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Obesidade 2021 1 parte 2

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OBESIDADE E NUTRIÇAO
Marcela Jardim Cabral
Nutricionista pela Universidade Federal de Alagoas
Mestre em Nutrição Humana pela Universidade Federal de Alagoas
Profa. Centro Universitário CESMAC
Nutricionista da Clinica Vidda - The Square
Diagnóstico Nutricional
 Avaliação clínica
 Avaliação antropométrica
 Exame físico
 Exames bioquímicos
 Anamnese alimentar
Avaliação Clínica 
Histórico da obesidade: Peso ao nascer, idade de
início da obesidade (infância, adolescência ou idade
adulta) ou fase da vida e existência de fator
desencadeante.
Fatores etiológicos: Presença de doenças orgânicas
Antecedentes Familiares: História familiar de
obesidade e doenças crônicas.
Hábitos de vida: Presença de etilismo, tabagismo e
prática de atividade física regular.
Avaliação Clínica 
Padrões de Alimentação – Síndrome do comer
compulsivo (Binge Eating Disorder).
Hiperfagia prandial
Comedores noturnos 
Beliscador
Madrugador: Night eating syndrome
Avaliação Antropométrica
• Peso corporal atual;
• Peso corporal habitual;
• Peso ideal?
• Peso ajustado?
• Altura;
• Circunferência cintura;
• Circunferência do pescoço;
• Percentual de gordura corporal (Medidas diretas e indiretas);
O IMC é estimado pela relação entre o peso e
a altura do indivíduo, expresso em kg/m2 (ANJOS,
1992).
• Crianças 
• Adolescentes
• Adultos: >30kg/m² (OMS, 2004)
• Idosos:>27kg/m² (Nutrition Screening Iniciative, 2007)
Edlin e Golant, 1992
Avaliação Antropométrica
Avaliação Antropométrica 
• Classificação do estado nutricional para adultos (20 a 60 anos)
• Classificação do estado nutricional para idosos (acima de 60 anos)
Métodos de Diagnostico 
• Classificação do risco aumentado para doenças cardiovasculares de 
acordo com a circunferência de cintura
A circunferência da cintura permite identificar a localização da gordura
corporal, já que o padrão de distribuição do tecido adiposo em indivíduos
adultos tem relação direta com o risco de morbimortalidade. Os pontos de
corte adotados, que diferem segundo o sexo, seguem as recomendações da
Organização Mundial da Saúde (OMS, 2000).
Qual o tipo de 
obesidade é mais 
preocupante?
Tipos de Obesidade 
 Observar sinais dermatológicos (acne,
acantoses, estrias, infecções fúngicas);
 Verificar presença de dores articulares e
problemas ortopédicos (problemas de coluna,
joelho valgo, etc);
 Hepatomegalia;
 Presença de obesidade central;
Exame Físico
Exame Físico
DERMATOLÓGICOS
ACANTOSE NIGRICANS: estimulação à proliferação dos 
melanócitos pela hiperinsulinemia. 
GIBA DE BÚFALO: acumulo de gordura na região do dorso.
Anamnese Alimentar
Alimentação atual (REC 24 horas; DHA)
Alimentação pregressa, dietas (sucesso ou 
abandono e por que?);
Mudanças ponderais recentes; 
Preferências e intolerâncias alimentares;
Em que períodos sente mais fome? 
Qual horário mais come e o que? 
Hábito intestinal;
Sintomas gástricos.
O que avaliar? 
Exames Bioquímicos
Glicemia de jejum;
Glicemia pós-prandial/Hemoglobina glicada;
TTG;
Perfil lipídico;
Transaminases hepáticas;
Objetivo: avaliar se o reganho de peso associado a dietas restritivas 
estava relacionado a propensão genética ou pela perda de peso em si 
Método: 4.129 gêmeos em um estudo longitudinal de 9 anos
Resultados: a perda intencional de peso foi preditora do ganho de 
peso e do risco de sobrepeso, independente de fatores genéticos
Conclusão: AS DIETAS PODEM, EM PARTE, SER RESPONSÁVEIS 
PELA ATUAL EPIDEMIA DE OBESIDADE
Tratamento
 Tratamento convencional da Obesidade;
 Objetivos do tratamento nutricional;
 Conduta nutricional;
 Orientações nutricionais;
 Estratégias para o enfrentamento da obesidade
• Mudança de estilo de vida;
Alimentação + Atividade Física 
• Medicamentoso (Psicofármacos, antidiabéticos e 
hormônios);
• Cirúrgico;
Tratamento Convencional da Obesidade 
Objetivos do Tratamento Nutricional
1) Promover redução do peso corpóreo;
2) Atender às necessidades nutricionais do paciente no que tange a 
princípios nutritivos como: aminoácidos essenciais, ácidos graxos 
essenciais, vitaminas e minerais;
3) Promover educação nutricional;
4) Contribuir para manutenção da redução de peso após a conclusão do 
tratamento. 
Tratamento Nutricional 
O tratamento dietético é mais bem sucedido quando aliado a um programa 
de modificação comportamental que envolva aumento no gasto energético, 
promovendo um balanço energético negativo. 
Para o sucesso do tratamento dietético, devem-se manter mudanças na 
alimentação por toda a vida. 
Dietas muito restritivas, artificiais e rígidas não são sustentáveis, embora 
possam ser usadas por um período limitado de tempo. 
Um planejamento alimentar mais flexível, que objetive a reeducação, 
geralmente obtém mais sucesso.
Diretrizes Brasileira de Obesidade, 2016
Tratamento Nutricional
Dietas com baixas calorias, com 1.000 a 1.200 kcal por dia, reduzem em média 
8% do peso corporal, em três a seis meses, com diminuição de gordura 
abdominal, com perda média de 4% em três a cinco anos. 
Dietas de muito baixas calorias (very-low calorie diets, VLCD), com 400 a 800 
kcal por dia, produzem perda de peso maior em curto prazo, em comparação às 
dietas de baixas calorias, mas em longo prazo, no período de um ano, a perda 
de peso é similar. 
Dietas que contenham 1.200 a 1.500 kcal por dia para mulheres e 1.500 a 1.800 
kcal por dia para homens, independentemente da composição de 
macronutrientes frequentemente levam à perda de peso.
Potencialmente consumir mais calorias no início do dia, em vez de no final do 
dia, pode ajudar a controlar o peso. O mecanismo de ação pelo qual o momento 
da alimentação pode ajudar a controlar o peso é por influência no ritmo 
circadiano.
Diretrizes Brasileira de Obesidade, 2016
Tratamento Nutricional 
• Uma dieta planejada individualmente para criar um
déficit de 500 a 1.000 kcal deve ser parte integrante
de programas de perda de peso objetivando uma
diminuição de 0,5 a 1 kg por semana, com metas
realistas.
• Grande porcentagem de pacientes recupera o peso
perdido: 50% dos pacientes recuperam o peso pré-
tratamento em 12 meses e a maioria, em cinco anos.
Apenas 11% mantêm perda de 5 kg ou mais.
Diretrizes Brasileira de Obesidade, 2016
Conduta Nutricional 
• Calculo de necessidades 
Gasto 
energético total 
diário 
Taxa metabólica 
basal 
(60 a 70%)
Efeito térmico 
do alimento 
(5 a 10%)
Atividade física 
(20 a 30%)
GET
Ministério da Saúde – Cadernos de Atenção Básica, 2014
Conduta Nutricional 
• Calculo de necessidades 
Ministério da Saúde – Cadernos de Atenção Básica, 2014
Conduta Nutricional
Fórmulas de cálculo do requerimento estimado de energia
para homens e mulheres com sobrepeso ou obesidade
Ministério da Saúde – Cadernos de Atenção Básica, 2014
Atenção: Uma dieta planejada individualmente para criar um déficit de 500 a 1.000 kcal
deveria ser parte integrante de qualquer programa de perda de peso que objetive
diminuição de 0,5 a 1 kg por semana (OMS, 1995; 2003).
Conduta Nutricional
Conduta Nutricional 
• Calculo de necessidades 
Método 
VENTA 
Ingestão 
calórica de 
7.700 kcal 
abaixo das 
NEE
Perda de 
peso de 1 
kg/mês
Redução do 
VET diário 
de 250 kcal
Ministério da Saúde – Cadernos de Atenção Básica, 2014
Conduta Nutricional 
Conduta Nutricional 
20 - 25 
Kcal/kg de 
peso/dia 
Peso atual?
Peso ideal?
Formula de 
bolso para perda 
de peso 
Conduta Nutricional 
É importante ressaltar que o metabolismo necessita 
manter um ciclo de funcionamento adequado para 
facilitar o controle do peso. Desta forma, é contraindicada 
uma prescrição que proponha valor energético total diário 
menor que a taxa metabólica basal (TMB).
Uma redução calórica de aproximadamente 500 kcal/dia 
é considerada, muitas vezes, uma estratégia aceitável para 
se atingir a redução de peso necessária durante um 
tempo. Esta redução diária pode promover a diminuição 
em cerca de 500 g porsemana (DUARTE et al., 2005). 
Ministério da Saúde – Cadernos de Atenção Básica, 2014
Importante: O plano alimentar deve ser constituído conforme horários,
hábitos alimentares e cotidiano de vida (trabalho, lazer, estudo), utilizando os
diversos grupos alimentares e a lista de substituição.
Conduta Nutricional
Orientações Nutricionais e de Saúde
1. Orientar sobre proibição de alimentos (↓ adesão ao tratamento);
2. Organizar e estabelcer horários para refeições; 
3. Estimular ao consumo devagar dos alimentos ( saciedade);
4. Orientar que as refeições sejam realizadas em local tranquilo, sem
interferência de tv, celular ou computador;
5. Estimular a elaboração de um dário alimentar (Automonitorização)
6. Reduzir consumo de alimentos de cafeteria ( Ricos em caboidrato
simples e gordura)
7. Incentivar o consumo de frutas, legumes e verduras ( fibras e 
micronutrientes);
8. Incentivar a prática regular de atividade física;
Orientações Nutricionais
9. Orientar o aumento da ingestão hídrica (levar/reservar garrafinhas de
água);
10. Evitar produtos industrializados (refrigerantes, salgadinhos, biscoito
recheado, macarrão instantâneo, etc);
11. Retirar saleiro à mesa;
12. Estimular a ingestão de alimentos in natura e/ou minimamente
processados;
13. Em caso de alterações no exames bioquimicos, promover intervenção
nutricional adequada (Dislipidemia, resistência à insulina);
Obesidade X Microbiota intestinal 
• Estes resultados mostram
que dietas restritivas e
cirurgia bariátrica reduzem
a abundância microbiana e
promovem mudanças na
composição microbiana
que podem ter efeitos
prejudiciais a longo prazo
no cólon. Em contraste, os
prebióticos podem
restaurar um microbioma
saudável e reduzir a
gordura corporal.
M
ic
ro
b
io
ta
 i
n
te
st
in
a
l 
Obesidade X Sono
Privação do sono
Diminuição da 
secreção de leptina 
e TSH
Aumento dos 
níveis de grelina + 
diminuição da 
tolerância à glicose
Aumento da fome e 
do apetite. 
Estas mudanças são consistentes com a privação de sono crônica levando 
ao aumento do risco de obesidade. 
Diretrizes Brasileira de Obesidade, 2016
Obesidade X Sono 
Redução na produção 
de melatonina
Envelhecimento 
Trabalho em plantões 
e turnos
Ambientes cada vez 
mais iluminados 
durante a noite 
Induz a resistência à 
insulina
Intolerância à glicose
Perturbações do sono
Desorganização 
circadiana metabólica 
caracteriza um estado 
de cronoruptura que 
leva à obesidade.
Diretrizes Brasileira de Obesidade, 2016
Estratégias para o Enfrentamento 
da Obesidade
Novas estratégias?
Jejum intermitente;
Dieta com restrição de carboidrato;
Dietas Pobres em Gordura e Muito Pobre em Gordura 
(menos de 19%);
Dietas com Gorduras Modificadas – Dieta do 
Mediterrâneo
Jejum Intermitente 
• Objetivo: Investigar os efeitos do JI versus RC no mesmo grupo não-diabético indivíduos 
obesos que por dois anos;
• Metodologia: 23 pacientes (sexo feminino). As dietas diárias dos participantes foram 
alinhadas como dieta hipocalórica durante a RC e, durante o período de JI os mesmos 
sujeitos jejuou durante 15 horas em um dia durante um mês e não houve restrição calórica 
diária;
• Resultado: Os indivíduos perderam 1250 ± 372g mensalmente durante o RC, no período 
de JI, a perda de peso diminuiu para 473 ± 146 g.
• Conclusão: Os resultados sugerem que a RC afeta positivamente os parâmetros 
metabólicos, o que ajudará a especialmente pacientes pré-diabéticos e resistentes à insulina, 
sem qualquer abordagem farmacológica. O JI sem restrição calórica pode melhorar a saúde 
e resistência celular à doença sem perder peso e aqueles efeitos podem ser atribuídos a 
diferentes vias de sinalização e cetonas circulantes durante o jejum. 
2017
2018 THE JOANNA BRIGGS INSTITUTE
Seis estudos foram incluídos nesta revisão. Os regimes de restrição de energia
intermitente variaram entre estudos e incluíram jejum em dias alternados, jejum de
dois dias e até quatro dias por semana. A duração de os estudos variaram de três a
12 meses. Quatro estudos incluíram restrição de energia contínua como um
comparador intervenção e dois estudos incluíram uma intervenção sem controle de
tratamento. Meta-análises mostraram que restrição de energia intermitente foi mais
eficaz do que nenhum tratamento para perda de peso. Embora ambas as
intervenções de tratamento tenham alcançado mudanças semelhantes no corpo
peso (aproximadamente 7 kg), a estimativa combinada para estudos que
investigaram o efeito da energia intermitente restrição em comparação com a
restrição de energia contínua não revelou nenhuma diferença significativa na perda
de peso.
Dieta com Restrição de Carboidrato
Dieta com Restrição de Carboidrato
Em conclusão, a presente meta-análise demonstra que indivíduos 
designados para um VLCKD alcançam reduções a longo prazo no peso 
corporal, pressão arterial diastólica e TAG, assim como maiores LDL e 
HDL aumentam quando em comparação com indivíduos atribuídos a um 
LFD; portanto, o VLCKD pode ser uma ferramenta alternativa contra a 
obesidade. Investigações além dos fatores de risco cardiovascular do 
sangue merecer um estudo mais aprofundado.
Dieta com Restrição de Carboidrato
Apesar dos 
mecanismos ainda não 
estarem totalmente 
compreendidos:
Redução da insulina;
Melhor controle 
glicêmico pós prandial;
Aumento dos ácidos 
graxos livres pós 
prandial (que poderiam 
reduzir o NPY 
cerebral);
Manutenção da 
resposta a 
colecistocinina; 
Redução de grelina;
Redução do apetite 
observada com a 
ingestão desse tipo de 
dieta;
Portanto, a literatura 
ainda carece de ensaios 
clínicos que elucidem 
os mecanismos em 
humanos.
Gibson et al., 2015
Estratégias para o Enfrentamento 
da Obesidade
Adoção de 
hábitos 
alimentares 
saudáveis
Prática regular 
de atividade 
física
Terapia 
comportamental
Plano alimentar 
para perda de 
peso
O
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Material de Apoio
Referências
• Cuppari, Lilian. Guia de nutrição clinica no adulto, 2 edição; Barueri, SP: Manole, 2005;
• BRASIL. Ministério da Saúde. Guia Alimentar para a População Brasileira. Brasília:
Ministério da Saúde, 2014.
• BRASIL. Secretaria de Vigilância em Saúde. VIGITEL Brasil 2014: vigilância de fatores
de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Brasília: Ministério
da Saúde; 2014.
• HAN, J. C.; LAWLOR, D. A.; KIMM, S. Y. Childhood obesity. The Lancet, v. 375, p. 1737-
1748, 2010.
• IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de orçamentos familiares
2008-2009: análise da disponibilidade domiciliar de alimentos e do estado nutricional
no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2010.
• WORLD HEALTH ORGANIZATION. Physical Status: The Use and Interpretation of
Athropometric Indicators of Nutritional Status. Geneva, World Health Organization;
1995 (WHO Technical Report Series, 854)
• Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica : obesidade /
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. –
Brasília : Ministério da Saúde, 2014.
• Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica Diretrizes
brasileiras de obesidade 2009/2010 / ABESO - Associação Brasileira para o Estudo da
Obesidade e da Síndrome Metabólica. - 3.ed. - Itapevi, SP : AC Farmacêutica, 2009.

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