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Fisiologia Renal:Eritropoetina(EPO) Referencia Bibliografica: Margarida de Mello Aires.Fisiologia 5 ed.Seção 7 Capítulo 55:Rins e Hormonios-Eritropoetina. Os mecanismos de depuração plasmática renal desempenham importante papel na manutenção do volume do líquido extracelular, da sua composição e das suas características físico-químicas, tais como osmolalidade e pH. Adicionalmente, os rins atuam na regulação da pressão arterial e das condições hemodinâmicas do organismo, por meio de diferentes sistemas hormonais, hormônios isolados e autacoides de origem renal, tais como o sistema renina- angiotensina-aldosterona, as cininas e as prostaglandinas. A descoberta da eritropoetina (EPO) revelou uma nova faceta do rim, a de sensor de oxigênio e regulador da eritropoese. Assim, ao lado das funções bem estabelecidas e classicamente estudadas, os rins também desempenham papel fundamental na manutenção de outros importantes parâmetros fisiológicos, tipo hematócrito, viscosidade sanguínea e capacidade do sangue de transportar O2 e CO2. Apesar de os rins exibirem elevado fluxo sanguíneo e baixa extração de oxigênio, suas tensões de oxigênio são bastante heterogêneas e atingem, na região medular, níveis inferiores aos do sangue venoso renal. O processo renal que mais consome O2 é a reabsorção proximal de sódio; esta é proporcional à massa filtrada desse íon, razão pela qual há uma relação direta entre o consumo de O2 e o ritmo de filtração glomerular (RFG). A oferta de O2, por sua vez, é proporcional ao fluxo sanguíneo renal (FSR). Logo, nos rins, a relação entre a demanda e a oferta de O2 pode ser traduzida pela fração de filtração (FF), que é a razão entre o RFG e o FSR. Em indivíduos saudáveis em condições normais, estes parâmetros são bem controlados, de tal modo que a FF é mantida constante. Todavia, o controle estreito desses parâmetros, denominado autorregulação do fluxo sanguíneo renal, é um fenômeno renal cortical, que não ocorre no fluxo sanguíneo renal medular. Em certas regiões do rim, o tecido é submetido a grandes variações da pressão parcial de oxigênio. Assim sendo, não é de admirar que no processo evolutivo o rim tenha desenvolvido a função de sensor de oxigênio associada à produção de um fator humoral capaz de regular a produção de eritrócitos. Estas características permitem que o rim apresente a capacidade de ajustar a produção de EPO em resposta às mudanças na oferta de oxigênio que recebe. Entende-se por hematopoese a formação, o desenvolvimento e a maturação dos elementos do sangue – eritrócitos, leucócitos e plaquetas – a partir de um precursor celular comum e indiferenciado, conhecido como célula hematopoética pluripotente ou célula- tronco. Apesar de a EPO ser um modulador crítico da eritropoese, sua liberação não está relacionada com a concentração de glóbulos vermelhos, mas com a redução da pressão parcial de oxigênio. Por essa razão, os estudos para a compreensão do controle da secreção da EPO levaram à pesquisa dos mecanismos sensíveis à pressão parcial de O2 presentes no tecido renal, responsáveis pela regulação da produção desse hormônio. Vários mecanismos fisiológicos possibilitam que os mamíferos se adaptem à hipoxia, tais como: (a) aumento da secreção de EPO, que eleva a eritropoese; (b) indução da tirosina hidroxilase, que facilita o controle da ventilação pelo corpo carotídeo; e (c) estímulo da gênese de novos vasos sanguíneos pela ação do VEGF (vascular endothelial growth factor). Em nível celular, a hipoxia induz uma série de alterações metabólicas que tornam possível a manutenção da geração de energia apesar da redução da oferta de oxigênio. Aspectos Históricos O conceito de regulação humoral da hematopoese foi formulado em 1906 por Paul Carnot, professor de medicina em Paris, e seu assistente, Deflandre. Esses autores verificaram que o plasma retirado de animais estimulados por sangramento, quando injetado em animais controle, provoca aumento do número de glóbulos vermelhos imaturos circulantes. A partir dessa observação, propuseram a existência de um fator humoral que denominaram hemopoetina. Posteriormente, outros estudos confirmaram a existência de um fator humoral capaz de regular a formação de glóbulos vermelhos, que passou a ser chamado eritropoetina. Em 1977, a EPO foi purificada a partir da urina de indivíduos humanos anêmicos e, em 1985, com base na sua sequência de aminoácidos, foi clonada, o que levou ao desenvolvimento de EPO recombinante para uso clínico. Características e Principais Ações da Eritropoetina Durante o período fetal a EPO é produzida nos hepatócitos. Estudos recentes mostraram que, durante a embriogênese, fibroblastos derivados da crista neural migram para os espaços peritubulares intersticiais do rim dando origem aos fibroblastos reponsáveis pela produção de EPO. Após o nascimento, em condições de normoxia, praticamente toda a EPO circulante é originada na região do interstício justamedular renal. Na medida em que o suprimento de oxigênio renal cai, mais células são recrutadas para expressar a EPO. A indução da produção da EPO tem um ganho de resposta extremamente alto; ou seja, pequenas variações na concentração de oxigênio levam a grandes mudanças nos níveis de EPO. Mecanismo de ação da EPO por meio do EPOR A ação da EPO decorre de sua ligação a um receptor de superfície da célula-alvo, o receptor EPO (EPOR). Em vários tipos celulares ocorre paralelamente a expressão da EPO e do EPOR. A expressão funcional do EPOR ocorre tanto nas células hematopoéticas como em vários tipos de células não hematopoéticas, incluindo endoteliais, musculares lisas, mioblastos esqueléticos, cardiomiócitos, neurônios, fotorreceptores da retina, do estroma hepático, da placenta, do rim e macrófagos. O EPOR faz parte de uma família de receptores de citocinas do tipo 1 e é ativado via homodimerização. O EPOR partilha com essa família a estrutura comum que consiste em um domínio extracelular de ligação, um domínio transmembranal e um domínio intracelular. O domínio extracelular é necessário para a ligação inicial do EPO e o domínio intracelular é responsável pela transdução de sinalização intracelular. Algumas vias deflagradas pela EPO por meio do EPOR Ainda que o espectro de ações conhecidas da EPO seja muito amplo, incluindo mitogênese, quimiotaxia, angiogênese, mobilização de cálcio intracelular e inibição da apoptose, diariamente são descritos novos aspectos que revelam seu importante significado na saúde e na doença. Inicialmente, foi suposto que a EPO atuasse exclusivamente em células progenitoras eritroides. Posteriormente, foi descrito um amplo espectro de ações, sendo confirmada a expressão do gene da EPO em diferentes tecidos e a presença do EPOR em grande número de tipos celulares, tendo sido evidenciadas ações autócrinas e parácrinas da EPO. A seguir serão apresentados alguns aspectos das ações da EPO na apoptose, eritropoese, angiogênese, no tecido neural e no tecido renal. Apoptose: A apoptose está envolvida na gênese de várias doenças, tais como: acidente vascular cerebral isquêmico, demência, doença de Alzheimer, lesão medular e infarto do miocárdio. A EPO previne a apoptose induzida por diferentes estímulos, tipo hipoxia, excitotoxicidade (liberação maciça de neurotransmissores por células atingidas por um estímulo agressor) e exposição a radicais livres. Além de evitar a lesão por apoptose, a EPO atua no desenvolvimento neuronal de células progenitoras, por intermédio do fator nuclear-κB, que promove a produção de células-tronco neurais. Adicionalmente, em vários modelos experimentais, a EPO tem demonstrado papel potencial na proteção contra a fagocitose microgliale as lesões trombóticas. Ao ligar-se ao seu receptor EPOR, a EPO deflagra, por meio da JAK2 (tirosinoquinase Janus-2), várias vias de sinalização que levam à inibição da apoptose, tais como: a proteína transdutora de sinal e ativadora de transcrição 5 (STAT5), a fosfatidilinositol-3- quinase (PI3K) e a Hsp70 (heat shock protein). Eritropoese: O organismo humano adulto possui mais de 30 trilhões de hemácias, o que corresponde a cerca de um quarto do número total de células. Além disso, o volume dos eritrócitos é superior a 2 ℓ, ou seja, quase 10% do volume celular total. Assim, os eritrócitos estão entre os tipos de células mais abundantes do corpo humano. Como a expectativa de vida dos eritrócitos é de 100 a 120 dias, a cada dia mais de 200 bilhões deles precisam ser substituídos, ou seja, devem ser produzidos cerca de 139 milhões de glóbulos vermelhos a cada minuto. O principal regulador desse processo, assim como outras citocinas, é a EPO. Produzido nos rins, este hormônio está presente no plasma em concentrações picomolares, ou seja, cerca de um centésimo da concentração da grande maioria dos hormônios circulantes. A EPO induz a produção de glóbulos vermelhos na medula óssea, em que se liga a células progenitoras eritroides. Estudos em cultura celular identificaram duas classes de células progenitoras eritroides, BFU-E e (CFU-E). Ambas têm receptores para EPO em suas superfícies. Quando a EPO se liga ao EPOR nas células BFU-E, estas dão origem aos proeritroblastos (CFU-E).E pela ação da EPO, à qual são extremamente sensíveis, proliferam e se desenvolvem em eritroblastos e reticulócitos que entram na circulação periférica, onde amadurecem, dando origem às hemácias circulantes. Ainda que a via de sinalização da EPO seja necessária para a eritropoese em condições de estresse, ela é dispensável para a eritropoese no estado estacionário. Por outro lado, a EPO leva à maturação dos eritrócitos por inibir a apoptose das células eritroides.A expressão do EPOR em tecidos hematopoéticos é essencial para a eritropoese normal de mamíferos durante o desenvolvimento. O processo de multiplicação e diferenciação das células-tronco hematopoéticas (HSC) é finamente regulado por um conjunto de fatores de crescimento e hormônios que determinam sua autorrenovação e/ou diferenciação. A EPO, agindo por meio do EPOR, é o principal hormônio eritropoético. A estimulação do EPOR ativa vias de sinalização necessárias para a sobrevivência, proliferação e diferenciação de eritroblastos. Outra citocina importante envolvida na eritropoese é o fator de célula-tronco (SCF – stem cell factor), que se liga ao receptor de citocina c-Kit, retardando a diferenciação e aumentando a proliferação de células progenitoras. Esses vários mecanismos integrados garantem que o efeito estimulante da eritropoetina em células progenitoras eritroides seja apropriado. Se, por um lado, a ligação da EPO ao seu receptor inicia a cascata de sinalização que leva à proliferação celular e à prevenção da apoptose, esse efeito é atenuado por moléculas intracelulares, tais como supressores de sinalização de citocina, o que realmente evita a proliferação descontrolada dos glóbulos vermelhos. Os dados aqui apresentados evidenciam a complexidade da regulação da eritropoese que envolve grande número de vias de sinalização e regulação da transcrição gênica. Ao lado de outras citocinas, a EPO tem papel fundamental na multiplicação e diferenciação das células-tronco hematopoéticas e no desenvolvimento, sobrevivência, crescimento e maturação dos glóbulos vermelhos, determinando, assim, o número de eritrócitos circulantes necessários para a adequada oxigenação tissular. Angiogênese: A angiogênese é um processo complexo, em que vários tipos de células e mediadores interagem para criar um microambiente adequado para a formação de novos vasos. A angiogênese ocorre em diversas condições fisiológicas e patológicas, tais como desenvolvimento embrionário (em que está associada a vasculogênese, ou seja, a formação de vasos capilares a partir de células endoteliais diferenciadas de células mesodérmicas), cicatrização, remodelação cíclica do tecido uterino durante o ciclo menstrual, inflamações crônicas e tumores. Como visto, na diferenciação de células hematopoéticas a ligação da EPO ao EPOR ativa vias de transdução de sinal que controlam a proliferação celular, a sobrevivência e a expressão de genes específicos. Como as células hematopoéticas e endoteliais advêm de progenitoras comuns, as citocinas e os fatores de crescimento associados à hematopoese também atuam na angiogênese. A ação angiogênica da EPO é semelhante à do VEGF (fator de crescimento endotelial vascular). Na vigência de hipoxia ou isquemia, via HIF-1, ocorre aumento da expressão de EPO e VEGF e seus receptores, o que mobiliza células progenitoras endoteliais e promove a neovascularização. Em certas doenças, tais como retinopatia diabética e crescimento tumoral, a regulação da angiogênese é perdida, o que concorre para o desenvolvimento e a progressão da moléstia. Apesar de a EPO ser um fator de sobrevivência para os fotorreceptores da retina, no vítreo de diabéticos ocorre aumento significativo da expressão de EPO endógena, o que tem sido associado à gênese da retinopatia diabética proliferativa. Além disso, a administração precoce de EPO no tratamento da anemia da prematuridade é associada ao aumento significativo do risco de retinopatia, sugerindo que a ativação do EPOR de células endoteliais leve à neovascularização dos vasos da retina em desenvolvimento. Retinopatia diabética-A retinopatia é das complicações mais comuns e está presente tanto no diabetes tipo 1 quanto no tipo 2, especialmente em pacientes com longo tempo de doença e mau controle glicêmico. Quando culmina em perda visual é considerada trágica e constitui fator importante de morbidade de elevado impacto econômico, uma vez que a retinopatia diabética é a causa mais freqüente de cegueira adquirida. A fisiopatologia das alterações microvasculares do tecido retiniano está relacionada à hiperglicemia crônica, que leva a alterações circulatórias como a perda do tônus vascular, alteração do fluxo sangüíneo, aumento da permeabilidade vascular e conseqüentemente extravasamentos e edemas e, por fim, obstrução vascular que leva à neovascularização, com vasos frágeis que se rompem, levando a hemorragias e descolamento da retina. O controle metabólico e pressórico estritos podem retardar a progressão da retinopatia. -O excesso de glicose no sangue danifica os vasos sanguineos dentro da retina. Tecido Neural: A EPO circulante, produzida no rim, não atravessa a barreira hematencefálica devido ao seu elevado peso molecular (30,4 kDa); mas, em várias regiões do cérebro ocorre produção local de EPO, tornando possível sua ação parácrina. Ainda que em níveis inferiores aos encontrados nos rins, tanto o mRNA da EPO e do EPOR como suas proteínas são amplamente distribuídos em diferentes regiões do cérebro de mamíferos, incluindo córtex, hipocampo, amígdala, cerebelo, hipotálamo e núcleo caudado. Isto ocorre conjuntamente com outros fatores de crescimento hematopoéticos que são expressos e atuam no SNC. Com relação ao tipo de células neurais que expressam EPO, os astrócitos são a principal fonte de EPO no cérebro. Além dos neurônios, oligodendrócitos e células gliais, uma forte presença de EPOR foi detectada nas células endoteliais vasculares do cérebro. Essa ampla distribuição neural implica um vasto espectro de ações cerebrais da EPO. Vários efeitos da EPO foram descritos no SNC. Inicialmente, foi observado que o uso terapêutico de eritropoetina recombinantehumana (rHuEPO) em pacientes anêmicos frequentemente levava a melhora da função cognitiva, o que foi atribuído à maior oxigenação cerebral decorrente do aumento do hematócrito. Posteriormente, no tecido neural, foi verificada tanto a presença de EPOR como a produção local de EPO, indicando a presença de uma ação parácrina. Coerentemente com essa ação parácrina, a EPO produzida no cérebro tem peso molecular menor (devido a menor sialização), enquanto a estabilização da EPO circulante no plasma só é possível mediante intensa sialização. Adicionalmente, as células neurais, como os astrócitos, respondem à hipoxia produzindo EPO. Além dos efeitos diretos sobre os neurônios, a neuroproteção induzida pela EPO também pode ser atribuída à melhoria da perfusão cerebral pela promoção de angiogênese, que foi verificada em vários modelos experimentais. O efeito angiogênico da EPO também ocorre no cérebro, onde foi detectado o mRNA da EPO e do EPOR nas células endoteliais dos capilares, sendo verificada uma relação dose-dependente entre a EPO e a atividade mitogênica Enfim, é possível afirmar que, por meio de ações parácrinas/autócrinas em diferentes tipos celulares presentes no cérebro, a EPO está envolvida não só na neuroproteção, como também na neurogênese, diferenciação e sobrevivência neuronal.O conjunto desses dados indica que a EPO pode vir a ser usada terapeuticamente para reduzir o dano tecidual da isquemia ou da hipoxia do SNC. Tecido Renal: A expressão do EPOR nas células mesangiais, do túbulo proximal e do ducto coletor medular são coerentes com as ações renoprotetoras da EPO descritas na literatura. Em modelos animais, o tratamento com EPO reduz o grau da disfunção renal provocada por isquemia/reperfusão, provavelmente pela redução da morte celular por apoptose. Em cultura de células humanas de túbulo proximal, foi demonstrado que EPO reduz significativamente a apoptose induzida por hipoxia. Em roedores pré-condicionados com EPO e submetidos à lesão de isquemia/reperfusão, foi observada redução das lesões renais concomitante ao encontro de: diminuição da atividade da caspase-3, aumento da expressão de Bcl-2 e de proteínas de choque térmico 70, e redução dos marcadores de inflamação. Também foi verificado que EPO protege contra a disfunção renal induzida pela cisplatina e diminui a inflamação e fibrose intersticial renal da nefropatia crônica induzida pela ciclosporina. Entretanto, contrastando com esses efeitos renoprotetores, foi relatado que a administração concomitante de EPO e radiação leva a uma deterioração da função renal. Os mecanismos moleculares responsáveis por esses efeitos deletérios da EPO na presença de radiações ionizantes não foram adequadamente esclarecidos, havendo necessidade de novos estudos para que venham a ser compreendidos. Uso Terapeutico da EPO recombinada(rHuEPO) Antes do uso terapêutico da rHuEPO, cerca de 25% dos pacientes com doença renal crônica (DRC), em diálise, necessitavam de transfusão regular de glóbulos vermelhos. O uso da rHuEPO foi aprovado pela FDA (Food and Drug Administration, dos EUA) com a finalidade terapêutica de elevar ou manter o nível de glóbulos vermelhos e para diminuir a necessidade de transfusões. Em 1989, foi relatado o primeiro caso de paciente com DRC tratado com EPO recombinante humana (rHuEPO). Antes do tratamento, um paciente do sexo masculino, 40 anos de idade e HIV- positivo, apresentava o seguinte quadro: hemodiálise por 7 anos; um transplante renal sem sucesso; terapia com andrógeno e recebimento de 313 bolsas de glóbulos vermelhos. Após o uso de rHuEPO por 8 semanas, seu hematócrito aumentou de 15% para 38%, deixando de necessitar transfusões de glóbulos vermelhos. Posteriormente, voltou a trabalhar e a participar de atividades esportivas. A partir daí, a rHuEPO e seus análogos, conhecidos como ESA (erythropoiesis stimulating agents) passaram a ser utilizados por milhões de pacientes com DRC e, mais recentemente, por pacientes com diferentes tipos de câncer recebendo quimioterapia e apresentando anemia grave. Esses pacientes, além de ficarem livres de transfusões de hemácias, apresentavam melhoria da qualidade de vida e da função cognitiva. Adicionalmente foi verificado que o uso da EPO prevenia a hipertrofia ventricular esquerda. Ao lado desses benefícios terapêuticos, dados laboratoriais mostraram que o EPOR é expresso em diferentes tecidos, por meio dos quais a EPO atuaria como um fator citoprotetor, aumentando a sobrevivência e o crescimento celular. Essas observações estimularam novos usos dos ESA, tais como em doenças cerebrais e cardíacas. Todavia, alguns resultados adversos foram verificados, destacando-se o aumento do risco de tromboembolismo e a possibilidade de a EPO estimular o crescimento do câncer, tanto pelo aumento da sobrevivência das células tumorais como pela estimulação da angiogênese e melhor aporte de nutrientes para o tecido tumoral. A EPO é uma citocina pleiotrópica pró- angiogênica e induz a proteção de tecidos de diversos órgãos não hematopoéticos. A capacidade de a rHuEPO estimular a angiogênese fisiológica e patológica e a expressão do receptor EPOR em células cancerosas e do endotélio vascular têm sugerido que esse hormônio possa exercer efeitos diretos sobre o crescimento tumoral e a angiogênese. Tanto o EPOR como a EPO se expressam em células de diferentes tumores e foram detectados em várias linhagens imortalizadas de células tumorais. Estas características são compatíveis com a existência de vias autócrinas e parácrinas capazes de estimular as células cancerígenas. A expressão de EPOR no endotélio vascular de tumores indica a possibilidade de a EPO estimular a angiogênese nesse tecido e modular vários aspectos da biologia tumoral, tais como proliferação celular, apoptose e sensibilidade à quimioterapia e à radiação. -Ainda que na doença renal crônica(drc) a anemia seja uma condição comum, causada principalmente pela diminuição da produção de eritropoetina pelos rins, antes de iniciar o uso de ESA é importante investigar e descartar outras condições subjacentes tratáveis, tais como deficiências de ferro ou vitaminas. A anemia da doença renal está associada a morbidade significativa, como aumento do risco de hipertrofia ventricular esquerda, infarto do miocárdio e insuficiência cardíaca, podendo ser considerada um multiplicador de mortalidade por outras causas. Caso Clinico Mulheres grávidas possuem uma secreção de eritropoetina mais elevada em comparação a mulheres que não estão gestantes.Isso acontece porque é necessário suprir o corpo da mãe e o do feto com oxigênio e pra isso é necessário se produzir mais hemácias.No entanto,essa produção elevada acaba favorecendo os órgãos e tecidos da mãe que vão ter uma maior disponibilidade de oxigênio,vão poder gerar mais ATP sem causar grandes desgastes físicos,o que daria vantagem para a competidora brasileira,justificando sua desclassificação.