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LARISSA MENEZES – TÉC. CIRÚRGICAS E ANESTESIO BLOQUEIO ANESTÉSICO DO NEUROEIXO OU ESPINHAIS: RAQUIANESTESIA E PERIDURAL De um forma geral se refere ao bloqueio da raqui ou peridural São os mais utilizados na pratica clinica anestésica Bloqueio sensitivo e motor adequado a cirurgia, o bloqueio simpático é uma consequência e não o objetivo A técnica da coleta do liquor para exame de meningite é o mesmo da raquianestesia Quimioterapia/terapia intratecal também é o espaço da raqui, o espaço subaracnóideo ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL A nível cervical não realiza punçoes A raqui só realiza abaixo de L2 de preferencia A peridural pode realizar em qualquer outro espaço Abaixo de T10 (torácico baixo) a técnica é semelhante a técnica da lombar Flexão ventral do paciente no momento da punção: ampliar os espaços entre as apófises espinhosas, espaço entre uma vertebra e outra, permitindo mais sucesso Corte transversal da vertebra: o 3: canal vertebral, onde está presente a medula espinal Corte sagital: o Ligamento supraespinhoso: une os processos espinhosos posteriormente o Ligamento interespinhoso: entre duas apófises espinhosas o Ligamento amarelo: composto por fibras elásticas densas, mais rígido, percebe facilmente quando alcança ele com a agulha MEDULA ESPINHAL E ENVOLTÓRIOS LARISSA MENEZES – TÉC. CIRÚRGICAS E ANESTESIO A agulha atravessa a pele, o tecido celular subcutâneo (agulha mais móvel), o ligamento supraespinhoso (agulha mais firme), o ligamento interespinhoso e o ligamento amarelo (mais espesso), ao ultrapassar o ligamento amarelo chega no espaço peridural, após ele tem a dura-máter ESPAÇO PERIDURAL ➢ Virtual ➢ Tecido conjuntivo frouxo e vasos ➢ 2 a 4mm de diâmetro ➢ Ao depositar o anestésico no espaço peridural, anestesia as raízes espinhais, é a anestesia peridural ➢ Não avança a dura-máter ➢ Pode fazer em qualquer nível da coluna, dá preferência aos torácicos baixos pela curvatura da coluna BLOQUEIO DA RAQUIANESTESIA ➢ Ultrapassa a dura-máter e normalmente a aracnoide ➢ O anestésico é depositado no espaço subaracnóideo ➢ Sente perder a resistência da dura-máter ➢ Presença de liquor MEDULA ESPINHAL Na peridural não tem perigo porque é até o ligamento amarelo Na raquianestesia precisa saber os limites, porque vai além da dura-máter Na vida fetal todo o espaço do canal vertebral é ocupado pela coluna, na vida intrauterina a medula tem um crescimento mais lento que o ósseo, com migração craniana da medula em relação ao conteúdo do canal vertebral. Quando o bebê nasce a medula termina em L3, por volta dos 2 anos de idade a medula alcança L1 e finaliza no corpo vertebral de L1 90% das pessoas tem a medula terminando em L1, por isso não deve realizar raquianestesia acima de L1 Após a medula terminar tem filetes nervosos, a cauda equina, que inervam o canal vertebral, algumas pessoas relatam “choque” em direção a perna, o que significa que a agulha aproximou da cauda equina, mas sem risco de lesão neurológica permanente 10% tem a medula terminando em L3, por isso na duvida faz abaixo de L3, no espaço L3-L4 Pode haver necessidade cirúrgica de puncionar acima de L3, por isso ao perceber que ultrapassou a dura-máter e observa se vem o liquido Observar qualquer parestesia no paciente e recuar caso haja LARISSA MENEZES – TÉC. CIRÚRGICAS E ANESTESIO DERMÁTOMOS CUTÂNEOS Área da pele inervada por fibras nervosas espinhais que se originam de um único gânglio dorsal O nervo espinal sai da medula e vai passar pelo forame entre a vertebra superior e a inferior. Esse nervo tem uma representação em cada superfície do nosso corpo em relação a sensibilidade BLOQUEIO NEURONAL DIFERENCIADO ➢ É um bloqueio sequencial, é bloqueado primeiro o mais fino ➢ O primeiro bloqueio é o simpático: vasodilatação, paciente fica quente; com algodão gelado vai testando a área do paciente que está alterada ➢ Simpático (2 a 6) → Sensitivo (2 a 3) → Motor ➢ A raquianestesia é mais rápida que a peridural ➢ O bloqueio do simpático é mais alto que o do sensitivo, causando hipotensão e bradicardia no paciente, por isso não se realiza bloqueio espinhal sem acesso venoso, porque isso pode ser rápido e precisa de correção NÍVEIS CUTÂNEOS MÍNIMOS SUGERIDOS PARA RAQUIANESTESIA ➢ T12: crista iliaca ➢ T10: cicatriz umbilical ➢ T8: rebordo costal ➢ T6: apofise do osso esterno ➢ T4: linha intermamária ➢ T2: manubrio esternal LOCAL DA CIRURGIA NÍVEL Membros inferiores T12 Quadril T10 Vagina, utero T10 Bexiga, prostata T10 Membros inferiores com torniquete T8 Testículos, ovários T8 Intra-abdominal inferior T6 Outros locais intra-abdominais T4 ➢ Exemplo da prática: cirurgia de ovário que precisa do bloqueio sensitivo no mínimo em T8, testa o algodão gelado, no braço da paciente estava gelado, em T8 estava quente, em T6 também já estava quente e em T4 estava gelado, então define que o bloqueio sensitivo térmico estava em T6. O SN simpático tem uma distribuição toracolombar, ou seja, vai dos nervos espinhais torácicos até os lombares. Se o bloqueio sensitivo estava em T6, o bloqueio simpático pode esta até 6 níveis mais altos, podendo ter um bloqueio simpático total. Normalmente a diferença são de 2 metâmeros, se o bloqueio sensitivo está em T6 o simpático vai até T4, mas pode ser de até 6 metâmeros superiores USO CLÍNICO INDICAÇÕES ➢ Ginecológicos ➢ Obstétricos ➢ Proctologicos ➢ Urológicos ➢ Membros inferiores LARISSA MENEZES – TÉC. CIRÚRGICAS E ANESTESIO ➢ Analgesia pós operatória (peridural com cateter): tórax, abdome, membros inferiores ➢ No geral tudo do tórax para baixo pode realizar um bloqueio espinhal VANTAGENS ➢ Analgesia maior que o tempo cirúrgico: como nas ortopédicas ➢ Menor interferência da função pulmonar ➢ Menor sangramento ➢ Menor incidência de tromboembolismo ➢ Menor reação endócrino metabólica ao trauma CONTRA-INDICAÇÕES À ANESTESIA NO NEUROEIXO ➢ Absolutas: • Recusa do paciente • Infecção localizada na pele do local a ser puncionado: risco de levar bactérias para o SNC • Sepse generalizada • Coagulopatia • Hipertensão intracraniana: risco de herniação do tronco cerebral e morte do paciente ➢ Relativas: • Desordens psicológicas e neurológicas, anatômicas: Alzheimer, com cirurgias previas da coluna com hastes metálicas • Infecção localizada em região periférica a técnica regional • Bacteremia • Lombalgia crônica • Hipovolemia: pode fazer PCR, é relativa porque pode corrigir a hipovolemia antes do bloqueio EFEITOS DOS BLOQUEIOS NEURAXIAIS Tanto a raquianestesia quanto a peridural vão causar os mesmos efeitos desde que alcancem a mesma extensão do bloqueio, a diferença é o tempo de latência, na raqui o tempo de alterações é mais rápido CARDIOVASCULAR ➢ Hipotensão ➢ Bradicardia ➢ Diminuição do retorno venoso ➢ Diminuição da resistência vascular periférica ➢ Diminuição da contratilidade cardíaca (T1 a T4) RESPIRATÓRIO ➢ Bloqueio sensitivo até T4 não tem interferência na ventilação espontânea, níveis mais altos tem bloqueio da respiração acessória TRATO GASTROINTESTINAL ➢ Aumento da motilidade intestinal ➢ Discinesia gástrica: náusea e vômitos SISTEMIA NEUROENDÓCRINO Atenuação da resposta neuroendócrina metabólica ao trauma Bloqueio da liberação de ACTH, cortisol, adrenalina, noradrenalina, vasopressina Sistema renina/angiotensina/aldosterona SISTEMA URINÁRIO ➢ Diminuição do fluxo sanguíneo renal dependente do debito cardíaco ➢ Bexiga: bloqueio sacral (S2-S4) gera atonia vesical (dificuldade de esvaziamento da bexiga) ➢ Bloqueio eferente simpático(T5-S1): aumento do tônus do esfíncter ➢ Paciente pode ficar com dificuldade de urinar algumas horas depois da anestesia PREPARO DO PACIENTE VISITA PRÉ-ANESTÉSICA ➢ Consentimento informado ➢ Contra indicação ➢ Medicação pré-anestésica PREPARO DO MATERIAL ➢ Agulhas, seringas, drogas ➢ Fonte de oxigênio ➢ Aparato para ventilação ➢ Laringoscópio e laminas ➢ Tubos endotraqueais, guias, cânulas de guedel, cateteres para venopunção MONITORES E DESFIBRILADOR OBS: Gestantes não podem ser sedadas porque vai passar para o feto TÉCNICA ANESTÉSICA LARISSA MENEZES – TÉC. CIRÚRGICAS E ANESTESIO POSICIONAMENTO ➢ Linha imaginaria passando pela crista ilíaca do paciente, normalmente cai em L4 ou no espaço entre L3 e L4 ➢ Linha de Tuffier: une as duas cristas ilíacas a nível de L4 normalmente AGULHAS ➢ Na peridural a agulha é mais grossa, com a ponta romba para ter menos riscos de ultrapassar a dura-máter. Permitem a passagem de um cateter fino por dentro dela ➢ Enquanto está no ligamento amarelo o embolo tem resistência ➢ São descartáveis, de uso único e bem afiadas ➢ Possuem uma luz por onde administra o anestésico TÉCNICA DE ALCANCE ANESTÉSICOS UTILIZADOS RAQUIANESTESIA ➢ Lidocaína 5% ➢ Bupivacaína 0,5% ➢ 100% hoje é feito com bupi ou neocaína pesada ➢ Normalmente não usa adrenalina nem bicarbonato ➢ O risco de toxicidade é mínimo porque usa pouco anestésico PERIDURAL ➢ Lidocaína 2% C/A ou S/A ➢ Bupivacaína 0,5% ou 0,75% C/A ou S/A ➢ Ropivacaína 0,75% ou 1% LARISSA MENEZES – TÉC. CIRÚRGICAS E ANESTESIO BARICIDADE ➢ Em relação a densidade do liquor • Isobáricos: anestésico tem a mesma densidade do liquido • Hipobáricos: mais leves que o liquor • Hiperbáricos ou pesado: mais pesado que o liquor, acompanha a lei da gravidade FATORES QUE DETERMINAM O NÍVEL DA RAQUIANESTESIA DETERMINANTES DA DISPERSÃO ➢ Principais: • Baricidade da solução • Posição do paciente • Dose e volume da substancia ➢ Secundários: • Nível da injeção • Velocidade da injeção • Barbotagem: turbilhonamento que aumenta a dispersão • Calibre da agulha • Condições físicas do paciente DETERMINANTES DA DURAÇÃO ➢ Substancia empregada: combinar com alfa2 agonistas aumenta a duração do bloqueio ➢ Dose injetada ➢ Dispersão total do bloqueio FATORES QUE DETERMINAM O NÍVEL DO BLOQUEIO DA PERIDURAL Volume do anestésico local: máximo 1,6mL/segmento Idade: diminuir 50% em RN e idosos (praticamente o que aplica fica no neuroeixo) Gravidez: redução de 30% na dose Dispersão do bloqueio (mais rápido para o sentido cefálico) A baricidade não influencia! DETERMINANTES DO INÍCIO E DURAÇÃO DA PERIDURAL ➢ Seleção do fármaco ➢ Acrescimo de opioide: diminui o tempo de latência porque é mais lipossolúvel ➢ Ajuste da solução ao pH: com bicarbonato COMPLICAÇÕES DOS BLOQUEIO DO NEUROEIXO São raras RAQUIANESTESIA PERIDURAL Lesão nervosa direta Síndrome neurológica transitória Injeção subaracnóidea acidental Dorsalgia: dor na coluna Injeção intravascular Cefaleia pós punção da dura-máter (principal complicação do pós) Overdose de anestésico local Punção sanguinolenta Hematoma espinhal Cefaleia pós punção da dura-máter Hipotensão/Bradicardia (principal complicação na cirurgia) Abscesso peridural Dispneia/Apneia Hematoma peridural Retenção urinaria Náuseas Vômitos Lesão direta da medula espinhal OBS: Na parada por intoxicação por anestésico tem sucesso usando a solução lipídica para reverter! CEFALÉIA PÓS PUNÇÃO DA DURA-MÁTER FISIOPATOLOGIA ➢ Perda liquorica para o espaço peridural ➢ O paciente deitado não percebe a alteração ➢ Ao sentar as estruturas nervosas percebem a diferença de pressão e os vasos cerebrais se dilatam para equilibrar as pressões ➢ A cafeína impede que os vasos dilatem dessa forma DIAGNÓSTICO ➢ Ocorre dentro de 3 dias ➢ Mais frequente: jovens, mulheres, gravidas ➢ Uso de agulhas de grosso calibre, cortantes, múltiplas tentativas ➢ Cefaleia com irradiação frontal e occipital ➢ Exacerbada pela ortostase: a cefaleia aparece quando senta ➢ Aliviada pelo decúbito dorsal: a cefaleia cessa/melhora quando deita ➢ Transtornos visuais ou auditivos TRATAMENTO ➢ Nos casos leves (primeiros dias): medicação oral (corticoide), associada a cafeína e hidratação ➢ Tamponamento: em pacientes com dor insuportável/incapacitante ➢ 70% melhoram em 7 dias LARISSA MENEZES – TÉC. CIRÚRGICAS E ANESTESIO ➢ Orientar o paciente que não irá passar no primeiro comprimido, vai melhorar com no mínimo 24 horas ➢ Hidratação ➢ Repouso em decúbito dorsal ➢ Cafeína: 300 mg/dia ➢ Analgésicos, relaxantes musculares e ansiolíticos ➢ Tampão sanguíneo: administra 12 a 15 mL de sangue periférico no espaço peridural • Colher o sangue por técnica asséptica • Duas pessoas, uma colhendo o sangue e outra fazendo o bloqueio peridural • A pressão do sangue no espaço virtual melhora de imediato ANTICOAGULAÇÃO E BLOQUEIO ESPINHAL Risco de hematoma Anticoagulantes orais: suspender 3-5 dias Ticlopidina: suspender por 7 dias Clopidogrel: suspender por 14 dias Heparina simples: suspender por 6 horas Heparina de baixo peso molecular o Dose profilática: suspender por 12 horas o Dose terapêutica: suspender por 24 horas
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