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INTERPRETANDO OS RESULTADOS DE TESTES FUNCIONAIS NA PRÁTICA CLÍNICA

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20/10/2017 Portal Secad
https://www.portalsecad.com.br/artigo/5300 1/22
INTERPRETANDO OS RESULTADOS DE TESTES FUNCIONAIS NA
PRÁTICA CLÍNICA
LUCIANA DE MICHELIS MENDONÇA
NATÁLIA FRANCO NETTO BITTENCOURT
MARCELO BANNWART SANTOS
■ INTRODUÇÃO
Na prática clínica da reabilitação/prevenção, os testes funcionais incorporam tarefas e gestos específicos do esporte, permitindo aos fisioterapeutas avaliarem qualitativa e
quantitativamente o desempenho do atleta naquela tarefa específica. Esses testes permitem uma descrição qualitativa do padrão de movimento (por exemplo, bom versus
ruim; instável versus estável), assim como a associação de informações quantitativas relacionadas à tarefa (tempo, força e resistência).
As descrições qualitativas do padrão de movimento permitem julgamentos em relação a:
 
evolução do tratamento;
retorno seguro ao esporte após uma lesão;
identificação de risco para lesão.
Dessa forma, os testes funcionais são uma ferramenta útil e de baixo custo, além de uma prática que pode ser utilizada na clínica para prover informações sobre a habilidade
funcional e de desempenho de segmentos corporais.
Neste artigo, serão apresentados os testes funcionais com evidência na literatura científica. Não se pretende, contudo, esgotar o assunto – uma vez que não se trata de uma
revisão sistemática do tema –, mas apresentar os testes que são mais difundidos na fisioterapia.
■ OBJETIVOS
Após a leitura deste artigo, o leitor será capaz de
 
identificar os principais testes funcionais aplicados na prática fisioterapêutica;
indicar o melhor teste funcional, a ser aplicado de acordo com a condição de saúde do atleta, etapa da reabilitação e objetivo do teste;
interpretar os resultados fornecidos por cada teste funcional;
definir e executar com segurança os passos complementares a serem tomados após a aplicação do teste funcional.
■ ESQUEMA CONCEITUAL
1
2
(home)
O que você procura?
https://www.portalsecad.com.br/home
20/10/2017 Portal Secad
https://www.portalsecad.com.br/artigo/5300 2/22
■ CRITÉRIOS PARA A ESCOLHA DO TESTE FUNCIONAL
Os testes funcionais são aplicados com o objetivo de
 
avaliar a função do indivíduo em tarefas específicas;
identificar possível risco para lesão;
obter parâmetros para a evolução do tratamento fisioterapêutico e para a alta fisioterapêutica.
O fisioterapeuta terá um indicativo da funcionalidade do indivíduo na execução de tarefas específicas que sejam próximas de sua função rotineira. O Quadro 1 traz uma síntese
dos critérios que auxiliam na escolha do teste funcional a ser aplicado.
Quadro 1
ESCOLHA DO TESTE FUNCIONAL
Critérios Avaliação
Objetivo do teste O teste avalia a função geral dos MMII?
O teste avalia a função de uma articulação específica?
O teste tem o poder de predizer alguma lesão?
Condição de saúde do atleta Qual o tipo de lesão em questão: entorse, estiramento?
Qual a estrutura acometida: tendão, ligamento?
Etapa da fisioterapia O teste será aplicado para uma triagem inicial da pré-temporada da equipe esportiva?
O atleta passará por uma avaliação inicial visando ao tratamento?
Trata-se de uma reavaliação para a progressão do tratamento ou é uma reavaliação para identificar critérios para a alta do
tratamento?
MMII: membros inferiores.
No pós-cirúrgico de reconstrução do ligamento cruzado anterior (LCA), opta-se por testes que exijam estabilidade dinâmica da articulação do joelho (hop tests), que devem
ser aplicados de forma progressiva, ou seja, iniciar com testes de menor demanda (single hop test for distance) e seguir com aqueles que exigem mais da articulação do joelho
(triple hop test, figure of 8 hop test).
Como se busca um indicativo da funcionalidade do indivíduo, deve-se evitar aplicar os testes funcionais logo após a execução de testes de força muscular máxima, uma
vez que esses podem interferir nos resultados do teste funcional devido à condição de fadiga muscular. Por exemplo: ao realizar a avaliação em forma de circuito,
escolher a execução dos testes funcionais primeiro e deixar os testes de força por último, ou então esperar, pelo menos, 5min para execução dos testes de força.
O fisioterapeuta pode aplicar os testes funcionais no início ou no final da avaliação fisioterapêutica (desde que não sofram interferência dos testes de força máxima). No
momento de identificar risco de lesão ou determinar a alta ou não do tratamento, é interessante que o fisioterapeuta utilize vários testes funcionais para avaliar diferentes
tarefas e, assim, tomar sua decisão.
Pode ser um equívoco o uso sistemático de apenas um teste na prática clínica, pois o atleta pode ficar familiarizado com a tarefa e ela não refletir necessariamente um
“desafio” (um “teste”) para o sistema musculoesquelético.
■ TESTES FUNCIONAIS DOS MEMBROS INFERIORES E DO TRONCO
Aqui serão apresentados os testes funcionais com evidência na literatura científica e que são mais difundidos na fisioterapia. Serão expostos cada um dos testes funcionais
com a indicação de sua descrição, seguida de informações sobre
 
o que o fisioterapeuta deve observar/analisar;
como interpretar o resultado;
como aplicar os resultados na prática.
Também serão indicados os próximos passos para a continuação da avaliação com testes específicos e o direcionamento de condutas.
TESTE DA ESTRELA
A primeira investigação científica identificada no PubMed foi no ano de 1998 com o objetivo de determinar a confiabilidade do teste da estrela (SEBT, do inglês star excursion
balance test). Um estudo de 2006 reportou o desenvolvimento do teste SEBT modificado – o Y-test – como um teste substitutivo do primeiro.
Para saber mais:
 
O site do PubMed disponibiliza mais informações sobre estes testes e pode ser acessado pelo seguinte link: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/
O indivíduo posiciona o membro inferior (MI) a ser testado (em apoio unipodal) no centro de uma estrela (SEBT) ou “Y” invertido (Y-test), conforme mostram as Figuras
1A-C. Cada “braço” do desenho no chão segue uma escala em centímetros. Orienta-se que o indivíduo busque alcançar a maior distância possível em cada um dos
“braços” (direções) do desenho.
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Figura 1 – A) Direção anterior. B) Direção posteromedial (PM). C) Direção posterolateral (PL).
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Na referida tarefa, o sujeito não pode: tocar o pé fora da linha, descarregar seu peso no pé que toca a linha, desequilibrar e tocar o pé suspenso no solo. No caso de ocorrer
alguma dessas situações citadas, o teste é invalidado e o sujeito deve repeti-lo.
Conforme existe uma especificação de que as direções anterior, PL e PM são aquelas com maior acurácia para predizer lesões dos MMII, os autores recomendam a
utilização do Y-test em vez do teste da estrela, por questões de praticidade e tempo, importante no contexto clínico do fisioterapeuta.
Dessa forma, segue a descrição especificada do Y-test. Antes de iniciá-lo, é necessária a medição do comprimento do MI . Para isso, o examinador deve medir bilateralmente
a distância da espinha ilíaca anterossuperior (EIAS) até a porção mais distal do maléolo lateral. O indivíduo deve iniciar o movimento na direção anterior, seguido das
direções PM e PL.
Hertel e colaboradores demostraram efeito de aprendizado no teste, com o qual a maior distância foi alcançada após a sexta repetição. Nesse sentido, o atleta deve praticar o
Y-test seis vezes em cada direção; após esse treinamento, o atleta realiza três repetições e o examinador registra a maior distância alcançada em cada uma das três direções.
Em termos práticos, a execução do Y-test dura aproximadamente 10min e podem ser avaliados seis atletas em uma hora.
A elaboração da estação de Y-test é simples, bastam três fitas métricas separadas por 135º. Primeiro, coloca-se a fita métrica da direção anterior; em seguida, com um
goniômetro, define-se 135º para, então, colocar as fitas da direção PL e PM. As fitas métricas das direções PM e PL devem ser separadas por 90º.
Podemser observadas diferenças com relação à realização do teste e/ou extração da informação de assimetria, como a posição livre dos membros superiores ou na cintura.
Entretanto, vale ressaltar que é importante manter o mesmo parâmetro de comparação, ou seja, realizar o teste de forma idêntica na avaliação e na reavaliação.
O que observar/analisar
Além de registrar a maior distância alcançada em cada uma das três direções, o examinador deve estar atento para o padrão de movimento do indivíduo, uma vez que esse
padrão pode levar a suspeitas de algum déficit neuromuscular que justifique a eleição de um teste subsequente, por exemplo.
Como interpretar os resultados e aplicá-los na prática
Para ser possível a comparação entre atletas é necessária a normalização do valor da distância (em centímetros) pelo comprimento do MI. Assim, a distância normalizada
corresponde à distância alcançada dividida pelo comprimento do MI (EIAS ao maléolo lateral), multiplicado por 100.
Além disso, é necessário calcular a pontuação composta (composite score) para analisar o desempenho total no teste. Essa pontuação é calculada pela soma das 3 direções
dividida por 3 vezes o comprimento do MI, e o resultado é multiplicado por 100.
A assimetria entre membros é calculada pela diferença absoluta das distâncias para cada direção, ou seja, deve-se subtrair o valor da perna dominante (D) da não dominante
(ND).
O valor de assimetria na direção anterior de 4cm foi identificado para triar indivíduos com instabilidade crônica de tornozelo. Plisky e colaboradores demonstraram que atletas
com assimetria ≥4cm entre pernas, para a distância anterior, e a pontuação composta normalizada <94% tiveram maior probabilidade de lesões nos MMII.
Os valores de referência com 393 atletas foram publicados em 2015 por Stiffler e colaboradores. Nesse estudo, a média da assimetria absoluta (cm) para todos os 8 esportes
foi <4cm. Além disso, a pontuação composta foi <89,6% em 331 dos 393 atletas. Ou seja, se o ponto de corte de 94% do estudo de Plisky e colaboradores for utilizado, 84%
dos atletas estariam em risco de lesão no MI.
Deve-se analisar cuidadosamente a população estudada, assim como outros fatores que podem estar relacionados com o risco de lesões no MI. Apesar dessas
observações, os valores de referência expostos neste artigo podem nortear a tomada de decisão dos fisioterapeutas tanto para a prevenção como para o retorno seguro
ao esporte.
Exemplo do cálculo
Um atleta com 96cm de comprimento de membro realiza o Y-test com os seguintes resultados:
 
perna D: direção anterior = 57cm; PM = 85cm; PL = 89cm;
perna ND: direção anterior = 68cm; PM = 83 cm; PL = 83cm.
Cálculo normalizado (alcance/comprimento da perna)
Perna D: direção anterior = (57/96) = 59,4%; PM = 88,5%; PL = 92,7%.
Perna ND: direção anterior = 70,8%; PM = 86,5%; PL = 86,5%.
Pontuação composta
Perna D.
Cálculo:
 
soma dos valores de cada direção (57 + 85 + 89) ÷ 3 x comprimento MMII (3 x 96) x 100 = (231÷288) x 100 = 0,80 x 100 = 80%.
Perna ND.
Cálculo:
 
soma dos valores de cada direção (68 + 83 + 83) ÷ 3 x comprimento MMII (3 x 96) x 100 = (234÷288) x 100 = 0,81 x 100 = 81%.
Assimetria absoluta
Cálculo:
 
direção anterior = 68 57 = 11cm;
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direção anterior = 68 – 57 = 11cm;
PM = 85 – 83 = 2cm;
PL = 89 – 83 = 6cm.
Interpretação do exemplo
O atleta apresenta a pontuação composta de 80% (D) e 81% (ND), ambos abaixo dos valores de risco para lesão de MMII (94%). Além disso, o atleta também apresenta
assimetria nas direções anterior e PL. A identificação da direção da assimetria é fundamental para guiar, de forma precisa, os trabalhos preventivos ou de reabilitação. Nesse
caso, com limitação anterior e PL, serão necessários estímulos para ganho da amplitude de movimento (ADM) de dorsiflexão e força e controle neuromuscular para os
eversores do tornozelo.
Próximos passos
Uma vez identificada uma assimetria >4cm e/ou pontuação composta <94%, por exemplo, o fisioterapeuta deve investigar quais fatores podem estar associados a esse déficit.
A estabilidade dinâmica dos MMII, que é testada no Y-test, depende de fatores como:
 
força muscular;
cocontração;
flexibilidade;
rigidez passiva de MMII;
estabilidade lombopélvica.
Dessa forma, sugere-se investigar fatores como:
 
força de glúteo máximo e de glúteo médio;
força dos abdominais;
ADM de dorsiflexão;
rigidez passiva do quadril.
PONTE PÉLVICA COM EXTENSÃO DO JOELHO
O indivíduo é posicionado em decúbito dorsal com as mãos colocadas sob a cabeça, quadril e joelhos fletidos e pés apoiados. O fisioterapeuta solicita que o indivíduo
eleve a pelve e estenda um dos joelhos na mesma altura que a coxa do membro contralateral (Figura 2).
Figura 2 – Teste da ponte pélvica com extensão do joelho.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A posição pode ser sustentada por 10s com o objetivo de identificar o padrão de movimento pélvico, considerando a fadiga muscular. Pode-se solicitar 3 repetições com cada
MI para reforçar esse propósito.
O que observar/analisar
O fisioterapeuta deve se posicionar de forma que perceba o ângulo de queda pélvica durante o movimento de elevação da pelve e de extensão do MI (Figura 3). É importante
identificar assimetrias entre lados e se a queda foi leve ou acentuada.
Figura 3 – Ângulo de queda pélvica.
Fonte: Andrade e colaboradores (2012).
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Como interpretar os resultados e aplicá-los na prática
Os indivíduos que apresentam queda pélvica na última série e/ou ao final dos 10s podem apresentar um déficit muscular voltado para a resistência e, portanto, a intervenção
deve ser específica para cumprir essa falha.
Próximos passos
Os indivíduos que apresentam queda pélvica acentuada podem apresentar um déficit de estabilidade lombopélvica, e fatores relacionados a esse atributo devem ser
investigados. Portanto, deve-se, após o teste, investigar fatores específicos, como força de:
 
glúteo máximo;
abdominais;
paravertebrais;
extensores de quadril.
PONTE PARA EXTENSORES DE QUADRIL
O indivíduo é posicionado em decúbito dorsal com as mãos cruzadas no tórax, quadril e joelhos fletidos e pés apoiados. O fisioterapeuta solicita que o paciente coloque
uma das pernas sobre um caixote (altura de 60cm) e mantenha o joelho fletido em 20º. Em seguida, solicita que ele eleve a pelve, mantendo o outro pé sem tocar no
solo e mantendo a flexão de quadril e joelho (Figura 4).
Figura 4 – Ponte para extensores de quadril.
Fonte: Freckleton e colaboradores (2013).
O indivíduo deve elevar a pelve até tocar a mão do terapeuta (posicionada conforme a Figura 4) e descer/repousar no solo. Ele deve realizar o número máximo de repetições
mantendo o padrão de movimento orientado.
O que observar/analisar
O fisioterapeuta deve estar atento à execução do movimento e contabilizar o número de repetições que o indivíduo realiza com cada MI. Se o indivíduo repousar no solo e/ou
não tocar com o joelho em sua mão e/ou alterar a posição orientada no início do teste (por exemplo, estender o joelho do membro apoiado no caixote), o fisioterapeuta deve
interromper a contagem.
Como interpretar os resultados e aplicá-los na prática
Freckleton e colaboradores reportaram que atletas de futebol sem histórico de estiramento de isquiossurais fizeram, em média, 26 repetições. Aqueles que já lesionaram esse
grupo muscular realizaram, em média, 20 repetições. Dessa forma, o teste foi considerado válido para identificar indivíduos com histórico de lesão, e pode ser aplicado na
clínica com esse propósito e/ou como critério de evolução de tratamento.
Próximos passos
Os indivíduos que apresentam uma assimetria acentuada no teste podem manifestar, além de um déficit de força de isquiossurais, fraqueza de extensores de quadril e de
abdominais. Dessa forma, recomenda-se investigar a força de glúteo máximo e de abdominais.
AGACHAMENTO UNIPODALSolicita-se que o indivíduo realize um agachamento unipodal com os braços atrás da nuca ou na cintura (Figura 5) em velocidade autosselecionada.
Figura 5 – Teste do agachamento unipodal.
Fonte: Wyndom e colaboradores (2016).
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O fisioterapeuta se posiciona de frente para o indivíduo para analisar a execução do teste e pode lançar mão de marcadores em referências ósseas para facilitar a visualização.
Pode-se solicitar três repetições ou mais com cada MI para reforçar o propósito de observar o padrão de movimento com a imposição de fadiga muscular.
O que observar/analisar
É importante observar o padrão de execução do indivíduo com cada MI, inclusive comparando-se os lados. Deve-se atentar para
 
alinhamento da articulação do joelho (apresenta valgismo dinâmico?);
rotações dos segmentos da perna e coxa (apresenta rotação medial excessiva?), movimentação da pelve (apresenta queda pélvica?);
rotação de tronco (apresenta rotação ou inclinação do tronco?).
Na Figura 5, por exemplo, é possível observar as diferenças entre lados no mesmo indivíduo: maior adução do quadril e rotação de tronco com a perna direita apoiada.
Como interpretar os resultados e aplicá-los na prática
As alterações no padrão de movimento auxiliam o fisioterapeuta a levantarem hipóteses de disfunções, que devem ser identificadas por meio de testes específicos para esse
fim. Por exemplo, o profissional deve considerar se a presença de adução excessiva de quadril reflete uma fraqueza dos músculos abdutores do quadril. Essa suspeita deve ser
comprovada (ou não) por meio do teste de força dos músculos abdutores do quadril (ou pelo teste de função muscular, que será descrito a seguir).
Próximos passos
O fisioterapeuta poderá realizar novos testes para identificar exercícios específicos para melhora do padrão de movimento no agachamento unipodal. Recomenda-se que,
preferencialmente, não seja treinado o movimento do agachamento com orientações específicas de não medializar o joelho para, por exemplo, evitar o valgismo dinâmico,
uma vez que essa tarefa será aquela utilizada como parâmetro na reavaliação.
AGACHAMENTO NO PLANO INCLINADO
O teste do agachamento no plano inclinado consiste em um agachamento unipodal realizado da extensão completa até 30º de flexão da articulação do joelho com cada
perna em uma rampa de 25 a 30º de inclinação (Figura 6).
Figura 6 – Teste do agachamento no plano inclinado.
Fonte: Zwerver e colaboradores (2007).
O que observar/analisar
O objetivo do teste do agachamento no plano inclinado é avaliar a reatividade do tendão patelar durante a execução do movimento. O fisioterapeuta deve registrar o teste
como positivo quando o indivíduo testado tiver relatado a presença de dor no tendão patelar. Pode-se, de forma complementar, registrar o ângulo no qual o paciente relatou a
dor com um goniômetro para, assim, ter-se um parâmetro quantitativo da função e não apenas do relato de dor.
O referido parâmetro também pode ser utilizado na evolução. Por exemplo: no início da reabilitação, o paciente relatou, na escala visual analógica (EVA), dor = 6 com 40º de
flexão de joelho. Já com 3 semanas de tratamento o relato de paciente foi de EVA = 5, mas com 70º de flexão de joelho, demonstrando grande evolução quantitativa na função
e não apenas na dor. Além disso, é possível observar o padrão de movimento durante o teste e seguir os mesmos parâmetros descritos, anteriormente, no teste do
agachamento.
Como interpretar os resultados e aplicá-los na prática
O teste do agachamento no plano inclinado pode ser utilizado como indexador da evolução clínica de indivíduos com tendinopatia patelar, ou seja, durante a reabilitação –
com a incorporação de uma intervenção que visa à remodelação tecidual (por exemplo, exercícios excêntricos) – espera-se que a capacidade do tendão de lidar com a carga
aumente e, por consequência, a resposta dessa estrutura no teste seja alterada (menores níveis de dor) progressivamente. Pode-se, inclusive, utilizar a EVA durante o teste
para quantificar os níveis de dor do atleta.
Próximos passos
Além da utilização do teste como indexador, o fisioterapeuta poderá realizar novos testes para identificar exercícios específicos para melhora do padrão de movimento no
agachamento unipodal.
LATERAL STEP DOWN
Antes da execução do lateral step down (ou teste do agachamento no step), a altura do step deve ser ajustada para que o indivíduo faça 60º de flexão de joelho, pois o pé
oposto ao do teste deve encostar no chão como ponto de referência. Além disso, para facilitar a análise do alinhamento do teste, é indicado colar um marcador na
tuberosidade da tíbia.
O indivíduo deve posicionar o pé na borda frontal do step de 20cm e a perna oposta deve ficar fora do step até atingir o chão, fazendo uma dorsiflexão (Figuras 7A e B).
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Figura 7 – Lateral step down. Indivíduo com desempenho bom no teste (A) e indivíduo com desempenho moderado no teste (B).
Fonte: Rabin e Kozol (2010).
O examinador orienta o indivíduo a colocar a mão na cintura, manter o tronco ereto e encostar o pé oposto na madeira ou no chão, sem fazer descarga de peso nessa
perna. Após encostar o pé no chão, o indivíduo deve imediatamente re-estender o joelho da perna de apoio. É recomendado realizar 5 repetições de treinamento para,
em seguida, fazer as 5 repetições do teste.
O que observar/analisar
O examinador deve pontuar o desempenho no teste de acordo com uma escala de 6 pontos, desenvolvida por Piva e colaboradores Os indivíduos podem ser alocados em
duas categorias, de acordo com o padrão de movimento no teste:
 
bom (0 a 1 ponto);
moderado (2 ou mais pontos).
O Quadro 2 mostra os critérios de pontuação do teste.
Quadro 2
CRITÉRIOS PARA PONTUAÇÃO DO TESTE LATERAL STEP DOWN
Critério Interpretação Pontuação
Estratégia de MMSS Retirar a mão da cintura 1
Alinhamento do tronco Inclinação em qualquer direção 1
Plano pélvico Perda do plano horizontal 1
Posição do joelho TTA medial ao segundo dedo
TTA à borda medial do pé
1
2
Equilíbrio no apoio Sujeito apoia a perna não testada ou pé oscilando lado a lado 1
MMSS: membros superiores; TTA: tuberosidade tibial anterior.
A escala apresentada tem confiabilidade registrada com κ de 0,59 (0,61 a 0,80 – considerado a concordância substancial) e percentual de concordância de 83% entre os
examinadores.
Como interpretar os resultados e aplicá-los na prática
O principal objetivo do teste de agachamento no step é a análise do padrão de movimento durante a tarefa. O uso do Quadro 2 facilita essa análise; com o registro dos critérios,
é possível comparar o padrão antes e depois de uma intervenção de prevenção ou reabilitação.
Próximos passos
A análise do padrão de movimento é o primeiro passo; em seguida, são necessários outros testes para identificar a causa da alteração do padrão de movimento, como, por
exemplo:
 
força e rigidez dos rotadores laterais do quadril;
ADM de dorsiflexão;
alinhamento perna-antepé;
força dos abdutores do quadril.
SALTO VERTICAL
Solicita-se que o indivíduo realize um salto vertical com os braços na cintura em velocidade autosselecionada.
O fisioterapeuta se posiciona de frente para o indivíduo para analisar a execução do teste e pode lançar mão de marcadores em referências ósseas para facilitar a visualização.
Pode-se solicitar 3 repetições consecutivas ou não para reforçar o propósito de observar o padrão de movimento com a imposição de fadiga muscular. Existem diferentes tipos
de salto a serem executados. O que se descreve aqui é conhecido na literatura como drop jump (Figuras 8A e B).
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Figura 8 – A e B) Drop jump.
Fonte: Nilstad e colaboradores (2014).
Pode ser executado o countermovement jump (Figuras 9A-C), no qual o indivíduo salta saindo de um caixote e, ao aterrissar, consequentementerealiza um novo salto.
Figura 9 – A-C) Countermovement jump.
Fonte: Wise Coach (2016).
O que observar/analisar
É importante observar o padrão de execução do indivíduo na impulsão e na aterrissagem, principalmente pela presença ou não do valgismo dinâmico de joelhos (Figuras 10A e
B). Deve-se atentar para a presença de rotações dos segmentos da perna e da coxa, a movimentação da pelve e do tronco.
Figura 10 – Teste do salto vertical. Diferença entre padrões: maior valgismo (A) e maior rotação de tronco (B).
Fonte: Bittencourt e colaboradores (2012).
Como interpretar os resultados e aplicá-los na prática
A presença do valgismo dinâmico é apontada como fator de risco para rupturas do LCA. Deve-se observar, por exemplo, se a presença de uma rotação medial
excessiva da coxa ou da perna, ou, ainda, se a presença do valgismo dinâmico acontece.
O teste do salto vertical auxilia o fisioterapeuta a levantar hipóteses de disfunções, que devem ser identificadas por meio de testes específicos para esse fim. Deve-se observar,
por exemplo, se a presença do valgismo dinâmico acontece pela fraqueza de rotadores laterais do quadril. Essa suspeita deve ser comprovada (ou não) por meio do teste de
força dos músculos rotadores laterais do quadril ou do teste de função, que será tratado a seguir.
Próximos passos
O fisioterapeuta poderá realizar novos testes para identificar exercícios específicos para melhora do padrão de movimento no salto. Recomenda-se que, preferencialmente, não
seja treinado o movimento do salto e que haja orientações específicas para não medializar o joelho, a fim de evitar o valgismo dinâmico, uma vez que essa tarefa será aquela
utilizada como parâmetro na reavaliação.
HOP TESTS
Os hop tests são testes de saltos unipodais realizados com a finalidade de avaliar funcionalmente o joelho. Originalmente descritos para avaliação em pós-operatórios de LCA,
hoje alguns desses testes são utilizados para avaliação de tornozelos com instabilidade funcional e mecânica São critérios que determinam a escolha do tipo de hop test:
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hoje alguns desses testes são utilizados para avaliação de tornozelos com instabilidade funcional e mecânica. São critérios que determinam a escolha do tipo de hop test:
 
a fase da lesão ou cirurgia;
as características do sistema musculoesquelético (incluindo histórico de lesões);
as demandas exigidas do indivíduo;
o perfil funcional do indivíduo;
a idade do indivíduo;
a experiência clínica do fisioterapeuta.
Single hop test for distance
O pé do MI a ser testado deve estar atrás da linha inicial. Após o comando verbal do avaliador, o paciente realiza um salto horizontal unipodal – o mais distante possível
da linha inicial – e aterrissa no mesmo membro, mantendo-se equilibrado por 2s (Figura 11A). Os membros superiores devem ficar livres e são realizados três saltos em
cada MI, sendo o primeiro de familiarização e os dois seguintes de mensuração.
Figura 11 – A) Single hop test. B) Triple hop test. C) Crossover hop test. D) Timed hop test.
Fonte: Schmitt e colaboradores (2012).
O que observar/analisar
Deve-se avaliar a distância total atingida em centímetros. A comparação é realizada entre os membros e o valor utilizado é a média dos dois saltos em centímetros.
Triple hop test for distance
O pé do MI a ser testado deve estar atrás da linha inicial. Após o comando verbal do avaliador, o paciente realiza três saltos horizontais, unipodais e consecutivos,
sobre uma linha de 15cm de largura – o mais distante possível da linha inicial – e aterrissa no mesmo membro, mantendo-se equilibrado por 2s (ver Figura 11B). Os
membros superiores devem ficar livres e são realizados três saltos em cada MI, sendo o primeiro de familiarização e os dois seguintes de mensuração.
O que observar/analisar
Deve-se avaliar a distância total atingida em centímetros (da linha inicial até o final do último salto). A comparação é realizada entre os membros e o valor utilizado é a média
dos dois saltos em centímetros.
Crossover hop test for distance
O pé do MI a ser testado deve estar atrás da linha inicial. Após o comando verbal do avaliador, o paciente realiza 3 saltos horizontais, unipodais e consecutivos,
cruzando uma linha de 15cm de largura – o mais distante possível da linha inicial – e aterrissa no mesmo membro, mantendo-se equilibrado por 2s (ver Figura 11C). Os
membros superiores devem ficar livres e são realizados três saltos em cada MI, sendo o primeiro de familiarização e os dois seguintes de mensuração. São realizadas
duas séries de saltos em cada MI.
O que observar/analisar
Deve-se avaliar a distância total atingida em centímetros (da linha inicial até o final do último salto). A comparação é realizada entre os membros, e o valor utilizado é a média
dos dois saltos em centímetros.
Timed hop test
O pé do MI a ser testado deve estar atrás da linha inicial. Após o comando verbal do avaliador, o paciente realiza saltos horizontais, unipodais consecutivos, a uma
distância de 6m, na maior velocidade possível (ver Figura 11D). Os membros superiores devem ficar livres e são realizadas três séries de saltos em cada MI, sendo a
primeira de familiarização e as duas seguintes de mensuração.
O que observar/analisar
Deve-se avaliar o tempo total em centésimos de segundo. A comparação é realizada entre os membros e o valor utilizado é a média de tempo entre as duas séries de saltos.
Vertical hop test
Em um primeiro momento, o paciente deve ficar de lado a uma parede e elevar o braço, atingindo o ponto mais alto dessa parede para determinar o alcance máximo na
posição em pé. Em um segundo momento, em apoio unipodal, o paciente deve realizar um salto vertical – na maior altura possível – tocando a parede com a mão
ipsilateral no ponto mais alto possível, e aterrissar no mesmo MI, mantendo-se equilibrado por 2s (Figuras 12A-C). Utiliza-se giz na ponta dos dedos para marcar a
parede nos dois momentos. São realizados três saltos em cada MI, sendo o primeiro de familiarização e os dois seguintes de mensuração.
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Figura 12 – Vertical hop test. Altura máxima atingida em repouso (A), início do salto (B) e altura máxima atingida com o salto (C).
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
O que observar/analisar
Deve-se avaliar a distância entre a primeira marcação na parede (altura máxima atingida em pé) e a segunda marcação (altura máxima atingida saltando) para comparação
bilateral. A comparação é realizada entre os membros e o valor utilizado é a média dos dois saltos em centímetros.
Figure of 8 hop test
O avaliador deve colocar dois cones a uma distância de 5m. Após comando verbal do avaliador, o paciente deve realizar duas voltas fazendo o número 8 pelos cones,
com saltos unipodais consecutivos, o mais rápido possível (Figura 13A). Os membros superiores devem ficar livres e são realizadas três séries de saltos em cada MI,
sendo a primeira de familiarização e as duas seguintes de mensuração.
Figura 13 – A) Figure of 8 hop test. B) Side hop test. C) Up-down test.
Fonte: Docherty e colaboradores (2005).
O que observar/analisar
Deve-se avaliar o tempo total em centésimos de segundo. A comparação é realizada entre os membros e o valor utilizado é a média entre as duas séries de saltos.
Side hop test
O avaliador deve colar duas fitas no chão com 30cm de distância uma da outra. O paciente deve colocar o pé do membro a ser avaliado ao lado de uma das fitas e
realizar 10 saltos laterais consecutivos, ultrapassando a distância entre as fitas, na maior velocidade possível (ver Figura 13B). Os membros superiores devem ficar
livres e são realizadas três séries de saltos em cada MI, sendo a primeira de familiarização e as duas seguintes de mensuração.
O que observar/analisar
Deve-se avaliar o tempo total em centésimos de segundo. A comparação é realizada entre os membros, eo valor utilizado é a média das duas séries de salto.
Up-down hop test
O paciente deve ficar de frente a um degrau de 20cm de altura e, após comando verbal do avaliador, deverá realizar 10 saltos unipodais consecutivos, para cima e para
baixo do degrau, o mais rápido possível (ver Figura 13C).
 
Os MMSS devem ficar livres e são realizadas três séries de saltos em cada MI, sendo a primeira de familiarização e as duas seguintes de mensuração.
O que observar/analisar
Deve-se avaliar o tempo total em centésimos de segundo. A comparação é realizada entre os membros e o valor utilizado é a média entre as duas séries de saltos.
Hop tests: próximos passos
Apesar de muito utilizados como critério funcional de joelho, principalmente em pacientes submetidos à reconstrução do LCA, as propriedades clinemétricas ainda
apresentam evidências conflitantes na literatura. Medidas como confiabilidade, concordância, validade de constructo e responsividade não são totalmente estudadas nos testes
apresentados. Ainda não se sabe o quanto os hop tests podem predizer futuras relesões de joelho ou se existem diferenças minimamente detectáveis pelos testes
apresentados quando aplicados em tempos distintos.
Como interpretar os resultados e aplicá-los na prática
N l b d i i l t d í di d i t i d b (LSI d i lê li b t i d ) t f ê i d lid d 85%
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Noyes e colaboradores, originalmente, descreveram que o índice de simetria do membro (LSI, do inglês limb symmetry index) tem como referência de normalidade 85%.
Ou seja, o membro operado deve atingir no mínimo 85% da distância (máxima ou média) do membro sadio. Esse índice de normalidade é muito discutido e, atualmente, o
considerado ideal é de 90%.
Cálculo do LSI
Originalmente, esses testes foram descritos para avaliação funcional de joelho. Contudo, Docherty e colaboradores utilizaram o figure of 8 hop test e o side hop test para
avaliação de tornozelo.
Sensibilidade de alguns hop tests
O Quadro 3 apresenta a sensibilidade de alguns dos hop tests apresentados.
Quadro 3
SENSIBILIDADE DOS TESTES
Hop tests Sensibilidade
Single hop test 52%
Triple hop test 50%
Crossover hop test 58%
Timed hop test 49%
FUNCTIONAL MOVEMENT SCREENING
O functional movement screening (FMS) tem sido utilizado para avaliação funcional global dos atletas e foi descrito por Grey Cook e colaboradores. O desenvolvimento do
FMS foi fundamentado na premissa da interdependência entre as articulações (cadeia cinética): uma alteração de movimento em uma determinada articulação pode influenciar
lesões ou disfunções em outras articulações.
Preconiza-se que a reabilitação não deve ser focada apenas na região lesionada; ao contrário, a cadeia cinética do atleta deve ser considerada e todo o corpo deve ser
envolvido no processo de recuperação com o objetivo de retornar o atleta ao nível mais alto de desempenho esportivo.
Descrição do teste
O FMS é composto por sete padrões de movimento multiarticular, desenvolvidos para avaliar e pontuar movimentos funcionais, incorporando sequência de movimentos dos
MMII e dos MMSS, que requerem coordenação e estabilidade do tronco e da pelve. Além disso, esses testes incorporam vários domínios do movimento humano, como força,
controle motor, equilíbrio e simetria.
Cook e colaboradores descrevem os sete padrões, conforme seguem:
 
1. agachamento com os braços estendidos sobre a cabeça;
2. passo sobre barreira;
3. agachamento alternado (avanço) sobre linha;
4. mobilidade da cintura escapular;
5. elevação ativa unilateral de perna estendida;
6. flexão de cotovelo com estabilidade do tronco;
7. estabilidade rotacional.
Para cada movimento, o atleta recebe uma pontuação, que é obtida a partir de quatro notas numeradas de 0 a 3 pontos: 0 é a pior pontuação (com presença de dor na
execução) e 3 é a melhor pontuação (o movimento é desenvolvido corretamente). A pontuação máxima é de 21 pontos.
A sequência dos testes está descrita na Figura 14.
Figura 14 – Testes que compõem o FMS.
Fonte: Freire (2013).
A confiabilidade do FMS tem sido reportada com valores de 0,30 a 0,89 e as variações são dependentes da experiência do avaliador – os novatos possuem menores valores
do coeficiente de confiabilidade intraclasse (CCI).
É fundamental o treinamento do FMS, assim como a avaliação da confiabilidade intraexaminador e interexaminador para as situações em que vários fisioterapeutas
avaliam um grupo de atletas. Esses procedimentos são necessários para garantir a reprodutibilidade dos resultados e a comparação entre atletas e após intervenções.
Como interpretar os resultados e aplicá-los na prática
Os dados normativos do FMS foram publicados por Schneiders e colaboradores e a média da pontuação composta foi de 15,7 em 21 (índice de confiabilidade [IC] = 15,4 a
15,9), sem diferença significativa entre homens e mulheres. Alguns estudos têm demonstrado que atletas com pontuação inferior a 14 estão mais propensos a desenvolver
lesões musculoesqueléticas ao longo de uma temporada. Entretanto, a amostra desses estudos é pequena (n = 38 atletas), e futuras investigações em atletas devem ser
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realizadas a fim de confirmar essas associações.
Em uma população de não atletas (n = 770 homens e n = 275 mulheres), um estudo com cadetes demonstrou poder preditivo limitado do FMS, pois a acurácia prognóstica do
teste foi baixa para homens e moderada para mulheres.
Próximos passos
Após a aplicação do FMS, é necessária uma avaliação detalhada para identificar quais componentes estão associados à restrição e/ou alteração do padrão de movimento
como:
 
restrição da ADM de dorsiflexão;
fraqueza de glúteo médio ou máximo;
encurtamento de isquiossurais.
Limitações
O FMS é uma triagem de padrão de movimento e, assim, não informa ao profissional quais fatores devem ser utilizados na intervenção preventiva ou de reabilitação. Por
exemplo, na prática clínica é comum observar atletas com pontuação normal do FMS – mas que possuem mau alinhamento do antepé e/ou rigidez alterada no quadril –
desenvolverem lesões como tendinopatia patelar e estiramento muscular. Além dessa limitação, para ter a certificação do FMS, é necessário fazer o curso pago,
comprometendo, assim, o custo-benefício desse teste funcional.
O FMS é apenas uma triagem e o fisioterapeuta do esporte não deve usá-lo como única ferramenta de avaliação.
 
1. Com relação aos objetivos da aplicação dos testes funcionais, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).
( ) Avaliar a força muscular.
( ) Ter parâmetros para evolução do tratamento fisioterapêutico.
( ) Avaliar a função do indivíduo em tarefas específicas.
( ) Ter parâmetros para a alta fisioterapêutica.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
 
A) V – F – F – V
B) F – V – V – V
C) F – F – F – V
D) V – F – F – F
Confira aqui a resposta
 
2. Sobre o teste da estrela, assinale a alternativa INCORRETA.
A) Foi desenvolvido primeiro que o Y-test.
B) Possui maior quantidade de direções a serem alcançadas em relação ao Y-test.
C) É usado, assim como o Y-test, exclusivamente para predizer entorse de tornozelo.
D) Captura, assim como o Y-test, a distância alcançada com um dos MMII em diferentes direções.
Confira aqui a resposta
 
3. A “força de glúteo máximo” e a “força de oblíquos abdominais” são informadas pelo teste da ponte pélvica com extensão de joelho? Explique.
Confira aqui a resposta
 
4. O teste da ponte modificada pode ser aplicado com o objetivo de
A) informar sobre a função muscular dos isquiotibiais.
B) mensurar a força muscular de abdominais.
C) mensurar a força muscular dos extensores de quadril.
D) identificar instabilidade lombopélvica.
Confira aqui a resposta
 
5. Sobre o lateral step down, assinale a alternativa correta.
A) Antes da execução do teste, a altura do step deve ser ajustada paraque o indivíduo faça 30º de flexão de joelho.
B) O indivíduo deve posicionar o pé na borda frontal do step de 10cm, e a perna oposta deve ficar fora do step até atingir o chão, fazendo uma dorsiflexão.
C) O examinador orienta o indivíduo a colocar a mão na cintura, manter o tronco ereto e encostar o pé oposto na madeira ou no chão, sem fazer descarga de peso
nessa perna.
D) A recomendação é que o indivíduo realize 5 repetições de treinamento para, em seguida, fazer as 10 repetições do teste.
Confira aqui a resposta
 
6. As alterações do padrão de movimento em testes como o agachamento unipodal e o salto vertical indicam algumas suspeitas que devem ser investigadas. Observe
as afirmativas e indique as suspeitas e os testes a serem executados para sua investigação.
I – Adução excessiva da coxa durante o agachamento: teste de força dos músculos abdutores do quadril da perna de apoio.
II – Rotação medial excessiva da coxa durante a aterrissagem do salto vertical (bilateral): teste de força dos músculos rotadores laterais do quadril bilateral.
III – Adução excessiva da coxa durante o agachamento: teste de força dos músculos adutores do quadril da perna de apoio.
IV – Rotação medial excessiva da coxa durante a aterrissagem do salto vertical (bilateral): teste de força dos músculos rotadores mediais do quadril bilateral.
Quais estão corretas?
 
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I, a II e a III.
C) Apenas a I, a II e a IV.
D) Apenas a II, a III e a IV.
Confira aqui a resposta
 
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ATIVIDADES
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7. Existem diversos hop tests que são aplicados na prática clínica. Assinale a alternativa que NÃO é um critério que pode auxiliar na escolha do tipo de hop test a ser
aplicado.
A) Perfil funcional do indivíduo.
B) Idade do indivíduo.
C) Histórico de lesões do indivíduo.
D) Sexo do indivíduo.
Confira aqui a resposta
 
8. Sobre o FMS, assinale a alternativa correta.
A) O uso de tecnologia faz dele uma ferramenta de alto custo para a clínica.
B) Sua confiabilidade varia de 0,5 a 1,0.
C) A sua grande vantagem é a avaliação geral de alterações do padrão de movimento.
D) O seu uso deve ser exclusivo na clínica, não sendo necessário teste complementar.
Confira aqui a resposta
 
9. Quantos são os padrões de movimento multiarticular desenvolvidos para avaliar e pontuar os movimentos funcionais no FMS?
A) Cinco.
B) Seis.
C) Sete.
D) Oito.
Confira aqui a resposta
 
■ TESTES COMPLEMENTARES DE FUNÇÃO APLICADOS NA PRÁTICA CLÍNICA
Aqui, serão expostos testes que são utilizados de forma corriqueira na prática clínica dos autores do presente artigo. Alguns podem ser indicados como parte complementar
àqueles descritos anteriormente, como os de função muscular.
FUNÇÃO DO GLÚTEO MÁXIMO
Para avaliar a função do glúteo máximo, pede-se ao paciente que se posicione em decúbito ventral; adução e rotação lateral do quadril a ser testado e joelho no MI
ipsilateral em flexão, de forma que o dorso do pé repouse na fossa poplítea do MI contralateral (Figura 15).
Figura 15 – Teste de função do glúteo máximo. Posição inicial.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Note-se que o MI a ser testado fica sem o apoio da maca (o fisioterapeuta deverá dar um suporte na região da pelve para evitar a queda do indivíduo). Deve-se solicitar
ao indivíduo que realize a elevação do joelho no sentido do teto, na maior amplitude possível, mantendo a pelve apoiada na maca quantas vezes conseguir (Figura 16).
Figura 16 – Teste de função do glúteo máximo. Posição final.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
O que observar/analisar
O fisioterapeuta deverá observar as possíveis compensações realizadas, como:
 
a rotação do tronco;
a elevação da pelve;
a extensão do quadril;
a força contra a maca com a perna não testada;
a redução da ADM da perna testada (em comparação à primeira repetição).
O fisioterapeuta deverá registrar detalhadamente o número de repetições realizadas, partindo de qual repetição as compensações começaram a surgir.
Os indivíduos com restrição de ADM de rotação do quadril (por exemplo, aqueles com retroversão do colo femoral) podem, desde a primeira repetição, apresentar uma ADM
reduzida no teste, que deve ser considerada como parâmetro de comparação. O fisioterapeuta terá em mãos resultados de cada MI avaliado e poderá extrair dados de
assimetria, conforme fórmula indicada anteriormente.
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O parâmetro de comparação do teste de função do glúteo máximo é do indivíduo com ele mesmo. Dessa forma, o fisioterapeuta terá um parâmetro objetivo de um teste
que busca indexar a função do músculo glúteo máximo. Esse parâmetro poderá nortear as condutas ao longo da reabilitação a partir do momento em que o
fisioterapeuta aplique esse mesmo teste em uma reavaliação.
Próximos passos
O fisioterapeuta poderá indicar exercícios específicos para melhora da função do glúteo máximo. Recomenda-se que, preferencialmente, não deve ser priorizado o treino desse
músculo na mesma posição/tarefa que o teste indica, uma vez que essa tarefa será aquela utilizada como parâmetro na reavaliação.
FUNÇÃO DO GLÚTEO MÉDIO
No teste de função do glúteo médio, pede-se ao paciente que fique em decúbito lateral, com os braços cruzados no tronco e o MI não testado com leve flexão de
quadril e de joelho (Figura 17).
Figura 17 – Teste de função do glúteo médio.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Nesse teste, o fisioterapeuta poderá adicionar carga, como, por exemplo, uma caneleira de 2kg (ver, adiante, Figura 22) para aumentar a demanda no teste. Deve-se solicitar
ao sujeito que realize a elevação do MI a ser testado no sentido do teto, até o nível indicado pela mão do avaliador (geralmente por volta de 30° de adução do quadril).
O que observar/analisar
O fisioterapeuta deverá observar as possíveis compensações realizadas, como:
 
a rotação do tronco;
a flexão do quadril (compensação tradicional – Figura 18);
a flexão lateral do tronco (uso do quadrado lombar no movimento);
a redução da ADM.
Figura 18 – Compensação no teste de função do glúteo médio.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
O fisioterapeuta deverá registrar o número de repetições realizadas, com detalhamento, sobre a partir de qual repetição as compensações começaram a surgir.
Como interpretar os resultados e aplicá-los na prática
O fisioterapeuta terá em mãos os resultados de cada MI avaliado e poderá extrair dados de assimetria conforme fórmula indicada anteriormente.
O parâmetro de comparação do teste de função do glúteo médio é do indivíduo com ele mesmo. Dessa forma, o fisioterapeuta terá um parâmetro objetivo (de um teste
que busca indexar a função do músculo glúteo médio) que poderá nortear as condutas ao longo da reabilitação a partir do momento em que o fisioterapeuta aplique
esse mesmo teste em uma reavaliação.
Próximos passos
O fisioterapeuta poderá indicar exercícios específicos para melhora da função do glúteo médio. Recomenda-se que, preferencialmente, não deve ser priorizado o treino desse
músculo na mesma posição/tarefa que o teste indica, uma vez que essa tarefa será aquela utilizada como parâmetro na reavaliação.
FUNÇÃO DE OBLÍQUOS ABDOMINAIS
Paciente em decúbito dorsal, com os braços atrás da cabeça, flexão de quadril e de joelho e pés apoiados no solo (Figura 19). O indivíduo deverá manter a cervical em
postura neutra durante a execução do teste de função de oblíquos abdominais. Solicitar ao paciente que realize a rotação do tronco, como se quisesse levar o cotovelo
ao joelho contralateral na maior amplitude possível. Observe que o ele não deverá realizar flexão anterior do tronco.
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Figura 19 – Teste de função de oblíquos abdominais.
Fonte: Leite (2016).
O que observar/analisar
O fisioterapeuta deverá observar as possíveis compensações realizadas, como a flexão anterior do tronco, a adução do quadril contralateral e a redução daADM. Além
disso, deverá registrar o número de repetições realizadas, com detalhamento, sobre a partir de qual repetição as compensações começaram a surgir.
Como interpretar os resultados e aplicá-los na prática
O fisioterapeuta terá em mãos os resultados de cada porção do músculo avaliado e poderá extrair dados de assimetria conforme a fórmula indicada anteriormente.
O parâmetro de comparação do teste de função de oblíquos abdominais é do paciente com ele mesmo. Dessa forma, o fisioterapeuta terá um parâmetro objetivo de um
teste que busca indexar a função do músculo oblíquo abdominal. Esse parâmetro poderá nortear as condutas ao longo da reabilitação a partir do momento em que o
fisioterapeuta aplique esse mesmo teste em uma reavaliação.
Próximos passos
O fisioterapeuta poderá indicar exercícios específicos para melhora da função dos oblíquos abdominais. Recomenda-se que, preferencialmente, não deve ser priorizado o treino
desse músculo na mesma posição/tarefa que o teste indica, uma vez que essa tarefa será aquela utilizada como parâmetro na reavaliação.
CASO CLÍNICO
Um atleta de futebol de campo, do sexo masculino, 23 anos de idade, foi submetido à reconstrução do LCA do joelho direito com enxerto de flexores há sete meses e
encontra-se na fase final da reabilitação. Atualmente, apresenta ADM de flexão e de extensão completas, força muscular (pico de força isocinética) de flexores e
extensores de joelho com déficit à direita de 17 e 12%, respectivamente.
 
O atleta realiza treinamento evolutivo de campo há dois meses, sem grandes assimetrias e disfunções aparentes para as mudanças de direção e salto/aterrissagem. Foi
submetido a uma bateria de testes funcionais para salto (Tabela 1).
Tabela 1
TESTE DO CASO CLÍNICO
Testes Média MID Média MIE LSI (%)
Single hop test (cm) 119,02 132,21 90,02
Triple hop test (cm) 369,38 408,32 90,46
Crossover hop test (cm) 280,45 335,01 83,71
Timed hop test (cs) 304 277 91,11
Vertical hop test (cm) 23,22 25,30 91,77
Side hop test (cs) 641 545 85,02
Up-down hop test (cs) 583 484 83,01
Figure of 8 hop test (cs) 1.305 1.082 82,91
MID: membro inferior direito; MIE: membro inferior esquerdo; LSI : índice de simetria do membro.
Fonte: Noyes e Barber (1991).
Interpretação dos testes
Os testes funcionais utilizam como padrão de normalidade aceitável um LSI entre 85 e 90%. Os resultados apresentados demonstram um LSI aumentado no crossover hop
test, no up-down hop test, no figure of 8 hop test e um LSI limítrofe no side hop test.
No quadro atual, o atleta apresenta algumas assimetrias leves e estaria liberado para aumentar a carga de treinamento do gestual esportivo; contudo, sugere-se uma atenção
especial para exercícios de controle neuromuscular e de estabilidade do joelho, visando à redução desses déficits para parâmetros dentro da normalidade.
Os testes funcionais devem fazer parte dos critérios de retorno ao esporte e nunca podem ser levados em conta isoladamente.
Outros critérios também devem ser levados em conta para a alta do paciente, tais como:
 
sinais clínicos (dor, derrame articular, testes ligamentares e instabilidade funcional);
ADM;
força muscular;
cinesiofobia;
controle motor.
■ TESTES FUNCIONAIS DE MEMBROS SUPERIORES E CINTURA ESCAPULAR
As medidas funcionais para os MMSS ainda não são universalmente aceitas devido à grande variação de demanda de diferentes esportes em relação aos MMSS
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As medidas funcionais para os MMSS ainda não são universalmente aceitas devido à grande variação de demanda de diferentes esportes em relação aos MMSS.
Devido à ausência de algum teste padrão-ouro para a avaliação dos MMSS, os fisioterapeutas utilizam alguns testes de força para mensurar o resultado após a
reabilitação, uma vez que a força é um componente fisiológico básico de uma tarefa funcional. Essas medidas de força são, geralmente, utilizadas na clínica com boa
confiabilidade e como parâmetro para assimetria entre membros envolvidos e não envolvidos.
As medidas de força não foram confirmadas por estudos científicos como tendo valor para retorno ao esporte. Além disso, a identificação isolada de força, mobilidade e dor
não necessariamente traduz a capacidade funcional do paciente. Dessa forma, as medidas funcionais devem ser utilizadas de forma complementar às medidas de força,
flexibilidade e mobilidade para se obter uma visão mais completa da capacidade do paciente, possibilitando um conjunto de informações de vários domínios (ou constructos) do
sistema musculoesquelético que irão guiar uma intervenção mais efetiva tanto na reabilitação quanto na prevenção.
O corpo funciona como uma unidade dinâmica durante atividades esportivas e AVDs, e a avaliação clínica da força e da mobilidade, de forma isolada, pode ser
limitada para identificar as habilidades funcionais dos indivíduos.
Durante a reabilitação de lesões dos MMSS, são utilizados vários exercícios em cadeia cinética fechada (CCF), pois estes podem melhorar a estabilidade articular com
menor força de cisalhamento na articulação glenoumeral (GU), devido ao aumento da cocontração muscular. Nesse sentido, os exercícios em CCF podem permitir estímulos
de resistência com baixa aceleração e grandes forças de compressão, aumentando, assim, a congruência articular. Esses estímulos podem melhorar a dor e permitir retorno
mais rápido após uma lesão, no caso de atletas.
Prokopy e colaboradores reportaram melhora na velocidade do arremesso em atletas que realizaram, exclusivamente, exercícios em CCF para MMSS (3x por semana),
enquanto o grupo de exercícios em cadeia cinética aberta (CCA) não obteve melhoras significativas.
Tendo em vista a importância desses exercícios em CCF e a necessidade da avaliação funcional dos MMSS, a seguir serão abordados dois testes funcionais para os MMSS:
o close kinetic chain upper extremity stability test (CKCUEST) e o Y-test para quadrante superior (UQYBT, do inglês upper quarter Y balance test).
CLOSE KINETIC CHAIN UPPER EXTREMITY STABILITY TEST
O CKCUEST foi o primeiro teste utilizado para análise da capacidade funcional dos MMSS em cadeia fechada.
O paciente deve ficar na posição de prancha (push-up) e o fisioterapeuta deve, durante 15s, contar quantas vezes o atleta consegue tocar a mão de suporte com a
outra mão que está flutuando (Figuras 20A e B). O teste também pode ser adaptado para a posição ajoelhada em atletas/pacientes do sexo feminino. Além disso, é
necessário fixar duas fitas adesivas no chão com 36 polegadas (91,4cm) de distância entre elas.
Figura 20 – A) Posição de prancha (push-up) para o teste em homens. B) Posição modificada para teste em mulheres.
Fonte: Tucci e colaboradores (2014).
A confiabilidade intrassessão e interssessão do CKCUEST tem sido reportada como excelente: CCI >0,75 e CCI >0,85. O erro padrão da medida (SEM, do inglês standard
error of the mean) foi reportado de 1,45 a 2,76 toques e a diferença mínima detectável (MDC, do inglês minimal detectable change) de 2,05 a 3,91 toques.
É importante ressaltar que os resultados desses estudos foram obtidos com amostras de indivíduos sedentários, de indivíduos ativos e de indivíduos com síndrome do impacto
(SI).
O que observar/analisar
O valor registrado do CKCUEST é a média de três séries de 15s, com intervalo de 45s entre cada série. Somente são aceitas as repetições nas quais o atleta mantém a
posição de prancha com o tronco reto; o MMSS de apoio deve manter-se perpendicular ao chão durante toda a execução do teste. Outra forma de reportar o resultado é por
meio da pontuação normalizada, obtida com a divisão do número de toques pela altura do indivíduo.
Como interpretar os resultados e aplicá-los na prática
Os valores da MDC auxiliam o fisioterapeuta a interpretar as evoluções na reabilitação, uma vez que as reais mudanças entre as sessões somente devem ser consideradas
com a seguinte pontuação:
 
>4 toques para pacientes sedentários e ativos;
3 toques para pacientes com SI.
 
Para o grupode homens, as mudanças podem ser consideradas reais com a seguinte pontuação:
 
>2 toques para pacientes sedentários;
3 para pacientes ativos e com SI.
A capacidade preditiva foi identificada por Pontillo e colaboradores, os quais demonstraram – em atletas de softball – que valores <21 toques foram preditivos de lesão, com
alta sensibilidade (0,79) e especificidade (0,83). Além disso, os atletas que obtiveram valores abaixo do ponto de corte foram 18 vezes mais propensos a ter lesão do ombro. Os
valores de referências do CKCUEST são apresentados na Tabela 2.
Tabela 2
VALORES DE REFERÊNCIA DO CKCUEST
Sexo Sedentários Ativos SI Atletas Referência
Mulheres 20,5 27,9 12 – Ellenbecker e colaboradores
Homens 18,5 25,6 10 30,4 (beisebol sem lesão);
22,5 (com lesão).
Roush e colaboradores
SI: síndrome do impacto.
Limitação
37
37
LEMBRAR
37
38
39
34,35
2
2 1
2
2
40
41
42
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Limitação
O CKCUEST impõe grandes forças no punho, no cotovelo e no ombro, em uma posição com a qual a população em geral não está habituada. Assim, alguns indivíduos
reportaram dor após o teste, mesmo sem queixa prévia de dor.
Para pacientes com SI, não há impedimento para a realização do teste CKCUEST, mas este não deve ser realizado na fase inicial do tratamento.
São necessárias força e estabilidade de tronco para a execução desse teste, e pacientes com disfunção nessas regiões podem não ser bons candidatos a realizá-lo.
Finalmente, uma importante limitação é o fato de esse teste avaliar os dois MMSS, simultaneamente, impedindo a detecção de assimetrias de desempenho entre membros.
Y-TEST PARA AVALIAR O DESEMPENHO DO QUADRANTE SUPERIOR EM CADEIA CINÉTICA FECHADA
O UQYBT é proposto como um teste que provê informações relacionadas com desempenho, força e mobilidade do quadrante superior.
Antes de iniciar o UQYBT, é necessário mensurar o comprimento dos MMSS. Para isso, o ombro deve ser abduzido a 90º com o cotovelo estendido e o punho e mão
na posição neutra. A fita métrica deve ser posicionada no processo espinhoso de C7 até a ponta do dedo médio. O indivíduo deve ficar na posição de prancha (push-up)
– com os pés afastados em, no máximo, 12 polegadas (30,48cm) – e realizar alcance máximo com a mão livre nas três direções: medial, laterossuperior e lateroinferior
(Figuras 21A-C).
Figura 21 – A) Direção medial. B) Direção laterossuperior. C) Direção lateroinferior.
Fonte: Westrick e colaboradores (2012).
Devem ser realizados três alcances para a familiarização antes de iniciar a coleta dos dados. A confiabilidade reportada por Westrick e colaboradores foi de CCI de 0,92.
O que observar/analisar
A média de três repetições deve ser registrada e a soma das três direções deve ser usada para a pontuação da excursão total. Além disso, para normalizar pelo comprimento
do MMSS, a pontuação composta foi calculada como é mostrado a seguir.
Como interpretar os resultados e aplicá-los na prática
Em uma amostra de 30 estudantes saudáveis, não foi reportada assimetria entre os membros dominante e não dominante. Esses resultados podem servir de base para
interpretações clínicas, pois, se algum paciente ou atleta apresentar assimetria entre os membros, será necessária uma investigação de outros fatores para identificar
intervenções para reduzir a assimetria.
O valor preditivo do UQYBT ainda não foi testado; independente disso, esse teste é uma ferramenta útil para avaliação clínica do desempenho funcional dos MMSS de forma
unilateral, provendo informações sobre assimetria que podem guiar a tomada de decisão para retorno seguro ao esporte, assim como a evolução do processo de reabilitação.
Próximos passos
Ao identificar assimetria ou valores normalizados abaixo da média do grupo em questão, o fisioterapeuta deve avaliar a mobilidade e a flexibilidade da GU (por exemplo,
medir a rigidez da cápsula posterior e/ou a rotação medial da GU). Além disso, pode ser necessária a avaliação da força dos músculos escapulares (trapézio inferior, serrátil e
romboide), assim como a força do manguito rotador.
RITMO ESCAPULOUMERAL
Por meio do ritmo escapuloumeral (REU), é possível identificar a discinesia escapular (DE), caracterizada por alteração visível na posição e no padrão de movimento
escapular. A DE é, comumente, associada com lesão no ombro, instabilidades e SI.
A seguir, será apresentada uma estruturação para a observação sistematizada do REU para guiar, de forma efetiva, o tratamento e a prevenção das lesões no ombro.
Descrição do teste
McClure e colaboradores propuseram que o paciente deve fazer cinco movimentos de flexão anterior da GU e cinco movimentos de adução com resistência externa (1,4kg
para pacientes com até 68kg e 2,3kg para pacientes pesando mais de 68kg), para provocar as alterações na escápula e ser mais similar às AVDs de trabalhadores atletas.
O que observar/analisar
O fisioterapeuta deve observar três categorias de DE: normal, anormalidade sutil e anormalidade óbvia (Quadro 4). Nessa nova classificação, a confiabilidade foi boa e o teste
pode ser usado na clínica.
Quadro 4
TESTE PARA DISCINESIA ESCAPULAR: DEFINIÇÕES E ESCALA
Escala Características
Normal Flexão e adução normal ou um desses movimentos com anormalidade sutil.
Anormalidade sutil Flexão e adução com disritmia e alamento leve (movimentos inconstantemente presentes).
Anormalidade óbvia Flexão e/ou adução com disritmia e alamento óbvios.
Fonte: McClure e colaboradores (2009).
Como interpretar os resultados e aplicá-los na prática
Para o REU ser considerado normal, a escápula deve estar estável, sem alamento e com
 
mínimo movimento de 30 a 60° de elevação da GU;
rotação superior contínua;
2
42
42
37
37
37
37
37
37
37
43,44
40
45
45
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retorno da rotação de forma controlada.
Entretanto, se houver alteração do REU , ou seja, discinesia, deve-se classificar o REU da seguinte forma:
 
Anormalidade sutil – a escápula demonstra elevação e protração precoce e excessiva, movimento abrupto durante elevação e retorno, além de alamento (borda medial
e/ou ângulo inferior proeminente). Essas alterações estão presentes, mas de forma leve.
Anormalidade óbvia – o alamento e a discinesia são identificados de forma acentuada, sem dúvida para o avaliador.
Próximos passos
Após a identificação da discinesia, o fisioterapeuta deve avaliar, de forma específica, os possíveis fatores associados a essa disfunção escapular, como:
 
encurtamento da cápsula posterior;
alteração de ativação do serrátil e do trapézio inferior;
encurtamento do grande dorsal e dos rotadores laterais da GU.
CASO CLÍNICO
Um atleta de ginástica artística, de 23 anos de idade, com história de SI no ombro direito, com carga de treinamento de 4 horas diárias, 6x/semana, foi submetido a uma
avaliação pré-temporada com os seguintes testes e resultados:
 
CKCUEST com valor acima de 30 repetições;
UQYBT com diferença (assimetria absoluta) de 11cm entre lados;
REU normal;
teste específico de trapézio inferior e serrátil;
redução da estabilidade escapular quando GU era posicionada a 120°, com o atleta em decúbito dorsal e em posição de crucifixo.
Interpretação dos testes
De acordo com os dados de referência do CKCUEST, o atleta apresenta valores acima do normal. Entretanto, no UQYBT, foi possível identificar a assimetria, sendo o lado
direito pior em relação ao esquerdo. Nesse sentido, é necessária uma avaliação detalhada de força do trapézio inferior e serrátil, principalmente na posição de uso dos gestos
do atleta.
No caso, o atleta apresentava dor moderada no ombro direito, no movimento de crucifixo, exatamente no momento em que o trapézio inferior perdia sua capacidade de
estabilização da escápula. Quando a escápula era reposicionada, a dor reduzia para zero.
Tendo em vista esses resultados da avaliação pré-temporada, foi possível desenvolver exercícios preventivos individualizados para adequar a capacidade da cinturaescapular
com a alta demanda da ginástica artística. Dessa forma, a aplicação de testes funcionais, associada a testes específicos durante a pré-temporada, foi fundamental para guiar a
prevenção e disponibilizar informações de base para comparações futuras em caso de possível lesão ou queixas na articulação GU.
■ PROCEDIMENTOS PARA A CONFIABILIDADE
Existe, ainda, uma grande discussão em relação à confiabilidade e à validação dos testes, principalmente quando esses são utilizados como critérios de retorno ao esporte.
Muitos desses testes não possuem avaliação de suas propriedades de medida, o que impossibilita o entendimento real sobre a interpretação dos dados oferecidos por eles no
que diz respeito a
 
reprodutibilidade;
capacidade de detecção de alterações mínimas ao longo do tempo;
efeitos piso/teto;
capacidade de resposta externa (validade externa).
A Figura 22 apresenta a planilha do Excel utilizada no procedimento de confiabilidade.
Figura 22 – Planilha utilizada no procedimento de confiabilidade.
Dentro desse panorama, o ideal seria, ao menos, a determinação da confiabilidade dos testes funcionais para avaliar a real reprodutibilidade dos dados coletados durante a
execução desses testes. O Quadro 5 apresenta os procedimentos para a confiabilidade.
Quadro 5
PROCEDIMENTOS PARA A CONFIABILIDADE DOS TESTES
O primeiro passo: ler os testes e ficar atento aos detalhes da execução.
No primeiro dia:
treinar o teste;
ver posicionamento e dificuldades;
manter o padrão de execução feito pela referência do teste;
fazer o treino em, pelo menos, três pessoas (pacientes, familiares etc.);
não se preocupar em anotar os valores.
Em outro dia: se ainda estiver inseguro ou com dúvidas, fazer mais treino com as pessoas, seguindo o passo a passo do teste e usando as referências (artigos).
Após o treinamento: fazer o procedimento de coleta dos valores para a confiabilidade. Ter em mente que será preciso, no mínimo, três pessoas para serem avaliadas bilateralmente, as
quais deverão ter disponibilidade para serem avaliadas em dois dias diferentes (dia 1/teste e dia 2/reteste da planilha do Excel), com intervalo de três dias entre as duas coletas, no
mínimo.
No dia 1: coletar os três valores (três repetições do mesmo teste) do sujeito 1 e anotar na planilha do Excel (ver Figura 22):
na linha em amarelo, anotar o nome do teste;
na linha 2, anotar o nome do avaliador e a data do dia 1;
na linha 5 (Suj 1 D), anotar valor da perna direita;
na linha 6 (Suj 1 E), anotar valor da perna esquerda.
Deve-se repetir os lados e anotar os valores da repetição 2 e 3 na próxima coluna, como indicado no Excel. Fazer o mesmo procedimento do teste 1 com as outras duas pessoas.
Após três dias: repetir os mesmos testes com as mesmas pessoas do dia 1, na mesma ordem, ou seja, Suj 1 deve estar na mesma linha nos dias 1 e 2.
Para calcular o valor do CCI, construir uma planilha no Excel (ver formato da planilha na Figura 22) e inserir a seguinte fórmula na coluna L
=SE(SOMA($E$4:$E$10;$J$4:$J$10)>0;PEARSON($E$4:$E$10;$J$4:$J$10);""). Nas colunas E e J, inserir a fórmula de média automática do Excel, pois o cálculo do CCI é feito usando
as médias.
Cada teste deve ter um conjunto de dados diferente, ou seja, devem-se fazer as confiabilidades dos testes que serão utilizados na clínica.
Os valores de referência do CCI são:
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Os valores de referência do CCI são:
<0,40 = baixo;
entre 0,40 e 0,79 = bom;
>0,80 = excelente.
Tendo em vista que os testes são clínicos, são recomendados os valores superiores a 0,90.
CCI: coeficiente de confiabilidade intraclasse.
Fonte: Adaptado de Fleiss (1986).
 
10. Analise as afirmações quanto ao teste de função do glúteo máximo.
I − Nesse teste, o MI a ser testado fica sem o apoio da maca.
II − As possíveis compensações realizadas incluem abdução do tronco, da pelve e do quadril.
III − O parâmetro de comparação do teste é do indivíduo com ele mesmo.
Quais estão corretas?
 
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I e a III.
C) Apenas a II e a III.
D) A I, a II e a III.
Confira aqui a resposta
 
11. Com relação à descrição do teste de função de oblíquos abdominais, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).
( ) O indivíduo deverá manter a cervical em postura neutra durante a execução do teste.
( ) O sujeito deve realizar a rotação do tronco, como se quisesse levar o cotovelo ao joelho contralateral na maior amplitude possível.
( ) O indivíduo deverá, ainda, realizar flexão anterior do tronco.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
 
A) V − F − V
B) F − V − F
C) V − V − F
D) F − F − V
Confira aqui a resposta
 
12. São parâmetros para a identificação da capacidade funcional de MMSS do paciente:
A) Força muscular isolada.
B) Mobilidade articular isolada.
C) Presença de dor.
D) Medidas funcionais associadas a força, flexibilidade e mobilidade.
Confira aqui a resposta
 
13. No CKCUEST, o paciente deve ficar na posição de prancha (push-up). O fisioterapeuta deve contar quantas vezes o atleta consegue tocar a mão de suporte, com a
outra mão que está flutuando, durante
A) 10s.
B) 15s.
C) 20s.
D) 25s.
Confira aqui a resposta
 
14. Observe as afirmativas sobre o CKCUEST.
I − Grande imposição de forças no punho, no cotovelo e no ombro.
II − Restrição para pacientes com SI na fase inicial do tratamento.
III − Demanda de força e estabilidade de tronco para a execução do teste.
Quais estão corretas?
 
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I e a III.
C) Apenas a II e a III.
D) A I, a II e a III.
Confira aqui a resposta
 
15. Sobre a execução do Y-test para MMII, assinale a alternativa INCORRETA.
A) Antes de iniciar o teste, é necessário mensurar o comprimento dos MMSS.
B) O ombro deve ser abduzido a 90º, com o cotovelo estendido e o punho e a mão na posição neutra para medir o comprimento dos MMSS.
C) O indivíduo deve ficar na posição de prancha (push-up), com os pés afastados por, no máximo, 12 polegadas.
D) O indivíduo deve realizar alcance máximo com a mão livre em uma direção de escolha.
Confira aqui a resposta
 
16. Analise as afirmativas sobre a interpretação do teste REU.
I − No REU considerado normal, a escápula pode apresentar alamento leve.
II − Na anormalidade sutil, a escápula demonstra elevação e protação precoce e excessiva.
III − Na anormalidade óbvia, o alamento e a discinesia são identificados de forma acentuada.
Quais estão corretas?
 
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a II e a III.
C) Apenas a I e a III.
D) A I, a II e a III.
Confira aqui a resposta
46
ATIVIDADES
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Confira aqui a resposta
 
■ CONCLUSÃO
Os testes funcionais são ferramentas úteis no dia a dia da fisioterapia esportiva. Por meio de avaliação qualitativa, esses testes podem direcionar a evolução do tratamento
fisioterápico, principalmente nas fases mais avançadas em que é estimulado o controle motor. A avaliação quantitativa dá parâmetros objetivos sobre a evolução funcional,
podendo ser utilizada como critério de alta para o retorno ao esporte.
Um aspecto importante em relação aos testes funcionais é que, antes da sua execução, pode-se realizar a familiarização, que consiste no treinamento do gestual motor que
será realizado durante o teste. Alguns autores discordam desse conceito, sobretudo no que diz respeito aos hop tests, devido à possibilidade de o aprendizado motor
influenciar nos resultados desses testes, podendo, assim, diminuir a sua sensibilidade (por exemplo, em pós-operatórios de reconstrução do LCA).
Outro fator relevante é que os testes funcionais apresentam baixo custo e são de fácil execução, não sendo necessários muitos instrumentos para a sua realização. Apesar
disso, ressalta-se a necessidade do desenvolvimento de mais estudos para analisar a real aplicabilidade clínica e a validade desses testes.
■ RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS
Atividade 1
Resposta: B
Comentário: O principal objetivo ao aplicar testes funcionais,na fisioterapia, é ter um indicativo da funcionalidade do indivíduo na execução de tarefas específicas. Além disso,
os testes funcionais − especialmente aqueles que geram dados objetivos − podem ser usados como parâmetros para evolução do tratamento e alta fisioterapêutica.
Atividade 2
Resposta: C
Comentário: A primeira investigação científica identificada no PubMed foi no ano de 1998, com o objetivo de determinar a confiabilidade do teste da estrela. Um segundo estudo
reportou o desenvolvimento do Y-test, com um menor número de direções a serem alcançadas, como um teste substitutivo do primeiro. Plisky e colaboradores identificaram
que os atletas com assimetria >6% têm 6,5 vezes mais chance de lesionar os MMII, não somente relacionando esse teste à entorse de tornozelo.
Atividade 3
Resposta: Não. Os indivíduos que apresentam queda pélvica acentuada podem apresentar um déficit de estabilidade lombopélvica e fatores relacionados a esse atributo
devem ser investigados (como força muscular), pois somente são levantadas suspeitas com a aplicação do teste da ponte.
Atividade 4
Resposta: A
Comentário: O teste da ponte modificada não serve para medir a força muscular, mas pode informar sobre a função muscular, dependendo da incapacidade do atleta em elevar
a pelve. Freckleton e colaboradores reportaram que atletas de futebol sem histórico de estiramento de isquiossurais fizeram, em média, 26 repetições. Aqueles que já
lesionaram esse grupo muscular realizaram, em média, 20 repetições. Dessa forma, o teste foi considerado válido para identificar indivíduos com histórico de lesão de
isquiossurais. Portanto, não é possível dizer que identifica instabilidade lombopélvica.
Atividade 5
Resposta: C
Comentário: Antes da execução do teste, a altura do step deve ser ajustada para que o indivíduo faça 60º de flexão de joelho, pois o pé oposto ao do teste deve encostar no
chão como ponto de referência. O indivíduo deve posicionar o pé na borda frontal do step de 20cm, e a perna oposta deve ficar fora do step até atingir o chão, fazendo uma
dorsiflexão. Após encostar o pé no chão, o indivíduo deve, imediatamente, reestender o joelho da perna de apoio. É recomendado realizar cinco repetições de treinamento
para, em seguida, fazer as 5 repetições do teste.
Atividade 6
Resposta: A
Comentário: As alterações no padrão de movimento auxiliam o fisioterapeuta a levantar hipóteses de disfunções, as quais devem ser identificadas por meio de testes
específicos para esse fim. Por exemplo, o profissional deve considerar se a presença de adução excessiva de quadril reflete uma fraqueza dos músculos adutores do quadril,
assim como a presença de rotação medial excessiva de quadril pode estar relacionada com uma fraqueza dos músculos rotadores laterais do quadril. Essa suspeita deve ser
comprovada (ou não) por meio do teste de força (ou de função) dos músculos adutores do quadril.
Atividade 7
Resposta: D
Comentário: As características do sistema musculoesquelético (incluindo histórico de lesões), as demandas exigidas do indivíduo e a experiência clínica do fisioterapeuta
determinam a escolha do teste. Sexo, isoladamente, não é um fator que pesa na escolha de qual hop test executar.
Atividade 8
Resposta: C
Comentário: O FMS é uma avaliação de alterações de padrão de movimento muito útil na clínica, sem uso de tecnologia, facilitando o custo-benefício. Sua confiabilidade varia
de 0,30 a 0,89. Entretanto, o FMS não indica possíveis intervenções de forma clara, ou seja, são necessários outros testes para verificar a causa da alteração do padrão de
movimento.
Atividade 9
Resposta: C
Comentário: O FMS é composto por sete padrões de movimento multiarticular, desenvolvidos para avaliar e pontuar movimentos funcionais, incorporando sequência de
movimentos dos MMII e MMSS, que requerem coordenação e estabilidade do tronco e da pelve. Além disso, esses testes incorporam vários domínios do movimento humano
como força, controle motor, equilíbrio e simetria. Cook e colaboradores descrevem os sete testes: agachamento com os braços estendidos sobre a cabeça; passo sobre
barreira; agachamento alternado (avanço) sobre linha; mobilidade da cintura escapular; elevação ativa unilateral de perna estendida; flexão de cotovelo com estabilidade do
tronco e estabilidade rotacional.
Atividade 10
Resposta: B
Comentário: A alternativa II está incorreta, pois as possíveis compensações incluem rotação do tronco, elevação da pelve, extensão do quadril, força contra a maca com a
perna não testada e redução da ADM da perna testada.
Atividade 11
Resposta: C
Comentário: O indivíduo não deverá realizar flexão anterior do tronco.
Atividade 12
Resposta: D
Comentário: A identificação isolada de força, mobilidade e dor não necessariamente traduz a capacidade funcional do paciente. Dessa forma, as medidas funcionais devem ser
utlizadas de forma complementar às medidas de força, flexibilidade e mobilidade para se obter uma visão mais completa da capacidade do paciente, possibilitando um conjunto
de informações de vários domínios (ou constructos) do sistema musculoesquelético, que irão guiar uma intervenção mais efetiva tanto na reabilitação quanto na prevenção.
Atividade 13
Resposta: B
Comentário: No CKCUEST, o paciente deve ficar na posição de prancha (push-up) e o fisioterapeuta deve contar, durante 15s, quantas vezes o atleta consegue tocar a mão
de suporte com a outra mão que está flutuando. O teste também pode ser adaptado para a posição ajoelhada em atletas/pacientes do sexo feminino. Além disso, é necessário
fixar duas fitas adesivas no chão com 36 polegadas (91,4cm) de distância entre elas.
Atividade 14
Resposta: D
Comentário: O CKCUEST impõe grandes forças no punho, no cotovelo e no ombro em uma posição que a população em geral não está habituada. Assim, alguns indivíduos
reportaram dor após o teste, mesmo sem queixa prévia de dor. Entretanto, para pacientes com SI, não há impedimento para a realização do teste, que não deve ser realizado
47
3
10
20/10/2017 Portal Secad
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na fase inicial do tratamento. Além disso, é necessário força e estabilidade de tronco para a sua execução, e pacientes com disfunção nessa região podem não ser bons
candidatos a realizá-lo. Por fim, uma importante limitação é o fato de esse teste avaliar os MMSS simultaneamente, impedindo a detecção de assimetrias de desempenho entre
membros.
Atividade 15
Resposta: D
Comentário: Antes de iniciar o teste, é necessário mensurar o comprimento dos MMSS. Para isso, o ombro deve ser aduzido a 90º, com o cotovelo estendido e o punho e a
mão na posição neutra. A fita métrica deve ser posicionada no processo espinhoso de C7 até a ponta do dedo médio. O indivíduo deve ficar na posição de prancha (push-up),
com os pés afastados por, no máximo, 12 polegadas (30,48cm) e realizar alcance máximo com a mão livre nas três direções (medial, laterosuperior e lateroinferior). Devem ser
realizados três alcances para a familizarização antes de se iniciar a coleta dos dados.
Atividade 16
Resposta: B
Comentário: Para o REU ser considerado normal, a escápula deve estar estável, com mínimo movimento de 30 a 60º de elevação da GU, rotação superior contínua e retorno
da rotação de forma controlada. Sem alamento. Entretanto, se houver alteração do REU, ou seja, discinesia, deve-se classificar o REU como: 1) anormalidade sutil − a
escápula demonstra elevação e protação precoce e excessiva, movimento abrupto durante elevação e retorno, além de alamento (borda medial e/ou ângulo inferior
proeminente). Essas alterações estão presentes, mas de forma leve; 2) anormalidade óbvia − o alamento e a discinesia são identificados de forma acentuada, sem dúvida para
o avaliador.
■ REFERÊNCIAS
1. Sciascia A, Uhl T. Reliability of strength and performance tesing measures and their ability to differentiate persons with and without shoulder symptoms. Int J Sports Phys
Ther. 2015 Oct;10(5):655-66.
2. Tucci HT, Martins J, Sposito GC, Camarini PMF, Oliveira AS. Closed Kinetic

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