer manifestação visual, mas um dos mais reveladores é decompor a mani- festação nos elementos que a constituem, de forma a compreender melhor o todo. Assim: Quando são visíveis aos olhos no papel ou no espaço tridimensional, esses elementos se tornam forma com características de matéria, formato, tama- nho, cor e textura. À medida que experimentamos essas formas em nosso ambiente, devemos ser capazes de perceber em sua estrutura a existência dos elementos primários do ponto, da reta, do plano e do volume (CHING, 2013, p. 16). Conforme Ching (2013), o ponto pode ser considerado a menor parte de uma composição visual, tornando-se o centro de atração da composição. Esse 3Expressões plásticas bi e tridimensional elemento não apresenta comprimento, profundidade ou largura. Ele marca uma posição no espaço, mas é estático e sem direção. Assim, um ponto pode servir para marcar duas extremidades de uma reta, a intersecção de duas retas, o encontro de retas na quina de um plano ou volume ou o centro de um campo. Mesmo que o ponto não tenha uma forma, ele começa a ser percebido quando está situado dentro de um campo visual. Quando está posicionado em um espaço, ele passa a organizar seus elementos circundantes e a ser uma referência. Observe a Figura 1, a seguir. Figura 1. O ponto percebido no espaço. Fonte: Ching (2013, p. 4). Já para formar uma linha, é preciso que existam dois pontos no espaço e que eles estejam unidos: Dois pontos estabelecidos no espaço por colunas ou formas centralizadas podem definir um eixo, um recurso ordenador utilizado ao longo da história para organizar as formas e os espaços edificados. […] Considerando que a ligação de dois pontos no espaço ou que um ponto estendido se torna uma linha, constata-se que a linha tem comprimento, mas assim como o ponto, ela não tem largura ou profundidade. Já enquanto um ponto é estático, a linha é capaz de expressar visualmente direção, movimento e crescimento. Uma reta é um elemento essencial na formação de qualquer construção visual. Ela pode servir para: unir, conectar, sus- tentar, circundar ou interseccionar outros elementos visuais, descrever as arestas dos planos e dar formato a elas e destacar as superfícies dos planos (CHING, 2013, p. 7). Na Figura 2, a seguir, você pode ver um exemplo de formação de uma linha. Expressões plásticas bi e tridimensional4 Figura 2. Formação de uma linha. Fonte: Ching (2013, p. 6). Como uma linha apresenta apenas uma dimensão, sua representação deve conter alguma espessura a fim de torná-la visível. A linha é reconhecida pelo fato de seu comprimento dominar sua largura. Assim, para formar um plano bidimensional (Figura 3), é preciso que haja duas linhas paralelas. Conforme destaca Ching (2013), quanto mais próximas essas linhas estiverem entre si, mais forte será a sensação de plano criada por elas. Portanto, o plano é um exemplo de desenho bidimensional, ou seja, que apresenta duas dimensões, pois é composto por uma altura e um comprimento, porém ainda não tem profundidade. Figura 3. Formação de um plano. Fonte: Ching (2013, p. 18). Para Ching (2013), em uma composição de uma construção visual, o plano serve para definir os limites ou fronteiras de um volume. Como a arquitetura é uma arte visual que se ocupa especificamente da formação de elementos 5Expressões plásticas bi e tridimensional tridimensionais — volumes de massa ou espaço —, o plano, formado por linhas, pode ser considerado um elemento-chave nas fases iniciais do projeto de arquitetura. Assim, o desenho bidimensional se estabelece por meio de uma superfície plana sem profundidade. Esse desenho é entendido como uma representação em que há linhas em duas dimensões (comprimento e largura), que fazem os contornos e delimitam o desenho. Veja: A superfície e as marcas tomadas em conjunto revelam um mundo bi- dimensional que difere completamente do mundo de nossa experiência cotidiana. O mundo bidimensional é essencialmente uma criação humana. O desenho, a pintura, a impressão, o tingimento ou mesmo a escrita são atividades que levam diretamente à formação do mundo bidimensional (WONG, 1998, p. 237). Segundo Wong (1998), na maioria das vezes as coisas tridimensionais são vistas como bidimensionais. Um exemplo é uma paisagem apreciada apenas por sua beleza em um quadro pintado. Hoje, com o progresso da tecnologia, uma câmera prontamente transforma tudo o que está na frente de suas lentes em uma imagem plana, e a televisão transmite instantaneamente imagens em movimento para uma superfície determinada. Assim, as imagens planas são essenciais para a compreensãodo mundo, dos espaços e das propostas de arquitetura. Sua representação é necessária e, quando percebida pela visão humana, pode ser interpretada sob diversos pontos de vista. Desenhos tridimensionais Para iniciar uma representação gráfica, os elementos básicos — ponto, reta e plano — são fundamentais. É a partir deles que um desenho bidimensional surge e, se ele for desenvolvido, pode se tornar uma figura tridimensional (Figura 4). Para Ching (2013, p. 56): Na transição dos formatos dos planos para as formas dos volumes se encontra o domínio das superfícies. A superfície se refere, em primeiro lugar, a qualquer figura que tiver apenas duas dimensões, como um plano. No entanto, o termo também pode fazer alusão a um lugar geométrico curvo e bidimensional de pontos que definem o limite de uma figura tridimensional. Expressões plásticas bi e tridimensional6 Figura 4. Figura plana tridimensional. Fonte: Ching (2013, p. 42). Ching e Juroszek (2012) destaca que as pessoas vivem em um mundo tridimensional de objetos no espaço. Esses objetos sólidos ocupam espaço, dão forma e definem seus limites. O espaço, por sua vez, envolve e dá vida à visão dos objetos. Segundo o autor, “[...] um dos maiores desafios ao desenhar é a representação de objetos tridimensionais no espaço por meio de linhas, formatos e valores tonais, em uma superfície plana e bidimensional” (CHING; JUROSZEK, 2012, p. 81). Para a representação tridimensional, é necessário que o objeto seja demonstrado em três dimensões. Assim, o volume é o elemento que representa esse tipo de expressão: O volume se relaciona à extensão tridimensional do objeto ou da região do espaço. Conceitualmente, um volume é delimitado por planos e tem três di- mensões: largura, altura e profundidade. Ao desenhar, nos esforçamos para expressar a ilusão tridimensional de volumes sólidos e do espaço em uma superfície bidimensional. Todos os objetos preenchem um volume no espaço. Mesmo os objetos lineares e delgados ocupam espaço. Podemos segurar um pequeno objeto e girá-lo em nossas mãos. Cada volta do objeto revela um for- mato diferente, uma vez que muda a relação entre o objeto e nossos olhos. Ao ver o objeto de diferentes ângulos e distâncias, nossa visão reúne os formatos na forma tridimensional (CHING; JUROSZEK, 2012, p. 67). Para Ching e Juroszek (2012), um desenho que apresenta uma vista de determinado ângulo e determinada distância apenas consegue ilustrar um 7Expressões plásticas bi e tridimensional único momento da percepção. Se for uma vista frontal, que apenas mostra a largura e a altura, a imagem ficará achatada. Mas, se o volume for rotacionado, a terceira dimensão (a profundidade) será revelada e a forma ficará mais clara. Segundo o autor, prestar atenção em formatos planos ajuda a ver como eles se combinam para expressar a tridimensionalidade do volume. Por meio do desenho à mão e com base em uma superfície bidimensional, é possível criar profundidade nos desenhos com a aplicação de sombras. As diferentes tonalidades do sombreamento transformam o desenho de duas para três dimensões e o posicionam no espaço, demonstrando a característica de cada superfície. Para criar esse efeito tridimensional, é necessário utilizar transições graduais de tons claros e escuros. Considere o seguinte: Os objetos não apenas ocupam um volume no espaço; eles também se or- ganizam no espaço, uns em relação aos outros e ao entorno. Assim como as figuras e seus fundos compreendem uma unidade de opostos em uma superfície bidimensional, as massas sólidas e os volumes espaciais jun- tos constituem a realidade tridimensional do nosso ambiente (CHING; JUROSZEK, 2012, p. 82). Na Figura 5, a seguir, você pode ver um exemplo de figura plana tridimensional. Figura 5. Figura plana tridimensional. Fonte: Ching (2013, p. 44). Expressões plásticas bi e tridimensional8 Conforme Ching e Juroszek (2012), a relação entre as massas e volumes espaciais nos projetos de arquitetura pode ser verificada em diversas escalas. Veja a seguir. � Na escala de um objeto, a relação entre cheios e vazios existe entre a forma de uma massa sólida e o volume do espaço ocupado pelo objeto ou nele contido. � Na escala de um cômodo, a relação entre cheios e vazios ocorre entre a forma do espaço delimitado por paredes, teto e piso e as formas dos objetos nele contidos. � Na escala de uma edificação, a relação entre cheios e vazios é percebida nas configurações de paredes, tetos e pisos, bem como nos tipos de espaço que esses elementos definem. � Na escala urbana, a relação entre cheios e vazios surge entre a forma da edificação e o contexto espacial no qual ela se insere. O entorno pode dar continuidade ao tecido urbano existente de um lugar, formar um pano de fundo para outros prédios, definir um espaço urbano ou permanecer isolado no espaço, como um objeto. Outra maneira de utilizar desenhos em três dimensões é aplicar as técnicas de perspectiva para representar os volumes. A perspectiva pode ser compreen- dida como uma maneira de representar figuras tridimensionais que provoca a ilusão da espessura, da dimensão, do aspecto e da profundidade. Esse tipo de desenho, segundo Ching (2013), estimula diversos pontos de vista: Sistemas de desenhos de vistas múltiplas, vistas de linhas paralelas ou pers- pectivas cônicas englobam uma linguagem visual de comunicação de projeto. Devemos ter a capacidade de não apenas “escrever” nessa linguagem, mas também de a “ler”. Esse entendimento deve ser completo o bastante para que sejamos capazes de trabalhar confortavelmente e com distintos sistemas de desenho. Devemos ser capazes de transformar a bidimensionalidade de um desenho de vistas planas em uma vista tridimensional de linhas paralelas. Ao visualizar um conjunto de desenhos de vistas múltiplas, devemos ser capazes de imaginar e desenhar o que veríamos se estivéssemos parados em determinada posição dentro de uma planta (CHING, 2013, p. 211). Na Figura 6, a seguir, você pode ver desenhos de materiais em três dimensões. 9Expressões plásticas bi e tridimensional Figura 6. Desenhos de materiais em três dimensões. Fonte: Ching e Juroszek (2012, p. 170). Existem diversos tipos de perspectiva. Elas podem ser usadas conforme a facilidade do designer de se adequar a cada técnica. Todas elas são importan- tes recursos de visualização tridimensional que podem ser expressos à mão. Para Wong (1998), assim como o desenho bidimensional, o tridimensional também busca estabelecer harmonia e ordem visual, ou gerar interesse visual intencional. O autor ressalta que representar tridimensionalmente um objeto é mais complicado porque vistas de ângulos deferentes devem ser consideradas simultaneamente. Além disso, muitas das relações espaciais são complexas, não podendo ser facilmente visualizadas no papel. Por outro lado, o desenho tridimensional é menos complicado do que o bidimensional porque lida com formas e matérias tangíveis no espaço real. Desse modo, todos os problemas presentes na representação ilusória de formas tridimensionais no papel (ou qualquer tipo de superfície plana) podem ser evitados. Expressões plásticas bi e tridimensional10 O espaço pictórico é uma ilusão de espaço ou profundidade representada em uma superfície bidimensional por vários meios gráficos. Esse espaço pode ser plano, pro- fundo ou ambíguo, mas, em todos os casos, não passa de uma ilusão. No entanto, certas combinações de linhas, formatos, valores tonais e texturas utilizadas em uma superfície de desenho podem provocar, no sistema visual humano, a percepção de um espaço tridimensional. Se você compreender o modo como infere formas e espaços tridimensionais daquilo que vê, pode utilizar essas informações para fazer a imagem desenhada do objeto parecer plana ou volumétrica. Você pode projetar a imagem para frente, na direção do observador, ou fazê-la retroceder muito na profundidade do desenho. Em uma superfície bidimensional, é possíveldeterminar relações tridimensionais entre objetos (CHING; JUROSZEK, 2012). Bidimensionalidade e tridimensionalidade no design de interiores Nos projetos de arquitetura em geral, e especificamente nas propostas de design de interiores, a forma de representação é um recurso fundamental para a expressão das ideias e o entendimento de cada alternativa. Tanto os desenhos bidimensionais (plantas baixas) como os tridimensionais (perspectivas) são importantes aliados na expressão plástica dos projetos. Veja: Toda forma pictórica começa com o ponto que se põe em movimento […] O ponto se move [...] e nasce a reta — a primeira dimensão. Quando a reta se desloca para formar um plano, obtemos um elemento bidimensional. No movimento do plano para os espaços, o encontro de planos dá surgimento ao corpo (tridimensional). Uma síntese de energias cinéticas que movem o ponto convertendo-o em reta, a reta que se converte em plano e o plano que se converte em uma dimensão espacial (CHING, 2013, p. 65). Assim, todas as formas de representação têm por objetivo a distribuição das partes da proposta em relação ao todo. Para Ching e Eckler (2014), é possível utilizar qualquer sistema de desenho para analisar o contexto e gerar as ideias. Para diagramas em que é necessária a análise de um ponto específico ou não tão abrangente, o desenho bidimensional é um recurso suficiente. Porém, quando a representação e a demonstração exigirem mais detalhes, é importante haver um sistema de expressão tridimensional. Considere o seguinte: 11Expressões plásticas bi e tridimensional Na arquitetura de interiores, os desenhos bidimensionais mais utilizados são a planta baixa e elevações, juntamente com os detalhamentos de mo- biliários, paginação de piso, planta de forro e iluminação. Plantas e ele- vações são representadas pela “principal face de cada vista de um volume retangular [que] é paralela ao plano do desenho” (CHING; JUROSZEK, 2012, p. 121). Cada um deles é a projeção ortogonal de um aspecto particular de objetos ou construções. Essas vistas ortogonais são abstratas, uma vez que não cor- respondem à realidade óptica. Elas são um modo conceitual de representação, baseado mais no que se sabe a respeito de alguma coisa e menos no que é visto a partir de determinado ponto no espaço. Não há referência ao observador, mas, se houver, os olhos do espectador estarão a uma distância infinitamente grande (CHING; JUROSZEK, 2012). A planta baixa representa um corte horizontal do edifício, ou seja, mostra como ele seria visualizado se fosse cortado por um plano que o interceptasse. As plantas baixas demonstram o interior de uma edificação, revelando uma vista que, de outro modo, não seria visualizada. Elas demonstram relações horizontais e padrões que não são detectados facilmente quando se está no interior de uma edificação. Assim, “Em um plano horizontal de desenho, as plantas baixas são capazes de evidenciar a configuração de paredes e pilares, o formato e as dimensões do espaço, o padrão das aberturas (portas e janelas) e as conexões entre os cômodos internos e entre estes espaços e os externos” (CHING; JUROSZEK, 2012, p. 147). Observe a Figura 7, a seguir. Já as elevações ou vistas internas (Figura 8) são projeções ortogonais de um objeto ou de uma construção em um plano de desenho vertical, paralelo a uma de suas faces. Segundo Ching e Juroszek (2012), as elevações diminuem a complexidade tridimensional de um objeto a uma representação bidimen- sional, constituída de altura e largura ou comprimento. Ao contrário de uma planta, uma elevação imita a observação humana em posição ereta e oferece um ponto de observação horizontal. Considere o seguinte: Ainda que as vistas em elevação das superfícies verticais de uma edificação estejam mais próximas da realidade sensorial do que as plantas ou os cortes, elas não conseguem representar a profundidade espacial de um desenho em perspectiva. Portanto, ao desenhar objetos e superfícies em elevação, devemos utilizar alguns recursos gráficos para representar profundidade, curvatura ou obliquidade (CHING; JUROSZEK, 2012, p. 162). Expressões plásticas bi e tridimensional12 Figura 7. Representação de planta baixa bidimensional. Fonte: Ching e Juroszek (2012, p. 147). 13Expressões plásticas bi e tridimensional Figura 8. Representação de elevação. Fonte: Ching e Juroszek (2012, p. 162). Os croquis (Figura 9) são outra tipologia plástica que pode ser utilizada tanto na representação em duas dimensões como na tridimensional. O desenho à mão livre “[...] é a linguagem, a forma de expressão que permite a fluidez entre o pensar e o gesto manual que executa tal pensamento. Ajuda na obser- vação da arquitetura e na assimilação do conhecimento, bem como na sua forma construtiva e seus detalhes” (PAIXÃO, 2014, documento on-line). Na arquitetura de interiores, o desenho à mão livre pode ser expresso a partir de croquis. Segundo Pinhal (2009), um croqui pode ser definido como o Expressões plásticas bi e tridimensional14 Primeiro esboço de um projeto arquitetônico. Um croquis (palavra francesa eventualmente aportuguesada como croqui ou traduzida como esboço ou rascunho) costuma se caracterizar como um desenho de arquitetura, moda ou um esboço qualquer. Um croqui, portanto, não exige grande precisão, refinamento gráfico ou mesmo cuidados com sua preservação, diferente de desenhos finalizados. Costuma ser realizado em intervalos de tempo relati- vamente curtos, como períodos de 10 a 15 minutos. O que costuma ser mais importante no croqui é o registro gráfico de uma ideia instantânea, através de uma técnica de desenho rápida e descompromissada (PINHAL, 2009, documento on-line). Figura 9. Croquis. Fonte: Ching (2017, p. 245). 15Expressões plásticas bi e tridimensional Já nos desenhos tridimensionais, as perspectivas são a forma mais re- presentativa para o design de interiores. A perspectiva surgiu no período do Renascimento e, segundo Malheiros (2011), é uma técnica aplicada em desenhos e pinturas para conferir a eles profundidade e proximidade com o real. Atualmente, existem programas que conseguem gerar volumetrias em três dimensões e, consequentemente, perspectivas. Assim, esse tipo de desenho pode ser feito também por meio do computador, não somente à mão. Você ainda deve notar que as tipologias de expressões plásticas, tanto em duas quanto em três dimensões, não se limitam à fase final de comunicação dos projetos de arquitetura de interiores. Elas têm importante função desde o início das propostas. Independentemente de a ideia ser expressa artística ou tecnicamente, todos os tipos de desenhos servem para comunicá-la e contribuem para facilitar o seu entendimento. A projeção ortográfica é um meio de representar um objeto tridimensional em duas dimensões. Na arquitetura, a projeção ortográfica geralmente assume uma destas três formas: planta baixa, corte ou elevação. Uma planta baixa é o corte horizontal imaginado de um cômodo ou uma edificação a 1,2 m acima do solo ou do nível de piso acabado. Um corte consiste na seção vertical de uma edificação ou espaço. Uma elevação representa a vedação externa da edificação, isto é, sua face ou fachada. As imagens tridimensionais transmitem ideias que não podem ser representadas por desenhos bidimensionais — plantas baixas, cortes e elevações. A representação das três dimensões confere profundidade a uma imagem, tornando-a mais realista. Enquanto algumas representações tridimensionais não passam de croquis, outras adotam abordagens mais precisas. As perspectivas axonométricas e isométricas, por exemplo, são construídas geometricamente (FARRELLY, 2014). 1. Todo desenho bi ou tridimensional se inicia a partir de elementos básicos, que, conforme são desenvolvidos, dão vida às ideias de cada designer. Sobre esses elementos, assinale a alternativa correta. a) O ponto serve como uma referência, marcando uma posição no espaço, podendo ser percebido por meio de sualargura e seu comprimento idênticos. Expressões plásticas bi e tridimensional16 b) Pode-se perceber a composição com plano, reta e ponto à medida que se experimenta as formas dos ambientes e das edificações. c) Uma linha pode ser entendida como a conexão de dois pontos no espaço; sua largura e seu comprimento são uma marcação no espaço. d) Um plano não apresenta profundidade, apenas altura e comprimento, sendo formado por suas perpendiculares. e) A linha, assim como o ponto, não é estática e tem o poder de expressar visualmente o movimento e a direção. 2. Para iniciar uma representação gráfica, os elementos básicos — ponto, reta e plano — são fundamentais, pois é a partir deles que um desenho bidimensional é concebido. Sobre as representações bidimensionais, assinale a alternativa correta. a) Um desenho bidimensional é sinônimo de volume. b) Um desenho bidimensional se estabelece por meio de uma superfície com profundidade. c) Um desenho bidimensional é compreendido como uma expressão com comprimento e altura. d) Um desenho bidimensional tem como principal exemplo o ponto e uma linha. e) Um desenho bidimensional representa fielmente a experiência cotidiana. 3. Um desenho tridimensional se inicia a partir dos elementos básicos que formam, em um primeiro momento, os desenhos bidimensionais. Sobre as expressões plásticas tridimensionais, assinale a alternativa correta. a) Um quadrado e um círculo são exemplos de expressão tridimensional. b) Para representá-las, é necessário saber a profundidade e a altura. c) É possível representá-las por meio da aplicação de valores tonais. d) Podem ser representadas pela variação abrupta de tons escuros. e) São projeções ortográficas geradas por cortes horizontais ou verticais. 4. A técnica da perspectiva contribui para a expressão das ideias, sendo uma forma tridimensional de representação no design de interiores. Sobre esse tipo de desenho, assinale a alternativa correta. a) A perspectiva estimula e instiga diversos pontos de vista. b) A perspectiva ignora as dimensões de profundidade nos desenhos. c) A perspectiva é uma técnica única que não apresenta variações. d) A perspectiva é considerada a técnica mais simples para se usar. e) A perspectiva estabelece relações espaciais básicas e fáceis. 5. O desenho, como linguagem fundamental na arquitetura, é uma forma de expressão de ideias e intenções. Assim, existem vários tipos de desenhos de duas ou três dimensões que são adequados a cada situação 17Expressões plásticas bi e tridimensional e a cada intenção. Sobre as representações bi e tridimensionais, assinale a alternativa correta. a) Os croquis requerem um nível alto de detalhamento com indicação de dimensões. b) Um croqui pode ser definido como a planta baixa final do projeto, precisa e refinada tecnicamente. c) As representações tridimensionais devem ser utilizadas em todos os casos e para todos os contextos e necessidades. d) As representações bidimensionais são indicadas para representar pontos específicos e não tão abrangentes. e) Tanto o croqui como as plantas baixas e elevações são elaborados exclusivamente pelo computador. CHING, F. D. K. Representação gráfica em arquitetura. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2017. CHING, F. D. K. Arquitetura: forma, espaço e ordem. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. CHING, F. D. K.; ECKLER, J. F. Introdução à arquitetura. Porto Alegre: Bookman, 2014. CHING, F. D. K.; JUROSZEK, S. P. Desenho para arquitetos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. FARRELLY, L. Fundamentos de arquitetura. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014. MALHEIROS, T. Você sabe o que é perspectiva? Conexão arte e educação, 17 abr. 2011. Disponível em: <http://conexaoarteeducacao.blogspot.com/2011/04/voce-sabe-o- -que-e-perspectiva.html>. Acesso em: 04 dez. 2018. PAIXÃO, L. A importância do desenho à mão livre. Luciana Paixão, 11 jun. 2014. Dispo- nível em: <https://www.aarquiteta.com.br/blog/carreira-de-arquitetura/importancia- -desenho-a-mao-livre/>. Acesso em: 04 dez. 2018. PINHAL, P. O que é um croqui? Colégio de Arquitetos, 13 fev. 2009. Disponível em: <http:// www.colegiodearquitetos.com.br/dicionario/2009/02/o-que-e-croqui/>. Acesso em: 04 dez. 2018. WONG, W. Princípios de forma e desenho. São Paulo: Martins Fontes, 1998. Conteúdo:
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