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Linguagem e Comunicação Jurídica - ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA

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ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA
Prof. Hélide Campos
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Advogados, juízes e promotores de justiça ganham a vida argumentando. Argumentar é o que fazem o tempo todo. É nisso, em argumentar, que consiste o seu trabalho. O argumento é, para esses profissionais do Direito, a ferramenta número um. De modo que, pode-se estabelecer a diferença entre o bom e o mau profissional do Direito avaliando a sua capacidade maior ou menor de argumentar convincentemente. 
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 Advogar consiste, em grande parte, em convencer os juízes. E convencer depende de argumentar com eficácia. 
Nos dias atuais, a advocacia é, cada vez mais, a arte de conseguir bons acordos, e bons acordos só se conseguem com bons argumentos.
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Argumentar, portanto, consiste em expor ideias de forma convincente, ou seja, de forma a conquistar a adesão do interlocutor – aquele a quem o discurso é dirigido – para a ideia do orador. 
Argumentar é obter com palavras a adesão de outro à minha ideia.
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O contrário do que pode parecer ao leigo, o interlocutor não adere a uma ideia porque esta é verdadeira, ou certa, nem a rejeita por ser falsa ou errada. Vamos supor, por exemplo, dois advogados adversários tentando convencer um juiz. Cada um dos advogados diz ao juiz que sua tese é a verdadeira, a certa. O juiz só pode escolher uma delas.
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E a escolhe, não porque é verdadeira e certa, mas porque foi exposta de maneira mais convincente. 
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 Os estudos de Chaim Perelman, e outros pensadores modernos, mostram que, no universo do Direito, não vigora a lógica formal, que é apropriada às ciências naturais, em que se raciocina com conceitos de certo e errado, verdadeiro e falso. No mundo jurídico não há argumentação certa nem argumentação errada: há argumentação que funciona, que convence, e outra que não funciona, que não convence.
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Em outras palavras
Perelman diz que no Direito não prevalece a lógica formal, mas a lógica argumentativa, aquela em que não existe propriamente uma verdade universal, não existe uma tese aceita por todos em qualquer circunstância, como na Física. 
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Convencer x Persuadir
Convencer é construir algo no campo das ideias, por meio da RAZÃO.
Persuadir é construir no terreno das EMOÇÕES, é sensibilizar o outro para agir. 
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Antes de convencer alguém, o advogado procura convencer-se a si mesmo de que a solução a ser pleiteada é a melhor. Para isso, procede a uma análise prévia do processo, sendo seu primeiro julgador. Sob a ótica da tese contrária, imagina todos os argumentos oponíveis aos seus e tenta combatê-los mentalmente.
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A LINGUAGEM PERSUASIVA
A partir disso, percebemos que a escolha das palavras, o encadeamento das ideias, o domínio dos conectivos são alguns dos elementos que marcam a intencionalidade na persuasão. São eles que fazem com que o discurso produza um efeito desejado sobre o interlocutor de forma coerente. 
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TIPOS DE ARGUMENTOS
Argumento de autoridade (ab autoritatem) - é a citação do fragmento de uma obra para creditar confiabilidade, por exemplo.
Essa espécie de argumentação é baseada na doutrina, que deve ser estudada e, quando for o caso, aplicada na sustentação da tese que pretende seja defendida.
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Exemplo
“POR TRÁS DE TODO DISCURSO SUBJAZ UMA IDEOLOGIA”
INGEDORE KOCK
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Argumento a contrario sensu - significa argumento de interpretação inversa.
O argumentador “distorce” os fatos, levando o receptor a aceitar a sua interpretação como verdadeira.
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Argumento por analogia (ou a simili) - é o argumento que pressupõe que a Justiça deve tratar de maneira igual, situações iguais.
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Argumento a completudine - é o argumento que parte do pressuposto de que o ordenamento jurídico é completo, ou seja, que a lei não contém lacunas. 
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Argumento ao absurdo (apagógico)- é o argumento que procura demonstrar a falsidade de uma proposição, levando-a ao extremo e chegando a conclusão inaceitável ao senso comum. 
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Argumento de senso comum- é o argumento que traz uma afirmação que representa consenso geral, incontestável. São raríssimos, em Direito, porque sempre há possibilidade de interpretação divergente. 
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Argumento de fuga - é o argumento de que se vale o advogado para escapar da discussão central, em que seus argumentos não prevalecerão. É o argumento, por exemplo, que enaltece o caráter do acusado, lembrando tratar-se de pai de família, de pessoa responsável, de réu primário etc.
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Argumento por Causa e Consequência -para comprovar uma tese, o advogado pode buscar as relações de causa (os motivos, os porquês) e de consequência (os efeitos).
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Argumento de Exemplificação ou Ilustração (a exempla) - a exemplificação consiste no relato de um pequeno fato (real ou fictício) para fortalecer a tese defendida; para levar o receptor a “visualizar” ou entender melhor a questão em si.
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 Argumento de Provas Concretas - ao empregar os argumentos baseados em provas concretas, o advogado busca evidenciar a tese por meio de informações concretas, extraídas da realidade. Podem ser usados dados estatísticos, por exemplo.
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Leitura recomendada
Tratado da argumentação – Chaim Perelman

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