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Resumo: Aristóteles e as múltiplas justiças Professora: Lídia Valesca Aluna: Rayonara Cavalcante dos Santos No capítulo “Aristóteles: Justiça como virtude” trata dos pensamentos aristotélicos a respeito da justiça como virtude, como descrito anteriormente. Este, descreve que o desenvolvimento da justiça se dá através da prática, portanto tendo relação com o saber ético. No tópico “Justiça como virtude”, ele esmiúça ainda mais essa ideia, afirmando que “a justiça...é uma virtude...Não se trata de uma simples aplicação de um raciocínio..., mas da situação desta”. Com isso, ela declara que a justiça como virtude depende das situações em que está disposta, que precisa se construir o comportamento virtuoso da justiça através do hábito. “Ser justo é praticar reiteradamente atos voluntários de justiça”. (p.207) A justiça se aplica a vários sentidos e Aristóteles os observou e deu a eles uma classificação. A primeira denominada justiça total, também classificada como universal ou integral corresponde àquilo que traz bem para a comunidade como um todo, sendo, portanto, a mais geral dentre tais justiças. Dessa forma, a lei surge como uma ferramenta de aplicação dessa justiça que define o Bem Comum, onde quem a desacata está indo contra esse bem e consequentemente, injusto. “Aquele que contraria as leis contraria a todos que são por elas protegidos e beneficiados”. (p.210) Portanto, aquilo que está na lei deve ser respeitado, para que a justiça seja feita. Sendo assim, a lei é um exemplo claro desse tipo de justiça, e um homem que mata, rouba e fere alguém está contra a justiça total, a justiça que protege a todos. O justo particular como o próprio nome sugere, diz respeito a uma justiça direta entre as partes, mas a justiça particular está inclusa na justiça total, pois quem “comete um injusto particular não deixa de violar a lei”. E esse tipo de justiça ainda se subdivide em: justo distributivo e justo corretivo. O primeiro (justo distributivo) relaciona-se a distribuições por parte do Estado, seja de “dinheiro, honras, cargos...”, aquilo que possa ser governado ou que pode se exercer certo poder sobre. (p.212) Adentrando mais a fundo a perspectiva de Aristóteles, esse tipo de justiça confere uma proporcionalidade particular, de forma que “aos iguais é devida a mesma quantidade de benefícios ou encargos, assim como aos desiguais são devidas partes diferentes à medida que são desiguais e que se desigualam”. Isso significa que a distribuição se define pelo “mérito que os diferencia”. Um exemplo prático desse tipo de justiça é a política de cotas, uma distribuição feita pelo poder, baseada tanto na distinção social quanto racial, garantindo assim uma justiça entre iguais e desiguais, objetivo do justo particular distributivo. O justo corretivo aplica-se no caso de uma correção de determinada relação entre indivíduos. Age sob forma de reparação a algum dano causado dentro de uma sociedade, entre partes. Essas relações podem ser tanto voluntárias (compra e venda) quanto involuntárias (sequestro, injúria). Esse tipo de justiça se dá de forma totalmente igualitária, diferentemente do justo distributivo, que leva em consideração aspectos subjetivos de desigualdade. A relação também se diferencia por sua forma de apresentação, enquanto no distributivo ocorre uma situação de subordinação, no corretivo, a forma se compreende coordenativamente. Levando em consideração a aplicação dessa justiça voluntariamente, ela denomina-se de justo comutativo, um exemplo seria compra e venda, que no estabelecimento de uma “correção” para tornar essa relação justa, é necessário que “recorrer a um critério de correção baseado na igualdade absoluta para o reequilíbrio da interação voluntária”. (p.217) O caso de justiça involuntária, também chamada de reparativa, se aplica a casos em que alguém é lesionado de alguma forma, física ou moral, e assim deve-se reparar esse dano. Exemplificando essa situação, temos o furto, onde um sujeito(ativo) realizou a ação e outro(passivo) sofreu, para solucionar esse tipo de injustiça, aquele que julga deve aplicar pena proporcional ao dano causado. A justiça da cidade (justo político), se desenvolve através das leis aplicadas aos cidadãos de maneira igual, já que todos estão ligados na ocupação dos espaços. É o tipo de justiça que se define e se organiza pela construção da vida comum. Pois a cidade, é formada por “cidadãos, filhos de cidadãos e estrangeiros”. Já a justiça de casa (justo doméstico), trata da justiça dentro do lar, cabível e aplicável somente aqueles que estão ligados não apenas pela bem comum, mas pelo sangue. Dentro do lar, existem regras e punições particulares pertinentes apenas aos que fazem parte da mesma família. O justo legal e o justo natural ganham forma a partir do justo político, sendo que o primeiro tem surgimento nas leis anteriormente prescritas e o segundo e o segundo existe sem necessitar de pré definições. O justo legal, como descrito anteriormente, se caracteriza pela necessidade de leis, tornando obrigatória a obediência a essas. Esse tipo de justiça “é variável segundo os lugares, segundo o tempo e segundo a cultura de cada povo”, pois a Lei é definida por todos esses aspectos. O justo natural, “não depende de decisão para existir”, dessa forma, existe por si só e sem propósito definido. Consiste “no conjunto de todas as regras que encontram aplicação, validade, força e aceitação universais”, dessa forma não dependem dos aspectos que o justo legal necessita. Também não precisa da decisão do legislador (aquele que cria a lei), para que tenha força ou validez, mas apenas da sua existência. A equidade resumidamente confere justiça e é ainda mais aconselhável usá-la. A importância de sua aplicação se dá por motivo de as leis serem genéricas, e não terem distinções específicas. A equidade surge como uma forma de complemento a leis já existentes. Para Aristóteles a Amizade e a justiça estão diretamente ligadas, pois a primeira mantém a paz nas relações dentro das cidades. É a amizade que mantém a harmonia entre os membros, para que estes alcancem a justiça.
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