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Resenha Crítica - Desenvolvimento Sustentável

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Artigo: Prototipagem de uma Smart Village (Aldeia Inteligente) escalável para criar simultaneamente o desenvolvimento sustentável e oportunidades de crescimento da empresa.
Referência: DARWIN,S; CHESBROUGH ,H. Case Series.Berkeley:1 de Janeiro de 2017.Haas School of Businees. 
O estudo realizado, fala sobre o político indiano N. Chandrababu Naidu e a sua ideia de prototipagem de uma “Aldeia Inteligente”. Em 1999, Naidu levou o partido a uma vitória decisiva nas duas casas da legislatura estadual, porém nas eleições subsequentes, que aconteceram no ano de 2004, o seu partido foi derrotado, e isso foi a principal motivação de uma jornada realizada para interagir mais de perto com os seus eleitores, a chamada Pada Yatra que durou 2 anos. Após 2 anos e 3000 quilômetros percorridos em sua viagem, Naidu prometeu encontrar maneiras inovadoras de melhorar a vida das 38 mil vilas de Andhra Pradesh e com isso surgiu uma ideia de tornar a aldeia de Mori no sul da índia uma Smart Village.
Naidu tinha como objetivo entender as preocupações, os desafios dos aproximadamente 35 milhões de residentes rurais do estado para que ele pudesse ajudar a encontrar maneiras de tornar a vida dessas pessoas melhor. A principal observação obtida por Naidu após sua viagem foi o fato de que o bem-estar e outros programas governamentais e de desenvolvimento ajudaram a melhorar a vida dos moradores, mas não na mesma proporção. Na viagem surgiram ainda duas ideias principais: os moradores queriam e precisavam ser capacitados para incentivar a participação em qualquer programa de desenvolvimento, e as populações das aldeias estavam diminuindo. Os moradores estavam se mudando para áreas urbanas ou para outros países com infraestrutura e oportunidades de trabalho comparativamente melhores, e essa emigração levava a uma escassez de mão de obra e uma fuga de cérebros nas aldeias. 
Na aldeia de Mori, foi vista um exemplo claro de como a situação precárias causava a emigração. A vida nela apresentava aos residentes desafios constantes, como a falta de acesso a recursos básicos, cuidados com a saúde, saneamento e água limpa, a falta de acesso a educação, a falta de boas oportunidades econômicas. Havia aproximadamente 800 banheiros totais na aldeia, para uma população de 8000 pessoas, levando as pessoas a defecarem a céu aberto, o que resultava na reprodução de mosquitos. Por sua vez, os mosquitos espalhavam malária e dengue, um vírus que é uma das principais causas de doença e morte nos trópicos e subtrópicos e para os quais não há ainda quaisquer vacinas para prevenir a infecção. 
Assim como os banheiros, o acesso aos cuidados de saúde na aldeia também era limitado. Com apenas uma clínica pequena, não eram todos os aldeões que conseguiam se consultar, deviso os poucos médicos que se sujeitavam aos baixos salários pagos, sendo que poderiam estar em hospitais da cidade com maior remuneração ou até mesmo atendendo como médico particular. Existia também uma desconfiança com relação ao atendimento médico e com isso muitos aldeões se consultavam com curandeiros espirituais ocasionando diagnósticos inadequados, e se o problema fosse mais grave a situação piorava, já que o hospital mais próximo ficava a 25 quilômetros de distância da aldeia.
Outro problema grave era a dificuldade em se ter acesso à educação, pois não haviam vagas suficientes para todos os filhos dos moradores da aldeia nas duas escolas públicas locais, jovens não conseguiam seguir carreiras de medicina, engenharia, lei ou educação pois deviam saber falar inglês. Porém, não existiam aulas de inglês para crianças da 1 a 5 série, dificultando ainda mais esse acesso. Além disso, o transporte de ônibus dentro da aldeia era muitas vezes irregular, tornando difícil para os estudantes frequentar regularmente a escola, e para alunos de ensino superior o desafio era ainda maior, tendo que viajar de 10 a 20 quilômetros.
A falta de boas oportunidades econômicas também era um dos motivos pelos quais os moradores de Mori deixavam a aldeia em busca de uma vida melhor. A maioria dos habitantes ganhava muito pouco, como o relato de um trabalhador assalariado diário de uma fábrica têxtil que ganhava 30 Rúpias (cerca de 45 centavos de dólar americano) por dia. Além disso, a mecanização e a automação destruíram muitos empregos nas indústrias de artesanato, cerâmica e ourives. Para as pessoas ainda empregadas na indústria do artesanato, os salários eram baixos e o estoque não vendido estava sendo acumulado.
Com isso, Naidu via a necessidade de capacitar os moradores para que eles pudessem moldar o seu próprio futuro. Ele buscava uma solução que fornecesse às aldeias informações, treinamento e outras ferramentas de que as pessoas precisam para se tornar empresários bem-sucedidos. Justamente por Mori ter tanto problemas que causavam a emigração, que Naidu a elegeu como o seu protótipo. Todo o processo de prototipagem destina-se a facilitar o desenvolvimento de um modelo de negócios sustentável e autônomo que seja escalável. O sucesso depende da criação de produtos e serviços pelas empresas que atendam às necessidades dos aldeões a preços acessíveis. Essas ofertas bem-sucedidas serão, portanto, mais propensas a oferecer valor para os moradores em qualquer lugar do estado de Andhra Pradesh, na Índia, e em outros países em desenvolvimento, essa abordagem das empresas é chamada de valor compartilhado. 
Naidu desenhou seu desejo de melhoria baseado em cinco pilares: pobreza, justiça social, bem-estar dos agricultores, emprego juvenil e governança adequada. Segundo o professor Solomon Darwin: “Uma vila inteligente é uma comunidade habilitada por tecnologias digitais e plataformas de inovação aberta para acessar mercados globais.” Para esses objetivos, foi criado um programa com abordagem integrada e isso gerou itens não negociáveis para o início do projeto de prototipagem, entre eles: a aldeia com seu próprio plano de desenvolvimento dinâmico preparado pela comunidade participativa, os aldeões têm acesso a um desenvolvimento de habilidades e um Centro de Desenvolvimento de Empresas nas Aldeias com vínculos bancários e de mercado, a aldeia com conectividade de telecomunicações/Internet, a aldeia tem um centro de informações funcionais, laboratório de informática e centro de "autos serviço", cada casa da aldeia tem uma conta bancária funcional, a aldeia tem um sistema funcional para resolver queixas.
A ideia de cidades inteligentes não é novidade no mundo, e já está sendo implementada em lugares como Dublin, Irlanda, onde a cidade aplica análises de dados para ajudar a otimizar serviços públicos e trabalha para envolver cidadãos, líderes empresariais e estudiosos para melhorar a vida da cidade, e essas ideias convergiam com as de Naiudu, que tinha o propósito de capacitar os aldeões com acesso à tecnologia inteligente e simples, informações transparentes, ferramentas digitais fáceis de usar e recursos para desenvolver habilidades empresariais e acesso direto aos mercados globais.
Para a população da Andhra Pradesh se beneficiarem do protótipo criado em Mori, a escalabilidade dos benefícios sociais e financeiros pretendidos é essencial. Para o setor público, um protótipo escalável pode eventualmente aliviar a necessidade de intervenções políticas nas cidades. Para o setor privado, a escalabilidade é igualmente fundamental. As receitas de qualquer aldeia são simplesmente muito baixas para justificar os custos de investir em tecnologia e outras soluções. No entanto, a oportunidade total na Índia e outros países em desenvolvimento é potencial mente grande. O design de um protótipo que pode escalar com sucesso é, portanto, crucial para a participação do setor privado, o que, por sua vez, é crucial para o sucesso do conceito de Smart Village.
Para sucesso do Programa em Mori, Naidu e sua equipe desenvolveram um processo de monitoramento usando indicadores e intervindo onde era necessário. Essas métricas eram utilizadas nos departamentos e tinham resultados em tempo real do clima, níveis das
águas subterrâneas e do consumo de energia. Através de programas estaduais o governo se comprometeu com o investimento de oito bilhões de dólares americanos em cinco anos. 
Criar uma vila inteligente faz com que os aldeões se tornem economicamente independentes ao mesmo tempo criou oportunidades de negócios para empresas que trazem seus produtos e serviços para a aldeia. Assim, as despesas do governo na área podem diminuir ou serem redirecionadas para novos projetos de maior valor. O governo ainda teria uma maior arrecadação de impostos.
Olhando a inciativa de Naibu em 2014 com um olhar políticoe sabendo que em anos anteriores sua gestão não era focada nos pequenos agricultores e sim apenas aoscentros urbanos como Hyderabad, que pouco depois se separou do estado e formou um novo, sendo o que ocasionou a perdade parte do seu eleitorado em 2004, acredito que a sua estratégia em focar na implementação da “Aldeia Inteligente” é uma manobra política para se manter no poder nas próximas eleições.
À medida que o processo de prototipagem em Mori continua, Naidu está pensando nos desafios que ele identificou e as cinco dimensões que seus eleitores queriam melhorar. Ele também está ponderando a questão da escala. Acima de tudo, em sua mente, é como motivar os parceiros, tanto as empresas como os líderes locais, a imitar o conceito de smart village. Ele quer envolver parceiros, resolver problemas, aumentar a eficiência e acelerar o progresso, de modo que seus eleitores e as empresas participantes se beneficiem a longo prazo.
Também podemos observar nesse artigo, que o valor compartilhado é uma nova perspectiva de mercado, pode beneficiar as empresas e a sociedade sendo uma abordagem da inovação onde as empresas procuram maneiras de crescer e sustentar seus próprios negócios e criar valor societário, atendendo às necessidades e desafios da sociedade. Esse sistema tem ainda como benefício a possibilidade de ganho em escala, principalmente se comparados aos programas tradicionais de assistência popular.

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